sexta-feira, novembro 09, 2012

Quien quiera oír, que oiga - RICARDO ROA

CLARÍN - ARGENTINA - 09/11


Cuesta encontrar en la historia argentina una movilización popular como la de ayer. Además de una multitud nunca vista, varias cosas más la hacen única. Se hizo a la misma hora en todo el país. No tuvo líderes ni oradores ni consignas partidarias.

Todo el mundo fue por sus propios medios . Cruzó todas las edades y pese a ser acusada de golpista, fue profundamente democrática: nada es tan democrático como la gente en la calle.

Es casi imposible hacer un cálculo preciso sobre el número de manifestantes. Pero si se suman todas las concentraciones y se las compara con las más grandes de los años recientes y no tan recientes, hubo más gente que en los cierres de campaña de Alfonsín y de Luder en el 83. Fue una convocatoria extraordinaria que no la hace mejor a las otras sinodiferente .

Las consignas salieron de los mismos autoconvocados, directas y en pancartas caseras . A la gente la sublevan la inseguridad, la corrupción, las mentiras sobre la inflación, la soberbia y el afán de perpetuarse eternamente en el poder. Piden más democracia y respeto a la Justicia y a la Constitución.

No se vieron agresiones a la Presidenta, a diferencia del cacerolazo de septiembre. Sí, carteles con humor, como el que decía: “Cristina: dejá el micrófono y ponete los auriculares”. O el del juez al que siempre le tocan las causas contra el Gobierno: “Oyarbide, qué suerte que tenés para los sorteos. Jugá al Quini”.

Advertido, esta vez el Gobierno trabajó para que la convocatoria fracasara. Usó argumentos atemorizantes, como que estaba organizada por grupos de ultraderecha y que atrasan cuarenta años. Todo en línea con la “gente bien vestida” a la que “sólo le interesa Miami” de Abal Medina. Al fin, otra muestra de que el relato patina feo : hubo marchas en más lugares y con muchísima más gente.

Y tampoco pudo ocultarla como en septiembre, cuando la televisión oficial y paraoficial ignoraron olímpicamente la protesta. Claro que era demasiado pretender que fueran objetivos: alguno mostró la Plaza de Mayo vacía cuando los actos estaban en otros lados y otro tituló “Caos en el Tránsito” al pie de las marchas. Canal 7 omitió todo y al final envió a periodistas a provocar a los manifestantes : es la forma cómo entiende la libertad de prensa el kirchnerismo.

¿La Presidente es capaz de oír lo que pasó? Si nos guiamos por sus discursos, no hay lugar para la ilusión: “que nadie pretenda que yo me convierta en contradictoria con mis propias políticas”, proclamó. Nadie le pide eso: sólo que atienda los reclamos. Pero Cristina se ha hecho adicta a la irrealidad y no concibe otra forma de ver las cosas que la que ella tiene. Cree que todo anda bien y a la vez dice: “no voy a aflojar ni me van a vencer”. Eso de hablar de la última trinchera y sostener que todo anda fenómeno suena parecido a la esquizofrenia.

Uma década de PT: desastre na infraestrutura - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 09/11


No próximo dia 1º de janeiro, o PT completará uma década de poder na Presidência da República. É tempo suficiente para uma avaliação de seu modo de governar e as consequências das escolhas dos presidentes Lula e Dilma.

A década não foi inteiramente perdida porque houve o crescimento chinês que alavancou nosso setor exportador de matérias-primas. A indústria recuou, saúde e educação não tiveram avanços significativos, nossa infraestrutura foi inteiramente sucateada. Avançamos muito pouco.

Infraestrutura é a questão mais crítica porque vivemos um verdadeiro apagão: de combustíveis, de energia elétrica, de estradas, de portos, de aeroportos, de ferrovias e de telecomunicações. Faltaram os necessários investimentos na última década. O retrato do país no setor é a escuridão que afetou boa parte do país no último apagão.

A perda de confiabilidade do sistema elétrico decorre da falta de investimentos no passado. No entanto, o futuro do setor é ainda mais preocupante devido às novas regras que o governo quer impor. Reduzir tarifas por decreto é a melhor forma de afastar a iniciativa privada do setor e é exatamente o que a presidente Dilma está fazendo.

A perda de valor das empresas na bolsa retrata a expectativa de baixos retornos ou prejuízos com o novo modelo. Sem perspectiva de retorno lucrativo, não haverá novos investimentos, num setor em que estes já são insuficientes há uma década.

O possível racionamento dos combustíveis, noticiado pela Folha de São Paulo, nos remete ao começo da década de 90. Numa triste volta ao passado, observamos que a falta de planejamento não só nos retirou a autossuficiência em petróleo como nos deixou dependentes de importação de gasolina, para a qual agora falta sistema logístico de portos, tanques e dutos para abastecer o mercado doméstico.

A gasolina para a viagem de verão não está garantida. A Petrobras amarga prejuízos imensos, o que lhe retira capacidade de investimento para aumentar sua produção. Gastamos preciosos anos discutindo o regime de exploração do pré-sal, agora que precisamos do petróleo, ele jaz no fundo do mar.

Na área de telecomunicações, o desastre é regulatório. A Anatel não consegue fiscalizar a contento a qualidade da oferta dos serviços ao usuário. Ligações não são completadas ou são interrompidas. A banda larga é lenta se comparada aos países desenvolvidos e pequena é sua cobertura para um país continental.

A universalização dos serviços de telecomunicações é apenas um sonho distante, no setor que mais recebeu investimentos privados na última década. A logística de portos, aeroportos, estradas, ferrovias e hidrovias é componente do chamado Custo Brasil, que nos retira competitividade. Os repetidos anúncios do governo de novos investimentos não se materializam.

Novamente, a mudança frequente do marco legal faz com que o risco regulatório seja fator de inibição de entrada de recursos privados. O exemplo gritante é da modificação do modelo de concessão dos aeroportos poucos meses após as primeiras concessões. Para a infraestrutura, a última década foi desastrosa. Mas preocupa ainda mais o futuro que está sendo comprometido pelas decisões do presente.

O Maraca é nosso - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 09/11

A seleção brasileira vai estrear o novo Maracanã antes da Copa das Confederações, dia 2 de junho, num amistoso com a Inglaterra.

Dona Fifa não gosta
Pode acabar mal para a Federação de Futebol do Rio a ideia de trocar a suspensão de jogadores por uma multa de R$ 500.
A Fifa é contra. Prefere a suspensão automática no terceiro cartão amarelo.

Guarulhos privado
A partir da próxima quinta, dia 15, o Aeroporto de Guarulhos passará a ser administrado pelo consórcio Invepar, formado pela OAS e por fundos de pensão.
A última inspeção, realizada ontem pela Anac, autorizou a transferência.

Furacão Sandy
Dilma vai conceder cooperação humanitária para as vítimas do furacão Sandy.
Não as dos EUA, claro. Mas as dos países pobres, como Haiti e Cuba.

Obama, meu rei
Thomas Shannon, o embaixador dos EUA, foi festejar a vitória de Obama... na Bahia, estado brasileiro com mais afrodescendentes.
Ontem, jantou com o governador Jaques Wagner no restaurante Amado, em Salvador.

Parabéns pra você
Paulinho da Viola vai festejar seus 70 anos do jeito que gosta.
Fará um show, dia 17, no Parque de Madureira, no Rio, com seus amigos da Velha Guarda da Portela.

Yes, nós temos Ohio!
Desde Collor, todo presidente eleito vence a disputa no... Piauí.
Ou seja, é o nosso Ohio, EUA.

Acabou em samba
O pedagogo Paulo Alvez, de Pernambuco, inscreveu uma marchinha sobre Carlinhos Cachoeira no concurso da Fundição Progresso.
Diz assim: “Seu Cachoeira, quero dinheiro também/Eu sei que você tem/Tem até demais/Tem pra todos/Tem pro senador do DEM/Seu Cachoeira, quero dinheiro também/(...) O bicho vai pegar/habeas corpus não vai te soltar/Tua mulher comenta vazar/Se tu na papuda ficar...”

A travessia
O americano William P. Young, autor do sucesso “A cabana”, que vendeu 3,5 milhões de exemplares no Brasil, lança este mês, aqui, seu novo livro, “A travessia”, pela editora Arqueiro.
A aposta é alta: a primeira tiragem será de 300 mil exemplares.

Pai nosso do STF
Do ministro Ayres Britto, presidente do STF, na entrega do 9ª Prêmio Innovare, no Rio:
— A oração especial que faço toda noite para mim e meus amigos do Supremo é o... “Pai nosso dos ministros”, que diz: “Não nos deixeis cair em tanta ação!”
Faz sentido.

A CAPITAL DA ARQUITETURA
A terra do mestre Oscar Niemeyer e de Afonso Eduardo Reidy (que nasceu em Paris, mas foi criado no Rio) pode se transformar, quem sabe?, numa espécie de capital da arquitetura mundial. Este projeto da fotomontagem, do Pátio da Marítima, conjunto de prédios de mais de mil metros quadrados a ser construído no Porto Maravilha, é do renomado arquiteto inglês Norman Foster, 77 anos, autor, entre outros, do Estádio de Wembley, em Londres, da cúpula do Reichstag, em Berlim, e da Torre Hearst, em Nova York. Foster se junta a outros medalhões da arquitetura internacional, como Christian de Portzamparc, Santiago Calatrava, Richard Rogers, Bernard Villemot, Philippe Starck, Chad Oppenheim e Zaha Hadid, que também executam ou estudam projetos no Rio. Em tempo: o Pátio da Marítima é um projeto da incorporadora Tishman Speyer, dona de outros marcos, como o Rockfeller Center e o Chrisler Building, em Nova York 

Versace no Rio
O grupo italiano Versace, criado em 1878, abrirá sua primeira loja no Shopping Leblon, no Rio.
A intenção da grife é inaugurar mais seis em outros estados brasileiros. Em São Paulo, há apenas uma franquia da marca.

