sexta-feira, janeiro 14, 2011

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Kassab virou Pescab! 
José Simão
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/01/11

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Dúvida cruel: a Dilma não fala nada ou o Lula que falava muito?
Novidades do Aquassab. Diz que o Kassab vai fazer rodízio de pedalinho! E vai mudar de nome pra PESCAB! E São Paulo não tem mais pista, tem raia! E cada vez que eu vejo uma nuvem negra, agarro no pé da santa. Medo!
E eu não assisto mais ao Datena, o programa alagou a minha sala. Assisto ao "BBB"! Eu me rendo à podridão! Só não consigo acompanhar o raciocínio do Bial: "Você veio pra se mostrar ou pra se descobrir?" TÓIM! "Você acha melhor fazer o bem ou fazer bem?" TÓIM TÓIM! A Turma do Oi Bial.
Eu acho que a próxima geração vai nascer falando "Oi, Bial"! E essa é a mais bombástica: corre o boato que tem um participante heterossexual. Rarará!
E a mais bafo: a transexual, a operada, aquela que tem o membro eliminado. Diz que ela fez a operação na Tailândia! Só que na Tailândia mudança de sexo é chamada de reciclagem sexual. Então ela não é operada, ela é reciclada! Rarará!
Por isso que a nova moeda da casa se chama ESTRAVECA! E uma contradição: tem um baiano hiperativo. Rarará!
E a pele dos participantes? Eles têm pele de jacaré! Não é pele, é casca! Rarará! E eu não me conformo com aquela que posou de peito de fora e máscara de Darth Vader! Já imaginou você se encontrar numa sexta-feira de lua cheia com uma mulher com o peito de fora e máscara de Darth Vader? Sai correndo!
Como diz uma amiga minha: "Ela não podia fazer isso, o Darth Vader é sagrado". E todo ano eu peço pro Boninho um "BBB" de sogras.
1) Cada um paga R$ 10 pra inscrever a sogra. 2) As sogras têm que permanecer na casa por 45 anos. 3) nenhuma sogra poderá ser eliminada! Rarará!
Um quarto dos brasileiros sofre depressão pós-férias! E quando chega, dá de cara com o IPVA! Como diz um amigo: "O IPVA é impagável e o meu carro é IMPLACÁVEL!".
E todo mês de janeiro eu provo que Cristo é brasileiro: vivia fazendo milagre, andava sem dinheiro e se ferrou na mão do governo! Por isso que a árvore símbolo do Brasil é o ipê: IPÊva, IPÊtu, IPÊi!
Vou me rebelar. Vou botar fogo no colchão. Não vou pagar IPORRA Nenhuma. A situação tá ficando psicodélica! Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MARCOS SÁ CORRÊA

Não é a chuva que deve ir para a cadeia
Marcos Sá Corrêa
O Globo - 14/01/2011

Das surpresas do clima quem pode falar por todos os políticos com conhecimento de causa são os faraós egípcios. Eles, como o ex-presidente Lula, agiam como enviados do céu à terra. E, ao contrário do ex-presidente Lula, não falam desde que saíram de cena, a não ser por intermédio de escribas e hieroglifos.

Mas, como encarnações do sol, se o sol fracassava lá em cima eram arrancados do trono cá embaixo, surrados e cuspidos no fundo do Nilo. Tudo porque o rio deixava de inundar o delta que nutria seu reino agrícola. Lá, o regime político mudava conforme o regime do rio. Tornava-se violento e insurreto até o Nilo voltar à normalidade, irrigando uma nova dinastia.

As vítimas dessas tragédias políticas e climáticas não tinham, na época, como saber que as cheias do Nilo eram regidas pelas chuvas de monção do Sudeste Asiático, que por sua vez dependiam de ventos conjurados pela temperatura das águas no Oceano Pacífico, do outro lado da terra, na costa da América do Sul, um lugar mais distante que o sol do cotidiano egípcio.

O culpado da desordem era um fenômeno natural que só entrou há duas décadas no noticiário internacional, com o nome de El Niño. Mas deixar o clima fazer seus estragos à solta, em Tebas ou Menfis, tinha custo político, porque da regularidade do rio dependiam vidas humanas. O preço era injusto, cruel e exorbitante. Como é injusto, e talvez seja também cruel e exorbitante, que hoje não se processe no Brasil, por homicídio culposo, o político que patrocina baixas evitáveis e supérfluas em encostas carcomidas e vales entulhados por ocupações criminosas.

No dia em que um prefeito, olhando as nuvens no horizonte, enxergar a mais remota possibilidade de ir para a cadeia pelas mortes que poderia impedir e incentivou, as cidades brasileiras deixariam aos poucos de ser quase todas, como são, feias, vulneráveis e decrépitas. De graça, ou com o dinheiro virtual do PAC, os políticos não consertarão nunca a desordem que os elege.


Não adianta ameaçá-los com ações contra o Estado ou a administração pública, porque o Estado e a administração pública, na hora de pagar a conta, somos nós, os contribuintes. O remédio é responsabilizar homens públicos como pessoas físicas pelos crimes que cometem contra a vida. Às vezes em série, como acaba de acontecer na Região Serrana do Rio de Janeiro.


O resto é conversa fiada. Ou, pior, papo de verão em voo de helicóptero, que nessas ocasiões poupa às autoridades até o incômodo de sujar os sapatos na lama. Pobres faraós. O longo e virtuoso caminho civilizatório que nos separa de seu linchamento está nos levando de volta à impunidade anárquica das entressafras dinásticas, quando a favelização lambia até as suntuosas muralhas de Luxor.

Linchar um político não é a mesma coisa que malhar seus projetos. E os brasileiros estão perdendo mais uma chance de bater com força no projeto de lei número 1.876/99, que o deputado Aldo Rabelo transfigurou, para enquadrar o Código Florestal nos princípios do fato consumado. Ele reduz à metade as áreas de preservação em margens de rio, dispensa da reserva legal propriedades pequenas ou médias e consolida os desmatamentos ilegais. Nunca foi tão fácil saber aonde ele quer chegar com isso, folheando as fotografias aéreas das avalanches em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Dá para ver nas imagens o que havia antes nos pontos mais atingidos. É o que o novo Código Florestal vai produzir no campo. Mais disso. 

