quinta-feira, dezembro 13, 2012

Vamos a la playa - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 13/12

Dilma vai passar o réveillon na Bahia. Voltará a tirar uns dias de descanso na Base Naval de Aratu, em Salvador, como fez ano passado.
A ideia é ficar lá, com a família toda, de 28 de dezembro a 3 de janeiro. A presidente recomendou que os ministros também aproveitem o período para descansar.

Assange no Brasil
A editora Boitempo comprou os direitos de publicação no Brasil de “Cypherpunks”, de Julian Assange.
Será o primeiro livro que sairá aqui do australiano do WikiLeaks, o site que espalhou m... no ventilador ao divulgar documentos secretos. Chegará às livrarias no primeiro semestre de 2013.

Amor, ordem e progresso
Foi lançada ontem a campanha Inclua Amor na Bandeira Brasileira, com a entrada no ar do site inclua a morna bandeira.org.
Como se sabe, a palavra “amor” ficou fora da bandeira, apesar de o lema “ordem e progresso” ser inspirado na frase “Amor por
princípio, ordem por base, progresso como fim”, do francês Auguste Comte (1798-1857), fundador do positivismo.

Devo, não nego, pago...
A Unimed deposita direitinho o
salário dos jogadores do Fluminense.
Mas tem hospital no Rio reclamando do atraso de pagamento da operadora de saúde. A conferir.

Pinto nervoso
Acredite. Do presidente da Ordem dos Advogados de Portugal, António Marinho e Pinto, num programa de TV, em Lisboa, sobre conterrâneas de Dilma que vão morar lá: “Uma das coisas que o Brasil mais exporta para Portugal são prostitutas.”
Pinto, jovem, morou alguns anos em Niterói, onde cursou o ensino médio. Ou seja, Pinto é ingrato. Calma, Pinto.

Doce Natal
O CD que Bibi Ferreira lança nos próximos dias tem uma novidade.
Além de músicas, a grande artista acrescentou um poema declamado por Marília Pêra. Chama-se “Doce Natal”, do poeta Carlos Dimuro.

O quadril da Juju
Juliana Alves, a rainha de bateria da Unidos da Tijuca, aquece as turbinas para o carnaval.
Iniciou na Lifecell da Barra, no Rio, tratamento para reduzir as medidas. Já perdeu 5cm de quadril. Perde não.

Marighela premiado
“Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo”, do coleguinha Mário Magalhães, venceu o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes como melhor biografia de 2012.
Lançado há menos de mês e meio, o livro já teve três reimpressões e chegou a 27 mil exemplares.

O samba e o baião
Hoje, a turma do Bip Bip, o querido boteco de Copacabana, vai trocar o samba por uma roda de... baião e xote.
É para celebrar os 44 anos do bar e os cem de Gonzagão, na mesma data.

Foi de Cacciola
Ajuíza Erica Batista de Castro, da 1ª Vara Cível da Barra, no Rio, mandou parar as obras do Thai Condominium Club, no Recreio, e bloquear as vendas dos 168 apartamentos, a cargo da João Fortes Engenharia.

É que...
Os dois edifícios do empreendimento foram erguidos sobre três terrenos envolvidos em disputa judicial.
A área, no passado, pertenceu ao finado Banco Marka, de Salvatore Cacciola, que a vendeu, em 1999, para o italiano Luca Nicolotti.

Rádio Corredor
Ronaldo Fenômeno estaria negociando a venda dos prédios do Campus R9, da Universidade Estácio de Sá, e da Fisio R9, ambos na Taquara, no Rio, que pertencem à sua empresa RDNL Participações.
O novo dono seria um grande plano de saúde, que pretende erguer um hospital ali. A conferir.

Aliás...
Há dois anos, um vizinho processa Ronaldo. Alega que as obras no campus afetaram sua propriedade.

Rodolfo Quixote
O Tribunal de Justiça do Rio prestou ontem homenagem póstuma ao jornalista Rodolfo Fernandes, com a entrega do Troféu Dom Quixote.
A cerimônia contou com a presença dos desembargadores Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, presidente do TJ, e Leila Mariano, futura presidente.

Corredor do Fórum
A 8ª Câmara Cível do Rio condenou a empresa MSC a indenizar em R$ 38.778,35 uma família que passaria o Natal a bordo do cruzeiro MSC Música, mas foi impedida de realizar o sonho.
É que, na hora do embarque, o sistema de refrigeração do navio pifou, e a viagem foi cancelada.

Teoria da captura e as agências reguladoras - NELSON EIZIRIK

FOLHA DE SP - 13/12


Em 12 de abril de 2004, o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, enviou à Presidência da República projeto de lei a ser encaminhado ao Congresso dispondo sobre as regras aplicáveis às agências reguladoras.
Trata-se do PL 3337, em tramitação na Câmara dos Deputados. Na sua exposição de motivos, enfatiza o ministro que a presença das agências reguladoras independentes é indispensável não só para a atração dos investimentos privados como também para a redução do chamado "risco de captura" do processo regulatório por grupos de interesse.
Cada agência reguladora deve regulamentar e fiscalizar determinado setor da economia, como aviação civil, petróleo, telecomunicações, transportes aquaviários etc.
Por que são criadas tais agências, em vez de se deixar suas tarefas para a administração direta, o Poder Legislativo ou o Judiciário?
Basicamente, porque são entidades técnicas, autônomas e especializadas, com poderes "quase legislativos" (podem baixar normas reguladoras) e "quase judiciários" (podem aplicá-las). Seus quadros devem ser recrutados entre especialistas, conhecedores do setor regulado. Ademais, são órgãos do Estado, sem qualquer tipo de aparelhamento ou apadrinhamento por qualquer dos três poderes.
Independência frente aos políticos e ao mercado regulado: eis a receita para o funcionamento eficiente de tais agências.
O "Rosegate" demonstra, às avessas, o caráter profético das palavras contidas na exposição de motivos do PL 3337, acima transcritas, relativas à "captura" das agências.
De acordo com a "teoria da captura", a regulação constitui uma resposta às demandas dos grupos de interesse organizados, atuando para maximizar os interesses de seus membros. Assim, ao longo do tempo, as agências reguladoras, ainda que criadas com bons propósitos, tenderiam a ser dominadas, "capturadas" pelas indústrias reguladas, que se apresentam como os grupos de interesses mais fortes atuando sobre o processo de elaboração e aplicação das leis.
Embora a maioria dos assuntos regulados seja de interesse do grande público, este não tem as mesmas condições de organizar-se que a indústria regulada. Os custos para a mobilização de grandes e díspares setores da população são reconhecidamente elevados. Assim, as empresas reguladas, dispondo de maiores recursos e maior organização, tendem a "capturar" as agências reguladoras.
Como impedir, ou pelo menos reduzir a possibilidade de "captura"?
Indicando pessoas de indiscutível probidade e capacidade técnica para conduzir as agências reguladoras, com mandato fixo e autonomia de gestão, e fiscalizando permanente a sua atuação.
O que temos visto na "era Lula" é uma "captura" por parte de setores do governo ou de pessoas sem qualquer qualificação colocadas em várias agências reguladoras.
Uma vez lá instaladas, com autonomia de gestão e mandato fixo, passam a "vender" autorizações e pareceres, produzindo o aparelhamento das agências reguladoras os mais nefastos efeitos.
Espera-se que a presidenta Dilma consiga redirecionar as agências reguladoras para que sirvam efetivamente ao interesse público, com o auxílio do Senado, ao qual incumbe sabatinar de maneira efetiva e não meramente burocrática os seus quadros dirigentes antes que tomem posse em seus cargos e "capturem" as agências reguladoras.

Agências capturadas - PEDRO DUTRA

O Globo - 13/12


Em março de 2003, a imprensa noticiava que o então "líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson, declarou que o presidente Lula resumiu em uma frase, na reunião com os líderes da base aliada, a sua crítica à atuação das agências reguladoras: "terceirizaram o poder político do Brasil""; e o "líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante... ressaltou que o governo de Lula tentará "resgatar a inteligência do Estado"".

Não há notícia de a inteligência do Estado haver sido resgatada, mas agências reguladoras, cujos titulares passaram a ser nomeados segundo o interesse partidário do governo, estão hoje sob a mira da Polícia Federal.

A criação de agências (com esta denominação) para regular a prestação de serviços públicos outorgada a empresas privadas foi proposta na década de vinte. Elas deveriam ser "constituídas de peritos capazes de concretizar e aplicar os standards legislativos", cercadas das "maiores garantias de competência administrativa" e de independência decisória e hierárquica, para que fossem "varridas quaisquer influências que possam, de qualquer modo, desviá-las de seus fins".

Esse projeto foi fulminado pouco depois, reduzidas as agências a simples órgãos ordinários da administração pública, estritamente subordinados à vontade singular do governo. O vinco autoritário nativo uniu os ramais ideológicos à esquerda e à direita na defesa da hipertrofia do Executivo, e a intervenção deste na economia, e não a impessoal do Estado, passou a ser aceita naturalmente.

