sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Goela abaixo - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 03/02/12
A iniciativa do prefeito Gilberto Kassab (PSD-SP) de ceder terreno para o Memorial da Democracia de Lula desce como espinho na garganta de tucanos. E de quem já tinha lançado ideia igual: o Museu da Democracia. "Foi uma coisa baixa, rasteira", diz Osvaldo Martins, presidente da Fundação Mario Covas, autora do projeto. "Kassab bajula o Lula para se aliar ao PT nas eleições."

ESPELHO

Martins, que foi assessor de Covas, diz que, há um ano, procurou o prefeito pedindo espaço para o Museu da Democracia. Recebeu OK. "Sugeri um lugar lá na cracolândia. Mas não encontramos acolhida. E agora ele [Kassab] vem com essa!" O prefeito não se manifestou.

QUESTÃO DE GOSTO

O Museu da Democracia será instalado em Higienópolis. "E será apartidário", diz ele, que critica o memorial do Instituto Lula: "Quem bajula ditadores mundo afora não tem autoridade para tratar de democracia".

DE TODOS

Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, diz que "há memoriais da democracia no mundo todo, não temos a pretensão da exclusividade. É bom que haja outras iniciativas". Afirma que "essa luta não foi feita só pelo Lula, evidentemente. Há várias opiniões e convicções. Não queremos mudar nenhuma delas".

AVE, CÉSAR

A exposição "Roma - A Vida e os Imperadores", que tem curadoria de Guido Clemente, foi inaugurada, anteontem, no Masp. A escritora Lygia Fagundes Telles, o ator Cacá Carvalho e a poetisa Francesca Cricelli foram ao vernissage.

Doce Balanço

Adriana Birolli é a capa da "Boa Forma". A atriz, que chegou a ser professora de forró na adolescência, lamenta ter que deixar as aulas de tango de lado por causa das gravações de "Fina Estampa". Para compensar, ela faz caminhadas na praia e pedala no Rio. Marco Antonio de Biaggi fez seu penteado para o ensaio da revista.

GARFO E FACA

E Lula conseguiu até agora resistir ao uso de uma sonda para se alimentar. O aparelho é usado em pacientes que tratam câncer de garganta com radioterapia e que sentem dor na hora de comer. O ex-presidente, apesar das dificuldades, tem conseguido ingerir as calorias necessárias sem auxílio.

OVERDOSE DE CASTRO
Dilma Rousseff se despedia de Raúl Castro em Cuba quando ele aconselhou que ela descansasse da agenda puxada -a presidente se encontrou também com Fidel. Dilma respondeu que ainda iria ao bairro turístico de Havana Vieja. Raúl disse: "Isso, vá relaxar mesmo, porque aguentar dois Castros no mesmo dia não é fácil".

MUDANÇA

O vice-presidente sênior de distribuição para a América Latina da Paramount, Jorge Peregrino, deixa hoje o cargo na distribuidora. "A empresa decidiu mudar os escritórios regionais para Los Angeles e eu não vou deixar o Brasil." Ele continua como presidente do Sindicato dos Distribuidores do Rio.

VITROLA

Tom Zé, 75, começa a gravar novo disco em março, em um estúdio dentro de seu apartamento, no bairro de Perdizes. O músico carioca Kassin será o produtor. A ideia é juntar um time de cantores da nova geração em participações especiais.

ESTOY AQUI

Carlinhos Brown convidou Shakira para participar de seu novo CD, "Mixturação". O cantor e compositor enviou a música "Ave Maria Social" para a colombiana ouvir. Se ela aceitar, deverá gravar no próximo mês.

AR BAIANO

A cantora Mariana de Moraes, neta de Vinicius, passará duas semanas na pousada de Guilherme Arantes, na Bahia. No local, onde também funciona um estúdio, ela gravará seu novo CD.

CONEXÃO JUAZEIRO

O ator João Miguel desembarca em Juazeiro para fazer uma participação especial no filme "Gonzaga - De Pai para Filho", de Breno Silveira, sobre Luiz Gonzaga e Gonzaguinha. Da Bahia, embarca para o Festival de Berlim, onde será exibido "Xingu", em que interpreta um dos irmãos Villas Bôas.

Curto-Circuito
Tsuyoshi Murakami apresenta novo menu do restaurante Kinoshita, hoje, na Vila Nova Conceição.