PREVENÇÃO

MONICA B. DE BOLLE

"Plus ça change?"
MONICA B. DE BOLLE
O ESTADO DE SÃO PAULO - 14/01/11


O famoso epigrama do jornalista francês Jean-Baptiste Alphonse Karr é perfeito para o momento atual. Em se tratando da recuperação da economia global, quanto mais as coisas mudam, mais permanecem iguais. Não estivesse o drama fiscal europeu tão em evidência, um leitor distraído poderia facilmente descartar as manchetes dos últimos dias, acreditando estar lendo os jornais de três anos atrás. Alta de preços de commodities, choque de oferta de alimentos, inflação global em elevação, clamores de sobrevalorização cambial nas economias emergentes, sobretudo por causa da abundância de liquidez externa... Todos esses ingredientes estavam presentes no início de 2008, às vésperas da crise financeira. A violenta recessão global os removeu, temporariamente, do topo da lista de preocupações das autoridades mundiais. No entanto, eles voltaram revigorados e renovados neste início de 2011, sintomáticos dos alarmantes desequilíbrios por trás da retomada da atividade mundial.

No início de 2008, foram os excessos do setor financeiro privado das economias avançadas que, em conjunto com a exuberância de alguns países emergentes, criaram as condições para as altas verificadas nos preços das matérias-primas e para a fartura de liquidez, pressionando a inflação, de um lado, e valorizando as moedas locais, de outro. Em 2011, são os excessos dos governos das economias maduras, provocados tanto pela necessidade de conter o impacto recessivo da crise quanto por certa dose de imprudência, em combinação com uma postura macroeconômica procíclica semelhante à de 2008 em algumas economias emergentes, que estão gerando sintomas e dilemas iguais aos anteriores. Contudo, os instrumentos de política econômica que estão sendo usados por alguns países emergentes - como o Brasil - para enfrentar os mesmos problemas de 2008 têm sido um pouco diferentes. Mais medidas macroprudenciais, mais intervenção nos mercados de câmbio, menos instrumentos monetários convencionais. Por quê?

Por um lado, há um "novo" contexto global pós-crise. O consenso de que falhas regulatórias tornaram o sistema financeiro mundial mais vulnerável, possibilitando a crise, serviu para enaltecer o papel das medidas macroprudenciais, como atestam vários relatórios recentes de órgãos internacionais, como o BIS e o FMI. Essa é uma razão para que instrumentos como depósitos compulsórios, mudanças nos requerimentos de capital para determinadas operações de crédito ou mesmo certos tipos de intervenção no funcionamento dos mercados de câmbio tenham hoje mais relevância e aceitação do que no passado recente, motivadas pela necessidade de prevenir os excessos perniciosos de liquidez e de crédito. Por outro lado, como o instrumento convencional de combate à inflação, a taxa de juros, tende a acentuar o já elevado diferencial entre os rendimentos dos ativos das economias emergentes e das economias maduras, as medidas macroprudenciais têm um benefício colateral vantajoso agora, ainda que sejam um pouco distorcidas. Como esses instrumentos têm um impacto sobre as condições de liquidez da economia, eles podem atenuar o dilema dos bancos centrais dos países emergentes ao limitar a magnitude do aperto monetário necessário para conter as pressões inflacionárias, reduzindo o impacto sobre o diferencial de juros que estimula as entradas de capitais e valoriza as moedas locais.

Não há dúvida de que essas considerações se aplicam ao Brasil. No entanto, o problema da inflação e do câmbio no País não tem apenas origens externas. Os excessos de demanda doméstica observados, sobretudo quando vinculados a um crescimento descontrolado do gasto e do crédito público, geram sobrevalorização cambial e resultam em pressão inflacionária. Ignorar isso e tentar resolver o problema de outras formas, evitando o uso agressivo de receitas macroeconômicas básicas, arrisca, no mínimo, a anemia econômica associada a um peso excessivo do Estado, como temos visto nas economias maduras. Plus ça change... plus c""est la même chose.

ECONOMISTA, PROFESSORA DA PUC-RJ E DIRETORA DO IEPE/CDG

DAVID KUPFER

Crônica de um déficit anunciado
DAVID KUPFER
O ESTADO DE SÃO PAULO - 14/01/11


Mesmo tendo registrado um saldo superior a US$ 20 bilhões, 2010 deve ser entendido como um ano em que a balança comercial brasileira deu mais um passo rumo a um déficit anunciado.

Como é sabido, esse resultado favorável dependeu majoritariamente da melhoria ocorrida nos preços de algumas commodities, como minério de ferro e soja, que se alinham entre as mercadorias mais exportadas pelo País.

Um olhar mais estrutural, focado somente na indústria de transformação, vai encontrar no desempenho pífio exibido pelo comércio exterior desse conjunto de setores evidências mais do que suficientes para justificar essa conclusão.

De acordo com dados recém-divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, em 2010 a indústria de transformação apresentou um déficit de US$ 36,9 bilhões, bem mais do que o dobro dos US$ 16,4 bilhões negativos de 2009. Porém, é a velocidade com que a balança comercial desse segmento da indústria vem se deteriorando que chama a atenção: basta lembrar o expressivo saldo de US$ 22,6 bilhões registrado em 2006, quando o atual ciclo de apreciação cambial estava em seus primórdios.

Quem se habilitar a realizar o simples exercício de calcular em separado os resultados dos setores superavitários e deficitários da indústria de transformação vai encontrar números ainda mais sugestivos. Em 2006, o superávit dos setores do primeiro grupo foi de US$ 43,9 bilhões enquanto o déficit dos setores do segundo grupo foi de US$ 21,3 bilhões. Já em 2010, o número recuou para US$ 31,6 bilhões no caso dos superavitários e pulou para, nada mais, nada menos, do que US$ 68,6 bilhões no caso dos deficitários.

Se o leitor ainda tem dúvidas, vale refazer o exercício retirando-se dos cálculos os gêneros da indústria de transformação em que predominam bens commodities, a saber, celulose e papel; produtos alimentares (açúcar, café etc.); couro e peles; e bebidas (etanol). Nesse caso, o déficit comercial em 2010 atingiu US$ 66,6 bilhões, tendo os setores superavitários alcançado em conjunto tão somente US$ 1,9 bilhão, menos do que 10% do saldo total da balança comercial do País.

Essa piora generalizada no desempenho comercial da indústria de transformação que, como visto, está afetando quase todos os seus setores independentemente de serem exportadores ou importadores líquidos, indica a existência de um problema sistêmico de competitividade na economia brasileira, cujo enfrentamento não pode mais ser adiado.

É COORDENADOR DO GRUPO DE INDÚSTRIA E COMPETITIVIDADE DO INSTITUTO DE ECONOMIA DA UFRJ

GOSTOSA

CELSO MING

Trem-bala para as reservas
CELSO MING
O ESTADO DE SÃO PAULO - 14/01/11


As reservas externas ultrapassaram na quarta-feira os US$ 290 bilhões, anunciou ontem o Banco Central. Provavelmente ainda no primeiro trimestre chegarão aos US$ 300 bilhões.

