terça-feira, julho 28, 2015

O Proibidão do Porto - GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA

O GIGANTE SE CONTORCE TODO PARA NÃO VER QUE O PETROLÃO É PARTE DE UM PROCESSO DE PILHAGEM

O gigante está sambando. Num ataque crônico de sonambulismo, ele vem requebrando freneticamente -em formidáveis acrobacias para manter Dilma Rousseff no Planalto. A cada novo petardo da Lava Jato expondo a indústria de corrupção montada pelo PT no topo da República, o gigante mostra seu poder de esquiva, No melhor estilo Ronaldinho Gaúcho, ele olha sempre para o lado em que a bola do petrolão não está. E acaba de contrair um doloroso torcicolo, em sua guinada para não ver a literatura explosiva dos bilhetes de Marcelo Odebrecht na cadeia.

O Brasil já mostrara toda a sua ginga ao virar a cara, numa pirueta radical, para o encontro secreto de Dilma com Lewandowski em Portugal. A presidente da República e o presidente do Supremo Tribunal Federal, irmãos de credo, reúem-se às escondidas fora da capital portuguesa, no momento em que o maior escândalo de corrupção da história do país (envolvendo o governo dela) tem seu destino nas mãos da instância judiciária máxima (presidida por ele). Normal. No que o encontro vazou, a dupla explicou tudo: a reunião foi para discutir o reajuste dos servidores da Justiça.

Perfeitamente compreensível. Não há outra forma de discutir salário de funcionários públicos a não ser cruzando o Oceano Atlântico para um cafezinho clandestino. No Brasil, é mais fácil uma aberração dessas virar rap — o Proibidão do Porto — do que acordar a platéia para os riscos que rondam a Operação Lava Jato. Como os brasileiros se cansaram de ver no mensalão - ou pelo visto não se cansaram —, esse gato se esconde com o rabo de fora.

A inabalável posição de Lewandowski pró-mensaleiros, em harmonia com a inabalável lealdade de Dilma aos companheiros apanhados em situação de roubo, é a sinfonia que se repete no petrolão. Entre as cenas que se seguiram ao Proibidão do Porto está o cerco ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha - personagem venenoso que fustiga o governo. Surgiram oportunamente indícios, embalados por declarações providenciais do procurador Janot - um homem providencial - empurrando Cunha para o STF de Lewandowski. O presidente da Câmara respondeu que não vé problema em ser investigado no Supremo, desde que Dilma seja também.

É esse tipo de comentário que faz o gigante rebolar. Como assim, investigar Dilma? Por que investigar a presidenta mulher, mãe, avó e que até tem um cachorro? Que foi perseguida pela ditadura? (Embora hoje não se saiba ao certo quem persegue quem.) De sua cela, Marcelo Odebrecht mandou a resposta: porque ela recebeu dinheiro sujo do petrolão diretamente de uma conta na Suíça para sua campanha presidencial. Que tal? Essa informação foi captada pela Polícia Federal de um celular do empreiteiro preso, em forma cifrada, mas bastante clara. Como já vinha se desenhando com clareza nas delações premiadas, praticamente todas apontando para financiamento de Dilma e do PT com propinas do petrolão, através do ex-tesoureiro Vaccari.

Por uma enorme coincidência, a empreiteira é a mesma em favor da qual Lula é suspeito de fazer tráfico internacional de influência, conforme investigação em curso no Ministério Público. O instituto Lula diz que vários ex-presidentes viajam para defender interesses das empresas de seus países. Resta saber se algum deles recebe cachês estratosféricos das empresas que defendem ou se viaja com uma bolsa BNDES a tiracolo para fazer brotar instantaneamente qualquer obra em qualquer lugar.

O gigante se contorce inteiro para não ver que o petrolão, como o mensalão, é parte de um processo de pilhagem - aí incluídas outras táticas parasitárias como as pedaladas fiscais, tudo a serviço da transfusão de dinheiro público para um grupo político bonzinho se eternizar no poder. O Brasil está comendo o pão que o diabo amassou, mergulhando numa recessão que não segue o panorama mundial, nem continental - e ouve numa boa o companheiro Ricardo Lewandowski declarar, após o Proibidão do Porto, que a derrocada econômica nacional é decorrente da crise de 2008 nos Estados Unidos...