Corredor do Fórum
A 3ª Câmara Cível do Rio julgou improcedente o pedido de indenização de um ex-presidiário, condenado por nove homicídios, que processara o estado por achar que... tinha ficado tempo demais na cadeia.
É que sua pena inicial era de 120 anos. Mas, 11 anos depois, ele ajuizou ação e a reduziu para 40. Foi quando pediu indenização por ter cumprido, em regime fechado, um tempo de cadeia calculado sobre a pena de 120 anos e não sobre a de 40.

Distantes, mas importantes para a China - TIM HARCOURT


O GLOBO - 09/11

Durante a recente crise financeira global que causou turbulência no Hemisfério Norte, dois países evitaram o pior da crise global, em parte graças aos seus respectivos laços fortes com a China. Essas nações, que se beneficiaram, também terão um papel importante no desenvolvimento econômico do gigante asiático no século XXI. São elas Brasil e Austrália, duas grandes terras do Sul, que têm como características a vastidão, diversificação, e foram consideradas por seus descobridores como muito, muito distantes.

Em agosto, eu ajudei a liderar um evento, promovido pela Universidade de Melbourne, para ampliar as relações entre Austrália e a América Latina. Muitos dos participantes falaram como, apesar das diferenças entre Brasil e Austrália, os dois países têm muito a compartilhar na experiência de relacionamento com a China.

A Austrália foi colonizada como uma prisão em uma grande parceria do setor público privado (PPP), mas se transformou em três sociedades, os detidos, seus carcereiros e as populações indígenas locais destituídas de suas terras. De alguma forma, apesar deste começo humilde e das tensões geradas, a sociedade se deu bem graças à grande quantidade de recursos naturais, como trigo, lã e ouro. Outro ponto importante foi que os colonos livres do velho mundo se juntaram aos presos e carcereiros, e, ao longo do tempo, esses últimos ficaram em minoria. A China desempenhou um papel importante nesse desenvolvimento. Bob Hawke desenvolveu laços estreitos com a China e ainda é bem conhecido na República Popular até hoje.

O outro país, o Brasil, não foi colonizado como uma prisão, mas sim sob o peso da escravidão. O país também é vasto, mas geograficamente muito diferente. O Brasil também teve que enfrentar problemas econômicos e os seus impactos ainda eram sentidos até uma década atrás. Na maior parte de sua história econômica recente, ele não teve inflação de dois dígitos e não precisou enfrentar o desemprego, mas teve problemas muito piores, como deslocação do mercado de mão de obra e pobreza em massa. Seu sistema financeiro não era antiquado, mas sim disfuncional, houve problemas com as taxas de câmbio, taxas de juros e encargos da dívida, além de greves, mais agitação social generalizada que impactaram sua própria estabilidade democrática.

No entanto, este país também tinha um líder sindical, Lula. Ele não estudara em Oxford, era nascido no Nordeste do país, fora preso por sua atividade sindical e concorrera para presidente três vezes antes de ser eleito. Ele também reformou a economia do país, mantendo fortes programas de justiça social (muitos dos quais foram iniciados pelo seu antecessor, que era um conhecido professor de sociologia, antes de se tornar presidente). Como resultado, este país agora também está economicamente bem posicionado.

A percepção das pessoas sobre o Brasil tem mudado. E não é nenhuma surpresa, dada a sólida taxa de crescimento econômico do Brasil (7,5% em 2010, após a crise financeira mundial, e 2,7% em 2011), política fiscal e monetária complacente, crescimento impressionante das exportações (novamente graças à China) e, o mais importante, redução da evasão escolar e da pobreza absoluta. Economistas brasileiros me disseram que mais de 33 milhões de pessoas foram retiradas da pobreza. Na verdade, um dos meus anfitriões no Rio me disse que a taxa de câmbio brasileira é tão forte "que até mesmo empregada minha está indo de férias para Buenos Aires, para fazer algumas compras". Esta visão foi sustentada pelos participantes do recente Diálogo entre Melbourne e América Latina, em Melbourne.

O Brasil e Austrália são rivais em relação à Pequim? Na verdade, não. Há muito espaço para ambos os países prosperarem com o desenvolvimento econômico da China, e ao longo do tempo as empresas brasileiras e australianas colaborarão para maximizar as suas esferas de influência. Ambos serão grandes fornecedores das necessidades energéticas da China e vão trabalhar com as necessidades agrícolas e industriais de energia limpa.

O Brasil, como um grande fabricante, trabalhará mais com a China em cadeias de suprimentos industriais, e a Austrália focará mais em serviços de construção, infraestrutura, arquitetura e profissionais para ajudar a desenvolver as cidades em estágio menos avançado.

Os fortes laços da Austrália com a China na educação vão atrair mais colaboração do Brasil. É claro que o Brasil estará em destaque com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio, e isto ajudará a atrair a ainda mais atenção e investimento global.

As duas nações são grandes terras do Sul com muito surfe, areia, sol e bronzeado, mas economicamente ambas desempenharão um papel importante no futuro da China.

O país dos apelidos - IVAN ANGELO

REVISTA VEJA SP


Tipo popular, baixinha, tronco pesando sobre as pernas curtíssimas, andar tombando para o lado de cada perna de apoio, não atendia quando chamavam:

— Mentira! Chega aqui, Mentira. Não ia.

Sabia da razão do apelido: o ditado “mentira tem perna curta”.Não achava graça nenhuma.

— Vem, Mentira, que eu te pago um café.

Adorava café; passava sempre por ali. Ia, tomava, saía resmungando: “Isso lá é café?”. O boteco ficou com o apelido de Café de Mentira.

Tem gente que não escapa de um apelido. Aquela história do seu Zé do Coqueiro. Cortou o coqueiro, deixou só um toco. Virou seu Zé do Toco de Coqueiro. Arrancou o toco, cavou até as raízes. Virou seu Zé do Buraco de Coqueiro. Tapou o buraco. Virou seu Zé do Buraco Tapado. Mudou-se. Deve estar com novo apelido em outras bandas, que isso de apelido é destino.

Alguns apelidos são criativos, outros não têm graça, revelam preconceito e humor negro. O povo não perde a piada, comenta “ah, que maldade” e passa o apelido adiante. O espírito da coisa é mais forte do que os bons sentimentos.

Na minha infância conheci dois desses casos de mau gosto; três, contando o do meu primo.

O mais cruel foi Rabo de Arraia. Não era nenhum valentão. Era um senhor que arrastava a perna direita, como quem dá uma rasteira. O outro foi Perna de Pau, ponta-esquerda de um timinho do outro lado da linha do bonde. Não que ele fosse ruim de bola, até que não era. Só que era amputado da perna direita, do meio da canela para baixo, e jogava de muleta. Era o dono do bar e do time. Vinha gente de outros bairros para vê-lo jogar, e ele não desgostava do apelido. Se saía briga, rodava a muleta e arrasava. Já o meu primo sofreu um estupor do lado direito e ficou com o olho meio fechado e a boca torta. Não sei quem lhe pôs o apelido de Pontaria, que ele odiava.

Eu mesmo tive um apelido que não colou. Quando rapazinho, fiz a barba, passei loção à base de limão, fui para o sole fiquei com o rosto rajado. No colégio me chamaram de Tigre-sem-bengala, às vezes só Tigre. Não durou mais do que uns três meses, o tempo das rajas, mas tinha piada.

Fernando Gabeira conta que um doidinho, preso junto com ele, cismava de manobrar dentro da cela um imaginário caminhão FNM, para estacionar.Os presos,querendo dormir, ao judavam nas complicadas manobras. O doidinho ficou com o apelido de Fenemê.

Rainha era o apelido do ex-editor-chefe do Jornal da Tarde Murilo Felisberto, branquinho e inquestionável.Seu reinado começou na época da visita da rainha Elizabeth II ao Brasil, em 1968. Outro do jornal: Toninho Boa Morte, redator da coluna de falecimentos d’O Estado de S.Paulo e do JT. Quando queriam elogiá-lo, diziam que ele dava vida à coluna. Já não está entre nós.

No ano em que as telas dos cinemas se alargaram de parede a parede, para exibir filmes no novo processo cinemas cope,um rapaz de Belo Horizonte que amargava o medíocre apelido de Bocão passou, com visível preferência, a ser chamado de Cinemascope. Sub-15 ficou sendo o apelido dorapazinho, menor de idade, que atende no balcão da lanchonetefrequentada por um desembargador meu amigo. Umaex-vizinha, lindinha, naquela Belo Horizonte dos bons tempos,chamada Leleta (com “e” fechado), recebeu o apelidode Rima Rica e nem ficou sabendo.

Alguns apelidos não têm a graça da boa sacada, de parecerquase uma charada, a exigir uma faísca de descoberta,mas são pitorescos, descritivos: Maria Tomba Homem, deuma mulher de rua que batia nos homens; Tarzã dosBueiros, de um ladrão que se escondia nos esgotos; Mãode Onça, de um goleiro com mãos enormes; Fi do Pé, dofilho do Pé de Cana, bebum folclórico. Todo mundo conheceum e divulga. Brasileiro gosta de apelidos, nas suasvariadas funções sociais.

Insuperável na graça do acontecido que gerou o apelido éCidinho Bola Nossa, juiz de futebol, mineiro, atleticanoroxo, que interveio assim numa disputa entre um jogador doAtlético e um do Cruzeiro sobre quem ia bater o lateral,favorecendo o do Atlético: “É bola nossa! Bola nossa!”.

Inflação preocupante - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 09/11


Diante da inflação acelerada, espalhada e muito longe da meta, o brasileiro comum poderá ficar um pouco mais tranquilo se o governo se mostrar um pouco mais preocupado. Empresários e alguns amigos sindicalistas podem dar prioridade à redução dos juros, mas a presidente da República e seus auxiliares deveriam olhar também para a grande massa dos consumidores, aqueles dependentes de salários ou de pequenos rendimentos. Cuidar da família ficou 0,59% mais caro em outubro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado pelo governo como referência principal para suas políticas. Em setembro a alta de preços havia sido ligeiramente menor - 0,57%. A variação em 12 meses chegou a 5,45%, no mês passado, e ficou bem acima da meta anual, de 4,5%. O ritmo dos aumentos será mais moderado nos próximos meses, segundo especialistas, mas nem essa projeção justifica a tranquilidade exibida até agora pelas autoridades.