A criação de agências no processo de reprivatização suscitou a particular interpretação de alguns juristas: independência em relação ao governo e mandato, assegurados a seus dirigentes, impediriam o presidente da República eleito de cumprir o seu programa, em clara "fraude ao povo"; e tais órgãos seriam "meras repartições públicas". Portanto, caberia ao presidente, ao tomar posse, demitir e nomear novos dirigentes, pois só estes seriam capazes de executar a política pública do novo governo.

A dificuldade de o atual governo rever conceitos e situações herdadas do anterior é visível, o que o torna prisioneiro dos equívocos do regime vigente de intervenção na economia, evidenciados de forma cada vez mais dramática. Nenhum dos inspiradores desse regime veio a público defendê-lo, ou reconhecer-lhe os erros e propor a sua revisão. Talvez suponham que, concentrado o poder regulatório no titular do Executivo, a ele cabe arcar com as suas falhas e explicá-las à sociedade. Mas surgem sinais de que a presidente irá afirmar uma regulação técnica e independente da ação partidária. Se conseguir, os investimentos virão a seguir.

O devaneio é uma doença? - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 13/12


Enquanto a gente sonha sossegado, alguns se esforçam para transformar o devaneio numa doença


CANSADA DE sonhar de olhos abertos, uma leitora, Ana, quer saber mais sobre devaneios: "Por que acabo sempre fugindo para esse lugar fictício, onde tudo pode ser tão melhor ou pior, um mundo do que poderia ser, do que poderia ter sido, da pior hipótese fantástica, pretéritos imperfeitos, mais que perfeitos, futuros incertos -e quando vejo, perdi tanto tempo com isso?".

Tenho carinho pelos sonhos de olhos abertos. Até o começo da adolescência, o devaneio era meu aliado contra o que me parecia ser a mediocridade do mundo.

Para mim, como para Ana, o devaneio era o país de onde eu vinha (minha origem escondida) ou minha pátria futura; de um jeito ou de outro, era meu passaporte para um outro mundo, que me salvaria de meu lugar e de meu presente.

Graças ao devaneio, assisti a centenas de aulas chatérrimas aparentando minha absoluta atenção (embora de olhos um tanto vidrados). Quando atravessei a dolorosa época em que os adolescentes menosprezam os seus pais, o devaneio me consolou, alimentando a certeza de que eu, de fato, pertencia a outra família.

Enfim, à força de contar histórias para mim mesmo, aprendi a contá-las para os outros.

O que fez com que, aos poucos, meu devaneio se acalmasse (por sorte, sem se exaurir)? Será que eu "amadureci"? Ou será que as aulas, o trabalho e os amores se tornaram interessantes, e a necessidade de sonhar diminuiu?

Na hora de explicar o excesso de devaneio, o adolescente tende a acusar a realidade na qual ele vive, a qual mereceria o enfado que ela lhe inspira. Mas, em geral, não há realidade enfadonha, apenas indivíduos enfadados, que, por alguma razão, não enxergam o encanto possível do dia a dia.

Ao devanear, eu me afasto da realidade. Por outro lado, sem devanear, mal consigo inventar e desejar realidades diferentes. O que é pior? Entre renunciar a devanear e sucumbir ao devaneio, talvez seja pior renunciar a devanear.

Infelizmente, enquanto a gente sonha sossegado, alguns se esforçam para transformar o devaneio num transtorno, se não numa doença. Desde um texto de 2002 no "Journal of Contemporary Psychotherapy" (revista de psicoterapia contemporânea,http://migre.me/cjDUi), monitoro a ascensão do "transtorno" de devaneio excessivo e "mal-adaptativo" (ao mesmo tempo, desadaptado e capaz de comprometer nossa adaptação ao mundo).

Rapidamente, os blogs se multiplicaram -tanto de pessoas se queixando de seus devaneios excessivos como de médicos interessados em registrar o novo transtorno e propor uma cura. Dez anos atrás, o devaneio era considerado como fuga de um provável abuso infantil. Hoje, é possível ser sonhador sem ter sido abusado; é um alívio.

No fim de 2011, foi publicada, em "Consciousness and Cognition" (consciência e conhecimento), uma pesquisa detalhando o sofrimento dos sonhadores compulsivos (http://migre.me/ciyPG): blogs e sites fizeram uma festa.

Aprendemos que os sonhadores de olhos abertos sentem vergonha de sua condição. Eles se escondem, mas podem ser identificados porque, sem se dar conta, enquanto sonham, eles atuam seus devaneios em gestos e palavras (ou seja, falam sozinhos). Enfim, eles precisam ser ajudados porque tudo isso leva a ansiedade e depressão.

Li recentemente, num blog, a carta de uma mãe preocupada porque o filho, de sete anos, não para de sonhar em proteger o mundo contra os malvados ou em distribuir dinheiro aos pobres. Será que, nas próximas décadas, o devaneio ocupará o lugar do transtorno de deficit de atenção?

Desde 2008 (http://migre.me/ciyZL), alguns garantem que a fluvoxamina (remédio, em tese, para transtornos obsessivo-compulsivos) cortaria o devaneio excessivo. Se os laboratórios decidirem que medicar o devaneio é um bom negócio, que Deus acuda as crianças.

O devaneio excessivo é o hábito de Dom Quixote, Madame Bovary, dois terços dos adolescentes, quase todos os autores de novelas e romances etc. Transformar esse hábito, tão humano, em "transtorno", é uma tentativa de regular nossas vidas com a desculpa higienista: tudo nos é imposto para nossa "saúde" e nosso bem. Pararemos de sonhar porque é mais "saudável" prestar atenção só no que está na agenda de hoje?

No fundo, nada disso me estranha. Desde o século 19, as regras para uma vida saudável (física e psíquica) são nossa nova moral. E esse ataque contra o devaneio era previsível: qualquer forma de poder prefere limitar os sonhos de seus sujeitos.

Vermes como remédio - FERNANDO REINACH

O Estado de S.Paulo - 13/12


Para muitos seres vivos, seu meio ambiente é outro ser vivo. São animais, bactérias e vírus que vivem dentro de um hospedeiro. A relação entre esses seres e seu meio ambiente é complexa, pois o ambiente é vivo e capaz de reagir à presença do hóspede.

Em alguns casos, o hóspede é agressivo e destrói rapidamente seu ambiente. É o caso do vírus Ebola, capaz de matar o humano infectado em questão de dias. Em outros, a sobrevivência do hóspede é impossível, como no caso de um vírus de sarampo que tenta se acomodar no corpo de uma criança vacinada. O vírus é destruído em questão de horas por um sistema imune alerta e preparado.

Mas existem casos em que hóspede e hospedeiro convivem amigavelmente e se ajudam. É o caso das bactérias nas raízes de plantas como feijão e soja. Elas invadem as raízes e são muito bem recebidas. Vivem dos nutrientes recebidos da planta hospedeira, mas em troca transformam o nitrogênio no ar em compostos nitrogenados necessários para o crescimento do hospedeiro. Como as plantas não são capazes de produzir esses compostos, a relação é do tipo ganha-ganha.

No nosso corpo também há uma relação cordial entre nosso intestino e as bactérias que lá habitam. As dezenas de espécies de bactérias que constituem nossa flora intestinal têm um papel importante na nossa digestão e no bom funcionamento do sistema digestivo.

Desde que o homem moderno surgiu, há mais de 200 mil anos, convivemos com uma variedade enorme de seres que vivem e se reproduzem dentro de nosso corpo. São vírus, bactérias, fungos, amebas e diversos tipos de vermes. Nossa relação com cada um desses hóspedes varia. Em alguns casos, eles nos matam; em outros, ajudam; e muitas vezes são simplesmente tolerados e controlados por nosso sistema imune.

O Homo sapiens foi selecionado e sobreviveu por milhares de anos na presença desses outros seres, mas nos últimos 200 ou 300 anos aconteceu um fenômeno novo. Com o desenvolvimento da medicina, descobrimos que muitos desses seres são responsáveis por doenças. Essa descoberta levou o Homo sapiens a desenvolver métodos poderosos para tornar a vida desses hóspedes impossível. São os antibióticos, os antifúngicos, os vermífugos e as vacinas.

Essas novas tecnologias acabaram com muitas doenças e, infelizmente, no início do século 20 nos levaram a crer que todo e qualquer ser vivo que habitasse nosso corpo deveria ser exterminado. A água encanada e tratada, os alimentos higienizados e outras tecnologias também diminuíram muito nossa exposição a esses seres vivos. No auge desse movimento, até a lavagem periódica dos intestinos chegou a ser recomendada.