Não dá mais para sustentar a alegação de que o Banco Central segue empilhando reservas para blindar a economia contra crises. Em 2008/2009, reservas em torno de US$ 200 bilhões foram mais do que suficientes para reduzir o impacto no Brasil da maior crise do capitalismo desde os anos 30 a "simples marolinha". Mesmo aceitando prognósticos, cada vez mais raros, de que o pior ainda está por vir, não se pode mais insistir que o País precisa de couraça mais resistente.

Tampouco dá para aceitar o discurso das autoridades do Banco Central de que atuam no câmbio apenas para evitar indesejada volatilidade. No início da semana, admitiram que irão atuar no mercado de derivativos em nome do Fundo Soberano do Brasil (administrado pelo Tesouro), com o objetivo de evitar excessiva valorização do real.

A montanha de reservas impõe custos, cada vez mais altos. Custam a cada ano o que custará o trem-bala para o País. Acompanhe os cálculos:

Para cada US$ 100 lançados nas reservas, o Banco Central tem de aumentar a dívida pública no equivalente a R$ 167. (Esse despejo de títulos aumenta a dívida bruta; não eleva a dívida líquida porque no outro prato da balança há o ativo em reservas.) Essa emissão de dívida é necessária para retirar do mercado os reais usados na compra dos dólares. É a operação de esterilização da emissão de moeda, como dizem os técnicos.

Para sustentar reservas de US$ 290 bilhões, o Banco Central mantém no mercado R$ 485 bilhões em títulos. Os US$ 290 bilhões em moeda estrangeira comprados pelo Banco Central e aplicados no mercado internacional rendem mais ou menos 2% ao ano, o que dá US$ 5,8 bilhões ou R$ 11,4 bilhões. Em contrapartida, o País tem de pagar pelos R$ 485 bilhões da operação de esterilização juros de 10,75% ao ano, o que implica despesa de US$ 31,2 bilhões ou R$ 52,1 bilhões.

A diferença entre o rendimento das reservas e os juros pagos em reais para mantê-las é de US$ 24,4 bilhões ou R$ 40,7 bilhões, volume equivalente às projeções dos custos de construção do trem-bala.

São números que podem variar alguma coisa, dependendo das magnitudes assumidas para o volume médio de reservas, juros recebidos, juros pagos e câmbio.

Pergunta crucial: vale a pena gastar tanto para ostentar reservas desse tamanho? Alguém poderia responder: é claro que vale, porque as compras de dólares evitam uma derrubada maior das cotações do dólar no câmbio interno. Certo? Provavelmente, não. Porque esse tamanho das reservas também é fator importante de atração de dólares, na medida em que aumenta a percepção de solidez da economia e foi razão definitiva para que o Brasil conquistasse grau de investimento para sua dívida. Se tivesse apenas US$ 50 bilhões em reservas, volume existente ao final de 2005, o Brasil teria o afluxo de moeda estrangeira que tem hoje? É claro que não.

Ninguém sabe se o trem-bala será aprovado, porque seu custo é tão alto que inviabiliza qualquer tarifa. Por que esse raciocínio não vale para as reservas externas?

CONFIRA

Assim não dá

No pronunciamento de ontem, que justificou a manutenção dos juros básicos da zona do euro em 1% ao ano, o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, voltou a atacar os governos da área que não cumprem seus compromissos de austeridade. Na semana passada, Trichet já avisara que "a responsabilidade na política monetária não pode ser substituto para a irresponsabilidade dos governos".

Duas vezes mais

O crescimento do PIB da Alemanha, de 3,6% no ano passado, é mais do que o dobro da média do crescimento previsto para a área do euro (1,4%). A França só vai crescer 1,4%; a Itália, 1,0%; e a Espanha terá queda do PIB de 0,4%.

Duas velocidades

Esse resultado consolida a percepção de que a área do euro opera com duas velocidades: a da Alemanha e a do resto. Não são resultados que terão impacto apenas econômico. Tendem a consolidar a hegemonia da Alemanha dentro do bloco.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Segunda mão
SONIA RACY

O ESTADO DE SÃO PAULO - 14/01/11

A areia retirada do leito do Tietê, um milhão de metros cúbicos por ano, será reciclada. Depois de anunciar que intensificará os trabalhos de desassoreamento no rio, Alckmin tenta agora diminuir impactos subsequentes às enchentes. Antes, o entulho seguia para lixão próximo a Itaquaquecetuba.

A licitação para colocar em prática o projeto de Amauri Pastorello, do Departamento de Águas e Energia Elétrica de SP, deve sair até o fim deste mês.

A saber: após tratada, a areia será vendida à construção civil. Além do retorno financeiro, representará menos impacto ao meio ambiente.

Tragédia

A Procuradoria Geral do Município do Rio está em luto desde anteontem. O telefone do gabinete do procurador-geral tocou no fim da tarde e, do outro lado da linha, Regis Fichtner, secretário da Casa Civil, trazia más notícias.

A filha de uma procuradora, que passava férias em Teresópolis, não sobreviveu às enchentes que assolam a região serrana do Rio de Janeiro.

Tragédia 2


Reservas em hotéis dos Roteiros de Charme, na mesma região, estão sendo canceladas. Mesmo sem o abalo de suas estruturas, o acesso aos empreendimentos está praticamente inviável por conta dos desmoronamentos nos arredores.

A maioria não cobra multas e renegocia diárias, como o Rosa dos Ventos, por exemplo.

Nome certo


Está decidido. Tesoureiro na campanha de Serra e braço direito de Andrea Matarazzo, Luis Sobral é o novo secretário-adjunto de Cultura do Estado.

Celeuma


Ana de Hollanda ligou para Antonio Patriota e o tema era Paulo Coelho. O escritor está envolvido em polêmica com o governo iraniano, que, segundo ele, proibiu -ontem houve desmentido oficial- a venda de seus livros naquele país.

A partir de agora, quem passará a cuidar do caso é o ministro das Relações Exteriores. Decisão de Dilma. Coelho, aliás, agradeceu o apoio que recebeu do governo brasileiro.

Linda e ruiva

Luciana Vendramini cortou e tingiu os cabelos de ruivo para viver advogada atuante na ditadura militar em Amor e Revolução. A novela de época do SBT estreia em fevereiro.

"Sei fazer a Cameron Diaz, a "patricinha" atrapalhada, mas sempre esperei por personagens complexos na TV", afirma.

