quinta-feira, dezembro 08, 2011

LYA LUFT - Baile de máscaras

REVISTA VEJA


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‘Arrivederci, Brasile’ - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 08/12/11

Com uma taça de prosecco na mão, o ex-banqueiro Salvatore Cacciola dizia ontem à noite na festa de uma loja no Fashion Mall, no Rio, que só espera autorização da Vara de Execuções Penais para partir para a Itália.

Sobre FH, que lançava um livro no mesmo shopping, àquela hora, disse que nem chegaria perto: “Quero distância.”

Abalou Bangu
Templo de consumo dos bacanas paulistas, a Daslu emplacou no Rio. Abriu loja segunda no Fashion Mall e, nos dois primeiros dias, vendeu R$400 mil.

É quase o que a lojona chique esperava vender no mês de dezembro todo.

País do vento
Do total de energia elétrica que será leiloado dia 20 agora, 82% serão de matriz eólica, 10% de bagaço de cana, 2% de PCh e apenas 6% de hidrelétrica.

Poxa, Romário
Gente do setor fonográfico conseguiu o mapa de votação na Câmara da PEC da Música, que isenta de impostos a venda de CDs e DVDs, aprovada em primeiro turno semana passada.

Nas bancadas do Rio e de São Paulo, só dois deputados votaram contra — o carioca Romário e o paulista Paulinho da Força.

Constrangimento
Ontem, no TJ do Rio, um garçom com 16 anos de casa na empresa terceirizada Nova Rio, foi flagrado quando furtava R$7 mil da bolsa de uma juíza.

Ninguém quis ir à delegacia. O acusado foi demitido, e a magistrada e o TJ preferiram abafar o caso.

Nelson por Carlinhos
A Biscoito Fino põe nas lojas este mês o CD “Carlinhos Vergueiro interpreta Nelson Cavaquinho”, para celebrar o centenário do fabuloso compositor.

Tem participações de Chico e Cristina Buarque, Wilson das Neves e Marcelinho Moreira.

TV Globo

CAROLINDA, PERDÃO, Carolina Dieckmann, 33 anos, formosura que brilha na novela “Fina estampa” no papel de Teodora, grava no Projac a cena de uma guinada na vida da vilã — que pode até ser má por dentro, mas (com todo o respeito) é muito boa por fora. A alpinista social Teodora vai trocar as roupas, digamos, de periguete pelo uniforme de faxineira do mesmo hotel onde se hospedou nos tempos fáceis de namoro com o campeão de vale tudo Wallace Mu (Dudu Azevedo). É que terá de trabalhar para tentar recuperar a guarda do filho. Tadinha. A TV Globo deve pôr no ar dia 15

Hora de Clarice
Depois do Dia D, de Drummond, sábado haverá a Hora de Clarice Lispector, que faria 91 anos. Teresa Montero, biógrafa e organizadora da obra da escritora para a editora Rocco, promove um passeio cultural pelos recantos do Leme relacionados à vida de Clarice.

Sai às 11h do restaurante La Fiorentina.

As Luluzinhas
Dilma e Michelle Bachelet, a chilena que é diretora da ONU Mulheres, vão se encontrar dia 15 agora.

Discutirão políticas de inclusão das mulheres no mercado de trabalho.
A festa continua
A Brahma fez suspense. Mas já reservou um espaço no Sambódromo carioca para seu tradicional camarote no carnaval.

Diário de Justiça
O juiz da 73ª Vara do Trabalho do Rio, José Saba Filho, condenou a companhia de dança de Deborah Colker a indenizar em R$200 mil a bailarina Carolina Amares.

Em 2007, numa apresentação, ela teve amputado um dedo da mão esquerda, ao ser içada por um cabo de aço.

Efeito UPP
Veja como a retomada da Rocinha ajuda a região. A João Fortes lançou ontem, em São Conrado, o projeto de dois prédios com 252 apartamentos e preços a partir de R$600 mil.

Vendeu, acredite, 90% deles.

Não furou a fila
Cabral garante que não furou a fila do livro de Eike. Usou uma espécie de “personal-fila”.

É que o cerimonial do palácio mandou uma funcionária guardar o lugar dele.

Aliás...
A pobrezinha penou duas horas na fila comprida.

Bem que Sempre Ele Batista poderia mandar um livro para Tatiana — este é o nome dela.

Saudade da Amélia
Toda sexta, políticos do PSOL fazem um pequeno comício no Buraco do Lume, no Rio. E o de amanhã promete.

Terá show de Pedro Paulo Malta e Tiago Prata em homenagem a Mário Lago, que, por sinal, é o nome oficial do Buraco.

3 minutos a mais com a mãe - FERNANDO REINACH


O Estado de S.Paulo - 08/12/11


Uma em cada quatro crianças apresenta uma forma branda de anemia na primeira infância. Mesmo na Europa, essa taxa é de 5%. Como a falta de ferro durante os primeiros anos de vida pode prejudicar o desenvolvimento neurológico das crianças, essa alta frequência de anemia infantil preocupa os pediatras.

Agora, um grupo de médicos suecos descobriu uma maneira simples e barata de eliminar o problema. Basta cortar o cordão umbilical três minutos mais tarde.

Toda criança nasce ligada à placenta pelo cordão umbilical. Nos instantes iniciais de sua vida fora do útero, ela ainda recebe o oxigênio necessário por meio do cordão umbilical. Logo em seguida, começa a respirar e, a partir desse momento, seu suprimento de oxigênio deixa de vir da placenta e passa a vir diretamente da atmosfera.

Em seguida, um mecanismo fisiológico contrai o cordão umbilical, interrompendo o fluxo de sangue entre o placenta e o recém-nascido, e ele se torna independente da mãe. Nos hospitais modernos, o médico coloca um clipe e corta o cordão imediatamente após o parto.

Nos outros mamíferos e nos partos fora do ambiente hospitalar (em tribos indígenas, por exemplo), o rompimento do cordão umbilical leva mais tempo. As contrações continuam, a placenta é expelida e somente depois o cordão umbilical se rompe ou é cortado pela mãe.

Faz muitos anos que se sabe que nos primeiros minutos após o parto, antes do fluxo de sangue ser interrompido pela contração natural do cordão, um volume razoável de sangue passa da placenta para o recém-nascido. Nos seres humanos, esse volume chega a ser 100 mililitros, o equivalente ao de uma xícara de leite.

Será que o ato de colocar um clipe e cortar o cordão umbilical imediatamente após o nascimento não estaria privando as crianças dessa xícara extra de sangue? E será que não seria essa a causa para a anemia observada em um número tão grande de crianças?

Espera. Para testar a ideia, os médicos atrasaram o momento em que o médico coloca o clipe e corta o cordão umbilical. Foram estudados 400 partos, divididos em dois grupos. Nas mulheres do primeiro grupo, o cordão foi cortado dez segundos após o nascimento, como é a prática usual. No segundo grupo, os médicos esperavam 180 segundos após o nascimento, antes de colocar o clipe e cortar o cordão umbilical.

As mulheres foram incluídas em cada um dos grupos por sorteio, na hora em que chegavam ao hospital. Após o parto, as crianças de cada grupo foram acompanhadas por quatro meses. No grupo de crianças em que o cordão foi cortado imediatamente após o nascimento, 6,3% apresentavam uma anemia leve dois dias após o parto e 5,7% ainda tinham o quadro quatro meses após o nascimento. No grupo em que os médicos esperaram três minutos antes de cortar o cordão umbilical, somente 1,2% apresentava anemia aos dois dias e, mais impressionante, somente 0,6% tinha aos 4 meses - uma redução de quase dez vezes no número de crianças anêmicas aos 4 meses.

Esse resultado demonstra que manter o recém-nascido ligado ao cordão umbilical por mais três minutos pode resolver grande parte do problema da anemia infantil. Mas isso depende de esse novo procedimento ser adotado nos hospitais. Um experimento simples, baseado em uma ideia também simples, que pode resolver um problema importante. Ciência de primeira.

Mas o mais interessante é compreender por que os médicos decidiram que o procedimento correto seria cortar o cordão imediatamente após o nascimento. Em partos complicados, existem muitas razões para cortar imediatamente o cordão, mas ninguém conseguiu me explicar por que esse procedimento foi adotado como padrão nos partos absolutamente normais.

Durante milhões de anos, os primatas (e todos os outros mamíferos) viveram sem clipes e tesouras, em um ambiente em que o cordão era rompido muito mais tarde. Não seria de se esperar que o processo evolutivo tivesse, ao longo do tempo, ajustado corretamente o momento em que o cordão naturalmente interrompe o fluxo de sangue entre a placenta e o recém-nascido?

Ao decidir que o correto é cortar imediatamente o cordão, os médicos da época não consideraram a possibilidade de existir uma boa razão para o processo de seleção natural ter "escolhido" deixar o recém-nascido passar seus primeiros três minutos ainda ligado à mãe. Darwin deveria ser estudado nas escolas de Medicina.