A festa pernambucana Sem Loção abre nova temporada paulistana hoje, na rua 13 de maio. 18 anos.

O Vegas abriga hoje a festa Discotexxx. Classificação: 18 anos.

ME CHAMA DE GATÃO

O brasileiro Alex Menck, 41, vive há 11 anos em Los Angeles, onde trabalha como produtor musical. Ele, que nunca havia feito um comercial, foi chamado para ser o professor de português de Jennifer Lopez na nova propaganda da Brahma. "Achei engraçado e topei na hora", diz. No vídeo, ele ensina a cantora a falar popozuda e periguete. A americana desembarca no Rio no Carnaval, para o camarote da cervejaria. A coluna conversou com Menck por telefone:

Folha - Qual palavra ela teve mais dificuldade em falar?

Alex Menck - Ah, foi Marquês de Sapucaí. Ela se enrolou toda. E periguete. No final ela me perguntou: "O que é isso que você falou?".

E você respondeu o quê?

Descrevi a aparência. Falei que são mulheres que usam roupas apertadas, que ficam quase seminuas. Ela riu.

Ela foi simpática?

Muito. Gente finíssima, superprofissional. Eu pedi pra ela falar "gatão" e ela repetiu várias vezes. Só queria ouvir ela dizer isso pra mim (risos).

E ela perguntou algo sobre o Carnaval no Brasil?

Quis saber se vai poder dançar na avenida. Falou que quer muito dançar.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

Ex-Presidências - RUY CASTRO


FOLHA DE SP - 03/02/12


RIO DE JANEIRO - Um livro novo, "The Obamas", de Jodi Kantor (Little, Brown, US$ 15,78), ainda sem edição brasileira, revela intimidades do casal Michelle e Barack Obama. Uma delas, a de que, não im porta que o circo esteja pegando fogo -e, para o presidente dos EUA, sempre está-, Michelle quer todo mundo sentadinho para jantar na Casa Branca, às seis e meia da tarde, cinco vezes por semana: ela, Barack e as duas meninas, Sasha e Malia. Sem desculpas.

A ideia de que, digamos, os EUA acabaram de localizar Osama bin Laden no Paquistão e podiam pulverizá-lo no ato, mas a operação precisou esperar porque o presidente tinha de jantar com a patroa, parece absurda -mas, quem sabe, aconteceu? Michelle acha que, se ceder nas emergências, terá de ceder também nas questões menores, e o projeto de conduzir sua família como se ela fosse "normal" fracassará. Isto explica as broncas que dá em Barack quando ele chega e vai tirando meias e camisas e jogando em qualquer canto -quantas vezes ela lhe disse que não é paga para sair atrás recolhendo?

Michelle vai para a cama toda noite às 21h30. Barack fica mais um pouco, vendo uma coisa e outra, na Sala dos Tratados. Mas, logo depois, já está também de pijama de alamares e, quem sabe, touca, pronto para o berço. Precisa dormir cedo porque, em poucas horas, ao acordar, já haverá uma grave crise doméstica ou internacional exigindo sua intervenção. Ninguém é presidente dos EUA impunemente.

O livro de Jodi Kantor faz pensar em como, por contraste, a Presidência do Brasil foi um domingo na roça para Lula. Todos os dias, ao acordar, seu único problema era o que fazer para aumentar sua já tremenda popularidade.

Daí que, enquanto Obama já disse que não vê a hora de ser ex-presidente, a ex-Presidência é quase intolerável para Lula.

Acerto de contas - NELSON MOTTA

O ESTADÃO - 03/02/12

Uma denúncia do Ministério Público e uma liminar da juíza Maria Paula Galhardo impediram que os conselheiros e auditores do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro se esbaldassem em quatro camarotes no sambódromo, gentilmente oferecidos pela Riotur e pela Liesa. Adivinhem quem fiscaliza as contas da Riotur e seus contratos com a Liga dos bicheiros, ops!, das escolas de samba?

Mas não valeu o escrito, a juíza acertou o grupo na cabeça: 'O Código de Ética dos Tribunais de Contas veda aos conselheiros receberem doações, benefícios ou cortesias de empresas, grupos econômicos e autoridades publicas'. E pior: proibiu os integrantes do TCM de aceitar convites para qualquer camarote no sambódromo 'como cortesia, presente ou agrado, sob pena de multa e sem prejuízo da investigação criminal correspondente'. Alguma dúvida?