Mas, no século 20, ao mesmo tempo que muitas dessas doenças desapareceram, surgiu um novo problema, o crescimento muito rápido de diversas doenças autoimunes, ou seja, o sistema imune de um corpo passa a atacar esse próprio corpo. Entre essas doenças está a colite ulcerativa e a síndrome de Crohn, que afetam nosso intestino.

Por volta de 1990, alguns cientistas tiveram uma ideia radical. Será que parte dessas doenças autoimunes não seria causada pela eliminação desses nossos hospedeiros nas sociedade moderna? Assim como as bactérias presentes no intestino são necessárias para seu bom funcionamento, eles imaginaram que a eliminação dos vermes de nosso intestino poderia ser a causa da síndrome de Crohn e da colite ulcerativa.

Para testar essa hipótese, decidiram tratar pacientes com vermes vivos. Escolheram um verme que infecta tanto homens quanto porcos, que sobrevive somente algumas semanas no nosso intestino e não causa doenças. O verme, Trichuris muris, foi produzido em porcos e seus ovos, depois de limpos, foram administrados aos pacientes.

Em 2005, no primeiro teste, um único paciente engoliu 2,5 mil ovos vivos. Semanas depois, os sintomas desapareceram e ele melhorou. No segundo experimento, três pacientes foram tratados e os bons resultados, confirmados. Num teste maior, 29 pacientes com doença de Crohn foram tratados com ovos desse verme. Após 24 semanas, 80% deles estavam melhor e 72% deixaram de apresentar todos os sintomas. Resultados semelhantes foram obtidos em testes com pessoas com colite ulcerativa.

Esses resultados levaram companhias farmacêuticas a iniciar o desenvolvimento de remédios para essas doenças baseados na ingestão de parasitas vivos e levaram muitos cientistas a investigar como a presença de vermes no intestino evita a reação autoimune.

Hoje esses remédios estão nas últimas fases dos testes clínicos e já se compreende como a presença desses hóspedes em nosso intestino evita o aparecimento dessa doença. Tudo indica que nosso sistema imune evoluiu para combater e controlar esses parasitas e, na sua falta, a capacidade bélica de nosso sistema imune se volta contra nosso próprio corpo.

Ingerir ovos vivos de vermes para evitar doenças autoimunes é desagradável, mas talvez o erro da humanidade tenha sido eliminar de nosso corpo todo e qualquer verme, tanto os que causam doenças como os necessários para a manutenção da saúde. A melhor evidência de que a medicina transformou vermes em inimigos é a aversão que temos à ideia de ingerirmos ovos de vermes - mas o curioso é que as mesmas pessoas que têm nojo de vermes já se habituaram a ingerir iogurtes com bacilos vivos para manter saudável sua flora intestinal.

Surgimos e convivemos por 200 mil anos com seres vivos no corpo. Agora temos de aceitar que parte deles provavelmente é necessária para nos mantermos saudáveis. É mais uma dimensão de nossa íntima relação com os seres vivos, tanto os que nos cercam por fora quanto por dentro.

Rio 24 horas - PAULA CESARINO COSTA

FOLHA DE SP - 13/12


RIO DE JANEIRO - O segundo mandato é sempre problemático para o governante. O prefeito Eduardo Paes, reeleito com 64,6% dos votos, não tira essa maldição da cabeça. Decidiu que, ao iniciar sua segunda administração -que, na prática, já começou-, seria como se um governo de oposição tivesse assumido.

Para começar, fez seus secretários pedirem demissão, mudou alguns, reviu decisões, achou por bem gerar instabilidade. Não tem necessidade de novos projetos de impacto. Há muitas obras em andamento, programas para ampliar. Não elege prioridades, mas é visível que a área de transportes recebe atenção especial.

A palavra de ordem é inovar.

Paes disse à Folha que prepara um projeto de escalonamento do horário de funcionamento do Rio, para enfrentar a questão da mobilidade. Quer mexer na entrada e na saída não só de servidores da prefeitura, mas fazer um acordo com toda a sociedade: escolas, comércio, empresas.

A cidade passaria a oferecer serviços 24 horas. Geraria fluxos de trânsito distintos, fluindo melhor.

Inovação e ousadia para uma metrópole. Deve enfrentar resistências. A implantação é complexa. Já se discute em algumas cidades do Brasil. É realidade lá fora. Especialistas internacionais defendem essa medida.

Pode servir de teste para, se der certo, São Paulo adotar. O prefeito eleito Fernando Haddad, 49, tem feito elogios a Paes, 43. Acha que o que aconteceu no Rio e em algumas gestões no Nordeste mudou o "paradigma da política", como disse, anteontem, no "Roda Viva". Mas Haddad (PT) tem desafios anteriores e muito maiores. Assume em 1º de janeiro uma prefeitura atingida como poucas pela maldição do segundo mandato de Gilberto Kassab (PSD).

A juventude dá aos dois razão para serem ambiciosos e ousados, antes de só ficarem de olho no próximo cargo. Paes manda um conselho para Haddad: "governar com prazer".

Um país de vulneráveis - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 13/12


O mais recente estudo do governo sobre a mobilidade econômica e social no Brasil, divulgado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), informa que 52% da população integra hoje a classe média, contra 38% em 2002. Além disso, a SAE diz que, dos 36 milhões de brasileiros que entraram nessa classe, 75% são negros, proporcionando um "equilíbrio racial" no estrato: agora, 51% dos que compõem a classe média são negros. Para a SAE, esses importantes resultados estão relacionados de forma direta com a redução da desigualdade de renda, inegavelmente um dos grandes legados da administração petista. No entanto, outro estudo recente, do Banco Mundial (Bird), ajuda a matizar um pouco o entusiasmo com tais números e a mostrar que talvez ainda seja cedo para dizer que o Brasil se tornou, de fato, um país de classe média. Quando muito, é um país de "renda média", isto é, com renda relativamente mais bem distribuída, mas não o suficiente para determinar uma efetiva mudança de classe social.

Para o Bird, é de classe média quem ganha de US$ 10 a US$ 50 por dia. Por esse critério, 32% dos brasileiros fazem parte desse segmento. A maioria da população estaria localizada em dois grupos inferiores: 38% são considerados "vulneráveis" - que saíram da pobreza, mas correm risco acentuado de voltar a essa condição - e 28% são qualificados como pobres. Os "vulneráveis" ganham de US$ 4 a US$ 10 por dia; já os pobres recebem menos de US$ 4, a chamada "linha de pobreza moderada". Pelos critérios do governo brasileiro, a classe média é formada por aqueles que ganham de US$ 6 a US$ 26 por dia, um conceito que inclui os "vulneráveis" citados pelo Bird. Na pesquisa do Banco Mundial, quem ganha US$ 6 por dia - que é o "piso" da classe média pelos cálculos do governo - tem cerca de 30% de possibilidade de voltar a ser pobre.

O Bird entende que é fundamental levar em conta a chamada "segurança econômica" para definir uma classe social. Isso significa que, caso se queira uma definição "robusta e menos arbitrária", não se pode incluir na classe média aqueles que correm considerável risco de voltarem a ser pobres em algum momento. Entende-se por segurança econômica a estabilidade e a "resistência a choques", isto é, a crises conjunturais. Para o Bird, o nível máximo de insegurança suportável por uma família de classe média é uma probabilidade de 10% de cair na pobreza em cinco anos, e não de 30%, como dá a entender o critério adotado pelo governo. A discrepância é gritante, mas não é apenas esse o problema.

Na opinião do Bird, a classe média brasileira apresenta-se quase toda ela vulnerável, no longo prazo, porque está se endividando demais, graças ao fácil acesso ao crédito proporcionado por medidas pontuais do governo, e investindo pouco na acumulação de bens, que poderiam garantir a segurança econômica em caso de turbulência. Além disso, o levantamento mostra que a chamada "mobilidade intergeracional", isto é, a melhoria da qualidade de vida dos filhos em relação à dos pais, é muito limitada no Brasil e no restante da América Latina. Não há perspectiva de que os jovens consigam obter resultados pessoais desvinculados dos problemas inerentes à sua origem familiar e econômica. O problema central, destaca o Bird, é a péssima qualidade do ensino público, que freia o movimento ascendente dessa parcela da população, limitando suas oportunidades de trabalho e de renda.

No geral, os avanços verificados nos últimos tempos são formidáveis. A desigualdade na América Latina experimentou fantástica redução em curto espaço de tempo: de 2003 a 2009, a classe média cresceu 50% na região. No entanto, o estudo do Bird mostra que a desejável transformação do Brasil num país de classe média, tal como se apresenta no festivo discurso do governo federal, não vai se dar por simples voluntarismo estatístico. Tal mudança no perfil do País só ocorrerá de fato e se tornará sustentável se forem enfrentadas urgentemente as graves deficiências dos serviços públicos brasileiros, a começar pela educação.

DELÚBIO AGITADO - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 13/12

Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT e um dos principais personagens do escândalo do mensalão, está "surtado", nas palavras de interlocutor frequente dos réus do caso. Ele estaria contrariado com o partido, que só defenderia José Dirceu e José Genoino.