Uma das poucas notícias boas das últimas semanas, no front da inflação, foi o recuo de 0,31% do Índice Geral de Preços (IGP-DI) da FGV. Esse dado pode espantar quem se perde no emaranhado de indicadores produzidos no Brasil por várias instituições de pesquisa. Não é tão complicado. O IGP é formado por três componentes. O Índice de Preços ao Produtor mede as variações no atacado e entra no cálculo geral com peso de 60%. Esse item diminuiu 0,68% no mês, por causa da queda de cotações de matérias-primas agrícolas e minerais - um reflexo da crise internacional. A baixa de preços poderá passar do atacado ao varejo e beneficiar as famílias, mas isso levará algum tempo e parte do efeito será perdida no caminho. Mas essa possibilidade é, por enquanto, o principal fundamento de qualquer expectativa otimista.

Enquanto se espera esse efeito, os preços no varejo de bens e serviços continuam disparados. O segundo item mais importante do IGP é um Índice de Preços ao Consumidor, com peso de 30% no conjunto. Esse indicador subiu 0,48% em outubro, menos que em setembro, quando a alta foi de 0,54%. Na pesquisa da FGV, alimentação, habitação e comunicação encareceram menos de um mês para outro, mas houve aumentos maiores em outros cinco grupos de despesas. Se alguém considerar 0,48% uma inflação mensal moderada, mudará de ideia se calcular o resultado acumulado em um ano: 5,91%.

Um quadro também feio foi mostrado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP (Fipe), no Município de São Paulo. A alta dos preços ao consumidor passou de 0,55% em setembro para 0,80% no mês passado. Pode haver alguma perda de impulso, mas o aumento mensal em novembro e dezembro deve ainda ficar entre 0,6% e 0,7%, segundo o coordenador da pesquisa, Rafael Costa Lima.

Um dado muito preocupante é conhecido no jargão dos economistas como indicador de difusão. Esse indicador mede a porcentagem de itens com elevação de preço num dado período. Em outubro, 65,81% dos itens incluídos no levantamento da Fipe ficaram mais caros. No caso do IPCA, o nível de contágio observado foi pior: 68,8%. Em setembro havia sido de 66,3%. Níveis de difusão superiores a 60% e muito próximos de dois terços têm sido observados em pesquisas de vários institutos. Um contágio tão amplo põe em xeque a tese de uma inflação limitada a poucos grupos de preços e resultante basicamente de um choque externo. Os mais otimistas deveriam levar em conta esse detalhe.

O Banco Central tem apontado a evolução do emprego e dos salários - das condições da demanda, portanto - como fator de risco para a estabilidade de preços. Seus dirigentes poderiam, num esforço de autocrítica, incluir a expansão do crédito entre esses fatores.

O governo tenta disfarçar as pressões inflacionárias, contendo o reajuste dos combustíveis e mantendo o corte temporário de impostos para alguns setores. Além de inúteis contra a inflação, esses disfarces criam distorções. Uma política séria seria mais eficiente e mais barata. O governo pode negar, mas é cada vez mais clara a troca da meta de inflação pela meta de juros.

Afagos & empurrões - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 09/11

Para quem tem entre os congressistas a imagem de durona e avessa a conversas políticas, a presidente Dilma Rousseff termina esta semana com jeito de quem começa a mudar esse tom. Ao primeiro movimento, o jantar com o PMDB, veio outro em 24 horas, o jantar com o PSB. Dois encontros recheados de afagos em que Dilma deixou claro que quer os dois ao seu lado. O problema é a lei da física. Dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. E aí começa o jogo de empurra, onde todos os atores, inclusive a própria Dilma, mostram suas armas.

Vejamos os movimentos da presidente. Ontem, depois dos jantares e dos afagos aos dois principais partidos da sua base, PMDB e PSB, ela aproveitou a solenidade de lançamento do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa para enaltecer o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB). O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, um dos mais próximos da presidente, com quem ela discute todas as questões estratégicas do governo, pediu licença para quebrar o protocolo. Foi ao microfone, dispensou o locutor oficial e, de viva-voz, enalteceu o trabalho de Cid Gomes na área da educação no Ceará.

Para muitos, o gesto de Mercadante foi jogo combinado com a chefe. Nenhum conhecedor dos humores de Dilma ousaria voltar ao microfone dentro do Planalto sem a permissão dela. Depois, o governador ainda foi almoçar com a presidente. Cid Gomes há tempos não tinha um tapete vermelho tão novo para pisar no palácio. Foram tantos afagos que só faltou a proposta de um ministério para Ciro Gomes — o que setores do PSB comentavam na semana passada como uma possível jogada no sentido de enfraquecer Eduardo Campos dentro de seu próprio partido, tirando inclusive qualquer chance de que o presidente do PSB possa reclamar.

O governador cearense, vale lembrar, tão logo terminou a eleição municipal, fez questão de avisar que Dilma era sua candidata a presidente da República. Seu irmão, Ciro Gomes, que tentou se lançar à Presidência em 2010, mas foi impedido pelo PSB, está hoje cuidando da vida, sem mandato. Ontem, depois de parte da série de afagos palacianos, Cid saiu-se com essa: se o PMDB ficar com a Presidência da Câmara e do Senado, por que o PSB não poderia ficar com a vice de Dilma?

A declaração de Cid foi vista como maldade pura por todos os atores envolvidos nessa história. Primeiro, que ninguém é “candidato a vice”. A vice é consequência de acordos políticos. Por isso, há quem tenha visto nessa proposta não um afago a Campos, mas uma tentativa de “queimá-lo” e ainda deixar o PMDB desconfiado. O PSB não tem sequer metade dos votos do PMDB no Congresso e Dilma não precisa colocar Eduardo Campos na vaga de vice-presidente para ter o PSD de Gilberto Kassab ao seu lado. O prefeito hoje tem a quarta bancada, o que lhe dá autonomia. Tanto é que estará com Dilma na semana que vem. Portanto, Dilma não tem hoje como “dispensar” o PMDB.

E entre os socialistas…

Os aliados de Eduardo Campos não entenderam muito bem por que tantos afagos de Dilma a Cid Gomes no dia seguinte ao jantar com Eduardo Campos e o vice-presidente do partido, Roberto Amaral. Afinal, em termos numéricos, a hegemonia do partido está com Eduardo Campos e dois movimentos deixam isso muito claro. O primeiro foi em 2010, quando Ciro Gomes quis ser candidato a presidente. O segundo foi no ano passado, quando Cid e Ciro tentaram fazer de Gabriel Chalita, então do PSB, líder da bancada na Câmara. Chalita obteve três dos 34 votos. Quem venceu foi a deputada Ana Arraes, mãe de Eduardo, hoje ministra do Tribunal da Contas da União.

Pelo que se sabe, 2014 não entrou na conversa de Dilma e Eduardo Campos na noite de quarta-feira, e nem poderia. Afinal, Dilma ainda não avisou com todas as letras que será candidata e Campos já cansou de dizer que não tratará de 2014 agora, pois discutir a próxima eleição neste momento seria jogar contra o Brasil. Mas, para os socialistas, está claro que, se Dilma pensa em sufocar a candidatura de Eduardo Campos afagando Cid Gomes, o efeito pode ser o inverso.

Enquanto isso, no Jaburu…

Com toda essa confusão, o próximo passo dessa história é o PMDB cobrar e Dilma mais uma vez reforçar — como já disse lá atrás — que, se for candidata à reeleição, repetirá a parceria com Michel Temer. A ordem entre os peemedebistas é procurar fazer a menor marola possível para eleger os presidentes da Câmara e do Senado. Entre os deputados, a campanha de Henrique Eduardo Alves é feita à luz do dia e a ideia é, já na próxima semana, começar a tratar da proporcionalidade para os demais cargos da Mesa Diretora.

Ensino medíocre - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 09/11


Em mais um atestado de que o ensino médio brasileiro está em petição de miséria, o cientista social Simon Schwartzman, após analisar dados do Enem, revela que apenas 27,9% dos que fizeram a prova em 2010 obtiveram mais de 450 pontos em todas os testes (as notas máximas variam em torno dos 900).

Os 450 pontos, vale assinalar, são o novo limiar definido pelo Ministério da Educação para conferir diploma de nível médio a quem não concluiu essa etapa da educação básica numa escola. Ou seja, quase três quartos dos alunos ficam aquém do mínimo aceitável.

As variáveis socioeconômicas, como a escolaridade na família, pesam muito no desempenho. Entre os estudantes cujos pais não têm nenhuma instrução formal, apenas 12,1% alcançaram os 450 pontos. Já entre aqueles cujos genitores cursaram o ensino superior, a taxa vai a 49,6%, e chega à maioria (66,4%) só no caso dos filhos de pais com doutorado.

Como observa Schwartzman, para a maioria dos estudantes que fazem o Enem, a prova é "uma ilusão cruel" -seu resultado já se encontra em grande parte predeterminado por suas condições socioeconômicas e pela má qualidade da educação que tiveram até aí.

A única maneira de quebrar esse círculo vicioso é oferecer um sistema público de ensino com qualidade suficiente para permitir que o nível de instrução dos ancestrais não signifique uma condenação irrecorrível ao péssimo desempenho.

Nessa matéria, os avanços dos últimos anos ficam entre o mínimo e o inexistente. Se é verdade que as avaliações mostram algum ganho nas séries iniciais do ensino fundamental, elas também indicam que a melhora desaparece quando o aluno chega ao nível médio.

Infelizmente, no lugar de encarar o problema e procurar resolvê-lo com mais ousadia, autoridades educacionais têm preferido a saída fácil de apelar para cotas raciais e outras pirotecnias populistas, que apenas contribuem para mascarar a questão principal.

Pior, os esquemas adotados não vêm sem efeitos colaterais. Um deles é obrigar universidades públicas a criar sistemas de apoio para compensar lacunas na formação dos alunos, uma tarefa para a qual elas não estão preparadas.

