terça-feira, junho 22, 2010

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

A confissão do chanceler

EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 22/06/2010
 
 O presidente Lula e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, só podem culpar a si próprios por terem "queimado os dedos", como acaba de reconhecer o chanceler, na tentativa de mediar, ao lado da Turquia, a crise em torno do programa nuclear iraniano. A chamada Declaração de Teerã, pela qual o Irã concordou em enriquecer no exterior 1.200 quilos de urânio para uso em um reator de pesquisas medicinais, foi celebrada pelo governo brasileiro como um triunfo da sua atuação diplomática em escala global.

O acordo não impediu, como se sabe, que os Estados Unidos conseguissem aprovar no Conselho de Segurança (CS) da ONU um quarto pacote de sanções contra a República Islâmica pela insistência em manter os seus projetos de enriquecimento de urânio, proibidos em decisões anteriores do CS. A recusa iraniana a se submeter irrestritamente à fiscalização da agência atômica das Nações Unidas, a AIEA, e a descoberta de instalações nucleares clandestinas no país também foram invocadas para justificar a nova rodada de punições. Só o Brasil e a Turquia votaram contra.

Numa entrevista ao jornal londrino Financial Times, publicada domingo, Amorim desenvolveu um raciocínio que colide com os fatos para anunciar que, de agora em diante, só a convite o Brasil voltará a se envolver com o problema iraniano de forma "proativa". Segundo ele, foi como se Brasília tivesse levado uma rasteira de Washington. Nas suas palavras: "Queimamos os nossos dedos por fazer aquilo que todos diziam que seria útil e, no fim, descobrimos que algumas pessoas não aceitavam um "sim" como resposta." A alusão aos Estados Unidos é óbvia.
O argumento se baseia na carta que o presidente Barack Obama enviou ao seu colega Lula em abril e que o governo mais tarde vazou para a imprensa a fim de provar que o Brasil foi incentivado a procurar uma solução negociada com o Irã. Na mensagem, embora duvide da disposição iraniana "para um diálogo de boa-fé" e advirta que "continuaremos a levar adiante nossa busca por sanções", Obama considera que um acordo como o que seria selado em Teerã representaria "uma oportunidade clara e tangível de começar a construir confiança mútua".
Não fosse pelo proverbial pequeno detalhe, a versão do Itamaraty se sustentaria. Obama não precisaria ter escrito o que pode ser lido como um claro encorajamento. Bastaria o silêncio para exprimir a sua presumível contrariedade com as gestões brasileiras. Entre a carta e a pronta rejeição americana à Declaração de Teerã, um mês depois, acentuou-se em Washington um debate em surdina ao cabo do qual a linha-dura personificada pela secretária de Estado Hillary Clinton prevaleceu sobre os moderados da Casa Branca.
O detalhe, por assim dizer, é que o Brasil não foi a campo no Irã porque os Estados Unidos o estimularam a ir e depois lhe teriam dado as costas. Pelo menos desde que se preparou a visita do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, em novembro do ano passado, o governo assumiu ostensivamente a intenção de se promover a mediador do contencioso sobre o programa nuclear suspeito de se destinar à produção da bomba atômica. Nos cálculos do Itamaraty, a iniciativa daria ao Brasil, na arena política global, o equivalente ao que significa o investment grade para as transações financeiras do País.
Tamanha certeza ? ou soberba ? levou o governo a tratar como impatrióticas as advertências sobre a desproporção entre os custos (reais) e os benefícios (eventuais) da empreitada lulista para desarmar um confronto que em última análise se entrelaça com os conflitos crônicos do Oriente Médio e com os interesses estratégicos dos Estados Unidos na região. Agora, o próprio ministro Celso Amorim se rende à força das coisas como elas são e não como ele e o presidente Lula, com o seu voluntarismo desenfreado, gostariam que fossem.
Mas até na hora de pensar o que devia ter pensado antes, o diplomata tenta debitar a terceiros países o malogro da política aventureira que chamuscou a imagem do Brasil como um interlocutor amadurecido e responsável. E tudo porque o presidente Lula imaginou que popularidade interna e liderança internacional são a mesma coisa.

GOSTOSA

MELCHIADES FILHO

Portal de notícias 
MELCHIADES FILHO
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/06/10
BRASÍLIA - O governo Lula se atrapalhou ao levar à internet relatórios internos de avaliação de políticas públicas e cometeu um erro grave ao tirá-los sumariamente do ar, preocupado com a repercussão.
A sequência de atropelos lança dúvidas sobre o novo Portal do Planejamento -ferramenta de gestão promissora, porque reúne em apenas um espaço as estatísticas, leis e notícias de 50 temas sociais, econômicos e de infraestrutura.
O ministério, primeiro, foi imprudente quando, na estreia, semana passada, permitiu a divulgação não só dos dados brutos mas também das reflexões críticas habitualmente feitas pelos técnicos da pasta.
Essa transparência total parece bacana, tão raro é o governo (e sobretudo este governo) admitir erros e escancarar o que de fato pensa. Seu efeito, porém, seria o inverso: um desestímulo à franqueza.
Totalmente expostos às patrulhas, inclusive do próprio governo, os servidores passariam a medir cada palavra. Dificilmente teriam coragem de escancarar a má gerência do PAC ou a corrupção em torno do Luz para Todos, por exemplo.
Então por que o Planejamento agiu mal ao suspender o site? Justamente porque o primeiro catatau publicado foi devastador.
O portal demoliu, entre outras coisas, o plano do biodiesel (economicamente inviável) e iniciativas federais no campo (endividamento da agricultura familiar, concentração de renda e fiasco dos assentamentos da reforma agrária).
São avaliações difíceis para Lula digerir. O presidente bate bumbo do seu desempenho nessas duas áreas. A ponto até de, arrogante, ter anunciado os nomes que cuidarão delas em um governo Dilma (Miguel Rossetto e Paulo Okamoto).
O Planalto, porém, devia ter sido menos sanguíneo. Deixasse as críticas no ar e ajustasse os procedimentos mais adiante. Ao mandar engavetar o portal, só fez confirmar a vocação à propaganda enganosa e a aversão a todo tipo de crítica.

BRASIL S/A

A Oi diz alô

Antônio Machado
Correio Braziliense - 22/06/2010
 
Telefónica quer a Vivo, da Portugal Telecom, que quer um naco da Oi, que sonha com a PT

As investidas da Telefónica de Espanha sobre a Portugal Telecom (PT), com a qual partilha o controle da operadora de celular Vivo, deverão mexer com os interesses das demais empresas de telefonia no Brasil, se os portugueses cederem ao assédio dos espanhóis. 

As duas empresas ibéricas apuram no Brasil grande parte de seus resultados — e a tendência é que só venha a crescer a importância do mercado brasileiro para elas diante da crise na Europa do euro, que será longa, e no Leste Europeu, onde ambas também atuam. 