MAIS INFORMAÇÕES: EFFECT OF, DELAYED VERSUS EARLY UMBILICAL CORD CLAMPING ON NEONATAL, OUTCOMES AND IRON STATUS AT, 4 MONTHS: A RANDOMISED, CONTROLLED TRIAL. BRITISH, MEDICAL JOURNAL, DOI:10.1136/BMJ.D7157, 2011

Deu zero. E agora, José? - ALBERTO TAMER


O Estado de S.Paulo - 08/12/11


E deu PIB de 0%. A economia não cresceu no terceiro trimestre. Não é uma tragédia, mas é um alerta que já soou antes, não foi ouvido e talvez chegue atrasado. Em 12 meses ainda é positivo, 3,7%, mas o mercado não acredita que feche o ano em torno disso. Aumenta o número de previsões de 2,8%. Todos concordam que as medidas prudenciais vieram na hora certa, mas poderiam ter sido revertidas mais cedo quando os indicadores de atividade econômica do Banco Central e todas as análises do mercado já mostravam uma forte desaceleração do consumo. Ele simplesmente estagnou no terceiro trimestre, menos 0,1%, quando havia crescido 5,4% nos quatro trimestres anteriores. O governo acredita em alguma reação nos últimos três meses do ano, de forma a ter um PIB de 3% e uma retomada do crescimento em 2012. Os analistas concordam.

Efeito estático. O economista-chefe para a América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, concorda. "A projeção do BNP para 2012 prevê recuperação da economia e aceleração do crescimento ao longo do ano que vem". Entretanto, diz ele à coluna, "há um efeito estático que não parece estar sendo devidamente levado em conta nas projeções. Como a economia termina 2011 mais fraca do que começou o ano, ela começa o ano de 2012 em um patamar relativamente mais deprimido. Isso puxa para baixo a média de 2012 como um todo, embora na ponta a economia deva se aquecer ao longo do ano que vem. Ou seja, em 2011 a economia começou forte e acabou fraca. Em 2012 deve ser o contrário - a economia começa o ano fraca mas termina forte", diz Carvalho.

Não foi a crise externa! Uma análise do PIB do terceiro trimestre revela um fato surpreendente pouco comentado na mídia. Não foi a crise externa, a retração do mercado mundial, que derrubou o PIB. Ao contrário. Impediu o pior! É. Sem ele, estaríamos em recessão. Quem registra e confirma esse fato é o próprio IBGE. "A economia toda desacelerou com as medidas do governo e juros altos. Foi o comportamento do setor externo que contribuiu para que o setor externo não ficasse negativo. Exportações aumentando 1,8% e importações recuando 0,4%", afirma a gerente de Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Então a tal crise externa não só não pesou mas até ajudou? Sim e não. Aqui, de novo, a grande distorção do comércio exterior brasileiro. O saldo comercial está sendo obtido unicamente pelo aumento das exportações de commodities como minério, alimentos e semimanufaturados.

O colega Rolf Kuntz, em artigo no Estado, mostra com extrema riqueza de dados e análise que a receita dessas exportações vem mais do aumento do volume do que dos preços. Desde soja e minérios, passando pelas carnes, até o algodão. E quase tudo para emergentes, principalmente para a China, onde o governo já admite crescimento menor e injeta mais liquidez num mercado interno que não reage. Os reflexos da desaceleração econômica mundial se refletem no mercado brasileiro sob duas formas: reduz as importações dos nossos principais parceiros e aumenta suas exportações que competem não só no mercado interno, mas no externo também.

Urgência atrasada. O comércio exterior salvou de um PIB negativo, sim, mas isso pode não se repetir nos próximos meses se não vierem com urgência medidas mais intensas de estimulo à demanda, à produção, ao consumo, aos investimentos privados e oficiais que praticamente sumiram com as crises ministeriais. O cenário externo pode se deteriorar nos próximos meses com a Europa entrando em recessão, mas o desafio é evitar a recessão no primeiro trimestre de 2012. E que não se conte novamente com o tubinho de ar das exportações. Vai faltar oxigênio lá fora.

Um começo incolor - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 08/12/11


2012 será o ano da verdade, tanto para o PSD de Gilberto Kassab quanto para o governo Dilma Rousseff, que, em termos de desenvolvimento e infraestrutura, ainda deixou a desejar
Nem governo, nem oposição. Nem Corinthians, nem Palmeiras. Nem Vasco, nem Flamengo. Nem branco, nem preto. Assim é o PSD. O primeiro seminário do partido, realizado ontem num hotel em Brasília, mostra que ali cabe de tudo não só no que se refere a campo ideológico na política bem como no mérito de propostas. O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles aponta um Brasil cor-de-rosa em meio à crise econômica europeia. Aposta que nada irá abalar a economia nacional e que a situação atual é passageira. Enquanto isso, nos bastidores, integrantes da legenda preferiam traçar um cenário cinza chumbo, como se o país estivesse coberto de nuvens que indicam fortes tempestades por causa do PIB zero do último trimestre. 
Juntando tudo, o que se tem é um partido com uma pluralidade de pensamento que, de concreto, apresentou uma fidelidade ao governo nas votações importantes. Ajudou inclusive a reduzir o tamanho da oposição. Mas ainda não dá para perceber que cor tem o PSD, se será governo dia e noite, ou ficará no meio-termo, ao sabor dos ventos, adotando a cor que predominar na estação. 
Como a situação é incerta tanto do ponto de vista político quanto econômico, o PSD por enquanto está incolor. Assim como a água, que se adapta aos contornos do copo e preenche espaços vazios. Quando fez o primeiro ato do partido em São Paulo, em março deste ano, Kassab foi claro. Disse que a relação com o ex-governador paulista José Serra era “inquebrável”. E completou: “Onde ele (Serra) estiver, eu estarei ao seu lado”. Ou seja, a porta para alianças com os tucanos continuará aberta até que Kassab possa sentir mais firmeza no governo Dilma ou na oposição.

Por falar em governo...
O “começo incolor”, entretanto, não é privilégio do PSD. No quesito infraestrutura, o mesmo governo Dilma que pisou firme no acelerador da área social lançando uma série de programas, encerra esse primeiro ano deixando a desejar em vários setores, especialmente o de energia, sua especialidade. Chegou a ponto de a Frente Parlamentar de Infraestrutura lançar ontem manifesto cobrando projeto nacional de desenvolvimento, o que, avaliam os integrantes do grupo, ainda não ocorreu. 
Sabe-se que, no Brasil, um dos indutores do crescimento é poder público. Quando os investimentos dos governos despencam, o Produto Interno Bruto não se sustenta. Foi isso que ocorreu no último trimestre em que a economia nacional registrou PIB nulo, segundo a avaliação de muitos comensais sentados à mesa, na sede do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), em Brasília. 
A avaliação da frente é clara. Na área de transportes, os investimentos caíram assim como no setor do petróleo. As chamadas parcerias público-privadas (PPPs) simplesmente não deslancharam. “Temos que trabalhar para que as coisas aconteçam e esse PIB nulo não se repita”, comentava ontem o presidente da frente, Arnaldo Jardim (PPS-SP), que, embora da oposição, não é do tipo que aposta no quanto pior melhor para se dar bem na próxima eleição. Ele fez inclusive questão de bater firme no trabalho suprapartidário que realiza no grupo. 
E, dentro da Frente de Infraestrutura, começa a haver um consenso de que não dá para passar o tempo esperando o governo. Por isso, eles, por conta própria, reuniram especialistas e elaboraram um conjunto de projetos para deslanchar a regulamentação na área de energia. Cobram do governo ainda uma Lei Geral das Agências Reguladoras, que preserve a autonomia das agências na tomada de decisões e fiscalização. 
A intenção da frente é agir, em vez de ficar apenas observando o andar da carruagem, como faz o PSD. O problema, infelizmente, está longe de ser resolvido. É que, por mais que se diga que é preciso isso e aquilo, se o governo não decidir votar, dificilmente esses projetos emplacam. A não ser, é claro, que os presidentes da Câmara, no caso o petista Marco Maia, e o do Senado, José Sarney, do PMDB, decidam que é hora de “mudar de cor”, digamos assim. Por enquanto, a única proposta que Sarney admitiu colocar em votação — chamando o governo para o ringue — foi a regulamentação da Emenda 29, que aumenta os recursos para a saúde, em pauta no Senado. Na Câmara, os temas polêmicos se acumulam. 
2012, entretanto, vai chegar daqui a alguns dias, como o ano da verdade, tanto para o PSD de Gilberto Kassab quanto para o governo Dilma Rousseff, que, em termos de desenvolvimento e infraestrutura, ainda deixou a desejar. Afinal, enquanto o governo Dilma não deixar claro que evitou o ingresso do Brasil no redemoinho da crise, o PSD de Gilberto Kassab continuará no muro: ora aliado, ora oposição. 