Para princesas - SONIA RACY


O ESTADÃO - 09/11

O médico e nutrólogo Pierre Dukan, criador da “dieta da princesa Kate”, lançou, em SP, seu best seller Eu Não Consigo Emagrecer. E conversou com a coluna.

O que uma pessoa não pode comer de jeito nenhum?

É preciso consumir menos açúcar, escolher os produtos fabricados com farinhas integrais e fugir das farinhas brancas, altamente processadas – com a qual se fabricam o que chamo de “alimentos de recompensa”. Se tivesse de escolher o pior alimento… seria a batata frita.

Qual o segredo do sucesso de seu regime?

Eu diria que a eficácia, a velocidade com que se perde peso no início e a simplicidade.

O fato de a princesa Kate ser adepta mudou sua rotina?

Agradeço aos Middleton por terem declarado que meu regime os ajudou – isso causou um impacto formidável no meu método. O exemplo de uma princesa tão linda é um incentivo a todas as mulheres com excesso de peso. Elas podem dizer: “Se uma princesa fez, eu também posso fazer”.

Como é o dia perfeito de uma dieta do dr. Dukan?

De manhã, café ou chá sem açúcar ou com adoçante; uma panqueca de farelo de aveia; e um iogurte desnatado. No almoço, uma fatia de salmão defumado, um filé de carne com brócolis ou um filé de bacalhau com uma porção de abóbora; um flan de baunilha diet; e um refrigerante zero. No jantar, salada mista de alface, camarão e atum desfiado; uma coxa ou escalope de frango com legumes grelhados; e uma mousse de chocolate diet./DANIEL JAPIASSU

Bastão
Haddad aceitou convite de Kassab. Discursará em evento em Paris, dia 22, no qual São Paulo defenderá sua candidatura a sede da Expo 2020 – a ser abrigada no futuro Piritubão. Antes, porém, os presentes terão de assistir a 10 minutos de vídeo, acompanhado por calhamaço de 760 páginas apresentado pela Prefeitura.

E Dilma? Desistiu. Vai mandar Antonio Patriota.

De olho…
Corre no Planalto que estão na briga pela vaga de Ayres Britto, no STF, Nancy Andrighi, do STJ e do TSE, e Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha, do STM – que trabalhou na Casa Civil à época deJosé Dirceu.

…na toga
09.novembro.2012 | 2:20

A escolha será a toque de caixa – assim como no caso de Teori Zavascki. Depois de três magistrados (Luiz Fux, Rosa Weber e Zavascki), há pressão para que o eleito seja oriundo da advocacia.

Toga 2
Por outro lado, o substituto de Zavascki no STJ não deve sair antes de 2013. Vale lembrar que outras duas cadeiras continuam vazias no tribunal – as de Cesar Asfor Rocha e Hamilton Carvalhido.

Mais uma aposentadoria será anunciada ainda este ano. E outras virão, em 2014.

Barril
Pelo que se apurou, Dilma pretende mesmo aguardar a posição do Supremo para, só então, se manifestar sobre a Lei dos Royalties – que acaba de ser aprovada no Senado.

Motivo? Ela teme desgaste semelhante ao sofrido na votação do Código Florestal.

Plim-plim
Gloria Pires ganhará documentário para chamar de seu. A Casa da Atriz terá roteiro de Eduardo Nassife e abordará sua vida e carreira.

Pé na tábua
Felipe Massa fará a alegria de pelo menos 100 fãs em Interlagos durante o GP Brasil de F1.

Vai entregar bolsas de estudos internacionais a universitários brasileiros – iniciativa do Santander Universidades.

Nibelungos
E André Heller-Lopes encenará, em 2013, a ópera O Ouro do Reno– com cena ambientada em Brasília. Qual? A do Nibelheim, no centro da terra, onde os habitantes vivem escravizados pelo… poder.

Água no pescoço
Confusão na Cedae. Tudo porque a empresa de saneamento do Rio reconheceu, na Justiça, ser indevida a taxa de tratamento de esgoto que é cobrada dos usuários no Estado.

Houve acordo para devolver… R$ 2 mil por cliente.

Água 2
O problema é que os processos movidos contra a companhia, por esse motivo, totalizam hoje mais de 100 mil – isso apenas na zona oeste da capital fluminense. Há 3 meses, o número de ações já chegava a 20 mil.

Sérgio Cabral quer que a briga migre do Tribunal de Justiça do Rio para o STJ. A ideia é tentar resolver a questão rapidamente.

Crescendo
Martelo batido. A Votorantim prepara mais uma onda de investimentos. Reservou R$ 1,4 bilhão para a construção de novas fábricas de cimento no Nordeste.

Na perifa
Mia Couto arrancou aplausos, anteontem, durante o Sarau da Cooperifa no bar do Zé Batidão. O escritor moçambicano disse adorar eventos intimistas e garantiu estar se sentindo em casa.

Além de assistir à declamação de poesias pelos participantes, ele se deliciou também com um escondidinho de carne-seca.

Mórmon na Casa Branca? - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 09/11


Descobri que o 'Livro de Mórmon' prega que Jesus andou pelos EUA e que negros não são bacanas. Cuma?


Visitei Salt Lake City, Utah, a tra­balho, duas vezes na vida. Na primeira, tentei entrar no maior monumento da cidade, um templo mórmon que se impõe pelo gigantismo e a feiura de suas for­mas, e fui impedida logo na entra­da. "A senhora não pode entrar aqui", disse-me um tipo à porta. "Ué? Por que não? Outros estão en­trando, meus trajes são apropria­dos, o que há de errado?"

"A senhora não é mórmon", res­pondeu-me o homem da porta com tamanha convicção que eu virei e fui embora.

De fato, não sou mórmon. Não te­nho ideia de como ele percebeu, mas, graças a Deus, isso fica evidente com um simples olhar.

Na semana passada, entre um ta­pa na orelha e um soco no nariz ad­vindos do furacão Sandy, consegui fazer valer as entradas adquiridas desde o Brasil e fui à Broadway as­sistir a melhor comédia satírica musical de todos os tempos. Refiro-me, claro, a "The Book of Mormon", de Trey Parker e Matt Stone, os criadores do seriado "South Park".

Nunca tinha me atido aos mór­mons. De onde vieram, para onde vão e qual a utilidade (se alguma) deles. O musical destrincha o fran­go para leigos como eu. Mórmons, pelo que entendi, são pessoas que estão convencidas de que existiu um Moisés norte-americano cha­mado Joseph Smith.

Preste atenção: parece que lá pe­los idos de 1820, o tal Joseph Smith andou dizendo que um anjo vindo do céu mandou que ele procurasse no quintal Tábuas da Lei de Deus feitas de ouro maciço. Por algum motivo, Joseph perdeu essas tá­buas, uma confusão, ninguém viu, ninguém sabe, é a tal da prova de fé, mas ele jurou de pés juntos que de­las constavam ensinamentos que usou para escrever o "Livro de Mórmon", a Bíblia deles. Pois é, ele tinha uma memória incrível pa­ra alguém que só vira as tábuas uma noite.

Algumas amenidades incluídas no livro: 1) Jesus perambulou pelos EUA; 2) tribos de hebreus lutaram em solo norte-americano e, veja só, 3) pessoas de pele escura não são boa coisa. Essa última questão pa­rece ter sido revista em 1978 quan­do Deus teria subitamente mudado de ideia.

Pois eu espero que Andrew Lloyd Webber seja devorado por leões na Mesopotâmia. Verdade. Torço vi­vamente para que isso aconteça. Quando penso em "West Side Story", "My Fair Lady", "Hair", "All That Jazz" e tantos outros musicais incríveis que já passaram pela Broadway, lembro que um ca­nalha chamado Andrew aniquilou o gênero na base de "Fantasma da Ópera", "Evita" e sua música de péssima qualidade, sempre girando em torno de um mesmo acorde, e suas histórias unidimensionais, achatadas, caretas e sem lustro...

Bem, mas ia dizendo. O Sandy e a lembrança de Andrew e a quanti­dade estupenda de mórmons no Brasil... Tudo isso é o de menos. O que realmente importa é que os EUA reelegeram Obama, a despei­to da pregação da comunidade fi­nanceira.

Em Nova York, jantei com uma gerente de fundo de investimentos de Cingapura que torcia por Rom­ney. Ela começou a conversa dizen­do: "You see, I don't like politi­cians". Sei. Eu também, quando es­tava na escola, não gostava de pro­fessor. Mais tarde, passei a não gos­tar de polícia. Hoje, digamos que não morro de amores por fiscal.

Acontece que uma democracia sólida não se contenta com presi­dentes que sejam bons homens de negócios. Ela tenta transformar políticos em estadistas.

E é um pouco mais difícil atingir essa meta quando se tem como ponto de partida um neorrepublicano discípulo de Joseph Smith.

Aposta na fartura - ROGÉRIO FURQUIM WERNECK

O GLOBO - 09/11


As promessas de início de ano do governo eram de crescimento do PIB de pelo menos 4,5%, inflação na meta e geração de um superávit primário global de 3,1% do PIB. A esta altura já se sabe que nada disso será cumprido. O crescimento do PIB mal chegará a um terço do que havia sido prometido, a inflação deve permanecer bem acima da meta e o governo já reconheceu que o superávit primário pretendido se tornou inatingível por larga margem. Nesse quadro, o que mais preocupa é o discurso desconjuntado com que o governo tem tentado racionalizar as dificuldades que vem enfrentando para entregar o desempenho macroeconômico que prometeu.

Boa parte das críticas nessa linha tem sido direcionada ao Banco Central (BC). Mesmo analistas mais complacentes não têm deixado de apontar as sérias falhas de comunicação que têm marcado o esforço do BC de tornar compreensível a condução da política monetária. Grande celeuma vem sendo suscitada pela insistência do BC na previsão de que a inflação, em algum momento, deverá convergir para a meta “de forma não linear”. Como não se sabe bem o que isso pode significar, já há quem avente que o que está sugerido é que a convergência deverá ser tão surpreendente que nem mesmo o BC vem conseguindo antecipar como de fato será.

