sexta-feira, dezembro 19, 2008

DORA KRAMER

Um elogio à divergência


O Estado de S. Paulo - 19/12/2008

Se o PMDB estivesse nessa história à vera, primeiro não teria feito a escolha mais polêmica, legal e politicamente falando; segundo, teria sacramentado a candidatura de Garibaldi Alves à reeleição na presidência do Senado muito antes, como fez o PT com o senador Tião Viana e o PMDB na Câmara, com Michel Temer.


Logo, vale a velha norma: em matéria de partidos (especialmente o PMDB), de políticos, de eleições e dos três juntos, duvide do que os olhos vêem, desconfie dos que os ouvidos ouvem. Quando uma coisa não combina com a outra e nenhuma delas bate com a lógica, é mentira na certa.

Nessa apresentação do nome do senador Garibaldi como a solução do PMDB para a presidência do Senado, nada combina com nada.

O partido é, junto com o PT, o maior aliado do governo Luiz Inácio da Silva, cujo apreço pelo escolhido é zero menos 20; entre várias possibilidades, escolhe-se logo a única passível de contestação na Justiça; ninguém no PMDB nunca deu a menor pelota para o desejo de Garibaldi de se reeleger.

De repente, ele que vinha se escorando em pareceres de juristas amigos - entre outros motivos para não pagar uma fortuna - aparece com três opiniões técnicas diferentes, uma delas pelo menos de profissional sabidamente caro e reconhecidamente enfronhado no mundo político. 

Garibaldi Alves saiu-se bem melhor que a encomenda nesse um ano na presidência do Senado, em substituição a Renan Calheiros. Se se fizer uma enquete na rua é possível que seja citado como um dos mais - se não o mais - bem avaliados dos parlamentares. 

Mas a mola do Congresso não são os gestos de grandeza, as ações ousadas, os atos admirados. Lá o critério é o do acerto, do arranjo, cuja matéria-prima base é a convergência.

Pois a candidatura de Garibaldi, noves fora a legitimidade do desejo pessoal de cada um, é um verdadeiro elogio à divergência. 

O governo é contra, o PT avisa que vai contestar na Justiça, a oposição não fecha toda com Garibaldi e nem no PMDB há unanimidade. Ao contrário, também nessa questão o partido está a léguas de distância da unanimidade.

Isso, deixando de lado o questionamento jurídico.

Está tudo muito esquisito. Muito mais com cara de manobra do que com jeito de solução. A dúvida é: o PMDB manobra para quê?

Por enquanto, muito se suspeita, mas pouco se sabe. No momento, o partido parece mais interessado em embaralhar as peças e confundir quem assiste ao jogo.

Da forma sinuosa de quem quis uma coisa querendo outra, o partido explicita um problema qualquer. É nítida a existência de intenções subjacentes, mas a vista não consegue distinguir exatamente quais sejam.

No máximo vislumbra-se a vontade do PMDB de ter uma conversa com o presidente Luiz Inácio da Silva. Dá para perceber também que a idéia é que o interlocutor direto seja o senador José Sarney.

Além desse ponto, porém, não é possível ver mais nada com clareza: é fisiologismo misturado com briga interna, junto com movimentos antecipados de 2010, associados a interesses individuais, acoplados a planos mais ou menos coletivos, tudo envolto em gestos, palavras e atos fictícios, pérfidos e traiçoeiros.

Trata-se por ora de pura embromação, pois o desfecho mesmo só começa a se desenhar no horizonte lá por meados de janeiro quando a proximidade da escolha (início de fevereiro) dos novos comandantes do Congresso obrigar os interessados a deixar de lado a problemática para tratar da solucionática.

Cru e quente

A recusa da Mesa da Câmara em aceitar a emenda constitucional que aumenta em 7.343 as vagas de vereadores em todo o País, aprovada pelo Senado, não foi “hostil” como qualificou o presidente da Casa, Garibaldi Alves.

A Câmara simplesmente não tinha outra saída. Se o Senado alterou a proposta - e alterou ao retirar um artigo que reduzia os porcentuais de receitas dos municípios para as Câmaras Municipais -, a emenda não poderia mesmo ser promulgada.

O Senado atropelou-se na pressa de atender à pressão dos vereadores e a Câmara cumpriu o regimento. Nada além disso. 

Trama

O ex-deputado Walter Brito foi eleito por um partido de oposição, mudou para a situação, uma vez desembarcado em Brasília - vindo da Paraíba -, fez isso depois do prazo estipulado pela Justiça para mudanças injustificadas de partido, confrontou as decisões de dois tribunais superiores, mas se acha vítima de uma insidiosa conspiração.