GOSTOSA


Enquadrados - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 08/12/11


O Planalto deu uma dura nos líderes institucionais da Câmara, do PT e do PMDB, que querem destinar R$1 bilhão do Orçamento para reajustar salários do Judiciário e do Ministério Público. Os governistas abandonaram a tese do confronto e adotaram o discurso do convencimento. Eles agora tentam ganhar os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento) para o reajuste. A presidente Dilma bateu o pé contra.

Catarse no PMDB
A reunião ontem da bancada do PMDB, que reconduziu o líder Henrique Alves (RN), virou um muro de lamentações. Deputados reclamaram de o partido estar sub-representado no governo, de não serem atendidos por ministros do próprio partido e da não liberação das emendas parlamentares. “O governo nos pede milhões para a DRU e nos dá uma merreca. Ninguém é capacho”, berrou o deputado Newton Cardoso (MG). “Do que adianta ter ministro do PMDB, se não somos atendidos? Eu chego ao final do ano com a paciência esgotada”, afirmou o deputado Marllos Sampaio (PI), candidato à prefeitura de Teresina.

É uma questão de prioridade. Ou paga juros, ou paga para a Saúde” 

— José Agripino, senador e presidente do DEM (RN), em defesa da emenda Tião Viana, que destina 10% da receita do governo federal para a Saúde

André Coelho/21-11-2011

DOMINADO. 
No debate da Emenda 29, ao defender a proposta que destina 10% da receita da União para a Saúde, a oposição cobrou o voto do senador Jorge Viana (PT-AC). Ele é irmão do governador Tião Viana (AC), que quando senador, em 2008, aprovou o aumento da receita da Saúde, depois derrubado na Câmara. Apesar dos apelos, Jorge está alinhado com o governo, que quer manter os atuais 7% da receita para a Saúde.

Ponto final
Numa audiência no Palácio do Planalto, esta semana, um dos presentes perguntou de chofre para a presidente Dilma se ela pretendia acabar com a Secretaria das Mulheres. Consta que ela respondeu: “Não está na minha pauta”.

Fazendo água
A emenda da oposição à DRU tinha na tarde de ontem 26 assinaturas, uma a menos do que o necessário para ser protocolada. O objetivo da oposição é apresentar a emenda para retardar a votação. Os senadores Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e João Durval (PDT-BA) retiraram seus apoios, a pedido do governo. Dessa vez, a oposição não contou com a assinatura dos senadores Ana Amélia (PP-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF).

Resistência
A despeito da comparação com os fatos que levaram à demissão de Antonio Palocci, a presidente Dilma está determinada a manter o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento). Seus assessores dizem que “ele é o ministro dela”.

NUNCA antes na história do PMDB. O deputado Henrique Alves (RN) foi reconduzido, pela sexta vez, para liderar a bancada do partido na Câmara.

A PRESIDENTE Dilma conversou ontem com os senadores Jorge Viana (PT-AC) e Luiz Henrique (PMDB-SC), relatores do Código Florestal no Senado. A presidente elogiou o desempenho de ambos.

O NOME do presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), para o Ministério do Trabalho é o deputado Brizola Neto (PDT-RJ).

ILIMAR FRANCO com Fernanda Krakovics, sucursais e correspondentes

E-mail para esta coluna: panoramapolitico@oglobo.com.br

Novo Código
A bancada do PMDB na Câmara fechou questão ontem a favor da votação do Código Florestal ainda neste ano. Insatisfeito com o texto aprovado no Senado, o deputado ruralista Ronaldo Caiado (DEM-GO) quer adiar para o ano que vem.

Reação
A cobiça dos petistas pelo Ministério das Cidades está gerando uma forte reação no PP. Seus dirigentes chegaram à conclusão que talvez seja melhor se alinhar pela permanência do ministro Mário Negromonte do que perder a pasta.

Novo projeto do Código Florestal é realista - EDITORIAL O GLOBO


O Globo - 08/12/2011


Se a Câmara dos Deputados referendar a decisão do Senado, como se espera, longos dez anos de tramitação do projeto do Código Florestal terão produzido um texto equilibrado sobre um tema estratégico, num terreno minado por paixões e interesses políticos e ideológicos.

A luta entre "ambientalistas" e "ruralistas", transposta para o Congresso, parecia um obstáculo intransponível. Em certa medida, ajudou no desfecho positivo o fato de o decreto 6.514, de 2008, suspenso pelo governo Lula para permitir um entendimento em torno de um novo projeto, voltar a vigorar este mês. Há uma corrida contra o relógio para substituí-lo pelo Código.

O decreto se mostrara inexequível devido às exigências e penas previstas, mas era grande ameaça aos produtores rurais, com reflexos negativos na produção de alimentos. Serviu, ainda, de pressão para um acordo entre as partes o crescimento, na própria agenda mundial, da questão das mudanças climáticas, em que o Brasil tem lugar de destaque.

Um primeiro passo foi dado com a escolha do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para relator do projeto na Câmara. Mas houve desvios. Talvez o maior deles, o risco de autores de crimes ambientais serem anistiados. No entanto, foi com Rebelo que se começou a caminhar numa direção realista, de preservação da produção agrícola, mas com recuperação e proteção do meio ambiente.

O difícil, quase impossível, foi em grande medida alcançado, sob a relatoria dos senadores Luiz Henrique (PMDB-SC) e Jorge Vianna (PT-AC), este com longa história no movimento verde. Vianna teve de assumir posições realistas, porém difíceis para uma pessoa com a militância dele. Se o objetivo era um código factível, teriam de ser contrariados radicais dos dois extremos: ruralistas sem qualquer consciência do valor da biodiversidade e ecologistas manipuladores da luta preservacionista, na tentativa de inviabilizar o modelo de produção capitalista do grande negócio na agricultura brasileira, um dos responsáveis pelo resgate histórico da dívida externa do país. Por este motivo, organizações radicais como o MST aderiram à "luta" pelo Código Florestal.

Foi possível acabar com a anistia generalizada, mas prevendo-se a reconstituição de áreas de reserva legal destruídas até 22 de julho de 2008, data do decreto suspenso. Tudo será feito sem inviabilizar culturas tradicionais de frutas, existentes principalmente no Sul e no Sudeste. Para a terra ser regularizada, precisará deste reflorestamento.

As propriedades terão de ser registradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), aberto à consulta pela internet. No Senado, caiu a exigência de averbação das terras, de alto custo para os ruralistas, segundo eles. Outro aspecto de destaque no projeto - desenhado já na Câmara - é a possibilidade de se compensar a falta de reserva legal com florestas de outros donos, mas no mesmo bioma. A reserva tem de ser de no mínimo 20% da área - sem considerar aquela de proteção permanente (APP) -, e varia conforme a região.

A aprovação do novo Código, na terça-feira, por 59 senadores a favor e apenas sete contra, é animadora. Indica que o Senado conseguiu chegar a um equilíbrio entre os interesses da produção e da preservação. Que deveriam estar do mesmo lado.

Pentimentos - CONTARDO CALLIGARIS


Folha de SP - 08/12/11

""Pentimento" é a palavra italiana para arrependimento, mas designa (em muitas línguas) uma pintura, um desenho ou um esboço encoberto pela versão final de um quadro.

Às vezes, com o passar do tempo, a tinta deixa transparecer uma composição em cima da qual o artista pintou uma nova versão.

Outras vezes, os raios-x dos restauradores desvendam opções anteriores, que permaneceram debaixo da obra final. Esses esboços ou pinturas, que o artista rejeitou e encobriu, são os pentimentos, que foram descartados sem ser propriamente apagados.

Visível ou não, o pentimento faz parte do quadro, assim como fazem parte da nossa vida muitas tentações e muitos projetos dos quais desistimos. São restos do passado que, escondidos e não apagados, transparecem no presente, como potencialidades que não foram realizadas, mas que, mesmo assim, integram a nossa história.

Pensei nisso assistindo a "Um Dia", de Lone Scherfig, que estreou na sexta passada. O filme é a adaptação do romance homônimo de David Nicholls (Intrínseca), que foi uma das leituras que mais me tocaram neste ano e que já comentei brevemente na coluna de 21 de julho.

O livro e o filme (cujo roteiro é do próprio Nicholls) contam a história de Emma e Dexter, que são unidos pelo pentimento: cada um deles é o grande pentimento do outro -ou seja, ao longo dos anos, cada um é, para o outro, a lembrança de que um outro destino teria sido possível.

Reflexões, saindo do cinema:

1) Nossas vidas são abarrotadas de caminhos que deixamos de pegar; são todos pentimentos, mais ou menos encobertos: histórias que não se realizaram. Por que não se realizaram? Em geral, pensamos que nos faltou a coragem: não soubemos renunciar às coisas das quais era necessário abdicar para que outras escolhas tivessem uma chance. E é verdade que, quase sempre, desistimos de desejos, paixões e sonhos porque custamos a aceitar que nada se realiza sem perdas: por não querermos perder nada, acabamos perdendo tudo.