Claro que ninguém perguntou nada ao presidente do STF sobre a conjuntura econômica. Mas não precisa, porque eles estão ensaiadinhos e são desinibidos. A ópera-bufa não tem hora para acabar, enquanto a platéia estiver dormindo.


ELA BATEU EM RETIRADA - REVISTA VEJA


Advogada de metade dos delatores da Lava-Jato, Beatriz Catta Preta abandona clientes e deixa subitamente o país — ao menos um amigo diz que ela recebeu ameaças
REPORTAGEM: Mariana Barros e Laryssa Borges

Mudar-se para Miami sempre esteve nos planos da advogada Beatriz Catta Preta. Há um ano ela abriu um escritório de consultoria na cidade americana, para onde viaja frequentemente com o marido e o casal de filhos — queria, inclusive, que o menino frequentasse uma escola bilíngue em São Paulo para se preparar para a mudança. Mas a ideia era ir para lá em "dois ou três anos", como chegou a dizer a um conhecido, e não bater em retirada como ela fez na semana passada. Há duas semanas, a advogada que negociou a delação premiada de nove dos dezoito réus confessos da Lava-Jato fechou o seu escritório em São Paulo, dispensou recepcionista e secretárias e parou de atender o celular. Na segunda-feira 20, enviou um e-mail a todos os seus clientes anunciando que não mais faria a defesa deles, Ato contínuo, deixou o Brasil.

Nada indicava que isso ocorreria. Catta Preta, como é conhecida, estava com a carteira de clientes abarrotada. Mesmo aos mais antigos, não tinha dado nenhuma pista de que pretendia mudar de país. "Só soube quando recebi o e-mail, nem imaginava", disse o operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro, que está com ela desde 2003. Algo de muito grave fez com que Catta Preta decidisse sair de cena — e há indícios de que ela estava apavorada quando o fez. Em maio, por razões desconhecidas, deixou de mandar o filho à escola e pediu à direção o trancamento da matrícula. Em junho, foi a vez de tirar também a menina mais nova da escolinha que frequentava. Um advogado próximo de Catta Preta afirmou a VEJA que ouviu de um amigo comum aos dois que ela vinha recebendo ameaças e que, por isso, teria saído "fugida" do país.

No último dia 9 de julho, a advogada havia recebido uma ordem de convocação para depor na CPI da Petrobras com o objetivo de "explicar a origem dos recursos dos pagamentos de seus clientes". O requerimento de convocação foi assinado pelo deputado Celso Pansera, integrante do PMDB fluminense e acusado pelo doleiro Alberto Youssef de tê-lo ameaçado por ordem do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de quem seria "pau-mandado".

Uma semana depois da convocação de Catta Preta, um de seus clientes, o ex-executivo da Toyo Setal Julio Camargo, afirmou em depoimento ao juiz Sergio Moro que Cunha tinha pedido 5 milhões de dólares de propina. Camargo não havia citado o nome de Cunha em seu depoimento anterior. A coincidência das datas suscitou especulações de que a convocação da advogada à CPI pudesse ser uma retaliação de Cunha pela inclusão de seu nome — que, ele já saberia, estava por vir — no depoimento de Camargo. O ex-diretor da Toyo Setal também foi convocado à CPI pelo mesmo deputado Pansera.

A súbita decisão de Catta Preta de abandonar seus clientes, a Lava-Jato e o Brasil adicionou mais um toque de mistério a uma carreira construída à margem do território habitado pelos grandes criminalistas brasileiros. Descrita por colegas como reservada e de poucas palavras, ela se formou na Unip e fundou a própria banca em 2002, quando deixou o escritório do ex-procurador da República e desembargador federal Pedro Rotta, morto em 2011. Foi ele quem lhe abriu as portas para o mundo de clientes endinheirados: doleiros, empresários e banqueiros. Em 2006, já em carreira-solo, ela fechou seu primeiro caso de delação de grande repercussão. Os clientes eram dois doleiros pegos na Operação Farol da Colina, da Polícia Federal, os sócios Richard A. de Mol Van Otterloo e Raul Henrique Srour. Desde então, firmou outros acordos importantes, mas o estrelato veio no ano passado, quando negociou a primeira de todas as delações premiadas da Lava-Jato, e até então a mais bombástica de todas, a do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Em outubro, quando ele foi para casa de tornozeleira eletrônica, ela deixou o caso.