A Vivo, para a PT, é o filho único bem sucedido, o apoio dos pais na velhice. A família da Telefónica é maior e mais diversificada, estando presente em quase toda a América Latina, além da Europa. 

Mas é no Brasil, pelo tamanho da economia, que o seu negócio pode crescer, compensando a retração na Europa. Os interesses das duas se entrelaçam no Brasil e em Portugal. Lá, a Telefónica detém 10% do capital da PT, cujo controle é pulverizado de tal modo que ela, individualmente, é o seu maior acionista. No Brasil, ambas dividem a holding que controla a Vivo, mas a PT tem o comando da operação. 

A divisão atendeu aos interesses das duas até que a grande crise global se abateu sobre a Europa, abalando Espanha e Portugal, que já vinham em dificuldades fiscais e financeiras e foram tragadas pelo redemoinho provocado pela virtual insolvência da Grécia. 

Entre os sócios da PT, vários são fundos de hedge que investiram na empresa visando lucrar com desdobramentos futuros de seu plano estratégico. Eles foram atraídos para ela durante o conflito com o grupo português Sonae, do empresário Belmiro de Azevedo. No início de 2006 ele tentou assumir a PT com uma oferta hostil. Foi barrado por outros sócios, sobretudo o Banco Espírito Santo. 

Para os fundos, já passou a hora de sair da PT. Houve uma chance durante a fusão da Brasil Telecom (BrT) à Oi, mas as conversas não evoluíram. Agora, eles estão na linha de frente dos que acarinham a proposta da Telefónica, que também seduz os sócios portugueses — desencantados com as possibilidades econômicas de Portugal. 

O mesmo euroceticismo move as intenções da Telefónica, mas, para crescer no Brasil, ela precisa reinventar sua atuação no país, já que aqui o seu negócio principal é telefonia fixa, uma tecnologia em desuso, e com área de atuação limitada a São Paulo. 

A dança dos ibéricos 
A telefonia celular acoplada ao acesso à internet em banda larga sem fio é o negócio de maior expansão. A Telefónica está amarrada à PT na Vivo, o que a impede de obter ganhos de sinergia fundindo-a com a telefonia fixa. Este é o senso que movimenta os espanhóis. 

Eles querem comprar os 50% da Vivo que pertencem à PT, que reluta tanto pelo preço — a Telefônica oferece 6,5 bilhões de euros, quase US$ 8 bilhões — como pela perda da vaca leiteira, esse, o impasse maior. 

Para desempacar, a Telefónica foi ao governo Lula sondar sobre a entrada da PT na Oi, usando para isso o capital que receberia com a venda de sua metade na Vivo. A posição do governo é que se trata de um negócio privado, ainda que o BNDES seja um dos sócios da Oi. 

Versão sem aprovação 
O controle da Oi é partilhado entre a Andrade Gutierrez, dirigida pelo empresário Sérgio Andrade, e Iguatemi, de Carlos Jereissati. Os dois se reuniram com o presidente na quinta-feira para expor os investimentos, o estágio da fusão com a BrT e os planos da Oi para crescer no exterior e em satélites. A questão da PT foi falada por alto, segundo um dos presentes. Estavam na reunião o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, e Cesar Alvarez, assessor que cuida da agenda de Lula e participa do projeto de banda larga. A versão divulgada é que os empresários recorreram a Lula para blindar a Oi contra a PT. Foi o contrário. 

Lula quer Oi nacional 
Os sócios da Oi disseram que aceitam a PT como sócia, mas não com poder de decisão. E também estariam dispostos a comprar um naco da PT, incluindo as ações que a Telefónica deverá vender se conseguir levar a Vivo. Lula, segundo se apurou, gostou da ideia e os pautou a tratar com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Ratificou-se também que a Oi é empresa estratégica, a grande telco nacional. 

Multis sem blindagem 
A crise nos países ricos torna os emergentes, como Brasil, área de caça das multinacionais. Aqui, a Oi é a última barreira contra a desnacionalização das telecomunicações. O setor é dominado pela Telefônica, PT e mais Embratel, Claro e Net, todas de Carlos Slim, o bilionário mexicano; TIM, da Telecom Itália (da qual Telefónica é sócia); a GVT, da francesa Vivendi; e outras empresas menores. 

Lula apoiou a fusão da BrT à Oi, inclusive mudando a legislação, justificando-a como estratégica para o interesse nacional. Não faz sentido, portanto, encaixar em seu capital uma empresa estrangeira com poder de veto. Se vender a Vivo, a PT virará um pontinho, com menos de 20% do tamanho da Oi. Hoje, ela já é bem menor que a Oi. 

Fundos de pensão de estatais também são sócios da Oi. O acordo de acionistas, porém, dá preferência aos outros sócios, se quiserem sair. Mais: o governo tem poder de veto sobre os negócios desses fundos. A Oi está blindada. Os estrangeiros é que não estão — e se mostram incomodados com o eventual avanço da Telefónica no Brasil.

GOSTOSA

FERNANDO DE BARROS E SILVA

A hora da fugitiva
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/06/10

SÃO PAULO - Algum amigo do peito deveria presentear José Serra com um despertador. Talvez um modelo imitando o som da vuvuzela, para entrar no clima. Eram 11h42 quando o candidato tucano à Presidência entrou no palco da sabatina Folha/UOL, evento com transmissão ao vivo marcado para as 11h. Esperavam-no sentados na primeira fila, à frente da plateia que lotava o teatro, Gilberto Kassab, Geraldo Alckmin, Orestes Quércia, Aloysio Nunes Ferreira, entre tantos outros. Não é fácil descrever a cena, mas todos ali pareciam seus empregados. Serra chegou sério, sem dizer bom dia nem pedir desculpas pelos 42 minutos de atraso.Ele viria se retratar apenas no final do evento, duas horas mais tarde, depois de ser questionado sobre a razão de viver assim, sempre de mal com o relógio: "Eu detesto me atrasar. Eu sofro também, até mais do que as pessoas que esperam", disse, como se fosse o coelho da Alice. Os psicanalistas talvez se interessem por tanta e sincera aflição.Serra chegou tarde, mas compareceu à sabatina. Dilma Rousseff, sua principal adversária, fugiu do compromisso que havia assumido. É muito mais sério. A petista tem evitado sistematicamente as situações de exposição e de confronto. Em público, só com papel na frente ou de braço dado com Lula -de preferência, as duas coisas juntas.Agora, em seu giro europeu, armado às pressas e só explicável pela determinação de tirá-la de circulação, Dilma acabou posando de estadista antes do tempo. Em Paris, se hospedou num hotel de grã-fino nos Champs-Elysées e reclamou do assédio dos jornalistas. Mas não sabia bem o que dizer aos repórteres em Bruxelas, após encontro pouco amigável com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Dilma vem sendo tratada no PT como um bibelô que deve ser preservado do mundo. Vive hoje numa espécie de redoma, e sua figura vai ficando marcada, inclusive fisicamente, pelo artificialismo. É uma aposta de risco. Que pode vingar.