Emma e Dexter, por exemplo, ficam cada um como pentimento do outro porque nenhum dos dois consegue renunciar à sua insegurança (que é, aliás, o que os torna tão tocantes e parecidos com a gente): ela morrendo de medo de ser rejeitada, e ele, sedento de aprovação, fama e sucesso.

2) O problema dos pentimentos é que eles esvaziam a vida que temos. O passado que não se realizou funciona como a miragem da felicidade que teria sido possível se tivéssemos feito a escolha "certa". Diante disso, de que adianta qualquer experiência presente? Emma e Dexter, por exemplo, são condenados a fracassos amorosos pela própria importância de seu pentimento.

3) Nem sempre os pentimentos são bons conselheiros -até porque, às vezes, eles são falsos (esse, obviamente, não é o caso de Emma e Dexter). Hoje, é fácil esbarrar em espectros do passado: as redes sociais proporcionam reencontros improváveis e, com isso, criam pentimentos artificiais. Graças às redes, uma história que foi realmente apagada da memória (não apenas encoberta) pode renascer como se representasse uma grande potencialidade à qual teríamos renunciado.

No reencontro, um namorico da adolescência, insignificante e esquecido, transforma-se em (falso) pentimento, ou seja, numa aventura que poderia ter aberto para nós as portas do paraíso (onde ainda estaríamos agora, se tivéssemos ousado trilhar esse caminho).

Quando examino as fotos de minhas turmas do colégio, sempre fico com a impressão de que deixei amizades e amores inacabados ou nem começados, mas que teriam revolucionado meu futuro. É como se me perguntasse "Quem era minha Emma? Para quem eu era o Dexter?", fantasiando pentimentos de relações que nunca existiram.

Somos perigosamente nostálgicos de escolhas passadas alternativas, que teriam nos levado a um presente diferente. Se essas escolhas não existiram, somos capazes de inventá-las -e de vivê-las como pentimentos.

Avisos: os pentimentos não são necessariamente recíprocos, e os falsos pentimentos, revisitados, são pequenas receitas para o desastre.

4) Estreia amanhã "As Canções", de Eduardo Coutinho. Homens e mulheres cantam a música que foi crucial na sua vida (e explicam por que ela foi crucial). Em alguns casos, especialmente tocantes, as músicas são trilhas sonoras de pentimentos.

O futuro já chegou - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 08/12/11

No seu novo livro “A soma e o resto”, — título que “tomou emprestado” de um livro de seu amigo Henri Lefebvre — lançado ontem no Rio com uma conversa entre o ex-presidente Fernando Henrique, a colunista Miriam Leitão e eu na Livraria Cultura, com mediação da editora de O País do GLOBO, Silvia Fonseca, dentro do projeto Prosa na Livraria, surge um retrato mais humanizado, muitas vezes ignorado, do intelectual Fernando Henrique, tido geralmente como um cético.

Como o livro é baseado em conversas com seu assessor, o diplomata Miguel Darcy, o tom coloquial dá margem a revelações de angústias e ansiedades do ex-presidente. Sobretudo, permite que ele se revele um inquieto permanente, que assim se define: “É a curiosidade que me move. O sentido que dei à minha vida foi tentar perceber o que vem de novo por aí. Não me preocupo muito com o que já está. A gente pensa que vai ocorrer o inevitável e vem o inesperado”.

Talvez por isso, tendo chegado aos 80 anos, Fernando Henrique tenha reinventado sua atividade política tratando de um assunto polêmico, mas fundamental: o que fazer diante do aumento do uso de drogas. Ele diz que se interessou pelo tema “pelo ângulo da democracia, do risco da corrosão das instituições pela violência e corrupção associadas ao tráfico”.

A tese central de Fernando Henrique, que tem presidido comissões internacionais sobre o assunto, é que a droga tem de ser vista como questão de saúde pública e não meramente de repressão policial, pois fracassou a política de guerra às drogas levada à frente pelos Estados Unidos, há cerca de 10 anos assumida pela ONU como política oficial.

Ontem ele participou, pela manhã, de uma mesa redonda sobre o assunto, que eu mediei, na comemoração dos 18 anos do Viva Rio, ONG presidida pelo sociólogo Rubem César Fernandes que tem tido presença marcante na recuperação do Rio. Nada mudou nesses anos de repressão, não diminuiu o consumo de drogas em escala internacional, aumentaram as mortes, e o problema continua crescente no mundo todo. Problema como o que vivemos no Brasil, mais especificamente no Rio, agora combatido com a política de retomada de territórios dos traficantes com as UPPs. Problema como no México, onde a situação é calamitosa, com cartéis de drogas atuando violentamente, e em outras partes do mundo.

A ideia é que, a partir do fracasso da repressão, é preciso passar a tratar as drogas como questão de saúde pública, com campanhas de esclarecimentos sobre seus malefícios e restrições ao uso em lugares públicos. Fazer como autoridades no mundo todo, em graus variados, que estão tratando o cigarro, considerado por especialistas, ao lado do álcool, tão pernicioso quanto a maconha. O secretário do Ambiente, Carlos Minc, no debate, fez um paralelo: enquanto o cigarro, droga legalizada, tem seu consumo diminuído pela ação dos governos, o da maconha, droga ilegal, só faz aumentar.

A proposta encaminhada à ONU pela Comissão Latino- Americana, que, além de Fernando Henrique, teve na coordenação os ex-presidentes César Gaviria, da Colômbia, e Ernesto Zedillo, do México, foi pela descriminalização da maconha, por ser a droga majoritária no mundo (80% do consumo mundial) e cujos malefícios podem ser comparados aos do álcool e do tabaco.

Buscar alternativa à guerra para reduzir o consumo de maconha é um caminho para solucionar um problema que tem causado prejuízo aos países, tanto financeiro quanto em vidas. É um tema delicado, especialmente para políticos, mas tem de ser enfrentado. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, enfrentou a questão quando ministro da Justiça no governo Lula e contou que, ao defender essa tese em uma universidade no seu estado, surpreendeu-se no dia seguinte com a manchete de um jornal, que dizia que ele defendia a liberação da maconha.

Outro caso foi uma manifestação de jovens a favor da maconha no Fórum Social Mundial em Belém, cada um com sua plantinha na mão e cantando: “Polícia, maconha é uma delícia”. O ministro da Justiça e os agentes da Polícia Federal que o acompanhavam não puderam fazer nada, mesmo diante de um ato ilegal na época. Hoje, o Supremo Tribunal Federal retirou das manifestações a favor da maconha o caráter de apologia ao crime.

Tarso Genro disse que situações como essa, em que a lei não é eficaz diante da pressão da sociedade, têm de ser consideradas quando se pretende encontrar caminhos para reduzir o uso das drogas de maneira eficiente. A Comissão Global sobre Drogas vai adiante e tende a trabalhar pela legalização e regulamentação do uso da maconha para combater o tráfico e suas consequências.

Fazem parte da Comissão Global políticos como Javier Solana, ex-secretário-geral da Otan e ex-alto representante para a Política Externa e de Segurança Comum da União Europeia; Ruth Dreifuss, ex-presidente da Suíça; George Schultz, ex-secretário do Tesouro dos EUA; empresários como Richard Branson, fundador do grupo Virgin e ativista de causas sociais, e John Whitehead, banqueiro e presidente da fundação que construiu o memorial no lugar do World Trade Center, além dos escritores Carlos Fuentes, do México, e Mario Vargas Llosa, do Peru, prêmio Nobel de Literatura.

A descriminalização da maconha não é o caminho ideal, mas o menos pior. Todas as drogas são prejudiciais, ressaltou Fernando Henrique; o consumo não é problema de polícia, mas de saúde pública. Problema de polícia é o tráfico, que pode ser fragilizado com a liberalização do consumo e campanhas de controle do uso e dos danos à saúde.

A sede do Comitê Olímpico Internacional fica em Lausanne, e não em Genebra, como escrevi em recente coluna.

GOSTOSA


A lista de Pimentel - CARLOS ALBERTO SARDENBERG


O Globo - 08/12/2011


Antonio Palocci caiu porque não quis ou não pode divulgar a lista de clientes de sua consultoria. Já a lista do ministro Fernando Pimentel é conhecida. E não é boa para ele. De certo modo, sua situação explica por que Palocci preferiu deixar a chefia da Casa Civil a revelar nomes de clientes, contratos e valores recebidos.

A lista de Pimentel inclui dois tipos de clientes: empresas que tinham contratos com a prefeitura de Belo Horizonte quando o hoje ministro era prefeito e que continuaram tendo depois, quando o ex-prefeito mantinha forte influência na administração municipal; e a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), que, como toda entidade patronal, tem enorme interesse nas relações com os diversos níveis de governo.