Tipo importação


Christina Aguilera vai flanar pelos corredores da SPFW. A cantora americana fechou com a C&A, para quem assina coleção.

Além de dar rasante na Bienal, ela gravará campanha da marca.

Voz do dono

Zé Pedro fez de sua paixão por cantoras brasileiras um negócio. Abriu o selo Joia Moderna e lança, neste mês, quatro discos.

O de Zezé Motta tem repertório de Jards Macalé. Silvia Maria praticamente retoma a carreira com o projeto. Cida Moreira optou por voz e piano. E a série A Voz da Mulher na Obra de... reúne intérpretes em torno de um único compositor. Na estreia,
Taiguara.

Dona da voz


Cida adianta que seu disco, A Dama Indigna, terá versão de Back to Black, hit de Amy Winehouse, e Lullaby, de Tom Waits.

A cantora brasileira lança a obra em dois shows no Auditório Ibirapuera. Dias 11 e 12.

Saudosa Maloca
Rubens Ewald Filho, crítico de cinema, volta a testar seu talento como diretor de teatro. Dirigirá o musical Adoniran Barbosa, com músicas do sambista.

O projeto ainda está em fase de captação de recursos.

Na frente


Paulo von Poser inaugura exposição na BM&FBovespa. Na quarta-feira.

O Amor e Outros Estranhos Rumores, com Débora Falabella, reestreia no Tuca. Hoje.

Izzy Gordon canta no Madeleine Bar. Quarta-feira.

Magoo Felix abre mostra na Choque Cultural. Amanhã.

O musical Peter Pan estreia no Teatro Alfa. Hoje.

A mostra de fotos São Paulo Blues, de Klaus Mitteldorf, começa dia 25. No MIS.

O Centro Cultural Rio Verde lança sua programação infantil com shows e contação de histórias. A partir do dia 22.

A mostra Olharesdefora, curadoria de Alexandre Belém, começa dia25. Na Galeria Ímpar.

Interinos: Débora Bergamasco, João Luiz Vieira, Marilia Neustein e Paula Bonelli.

UPLOAD

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Balança comercial de máquinas pesadas fecha 2010 com deficit
MARIA CRISTINA FRIAS

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/01/11

A balança comercial de máquinas pesadas feitas sob encomenda, chamadas de não seriadas, fechou mais um ano no vermelho.
Em 2010, as importações ultrapassaram US$ 5,6 bilhões, ante exportações de US$ 4,2 bilhões, deficit de US$ 1,47 bilhão, segundo a Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base).
Bens de capital sob encomenda são máquinas e equipamentos fabricados para necessidades específicas de indústrias ou de empreendimentos, diferentemente das máquinas feitas em série.
Apesar de negativa, a balança empatou na comparação com o ano anterior. Em 2009, as importações superaram as exportações em US$ 1,51 bilhão.
"O saldo negativo estancou. Em 2011, esse cenário tem de mudar, pois historicamente o Brasil é superavitário no setor", diz Paulo Godoy, presidente da entidade.
A tendência de deterioração começou em 2007. Com os primeiros sintomas da crise, o saldo da balança no setor despencou. Em 2008, fechou negativo pela primeira vez desde 2004, em US$ 11 milhões. Em 2009 e em 2010, fechou no vermelho.
"Agora vamos observar atentamente a eficácia dos efeitos das medidas tomadas pelo governo de incentivo ao exportador", diz Godoy.
O ressarcimento de créditos tributários será acompanhado de perto, segundo a entidade. Câmbio e concorrência da China também preocupam.

MAIS CAIXAS ELETRÔNICOS
Os bancos devem aumentar o número de caixas eletrônicos nos próximos anos, diz o diretor de tecnologia da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Gustavo Roxo.
De 2008 para 2009, o aumento foi de apenas 1,9%, pois o foco era a implantação dos equipamentos para pessoas com deficiência, em especial surdos e cadeirantes.
"A tendência da sociedade é o autoatendimento. Após três anos com foco na acessibilidade, agora é hora de voltar a termos maior crescimento nesse setor", diz Roxo.
Em 2010, o Banco do Brasil registrou 200 milhões de transações a mais que em 2009. O volume movimentado foi de R$ 473 bilhões.
A projeção do HSBC também é de crescimento. A quantidade de dinheiro movimentada nos terminais no ano passado deverá ser superior em R$ 1,5 bilhão, na comparação com 2009. O valor pode chegar a R$ 55 bilhões.
Além dos caixas eletrônicos, o diretor de tecnologia da Febraban também espera aumento do número de transações via internet.

Atrás da... Pequenas e médias empresas brasileiras aumentarão em 81% seus investimentos em tecnologia em 2011, acima da média dos mercados emergentes, de 69%, segundo a IBM. O país fica atrás apenas da Índia, onde 84% das companhias gastarão mais com TI.

...Índia Na média global, mais de 50% das empresas pretendem aumentar seus orçamentos de TI nos próximos 12 meses, ante 20% em 2009, segundo a pesquisa que ouviu 2.000 empresas de médio porte em 22 países.

De olho no lance A Câmara de Comércio Brasileira no Reino Unido constituiu um comitê para os grandes eventos esportivos que ocorrerão no Brasil. Participam dele os escritórios Demarest no Brasil e Noerr na Europa, além de empresas.

Plástico Cresce o número de brasileiros que preferem cartões de débito a dinheiro ou cheque. Segundo estudo encomendado pela Visa, que inclui todas as marcas, 65% dos entrevistados dizem usar cartões de débito. Quase 80% afirmam que recorreram ao plástico nos últimos 30 dias.

Preocupação... Curitiba é a capital em que a população tem maior interesse em companhias que investem em preservação ambiental. Cerca de 80% das pessoas dizem que são muito interessadas no tema, segundo estudo da empresa de pesquisa Market Analysis com mais de 1.600 entrevistas. Belo Horizonte e Brasília têm baixo interesse.

...ambiental Na opinião dos pesquisados, as ações mais importantes que uma empresa deve exercer para ser socialmente responsável na proteção do meio ambiente são reciclagem (34%) e reflorestamento (23%).