Na ascensão da advogada, um personagem desempenhou papel fundamental: Carlos Eduardo Catta Preta Júnior, o marido, de quem herdou o sobrenome, é que trata das negociações com os clientes, estabelece o valor dos honorários e cuida das cobranças do escritório. Amigos dizem que ele tem grande influência sobre a mulher. Embora se declare oficialmente comerciante, Carlos Eduardo é conhecido como "doutor Carlos". O casal se conheceu em 2001, quando ele foi preso em Alphaville, na Grande São Paulo, com 50 000 dólares em notas falsas presas na cintura, dentro de um saco plástico. Em sua casa, agentes do Denarc, o departamento de combate ao tráfico de drogas, encontraram mais 350000 dólares falsos guardados no banheiro. Aos policiais, Carlos Eduardo contou que estava tentando vender as notas para se livrar do prejuízo que havia tomado ao vender a um indiano 17 quilos de esmeraldas retiradas de uma mina de pedras preciosas que arrendara na Bahia. Um amigo indicou-lhe o escritório de Pedro Rotta, onde trabalhava Beatriz Lessa da Fonseca, este o nome de solteira de Catta Preta. Ela o defendeu, conseguiu que respondesse ao processo em liberdade e tornou-se sua namorada. Em 2003, Carlos Eduardo foi condenado a três anos de prestação de serviços comunitários por crime de moeda falsa. Os dois se casaram, tiveram dois filhos e passaram a viajar com frequência para Miami. De acordo com amigos, é lá que estão agora. Sem previsão de retorno. O que teme Catta Preta?

Falta de compostura - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADÃO - 28/07

Maior responsável pela grave crise política, econômica, social e moral em que o País está mergulhado depois de mais de 12 anos de domínio petista, Luiz Inácio Lula da Silva tenta reagir à queda do pedestal em que se entronizou graças à conjugação de circunstâncias históricas alheias à sua vontade, com a habilidade e a falta de escrúpulos com que manejou um populismo irresponsável. Diante da revelação, da forma mais dolorosa possível para os brasileiros, de seu legado maldito e apavorado com a perspectiva cada vez mais próxima de ter de prestar contas à Justiça de seu envolvimento em acontecimentos que o beneficiaram e a toda sua família, Lula entrega-se ao destempero retórico.

Perdeu completamente a compostura.

Na sexta-feira passada, em discurso na posse da diretoria do Sindicato dos Bancários do ABC, em Santo André, Lula não teve o menor constrangimento em se colocar no papel de vítima de “nazistas” e de uma “elite perversa” que não aceita conquistas sociais. Numa tentativa canhestra de explicar a decepção em que se transformou o poste que escolheu para substituí-lo na Presidência, atribuiu o desastre ao machismo da elite: “Nunca tinha visto na vida pessoas que se diziam democráticas (sic) e não aceitaram uma eleição que elegeu uma mulher presidente da República”.

Com a popularidade em baixa, não seria agora que Lula se exporia diante do “povo”. Só fala a plateias selecionadas que não representem ameaça à sua megalomania. Diante de tal público, sente-se à vontade para derramar todo seu repertório de demagogo sacramentado. Parece não lhe ocorrer, no entanto, que o que ele imagina ser uma deferência especial sua a uma plateia selecionada significa, na verdade, um insulto aos cidadãos que, salvo a hipótese de se tratar de fanáticos irredimíveis, só estão ali porque Lula lhes atrai a curiosidade. E nada mais. Quanto aos áulicos, estes estão dispostos a aceitar e aplaudir qualquer barbaridade que profira, como essa de que a culpa pelo desastrado governo de Dilma é dos machistas que não aceitam o fato de ela ser presidente.