Como Palocci, Pimentel também estava fora do governo quando prestou as consultorias. Mas, como Palocci, continuava na política e como integrante da cúpula do grupo político dominante no Brasil, o PT e seus aliados, com óbvia expectativa de voltar a algum governo muito brevemente.

Consultoria no Brasil de hoje é coisa séria. Não se trata de dar uma OC (Opinião Cinsera), como se brinca no meio. Há contratos nos quais se especificam assuntos, horas de trabalho, relatórios, documentos a serem apresentados e os nomes dos profissionais envolvidos. E depois há o acompanhamento: atas de reunião, participantes, textos e projetos apresentados. Para quê? Justamente para evitar a OC e a picaretagem. Por exemplo, para evitar que o presidente da companhia contrate um "laranja" para receber dinheiro e depois repassá-lo.

Pimentel diz que fez contratos informais, na base da confiança, e que não há relatórios porque praticou consultoria direta. Ou seja, foi lá e conversou com o pessoal.

É, pode ser, especialmente no caso de uma empresa privada pequena. Os sócios de uma nova empreiteira, por exemplo, podem querer saber como participariam de grandes obras públicas. Contratam alguém do ramo, com experiência no setor público. Quem melhor que o ex-prefeito de uma cidade em obras?

Mas quanto valem essas conversas? Da empresa QA Consulting, a consultoria de Pimentel, a P-21, recebeu R$400 mil, em um ano e meio, sem especificar quantas conversas foram. Digamos que tenham sido 16, uma por mês. Dá R$25 mil por conversa, pagamento normal para um consultor de nível, como diz o pessoal do meio. Mas, como não há registro de quantas reuniões foram, a suspeita permanece, não é mesmo?

Qual suspeita? Uma conversa com alguém que sabe das coisas vale muito mais que uma simples consultoria. Uma conversa com alguém que tem acesso e influência sobre autoridades que decidem sobre gastos vale ainda muito mais. E se não houve conversa nenhuma?

É especulação, claro. Mas, como não há registro formal das consultorias, fica palavra contra suspeita.

O caso da FIEMG, que pagou R$1 milhão por nove meses de consultoria de Pimentel, é ainda mais grave. Foi uma consultoria cara sob qualquer padrão. Além disso, a Federação é uma entidade pública e que vive de dinheiro público, imposto recolhido na folha de pagamento. Obrigatoriamente, teria de prestar contas detalhadas desse contrato com o ex-prefeito. Mas não há nada: nem relatórios de reuniões, nem documentos produzidos pelo consultor, nem atas, nada.

Há apenas a palavra do então presidente da FIEMG, Robson Andrade, hoje presidente da Confederação Nacional da Indústria. Disse que foi uma consultoria sobre economia e sustentabilidade, que foi útil, e lembrou que entidades sindicais têm interesse em manter bom nível de relacionamento com os governos.

Certamente, mas qual tipo de relacionamento?

Resumo da ópera: Pimentel recebeu dinheiro de empresas privadas que tinham contratos com uma prefeitura que ele comandou e sobre a qual exercia influência. E de uma entidade patronal que praticamente confessa estar fazendo lobby. Tudo isso sem um papel, um documento, um relatório que formalize as consultorias.

Pimentel sustenta, entretanto, que a emissão de notas fiscais e o pagamento de impostos constituem a formalização da atividade profissional. Palocci dizia a mesma coisa. E não é verdade. Pimentel, como Palocci, não é acusado de sonegação de impostos. A suspeita, a desconfiança é outra: é de lobby, advocacia administrativa, recebimento de prêmios, dinheiro de campanha etc.

O ministro e as demais pessoas envolvidas dizem que são suspeitas indevidas, politicamente alimentadas e que não há prova de nada. De fato, não há também nenhuma prova de que as consultorias foram feitas.


FOLHA CORRIDA - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 08/12/11

A devassa do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) na folha de pagamento do TJ (Tribunal de Justiça) de SP vai se estender por todo o país. Levantamento do órgão identificou mais de 50 magistrados e servidores, da ativa e aposentados, que tiveram movimentações financeiras atípicas. A investigação será realizada em outros 21 tribunais.

PRÓXIMA PARADA
Os próximos a ser fiscalizados serão o Tribunal Regional do Trabalho de Campinas e o TJ da Bahia.

CONTA-CORRENTE
Uma das movimentações que mais chamaram a atenção do CNJ foi a de um magistrado de SP que recebeu depósito de R$ 1 milhão.

ONDE ESTÁ ROGER?
Amigos do médico Roger Abdelmassih, condenado por estupro no Brasil e foragido da Justiça, suspeitam que ele não está no Líbano, como tem sido divulgado.

ESTUFADO
São Paulo terá novo inventário de emissão de gases de efeito estufa, em que se verifica quais são as principais fontes desse tipo de poluição. Ele será feito pela Associação Nacional de Transportes Públicos. Em 2005, inventário mostrou que a maior fonte eram os veículos.

CÁTEDRA
Marcos Troyjo dirigirá o BRICLab, centro de estudos sobre Brasil, Rússia, Índia e China recém-inaugurado na Universidade Columbia.

MULHERES DE ATENAS
A companhia teatral mineira O Trem foi autorizada pelo Ministério da Cultura a captar R$ 1,4 milhão via Lei Rouanet para montar o musical "Mulheres de Hollanda". O espetáculo, baseado na obra de Chico Buarque, está previsto para estrear em São Paulo no segundo semestre de 2012.

NA BRASA
E a produtora Natasha, de Paula Lavigne, ex-mulher do cantor Caetano Veloso, também foi autorizada a captar R$ 862 mil, via lei de incentivo fiscal.

Ela vai produzir o DVD "Músicas para Churrasco", de Seu Jorge.

NASCEU O DJ
O modelo Jesus Luz -lembram dele?-, ex-namorado da cantora Madonna, vai passar o Natal tocando na Suíça. Ele será DJ em uma festa em um bar na Basileia, no dia 25.

DILMA: "GOSTO DESSE ADVÉRBIO. OPORTUNAMENTE!"

"Sabe por que eu gosto daquela foto? Porque ela é verdadeira. Foi o que aconteceu", disse Dilma Rousseff à coluna anteontem sobre a imagem em que aparece, aos 22 anos, na Auditoria Militar, em 1970. A presidente, que tinha passado por torturas, está no centro. Os militares que a interrogam encobrem a face. Dilma diz que não sabe quem são eles. "Mas me lembro de seus rostos." A foto, divulgada há alguns dias, está num livro sobre a sua vida que será lançado neste mês.

A vida girou, e hoje a presidente tem a atribuição exclusiva de indicar os integrantes da Comissão da Verdade que investigará violações aos direitos humanos cometidas durante a ditadura militar. "Oportunamente", respondeu, ao ser questionada pela Folha sobre o dia em que divulgará os nomes. "Eu gosto desse advérbio: oportunamente!"

A atriz Lilia Cabral, a Griselda de "Fina Estampa" (Globo), está na roda. Ela e Dilma, entre outros, receberam naquela noite prêmios das revistas "IstoÉ", em SP.

A conversa logo passa para um tema mais ameno.
"Quer discutir novela comigo? É claro que eu assisto novela, minha querida." Dilma segura o rosto da colunista. "Esqueceu que eu estive presa?" Foi no cárcere, diz, que começou a acompanhar as tramas.

Qual delas? Não se lembra. "Tinha aquela música: 'Menina, que um dia eu conheci criança, te carreguei no colo, menina...'", cantarola. "Irmãos Coragem", diz Lilia Cabral. "Eu vi também aquela que tinha um motorista, e que o dinheiro voava pela janela...", diz Dilma. "Pecado Capital", emenda a atriz.

CURTO-CIRCUITO

A Cia. Cisne Negro apresenta até o dia 18 o balé de Natal "O Quebra-Nozes", no Teatro Alfa. Livre.

A Jewish IN faz festa de 20 anos, na Cidade Jardim.

A camisaria Duo lança hoje sua coleção 2012.

Houssein Jarouche faz a festa Dossiê 73 em sua casa, no sábado, com o tema "Andy Warhol encontra Jeff Koons no Pacaembu".

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

O mais cruel dos meses - DEMÉTRIO MAGNOLI


O Estado de S.Paulo - 08/12/11


A "perseguição da mídia" e o "ódio das forças mais reacionárias" derrubaram Carlos Lupi, segundo o próprio Lupi. O homem impoluto desafia a verdade até mesmo na carta de despedida: de fato, ele foi demitido por Dilma Rousseff, depois de uma recomendação da Comissão de Ética Pública. É o sexto ministro abatido por indícios gritantes de corrupção, o que dá uma taxa de queda de um para 57 dias, desde a posse do governo, ou de um para 30 dias, desde o adeus de Antônio Palocci, recordes absolutos na história política mundial.