JOSÉ (MACACO) SIMÃO

Afogaram o bacalhau!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/06/10


Os portugueses fizeram sete gols, mas em Portugal comemoraram 14. Lá, replay vale como gol!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! Direto da Cópula do Mundo!

Eu ainda tô com a vuvuzela rouca! E esta: "Mulher machuca a garganta após soprar vuvuzela com força". Não pode ser com força, tem que ser com carinho! Rarará!
E sabe o que dá o cruzamento de Portugal com Coreia do Norte? JOAKIM JONG! Rarará.
Portugal e Coreia do Norte! 7 a 0. É futebol ou é truco? Rarará.
E adorei o nome desse jogador português: COENTRÃO! E o goleiro coreano: ele não defende, ele se assusta! Portugal fez sete gols, mas os portugueses comemoraram 14! É que em Portugal eles comemoram até replay. Replay vale como gol! Rarará! Portugal afogou o bacalhau!
E o Cristiano Ronaldo? O Cristiano Ronaldo é modelo. Devia jogar no Fashion Week! Gosta mesmo é de mostrar as pernas. E é por isso que ele usa aquele short na testa! Rarará! E sabe qual é o apelido do Cristiano Ronaldo em Portugal? Puto Maravilha. Puto é menino, em Portugal.
E como diz uma amiga minha: "Eu quero comprar o passe do Cristiano Ronaldo pra ele bater um bolão aqui em casa".
E o Luis Fabiano? Fez gol com duas mãos! Gol de vôlei! OBA! Superamos o Maradona! E ganhar com gol de mão é mais gostoso! Rarará!
E o Kaká? O site "Comentando" revela a verdadeira causa da expulsão: ele deixou a mulher gravar um CD, fez a letra da música e, o mais grave de tudo isso, ainda cantou junto. Cartão vermelho para o Kaká.
E o Kaká não fez muitos passes porque passe é coisa de pai de santo. A bispa não deixa: "Não vai ficar dando passe em campo, hein?!".
Outros dizem que ele foi expulso porque o cabelo tava mal cortado. Rarará.
Mas ele jogou super! E o bom de ser expulso é que vai pro chuveiro mais cedo! Rarará!
E o Dunga na entrevista coletiva? Assassinato da língua portuguesa via satélite. Como disse um amigo meu que, pasmem, nunca tinha visto o Dunga: "Ele é invocadinho!". Rarará. O Dunga é como maisena: só engrossa!
Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno.
E força na vuvuzela. Ops, na VUVUZEBRA!

GOSTOSA

TUTTY VASQUES

O que faz o Dunga infeliz?

Tutty Vasques 
O Estado de S.Paulo - 22/06/10
Não será surpresa para esta coluna se, na próxima sexta-feira, após uma vitória tranquila sobre Portugal, Dunga tirar satisfações com Galvão Bueno pela maneira acintosa como o locutor torce contra o Brasil na África do Sul. Periga até, se a CBF não providenciar logo uma camisa de força para o técnico, ele acabar ofendendo a mãe da Glenda Kozlowski ao vivo, em rede mundial de TV.
Na coletiva do último domingo, com tantos jornalistas bons para se xingar na plateia, Dunga escolheu justo o Alex Escobar, aquela flor de careca da TV Globo, para despejar seu repertório curto e grosso de palavrões. Sem mais nem menos! Tomou, por isso, um pito daqueles do Tadeu Schmidt no Fantástico, mas quem conhece o técnico sabe que vai ter troco. A Fátima Bernardes que se cuide, se é que já não foi praga do Dunga a dor de garganta que a tirou do ar na semana passada!
Nada de pessoal contra este ou aquele jornalista! Dunga está, como se diz no futebol, batendo para onde o nariz aponta. Não há vitória que aplaque sua infelicidade congênita! Pelo contrário, vencer só alimenta sua sede de vingança. Dizem até que dia desses, depois do treino, ele cismou que uma camareira do hotel o teria desaprovado com o olhar. Ah, coitada!
Maldição da cabeçada
Está todo mundo batendo cabeça na seleção da França, mas isso não quer dizer, necessariamente, que Zinedine Zidane tenha influência na crise dos "les Bleus".
Cacoete da crise
Em situação difícil no grupo B - se perder hoje para a Argentina, estará desclassificada da Copa -, a Grécia cogitava ontem pedir ajuda ao FMI para chegar às oitavas de final.

Nem aí!
O presidente Lula não deu muita importância às ameaças de punição ao técnico Dunga pelos xingamentos que fez também ao juiz no jogo de domingo: "Multa da Fifa vale menos que as do TSE!"
Agenda positiva
Podia ser pior! Imagina só se o Dunga fosse técnico da França, da Inglaterra, da Itália ou da Alemanha! Já teria batido em, pelo menos, meia dúzia de jornalistas!
Reage SP!
A Fifa quer instalar no Rio um parque temático da Disney durante a Copa de 2014. São Paulo foi mais uma vez preterida porque, além de estádios, não dispõe de bons patetas disponíveis para o serviço. Os que tem estão todos muito bem empregados.
De bem com a bola
Depois que fez as pazes com a Jabulani, Luís Fabiano, o Fabuloso, ganhou apelido novo na África do Sul: Fabulani!
Off-Copa
Supla e Cauby Peixoto encontraram-se ontem num hotel de São Paulo. É o que no mundo do futebol chamam de "amistoso". 
Fala Cafu!
"Faltam só 5 degrais (sic)!"

MÔNICA BERGAMO

Meus 15 Anos 
Mônica Bergamo 

Folha de S.Paulo - 22/06/2010

Maria Beatriz Lula da Silva Sato Rosa, neta do presidente Lula, comemorou seus 15 anos com festa para 400 convidados na sexta-feira, em um hotel em São José (SC). Entre fadas gigantes e bailarinas na decoração (o tema da noite era balé), ela dançou com o avô uma das valsas de debutante. Bia, como é chamada, é filha de Lurian Silva, secretária de Assistência Social da cidade.

"DE PEITO, DE BRAÇO, DE BÍCEPS, DE OMBRO. FOI LINDO"

Juliana Clemente, 28, mulher do atacante Luís Fabiano, viu o marido fazer dois gols contra a Costa do Marfim, anteontem, na chácara da família em Jaguariúna (SP). Estava com as filhas Giovanna, 6, e Gabriella, 3. Ela conversou com a coluna:



Você sentia cobrança grande em cima do Luís?
Atacante vive de gol, né? Por mais que jogue bem, precisa fazer gol. Eu sabia que ia sair. Sempre saiu nos momentos importantes. Na hora certa Deus foi lá e abençoou.

Com a ajuda do braço, né?
A gente brincou e eu falei pra ele: quando é pra ser, é de qualquer jeito. Não tem problema de peito, de braço, de bíceps, de ombro. Foi gol, o juiz deu e foi lindo. E é isso que vai ficar marcado.