No cenário armado em Santo André, Lula lembrou seus dias de líder que fazia oposição a “tudo isso que está aí”: “Quero dizer para vocês que estou cansado de mentiras e safadezas; estou cansado de agressões à primeira mulher que hoje governa esse país; estou cansado com o tipo de perseguição e criminalização que tentam fazer à esquerda desse país. Parece os nazistas criminalizando o povo judeu e romanos criminalizando os cristãos”. Pois é. O homem, logo quem, está cansado de “mentiras e safadezas”. E ainda finge ser de esquerda, o que, definitivamente, é um dos poucos equívocos que não lhe podem ser imputados. A única coisa autêntica nessa arenga foram os erros de português.

Embora seja hoje um rico e ativo membro do jet set internacional, Lula mantém a humildade: “Eles não suportam que um metalúrgico quase analfabeto tenha colocado mais gente na faculdade do que eles, não suportam que a gente não deixou privatizar o Banco do Brasil”. Defendeu as realizações sociais e econômicas que efetivamente promoveu em seu governo enquanto navegou nas águas de uma conjuntura internacional favorável e de uma política econômica interna pautada pelos princípios “liberais” herdados dos governos tucanos. Mas ignorou, é claro, que todas aquelas conquistas estão hoje comprometidas pela teimosia do governo Dilma em impor ao País uma “nova matriz econômica” estatista. E lamentou: “Eu, sinceramente, ando de saco cheio. Profundamente irritado. Pobre ir de avião começa a incomodar; fazer faculdade começa incomodar; tudo que é conquista social incomoda uma elite perversa”.

Para concluir, a manipulação desavergonhada dos números: “A inflação está 9%, com perspectiva de cair. Quando eu peguei esse país, a inflação estava a 12%, o desemprego a 12%”. Só esqueceu de mencionar que antes do Plano Real, em junho de 1994, a hiperinflação era de mais de 47% e que a meta do atual governo, de 4,5%, sempre esteve longe de ser cumprida.

Cada vez menos, Lula consegue reunir plateias dóceis para deitar falação. Muito pouca gente se engana com ele. Para a grande maioria dos brasileiros, Lula e tudo o que ele representa foram uma ilusão passageira.

Lula e seu discurso de ódio - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR

GAZETA DO POVO - PR - 28/07

O ex-presidente demoniza os críticos, que não passariam de ricos cruéis que não suportam ver um pobre ter um prato de comida

Tornou-se lugar comum, ao tratar do nível do debate político brasileiro, criticar a polarização, o radicalismo e a agressividade com que são tratados aqueles que têm opiniões discordantes. Das mídias sociais às tribunas do Poder Legislativo, usa-se e abusa-se de termos pejorativos como se bastasse, para sair vencedor de um debate, colar um rótulo no outro. O termo “discurso de ódio” virou muleta do governo e da blogosfera chapa-branca para patrulhar qualquer manifestação mais enfática de oposição, mas o exagero não quer dizer que o discurso de ódio não exista – ele está mais vivo que nunca. E um de seus grandes fomentadores, se não o maior deles, atende pelo nome de Luís Inácio Lula da Silva.

Na sexta-feira passada, na posse da nova diretoria do Sindicato dos Bancários do ABC, em Santo André (Grande São Paulo), o ex-presidente comparou os adversários do PT a nazistas. “Estou cansado com o tipo de perseguição e criminalização que tentam fazer à esquerda desse país. Parece os nazistas criminalizando o povo judeu e romanos criminalizando os cristãos”, afirmou, sem medo da analogia absurda que fazia, que chega a ser ofensiva a grupos que realmente foram vítimas de perseguição arbitrária e assassinato em massa. A comparação com o nazismo não é nova: Rui Falcão, presidente do partido, usou o mesmo recurso em janeiro de 2013 para criticar a imprensa e o Ministério Público.