O Brasil era, há um ano, um país que se comprazia por ter elevado uma mulher - uma "mulher forte" - à Presidência da República. Hoje é um país que imagina essa mulher como a faxineira da República. Há algo de curioso, a ser investigado pelos antropólogos, nessa sutil recuperação de um simbolismo patriarcal. Contudo, para além disso, a nova narrativa, veículo de uma esperança ingênua, nasce no riacho do equívoco. Faxineiras eliminam a sujeira contingente - ou seja, as impurezas que se acumulam sobre um meio íntegro. A corrupção pública no Brasil é, porém, outra coisa: a seiva que confere vitalidade e equilíbrio a um sistema político degenerado.

Na hora do acordo geral que propiciou a emenda da reeleição, Fernando Henrique Cardoso perdeu irremediavelmente a oportunidade de deflagrar tanto uma reforma do Estado como uma reforma política. Lula nunca viu a necessidade de tais reformas e, após o quase colapso provocado pelo "mensalão", se tornou um mestre na arte de manusear as disfunções de nosso sistema político como uma ferramenta de poder. A grande coalizão que articulou em torno da candidatura continuísta de Dilma está amparada, essencialmente, no princípio operativo da partilha de um butim.

Lula não inventou o patrimonialismo, mas o alargou até limites extremos. Sob o ex-presidente, a máquina administrativa dos ministérios foi reconfigurada para atender aos interesses particulares das incontáveis facções que formam o heterogêneo bloco de poder. Segundo a lógica do lulismo, ministérios não existem para desempenhar funções de administração pública, mas exclusivamente para acomodar as forças da coalizão, e ministros não são escolhidos a partir de critérios de competência, mas apenas em função de cálculos de intercâmbio político.

O ex-presidente sempre exerceu a prudência quando se trata da estabilidade da ordem política maior: do butim ministerial ele excluiu as pastas ligadas ao Tesouro, às Armas e à Diplomacia. Fora desse núcleo do poder de Estado, toda a Esplanada foi cedida aos leilões de privatização da máquina pública. Os "partidos da base" foram contemplados segundo proporcionalidades maleáveis, mas se reservaram cotas pessoais, como o latifúndio ministerial de José Sarney. Na divisão dos despojos tratou-se o PT como uma confederação de correntes de peso desigual e o PMDB, como uma coleção de máfias regionais. Ofertaram-se escalpos secundários da administração aos "movimentos sociais" palacianos e à miríade de ONGs articuladas em torno das bandeiras do ambientalismo e do multiculturalismo. O fruto da partilha de quase quatro dezenas de ministérios e mais de 20 mil de cargos de livre nomeação é um polvo monstruoso, imerso em guerras intestinas, mas unido por uma visceral hostilidade aos direitos e interesses dos cidadãos.

O bloco de poder lulista organizou-se à volta de um personagem carismático, de inclinações caudilhescas. Nas circunstâncias constitucionais de proibição de sucessivas reeleições, Lula criou o cenário paradoxal em que a fiel depositária de seu poder é uma figura destituída de brilho político autônomo e de qualquer traço de carisma. Além disso, a presidente é o seu oposto num aspecto decisivo, pois enxerga a administração pública com os olhos de um gerente. Lula e Dilma leem o mesmo livro todos os dias, mas onde um lê negro, o outro lê branco. A gerente não aceita - na verdade, nem sequer entende - a lógica depravada sob a qual o líder caudilhesco montou o governo cujo comando lhe transferiu.

No seu primeiro dia no gabinete presidencial, de acordo com uma fábula verossímil, Dilma solicitou um calendário de 2012 e escreveu a palavra "liberdade" no espaço do mês de janeiro. Ela experimentaria um ano de submissão compulsória antes de formar um governo que pudesse chamar de seu. A queda em série das peças mais podres do dominó ministerial animou o seu projeto de remoldagem da máquina administrativa por um torno mecânico guiado pelo princípio gerencial. Metodicamente, vaza-se do Planalto a notícia de que a presidente pretende reduzir o número de ministérios e conferir ao conjunto um nível básico de eficiência operacional. Dilma quer mudar para uma casa nova, pois a que ocupa não pode ser saneada. Ela sonha com a mãe de todas as faxinas.

O sonho presidencial, contudo, está sustentado sobre a ilusão de ótica que é a marca inconfundível do pensamento gerencial. Numa organização corporativa, uma deliberação de diretoria é condição suficiente para a reconfiguração de todo o organograma. Um sistema político nacional funciona de modo mais complexo, principalmente quando assentado sobre o princípio da legitimidade democrática. A reforma ministerial almejada por Dilma não se coaduna com a teia de compromissos que formam a armadura do bloco de poder construído por Lula. A mãe de todas as faxinas solicitaria a reforma do Estado e, no fim das contas, uma reforma política de substância - ou seja, a ruptura com uma herança que serviu de lastro para o lulismo. A presidente não tentará dar esse salto, que está além de seu poder.

Ao que tudo indica, para Dilma janeiro será um tempo de confronto com o espectro da impossibilidade e de reconhecimento de sua insanável subordinação à figura do antecessor. No mais cruel dos meses, ela riscará a palavra "liberdade" do calendário que mantém numa gaveta secreta.

O CASAL 20% DA CORRUPÇÃO


Socuerro! O PIB virou PIF! - JOSÉ SIMÃO


FOLHA DE SP - 08/12/11


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

Direto do País da Piada Pronta: Motorista embriagado é detido após tombar caminhão de cerveja! Tombou "pra drentro"!

E mais um predestinado, diretor do Instituto do Meio Ambiente do Amapá: Pedro Paulo BOSQUE! Desmatado!

E olha a faixa que um vascaínJoso estendeu no terraço, no Rio de Janeiro: "Quando o flamenguista sai pra trabalhar, eu sou o vice da mulher dele também".

E o PIB? Só dá manchete com o PIB! O PIB caiu. A queda do PIB. PIB-PIB-PIB!

E o que a Dilma fez? Só deu um grito de ameaça! "MAAAAAAAAANTEGA! AAAAAAAQUI! AAAAAAGORA!" Ouvir a Dilma gritando deve ser pior do que prender o pingolim na calça em plena lua de mel! Rarará!

O PIB caiu com o Mantega pra baixo. Rarará! Não é sempre assim?! E o brasileiro não tá interessado em PIB. Brasileiro quer comprar em 12 vezes sem juros! E ponto final!

PIB quer dizer Pobreza Individual do Brasileiro! O PIB virou PIF! Produto Interno Pífio!

E uma amiga falou que PIB na casa dela quer dizer Pinto Irremediavelmente Broxa! Rarará! E notícia econômica é bom porque ninguém entende nada!

E eu já disse mais de mil vezes que é Mântega. Ele não gosta que a gente pronuncie Mantêga! É Mântega!

Você vai no mercadinho da esquina e pede cem gramas de mântega e 220 de RÍCOTA! E o próximo ministro será o MARGÁRINA. Ministro Margárina! Rarará!

E você sabe que o Natal chegou quando entra no supermercado e escuta a Simone: "Eeentão é Naaaaatal..." Executando o John Lennon! Pelo décimo ano seguido. Os perus entram em pânico!

E o Santos tá no Japão! O Neymar vai deixar as japonesas de olho arregalado! E o santistas vão pensar que barco de sushi é macumba, ebó pra Iemanjá. Vão sair correndo! Rarará!

E agora o tema dos ministros da Dilma virou: "Se essa porra não virar, olê, olê, olá, eeeeeu cheeeeego lá". Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Aliás, acho que eu vou é beber o colírio!

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 08/12/11


Exportações de sapatos caem 22% neste ano

Os entraves colocados pela Argentina para a entrada de produtos estrangeiros no país ajudou a derrubar em 22% o volume das exportações de sapatos brasileiros entre janeiro e novembro deste ano, ante mesmo período de 2010, segundo a Abicalçados (associação do setor).

Na semana passada, quando a presidente Cristina Kirchner disse a empresários para não importarem "nem um prego", apenas 30,1 mil pares brasileiros foram liberados para entrar no país. Aguardam licença outros 2,8 milhões, que somam US$ 27,8 milhões.

Algumas empresas do setor dizem que passaram a desconsiderar o mercado vizinho para 2012. Outras cogitam produzir lá por meio de parcerias.

Mesmo com fábrica na Argentina, a Alpargatas encontra dificuldades. "Eles analisam licença por licença. Não é automático para quem tem base própria, como é padrão em todos os países", afirma Márcio Utsch, presidente da Alpargatas.

"A Argentina está exacerbando o protecionismo. A diplomacia brasileira tinha de ser mais dura. Ela age, mas não está repercutindo porque na Argentina não valem as mesmas regras que eles têm aqui."

O diretor-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, diz que "o nível de atividade do mercado interno é que está compensando" o recuo das exportações. O segmento deve crescer até 6% neste ano. Em 2010, chegou a 10,5%.