BOCA FECHADA
Réu mais silencioso do caso, Delúbio não deve extravasar a mágoa. O problema maior tem sido sua mulher, Mônica, que tem se queixado permanentemente de alguns líderes da legenda.

BOCA ABERTA
E um dos conselheiros de Lula cogitava ontem sugerir a ele que tomasse a iniciativa de propor ao Ministério Público que abra investigação sobre as declarações do publicitário Marcos Valério, que tenta envolvê-lo no caso. Lula tomaria a dianteira, já dando como certo que os procuradores podem pedir a abertura do caso.

NADA A VER
O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), ficou surpreso com as declarações do deputado Júlio Campos (DEM-MT) que o "lançam" candidato ao governo do Mato Grosso. Afirma que não teve contato recente com ele e que descarta "totalmente" a hipótese de se candidatar. "Estou integralmente dedicado às minhas atividades judiciais e acadêmicas", diz.

DUPLA JORNADA
Trabalho doméstico é responsabilidade de 98% das mulheres. Mesmo casadas ou dividindo o lar com um companheiro, a participação masculina em tarefas como lavar e passar roupa é de apenas 1%. Os homens ajudam um pouco mais em atividades como cozinhar, lavar louça ou limpar móveis (5%). Os dados são do Data Popular em parceria com o SOS Corpo - Instituto Feminista pela Democracia e serão divulgados hoje.

DUPLA JORNADA 2
O mesmo ocorre quanto aos cuidados com os filhos: 71% das mulheres casadas e que têm filhos menores de 12 anos disseram não contar com a ajuda do marido. Entre as solteiras e viúvas, o maior apoio é o da mãe: 61%. Foram entrevistadas 800 mulheres de nove capitais, além de Brasília, com idade entre 18 e 64 anos e que exerciam trabalho remunerado.

DE OLHO
O delegado Waldomiro Milanesi, chefe da divisão de capturas de São Paulo, pediu imagens das câmeras de segurança do restaurante da Vila Nova Conceição onde o fotógrafo Fabrizio Fasano Jr. afirma ter visto Roger Abdelmassih. O ex-médico, condenado a 278 anos de prisão, está foragido desde 2011.

TIRIRICA QUER SABER
A Record já propôs um formato de quadro para Tiririca voltar à TV, dizem seus filhos. A atração, de entrevistas breves, deve se chamar "Tiririca Pergunta", dentro do "Programa da Tarde". O canal não comenta.

FESTA NO SERTÃO
O filme "Gonzaga de Pai pra Filho", de Breno Silveira, será exibido hoje, data em que Luiz Gonzaga faria cem anos, no parque Aza Branca, em Exu (PE), cidade natal do Rei do baião.

EM CIMA DA VASSOURA
Heloísa Perissé viverá a Bruxa Má do Oeste no musical "Mágico de Oz". A versão brasileira do espetáculo tem direção de Charles Möeller e Claudio Botelho. A estreia será no dia 22 de fevereiro, no teatro Alfa. Lucio Mauro Filho, Malu Rodrigues e Miele estão no elenco.

DONA CASSETA
Maria Paula, que integrou o "Casseta & Planeta" por 17 anos, comenta o fato de o programa não ter temporada em 2013. "Não me deu nem uma tristezinha. Eles vão fazer coisas novas, melhores."

DOS ANOS 70 AOS 70 ANOS

A exposição "Gil 70" foi aberta anteontem no Itaú Cultural, em SP. O músico e ex-ministro que é tema da mostra esteve lá com a mulher, Flora Gil. O publicitário Nizan Guanaes, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, e o prefeito eleito da cidade, Fernando Haddad, também passaram pela avenida Paulista.

NOITE DA LEI

O Instituto de Defesa do Direito de Defesa, presidido por Marina Dias, fez jantar para arrecadação de recursos, anteontem, no Lions. A defensora pública-geral de SP, Daniela Cembranelli, os advogados Pierpaolo Bottini, José Luis de Oliveira Lima e Augusto de Arruda Botelho, com a namorada, a modelo Ana Claudia Michels, participaram.

CURTO-CIRCUITO

Selton Mello lança livro com o roteiro de "O Palhaço", às 19h30, no CineSesc.

MC Naldo canta hoje na John John, em Moema, e no Baile do Royal. 18 anos.

A "Casa Vogue" apresenta às 19h trabalho de Bjarke Ingels, na Casa Citroën.

Fábio Brancatelli faz degustação do uísque Chivas Regal para 40 empresários.

Tendências do mercado de gás natural - ADRIANO PIRES

BRASIL ECONÔMICO - 13/12


Apesar da clara tendência de crescimento da oferta e queda de preço do gás no mundo, por conta da viabilidade econômica da extração de gás natural não convencional, essa deve ter seus efeitos limitados sobre o mercado doméstico.

O principal produtor de gás não convencional, os EUA, vem aproveitando a conjuntura de gás barato para atrair, novamente, investimentos em setores que se beneficiam do custo baixo do gás, como é o caso da indústria petroquímica.

Estes investimentos se tornam ainda mais importantes quando se leva em conta a necessidade de impulsionar o crescimento econômico e a criação de empregos, para que o país deixe pra trás os efeitos da crise econômica de 2008.

Assim, o mercado americano está construindo uma nova curva de demanda interna, que será o destino prioritário da sua produção. Mesmo, no momento em que os EUA se tornarem exportador líquido de gás, é razoável supor que o destino de tais exportações deva ser mercados tradicionalmente demandantes de gás natural, como a Ásia.

Quando consideramos os demais países que possuem reservas significativas de gás não convencional como a China e a Argentina, a expectativa de que eles se tornem grandes exportadores também parece distante, uma vez que os investimentos na extração do gás natural ainda são incipientes.

No mercado doméstico, não há sinalização de que os entraves ao crescimento do mercado consumidor de gás natural vão se dissipar nos próximos cinco anos.

A atual política para o setor de gás natural no Brasil ainda contém uma série de incertezas regulatórias que vem impedindo o crescimento desta fonte na matriz energética brasileira.

A saber, ausência de leilões de áreas exploratórias de petróleo e gás, que foram paralisados em 2008, política de preços atrelada ao preço do petróleo e variação do câmbio, ausência de uma política para a exploração de gás não convencional, falta de regulamentação de pontos importantes da Lei do Gás, não existência de operador independente para os gasodutos de transporte.

A expectativa é de que a metade do gás natural consumido internamente continue a ser importada, com seu preço definido por uma fórmula paramétrica indexada ao preço do petróleo.

Com o gás caro, a tendência é de que os investimentos em setores que usam o gás como matéria-prima ou fonte de energia sejam menos atrativos, e até mesmo deslocados para regiões nas quais o preço do energético é mais competitivo, como é o caso dos EUA.

Outra questão importante é que o fim do monopólio da Petrobras parece pouco provável no curto prazo.

As empresas privadas que atuam no mercado de exploração e produção de gás no Brasil ainda não possuem um volume suficiente de reservas, e mesmo aquelas que já divulgaram descobertas comercialmente viáveis esbarram na insuficiente infraestrutura de transportes.

Um fator que poderia aumentar a participação do gás natural na matriz energética é a inclusão das térmicas a gás na base, no entanto, o PDE 2021 não considera essa possibilidade, sendo pouco provável que isso ocorra no curto prazo.

Compasso Eleitoral - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 13/12


Enquanto os petistas se veem às voltas com as últimas declarações do réu Marcos Valério a respeito de Lula e o Congresso vira palco de uma guerrilha entre governo e oposição, a presidente Dilma Rousseff discute intramuros a reforma ministerial como quem monta uma válvula para calibrar o apetite de aliados que têm demonstrado vontade de seguir caminhos alternativos distantes do projeto do PT. Nada que dê discurso para justificar afastamentos definitivos. O objetivo é não aumentar o poder de quem deseja virar adversário. E esse raciocínio tem endereço claro: o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

A reforma passou a ter essa perspectiva depois de dois discursos de Campos. O primeiro foi para o PSB, em Brasília. O outro, em São Paulo, há menos de 15 dias, num seminário promovido pelo jornal Valor Econômico. Eduardo Campos foi incisivo ao criticar o modelo que o governo Dilma adotou para tentar contornar a crise econômica. Praticamente acusou o governo de proteger determinados segmentos ao reclamar que o corte de impostos não pode beneficiar apenas “setores que têm acesso a Brasília”. Deveria, para ele, ser usado para setores que pudessem promover avanços econômicos em todas as regiões do país.

O Planalto registrou a palestra de Eduardo Campos da seguinte forma: o governador não estava ali falando de seu estado. Tampouco foi sutil ao mencionar as medidas do governo. Logo, a conclusão palaciana cristalina foi a de que o governador falou ali como alternativa de poder, alinhavando um olhar diferente para as questões econômicas, uma maneira de se contrapor à presidente Dilma Rousseff.