O discurso aos bancários veio na sequência de outro, talvez ainda mais relevante por causa da plateia a que se destinou. Em junho, em Roma, na abertura de uma conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Lula criticou o “preconceito por parte da imprensa brasileira e de alguns setores privilegiados da sociedade” nos seguintes termos: “Eu nunca pensei que dar comida aos pobres causasse tanta indignação”, segundo os sites do PT e do Instituto Lula. O discurso dos “ricos incomodados com a ascensão social dos pobres” é característico do lulismo e também esteve presente no evento de Santo André, quando o ex-presidente repetiu que “pobre ir de avião começa a incomodar; fazer faculdade começa a incomodar; tudo que é conquista social incomoda uma elite perversa”. Mas acusar a “elite” de se indignar porque os outros têm o que comer eleva a demonização a um novo patamar.

A consequência desse tipo de discurso é clara. Quem adota práticas nazistas, ou quem acha absurdo que os pobres tenham o que comer, só pode ser um demônio, e com demônios não há conversa; há apenas o enfrentamento e, se possível, a aniquilação. Demônios não têm direitos, precisam ser caçados, “apanhar nas ruas e nas urnas”, como disse uma vez José Dirceu. É assim que Lula enxerga todos aqueles que se opõem ao projeto de poder petista. Isso poupa o ex-presidente de um trabalho ingrato: o de argumentar contra aqueles que criticam a maneira como o partido conduz a economia, o de defender o intervencionismo estatal contra os que desejam um ambiente de negócios mais amigável ao empreendedor, o de explicar o enorme carinho do governo por ditadores latino-americanos e africanos, o de defender os crimes cometidos por líderes do PT em benefício do partido, como o mensalão. Os adversários do lulopetismo criticam seu ideário e suas práticas, como convém ao debate democrático. Mas é muito mais fácil criar uma lenda negra em que os críticos são, na verdade, ricos cruéis que não suportam ver um pobre ter um prato de comida.

E, se depender dessa retórica, o ódio a esse tipo de monstro que quer ver o pobre morrer de fome chegaria até a ser justificado – basta lembrar o que disse, em 2007, Matilde Ribeiro, então ministra da Igualdade Racial, que em entrevista à BBC Brasil considerava “natural” a “reação de um negro de não querer conviver com um branco”. Embora Matilde afirmasse logo em seguida que não estava incitando discriminação, seguiu adiante com a demonização, afirmando que “quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou”, anulando os indivíduos reais e transformando-os apenas em membros de uma classe “opressora” ou “oprimida”.

Assim, os adversários políticos, em vez de serem simplesmente os defensores de uma ideologia diversa, que se enfrentam no campo das ideias, se tornam verdadeiros inimigos do povo, ou da pátria – uma imagem que evoca a retórica dos piores totalitarismos. É isso que Lula vem pregando, e com isso ele desagrega a sociedade. Não é disso que o país precisa. Que os petistas capazes e preparados para entrar no debate respeitando seus interlocutores, usando argumentos e não rótulos, possam tomar a dianteira na cena pública e derrotar o discurso de ódio.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

GOVERNO TENTA SE REAPROXIMAR DE EDUARDO CUNHA

O Palácio do Planalto tenta desesperadamente restabelecer “diálogo” com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), que anunciou publicamente o seu rompimento com o governo Dilma e o PT. O problema é que Cunha lidera de fato a Câmara e a conduz para as decisões que considera acertadas, inclusive em votações que podem custar o mandato de Dilma, como rejeição das contas e impeachment.

JOGANDO A TOALHA

Destacado para a missão, o vice-presidente Michel Temer já jogou a toalha. Até ensaiou conversa, mas Eduardo Cunha o desestimulou.

LENHA NA FOGUEIRA

Dilma quer Renan Calheiros como “bombeiro” junto a Eduardo Cunha, mas o presidente do Senado é mais inclinado a jogar lenha na fogueira.

PREÇO DA INEXPERIÊNCIA

Eduardo Cunha não aceita intermediários e Dilma não percebeu isso. Se ela quer restabelecer pontes, terá de reconstruí-las pessoalmente.

