Bastou uma expansão de 1,5% do PIB brasileiro no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano, índice ligeiramente superior às projeções do mercado, para o clima de euforia se espalhar pelo governo de Dilma Rousseff. Não demorou para que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, um notório especialista em previsões furadas sobre o crescimento econômico do país, viesse a público e dissesse que “o pior já passou” e “o fundo do poço foi superado”. Mas a realidade, como de costume, insiste em desmentir o governo.
Horas depois do pronunciamento de Mantega, o IBGE divulgou dados que registram uma queda de 2% da produção industrial brasileira em julho na comparação com o mês anterior. A redução se deu deforma generalizada, atingindo 15 dos 27 setores pesquisados. O resultado praticamente anula a expansão verificada em junho e, segundo especialistas, indica que o PIB deve desacelerar no terceiro trimestre. O que comprova que o governo tem se preocupado mais em fazer propaganda do que em trabalhar com seriedade.
A redução da participação da indústria no PIB, aliás, é um dado da realidade diante do qual o governo petista não vem conseguindo reagir. Uma pesquisa recente da Fiesp revelou que o setor respondeu por 13,3% do PIB em 2012, regredindo aos patamares de 1955, antes da implantação do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. Se mantidas as condições atuais de crescimento, esse percentual deverá ser de apenas 9,3% em 2029.
A sucessão de más notícias também atinge a balança comercial brasileira, que amargou seu pior resultado no acumulado até o mês de agosto desde 1995. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o déficit nos oito primeiros meses de 2013 foi de US$ 3,764 bilhões, ante um superávit de US$ 13,149 bilhões no mesmo período do ano passado. Se considerarmos apenas os números de agosto, a balança registrou superávit de US$ 1,226 bilhão, mas o índice, ainda assim, é o pior para o mês desde 2002.
O fiasco da balança comercial é um dos fatores que levam ao rombo das contas externas do país. Os dados mais recentes disponibilizados pelo Banco Central, referentes a julho, mostram um déficit de US$ 9,018 bilhões, recorde histórico para o mês desde quando essa medição passou a ser feita, em 1947. No ano, o saldo negativo chega a US$ 52,472 bilhões, o que representa um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2012.
A ânsia em alimentar a máquina de propaganda faz o governo esgrimir números sem nenhum compromisso com a credibilidade, como intuito exclusivo de ludibriar a opinião pública e transparecer uma tranquilidade artificial ao mercado. Dados isolados e momentaneamente positivos, que talvez reflitam variações cambiais ou oscilações sazonais, são festejados pelos áulicos do petismo sem o comedimento necessário àqueles que lidam com uma área tão sensível quanto a econômica.
À mercê dos números, Dilma e sua equipe se vêem obrigados a mudar o discurso sucessivamente, pois acabam desmentidos por notícias que jogam água na fervura da euforia desenfreada. A situação brasileira é difícil e deve ser tratada coma seriedade que tanto falta ao governo do PT, e não como peça de marketing eleitoral. Iludir a sociedade está longe de ser o melhor caminho para tirar o Brasil do atoleiro.
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