Feita esta leitura, a hora é de monitorar o aliado. Embora não tenha meios de impedir que Campos caminhe em busca de espaço, as ferramentas para asfixiar esse projeto são visíveis. O primeiro passo foi a aproximação com o PMDB paulista e o PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab — que já abre a porta para apoiar Dilma daqui a um ano e meio. O governo acredita que Campos, sem fôlego em solo paulista, ficaria restrito ao Nordeste e, ainda assim, não teria, na avaliação do PT, combustível suficiente para suplantar a presidente na região. A única decisão que ainda não está tomada e depende da eleição para presidentes da Câmara e do Senado é que pasta caberá ao PSD. Mas não será nada tão periférico ao ponto de deixar Kassab livre para apoiar Eduardo Campos.

Enquanto isso, no Congresso…

Enquanto Dilma cuida da reforma, os congressistas travam suas batalhas com a guerrilha aberta. Jilmar Tatto pede CPI das privatizações e aprova convite para Fernando Henrique Cardoso ir ao Congresso dar explicações. A oposição, por sua vez, quer convocar Marcos Valério para que ele exponha Lula ao vivo e a cores em horário nobre. 2014 nunca esteve tão antecipado. Nesse clima, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) participa de um seminário sobre gestão pública, fala de gerenciamento e apresenta um projeto de redução de tarifa de energia em moldes bem diferente daqueles sugeridos pelo governo da presidente Dilma. Eduardo Campos, por sua vez, falta a uma palestra em Brasília, em seminário de gestão pública, sob a justificativa de que precisava ficar em Pernambuco por causa do agravamento da seca no semiárido. Afinal, alguém tem que ser preservado para assinar o tratado de paz. O problema é que 2014 está tão antecipado que, talvez, não sobre tempo nem espaço para que alguém empunhe a bandeira branca.

E no PT…

O deputado André Vargas, do Paraná, conquistou a vaga para concorrer a vice-presidente da Câmara pelo PT. Para muitos, é sinal de que o crescimento de outros grupos dentro do partido não foi suficiente para criar um novo núcleo de coordenação capaz de suplantar o Construindo um Novo Brasil, leia-se, a ala mais ligada ao ex-ministro José Dirceu.

Delação premiada - SONIA RACY


O ESTADÃO - 13/12

Nas rodas do jantar de confraternização do Instituto de Defesa do Direito de Defesa, anteontem, instalou-se um debate: Marcelo Leonardo teria se “autoincriminado” ao assinar depoimento de Marcos Valério ao MP mesmo sabendo que ali constava afirmação de que o PT desembolsou R$ 4 milhões para pagar seus honorários? Este dinheiro do PT era de Caixa 2?
Em tempo: todo advogado que acompanha depoimento no MP é obrigado a assinar embaixo a falado réu-cliente. E foi o que Marcelo Leonardo fez.

Fizeram falta
Ausências sentidas no encontro do IDDD: Márcio Thomaz Bastos, criador do instituto, Celso Vilardi, advogado de Rosemary Noronha, e... o próprio Marcelo Leonardo, advogado de Marcos Valério.

Tentar, ofende?
Haddad quase caiu da cadeira ao ouvir pedido para manter 16 coronéis da reserva da PM à frente de subprefeituras. Parte das negociações do PSD para apoiar o governo petista.

Kassab deve ter se esquecido das críticas feitas pelo prefeito eleito quanto à militarização das subprefeituras.

Santa Copa
Empresas de turismo estão ansiosas pelo resultado da reunião de hoje na Câmara – que discutirá a construção de píer pela Companhia Docas no Rio.

Segundo apurou a coluna, o setorhoteleiro da cidade conta com a obra para que navios de passageiros possam ficar ancorados e aumentar a oferta de leitos durante a Copa.

Problema? O local escolhido para o píer esconderá o Mosteiro de São Bento –tombado pelo Patrimônio Histórico.

Direto do Japão
Washington Olivetto, corintiano roxo, atesta: “Nunca vi manifestação de brasilidade como esta invasão do Corinthians ao Japão”, comemorou, ontem, via celular.

Indagado pela coluna sobre os comentários de que o timejogara mal contra o AlAhli, o publicitário ponderou: “Fomos mal no segundotempo, masvencemos por causado primeiro”.

In loco
Ao lado de Mara Gabrilli, Romário participa hoje de audiência pública em Sampa – sobre seuprojeto que simplifica a entrada de insumos para pesquisa científica no País.

O exjogador tem uma filha com Síndrome de Down.

Tempo é cultura
Dilma aproveitou o horário do almoço, ontem em Paris, para visitar a exposição do americano Edward Hopper, no Grand Palais. Gostou muito.

Patota cultural
A noite era dedicada a Gilberto Gil, mas outro baiano teve papel de destaque no palco do Itaú Cultural, anteontem, na abertura da exposição Gil 70.

Juca Ferreira, novo secretário municipal da Cultura, foi lembrado por todos.

Patota 2
Já Marta Suplicy pediu licença e sugeriu a Haddad, presente naplateia, que renomeasse o Auditório Ibirapuera como Oscar Niemeyer. No dia 25 de janeiro, aniversário da cidade.

Patota 3
E Haddad falou sobre a importância de Gil no Ministério da Cultura. “Se você ainda não for Cidadão Paulistano, vou providenciar isso”, garantiu.

Patota 4
Tem gente curiosa para saber o que todos eles - – Gil, Marta e Haddad – tanto conversaram, durante uma hora e em sala reservada, com Milú Villela. Antes de visitarem a exposição.

De olho no detalhe
Roberto Loeb está completando 48 anos de serviços dedicados à arquitetura. E sua trajetória acaba de ganhar livro, editado pela Bei, a ser lançado hoje na Galeria Marília Razuk. Famoso por projetos como o do Centro da Cultura Judaica, ele falou à coluna sobre detalhes arquitetônicos que melhoram a vida das pessoas e avisou: “Vem aí um novo cinema Belas Artes”.

•Está mais fácil criar hoje? Está, porque os clientes mudaram. Querem mais dos projetos. Hoje há mais diálogo.

•Quanto de ansiedade há entre o que você quer fazer para o cliente e o que ele pede? Ficava mais ansioso no come-
ço da carreira. Com o passar do tempo, aprendi a absorver de modo criativo. Mas nem sempre é satisfatório (risos).

•Você está projetando um novo cinema Belas Artes? Onde? Na Praça Benedito Calixto. Ficará pronto no fim de 2013.
•Como está vendo os projetos para a Copa do Mundo?
Com certa decepção. Muitos arquitetos brasileiros, cuja carreira merecia este contraponto (projetar os estádios), não foram chamados.

•Você sempre disse que gosta de trabalhar o detalhe urbano. O que faria por SP? Começaria pelas calçadas, pelos abrigos de ônibus, a iluminação. Isso faz muita diferença na vida das pessoas. A Lygia Fagundes Teles disse, certa vez, que gostaria de criar o Ministério do Detalhe. Pode me chamar que eu vou!

•E como colocar em prática? Com zeladorias. Porque as subprefeituras não têm capacidade de gerir regiões tão grandes, como acontece hoje. É preciso fazer o que Jaime Lerner chama de acupuntura urbana. /DANIEL JAPIASSU

Cachoeira! Pegou Habeas-Miojo! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 13/12


E os manos vendem tudo o que têm, gastam uma nota, vão até o Japão e estendem a faixa "Chupa Porco!"


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Manchete do Piauí Herald: "Valério denuncia: Lula sorteou Rosemary no amigo-secreto". Manchete do Sensacionalista: "Lula diz que não leu as denúncias de Marcos Valério porque não sabe ler".

E esta do Cachoeira: "Eu sou a garganta profunda do PT". Mas a garganta profunda do PT não era a Rosemary? Rarará! E os antipetistas estão numa felicidade de hiena! Rarará!

E o Cachoeira? Solto de novo? Como disse um amigo no Twitter: "Esse Cachoeira parece uma piroca, entra e sai, entra e sai e entra e sai!". E eu já disse que ele vai ganhar milhagem camburão! Vai cumprir a pena em trânsito!

E o desembargador Tourinho é a mãe dele? O desembargador inventou o HABEAS MIOJO, o habeas corpus instantâneo: um copo d'água, três minutos e sai o habeas corpus!

E o Cachoeira é garganta profunda do PT, mas tem amizade profunda com o Debóchenes e o Perillo! E atenção! Acaba de sair uma nova dupla sertaneja: Carequinha e Cachoeira com o sucesso "Garganta Profunda"! Dois gargantas! Dupla sertaneja de gargantas! Rarará!