Como é uma liminar, os foliões do TCM têm esperanças de que seja derrubada até o carnaval. Mas quem vai ter a cara de pau de recorrer da decisão da juíza? Como a cessão dos camarotes está no contrato entre a Riotur e a Liga, só eles podem recorrer. O TCM diz que não tem nada com isso: era só o beneficiário. Ah, bom. Seu castigo é perder a boca-livre carnavalesca.

No mesmo dia da liminar saneadora, o TCM realizou com pompa e circunstância, nos salões do Palácio da Cidade, a solenidade de outorga do Colar do Mérito Ministro Victor Nunes Leal a diversos políticos, juízes e membros de outros Tribunais de Contas. Discursando em nome dos agraciados, o ministro Aroldo Cedraz, do TCU, parabenizou o TCM 'pelo seu propósito de condecorar autoridades que contribuem para a sustentação do imprescindível controle realizado pelos Tribunais de Contas por reconhecerem que o atual modelo de controle da administração pública brasileira ainda é o melhor em todo o mundo'.

No Rio de Janeiro é melhor ainda. Dos sete conselheiros do Tribunal, quatro são indicados pela Câmara dos Vereadores, quase sempre ex-colegas e correligionários, e conhecendo o histórico do pessoal, nada mais surpreende. Surpresa seria se recusassem os camarotes oferecidos pelos seus fiscalizados, antes da liminar.

Viajantes e apaixonados em transe - MILTON HATOUM


O ESTADÃO - 03/02/12
Bem-aventurados os apaixonados, que se esquecem por algum tempo das mazelas do mundo. Deitam-se numa rede de fios bem trançados, numa cama estreita, num tapete persa ou numa esteira de palha e se entregam às malícias do amor. Ou deitam-se no piso de tábuas de uma casa modesta e se esquecem dos magistrados, dos burocratas, das chuvas destruidoras, dos políticos inativos, dos impostores e dos pássaros agourentos. Já não se lembram da segunda-feira árdua e rotineira, do chefe ranzinza ou do subalterno distraído, do trânsito e seus motoristas alucinados, nem daquele casamento que se reduziu a bocas engessadas e momentos de silêncio que insinuam sentenças hostis.

Apaixonados: seres sonhadores antes do primeiro duelo, que só às vezes rima com inverno. Ali, sentado na praça, vi um velho conhecido que perdeu sua amada há seis anos. Ele dorme em calçadas e praças do meu bairro, nas vésperas do Natal eu o encontrava triste e lacônico: artesão pobre e solitário que vende violas sem cordas, construídas com dejetos fisgados nas ruas da metrópole, esse vasto museu contemporâneo do consumo. Mas agora esse artesão encontrou uma amada:

'Minha outra música', ele disse.

Eu, distraído ou perdido em algum devaneio, ouvi 'musa' em vez de 'música', e logo comprei uma viola desse artista errante que lembra certos viajantes, esses outros bem-aventurados.

Muitos partem sem bússola e se lançam a uma aventura. Ou partem em busca de uma paisagem insólita, de um sabor estranho, de rostos mais ainda estranhos, de lugares sonhados desde sempre, de noites que se emendam ao dia e novamente à noite, como se houvesse só espaço nesse mundo regido pelo tempo. Viajantes com pouca bagagem, movidos pelo desejo de conhecer o que amanhã será esquecido, ou de esquecer o que irremediavelmente será lembrado além da nossa fronteira. Alguém te envia uma mensagem do deserto de Atacama, de uma mesquita de Istambul, de um pueblo de Missiones, de uma praça de Teresina, Belém ou Sabará, do pátio de um convento de Olinda; alguém escreve à mão no verso de um postal palavras sobre o assombro e a beleza da ilha de Creta, onde um mito antigo resiste aos descalabros do nosso tempo.

Quantas mensagens via satélite... E só uns poucos postais com a fotografia de um lugar visitado e cinco frases escritas por calígrafos anacrônicos.