Como ele estava?
Falamos logo depois do jogo. Ele estava feliz, comemorando, uma batucada no ônibus que eu quase não escutava nada. O Robinho e o pessoal sempre levam apetrechos de samba e ficam fazendo musiquinha.

Você assistiu à partida toda?
Eu assistia um pouco, trocava a roupinha de uma, arrumava o cabelinho da outra. A gente juntou a família pra ver o jogo e pra comemorar o aniversário da Gi, que fez seis aninhos no dia 17. Quando ele fez o gol a Gabi gritava: "Gol do pai!". E assoprava a vuvuzela. A Gi pulava e cantava: "Uhu, uhu! Meu pai é fabuloso!".

Qual seleção vai ser a maior adversária do Brasil?
Até então eu estava achando a Espanha. Hoje [ontem], depois de sete gols de Portugal, a gente começa a pensar. Mas, de verdade, não vai ter pedreira. Já falei pra ele: você volte com a taça, por favor. A saudade tá grande, mas não precisa voltar antes.

Qual seu palpite pra sexta?
Três a um tava bom. Eu ia falar: dois do "pai" e um do Kaká, mas com aquela expulsão injusta do Kaká... Então acho que 2 a 1 tá bom. Dois do Luís Fabuloso.

Ficou com medo de que ele se machucasse no jogo?
Fiquei. Depois daquela entrada criminosa no Michel Bastos, fiquei orando pra Deus proteger nossos meninos. Até o garoto que joga com ele [no Sevilla], o Zokora, deu uma entrada nele que eu falei: "Ainda bem que eles jogam juntos, imagina se não se conhecessem?'

PRETO NO BRANCO

O governo federal está finalizando o documento que deverá ser assinado em julho pelos 12 governadores de Estados que sediarão jogos da Copa de 2014. A papelada define responsabilidades pelas obras em portos e aeroportos exigidas pela Fifa para trazer o Mundial ao Brasil. Estão previstos gastos de até R$ 6 bilhões.

BOLSA PAULISTA

Desses, R$ 1,2 bilhão serão gastos em Guarulhos: R$ 717 milhões no terminal 3 de passageiros, R$ 56 milhões em dois terminais provisórios, os módulos, para atender a pico de demanda, e R$ 447 milhões em pistas e pátio. Outros R$ 742 milhões vão para o aeroporto de Viracopos, em Campinas, com um módulo provisório, um novo terminal de passageiros, pátio de manobra de aviões e reforma do terminal já existente.

FICHA LIMPA
Ao celebrar, na festa junina que fez no sábado, em Brasília, os 36 anos de união com Marisa, o presidente Lula contou o "segredo" da união duradoura: "Eu sigo a receita do [José Gomes] Temporão". O ministro da Saúde recomenda que as pessoas façam sexo "cinco vezes por semana" para combater a hipertensão.

FICHA LIMPA 2
Há dois anos, quando celebrou 34 anos de casamento, Lula disse que Marisa era feliz, pois tinha se casado com "o garanhão de Garanhuns", cidade em que nasceu.

TUDO PELO...
Vai custar entre R$ 12 milhões e R$ 15 milhões a campanha de Netinho de Paula (PC do B-SP), defensor do "comunismo brasileiro", ao Senado. A equipe dele usará uma máquina que faz fotomontagens das pessoas ao lado de uma imagem do candidato para arrecadar. Ela será instalada em ruas da cidade. Quem quiser contribuir paga R$ 1,99 e leva uma foto.

...COMUNISMO
E o delegado Protógenes Queiroz, candidato a deputado pelo mesmo PC do B, testou slogans na convenção do partido, no sábado. Distribuiu santinhos com a frase "Satiagraha não pode parar" e o texto: "Arriscou a vida pelo Brasil. Prendeu bandidos poderosos. Tentaram suborná-lo. Não conseguiram. Não se acovardou. Agressões contra a família não o fizeram desistir".

PERNA DE PAU
E DVDs piratas de filmes como "O Que É Isso, Companheiro?" e "Frida" eram vendidos em uma banca instalada na convenção comunista.

DANÇA DO VAMPIRO
"Eclipse", terceiro longa da saga "Crepúsculo", faz bilheteria antes de estrear, no dia 30. O grupo Severiano Ribeiro/Kinoplex vendeu 55 mil ingressos na pré-venda. O Cinemark, 40 mil.

MODELO DE BELEZA
A top model Marcelle Bittar vai abrir negócio próprio. No dia 1º, inaugura a clínica de estética Vittah, no Itaim.

O PASSADO DE VOLTA
O Masp vai fazer uma "revisão" da exposição "A Noite, no Quarto de Cima, o Cruzeiro do Sul, lat. sul 2332'36", long.w.gr. 4637'59"", de Evandro Carlos Jardim, apresentada em 1973 com curadoria de Pietro Maria Bardi. Além dos trabalhos já exibidos, a mostra, que será aberta no dia 2, terá 150 gravuras, desenhos e fotos inéditas.

ROTEIRO PÓS-BBB
Fernanda Cardoso, vice-campeã do "BBB 10", realizou "projeto" anunciado no programa: fez lipoaspiração e pôs silicone, na clínica Santé. Também corrigiu o nariz.

VENDO ESTRELAS
Entre fotos de celebridades internacionais como as cantoras Madonna, Lady Gaga e Beyoncé e o ator Tom Cruise, o fotógrafo inglês Tom Munro incluiu três imagens da apresentadora Eliana em seu novo livro. As fotografias foram feitas no ano passado para um ensaio de uma revista brasileira.

RUMO ÀS OITAVAS
Uma torcida animada se reuniu no Jockey Club para assistir Brasil X Costa do Marfim, no domingo.

CURTO-CIRCUITO
A estilista Carolina Herrera inaugura sua primeira butique no Brasil, hoje, às 12h, no shopping Cidade Jardim.
Começa hoje e vai até quinta a "2ª Apresentação da Moda Argentina", das 10h às 19h, no Clube de Estilo, na alameda Gabriel Monteiro da Silva, 399.
José Carlos Honório autografa seu novo livro, "Dias de Colecionar Borboletas", hoje, às 18h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
O Estúdio Emme será inaugurado amanhã, às 22h, com show da banda Capital Inicial, em Pinheiros.
Acontece hoje jantar da Bassi em prol da Abrale e da Abrasta com show de Patty Ascher, na Casa Cor.
Roberto Rossi inaugura exposição amanhã, a partir das 19h, na Santa Pizza, na Vila Madalena.