E a vitória do Timão no Japão! Gritos, fogos, sirene! TITEroteio em Sampa! E esses horários da Ásia dão azia! Quarta feira, 8h30: não tinha um motoboy na rua! Foi o Dia do Atestado Médico! Como disse um amigo: "Não tem o dia do arquiteto, o dia do médico? Jogo do Timão em dia de semana, de manhã, é Dia do Atestado Médico!". Rarará!

E eu consumi um engradado de chocomilk! E o pior é a sogra entrando na sala de babydoll com o escudo do Corinthians! O pior é que eu dormi com a TV ligada e acordei com os berros do Galvão! Aliás, com os dois berros do Galvão: "Haja coração" e "o jogo está dramático".

Agora só fala isso. O jogo pode estar chocho com as duas equipes dormindo, que ele fala "haja coração" e "o jogo está dramático".

E o jogo foi em Toyota! Toyota não combina com mano! Toyota é carro de coxinha. Corintiano anda de Opala Preto tocando Racionais! Rarará!

E os manos vendem tudo o que têm, gastam uma nota, vão até o Japão e estendem a faixa "Chupa Porco!". Precisa ir tão longe? Rarará!

E vou lançar uma enquete: "Você prefere acordar ou dormir com o Galvão?". Rarará! E domingo vou torcer pro Timão! Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Pró-mercado? - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 13/12


Dilma promete a redução (das tarifas de energia), cortando um pouquinho de encargos e impostos e um poucão da rentabilidade de empresas cujas concessões estão vencendo nos próximos anos



A presidente Dilma tem dito que seu governo é pró-mercado, mas, na prática, suas políticas destilam forte hostilidade ao mercado. No primeira coluna sobre o tema, comentamos como isso foi feito com os bancos, a partir do nobre objetivo de derrubar juros.

Fez o mesmo com as elétricas. Assim como reclamavam dos juros, todos os interlocutores da presidente também protestavam contra o preço da energia, o mais alto do mundo, sendo quase 50% de impostos (federais e estaduais). Dilma promete a redução, cortando um pouquinho de encargos e impostos e um poucão da rentabilidade de empresas cujas concessões estão vencendo nos próximos anos. Vai pagar muito menos do que as empresas esperavam por conta de ativos ainda não amortizados e impor uma tarifa lá embaixo. Ou seja, jogou no chão os ativos e a rentabilidade das companhias envolvidas.

E sem qualquer alternativa. Disse às empresas: quer, quer, não quer, aguente as consequências.

Os acionistas minoritários privados da Eletrobrás, uma estatal federal, reclamaram. As ações da estatal estão virando pó, o que faz inteiro sentido. As pessoas haviam comprado as ações com base em dados informados e expectativas formadas pela própria companhia. Se, de um dia para outro, ativos que a estatal dizia valer R$ 30 bilhões não valem nem a metade, se os lucros esperados transformam-se em prejuízo, você trata de se livrar desses papéis, não é mesmo?

Já no Palácio do Planalto, conforme informou Claudia Safatle em sua bem informada coluna de 30 de novembro no Valor, o pessoal acha que se trata de ataque especulativo do mercado contra a Eletrobrás.

Para completar a hostilidade, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, atacou as três elétricas estatais estaduais que não aceitaram os temos do governo federal, dizendo que ficaram ao lado dos acionistas contra o povo.

Ou seja, acionistas são capitalistas predadores.

Mesmo, por exemplo, os fundos de pensão dos trabalhadores? Mesmo o pessoal que usou FGTS para comprar ações da Petrobrás.

Acionistas fornecem capital bom às empresas, algo de que a economia brasileira precisa para expandir investimentos. A presidente diz isso quando informa que tem um programa para estimular o mercado de capitais.

Mas com a destruição do valor das ações do BB e de outros bancos, da Eletrobrás e de outras elétricas, assim como da Petrobrás, quem compra esse programa?

Haveria solução de mercado para derrubar o preço das tarifas de energia? Sim, menos impostos e mais licitações abertas.

(Voltaremos ao tema)

Fora, estrangeiros!

Ao recusar a sugestão da revista Economist para que demitisse Guido Mantega e formasse nova equipe econômica, a presidente Dilma enumerou três argumentos:

1. a revista é estrangeira e não tem que se meter em um governo eleito pelo povo brasileiro;

2. o mundo desenvolvido, onde fica a sede da Economist, está em piores condições;

3. Nunca se viu um jornal propor demissão de ministros.

Os três argumentos estão equivocados.

Sobre o primeiro: a presidente Dilma é estrangeira quando está na Europa, mas isso não a impede de criticar as políticas econômicas locais. No mundo globalizado, é natural que os todos estejam o tempo todo se avaliando. Além disso, o argumento da presidente é oportunista. Quando a mesma Economist fez uma capa dizendo "O Brasil decola", o pessoal do governo jogou a matéria na cara dos críticos brasileiros.

Sobre o segundo argumento: nem todo o mundo desenvolvido vai mal. A Alemanha, por exemplo, está em condições bem melhores, consegue ter uma indústria mais competitiva que a brasileira. Aliás, eis um modelo gringo que deveria ser copiado. Os EUA crescendo mais que o Brasil.

Sobre o terceiro argumento: a presidente não está lendo os jornais, muito menos a Economist. A revista frequentemente sugere e recomenda a demissão de ministros dos mais variados países e até mesmo de presidentes e chefes de governo. A imprensa livre e independente faz isso o tempo todo, para o mundo todo.

Na verdade, a única coisa que Dilma não fez - e deveria ter feito - foi analisar os argumentos da Economist. Não foi um simples "demita o ministro Mantega". Foi uma ampla reportagem procurando entender por que o Brasil não cresce, enquanto outros emergentes vão muito bem. Mostra que faltam investimentos e reformas e que o ministro Mantega perdeu toda credibilidade para comandar essas mudanças por causa de seus prognósticos equivocados.

Não há nada de ofensivo nisso. Mas a presidente não perde o jeito. Criticada, deixa escapar seus instintos, entre os quais o viés anti-estrangeiro, que antigamente se dizia anti-imperialista.


MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 13/12


Setor de eletrônicos cresce abaixo do esperado
O setor de eletroeletrônicos, que previa crescer 13% neste ano, deve registrar apenas 5% de avanço, segundo cálculos da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).

Em 2011, a alta do faturamento ante o ano anterior havia sido de 11%.

A desaceleração é atribuída ao baixo desempenho da produção industrial.

A entidade divulgará novos resultados nesta semana.

Segundo a Abinee, as exportações irão apresentar retração devido à queda dos negócios com a Argentina, tradicionalmente a principal parceira do setor no Brasil.

Boa parte dos negócios realizados em 2012 devem ser suportados pelas importações, segundo Humberto Barbato, presidente da entidade.

Apesar disso, a indústria também sofreu na importação de insumos.

A última sondagem realizada pela entidade, em outubro, aponta que subiu o número de empresas com dificuldade em adquirir matéria-prima no mercado externo.

Mais de 15% das companhias informaram que sentiam os sinais da crise internacional, enquanto o número de setembro era de 4%.

Números
13% era a expansão que o setor previa para este ano

5% será o crescimento

8% foi a queda no setor industrial

11% foi a alta do setor em 2011

4% das companhias sentiam os sinais da crise em setembro

15% percebiam a crise em outubro

NOVA DIREÇÃO
Juliano Seabra, que desde 2009 trabalha no comando da área de pesquisa, educação e cultura da Endeavor, assume a direção-geral da entidade em janeiro, no lugar de Rodrigo Teles.

Uma das principais mudanças que Seabra implementará será o atendimento a empreendedores pela internet.

Em 2013, além de selecionar 20 empresas que receberão orientação pessoalmente, a Endeavor escolherá entre 100 e 150 companhias que terão um suporte on-line.

"Esperamos que, depois, elas voltem ao processo seletivo e se tornem empreendedoras Endeavor."

A entidade lançará ainda um programa de diálogo com cidades para criar uma espécie de plano-diretor do empreendedorismo. O Rio será a primeira cidade.

"Queremos fazer isso no próximo ano com mais uma grande capital."

ESTUDANTE
Após deixar a Endeavor, Rodrigo Teles passará a liderar a Fundação Estudar em cogestão com Fábio Tran.

A instituição privada, que calcula ter encaminhado 50 jovens brasileiros para Harvard em 21 anos em seu programa de bolsas, terá seu novo planejamento estratégico a partir de janeiro.

No total, foram cerca de 550 bolsistas beneficiados durante o período, de acordo com a entidade.

"A ideia é elevar a formação de jovens de alto potencial entre 16 anos e 34 anos. Trabalharemos em quatro verticais: de governo, empresarial, social e científica."

BILÍNGUE

A média nacional de executivos fluentes em inglês no Brasil é de 37%, segundo levantamento das empresas de recrutamento Michael Page e Page Personnel.

São Paulo concentra a maior parcela de profissionais com domínio do idioma (49%), seguido pelo Rio (45%). Na avaliação por setores, os profissionais de serviços e comércio apresentam o melhor índice (50,1%).