Invejo a energia quase cósmica desses viajantes e apaixonados, que celebram suas façanhas com uma comoção incomum. Posso imaginá-los em transe, e de algum modo eles me inspiram para escrever estas linhas num quarto úmido, depois da tempestade. Admiro a beleza das romãs rosadas no pequeno jardim, sinto o cheiro dessas frutas desventradas por pássaros famintos, e logo me vem à mente os versos do poeta que escreveu A Falta Que Ama:

'Uma viagem é imóvel, sem rigidez./ Invisível, preside/ ao primeiro encontro. Todo encontro,/ escala que se ignora'.

Eleições e cidade inteligente - FERNANDO GABEIRA


O Estado de S.Paulo - 03/02/12


Este ano é de eleições municipais. Elas costumam ser mais empolgantes do que algumas presidenciais. Estimuladas pela proximidade dos problemas, as pessoas acompanham mais, opinam mais e pedem mais mudanças.

Não dá para prever uma eleição com base na anterior, pois, assim como as batalhas militares, eleições não se repetem. O momento é de satisfação econômica e desânimo com a política. Mas a crise das metrópoles assusta, como se viu na cracolândia, em São Paulo, ou na queda de três prédios no centro do Rio.

O desenvolvimento econômico resolve muitos problemas, mas agrava alguns e cria outros. Por mais que a imagem dos políticos tenha decaído, é temerário fechar os olhos para as eleições municipais.

Existe algo a favor: nunca os meios tecnológicos para uma gestão inteligente foram tão desenvolvidos como agora. E uma das primeiras grandes contradições está precisamente entre o avanço desses meios e a cabeça de grande parte dos políticos.

Vi de perto duas experiências que merecem ser avaliadas: nas cidades de Curitiba e do Rio de Janeiro foram montados centros de controle e tomada de decisão capazes de recolher grande número de dados, monitorar câmeras, expor mapas - enfim, um aparato capaz de reunir o maior número de informações para uma tomada de decisão. O centro no Rio foi montado com a ajuda da IBM, no seu programa global de cidades inteligentes. O de Curitiba é mais antigo, mas desenvolveu mais a interação com os moradores.

O sistema paranaense dispôs-se a responder a qualquer reclamação em 48 horas. Os moradores são atendidos e convidados a se inscrever como colaboradores. Quando há uma intervenção urbana com repercussão na vida da comunidade, o governo já tem geoprocessados os colaboradores da área, que são consultados sobre o projeto.

No caso do Rio, a energia maior está concentrada na gestão de desastres naturais e na intervenção num trânsito cada vez mais lento por causa das grandes obras. A recente queda dos três prédios levantou o problema da fragilidade da fiscalização, que só pode ser superada com o esforço coletivo.

Buenos Aires viveu um desastre semelhante e encontrou uma solução inteligente: pôr à disposição, na internet, todas as licenças de obras na cidade. Isso abre a possibilidade de cada indivíduo se informar a respeito de alguma obra que tenha repercussão na sua vida e na de sua família. Se não houver licença, ele pode notificar as autoridades.

No caso de prédios caídos, o sistema ajuda também a definir responsabilidades. A notificação de uma obra sem licença, em caso de desastre, é uma prova contra o governo. Em zonas urbanas degradadas, como a cracolândia, a interação com moradores é igualmente vital para avaliar a teoria da janela quebrada: segundo ela, se não a consertamos, a tendência é que as outras janelas sejam quebradas também.

Um dos problemas que os novos prefeitos encontrarão é exatamente dar resposta rápida ao surgimento dessas áreas degradadas. As eleições terão de abordar outros temas além dos que se destacaram neste início de ano. Em todos eles, principalmente no da sustentabilidade, a escolha estratégica por uma cidade inteligente deveria ser levada em conta.

Os governos encontram em 2012 uma nova realidade social. Milhões de moradores das metrópoles têm acesso à internet e se integram em redes sociais. Não se deve temê-los por desejarem ter acesso aos dados do governo, mesmo porque os que querem transparência já venceram no plano legal, somente esperam que o governo se organize para cumprir a lei. Deve-se é respeitá-los, pelo potencial de contribuição, sobretudo nos momentos caóticos, em que as metrópoles se tornam grandes e complexas demais para os recursos mentais do governo.

Faz alguns anos que se repete a tese de que, numa região metropolitana, uma cidade, sozinha, não resolve os seus problemas. Mas não se avança na construção de uma governabilidade mais ampla. Os novos instrumentos podem contribuir para o primeiro passo: a troca de dados. Que pode evoluir para operações mais complexas, como, por exemplo, a compra conjunta de remédios, com potencial de reduzir o seu custo em 20%.