CARTA NA MANGA

Dilma considera recorrer a uma amiga, jornalista Cláudia Cruz, para tentar se reaproximar de Eduardo Cunha, o apaixonado marido dela.

DEPUTADOS DO PSDB VETARAM O PAPO COM LULA

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ouviu a bancada tucana na Câmara dos Deputados para recusar encontro com Lula. Deputados não estão dispostos a amenizar o combate ao governo Dilma. Pelo contrário, o pedido de Lula, recebido com sinal de fraqueza, será usado para estimular a população a comparecer às manifestações de 16 de agosto. FHC já avisou que o momento não é para aproximações.

CALMA LÁ

Os tucanos avaliaram que um encontro das cúpulas partidárias soaria como “conspiração” contra a repulsa da população a Dilma e ao PT.

PEDIDO TARDIO

“Um aproximação deveria ter vindo em momento de crise econômica e não política”, avalia o líder do PSDB em exercício, Nilson Leitão (MT).

LIDE COM ROLLEMBERG

O Grupo Lide, de empresários, liderado no DF pelo ex-senador Paulo Octavio, almoça hoje (28) com o governador Rodrigo Rollemberg.

FLERTE EXPLOSIVO

O Planalto monitora, apavorado, os pedidos de reunião de Eduardo Cunha com o governador paulista Geraldo Alckmin e outros líderes tucanos. Avaliam que nada de bom pode sair desses conchavos.

PANELAÇO

Boa parte do PT não aceitou muito bem a ideia de Dilma aparecer no programa da sigla que vai ao ar dias antes dos protestos de agosto. O temor é que a aparição provoque panelaço e estimule os protestos.

#VEMPRARUA

Cresce o apoio ao protesto nacional contra o governo Dilma, marcado para 16 de agosto. No fim de semana, adeptos do movimento desfilavam em Brasília com um caixão representando a morte do PT.

SAÍDA É REGULAMENTAR

Para não se indispor com taxistas e nem com a população, que exige o exercício do direito de escolher o Uber, grandes cidades mundo afora regulamentam o serviço eventual de motorista particular. Na Cidade do México, o pessoal do Uber paga ao município 1,5% sobre cada corrida.

FALTOU O ‘MATADOR’

Craque em campo e senador muito atuante, Romário (PSB-RJ) não conseguiu driblar a denúncia de suposta conta não-declarada de R$ 7,5 milhões na Suíça. Reclamou da notícia, mas não foi matador.

APARECEU

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que anda evitando viagens internacionais, passou o fim de semana na companhia de uma paniquete no condomínio Saint Tropez, no Rio de Janeiro.

MÃO ABERTA

O secretário de Saúde do DF, Fábio Gondim, não distingue brotoeja de catapora, mas se valoriza: diz que trocou uma suplência de deputado federal pelo cargo. Não é nada, não é nada, não é nada mesmo.

PÁTRIA EDUCADORA?

No país da Pátria Educadora, o município de Itaitinga (CE) realiza concurso para professores de Educação Básica, com salário distante do piso nacional (R$ 974,80) e para pedreiros (R$ 1.019,14 mensais).

PERGUNTA NA PAPUDA

Vaca de R$ 2,2 milhões declarada em mensagens cifradas de Marcelo Odebrecht também tem direito a tossir ou só a mugir mesmo?



PODER SEM PUDOR

O CANIL QUE FOI SEM NUNCA TER SIDO

Antes de a presidente Dilma Rousseff mandar construir um canil para seu cão labrador "Nego", nos jardins do Palácio Alvorada, somente um outro governo viu algo parecido. Durante visita a Portugal antes da posse, no início dos anos 1960, o casal Eloá e Jânio Quadros ganhou uma cadela, e logo após se mudar para o Alvorada a primeira-dama mandou erguer um canil. Jânio somente soube da história certo dia, logo cedo. "Não quero ver o menor resquício disto quando voltar do trabalho!", ordenou. E o canil sumiu, como ainda se lembra, com detalhes, o arquiteto Carlos Magalhães, que era do Departamento de Obras Complementares da Novacap, que construiu e demoliu o canil com rapidez meteórica.