ARQUITETURA NO ATAQUE
A Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) e a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) fecharão até março acordo para renovar sua parceria.
A intenção é continuar o processo de internacionalização da arquitetura brasileira, que começou em maio de 2009.
Após a conclusão da primeira fase do projeto, a Asbea pretende aumentar o número de escritórios com negócios no exterior.
"Agora vamos ao ataque. Faremos ações mais fortes de prospecção, na carona de medidas diplomáticas do Brasil", diz o presidente da Asbea, Ronaldo Rezende.
Os mercados que mais atraem a atenção da associação são Angola, Colômbia e Qatar.
"Também estamos de olho em Cuba, pois a abertura econômica é iminente e temos muitas chances de superar os americanos, que são fortes concorrentes", diz Rezende.
Em 2010, mais de dez escritórios de arquitetura ganharam prêmios internacionais, segundo a gerente do projeto da Asbea, Carina de Carvalho.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e VITOR SION

DORA KRAMER

A regra do jogo
DORA KRAMER
O ESTADO DE SÃO PAULO - 14/01/11


A presidente Dilma Rousseff faz hoje sua primeira reunião ministerial e, como tudo neste início de governo é naturalmente visto sob a ótica do cotejo com a administração anterior, poderá marcar (ou não) mais uma diferença de estilo.

Ela dirá quais são as regras do seu jogo.

Na primeira metade do primeiro mandato de Lula, ainda sob o comando de José Dirceu, houve várias reuniões ministeriais que eram caracterizadas como grandes eventos onde se estabeleciam metas que eram manchete de jornal.

Na reunião seguinte, de novo falava-se em metas sem a cobrança nem o resultado das anteriores. Logo ficou claro que tais encontros tinham o único objetivo de ocupar espaço nos meios de comunicação.

Tanto é que, quando começaram os escândalos, cessaram as reuniões periódicas. Se Dilma reunirá ministros à brinca ou à vera é algo que se confere em pouco tempo.

Um bom parâmetro será o Conselho de Gestão e Competitividade. Pode atuar para valer ou pode ter o destino do Conselho de Desenvolvimento Social e Econômico. Recebido como uma grande novidade, digna de cobertura nobre pelos meios de comunicação, o que se viu na realidade é que o chamado "conselhão" não serviu para coisa alguma e perdeu importância.

A antecipação, ontem, de pontos a ser abordados por ela na abertura da reunião de hoje e, sobretudo, a reserva que se impôs desde a posse trazem boas notícias.

Consta que Dilma será bem objetiva: determinará corte de gastos com custeio a toda a administração; informará que nas agências reguladoras não serão aceitas indicações políticas para os cargos vagos e para a substituição dos mandatos a serem concluídos.

Anunciará que os cargos de segundo escalão poderão ser preenchidos pelos partidos, mas avisará que cada um ficará responsável pelo desempenho do respectivo indicado e mais uma vez afirmará seu compromisso com a ética.

Não obstante óbvio diante dos desmandos em vigor até 31 de dezembro último, o rol das providências é bom.

O cardápio, porém, deixa à vista uma evidência: se for mesmo para valer, significa que Dilma Rousseff não teve a influência no governo anterior apregoada durante a campanha eleitoral, já que faz tudo diferente.

Falava-se dela como se fosse a verdadeira alma do governo, a inspiradora de todas as decisões. Vê-se agora que isso não era verdade. Ou, então, essas primeiras decisões têm peso relativo na perspectiva daquilo que realmente será posto em prática.

Uma terceira hipótese: discordava dos gastos a rodo, da opção preferencial pelo aprofundamento do fisiologismo e do menosprezo ao mérito e à ética, mas calou para não desagradar ao chefe.

Liturgia. Um acerto a ida de Dilma ao Rio, sua presença ao lado do governador Sérgio Cabral na entrevista sobre a tragédia das chuvas e a breve mensagem de solidariedade às vítimas.

Prova de que pode se sair muito melhor o governante obediente ao regulamento que o que não ouve ninguém a não ser o próprio instinto.

Titularidade. É uma idiossincrasia vã essa exigência de Dilma de ser chamada de "presidenta". Isso se for mesmo exigência dela e não invenção de marqueteiro.

Não foi por implicância que a imprensa decidiu tratá-la por "presidente": é o originalmente correto - o termo "presidenta" foi incorporado ao idioma por dicionaristas -, soa muito melhor e segue a regra de substantivos usados para os dois gêneros.

Mesmo auxiliares da presidente têm alguma dificuldade de se referir a ela segundo a nova norma. Sem contar que é constrangedor ver gente adulta tentando se adaptar só para agradar ao poder.

No lugar de tentar impor a regra, mais adequado seria o governo se adequar à prática idiomática comum no País. Inclusive porque não é isso o que fará a afirmação feminina, muito menos determinará o sucesso ou fracasso da primeira mulher presidente do Brasil.

Bom senso é como caldo de galinha: mal não faz.

JAPA GOSTOSA

IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

Mui amable, usted lo merece
Ignácio de Loyola Brandão 
O Estado de S.Paulo - 14/01/11

Fim de ano. Nas ruas onde há postos de serviço, longuíssimas filas de carros nas ruas provocam congestionamentos imensos. Há falta de gasolina, os argentinos estão revoltados. Dizem que a cena se repete a cada ano. O que se vê? Pessoas carregando galões e furando as filas dos automóveis. Brasileiros já viveram esta época nos anos 80. Este é o verão mais quente dos últimos 58 anos, avisam os jornais. Excesso de turistas (90% brasileiros barulhentos, grande parte cariocas prepotentes), excesso de aparelhos de ar-condicionado, ventiladores e freezers ligados levam ao colapso de energia. Na frente dos restaurantes e lojas de grife ficam estacionados geradores gigantes, como prevenção. A cada um ou dois dias nosso apartamento em Palermo Soho viveu às escuras. Se não há energia, a água não sobe para as caixas. Falta, portanto, água.

Na hora do corte de energia sentimos a solidariedade portenha. Apenas uma fase do prédio estava desligada. Uns tinham luz, outros não. André, meu filho, percorreu vários apartamentos e todos se mostraram dispostos a ajudar. Duas senhoras quiseram apanhar as coisas de nossa geladeira e guardar na delas. Outro propôs uma maluquice. Fazer um "gato", ou gambiarra, de nosso apartamento direto ao poste da rua, declinamos.

Nas ruas, os táxis fazem desvios para fugir dos congestionamentos, aproveitamos e percorremos ruas jamais vistas, sombreadas. Porém, há brasileiros que se sentem enganados, brigam. Mesmo que se dê uma volta imensa, o taxímetro vai marcar, quando muito, 5 reais a mais. Árvores, árvores por toda a parte, e parques.

Quem esteve aqui outras vezes, percebe uma atmosfera de desencanto no ar, melancolia, a cidade está suja, meio abandonada. Trabalhadores querem aumento, bloqueiam as ruas, o Banco de La Nación prometia greve, nas casas de câmbio não havia cédulas de pesos. Mas o chinês da quitanda da esquina trocava dinheiro ao câmbio oficial, lembrando o Brasil de uma época em que havia o contrabandista de uísque, o fornecedor de cigarros americanos e o doleiro particular.