Claro que a corrupção sempre ronda projetos desse gênero. Mas, embora não seja uma panaceia, o novo instrumento é o mais indicado para se obter a transparência. Essa necessidade de transparência poderá ser um tema importante em cidades como Campinas, Teresópolis e Friburgo, onde prefeitos foram afastados, acusados de corrupção.

Traumas urbanos, traumas éticos. Certamente as cidades que comparecem às urnas estão mais amadurecidas para participar de um tipo mais inteligente de governo. Inteligente não apenas porque utiliza instrumentos tecnológicos, mas porque se enriquece com a inteligência social.

Isso pode parecer ingenuamente otimista. Diante desse argumento, só posso responder com as condições combinadas: problemas urbanos cada vez mais complexos, novos e poderosos instrumentos tecnológicos de gestão e uma sociedade mais ligada. Ignorar essa conjunção, representa quase o mesmo que ignorar nos programas para as cidades litorâneas a tendência à elevação do nível do mar. Aliás, nas cidades pernambucanas de Paulista, Jaboatão e Recife, de certa forma, o futuro já chegou: o avanço do mar é visível há alguns anos.

Que vengan los toros. Mas depois do carnaval. É quando se começa a notar a presença dos candidatos. E avaliar como se comportam diante de novas realidade, como os desastres climáticos, por exemplo. Palco de um debate indispensável sobre o destino de suas cidades, o Brasil abriga ainda em 2012 a Rio+20. Sua agenda - combate à miséria, economia verde, sustentabilidade, proteção dos mares - pode entrelaçar-se com o debate metropolitano.

Há muito que esperar do processo eleitoral de 2012, embora um morador do Rio tenha ainda de se guardar para as visitas do Sobrenatural de Almeida, o personagem de Nelson Rodrigues. E ele não respeita fronteiras.

O engasgo da Petrobras - ROGÉRIO FURQUIM WERNECK



O Globo - 03/02/12


Ao dar por encerrada a longa permanência de José Sérgio Gabrielli na presidência da Petrobras, o Planalto deflagrou saudável debate na mídia sobre as dificuldades que a empresa vem enfrentando, para cumprir a parte que lhe cabe no problemático modelo de exploração do pré-sal.
Nesse modelo, exigiu-se, de um lado, que a Petrobras tivesse monopólio da operação dos campos do pré-sal e participação de pelo menos 30% em cada consórcio que viesse a explorar tais campos. E, de outro, que arcasse com a "nobre missão" de desenvolver a indústria de equipamentos para o setor petrolífero no país.
Tais atribuições vêm impondo enorme ônus à Petrobras. Com necessidades de investimento brutalmente sobrecarregadas, a empresa teve de apelar para uma ruidosa operação de capitalização em 2010, envolvendo nada menos que R$ 75 bilhões de preciosos recursos do Tesouro, que, num país de tantas carências, poderiam ter tido destino incomparavelmente mais nobre. E, mesmo com esse aporte tão generoso, a empresa continua engasgada com as funções que lhe foram atribuídas.
Como todos os campos do pré-sal têm de ser operados pela Petrobras e, em cada consórcio, a empresa tem de manter participação mínima de 30%, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) tem sido obrigada a postergar o anúncio de novas licitações para não sobrecarregar em demasia a estatal. Tal sobrecarga vem sendo agravada pelo vertiginoso encarecimento dos custos de investimento que a empresa vem tendo de absorver, para cumprir a "missão" de desenvolver a indústria nacional de equipamentos para o setor petrolífero. Na especificação dessa "missão", a insensatez que pautou a concepção do modelo de exploração do pré-sal assumiu proporções assustadoras.
A exigência de que os equipamentos utilizados no pré-sal tenham nada menos que 65% de conteúdo nacional vem tendo efeitos devastadores sobre custos e prazos dos projetos.
A experiência ilustra de forma lapidar a enorme distância que pode separar intenções e resultados, na condução de políticas públicas. Ao dar asas à ideia de dar à Petrobras sólido controle da exploração do pré-sal e, ao mesmo tempo, transformá-la num poderoso cartório de distribuição de benesses a produtores de equipamentos, o governo estava fascinado com os enormes benefícios políticos que poderia extrair desse arranjo. O que antevia era uma gigantesca operação de "parceria" com o setor industrial, em que a estatal controlaria "o cofre das graças e o poder da desgraça", para usar a forma inspirada com que Victor Nunes Leal caracterizou, há mais de 60 anos, os poderes da situação política dominante no interior do país.
Mas as contradições do modelo não tardaram a aflorar. E o que agora se vê não é bem o que o governo esperava.
No fim do ano passado, horrorizada com os preços preços de contratação de sondas marítimas de perfuração de alta tecnologia, a Petrobras se viu obrigada a parar tudo e simplesmente cancelar a licitação. O que fez acender a luz vermelha no Planalto.
A engenheira Maria das Graças Foster, que deverá assumir a presidência da Petrobras, vem sendo descrita na mídia como pessoa determinada e com grande disposição para levar adiante as mudanças que se fazem necessárias na empresa. Será muito bom se puder fazer bom uso da ascendência que parece ter sobre a presidente Dilma Rousseff, para fazer ver ao Planalto que o modelo de exploração do présal, concebido no calor da precoce mobilização do governo com a eleição de 2010, precisa ser repensado e flexibilizado.
Não faz o menor sentido — nem para a Petrobras nem para o Brasil — que grande parte do excedente potencial do pré-sal acabe dilapidada em faustoso programa de favorecimento à produção local de equipamentos Será lamentável se a determinação da nova presidente da Petrobras se traduzir apenas na disposição de pagar o que for necessário pelos equipamentos, por proibitivos que sejam os preços, para cumprir a qualquer custo o cronograma de investimento da empresa.
Não é desse tipo de "eficiência" que o país precisa.