Mas tudo é relativo. E a verdade é que a pior parte do discurso econômico do governo não é a que diz respeito à política monetária e, sim, à política fiscal. Como é desse lado da política macroeconômica que o governo se tem mostrado mais propenso a transgredir regras e práticas estabelecidas, lhe tem sido muito difícil manter um discurso minimamente respeitável sobre a condução da política fiscal.

O ministro da Fazenda acaba de admitir oficialmente que o governo não terá mais como atingir a meta de superávit primário. É importante notar que o abandono da meta não adveio de mudança deliberada e preanunciada na condução da política fiscal. O que houve foi simples explicitação de um quadro de descontrole. Como a arrecadação federal teve crescimento real de mais de 10% em 2011, a Fazenda atravessou boa parte de 2012 apostando na sobrevida dessa fartura fiscal. Deixou que as despesas primárias corressem soltas, com expansão real da ordem de 6% nos 12 meses terminados em setembro, ritmo quatro vezes mais rápido do que o do crescimento do PIB. E ainda achou que lhe sobrava cacife para promover programas pontuais de desoneração, sem abrir mão do cumprimento da meta fiscal.

Agora, a menos de dois meses do fim do ano, a Fazenda afinal constatou quão inconsequente foi sua aposta na fartura fiscal. Na esteira do pífio desempenho da economia, o crescimento real da arrecadação caiu de 10% ao ano para pouco mais de 1%. E o governo teve de admitir que já não tem mais como cumprir a meta fiscal. Para tentar salvar a face, a Fazenda improvisou às pressas o argumento de que o abandono da meta apenas denotava uma opção pelo investimento e pelo crescimento. E anunciou que, agora, vai buscar o cumprimento da meta ajustada de superávit primário, que exclui o valor dos investimentos do PAC.

A ideia da meta ajustada já não fazia sentido quando a condução da política fiscal era pautada pela necessidade de manter sob controle o endividamento do setor público. No quadro atual, em que o que deveria estar pautando a política fiscal de curto prazo é o seu impacto sobre a demanda agregada, a adoção da meta ajustada faz menos sentido ainda. E o pior é que é bem possível que nem mesmo a meta ajustada o governo consiga cumprir.

Pelos canais usuais, portanto, a política fiscal em curso está trazendo substancial impulso adicional à demanda agregada. E é bom ter em mente que boa parte do efeito expansionista da política fiscal vem envolvendo canais menos usuais, como é o caso das vultosas transferências diretas de recursos do Tesouro às instituições financeiras federais. O que ainda não se sabe é se todos esses impulsos fiscais estão sendo levados devidamente em conta na condução política monetária.

Gargalhadas vingadoras - NELSON MOTTA


O Estado de S.Paulo - 09/11


Tenho muito respeito e gratidão por quem me faz rir. Dou imenso valor aos comediantes que se expõem a todos os ridículos e constrangimentos só para nos divertir e alegrar. Acredito que rir, principalmente de si mesmo, ou refletido e identificado num personagem, ajuda muito a viver as durezas do cotidiano e a enfrentar as fraquezas e precariedades da condição humana.

Ao mesmo tempo, acredito na força devastadora do humor como arma de crítica, que pode ser mais potente e eficiente do que a força bruta, porque é capaz de destruir pelo ridículo e pelo riso os mais sérios e sólidos adversários. Porque basta ser humano e viver a vida para ser uma potencial fonte inesgotável de piadas e deboches para qualquer um com senso de humor e de crítica.

Mas o humor também é amor: já fiz os papéis mais ridículos só para divertir minhas filhas. E também pode ser rancor, dos que sempre perguntam "tá rindo de quê?"

Muitas vezes uma saraivada de piadas engraçadas pode ser mais contundente do que discursos inflamados. Mas as piadas têm que ser boas, e bem contadas, porque piada é timing. E não há nada mais triste do que piada mal contada, quando é gaguejada e perde o tempo e a graça.

Outras piadas só aparecem com o tempo. Hitler e Mussolini eram adorados pelas multidões nazi-fascistas como deuses olímpicos e épicos, mas hoje suas figuras grotescas gesticulando e gritando seus discursos histéricos são ridículas e hilariantes. Pena que tanta gente morreu para que se pudesse rir em liberdade.

O humor e as piadas corrosivas - porque engraçadas - tiveram um papel muito importante na resistência democrática, desmoralizando o autoritarismo e a truculência da ditadura e fustigando os políticos onde mais lhes dói, no orgulho e na vaidade, com piadas e apelidos devastadores e gargalhadas vingadoras.

O humor não é o forte dos políticos, mas justiça se faça a esse talento de Paulo Maluf. Ouvir aquela inconfundível voz nasalada cantando "olê olê olê olá, Lu-lá, Lu-lá" fez o Brasil gargalhar e teve uma carga de crítica política mais poderosa do que qualquer discurso da oposição. Ou da situação.

Praga, segunda vez - CARLOS HEITOR CONY

FOLHA DE SP - 09/11


Escrevi um postal para o Carpeaux e só depois me lembrei que ele já havia morrido


07.11.01 - Praga - Depois de 25 anos, estou de volta à velha Boêmia, primeiro contato que tive com o mundo socialista nos anos 1960. Era inverno, muita neve, 13 graus abaixo de zero, pegaria tempo pior em Moscou e Murmansk, a caminho de Havana.

Hoje, saímos de Veneza às 11h30, fizemos escala em Milão (Malpensa), uma miséria de atraso, ficamos horas esperando o voo da Alitalia, que estava atrasadíssimo, serviço péssimo não apenas da companhia, mas do próprio aeroporto, enorme, labiríntico, perdi o medo dos aviões, mas ganhei pânico dos aeroportos, pelas conexões, "gates", esteiras, balcões de check-in.

Além de atrasado, o voo começou mal, com cheiro de querosene dentro da cabine, a tripulação com extintores de incêndio procurando algum foco de incêndio. Apesar da primeira classe esquálida dos velhos DC-9, nada comi, preferi dormir, mas não consegui. Desembarque razoavelmente fácil, troquei US$ 200 por coroas tchecas, viemos para um bom hotel, parece cenário de filmes dos anos 1930, com Charles Boyer, Loretta Young, Greta Garbo, Fred Astaire, Melvyn Douglas etc.

Enorme a suíte, com quarto, sala, escritório, tudo muito limpo, cheirando a novo. E lustres de cristal tcheco até no banheiro, um lustre colossal, maravilhoso. Caí duro no sofá da sala, dormi logo, diz Beatriz, que nunca me viu tão cansado, ela arrumou minhas coisas, quando acordei já estava com a banheira cheia de espuma esperando pelo banho.

Jantamos no hotel, está chuviscando, comi uma bela milanesa, bebi uma cerveja local, um grupo musical tocava canções ciganas ou parecidas. "As Czardas", de Monti, em destaque.

Compramos uma excursão para amanhã, a fim de darmos um giro fundamental pela cidade, depois iremos por conta própria aos lugares que nos interessarem. Quero rever a velha sinagoga e o cemitério dos judeus, que tanto me impressionaram em 1968. Além do castelo, que deve ter inspirado Kafka, quero rever a catedral, as duas bibliotecas de teologia e filosofia, que eu achei a coisa mais bonita que havia visto até então. Escrevi um postal para o Carpeaux e só depois me lembrei que ele já havia morrido. Mesmo assim, botei na caixa do correio.

São 23h30, estou acabando um Rey del Mondo, aqui mesmo no apartamento, com as janelas abertas, apesar do frio.

08.11.01 - Café no quarto, saímos num tour com um jovem casal alemão e uma guia que falava mal tanto o francês como o alemão. Giro pela Old City, revi as duas bibliotecas que tanto me impressionaram, a catedral, alguns bairros típicos, uma panorâmica da cidade, pegamos um táxi de volta ao hotel.

Lembro que, em 1967, pensei em ficar por aqui, desistindo do asilo em Havana. Telefonaria para o Mario Benedetti, em Paris, que estava me rastreando. Ao atravessar uma das pontes sobre o Vltava, um velho tocava acordeão, uma canção de Smetana que não identifiquei.

Depois de amanhã, Beatriz irá para Budapeste num voo às dez horas, e eu irei para Roma no único voo da Alitalia. Ficarei cinco horas entregue a mim mesmo, com uma porção de malas. Se houver retardo no voo, estarei frito, pouca gente fala inglês ou francês, a segunda língua aqui é o alemão.

09.11.01 - Dia de sol e frio em Praga. Demos um pulo na agência da Alitalia para confirmarmos as passagens. Beatriz segue para Budapeste às dez horas, devendo estar no aeroporto às oito. Eu vou mesmo para Roma, no voo marcado para bem mais tarde. Sairei do hotel depois da Beatriz, me virarei sozinho, levando minhas duas malas e a mala maior da Beatriz. Será uma odisseia, mas tudo bem.

Tomamos um táxi por três horas, 1.500 coroas, e fui rever a velha sinagoga, o cemitério antigo dos judeus, com suas pedras desalinhadas. Entre as vítimas tchecas do Holocausto, cujos nomes estão gravados nas paredes da sinagoga, encontrei um certo Bloch, Adolf, nascido em 1862.

Não pode ser o mesmo que conheci, era de 1908 e se chamava Abracha, nasceu na Ucrânia. Também mandei um postal para ele, que morreu seis anos atrás. Como no caso do Carpeaux, transfiro o problema para o correio. Quando chegar em Roma, mandarei um postal para mim mesmo, em Praga. Como endereço, botarei a rua em que Kafka morava.

A vida era térrea - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 09/11


RIO DE JANEIRO - Poucas cidades no mundo são ou foram tão fotografadas quanto o Rio, e isso desde a invenção da fotografia, em cerca de 1840. Uma constante nesse material é a permanência da paisagem. De qualquer época, cenário ou ângulo, vê-se a foto e sabe-se que é o Rio. Os acidentes naturais, baía, morros, praias, compõem a moldura inconfundível. E, em alguns casos, até o homem contribuiu para essa permanência.