Mouse... 
As vendas de Natal devem movimentar R$ 3,76 bilhões nas lojas virtuais neste ano, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). O montante representa uma alta de 29% em relação a igual período do ano passado. O montante representa uma alta de 29% ant ante igual período de 2011.

...consumista 
Os eletroeletrônicos dominam as categorias de produtos mais vendidos no varejo on-line, seguidos por saúde e beleza, conforme a associação. Assinaturas de jornais, revistas, moda e acessórios também estão entre os produtos mais vendidos.

EXPATRIADO CARO
As cidades brasileiras despencaram no ranking das mais caras para empresas enviarem seus funcionários, segundo levantamento da consultoria ECA International.

O Rio de Janeiro, que no ano passado ficou em 22º lugar, caiu para a 64ª posição. São Paulo passou do 29º para o 69º. Caracas, em 7º lugar, continua sendo a cidade mais cara da América Latina.

A nova posição das brasileiras na lista das cidades mais caras para expatriados é resultado do enfraquecimento do real, diz o relatório.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIO & CIA

O GLOBO - 13/12


Bilhão 1
O Ministério do Turismo vai pegar carona na festa da OMT, hoje, pela marca de um bilhão de viajantes no mundo num só ano. O ministro Gastão Vieira enviou carta a secretários estaduais pedindo apoio à ação “1 bilhão de turistas. 1 bilhão de oportunidades”.

Bilhão 2
A marca histórica também será tema da reunião do Conselho Nacional do Turismo. O Mtur estima que o setor crescerá 6% este ano, o dobro da média mundial.

Renda em dobro
Congressos e feiras de negócios no Rio geraram receita de US$ 365 milhões este ano. É mais que o dobro de 2011, quando renderam US$ 160,5 milhões, segundo o Rio Convention & Visitors Bureau. Foram 169 eventos, contra 136 um ano atrás.

Brasil-Portugal 1
A portuguesa TAP, alvo do interesse da Avianca, deve fechar 2012 com alta no total de passageiros entre Brasil e Europa. Francisco Guarida, diretor de marketing aqui, conta que, até setembro, o incremento era de 2%. Em 2011, a aérea levou 1,6 milhão de brasileiros ao Velho Continente.

Brasil-Portugal 2
A TAP também não está cobrando extra de quem, a caminho de outras cidades europeias, passa dias em Lisboa. Atrai brasileiros e ajuda o turismo em Portugal.

SUL FLUMINENSE CONTINUA A ATRAIR INVESTIMENTOS
Duas empresas, Ibrame e Pátria, vão destinar, juntas, R$ 200 milhões a projetos industriais em Itatiaia em 2013
Itatiaia, no Sul Fluminense, abrigará mais dois grandes projetos empresariais, além da fábrica da Hyundai Heavy Industry, já em construção. Fabricante de vergalhões e produtos semielaborados de cobre, a Ibrame vai investir R$ 100 milhões em unidade no município. A Pátria, de logística, destinará igual montante a um condomínio industrial, que terá, de início,165 mil metros de área construída. A Hyundai inaugura em março a planta de US$ 180 milhões, onde produzirá escavadeiras, retroescavadeiras e pás carregadeira. Os três projetos tiveram apoio da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio. Presidente da Codin, Conceição Ribeiro chama atenção para a consolidação de Itatiaia e arredores como polo industrial e logístico, com foco na cadeia automotiva. As novas empresas, como já ocorreu com as montadores de Resende e Porto Real, devem atrair fornecedores e parceiros para a região. A Ibrame já prevê a instalação de duas fabricantes de fios e cabos de cobre. A Hyundai, segundo a Codin, tem projeto de trazer seis fornecedores nacionais para o território fluminense. A Pátria terá, em novembro de 2013, cem mil metros quadrados construídos de galpões.
2.850
EMPREGOS DIRETOS

Serão criados no Sul fluminense com os investimentos de Ibrame, Pátria e Hyundai, de 2013 a 2015, prevê a Codin. O número será maior, se parceiros e fornecedores também migrarem para a região.

‘BAMBINI’
A Monnalisa, grife infantil italiana, abre hoje loja de cem metros quadrados no Shopping Downtown, na Barra. Aporte de R$1 milhão, é a primeira da marca no Rio. A rede já está em São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Brasília. Vai exibir fotos de campanha produzida na Itália no novo ponto de venda e em redes sociais.

ALQUIMIA
A grife Looxx lança amanhã a coleção de alto verão. Batizada de “Alquimia das cores”, terá 117 camisas e 81 acessórios. O lookbook foi fotografado por Rodrigo Bueno. As modelos Marianna Di Brittoe Amanda Boeno posaram. Com três lojas próprias e 16 franquias no país, a marca prevê alta de 25% nas vendas.

Quem vai
A Transreta, de locação de guindastes, vai atuar nas obras do Porto de Mariel, em Cuba. É o primeiro contrato fora do Brasil. Fechou negócio de US$ 4 milhões com a COI, subsidiária da Odebrecht.

Quem vem
A NSX Cosméticos, de Los Angeles, fecha o ano com sete unidades no Rio: três lojas e quatro quiosques. Já investiu R$ 2 milhões. Ainda este mês, chega ao BarraShopping e ao WestShopping.

Da hora
A Casio, japonesa de relógios, fará aporte de R$ 10 milhões no Brasil em 2013. É o dobro deste ano. Quer abrir loja conceito em SP e escritório no Rio. Amanhã fará o Shock The World Tour na Leopoldina. A Inflama Rio organiza o evento.

Livre Mercado
Samello e Cacau Show abrem lojas amanhã no ShoppingTijuca. A 1ª investiu R$ 800 mil e espera faturar 8% mais. A 2ª gastou R$ 400 mil.

O salão infantil Fashion Mix abriu quiosque no Rio Design Barra. Planeja mais cinco em 2013.

A Prolagos duplicou o número de funcionários. Fecha 2012 com 485.

Leonardo Gryner (Rio 2016) debate o projeto olímpico, hoje, no Porcão Ipanema, com Luiz Fernando Pezão, David Zylbersztajn, Ancelmo Gois e Jorge Bastos Moreno. Claudio Domenico (cardiologista) organizou.

O britânico Tom McCann assumirá a área de hospitalidade da IMX.

DE CANUDINHO
Ganha uma bicicleta Caloi quem encontrar um canudinho na lata de guaraná Antarctica. A marca estreia campanha da promoção hoje, em TV aberta. Ao todo, serão mil premiados. A ação só vale para Rio de Janeiro e Espírito Santo. Quem assina é a DM9DBB.

Em alta
Subiu 3,4% o faturamento do varejo do Rio em outubro, informa a Fecomércio-RJ. Há crescimento sobre o ano anterior desde maio de 2009.

Que calor
A venda de climatizadores saltou 290% na rede Extra nos últimos 15 dias. A de ventiladores cresceu 240%. É efeito do calor pré-verão.

Nas nuvens
Chega a R$ 10 milhões o investimento previsto em 2013 pela CMA Infra. Só no eixo Rio-São Paulo, serão gastos R$ 7 milhões. As prioridades são as regiões da Barra e do Itaim. A empresa de hospedagem de dados na nuvem, o chamado cloud computing, fechará 2012 com alta de 40% nas receitas. É resultado das melhorias na infraestrutura em telecom.

FILHA DO BAIÃO
O Ecad põe no ar hoje, nas redes sociais, mais um vídeo da campanha em defesa dos direitos autorais. Já participaram 47 artistas. Dessa vez, quem depõe é Rosinha Gonzaga, filha de Luiz Gonzaga. É homenagem ao centenário do Rei do Baião. A Set TV Cine criou e produziu.

Desconcentrar os tributos - MARCELO MITERHOF

FOLHA DE SP - 13/12


É hora de transferir os recursos dos juros para educação, saúde, habitação, saneamento, segurança etc.


A coluna da semana passada tentou mostrar que, a despeito de a carga tributária do Brasil estar na média dos países desenvolvidos e ser compatível com a demanda de serviços exigidos do Estado pela sociedade, a estrutura tributária é ineficiente e injusta.

Isso porque o alto peso de impostos indiretos -os que incidem sobre mercadorias, serviços e a produção- onera o custo de produzir no Brasil e faz com que os mais pobres paguem proporcionalmente mais tributos.

Na argumentação, foram usados documentos de 2009 e 2011 do "Conselhão", denominados "Indicadores de equidade do sistema tributário nacional", que têm a qualidade rara de tratar de forma equilibrada os problemas associados ao tema.

O texto levanta outras questões importantes. Uma delas é que o retorno social dos impostos brasileiros é baixo. Por exemplo, dos 33,8% do PIB arrecadados em 2005, 7,25 pontos percentuais eram gastos com o pagamento de juros.