GOSTOSA

ARNALDO JABOR

"O povo pensa que dossiê é um doce"
ARNALDO JABOR


O GLOBO - 22/06/10


Não me esqueço de um ataque de riso, muitos anos atrás, quando ouvi a autocrítica de um alto dirigente do PC da China, durante a Revolução Cultural. Quem foi? Lin Piao? Não me lembro. A "autocrítica" era um dos velhos hábitos comunas, uma espécie de confissão católico-vermelha, só que aos berros diante das massas. E o dirigente se criticou: "Eu sou um cão imperialista, eu sou o verme dos arrozais da China, eu sou a vergonha do comandante Mao...".
Queria de volta as autocríticas do tempo de Mao. Queria ver o Marco Aurélio Garcia, por exemplo, bater no peito se confessando: "Eu sou a praga do cerrado, eu sou um bolchevista fingindo de democrata. Acabei com o prestígio de Lula lá fora, beijando o Ahmadinejad, isolei o Brasil e provavelmente perderemos mais de US$ 3 bilhões em benefícios que os Estados Unidos nos davam para exportações, além da sobretaxa do etanol, que será mantida!".
Depois que conseguiram entrar no Estado, através do Lula, os velhos esquerdistas perderam a aura mística, a beleza romântica que tinham na clandestinidade que os santificava. Eu conheci muitos heróis, sonhando realmente com a revolução, mesmo que utópica, mas honestos, sacrificando-se, morrendo. O comunista romântico não vemos mais.
Hoje, eles não se consideram eleitos por uma democracia, mas guerreiros políticos que "tomaram" o poder. Vemos isso nos milhares de insultos no Twitter, e-mails e bloguinhos que espoucam na internet. Recebo centenas, como outros jornalistas. São apavorantes os bilhetes na web: ofensas e ameaças. Não há uma luta por ideais, mas uma resistência carregada de ódio e medo daqueles que podem, eventualmente, tirar seus privilégios: os "canalhas neoliberais"...
Esses quadrilheiros usurparam os melhores conceitos da verdadeira esquerda, que pensa o Brasil no mundo atual, uma esquerda reformada pelas crises internas e externas, que se conscientizou dos erros da agenda clássica. Eles injuriam e difamam o melhor pensamento de uma esquerda contemporânea, em nome de uma "verdade" deformada que teimam em manter.
Esse crime abstrato muitos intelectuais e artistas não veem, por temor ou ignorância. Falam de um lugar que seria da "esquerda", mas que é o lugar de baixos interesses pelegos, de boquinhas a defender - uma versão de socialismo decaída em populismo. Se dizem de esquerda, mas são de direita, para usar seus termos. Não só pilharam bilhões de reais de aparelhos do Estado, em chantagens com empresários, em fundos de pensão, em contratos falsos, mas roubaram também nossos mais generosos sentimentos. E não é só a mentira que é vergonhosa. É a arrogância com que mentem ao se apropriarem do controle da inflação e de todas as reformas que o governo anterior lhes deixou, que eles chamam de "herança maldita".
Não há mais "autocrítica". Hoje temos o desmentido. O "desmentido" é o arrependimento do "se colar, colou". Quando uma ação revolucionária dá "chabu", basta desmentir e ainda dizer que foi tudo invenção da vítima.

Assim foi o caso Celso Daniel, o caso dos "aloprados" de São Paulo, das cuecas, tudo. "Nunca antes" um partido tomou o poder no Brasil e montou um esquema assim, um plano secreto de "desapropriação" do Estado, para fundar um "outro Estado" ou para ficar 20 anos no poder.
E agora, no caso do "dossiê" contra o PSDB e Serra, mentem tranquilos: é a "mentira revolucionária". Lembro-me de Lula rindo do dossiê dos "aloprados", dizendo: "Deixa pra lá... o povo nem entende o que é dossiê... pensa que é doce de batata... de abóbora...".
Como não têm um programa moderno para o Brasil, a não ser o imaginário sarapatel de ideologias que vão de um leninismo mal lido, passando por um getulismo tardio, uma recauchutagem de JK fora de época, eles escondem sua incompetência se dedicando à parte "espiritual" da velha ideologia: controle, fiscalização, tutela, espionagem e censura.
Agora, estamos assistindo ao início da "porrada revolucionária", com os "militantes" atacando os "inimigos" do povo. É o zelo dos peões, dos pés de poeira, que se acham os guerreiros de uma missão bélica para impedir que os burgueses do PSDB ganhem as eleições (se aliam a Sarney e Collor e dizem que Serra e FHC, que passaram mais de uma década no exílio, são "fascistas neoliberais"... Pode?).
Os brutamontes da militância se acham imbuídos de uma missão sagrada: "Eu taquei um pé nos cornos daquele tucano filho de uma égua, esfreguei a cara dele no chão até ele gritar ‘Viva a Dilma!’ É isso que é golpe de esquerda, não é, companheiro?"
Outro feito dos bolchevo-pelegos no poder é a desmoralização do escândalo. As verdades e delitos aparecem, mas, por negaças, recursos políticos e protelações, o escândalo definha, entra em agonia e morre. Quantos já houve? Stalin apagava das fotos os membros do partido que ele expurgava; portanto, nunca existiram. Tudo é absolvido pela "mentira revolucionária", porque ela vem por uma "boa causa".
Quase todos esses cacoetes derivam de um sentimento: "Somos superiores". Quando eu era estudante, um dirigente do PC dizia sempre: "Não estamos com a doutrina certa? Então... é só aplicá-la". Essa "certeza superior" é encontradiça em homens-bomba, em bispos vermelhos. O autoritarismo e a truculência não são privilégio de fascistas.
A única revolução no Brasil seria o enxugamento de um Estado que come a nação, com gastos crescentes e que só tem para investir 1,5% do PIB. A única revolução seria administrativa, apontada para a educação e para as reformas institucionais, já que, graças a Deus, a macroeconomia herdada foi mantida e a economia mundial se dirige aos países emergentes.
O Brasil está pronto para decolar, se modernizar, e essa gente quer segurar o avião em nome de interesses de um patrimonialismo de Estado e de um socialismo morto que, em seu delírio, acham que virá. Como recomendou Stédile a seus "sem-terra": "Tenham filhos; eles vão conhecer o socialismo...".

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Mercado global de abertura de capital continua distante do nível pré-crise 
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 22/06/2010

O mercado global de IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) superou no primeiro semestre as operações desse tipo realizadas em 2009 e 2008. Ainda assim, o mercado continua distante dos níveis pré-crise, em 2007.

Até a última sexta-feira, foram realizadas 192 aberturas de capital no mundo neste ano, 1.100% mais que no mesmo período de 2009, segundo a empresa americana Renaissance Capital.

Em valor, os números chamam ainda mais a atenção: foram US$ 78,3 bilhões levantados com IPOs até agora, aumento de 1.433% ante os números do ano passado.

A variação expressiva se deve aos momentos diferentes da economia global: no começo de 2009, a crise ainda estava em seu auge; agora a dívida europeia preocupa, mas há sinais de retomada pelo mundo, especialmente nos países emergentes.

Porém, com as Bolsas mundiais em queda ou com pequena alta, as empresas ainda estão reticentes em abrir seu capital, como aconteceu em abril, quando a EBX, holding de Eike Batista, cancelou a oferta de ações.