Continua a cidade onde se pode apanhar o jornal, o livro, o laptop ou o caderno e sentar-se à mesa, pedir um café e ficar. Não se tem pressa, os serviços são lentos, num tempo deles. Continuam sendo milhares os cafés e restaurantes, principalmente na região de Palermo, invadido não apenas pelos turistas, mas também pelas imobiliárias. Tanto que a região vai "aumentando", esticando segundo a conveniência das imobiliárias, assim como fazem com os Jardins em São Paulo.

Já existem vários Palermos, citados por Laura Linares e Hugo Caligaris (que nada têm a ver com o nosso Contardo, de preciosas crônicas) num livro delicioso, Buenos Aires, Dos Mil Calles e Un Gato. Palermo Velho, cujo centro é a praça Cortázar; Palermo Soho; Palermo Hollywood; Palermo Chico; Las Cañitas; Palermo Botânico; Villa Freud (reduto dos terapeutas); Pasaje Bollini, onde Jorge Luis Borges ia tomar café no bar Dama de Bollini; Palermo Boulevard; Palermo Coppola, por causa do hotel de Francis Ford, o cineasta; Palermo Queens, por causa de Villa Crespo, que eles consideram a Queens daqui, assim como há a Queens de Manhattan, Nova York; Palermo Rosa, refúgio dos gays, entre as calles Cordoba e Gascón e a Palermo Dead, nas proximidades do cemitério de Chacarita, também conhecido como Chacalermo.

Quando damos uma gorjeta, ouvimos "mui amable". Quando agradecemos, alguns nos dizem "usted lo merece", o que me parece mais poético e educado que o nosso "imagine". Garçons, aqui chamados de "mozos", praticamente já falam o português. Nos cardápios vem a descrição dos pratos e ingrediente, acrescidos de uma palavra: y algo. Seja lá o que for esse algo, traduzido para o inglês como: "and something." Aos naturalistas, um alerta: parece haver crise de granola na cidade, todos os menus naturais anunciavam a sua ausência. Semana passada, nos restaurantes estava difícil encontrar folhas verdes para as saladas, por causa da seca. Maioria dos supermercados com grandes estoques de vinho, encimados pelo aviso: vende-se apenas duas garrafas por cliente.

Peculiaridades. Na esquina da Calle Uriarte, passada a Córdoba, há um ponto de ônibus. Diante dele, o dia todo, fica um cão labrador, imenso e lindo, escarrapachado, de barriga, porque o solo é fresco. Para cada um que sai do ônibus, ele ergue a cabeça, recebe um afago, e volta ao sossego. Para alguns, que de certo considera vips, ele se põe de pé, recebe o carinho, deita-se de novo.

Homens quase todos de bermudas, compram chapéus, eu mesmo comprei um Panamá lindo, feito no Equador. Mulheres de minissaias, tecidos leves, transparentes. Crianças, bebês, nunca vi tantas crianças numa cidade, nem tantas mulheres grávidas, congestionamentos de carrinhos nos restaurantes. Celulares, iPods, iPhones por toda a parte. Toma-se Fernet Branca com Coca-Cola (não gostei), os taxistas acham Lula o máximo, os CDs custam 26 pesos, ou 13 reais, o que nos leva a questionar o preço de um CD no Brasil que beira os 50 reais. A Ziv Als, Calle Serrano, 1.445, e a Miles, dentro da Livraria Prometeu, oferecem variedades, novidades, clássicos, cults. Uma caixa com cinco CDs de Dalida (quem se lembra? Sucesso máximo, suicidou-se em 1987, achava a vida insuportável) me custou 36 pesos, cerca de 17 reais. Pode?

Com tudo isso, a cidade é agradável, barata, os táxis quase de graça, come-se muito bem por um terço de São Paulo. Anotem o Le Cluny (vejam se conseguem mesa servida pelo garçom Leonardo), o Pozo Santo (uma experiência com a comida peruana), e em Porto Madero, o Marcello e o Bice. O restaurante Cabrera continua o preferido pelos brasileiros, mas não é o melhor. Esperas de uma hora. Brasileiro adora isso! Pegar mesa na calçada significa o inferno, trânsito pela frente e por trás transeuntes batendo com a bolsa na sua cabeça. Prefiro o Lo de Jesus, na Calle Gurruchaga, 1.406, tratamento impecável, um ojo de bife sensacional, e altamente recomendado por Pietro Sorba, cujo guia "Bodegones de BA" é primoroso, por ele se descobre a boa comida ítalo-portenha e hispano-portenha. E bom ano para todos nós, que Dilma nos seja leve. Apesar do Temer, um dos políticos mais sem graça de todos os tempos, um Buster Keaton com seu rosto impassível.

MÔNICA BERGAMO

DUCHA GELADA
MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/01/11

Uma partida de futebol de garotos de até 11 anos acabou em briga de adulto no Paulistano, o clube mais elitizado de SP. No final de novembro, o time da casa recebeu na sede, nos Jardins, o clube Esperia, de Santana, zona norte. A provocação entre torcidas foi parar na delegacia. O empresário José Corona Neto e sua mulher, a promotora Maria Lia Pinto Porto Corona, sócios do Paulistano, registraram ocorrência no 78º DP. Lia teria levado um soco no rosto, cortado o lábio e quebrado um dente. "Estavam xingando as crianças de "viado, bicha". Quando falei "vamo [sic] manter o nível", uma senhora interpretou que eu disse que ela era baixo nível", diz a promotora.

CARTÃO VERMELHO
Segundo o BO, Corona Neto teria provocado a torcida adversária. "Ele disse que nós éramos uns pobretões da zona norte", conta a advogada Cláurea dos Santos Chalian, mãe de um jogador do Esperia, que venceu a partida por 1 x 0. Os visitantes dizem que entraram pelos fundos do Paulistano e ficaram sob a mira de seguranças.

NO RINGUE
Áurea Monteiro dos Santos, 70, é apontada como a agressora de Lia. A septuagenária teria dado um tapa na promotora, reagindo ao ser chamada de "velha esclerosada". Corona chegou a ser suspenso pelo Paulistano.

EM BLOCO
O governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), haviam marcado para ontem um jantar com Marcelo Odebrecht, presidente do grupo Odebrecht, e o presidente do Corinthians, Andres Sanchez. No cardápio, a Copa de 2014.