Outros setores, como de máquinas agrícolas e têxtil, também enfrentam problemas para vender à Argentina.

Número

2,8 milhões de pares aguardam licença para entrar na Argentina

"A diplomacia brasileira tinha de ser mais dura. Está negociando, mas não está repercutindo"

MÁRCIO UTSCH, presidente da Alpargatas

RECONSTRUÇÃO
O número de contratações na construção civil brasileira em outubro foi o mais baixo desde março deste ano, de acordo com o levantamento do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).

O setor abriu 16,1 mil novas vagas, o que representou diminuição de 48,9% em relação às contratações de setembro passado.

Na cidade de São Paulo, a construção civil apresentou o pior índice de trabalhadores contratados de 2011.

CHINESES E SÓCIOS
A Faber-Castell vai investir na operação brasileira R$ 40 milhões em cada um dos próximos dois anos. O aporte será em tecnologia para incrementar a produção, em especial para atender a demanda por lápis cosméticos, que cresce cerca de 20% em 2011. A empresa estima expansão entre 7% e 8% em 2012, semelhante ao crescimento deste ano. O faturamento no ano fiscal 2010-2011 foi de R$ 407 milhões no país.

De um lado, a centenária empresa alemã, há 81 anos no país, enfrenta a concorrência de produtos chineses, que o conde Anton Wolfgang von Faber-Castell, presidente mundial da companhia, qualifica de "desleal".

De outro, há uma disputa judicial com quatro famílias de sócios minoritários brasileiros, que reclamam da governança corporativa do controlador alemão.

O acordo societário vence em janeiro e o conde não vê razão para renová-lo.

"Estamos bem assim. Eles [minoritários] têm assento no conselho consultivo e, com o fim do acordo, passarão a ter um membro no conselho fiscal. Nosso foco tem de ser o consumidor."

VIAGEM LATINA
A cidade de Buenos Aires é o destino preferido dos brasileiros, segundo a agência de viagens Decolar. A capital argentina foi escolhida em 30% das reservas feitas para dezembro deste ano.

A companhia também classificou os destinos preferidos de outros países sul-americanos. O Rio de Janeiro ficou na liderança entre os chilenos.

"A principal mudança é a diminuição do interesse pela Europa, que ficou mais cara para vários países, como a Argentina", diz o presidente da agência, Alípio Camanzano.

GESTÃO PREMIADA
A Fiesp e a FGV-SP anunciam hoje as 16 cidades que estão nas semifinais do prêmio que avalia a gestão das prefeituras paulistas.

Santos e São José dos Campos foram os municípios mais bem avaliados entre os que têm população superior a 250 mil habitantes. Nas próximas semanas, as semifinalistas receberão um grupo de técnicos da FGV. O resultado será divulgado até março de 2012.

A análise levará em conta indicadores de saúde, educação, responsabilidade fiscal, entre outros.

DIRETO NO GUICHÊ
Apesar do crescimento das vendas pela internet no país, a maioria dos viajantes compra suas passagens rodoviárias no guichê das empresas, de acordo com pesquisa da viação Catarinense.

Quando a viagem não ocorre por motivo de férias, 50,4% dos entrevistados afirmam adquirir a passagem na rodoviária. Apenas 17,3% dizem comprar o bilhete pela internet.

As vendas on-line são mais procuradas para as viagens de férias. Nesse caso, o número sobe para 27%. As agências de viagens também passam a ser mais procuradas e vendem 15,9% das passagens (em outras situações, seriam 13,5%).

Para realizar o levantamento, a empresa ouviu 1.957 pessoas em São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Joinville e Balneário Camboriú.

com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ

Favas contadas - DORA KRAMER


O ESTADÃO - 08/12/11

Decisivo para desempatar o julgamento sobre a posse ou não de Jader Barbalho na cadeira de senador, o voto da nova ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, não fará diferença no placar da decisão sobre a validade constitucional da Lei da Ficha Limpa.

É que o ministro Marco Aurélio Mello já está decidido, e tem dado sinais públicos disso, a votar em favor da constitucionalidade da lei. Isso quer dizer que se o assunto voltasse a ser examinado antes da posse da ministra que ocupará a 11.ª vaga, ainda assim o resultado seria, no mínimo, de seis a quatro em prol da exigência de ficha limpa para candidatos a cargos eletivos.

Até agora Marco Aurélio vinha sendo visto entre os colegas como partidário da tese de que a lei que torna inelegíveis políticos condenados por um tribunal em primeira instância fere o princípio da presunção da inocência.

Os dois votos já declarados nas duas sessões anteriores em que o julgamento foi interrompido por pedido de vista do processo, foram a favor da constitucionalidade: o do relator Luiz Fux e do ministro Joaquim Barbosa.

Como Carlos Ayres Britto, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski já haviam se manifestado da mesma forma em outras ocasiões, seriam cinco votos. Com mais o de Marco Aurélio Mello, seis.

Gilmar Mendes é defensor da aplicação do princípio da presunção de inocência. Ainda que José Antonio Dias Toffolli, Celso de Melo e Cezar Peluso o acompanhem nessa interpretação, a questão estaria decidida independentemente da posição de Rosa Weber.

Mas, pelo sim pelo não, o assunto só voltará à pauta depois da posse dela, quando então o colegiado estará completo. E por que não logo após a votação da indicação da ministra no plenário do Senado? Porque o STF entra em recesso no próximo dia 20 e em janeiro estará em férias. O julgamento será a partir de fevereiro de 2012.

Isso não afeta a vigência da legislação para a eleição municipal, porque a exigência de aprovação de uma lei no mínimo um ano antes do pleito já está atendida. O projeto foi aprovado pelo Congresso em maio de 2010 e, por isso, o STF julgou que não poderia entrar em vigor na eleição do mesmo ano.

Inclusive com o voto de Marco Aurélio Mello, que já naquele julgamento manifestou-se contrário à possibilidade de a lei ser "fulminada" ou "flexibilizada".

Na opinião dele, o que está em jogo na Lei da Ficha Limpa é a boa conduta como atributo para o exercício da vida pública, o que não tem, segundo o ministro, nada a ver com a questão da culpabilidade criminal e suas consequências penais.

O ministro vê a norma como um avanço cultural e compara a Ficha Limpa a outras leis que considera intocáveis pelo benefício inequívoco à sociedade. Cita os exemplos do Código de Defesa do Consumidor e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Na visão de Marco Aurélio, o STF deve estabelecer o norte, deixando os detalhes para serem tratados pela Justiça Eleitoral no julgamento de casos concretos.

O processo. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares andou dizendo que não se arrepende de nada do que fez. Pois deveria se ouvisse companheiros de partido que ajudou a arrastar para a lama e que se envergonham do episódio.

Para o ex-tesoureiro não houve crime, mas um "processo político" em meio ao qual foram arrecadados R$ 55 milhões sem intuito de enriquecer ninguém, mas para dar ao PT e aos partidos aliados uma fonte de recursos para campanhas.

Baseado nesse argumento, Delúbio sustenta que o "mensalão não existiu". Mas confirma que houve partilha entre partidos. O destino do dinheiro é irrelevante. O que importa é a origem: desvio e tráfico de influência.

De vez em quando é bom repor a história nos devidos termos, tão insistentes são as versões adaptadas do roteiro original escrito na denúncia da Procuradoria-Geral da República apontando a existência de uma quadrilha organizada para desviar dinheiro público maquiado em empréstimos fraudulentos e distribuí-lo entre os partidos que formariam a mais ampla base de apoio governamental desde a Arena.

O mal essencial - JOSÉ SERRA


O Estado de S.Paulo - 08/12/11


Dias atrás a presidente Dilma Rousseff aceitou a demissão do sexto ministro acusado de corrupção, irregularidades administrativas, malfeitos, o nome que se queira dar. A terminologia é de menos, importantes são os fatos. O primeiro ano de governo nem acabou e um em cada seis ministros já caiu em consequência de acusações relacionadas ao mau uso do dinheiro público. Deve ser um recorde mundial.

A primeira constatação é a do comprometimento do governo anterior, pois quase todos os demitidos sob suspeita saíram da cota dos herdados. Nesse sentido, é razoável considerar que a própria presidente foi fraca e aceitou do mentor um pacote estragado, por não ter força para resistir à pressão continuísta. Num esforço de leitura benigna, ela estaria agora fazendo a "faxina" na casa que herdou. Os fatos, porém, são soberanos. A presidente não pode alegar surpresa diante do pacote recebido, pois ela própria compunha o núcleo do governo a que sucedeu. Foi ministra durante todo o tempo, boa parte na posição estratégica de chefe da Casa Civil. Na prática, governou o País quando o então presidente passou a cuidar exclusivamente da sucessão. Não há como, portanto, alegar desconhecimento ou surpresa. Ela era parte importante do jogo.