Vai que é tua - RENATA LO PRETE

FOLHA DE SP - 03/02/12
Diante da ameaça de ver Gilberto Kassab se unir ao PT, enviados de Geraldo Alckmin procuraram José Serra em nova tentativa de convencê-lo a disputar a prefeitura paulistana, preservando a aliança com o PSD. Três secretários do governador e o deputado Duarte Nogueira disseram a Serra que: 1) o partido não resistiria à sua candidatura; 2) Alckmin não facilitaria a vida do amigo Gabriel Chalita (PMDB) na campanha.

O quarteto argumentou ainda que, escorado nas máquinas estadual e municipal, Serra largaria com folga, obrigando Fernando Haddad (PT) a gastar energia disputando com Chalita uma vaga no segundo turno.

Esfinge Os enviados ressalvaram que Serra teria de se manifestar antes das prévias de 4 de março. Não ouviram nada parecido com "sim". Deram-se por satisfeitos porque tampouco foram chutados com um "não" redondo.

#prontofalei Do presidente da Assembleia, Barros Munhoz (PSDB), rebatendo a ideia de que Aécio Neves seria a opção natural para 2014: "Falar em candidato óbvio a dois anos da eleição é uma temeridade. Pela folha de serviços prestados ao partido, Serra tem o direito de postular candidatura ao que quiser".

Quem entra... Na conversa inaugural com o novo titular das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Dilma Rousseff nada disse sobre as pendências judiciais e suspeitas de favorecimento familiar que pesam contra o deputado. "O ministério agora é teu. Toca como achar que tem que tocar", recomendou ela.

...quem sai Antes, ao receber o demissionário Mário Negromonte, a presidente foi reassegurada de que não terá problemas no Congresso com a facção derrotada na guerra interna do PP. O baiano disse que voltará à Câmara para colaborar com o governo.

Nunca antes O julgamento sobre os limites da atuação do CNJ produziu situação inusitada no Supremo: os ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, que já tiveram desavenças acaloradas, concordaram em tudo. Em tempo: ambos são oriundos do Ministério Público.

Perfis Luiz Fux e Rosa Weber, primeiras indicações de Dilma, assumiram posições antagônicas na votação.

Estresse 1 De hábitos sedentários, a ministra Miriam Belchior (Planejamento), hospitalizada devido a uma crise de hipertensão, já havia recebido dos médicos a recomendação de praticar exercícios. A petista, que completará 54 anos no próximo domingo, vinha fazendo controle alimentar e perdeu cerca de 10 kg em um ano.

Estresse 2 Miriam costuma despachar instruções para assessores a partir de 6h e dificilmente deixa o gabinete antes das 21h. No governo Dilma, várias atribuições de outras pastas foram remanejadas para o Planejamento.