Querem que a empreiteira, responsável pela obra do estádio de Itaquera, e o clube se empenhem para que SP abrigue o centro de imprensa e o Congresso da Fifa. O "Itaquerão", por enquanto, será a arena da abertura da Copa.

O PEIXE E O PANDA
O Santos vai estrear no Campeonato Paulista, no sábado, com a marca (um panda) do WWF-Brasil na camisa. O patrocínio da Seara não foi renovado, e a empresa não parece disposta a pagar os R$ 25 milhões que o clube pede. No ano passado, o Peixe também "vestiu" a ONG ambientalista no começo do Paulistão. As doações aumentaram e as visitas ao site do WWF triplicaram.

NO PRELO
O 1º Prêmio Benvirá de Literatura recebeu 1.972 inscrições. Além do número, chama a atenção a idade dos autores que brigam pelo prêmio de R$ 30 mil e pela publicação da obra. O mais jovem tem 17 anos e o mais velho, 76. O veterano é o escritor Esdras do Nascimento, que já ganhou prêmios importantes. Em 11 de fevereiro, será anunciado o vencedor.

PIPOCA E GUARANÁ
A atriz Laura Neiva conferiu a pré-estreia do filme "Desenrola", no Itaim, que chega hoje aos cinemas. O diretor da Downtown Filmes, Bruno Wainer, e os também atores Jorge de Sá e Day Mesquita assistiram ao longa.

RIO NA MODA PLATEIA
A atriz Isis Valverde conferiu a coleção da Maria Bonita Extra no Fashion Rio. E o maestro João Carlos Martins, que fez a trilha sonora da Patachou, não deixou de curtir o desfile da plateia. No camarim, modelos se preparavam para o desfile da marca Alessa.

NUDEZ NO SHOPPING
Notificado pelo Ministério Público para retirar das lojas a campanha com cenas eróticas de um ator e uma stripper, o estilista Sergio K. diz que vai tomar o cuidado de não colocar nudez num corredor de shopping. As imagens foram cobertas na Oscar Freire e no Market Place.

RAÍZES
E o hotel Santa Tereza, onde Amy Winehouse ficou hospedada no Rio, a presenteou com um tatu de madeira feito por artesãos de Bichinho, interior de Minas.

SERTÃO.COM
O cantor Luan Santana fechou o ano como o campeão de downloads pagos no país, segundo o site iMusica. Divide o pódio com Beyoncé e a banda Restart.

CURTO-CIRCUITO

O MuBE inaugura hoje a "Troyart Exposição Internacional", com peças customizadas por 300 artistas. A partir das 19h, na av. Europa.

Claudia Leitte se apresenta no dia 12 de fevereiro, às 23h, no Via Funchal. 16 anos.

O cantor Rodrigo Maranhão se apresenta hoje, às 21h, no Sesc Vila Mariana. 12 anos.

O Boteco São Bento e o bar Dona Flor lançam cardápio de caipirinhas de saquê e picolés.

com ELIANE TRINDADE (interina), DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

CABEÇA OCA

JOÃO MELLÃO NETO

A lei e a ordem
João Mellão Neto 
O Estado de S.Paulo - 14/01/11

Meu filho do meio se formou em Direito no ano passado. Ele gosta de discutir comigo desde criança. Hoje em dia, eu debato com ele também por uma razão funcional. Para que venha a se tornar um bom advogado ele tem de dominar a arte de argumentar. E faço questão de levantar temas polêmicos. Assim ele já vai treinando e eu também.

Esta semana, quando soube que eu iria escrever sobre "lei e ordem", ele me questionou se, ao fazê-lo, não estaria sendo reacionário demais. O fato de já ter mais de meio século de vida, depõe contra mim. Afinal, todas as pessoas, com a idade, tendem a ser mais conservadoras. Senti-me como se fosse um dinossauro. Mas, mesmo assim, não me fiz de rogado. Uma evidência de que a velhice está chegando é que a gente passa a ter menos ilusões e se aferrar mais a nossas experiências.

"Lei e ordem, meu filho, não é um tema "de direita" nem sequer é reacionário. Você sabe o que é "anomia"?"

"Sei. É um estado de coisas em que não existem ordem, leis ou normas de conduta para as pessoas."

"Pois é. Eu me recordo de ter lido, muitos anos atrás, o surpreendente testemunho de um pensador alemão sobre um breve período de anomia que ele viveu em Berlim nos últimos dias da 2.ª Guerra Mundial. Era abril de 1945. Ninguém na cidade sabia dizer se Hitler ainda estava vivo ou não. Os nazistas já tinham ido embora e a ocupação soviética ainda não havia ocorrido. Nesse breve intervalo entre uma autoridade e outra, passaram-se alguns dias. Eram momentos de anomia. E de agonia. Como ninguém mandava em ninguém, tudo era permitido a todos."

"Pai, tenho amigos que defendem a ideia de que livrando os homens do fardo da sociedade e de suas sufocantes regras eles vão se mostrar puros e solidários uns com os outros."

"Essa é a ideia, filho, que se tentou pôr em prática na Revolução Francesa, no período do Terror. Bastava eliminar todos os vestígios da antiga ordem - nobreza, religião, leis e até mesmo o calendário - para que os homens voltassem ao seu estado natural. Com isso, viveriam todos em perfeita harmonia e paz..."

"Mas isso não deu certo."

"É obvio que não. Tanto que os próprios revolucionários que armaram essa confusão acabaram, eles mesmos, na guilhotina. Bem-feito!"

"Não existe, então, "selvagem feliz"? Conheço várias pessoas que pensam diferente..."

"Sorte dos nossos índios. Sempre aparecem gringos por aqui para afagar sua cabeça, comprar artesanato e lhes dar amendoim. O que os "civilizados" desconhecem é que eles não são tão puros e solidários assim. Mesmo antes da chegada dos brancos eles já costumavam guerrear entre si. E não eram menos cruéis e despóticos do que nós. Mas voltemos ao nosso tema inicial, a lei e a ordem. O tal pensador alemão - Dahrendorf - que vivenciou momentos de "anomia" testemunhou que o comportamento das pessoas ficou totalmente imprevisível. Gente ordeira começou a participar de saques. Um soldado russo recém-chegado tanto podia oferecer seu cavalo a uma senhora como também matá-la a tiros. Um oficial alemão que morava nas redondezas decidiu suicidar-se, mas tratou antes de fuzilar a própria esposa. E, no mais, era uma luta de todos contra todos. Ao final todo mundo suspirou aliviado quando a nova ordem se instalou... Mesmo sabendo que ela seria tão opressiva como fora a anterior."