Esse temor também pode ser visto nos valores arrecadados com IPOs.

Até agora, quase no final do primeiro semestre, foram levantados US$ 78 bilhões, cerca de US$ 300 bilhões a menos que nos primeiros seis meses de 2007, quando o mercado estava no auge.

No total de IPOs, a China lidera, com 88, e o Brasil aparece em quinto, com sete.
Irmãos do Verde
Com o boom do mercado imobiliário, cresce também o interesse pelo paisagismo. "A área de lazer é importante para a venda do imóvel. Ela acaba sendo um diferencial", diz o paisagista Eduardo Fernandez Mera. Filho do fundador da Fernandez Mera Negócios Imobiliários, Eduardo e a irmã Beatriz criaram a Mera Arquitetura e Paisagismo. "O número de projetos fechados neste ano cresceu 20% na comparação com o ano passado", diz.
Para frente
Como empresa de energia não pode parar, o Centro de Operações de Serviços da EDP Bandeirante dividiu ao meio a tela dos monitores dos funcionários. Os técnicos acompanham as partidas da seleção brasileira de olho na distribuição de energia.
SeguradosO público potencial de microsseguros no Brasil é de 40 milhões de pessoas, estimam seguradoras. Atento ao mercado, o indiano Kamesh Goyal, presidente da Bajaj Allianz Insurance, participa hoje do Fórum Internacional de Seguros, em SP.
Desde o berçoPessoas que tiveram acesso à nutrição e à educação adequadas de zero a dez anos, recebem salários 9% mais altos quando adultos do que os que não tiveram cuidados na primeira infância. A informação é da ONG americana CED (Comitê para o Desenvolvimento Econômico). O investimento resulta em "democracias estáveis" e "economias prósperas", segundo Alberto Pfeifer, diretor-executivo do Ceal (Conselho Empresarial para a América Latina).
Capital para crescer 
O especialista em "private equity" Hugh MacArthur explica que para o investidor obter sucesso em um negócio é preciso ter um escritório no país em que pretende investir. É importante conhecer o mercado financeiro local, o governo, as leis e a regulamentação. "A interseção desses itens permite que sejam feitas transações bem-sucedidas de "private equity'", diz MacArthur, sócio do escritório de Boston (EUA) da Bain & Company e responsável pela prática global de "private equity" da consultoria.

"O "private equity" no Brasil vai ser um forte mercado nos próximos cinco anos."
Em pesquisa feita pela consultoria, o Brasil foi apontado como um dos principais mercados emergentes para realizar investimentos. "O Brasil ficou em terceiro lugar nas intenções dos investidores, atrás de China e Índia."
Reflorestar Sai Mais Barato
Para reduzir a concentração de CO2 na atmosfera, é mais barato reflorestar primeiro e depois dar subsídios em inovação verde.

A conclusão é de estudo dos pesquisadores Marco Antonio Caetano, do Insper, Gustavo Ribeiro, do Inpe, e Takashi Yoneyama, do Ita.

O modelo criado pelos pesquisadores avalia a relação entre o custo e o benefício de absorção desse gás.

Durante os primeiros 14 anos, cada real subsidiado em reflorestamento absorve mais CO2 do que em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias. Depois, passa a valer mais investir em inovações verdes.

O ABILOLADO E O VERME

CELSO MING

Pressões sobre a China 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 22/06/2010

Ontem, a cotação da moeda chinesa (o yuan ou renminbi) em dólares teve sua maior valorização desde julho de 2005, quando do último ajuste administrado pelo Banco do Povo da China (banco central).

De lá para cá, estava amarrada à moeda americana, a uma cotação praticamente fixa a 6,826 yuans por dólar: se havia mais entrada de dólares que tendesse a puxar as cotações do yuan para cima, o banco central comprava o excedente; se acontecesse o contrário, vendia. Assim, todo o processo de desvalorização do dólar que se seguiu à crise foi transferido também para a moeda chinesa e deixou o produto chinês ainda mais barato.

A alta do yuan ocorrida ontem, de 0,42%, foi precedida de anúncio oficial feito no sábado de que o banco central, dirigido por Zhou Xiaochuan, prepara a flexibilização do câmbio. A novidade foi saudada por autoridades de todo o mundo, especialmente pelo diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, por soar como prenúncio de mudanças importantes na administração da economia da China.

A queixa recorrente do governo dos Estados Unidos é a de que a excessiva desvalorização do yuan cria desequilíbrios. O mais importante deles é o de que deixa o produto da China com enorme poder de competição em todos os mercados. A consequência disso é a de que os Estados Unidos se tornaram grandes importadores de produtos chineses e vêm contabilizando rombos da ordem de US$ 420 bilhões por ano em suas contas externas (Contas Correntes). Além disso, na condição de grande superavitária em suas contas externas, a China vai amontoando reservas (hoje são de quase US$ 2,5 trilhões - veja o Confira), que, por sua vez, são aplicadas em títulos do Tesouro dos Estados Unidos e, nessas condições, financiam o consumo americano, que é o fator que aciona importações... da China.

Há anos, as autoridades dos Estados Unidos vêm pressionando o governo de Pequim para que deixe o yuan flutuar livremente ou promova sua forte valorização como providência indispensável para que esse desequilíbrio se desfaça.

Em todo o caso, domingo as próprias autoridades chinesas advertiram que o resto do mundo não deveria esperar nem por profunda nem por rápida valorização do yuan, até porque, coerentemente com o que sempre afirmaram, o yuan não está tão excessivamente desvalorizado quanto supõem os americanos.

Assim, o anúncio da mexida no câmbio chinês e a pequena valorização que aconteceu ontem podem ser interpretados como abertura de válvula, cujo objetivo é reduzir as pressões políticas sobre Pequim uma semana antes da realização da reunião de cúpula do grupo dos 20 países mais importantes do mundo, o G-20, agendada para o próximo fim de semana em Toronto, Canadá.

A forte valorização do yuan é do interesse dos Estados Unidos, mas não é certo que seja do interesse da China. Provavelmente também aí se aplica o provérbio siciliano: não exija o que você não pode tomar pela força. Neste momento, nenhuma autoridade global tem condições de exigir que a China faça um jogo cambial que não lhe convém.
O tamanho do monte
O gráfico mostra a quantas estão as reservas internacionais da China, consequência da forte expansão das exportações chinesas.
Não haverá quebra
Ontem, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, avisou que não será permitida quebra (default) na área do euro. Ficou entendido que o BCE e outros países do bloco recomprariam os títulos ameaçados de calote. E a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, rejeitou os argumentos de que o corte de gastos provocaria recessão. "Sem austeridade fiscal não há crescimento sustentado", disse.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Boca de urna 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 22/06/2010

Hoje é dia de fumaça branca na Bienal de São Paulo. A fundação elege os ocupantes das quatro últimas vagas do conselho de administração. Fechando um total de 60 cadeiras, sendo 15 delas vitalícias.