Urdida nas entranhas do Supremo, naturalmente, dada a comparação que ele faz da cassação de seu mandato por infidelidade partidária com julgamentos do caso Daniel Dantas. “Vale a pena uma reflexão a respeito”, diz o rapaz, cuja suspeita é a de que tenha “contrariado interesses”. Poderosíssimos, claro.

Mais ridículo impossível.

ANCELMO GOIS

Assim na terra...


O Globo - 19/12/2008
 

Não se faz mais comunista como antigamente. 

Raúl Castro saiu do almoço no Itamaraty de braços dados com o núncio apostólico Dom Lorenzo Baldisseri. 

Toca "Travessia"? 

Quem tem soltado a voz nas festas de fim de ano em Brasília é Dilma Rousseff. 

Já virou piada entre petistas: a superministra de Lula, dizem os gaiatos, não pode ver alguém com um violãozinho que já quer cantar. 

Aliás... 

As preferidas da pré-candidata do PT à Presidência em 2010 são as de Roberto Carlos. 

Fez sucesso um dueto dela com o ministro José Múcio em "Debaixo dos caracóis", homenagem do Rei a Caetano Veloso, gravada depois pelo baiano.

Dinheiro ao mar 

Há horas em que a Petrobras parece gostar de jogar dinheiro no mar. Está fundeado no Porto de Pecém, no Ceará, desde 22 de julho, um navio carregado de GNL (Gás Natural Liquefeito). 

Pela conta de gente do setor, por dia parado, a estatal perde uns US$100 mil. No caso, a conta do preju estaria na casa de uns US$15 milhões.

Parque Bossa Nova 

Rendeu novo fruto o chamego de Sérgio Cabral com Lula. O ministro do Turismo, Luiz Barreto, ligou quarta para o governador e liberou os primeiros R$2 milhões da construção do Parque da Bossa Nova, no Leblon, onde hoje está o 23º Batalhão da PM. 

A obra vai custar R$10 milhões, mas Cabral só entrará com R$2 milhões. Os demais R$8 milhões serão federais 

Caixa no Rio 

Eduardo Paes esteve com Maria Fernanda Ramos Coelho, presidente da Caixa. 

O prefeito eleito atua para que o banco de investimento que a CEF está criando tenha sede no Rio

ILIMAR FRANCO

Ano ruim

Panorama Político

O Globo - 19/12/2008
 

O Congresso não tem o que comemorar, de acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. O Diap fez uma avaliação da produção legislativa, neste ano, e concluiu: "grande quantidade, baixa qualidade". Ao dizer que "a produção legislativa ficou a desejar em termos de qualidade", cita os fracassos na votação das reformas política e tributária e da lei que dá nova regulamentação à edição de medidas provisórias. 

O alvo é a opinião pública 

Apesar do fraco desempenho do Legislativo, os presidentes do Senado e da Câmara procuraram salvar suas imagens na reta final do mandato. O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), devolveu a Medida Provisória das Filantrópicas depois de ela ter sido admitida. Arrancou aplausos da oposição e da sociedade. Ontem foi a vez da operação resgate da imagem do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ele negou-se a promulgar a lei que aumenta o número de vereadores no país. Os dois gestos foram bombásticos. Garibaldi é candidato à reeleição no Senado e dizem que Chinaglia é candidato a ministro. 

O fundo ficou sem fundos" - Sérgio Guerra, presidente do PSDB, ironizando a não aprovação de crédito suplementar de R$14 bilhões para o Fundo Soberano 

O DOM DA PALAVRA. Em audiência pública, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) chamou ontem o presidente do BC, Henrique Meirelles, de senador. Ao se desculpar, o petista se justificou, dizendo que Meirelles foi eleito deputado federal, mas agora tinha se acostumado ao Senado. "É a diferença entre o aeroporto e a rodoviária", disse o petista. Pegou mal. Mais tarde, ele tentou consertar dizendo que comparava o Congresso (rodoviária) ao BC (aeroporto), e não a Câmara ao Senado. 

Promessas 

Osmar Serraglio (PMDB-PR) lança hoje sua candidatura à presidência da Câmara. Entre as suas propostas: construção de um novo prédio para ampliar os gabinetes dos deputados e plano de saúde para os funcionários comissionados.