"Pai, você quer dizer, então, que na prática o homem é mesmo o lobo do homem? Então, no seu entendimento, as pessoas que sempre afirmaram isso estavam com a razão! Você também acredita que a única maneira de as pessoas viverem em paz é pela entrega de todo o poder a um tirano?"

"Não, filho. Mas a gente tem de entender que é própria da condição humana a necessidade de ordenamento e previsibilidade do comportamento alheio. Você ficaria tranquilo se não pudesse saber se ao cumprimentar seu vizinho ele te responderá com um beijo ou uma facada? A ordem é necessária em qualquer tipo de sociedade. Isso vale no capitalismo, no socialismo e também no islamismo. Ninguém ousa governar sem ela. Os poucos que tentaram duraram pouco. Acabaram derrubados: toda a sociedade tratou de apoiar seus inimigos. Agora, de que adiantou ao povo chileno, por exemplo, substituir um Allende por um Pinochet?

"Mas o Allende tinha respaldo popular, enquanto o Pinochet, não!" - protestou o meu jovem causídico.

"Eu bem que gostaria de acreditar nisso, filho. Mas, infelizmente, não foi assim que os fatos se deram. Eu também gostaria de acreditar que o povo brasileiro nunca apoiou o regime militar e, também, que figuras como Hitler e Mussolini surgiram apenas porque ludibriaram seus povos. Mas não é verdade. Quando a ordem se esfacela, todos buscam, desesperadamente, recuperá-la. Tornam-se presa fácil de qualquer demagogo autoritário que prometa resgatá-la."

"Mas, pai, até aqui você só falou em "ordem". E onde é que entra a outra parte, a "lei"?"

"A existência das leis e seu fiel cumprimento é que garantem os direitos de todos os cidadãos. Ainda na Idade Média os barões ingleses forçaram o rei a assinar a Magna Carta. Era uma declaração pela qual ele abria mão de seus pretensos direitos de livremente dispor da vida de seus súditos. E garantia, também, que a partir de então ninguém mais poderia ser privado de sua liberdade ou de suas propriedades sem o "devido processo legal". E isso se revelou, na prática, uma das maiores conquistas de nossa civilização. Assim sendo, no meu entender, o império da lei e a garantia da ordem são elementos indissociáveis na longa jornada da humanidade aqui, na Terra. São como os dois trilhos sobre os quais os trens se assentam. Há quem diga que as linhas paralelas se cruzam no infinito. Nesse caso, é provável que sim."

JORNALISTA, DEPUTADO ESTADUAL, FOI DEPUTADO FEDERAL, SECRETÁRIO E MINISTRO DE ESTADO

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

No papel
RANIER BRAGON interino
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/01/11


Os principais assessores do novo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, promoveram reunião em Brasília na quarta-feira da semana passada para discutir os problemas na liberação dos recursos destinados à prevenção de desastres.
Na ocasião, o secretário nacional de Defesa Civil, Humberto Viana, afirmou que uma das medidas fundamentais é a construção de uma sede própria para ampliar o Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres). Chamada à reunião, a ONG Contas Abertas mostrou, porém, que até agora não saiu nenhum centavo para a obra, embora haja previsão de recursos desde o Orçamento de 2009.


Modesto Hoje o Cenad funciona nas instalações da Defesa Civil, numa sala com tímida infraestrutura.

Eu também Na segunda, o ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) manifestou a intenção de também criar um "grande programa" de previsão de catástrofes naturais, após visita ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos.

Flashback Surpreendido pelos deslizamentos e inundações que afligiram Angra dos Reis (RJ) e a Baixada Fluminense há um ano, Sérgio Cabral falou na época em "radicalizar" as políticas de ocupação do solo. Questionado à ocasião sobre a retenção de dinheiro para as obras de prevenção, disse que a imprensa mais confundia do que esclarecia.

Reforço Até anteontem no exterior, Cabral insistiu na visita da presidente Dilma Rousseff ao Rio. Aliados admitiam: com isso, ele dividia o holofote nada desejado.

Redução de danos Depois da operação de descarregamento da represa Paiva Castro, que agravou a enchente em Franco da Rocha, o governo paulista montou um QG de emergência para tentar esclarecer os motivos da medida. A Sabesp instalou uma tenda na cidade e mandará hoje caminhões para a limpeza de ruas.

Sem-teto A chuva desalojou dirigentes da Secretaria Estadual da Educação, que tiveram que deixar ontem os gabinetes no centro de SP em razão das infiltrações. Os bombeiros chegaram a interditar parte do prédio.

A ver 1 Movimentos sociais e sindicatos andam reclamando de falta de interlocução com o governo. Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), que responde pela área, está em férias. E a presidente não deu sinais de que pretende conversar diretamente, nem mesmo sobre o espinhoso tema do salário mínimo.

A ver 2 Reclama o deputado Paulinho (PDT-SP), da Força Sindical: "Na campanha, levei quatro processos e tive de pagar R$ 25 mil de multa para o Serra, tudo em defesa da Dilma. E agora não tem nem muito obrigado?"

Psiu Ministros telefonaram ao Planalto tentando se "inscrever" para falar na reunião ministerial de hoje. Só a própria Dilma e Guido Mantega (Fazenda), porém, terão a palavra garantida.

Vigilância Auxiliar de longa data do secretário Saulo de Castro Abreu Filho (Transportes) e ex-diretor da Kroll, Laurence Casagrande Lourenço presidirá a Dersa, empresa paulista na qual atuava Paulo Preto, personagem polêmico da campanha.

Canteiro Sérgio de Oliveira Alves, ex-presidente da CDHU no biênio 2005-06, assumirá a CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços), responsável pelo gerenciamento e planejamento das obras do Bandeirantes.

com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio

"Depois do furor eleitoral, Dilma passa a agir conforme a lógica de que adiar as reformas é a solução para não contrariar interesses."
DO DEPUTADO FEDERAL ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP), sobre manifestação da presidente, nos bastidores, de que pretende postergar o debate sobre as reformas tributária e política, promessas eleitorais.

contraponto

Lanterninha

Criticado em Sergipe por uma suposta demora em anunciar o secretariado de seu segundo governo, Marcelo Déda (PT) se defendeu tirando uma casquinha do colega de partido Jaques Wagner, governador da Bahia, também em segundo mandato.
Anteontem, no mesmo dia em que os dois estavam em Brasília, Déda replicou no Twitter informação de que Wagner anunciaria "nos próximos" dias seu secretariado. E acrescentou o seguinte comentário:
-Prá quem acha que eu demorei...