Há, por certo, a versão fantasiosa de que os caídos em desgraça são vítimas de tramoias da imprensa. É o autoritarismo seminal do PT em ação. Para a presidente essa versão só é boa na aparência. Será ela tão fraca que não saiba distinguir fato de conspiração? Caso as suspeitas se confirmem, e a própria Controladoria-Geral da União se mostra abismada em certos casos, duas hipóteses se abrem, ambas negativas: ou Dilma ignorava tudo mesmo, evidenciando alheamento da realidade, ou sabia das coisas, mas se mostrava disposta a conviver com o triste cenário para manter o apoio dos partidos que a levaram ao Palácio do Planalto.

Não há, no plano dos fatos, como fazer desse limão uma limonada. O governo Dilma vai encerrando seu primeiro ano, seus primeiros 25%, sem estabelecer uma marca. Uma solenidade aqui, um programa prometido ali, um factoide acolá, mas nada de substancial, a não ser a tal faxina, metáfora que, bem pensado, é incômoda, porque remete, necessariamente, à sujeira. Ora, trata-se uma evidência de mau, não de bom governo, em especial quando a governante é obrigada a ir a reboque das revelações quase diárias de atos ruins na administração. Trata-se de um governo refém da disposição dos jornalistas para investigar. Vive-se aquele clima de "basta procurar para achar".

Onde está a raiz do mal? No loteamento da máquina, na transformação do governo numa federação desconexa de feudos entregues a partidos, grupos e personalidades, ocupando cada qual o seu pedaço para obter vantagens pecuniárias. Em troca, garantem à presidente apoio político. Cabe, a propósito, fazer uma indagação: apoio político pra quê? Qual é a agenda de Dilma?

Esse é um modelo que a presidente copiou do antecessor e mentor, que, por sua vez, o adotou a fim de resistir às dificuldades políticas decorrentes das graves revelações sobre o estado moral da administração.

Estamos diante de um mal estrutural, não circunstancial. Existe esperança de que a presidente vá romper com a lógica do condomínio que a elegeu e a sustenta. Não é plausível. Basta olhar para o maciço apoio parlamentar e a divisão dos feudos partidários, inclusive nas grandes empresas públicas e nas agências reguladoras, e se notará que tudo segue como sempre. O petismo é um sistema sem espaço para muita criatividade pessoal.

Será mesmo que governabilidade e patrimonialismo exacerbado têm sempre de andar de mãos dadas? Trata-se, creiam os leitores, de falso dilema, porém confortável para os que estão no poder. É possível, sim, montar um governo de coalizão, com maioria no Legislativo, sem permitir a drenagem setorizada dos cofres públicos pelos malfeitores.

Todos os partidos contam com pessoas honestas e competentes e reúnem parlamentares realmente preocupados com o País e com suas bases eleitorais, ansiosos por levar às regiões que representam investimentos, empregos e benefícios sociais, o que é não só legítimo, como desejável. Os governos dispõem de mecanismos legais e éticos para atender às demandas políticas sem se desfigurar e se transformar numa máquina de produzir escândalos.

Basta compreender que não é o poder que corrompe os indivíduos, mas são estes que corrompem o poder. Basta que o exemplo venha de cima. O País, aliás, cobra o fim dos erros, dos crimes e da impunidade, muitas vezes adornados pelo deboche de quem acredita estar fora do alcance da lei. Basta andar nas ruas, conversar com as pessoas, dando um pouco menos de crédito aos áulicos, e se notará a imensa demanda social pela ética na vida pública. Quem precisa ganhar a vida honestamente não se conforma com o deprimente espetáculo, mesmo quando este é tratado como "natural", como algo inerente ao processo político.

As últimas décadas assistiram à crescente preocupação com o combate à injustiça social. Embora lentamente, com algum resultado, vamos combatendo a péssima distribuição de renda, marca registrada do País. Mas há uma forma de injustiça social igualmente perversa: é a que separa o cidadão comum dos governantes e define padrões distintos de conduta moral. Se é preciso continuar com o esforço para reduzir a grande distância entre pobres e ricos, é indispensável também eliminar este outro traço terrível da nossa formação: a existência de duas morais, de duas éticas, de dois códigos de conduta distintos - o das pessoas comuns e o dos poderosos, que adquirem o direito de fazer qualquer coisa.

O PT formou-se um dia proclamando a luta contra essa desigualdade que infelicita o Brasil. Hoje vemos algumas de suas estrelas a declarar que Fulano de Tal "não é um homem comum" ou que a palavra de uma "autoridade", contra a evidência dos fatos, "vale como prova". É nesse ambiente que prospera a aposta na impunidade e, pois, o crime reiterado contra os cofres públicos.

Então vamos assim - RENATA LO PRETE

FOLHA DE SP - 08/12/11


Uma combinação de fatores levou o governo a decidir encarar a votação da emenda 29 ontem no plenário do Senado. Primeiro, surgiram sinais de que seria possível derrotar, com razoável segurança, a emenda pela qual a União se veria obrigada a aplicar 10% de sua receita bruta em saúde.

Além disso, algumas demandas individuais dos parlamentares começaram a ser atendidas. Por fim, calculou-se que tirar o tema da pauta seria mais custoso do que tentar liquidar o assunto. Pela manhã, pouco antes de evento no Planalto, Dilma Rousseff teve uma conversa com José Sarney (PMDB-AP).

Varejo Do adiamento da votação de projeto que reduz as alíquotas do ICMS sobre bens e serviços importados em operações interestaduais à negociação sobre o comando do Postalis, rolou um pouco de tudo no esforço para evitar surpresas durante a votação da emenda 29.

Entre nós Cheios de pedidos que esperam ver atendidos em troca da votação da DRU, Ivo Cassol (PP-RO), Clésio Andrade (PR-MG) e Zezé Perrella (PDT-MG) foram chamados ao "confessionário" mantido pela ministra Ideli Salvatti no gabinete da liderança do governo no Senado.

Sem quórum 1 No lançamento do plano de combate ao crack, faltaram governadores e prefeitos de praças onde estão as maiores "cracolândias" do país, como São Paulo, Rio, Recife e Brasília.

Sem quórum 2 Em contraste com o governo Lula, quando os eventos eram para lá de disputados, ontem também deputados e senadores eram poucos no Planalto. O programa foi promessa de campanha de Dilma.

Posto avançado Como parte do Plano Estratégico de Fronteiras, o Ministério da Justiça assina hoje termos de adesão com 11 Estados. R$ 35 milhões serão destinados a 68 municípios considerados "vulneráveis".

Aqui não O vice-prefeito de BH, Roberto Carvalho (PT), descarta o "fogo amigo" como origem das acusações a Fernando Pimentel: "Foi inimigo mesmo". Ele lembra que, quando da queda de Antonio Palocci, o presidente municipal do PSDB, João Leite, sugeriu publicamente que fossem investigadas também as consultorias do ministro do Desenvolvimento.

Dose dupla Sem votos para levar integrantes da administração de Gilberto Kassab (PSD) à Câmara paulistana, o PT conseguiu ontem aprovar convite aos promotores Roberto de Almeida Costa e Marcelo Daneluzzi, responsáveis pela investigação do caso Controlar. Eles falarão à Comissão de Política Urbana.

Jabuti na árvore O súbito ingresso de João Dória Jr. na lista de pré-candidatos tucanos e as três aparições do empresário ao lado de Geraldo Alckmin no intervalo de uma semana causaram desconforto geral no PSDB paulistano. A grita só não é pública porque ninguém quer encrenca com o governador.

W.O. São Paulo não enviou representante à reunião de ontem, no Rio, na qual foram discutidas contrapartidas estaduais aos investimentos do governo Dilma no Plano Nacional de Segurança da Copa de 2014.

Garagem O comitê paulista da Copa discute hoje mudanças na circulação de carros e na área de estacionamento do Itaquerão para contemplar novas exigências da Fifa. A entidade, após inspeção feita no mês passado, tornou mais rigoroso o controle de acesso ao estádio até para veículos credenciados.

com LETÍCIA SANDER e FÁBIO ZAMBELI

Tiroteio

"A candidatura de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo pelo PMDB é irreversível. Está blindada contra qualquer ataque especulativo."

DO SENADOR VALDIR RAUPP (RO), PRESIDENTE DO PMDB, tentando afastar a hipótese, permanentemente em discussão, de que o partido desista de lançar o deputado, aliando-se já no primeiro turno ao PT de Fernando Haddad.

Contraponto

Clube da luta

Na condição de convidado especial, o peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN) compareceu ontem a um evento organizado para homenagear todos os petistas que já lideraram a bancada do partido na Câmara, função atualmente exercida por Paulo Teixeira (SP).
Alves, que de quando em quando, à frente da bancada do PMDB, trava algum embate com o Palácio do Planalto, apontou para a fila de homenageados e brincou:
-Olhe, tudo o que eu sei sobre como brigar com o governo eu aprendi aqui!