Entre os candidatos que participam da acirrada disputa, Marcelo Araújo, Jorge Gerdau Johannpeter, Marisa Moreira Salles, Nizan Guanaes e Jean-Marc Etlin.
Escudo
Antonio Carlos Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de SP, teria chegado a proibir a empresa que faz clipagem das notícias da casa de selecionar matérias contrárias a sua pessoa.

Ordem que só viria a revogar depois de ser absolvido pelo STJ de acusações de irregularidades em contratos quando presidia a EMTU, em 1992.

Só pode ser mentira.
Adeus, Bafana
A seleção da África do Sul já é página virada para Parreira. O treinador anda debruçado sobre quatro propostas para depois da Copa: duas de seleções e duas de clubes.

Existe ainda mais uma opção. Aliás, sua preferida: ficar seis meses descansando.
Cara-crachá
Surpresa na chegada do aeroporto de Johannesburgo: o turista não passa pela imigração sem exibir os tíquetes dos jogos. Motivo? Temem que forasteiros usem a Copa para ficar por lá.

Nada como a experiência em eventos internacionais.
Arquibancada VIP
Torcida eclética no Soccer City durante o jogo Brasil e Costa do Marfim: de Gustavo Kuerten a Paulo Nogueira Batista Jr., do FMI.
Mata em chamas
Vai voar farpa. Mario Mantovani, da SOS Mata Atlântica, tem encontro marcado com Aldo Rebelo, relator do Código Florestal Brasileiro. Hoje, em debate público.
Ouro verde
Wagner Rossi, ministro da Agricultura, solicitou a entrada do Brasil no seleto clube dos países que têm autorização para comercializar o café arábica na ICE Futures U.S., de Nova York.

A safra brasileira deste tipo de grão será de mais de 35 milhões de sacas em 2010-2011.
Termômetro literário
A Editora Rocco colhe depoimentos de Caetano Veloso, Lygia Fagundes Telles e Ferreira Gullar sobre seus contos preferidos de Clarice Lispector. Os relatos serão publicados na coletânea Clarice na Cabeceira - Contos. Chega às livrarias no fim do ano.
Adianta chorar
Leite Derramado, de Chico Buarque, vai ganhar versão teatral. Corre no MinC projeto de captação para a montagem do texto.
Rock para ninar
Pato Fu regravou Live and Let Die, de Paul McCartney. E usou instrumentos de brinquedo.
Na frente
A pousada Estrela D"Água, de Trancoso, vai expandir seus horizontes. Abre filial em Salvador no ano que vem.

Teresita González Díaz, cônsul-geral da Argentina em SP, recebe estilistas de sua terra. Eles exibem suas coleções no Clube de Estilo. Hoje.

Eugênia Thereza de Andrade comanda leitura de Antonio Abujamra da peça Phaedra. Hoje, no Sesc Consolação.

José Carlos Honório lança o livro Dias de Colecionar Borboletas. Hoje, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

Dito popular ganha nova inspiração na Copa: "Uma mão de Deus lava a outra".
Interinos: Débora Bergamasco, Gilberto de Almeida, Marilia Neustein e Paula Bonelli.

GOSTOSA

MERVAL PEREIRA

Fatores regionais
Merval Pereira 

O Globo - 22/06/2010

Os dez últimos dias para a montagem das coligações regionais serão de muita tensão nos bastidores, onde se desenrolam as últimas negociações.

O governo está saindo delas menor do que entrou, mas ainda assim maior do que a oposição, com uma campanha presidencial bastante organizada e fortes palanques estaduais

O maior perigo nesse período para o PSDB, com o crescimento da candidatura de Dilma Rousseff, era ser abandonado por parceiros políticos que abandonaram a base governista por questões regionais.

No entanto, André Puccinelli do PMDB do Mato Grosso do Sul aderiu; Osmar Dias do PDT do Paraná aderiu. E o PP nacional pode ficar neutro, o que ajuda.

O governo usa seus últimos cartuchos para pressionar os parlamentares do PP dilmistas a convocarem uma convenção até o fim do mês, mas a parte que prefere apoiar a candidatura tucana tem força para impedir a convocação, criando uma situação de fato que levará à neutralidade.

O fato é que o país dividiu-se geograficamente, e grupos políticos que normalmente estariam com Lula ficaram na oposição, especialmente os que representam o agronegócio.

Estados produtores com o câmbio baixo, dificuldades de exportação, estradas intransitáveis, portos sem capacidade de escoamento e ainda por cima a ameaça de o MST ganhar mais força em um eventual governo Dilma levaram o Sul a fechar com o candidato do PSDB.

No Rio Grande do Sul, o PSDB tem a governadora Yeda Crusius, apesar de todos os problemas que enfrentou, um grande pedaço do PMDB, e uma aliança DEM-PTB, além do PP e do PPS. Contra o PT e o PDT com o ex-ministro Tarso Genro.

Beto Richa é o candidato favorito ao governo, ainda mais depois que o senador Osmar Dias decidiu se candidatar à reeleição.

Em Santa Catarina, há três forças políticas que apoiam Serra indiscutivelmente: o ex-governador Luiz Henrique do PMDB, que é o favorito para o Senado; Raimundo Colombo, ligado aos Bornhausen, que deve ser o candidato a governador, e o Leonel Pavan que está no governo com o PSDB. A senadora Ideli Salvatti é a candidata ao governo pelo PT.

A definição do Sudeste, onde Serra vence nas pesquisas, terá o peso fundamental de São Paulo e Minas, onde os tucanos esperam tirar uma vantagem expressiva.

No Rio de Janeiro, o palanque é com o PV do candidato Fernando Gabeira. A soma de Marina Silva com José Serra supera Dilma Rousseff, que ganha individualmente no Estado, com o apoio do governador Sérgio Cabral, favorito na disputa para governador.

Em São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin é o favorito para ganhar no primeiro turno, e o PSDB espera que Serra vença com uma diferença entre 4 e 6 milhões de votos.

Há quem tema, porém, que Alckmin não se esforce tanto quanto seria necessário, ainda uma sequela da disputa pela prefeitura em que Serra apoiou Kassab.

Em Minas Gerais, o PSDB também depende do empenho do ex-governador Aécio Neves.

A disputa pela Presidência está empatada, mas o crescimento da candidatura de Antonio Anastasia pode ajudar Serra num estado em que Lula ganhou as duas últimas eleições com diferença entre 1 e 1,5 milhão de votos.

No Espírito Santo, o candidato do PSB Renato Casagrande é o grande favorito, e o PSDB tem Luiz Paulo Vellozo Lucas, ex-prefeito de Vitória, como candidato, com o apoio do PTB e DEM, e Rita Camata como candidata ao Senado. Serra está na frente no estado.

No Nordeste, o PSDB só pode tentar “reduzir os danos”.