Atarantada 

Depois da queda do Fundo Soberano e da PEC dos Vereadores, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) deu um ataque ontem com um lobista: "Não dá! Estou com uma bomba estourando atrás da outra! Estou sem dormir! Não vou te ouvir!" 

Pegou mal e ele vai assumir 

Diante da repercussão negativa, o deputado Frank Aguiar (PTB-SP) recuou e vai assumir a vice-prefeitura de São Bernardo. Ele pretendia ficar na Câmara e concorrer ao Senado pelo Piauí em 2010. "Não posso trair a confiança de um povo. Não sou eu quem vai deixar essa história manchada. Agradeço ao presidente Lula e ao prefeito (Luiz Marinho), que achavam que eu ajudaria mais a cidade ficando na Câmara", disse ele. 

PÉROLA do senador Mão Santa (PMDB-PI) ao defender a PEC dos Vereadores: "Um vereador para mim é um senador municipal, e um senador é um vereador federal". Que tal, hein!? 

ASSEDIADO por um suplente de vereador, o líder do PT, Maurício Rands (PE), não agüentou: "Não resmunga para mim. Resmunga com o Arlindo (Chinaglia)". 

OS PETISTAS definiram seus nomes para a Mesa da Câmara: Marco Maia (RS) na primeira vice-presidência e Odair Cunha (MG) na terceira secretaria.

ESPOSA PERFEITA, AGORA ELA EXISTE

Programador constrói esposa robótica no Canadá



da Folha Online

Seu corpo é de pin-up, seu rosto é bonito e seus cabelos, sedosos. Além disso, é boa na matemática, fala dois idiomas, é ótima dona-de-casa e sempre está feliz ao servir drinques para seu companheiro. Não dorme e não come. Aiko, 2, é uma robô que foi criada pelo seu "marido", o programador canadense Lê Trung, 33, que nunca encontrava tempo para relacionamentos reais.

Durante os dois anos em que trabalhou em Aiko, Trung gastou por volta de 14 mil euros criando a sua garota dos sonhos. A robô foi gerada a partir de silicone e genuína tecnologia de inteligência artificial. "Aiko é a concretização da ciência encontrando a beleza", disse o programador ao tablóide inglês "The Sun".

Barcroft Media
Le Trung, 33, mostra sua "esposa" à sociedade; mulher robótica, feita de silicone e tecnologia artificial, sente toques e fala dois idiomas
Le Trung, 33, mostra sua "esposa" à sociedade; mulher robótica, feita de silicone, sente toques, serve drinques e fala dois idiomas

Ela também identifica rostos, aromas e fala 13 mil palavras. Aiko "sente" quando é tocada, e produz reações ao toque --e pode se "irritar" quando alguém é brusco. "Como uma mulher de verdade, ela terá reações quando tocada, em certas situações. Se você a tocar com força, ela dá um tapa em você".

A mulher robótica de Trung começa o dia lendo as manchetes dos jornais para ele, em inglês ou japonês. O casal passeia de carro, e Aiko geralmente dita as direções a seguir. Sempre jantam juntos --Aiko não tem muito apetite, mas acompanha o marido todas as noites.

O programador diz que seu relacionamento com Aiko ainda não se estende ao leito nupcial, mas é tudo uma questão de um "pequeno ajuste" para que ela se torne a sua esposa por completo. "Seu software pode ser redesenhado para que ela simule que está tendo um orgasmo", afirma Trung.

Sobre como a sociedade encara o relacionamento, Trung disse ao jornal "Daily Mail" que "as pessoas têm reações distintas quando conhecem Aiko. Alguns a amam, outros a odeiam. Algumas pessoas ficam com raiva, e me acusam de brincar de Deus. Outros querem tacar pedras nela. Mas muitas pessoas ficam fascinadas", conta.

Barcroft Media
Mulher-robô Aiko, 2, faz limpeza e orienta passeios de automóvel
Mulher-robô Aiko, 2, faz limpeza; seu "marido" diz que um "pequeno ajuste" permitirá as núpcias do "casal"

SEXTA NOS JORNAIS

Globo: Senado ignora a crise e aprova na madrugada pacote de gastos

Folha: Lula não vê motivos para demissões nas empresas

Estadão: Orçamento corta R$ 4,8 bi do PAC

JB: Maia é obrigado a cancelar sua festa

Correio: Condomínios entram na lei

Valor: Petrobras confirma plano de US$ 31 bi para refinarias

Gazeta Mercantil: Autopeças recebem R$ 3 bilhões do BB

Estado de Minas: Farra termina antes de começar

Jornal do Commercio: HR sem solução