A queda da dívida pública em relação ao PIB e a redução dos juros brasileiros criam boas perspectivas para a solução desse problema. Vale a imagem de que o país está "tirando o bode da sala". Foi possível atingir uma carga tributária de 35% graças à premência de pagar juros altos. Agora, é hora de transferir os recursos dos juros para educação, saúde, habitação, saneamento, segurança pública, infraestrutura etc.

Mas essa tarefa esbarra em um outro problema apontado no texto do "Conselhão", o da desigualdade de tributos per capita entre as diferentes localidades. Em 2007, o maior orçamento municipal por habitante superava em 41 vezes o menor. Sem tais transferências, esse múltiplo caía para dez.

Como reconhece o documento, o uso de extremos costuma exagerar o tamanho do problema abordado, porém nesse caso é uma boa ilustração da distorção federativa do sistema tributário nacional, que, ao invés de perseguir a equalização dos recursos entre os governos locais pode ampliar a desigualdade.

O problema é que os critérios das transferências entre as esferas de governo não conversam entre si.

O ICMS é dividido com base na devolução de 75% do valor agregado em cada município. Assim, destaca o texto, uma cidade pequena com uma indústria grande recebe uma alta quantia de ICMS por habitante. O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) tem caráter redistributivo, mas a existência de um piso de repasse independentemente da população beneficia os municípios menores, mesmo que recebam outras transferências de alta monta, como os royalties.

Em oposição, grandes cidades dormitórios não recebem muitos recursos do ICMS por terem baixa agregação local de valor e, por serem populosas, tampouco são favorecidas na distribuição do FPM.

Nesse contexto, é difícil estabelecer políticas que promovam um desenvolvimento das regiões mais pobres. Por exemplo, como saúde e educação são financiadas em parte com vinculação das receitas locais, a iniquidade de orçamentos por habitante desfavorece que o gasto público contrabalance a desigualdade de desenvolvimento.

Seria promissor seguir na direção oposta. As regiões periféricas deveriam receber mais recursos por habitante. A desconcentração regional é uma alavanca do desenvolvimento, pois os efeitos multiplicadores do gasto público são maiores onde existe demanda reprimida.

Mas o debate tributário não tem se concentrado nessa preocupação. Por exemplo, na discussão atual acerca dos royalties do petróleo, os Estados produtores têm destacado, entre outras coisas, que não há ICMS na origem sobre esse produto, o que é verdadeiro. Entretanto, a existência de cobrança de ICMS na origem, uma idiossincrasia brasileira, é por si só questionável, porque piora a iniquidade regional, pois a produção é mais concentrada do que o consumo.

Quer dizer, a discussão isolada de questões como a dos royalties, entre outras, dificilmente será bem-sucedida. No entanto, como o sistema tributário nacional tem vários problemas, é difícil obter um acordo político para uma reforma ampla. Para tanto, acertos e mudanças precisam ser feitos conjuntamente, de forma a ponderar ganhos, perdas e objetivos.

Isso exige que o governo e os Estados mais ricos façam concessões para serem capazes de liderar um processo que leve a resultados como a desoneração da produção e o fim da guerra fiscal. Difícil...

Difícil eletricidade - ANTONIO DIAS LEITE

VALOR ECONÔMICO - 13/12

A prestação de serviços de utilidade pública - como o abastecimento de água, a distribuição de eletricidade e gás natural, transportes urbanos, entre outros - é exercida sob regime de monopólio por empresas concessionárias reguladas pelo Estado ou por empresas sob controle do próprio Estado.

A garantia de suprimento a longo prazo e a qualidade do serviço são requisitos fundamentais a serem atendidos por tais empresas. Em contrapartida ficam asseguradas tarifas que cubram custos e remunerem o capital investido, de forma a possibilitar a eficiência e a expansão dos serviços.

Existem várias formas de assegurar a compatibilização desses objetivos fundamentais. No caso particular do Brasil há que levar em conta ainda outros requisitos.

Se for mal feita, queda do preço da eletricidade poderá deteriorar o equilíbrio financeiro do setor elétrico

Do ponto de vista econômico e em função da nossa tradição inflacionária, as tarifas foram repetidamente congeladas pelas autoridades monetárias. A prática da contenção tarifária e a consequente insuficiência de investimentos levaram ao colapso do suprimento de eletricidade no final da década de 60 e ao desabastecimento de 2001.

Do ponto de vista político formaliza-se a defesa da ideia de "modicidade tarifária", juízo de valor que escapa da avaliação quantitativa e que desvia a atenção da população da incidência crescente, sobre a tarifa, de encargos e tributos criados pelo poder público, desde que os impostos únicos sobre energia elétrica, combustíveis e minerais foram cancelados pelos constituintes de 1988.

Estas considerações surgem a propósito da revisão do marco regulatório do setor elétrico, iniciada no mês de setembro, com a Medida Provisória (MP) 579. Documento prolixo, compreendendo 28 artigos e 90 parágrafos e incisos e, ao mesmo tempo, com muitos pontos abertos para definição posterior "a critério do poder concedente". O objetivo declarado e propalado é a redução de 20% do preço da energia elétrica a partir de janeiro de 2013. O governo escolheu para esse fim dois instrumentos: de um lado redução de custos em geração e transmissão e, de outro, redução de encargos que sobre elas incidem, sem tentar, no entanto, mexer na pesada tributação do ICMS, do âmbito estadual.

Na primeira linha da reforma, a almejada redução tarifária se baseia na renovação, sob condições definidas pelo poder concedente, das concessões de usinas hidrelétricas e linhas de transmissão que vencem até 2017 e que formam um conjunto representativo de grande parte da capacidade do sistema elétrico do país. Coube às concessionárias detentoras de tais ativos aceitarem, ou não, a prorrogação. Na primeira hipótese a remuneração dos ativos já amortizados será excluída da tarifa. Essas concessionárias serão indenizadas pela parte dos ativos ainda não amortizados.

Na segunda linha da reforma são suprimidos os encargos relativos à Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), à Reserva Geral de Reversão (RGR) e, em parte, à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Decorre daí a complexa engenharia financeira que ocupa vários artigos da MP 579, cuja interpretação dá trabalho aos especialistas.

Entre a variedade das matérias tratadas, não diretamente vinculadas ao objetivo central da MP, alguns artigos me assustaram, notadamente o parágrafo segundo do artigo primeiro que trata da "busca de equilíbrio na redução das tarifas das concessionárias de distribuição do Sistema Interligado Nacional, o SIN", por lembrar que se for mal feita poderá ressuscitar a nefasta equalização tarifária do governo Geisel-Ueki, que resultou na deterioração do equilíbrio financeiro do setor elétrico na passagem da década de setenta para a de oitenta.

A ideia de redução do preço da eletricidade, reconhecidamente elevado no nosso país foi, como não podia deixar de ser, bem recebida. Contudo, a forma de alcançá-la nos moldes propostos na MP 579 teve, em geral, repercussão negativa, especialmente entre aqueles com experiência prática na gestão técnica-econômica e financeira ou no estudo específico dos serviços de energia elétrica no Brasil. Causou perplexidade a imposição às empresas da obrigação de definir sua aceitação ou não da proposta do governo até o dia 4 de dezembro, antes que a MP passasse por análise no Congresso, onde já se apresentaram centenas de emendas, e que fossem conhecidos, examinados e justificados, caso a caso, os números definidos pela Agência Nacional de energia elétrica (Aneel).

A partir de outubro multiplicaram-se dúvidas e cresceu a apreensão com o possível efeito da MP sobre o equilíbrio econômico-financeiro futuro das empresas, dominantemente de geração. Tanto assim que para as renovações do segmento de geração, apenas empresas do grupo Eletrobras, obedientes às ordens do governo federal, optaram pela aceitação da proposta contida na MP 579. Em relação à renovação das linhas de transmissão, todas as empresas aceitaram a proposta do governo, mas somente após reajuste das indenizações, que resultaram na edição de mais uma Medida Provisória (591), cinco dias antes da data fatal de 4 de dezembro.

Como resultado dessas peripécias, desencadeou-se crise dominada pelo sentimento de insegurança quanto ao marco regulatório, baseado no qual são tomadas as decisões de longo prazo das empresas privadas e públicas, com ampla repercussão no mercado de capitais e decepção de investidores locais e estrangeiros nas empresas do setor. A insegurança jurídica já repercute negativamente na imagem de estabilidade institucional que o país vinha alcançando no exterior.

Por fim, e diante da recusa da oferta contida na MP pelas grandes empresas sob controle de governos estaduais filiados a partidos de oposição, surgiu a tentativa de politizar a discussão.

Se ainda for possível, caberá aos órgãos executivos e reguladores do governo federal, em função da grande responsabilidade que lhes é atribuída, compatibilizar objetivos nesse quadro complexo e confuso, o que requer competência técnica e bom senso para evitar a prevalência de opções simplistas que podem vir a inviabilizar o adequado suprimento futuro de energia elétrica, fenômeno que, infelizmente, já conhecemos.