Nas fotos anteriores a 1912, por exemplo, com o Pão de Açúcar ao fundo, a ausência do bondinho torna a cena quase irreal. É como se ele, o bondinho, não tivesse sido inaugurado há apenas cem anos, mas sempre existido. Acostumamo-nos tanto àqueles cabos indo da praia Vermelha ao morro da Urca e, deste, ao Pão de Açúcar, e vice-versa, que a pedra parece incompleta sem eles.

E quantos sabemos que seu criador foi o engenheiro Augusto Ferreira Ramos, sem o qual só os alpinistas teriam acesso à vista lá de cima?

Na recente comemoração do centenário do bondinho, um arquivo alemão encontrou os planos para outro teleférico no Rio, encomendado por Ramos à mesma empresa que fabricou o "camarote carril" original. Ele sairia de Copacabana, no morro dos Cabritos, faria escalas em outros sete morros, inclusive o Corcovado, e iria até o do Trapicheiro, perto da praça Saens Peña, na Tijuca.

Os antigos tinham uma visão romântica das cidades. A vida era térrea, mas os morros eram tentadores. Por que não passear de bondinho sobre eles, vendo aquelas maravilhas?

Não se imaginava que arranha-céus viriam disputar com os morros em altura, cercá-los e tornar impossível o percurso. Ou que muitos morros seriam ocupados pela pobreza, ou tomados pelo crime e, até há pouco, teriam seu espaço aéreo interditado. Enfim, o romantismo do bondinho ficou no Pão de Açúcar, mas isso já dá para lamber os beiços.

Passagem por Portugal - MILTON HATOUM


O Estado de S.Paulo - 09/11


O mau tempo em Roma me fez perder a conexão do voo em Lisboa, mas me permitiu passar uma tarde e uma noite nessa cidade.

Peguei o metrô no Jardim Zoológico e desci na estação de Baixa-Chiado, onde vi outros turistas chineses. Digo outros, porque vi chineses às pencas em Veneza, onde cantavam nas ruas estreitas e também nas gôndolas pretas e douradas que navegam nos canais que serpenteiam a cidade. Chineses de todas as idades, alegres e com grana, cantando em voz alta uma canção que só eles entendiam. Esse canto de júbilo ecoava nas ilhas do Adriático e parecia dizer que o século 21 será predominantemente chinês.

Pensei isso enquanto observava numa livraria veneziana um mapa com a rota das viagens de Marco Polo, cuja aventura só pode ser igualada à do seu quase contemporâneo Ibn Battuta, o marroquino que percorreu mais de 120 mil quilômetros por regiões e cidades da África, Ásia e Oriente Médio.

E eis que, em plena Praça Camões, depois de olhar para a fachada da Manteigaria União, vi um bonde cheio de chineses exultantes, cantando outras canções, ou quem sabe as mesmas que eu ouvira em Veneza. Tive a impressão de que acenavam para mim, mas logo percebi que o aceno era dirigido a outros chineses sorridentes, sentados ao lado do quiosque da praça.

O bom humor desses turistas contrastava com o desânimo dos portugueses. Numa conversa com jovens estudantes lisboetas, um deles me disse que a crise econômica não é apenas uma crise, e sim a falência de todo um sistema que havia degenerado numa espécie de cassino planetário, onde investidores invisíveis movimentam bilhões de dólares e arrasam a economia de vários países.

Uma morena tatuada com flores e corações nos braços disse que 15 por cento dos jovens europeus não encontram trabalho.

"Mais de 80 mil jovens portugueses deixam anualmente o país. Abandonam os estudos e a família e vão viver na Alemanha, Inglaterra, França e também no Brasil..."

"Pois olha: estamos à deriva", disse o mais velho do grupo. "Vivemos entre o mar e o humor da sra. Merkel."

"Entre o oceano e o abismo", disse a jovem tatuada, mostrando uma manchete do jornalPúblico: "Governo propõe corte de 10 por cento nos subsídios de desemprego mais baixos".

Abro o jornal e leio uma frase na faixa de protesto em uma manifestação recente: "Mãe, estou no desemprego".

"Resta-nos a mãe", sorriu a moça, olhando as enormes letras pretas escritas na faixa. "Resta-nos a dignidade de estarmos vivos, de sermos portugueses."

Penso na gastança e na ganância dos bilionários e dos predadores de Wall Street, nos fabricantes de armas e nos senhores das guerras, na miséria infinita da África, América Latina e Ásia, na bolha consumista brasileira que pode espocar a qualquer momento. Penso na nossa euforia, que pode ser efêmera. E quase ao mesmo tempo penso nos países nórdicos, onde o capitalismo tende ao socialismo, onde a desigualdade social é mínima e o desemprego é quase um pecado mortal ou uma vergonha do Estado.

Agora todos estão calados, e quando a moça abre os braços para acolher um amigo, as flores e o coração crescem na pele morena. Dou adeus aos jovens da Praça Camões, pego o bonde 28 e desço no Largo das Portas do Sol. Contemplo o belo casario de Alfama, e essa paisagem me remete ao pouco que restou do centro histórico do Rio, de Salvador e Belém. Na outra margem do Tejo, as primeiras luzes de Almada. No meio do rio, um cargueiro da cor de ferrugem escurece no anoitecer. Ouço uma voz feminina, sotaque mineiro, e pergunto de onde ela é.

"De Araçuaí, Vale do Jequitinhonha", diz a voz mansa. "De Araçuaí Riobaldo trouxe uma pedra de topázio para dar a Diadorim."

Estudou literatura em Belo Horizonte e há dois anos mora e trabalha em Portugal. Disse que gosta muito de Lisboa, mas sente saudade do Brasil.

Você quer voltar para lá?

"Quero e não quero", respondeu. "A vida aqui está difícil, muitos brasileiros estão voltando, mas eu me apaixonei por um português e você sabe... Essas coisas do coração."

Mensalão! Chama o Galvão! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 09/11


Se o Vettel tem 42 pontos, o Alonso tem 39, e o Massa fez uma curva quadrada, o Marcos Valério pega 182 anos


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E a manchete do Sensacionalista: "Violência chega a São Paulo e é baleada na marginal Tietê". A dona Violência morou tantos anos no Rio. Aí, se mudou pra São Paulo e não aguenta mais tanta violência! Rarará!

E essa: "Obama terá dificuldades em governar porque maioria dos deputados é da oposição". Manda o Delúbio e o Dirceu pra lá que eles resolvem fácil! Criam o MENSALATION! Num outlet em Miami!

E adorei o novo patrocinador do Vasco: "Casarão do Lustre". Pra um time que vive pendurado, não existe melhor patrocinador que um lustre! E São Paulo X Universidad de Chile! O meu São Paulo deu de cinco nos universitários com direito a chuva de plumas e paetês! E o Rogério Ceni ainda zoou dos corintianos: "Dificuldade com universidade é coisa de corintiano". Rarará!

Aliás, eu tenho a foto de um estacionamento em frente ao Parque São Jorge: "Estacionamento Corinthians. COM SEGURO!". Estacionamento Piada Pronta! Rarará! E mais essa: "Após um dia em Búzios (RJ), leão marinho se recupera e volta ao mar". Mas antes deu uma passadinha na Vila Cruzeiro pra tomar uns tragos! Rarará!

E eu estava ouvindo rádio em Salvador quando apareceu uma prostituta chamando sua profissão de trabalho alternativo. E o repórter: "e qual o seu outro trabalho, já que esse é o alternativo?". "Nenhum!", respondeu a quenga alternativa!

E o Mensalão? MENTRAPALHÃO! O Supremo sabe condenar mas não sabe calcular as penas pros condenados! Os tiozinhos tão parecendo os Trapalhões! Chama o Galvão pra calcular: "Se o Vettel tem 42 pontos, o Alonso tem 39, e o Massa fez uma curva quadrada, o Marcos Valério pega 182 anos". Rarará!

Decide no jogo do bicho, na porrinha e no par ou ímpar! Marcos Valério, 47! Par ou ímpar? PAR, 48 anos! ÍMPAR, 17 anos! Ou então faz um bingo. Marcos Valério: 12, 32, 82. BINGO! Rarará!

É mole? É mole, mas sobe!

O Brasil é Lúdico! Todo brasileiro escreve errado, mas todo mundo se entende! Placa aqui perto de casa: "ALGA-SE ANDEIMES!". Acho que foi escrita pelo Mussum! Andeimes! Rarará! E um restaurante finérrimo em Curitiba: "pudim de laranja com cocô!". Receita da Ana Maria Braga! Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Petróleo em disputa - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 09/11


Aprovado pelo Congresso, projeto que altera divisão de royalties erra ao mexer nos campos em produção e deixar de lado educação


Tem razão o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), ao criticar o projeto de lei aprovado no Congresso Nacional que altera a divisão dos royalties do petróleo entre unidades da Federação.

De acordo com o texto, que segue para sanção presidencial, a fatia amealhada pelos Estados e municípios produtores de petróleo ou afetados por essa atividade diminuirá significativa e progressivamente até 2020.

Royalties e a chamada participação especial, grosso modo, são compensações pagas a Estados e municípios por desequilíbrios ambientais, sociais (como afluxo migratório) e econômicos (sobrecarga de infraestrutura, por exemplo) decorrentes da exploração de um recurso natural finito.

Faz todo o sentido, portanto, que os produtores de petróleo tenham a maior fatia do bolo, que deverá ultrapassar R$ 60 bilhões em 2020. Inverter essa lógica fere a noção de reparação que está por trás das participações governamentais -que deveriam, ademais, resultar em investimentos em áreas estratégicas, como educação e inovação.

Atualmente, produtores fazem jus a 61,25% dos royalties e a 50% do arrecadado com participações especiais. Se a proposta for sancionada sem vetos pela presidente Dilma Rousseff, esses percentuais cairão já em 2012, respectivamente, para 40% e 39%, chegando a 26% e 24% no final da década. A União também abrirá mão de uma parcela de seus ganhos, embora em proporção menor.