Na Bahia, Paulo Souto é candidato ao governo com PSDB e DEM, com Geddel Vieira Lima pelo PMDB e Jacques Wagner pelo PT.

Em Sergipe, João Alves é muito competitivo contra o Marcelo Déda do PT, e José Serra é mais forte do que Dilma.

Em Alagoas, o governador tucano Teotônio Vilela concorre à reeleição e foi lá o único estado em que Serra ganhou em 2002. Mas os favoritos são o senador Fernando Collor, da base do governo, e o ex-governador Ronaldo Lessa do PDT.

Em Pernambuco, Jarbas Vasconcellos reuniu forças consistentes no estado: Marco Maciel e Sérgio Guerra. Mas o governador Eduardo Campos é o franco favorito.

Na Paraíba, José Maranhão do PMDB é o favorito, e a maior força do PSDB era o Cássio Cunha Lima, que está às voltas com a Lei da Ficha Limpa.

No Maranhão, o ex-governador Jackson Lago também está teoricamente atingido pela nova lei, mas em situação mais favorável, porque já cumpriu a pena, mas a única perspectiva da oposição é tentar perder de menos.

No Piauí, há a candidatura tucana de Silvio Mendes, que é muito competitivo, contra dois candidatos governistas: Wilson Martins e João Vicente Claudino.

No Rio Grande do Norte, a candidata do DEM Rosalba Ciarlini é favoritíssima. No Ceará, o senador Tasso Jereissatti está fazendo uma pesquisa para tomar a decisão se deve ser candidato a senador ou a governador.

Foi uma absoluta surpresa o comportamento dos Gomes, pressionados pelo enviado especial José Dirceu, que lhes avisou que teriam sérios problemas se não apoiassem o exministro José Pimentel para o Senado.

No Norte, onde o governo também tem vantagem, há Tocantins, onde o Siqueira Campos do PSDB é favorito, principalmente agora que o Marcelo Miranda se tornou inelegível.

No Pará deve ter segundo turno com Simão Jatene do PSDB disputando com José Prianti do PMDB e a governadora petista Ana Júlia.

O deputado Jader Barbalho tem um problema igual ao do Joaquim Roriz do PSC de Brasília: ambos renunciaram para não perder o mandato e estão inelegíveis pela Lei da Ficha Limpa.

Em Goiás, o franco favorito é o senador Marconi Perillo, apesar da intenção do presidente Lula de derrotá-lo.

O pior problema dos tucanos é o Amazonas, onde o senador Arthur Virgílio não conseguiu montar um palanque local, a não ser o dele, sem chapa de governador. O maior problema do governo é o Paraná.

PAINEL DA FOLHA

Próximo capítulo 
Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 22/06/2010

Com Patrus Ananias (PT) praticamente escolhido vice de Hélio Costa (PMDB), as atenções em Minas se voltam para a primeira suplência do candidato ao Senado Fernando Pimentel (PT). Como ele é considerado nome certo no primeiro escalão em caso de vitória de Dilma Rousseff, a vaga desperta grande interesse.

Em encontro no final de semana, o PT aprovou resolução dando ao partido a prerrogativa de indicar o suplente de Pimentel. Amigo do ex-prefeito de BH, o deputado Virgílio Guimarães é o nome mais cotado. Mas o PR também está na disputa. Quem se apresenta é o presidente estadual do partido, Clésio Andrade.

Entre nós Michel Temer recebeu uma delegação do PMDB-SC para discutir a crise envolvendo a decisão de Eduardo Pinho Moreira de abdicar da candidatura ao governo estadual e apoiar o DEM. Há quem veja chance de evitar a intervenção no diretório. Isso, no entanto, passaria pela troca de Moreira pelo deputado federal João Matos no comando local.
Filho da terra


O material de campanha de Geddel Vieira Lima (PMDB) martela que o ex-ministro "tem sangue baiano", é "baiano de verdade". O governador e adversário Jaques Wagner (PT) é carioca de nascimento.
Cláusula


Para desistir de mudar o desenho da chapa de Fernando Gabeira (PV), palanque de José Serra no Rio, a cúpula do PSDB obteve o compromisso de que os candidatos ao Senado (um do DEM e outro do PPS) aparecerão na TV tendo ao fundo o número do tucano, 45.
Zzzzzz...


Do presidente do PTB, Roberto Jefferson, depois de se submeter a uma sessão de acupuntura com o médico do aliado Geraldo Alckmin: "Relaxei e dormi".
Sem consenso


Nem o PDT se entende sobre a indicação do deputado estadual Major Olímpio para a vice de Aloizio Mercadante (PT) em São Paulo. Presidente do partido, Carlos Lupi é contra.
Contra-ataque


A notícia de que ONGs recepcionarão o presidente Lula hoje em Altamira (PA) com um protesto contra a construção da hidrelétrica e Belo Monte levou a governadora Ana Júlia (PT) a promover ato público em favor do "desenvolvimento sustentável no Xingu". Tudo na tentativa de demonstrar apoio popular à usina.
Tente outra vez


Depois da viagem de Michel Temer (PMDB) à Europa e da estreia do Brasil na Copa, agora são as festas juninas que ameaçam estragar os planos do governo de liquidar a votação do pré-sal no Congresso. A avaliação é que dificilmente haverá quórum para apreciar a matéria nesta semana.

Prestativos

Tão logo souberam que Lula receberia o governador Téo Vilela (PSDB) para tratar do impacto das chuvas em Alagoas, os senadores Renan Calheiros (PMDB) e Fernando Collor (PTB) rapidamente saíram em busca de um jeito de se integrar à comitiva.
Moeda


Ao oferecer a vice ao PPS, a governadora gaúcha Yeda Crusius revoltou o PP, partido com o qual já havia se desentendido quando rechaçou sucessivas vezes nomes sugeridos pela sigla para compor sua chapa. A avaliação dos tucanos é que Yeda se esforça para se afastar do PP, partido ao qual ela responsabiliza pela crise do Detran que por pouco não implodiu seu mandato.
Com imagem


Funcionários do TSE gravaram um vídeo no qual a diretora-geral, Patrícia Landi Bastos, chama servidores do tribunal de "vagabundos". Eles pretendem ingressar com uma ação por assédio moral.
Tiroteio


"Ao antecipar a indicação de cargos num governo fictício, Lula revela que pretende ser o alter ego da Dilma."
Taxa de rejeição


Ao embarcar do Rio para Brasília, há uma semana, no horário em que o Brasil estreava na Copa contra a Coreia do Norte, Cássio Taniguchi (DEM-PR) chamou a atenção de um grupo de torcedores:

-Temos aqui um coreano!- disse o líder da turma.

Descendente de japoneses, ele cuidou de esclarecer:

-Coreano não, brasileiro!

Um passageiro se apressou em socorrê-lo:

-Calma gente, ele é deputado...

E então alguém do grupo retrucou:

-Nossa, seria melhor se ele fosse coreano...