Em contrapartida, Estados e municípios não produtores de petróleo verão sua parte no rateio de royalties saltar dos atuais 8,75% para 54% até 2020; quanto à participação especial, a que hoje não têm direito, passarão a receber o equivalente a 30% da arrecadação.

Segundo cálculos da Secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro, o Estado e os municípios fluminenses perderão, com a nova repartição, mais de R$ 100 bilhões até 2030. Só no ano que vem seriam R$ 4,6 bilhões a menos. Para comparação, o Orçamento do Estado do Rio previsto para 2013 é de R$ 72 bilhões.

Não chega a ser o caso, como afirmou o governador Sérgio Cabral, de "fechar as portas" do Estado e cancelar eventos como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. Ainda assim, o impacto da lei, se sancionada, deve ser medido não só pelas perdas, mas também pelo perigoso precedente que se abre.

Suprimir receitas a que hoje têm direito Estados e municípios produtores é equivalente a uma quebra contratual. Esses governos, baseados em uma expectativa legítima, contam com os recursos.

Eventuais mudanças, se necessárias para fomentar o desenvolvimento do país todo com a renda suplementar do pré-sal, só deveriam valer para contratos futuros.

Mais preocupados em angariar recursos para suas bases eleitorais do que em melhorar o futuro do país, os parlamentares que aprovaram o projeto deram mais uma mostra de sua inclinação a agravar as distorções federativas.

Abandono das metas pode trazer grandes surpresas - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 09/11


O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, não podia ser mais claro ao declarar, sobre as opções de que dispõem as autoridades monetárias, que "manter o juro básico estável por um período prolongando ainda é a melhor estratégia para garantir que a inflação se desacelere para o centro da meta no terceiro trimestre de 2013".

Deixa claro, assim, que o BC concorda com o governo - depois de ter abandonado a meta fiscal do superávit primário - em esquecer do reajuste da taxa básica de juros para conter a inflação. Compete, agora, à imaginação criadora do governo encontrar meios capazes de substituir a taxa básica no combate à inflação.

Em primeiro lugar, cumpre notar que, quando o ministro da Fazenda reafirma o respeito à Lei de Diretrizes Orçamentárias, que permite subtrair do cálculo do superávit primário os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - como se investimentos não fossem gastos -, ele deve estar cônscio de que terá de ampliar tais deduções, pois os gastos do PAC, até agora, não passam de R$ 20 bilhões e será muito difícil dobrá-los até o fim do ano.

Mas Guido Mantega tem outros meios para compensar o uso da elevação da taxa de juros básica, que na sua visão é um instrumento contra o crescimento econômico. Já utilizou o BNDES, com seus créditos subsidiados, e agora oferece aos Estados uma reforma tributária que os compensará pelas perdas de ICMS, e assim eles poderão reduzir os preços das mercadorias. Na sua generosidade, Mantega está pronto para compensar também as perdas decorrentes da nova distribuição dos royalties vinculados à exploração do petróleo.

Não se pode ter ilusões. Uma redução do superávit primário, que redunda em aumento do déficit nominal, exige que se eleve a emissão de títulos da dívida pública federal, cujos juros estão sendo pagos também com emissão de papéis da dívida.

Se aos gastos para compensar as perdas dos Estados acrescentarmos as emissões de títulos da dívida pública, podemos prever um aumento dessa dívida em termos brutos.

A nova luta contra a inflação, que deixa de lado a fixação de meta inflacionária e também a meta fiscal, junto com a renúncia à livre flutuação do dólar, poderá reservar surpresas desagradáveis quanto à evolução da inflação. A reforma tributária nos Estados não será facilmente aceita por eles e, mesmo que o seja, seu funcionamento levará tempo para ser ajustado. Porém temos uma nova meta, ilimitada, que é a expansão da dívida pública.

É hora de desarmar a federação - CLAUDIA SAFATLE

Valor Econômico - 09/11


O governo federal está convencido de que os Estados não têm mais para onde correr e o caminho para os governadores é um só: chegar a um acordo sobre o ICMS. A "guerra fiscal" como instrumento de desenvolvimento regional se esgotou. É hora de depor as armas e encontrar uma solução negociada, com regra de transição e algum novo mecanismo que promova de forma mais equânime a economia das diversas regiões do país. Foi com base nessa avaliação que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, começou a conversa, na quarta-feira, com os 27 governadores.

Mantega colocou sobre a mesa um pacote de soluções que representaria, em valores de hoje, cerca de R$ 280 bilhões para os próximos 16 anos. Em troca da unificação da alíquota do ICMS em 4% num prazo de oito anos, o governo federal criaria dois fundos, ambos com duração de 16 anos: um fundo de compensação para a perda efetiva de receita orçamentária, e outro, de desenvolvimento regional, para suprir as perdas econômicas, conforme definiu o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. O prejuízo econômico pode ocorrer, por exemplo, se empresas que perderem o incentivo do ICMS decidirem migrar para outro lugar ou fechar as portas.

Para ter acesso ao primeiro fundo, o de compensação - que pode começar com aporte de cerca de R$ 7 bilhões, segundo Mantega - os Estados terão que abrir suas contas, informar todos os incentivos relacionados ao ICMS e firmar acordo de convalidação no âmbito do Conselho de Política Fazendária (Confaz). Por esses acordos, que solucionariam a insegurança jurídica que paira sobre os incentivos concedidos sem aprovação prévia do Confaz, nem todos os benefícios em vigor serão legalizados. Vai haver uma triagem, será feita a remissão dos débitos e serão estabelecidas as novas condições contratuais.

Proposta de reforma do ICMS tem condições de avançar

Ainda não há uma cifra exata do que o governo vai considerar perda efetiva de receita com a unificação da alíquota do ICMS. Embora o ministro tenha mencionado algo em torno de R$ 7 bilhões - que resulta um total de R$ 112 bilhões em 16 anos - há quem estime uma cifra mais próxima de R$ 4 bilhões pelo mesmo período (R$ 64 bilhões). A perda efetiva de arrecadação anual será calculada com base nos dados da nota fiscal eletrônica, deduzindo os incentivos concedidos pelos Estados.

O Fundo de Desenvolvimento Regional será destinado apenas aos Estados emergentes (os do Norte, Nordeste e Centro-Oeste e o Espírito Santo). Pela proposta ele também começaria a funcionar em 2013, com um aporte de R$ 4 bilhões, e aumentaria a cada ano em R$ 2 bilhões até chegar em 2017 a uma alocação anual de R$ 12 bilhões, ficando nesse patamar até 2028. Uma soma, portanto, de R$ 172 bilhões, sendo 25% de recursos do Orçamento da União e 75% de recursos financeiros. Pela utilização da parcela financeira, o Estado ou a empresa que lá for investir, terá prazo de 20 anos e pagará a variação da TJLP ao Tesouro Nacional.

Este fundo será administrado pelo governo federal. Os governos dos Estados emergentes terão cotas correspondentes e poderão fazer a alocação que melhor lhes convier dos recursos. Por exemplo, usar os 25% de recursos orçamentários para aumentar o subsídio às empresas que investirem com recursos financiados a TJLP ou para diferir o pagamento do ICMS de determinada empresa, ou, ainda, para fazer obras de infraestrutura.

Assim, como explicou Barbosa, "o Fundo de Desenvolvimento Regional vai ocupar o espaço do ICMS".

Mantega incorporou a esse pacote uma antiga reivindicação dos governadores: a troca do indexador da dívida dos Estados com a União, para reduzir o custo dessa dívida que foi renegociada no fim dos anos 90. Hoje o indexador é o IGP-DI adicionado de uma taxa fixa que varia de 6% a 7,5% e, no caso de São Paulo, chega a 9% ao ano. O ministro sugeriu que o novo indexador seja a taxa básica de juros, a Selic, de 7,25% ao ano.

Com essa mudança o estoque da dívida vai crescer menos, mas falta a complementação da medida, que é a redução do percentual de comprometimento da receita dos Estados com o pagamento da dívida. Hoje eles comprometem de 11,5% a 15% da receita líquida real (RLR) com o pagamento dos encargos das dívidas refinanciadas. Os governadores querem reduzir e unificar o limite em 9%. Com isso o governo federal ainda não concordou.

A retomada da tentativa de um acordo em torno da reforma do ICMS foi motivada pelo fato de que não há mais espaço para concessão de incentivos fiscais e boa parte dos que existem podem ser derrubados pelo Supremo tribunal Federal (STF) a qualquer momento, por serem considerados inconstitucionais.

O Estado que usar desse expediente para atrair determinada empresa não tem mais segurança de que o incentivo fiscal estará em vigor, seja por que pode ser suspenso pelo STF ou glosado pelos demais Estados. E as empresas, que antes decidiam seus investimentos guiadas pelos incentivos, estão agora sob grande incerteza jurídica.

Restam, portanto, como disse o ministro da Fazenda, duas possibilidades: uma solução legislativa, negociada e gradual ou a imposição de uma solução jurídica imediata.

A União deu o primeiro passo político, na quarta-feira, e se posicionou. Fez a proposta e se comprometeu com a convalidação dos incentivos dados pelos Estados no passado, de forma seletiva, por meio de uma decisão do Confaz.

O Confaz, na mesma quarta-feira, criou quatro grupos de trabalho para debater a proposta e até o fim do mês Barbosa espera ter pronto um acordo técnico.

Mantega voltará a se reunir com os governadores, pretende levar esse assunto para o Senado Federal e espera uma aprovação ainda em 2012.

O cronograma do governo pode não ser suficiente para resolver uma situação de tamanha complexidade, mas o pacote apresentado pelo ministro traz os elementos necessários para que as negociações, finalmente, avancem.

Mudar a estrutura tributária é imperativo para melhorar a competitividade da economia brasileira e o próximo passo será a reforma do PIS/Cofins.

O espectro da polarização - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 09/11


SÃO PAULO - Vencida a eleição, o presidente Barack Obama, que fez maioria no Senado, mas não na Câmara, voltará a ser assombrado pelo espectro da polarização partidária, isto é, o clima de guerra que se instalou entre democratas e republicanos, no qual um tenta sabotar as iniciativas do outro mesmo que fazê-lo cause prejuízos para o país.

O fenômeno não é exatamente novo. Nos primórdios da América, representantes de facções políticas rivais não apenas cultivavam com muito esmero suas divergências como chegaram, numa ocasião, a enfrentar-se em duelo. A diferença é que agora não dependemos mais de anedotas para atestar a polarização, que pode até ser representada graficamente com auxílio de uma escala, a DW-Nominate, desenvolvida para traduzir em números o comportamento ideológico de parlamentares.

Para encurtar a história, vários estudos mostram que os congressistas de centro, ainda bastante comuns nos anos 60 e 70, quase desapareceram. Pior, os representantes de ambos os partidos têm abraçado posições cada vez mais radicais.

Várias hipóteses foram levantadas para explicar o movimento. Elas incluem o realinhamento do Sul conservador, que saiu das mãos dos democratas nos anos 50 para tornar-se solidamente republicano nos 70; a centralização de poder nas mãos das burocracias partidárias; a adoção de primárias para a escolha dos candidatos; e o redesenho de distritos.

Nenhuma dessas alternativas, que são polêmicas na academia, esclarece sozinha o aumento da polarização, mas seria precipitado cravar que não contribuíram para o fenômeno.

E é bom ter essas questões em mente, já que, no Brasil, várias das propostas de reforma política em circulação falam em reforçar o poder dos partidos, adotar primárias e algum tipo de voto distrital. Não é que sejam más ideias, mas, em política, quase toda mudança produz efeitos colaterais nem sempre antevistos.

Reinventar o mercado - FERNANDO LUÍS SCHÜLER

O ESTADO DE S. PAULO - 09/11


É preciso premiar de forma sistemática o mérito dos bons alunos e gerar uma cultura de negócios e inovação


O tipo de educação que teremos demanda primeiro uma definição sobre o país que desejamos ser. Se pretendemos ser um país produtor de tecnologia, precisamos formar profissionais não apenas bem preparados tecnicamente, mas pessoas capazes de repensar paradigmas e inovar. Isso significa, em primeiro lugar, uma aposta na excelência acadêmica. Qual é a fórmula? Não creio que exista uma. Há um conjunto de práticas que qualquer instituição pode seguir. Selecionar professores com isenção e critério acadêmico, investir em pesquisa, criar condições e exigir que professores preparem suas aulas meticulosamente. E sempre lembrar que uma academia é um espaço da ciência, não da ideologia.

Qualquer gestor acadêmico deveria ler o clássico de Weber, A Ciência como Vocação. A universidade é um território de liberdade, de exercício do que Kant chamou de uso público da razão. Espaço onde tudo é permitido, desde que submetido ao rigor da ciência e do argumento analítico.

Preparar os alunos para o mercado é uma parte importante da vida acadêmica. Pode-se tratar de carreira profissional desde o primeiro semestre. As boas instituições fazem isso. Colocam seus alunos frente a frente com os melhores CEOs, estudam e produzem casos empresariais, fazem joint ventures para projetos, bolsas e bons laboratórios. Mas essa é apenas uma parte da história. Em grande medida, o mercado de trabalho também é produzido pelos estudantes. Larry Page e Sergei Brin eram estudantes de Stanford, no fim dos anos 90. Excelentes alunos. Brin era russo e chegou a Stanford com uma bolsa da National Science Foundation. Ambos poderiam arranjar bons empregos, mas resolveram criar uma empresa. O resto da história, nós conhecemos. Há aí uma grande lição. Boas instituições universitárias prepararam os alunos para o mercado. Instituições de excelência preparam os alunos para reinventar o mercado. Daí o sentido de premiar sistematicamente o mérito dos alunos, manter centros de empreendedorismo, participar de competições internacionais e gerar uma cultura de negócios e inovação entre os estudantes.

Por fim, penso que não há outro caminho, caso pretendamos dar um efetivo salto de qualidade na nossa educação superior, do que apostar em um forte processo de internacionalização de nossas instituições nos próximos anos. Precisamos atrair professores do exterior, ampliar a base de disciplinas em inglês em nossas instituições, buscar certificações reconhecidas internacionalmente e melhorar nossa posição nos rankings globais. No Brasil, fala-se muito em enviar alunos para estudar no exterior. Isso é importante, não há dúvida. Mas é preciso dar a mesma prioridade para atrair alunos do exterior para estudar no Brasil. Somos o maior mercado da América Latina e vamos sediar logo a seguir os dois maiores eventos esportivos do planeta. Há um claro potencial inexplorado de atração de alunos chineses, indianos e mesmo europeus, que facilmente perceberão no Brasil oportunidades mais sedutoras que aquelas do Velho Continente em crise. Temos desprezado, historicamente, o valor estratégico da captação de jovens talentos para nosso desenvolvimento. Há um longo caminho a trilhar, mas não parece haver dúvidas sobre qual é a agenda a perseguir.

A LISTA DE HADDAD - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 09/11

O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad, deve anunciar, na próxima semana, o nome de seis secretários de sua equipe.

SURPRESA
Haddad mantém discrição em relação aos escolhidos porque muitos convites nem sequer foram formalizados. A interlocutores próximos, diz que vai "surpreender", com pessoas inclusive alheias ao universo da política tradicional.

CHAVE
As primeiras definições serão sobre as seis secretarias consideradas "meio" -aquelas que viabilizam o governo, no entendimento do prefeito. São elas Governo, Finanças, Planejamento, Relações Institucionais, Desenvolvimento Urbano e Negócios Jurídicos.

TUDO PELO SOCIAL
Só depois dessas escolhas ele deve fazer os convites para outras quatro áreas.
Entre as próximas estão Educação e Saúde.

ESCOLA LULA
Interlocutores do prefeito eleito dizem que ele considera o modelo do segundo mandato do presidente Lula o ideal para a administração. Naquele período, além de fortalecer Dilma Rousseff na Casa Civil e Guido Mantega na Fazenda, o então presidente teve pessoas de sua cota pessoal também em áreas estratégicas -como o próprio Haddad na Educação.

TERRA ARRASADA
O acervo de Laurie Anderson foi destruído durante inundação causada pela passagem do furacão Sandy por Nova York. O material estava no escritório da cantora e artista americana, que fica em Tribeca. O prédio, na beira do rio Hudson, foi inundado, levando junto as obras que estavam sendo selecionadas para uma mostra itinerante na Europa.

TERRA ARRASADA 2
Entre as perdas, obras reunidas pelo curador Marcello Dantas para retrospectiva da artista no Brasil no ano passado no CCBB. "Acabamos sendo o único país do mundo a ver o acervo dela completo", lamenta Dantas. Um dos destaques da mostra "Eu em Tu" (I in You) foi a obra "Handphone Table", com histórias contadas por vibração sonora da voz de Laurie.

BAIÃO DE DOIS
A atriz Bruna Linzmeyer, 19, será a protagonista de "Celulares", segundo longa de Jeferson De, 44, diretor de "Bróder"; o filme será rodado em 2013 em Florianópolis e terá participação especial de Daniel Filho

DOIS CONTOS
A dermatologista Ligia Kogos, a atriz e cantora Mayana Moura e o músico Otto foram à livraria Cultura da avenida Paulista anteontem. Lá, a cantora Marina Lima autografou seu livro de crônicas e Claudia Matarazzo lançou um guia narrando gafes de etiqueta na política.

PRENDADOS E EMPREENDIDOS
O 8º Prêmio Empreendedor Social e o 4º Prêmio Folha Empreendedor Social de Futuro foram entregues anteontem no Masp. Sheila Pimentel, do Instituto Humanitare, e Erika Zanotti foram à cerimônia, da qual saíram vencedores a educadora Cybele Oliveira e o sociólogo Fernando Botelho.

EXPLODE CORAÇÃO
Dilma Rousseff enviou telegrama a Breno Silveira, diretor de "Gonzaga - de Pai pra Filho". Cumprimentou o cineasta pelo filme sobre o Rei do Baião e seu filho Gonzaguinha: "Nossos 'Gonzagas' devem estar orgulhosos. Esteja certo de que o sucesso dessa estória tão brasileira contagiará o mundo com esses nossos talentos". O filme já fez 600 mil espectadores.

TURNÊ
A família de Hebe Camargo pretende transformar a exposição sobre objetos pessoais da apresentadora numa mostra itinerante.

Seriam fotos, filmes, livros e CDs que percorreriam todo o país.

MORADOR DE ÁRVORE
Um morador de rua usou papelão e sacos de lixo para fazer uma casa na árvore no canteiro central da avenida 23 de Maio, no centro de SP. "É para não ficar perto de quem usa droga", diz ele, que se identifica apenas como Theodoro.

ESCOLA DO ROCK
A banda americana Kiss pediu para ter em seus camarins durante a turnê brasileira diversos tipos de água, sucos e energéticos, uma garrafa de vodca e duas de vinho. Também querem um closet só para os figurinos e uma sala de maquiagem -os roqueiros se apresentam com os rostos pintados. Para leitura exigem os jornais brasileiros e o "USA Today". Eles se apresentam no Anhembi, em São Paulo, no dia 17.

CURTO-CIRCUITO
A Trupe Chá de Boldo e o grupo Cérebro Eletrônico fazem show amanhã, às 21h, e domingo, às 18h, no Sesc Ipiranga. Classificação etária: dez anos.

André Sturm recebe convidados na vernissage da exposição "Arte Urbana no MIS - Projeto Keep Walking, Brazil", hoje, às 19h30, no MIS.

Laurita Mourão, Carol Reis, Marcela Cimino e Stephanie Kopenhagen comemoram aniversário, hoje, com festa na boate Provocateur. 18 anos.

A Festa de Rey acontece hoje com shows de Del Rey e Jorge Du Peixe, entre outros, às 22h, no Via Marquês. 18 anos.

O Aconchego Carioca de SP recebe hoje, das 15h às 17h, o mestre cervejeiro americano Garrett Oliver.