Audiência 1 Netinho de Paula estreia dia 11, na Rede TV!, programa semanal no formato de seu antigo "Dia de Princesa". Se o PC do B resistir à pressão para apoiar Fernando Haddad (PT) e mantiver a candidatura a prefeito do vereador pagodeiro, ele terá de sair do ar em junho.

Audiência 2 Também Celso Russomanno precisará deixar a telinha, no caso da CNT, se concorrer. Por ora, o líder do Datafolha é presença assídua nos telejornais da TV Record, da Igreja Universal, que comanda o seu PRB.

Exclusão Em reunião com candidatos a prefeito de todo o país na próxima segunda-feira em São Paulo, o DEM tentará aprovar veto a alianças com o PSD.

Tiroteio

"Estou indignada com a falta de respeito e a manipulação da verdade. Isso não contribui em nada para a entrada de alguém numa campanha."

DE MARTA SUPLICY (PT-SP), reagindo a relatos de correligionários segundo os quais sua permanência na vice-presidência do Senado seria uma forma de garantir o engajamento da ex-prefeita no esforço para eleger Fernando Haddad.

Contraponto

Maior abandonado

Na reabertura dos trabalhos da Câmara paulistana, 40 vereadores foram à sala da presidência para ouvir Gilberto Kassab. O líder do PT, Ítalo Cardoso, pediu a palavra. O tucano Floriano Pesaro também. O petista começou:

-Queria agradecer ao prefeito pela parceria...

Diante da impressão de que ele falava da perspectiva de aliança entre seu partido e o PSD, Cardoso esclareceu:

-Falo da doação da área para o Instituto Lula!

Pesaro acabou abrindo mão de discursar:

-Só queria mostrar que o PSDB está aqui também...

com FABIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

O custo da indústria - CELSO MING


O Estado de S.Paulo  03/02/12


Todos os dias o noticiário vai sendo martelado por informações de que o setor produtivo brasileiro (e não só a indústria) vai ficando inviabilizado por seus custos excessivos.

Ontem, por exemplo, o brasileiro ficou sabendo que o governo Dilma decidiu romper o acordo automotivo com o México, porque as importações de veículos made in Mexico estão tomando o mercado do produto brasileiro.

As queixas são recorrentes. Vêm do setor produtor de máquinas, passam pela área têxtil, surgem na indústria eletrônica e se estendem até aos produtores de brinquedos. Na semana passada, o presidente da Embraer, Frederico Curado (foto), advertia em Davos, durante o Fórum Econômico Mundial, que o gasto com mão de obra no Brasil estava ficando proibitivo para sua empresa. Segunda-feira, o Estado publicou que a execução do programa Minha Casa, Minha Vida vem se tornando difícil dado o aumento dos custos de terrenos, materiais e da mão de obra - até há alguns anos, considerada das mais baratas do mundo.

Não é de hoje que o setor produtivo tem esses problemas, mas, em vez de buscar soluções, prefere eleger culpados. Entre eles, o mais citado é o câmbio, "sempre defasado em, pelo menos, 30%" - como já nos anos 70 reclamava o então presidente da Duratex, Laerte Setúbal, fosse qual fosse a cotação do dólar. Lá pelas tantas, o governo tratava de "dar câmbio" para devolver algum mercado para a indústria, no entanto, até agora, não houve câmbio que chegasse. (Para o caso dos veículos do México, veja ainda o Confira.)

Além do câmbio, são apontados outros culpados: chineses, coreanos, crise global (que empurra encalhes de mercadoria para o Brasil) e, agora, mexicanos, que conseguem a proeza de enfiar cada vez mais veículos e autopeças nas tabas tupiniquins.

Não é preciso ter QI de Ph.D. para desconfiar que o buraco é mais embaixo. E não custa bater no mesmo bumbo em que esta Coluna vem batendo. O grande problema do setor produtivo brasileiro chama-se custo Brasil. Com algumas diferenças, é a mesma lista de barreiras à produção há mais de 50 anos: carga tributária insuportável; quarta mais cara energia elétrica do mundo; juros escorchantes; encargos sociais cada vez mais altos (de que se queixa o presidente da Embraer); e infraestrutura cara e precária.

Nos últimos anos, foram os serviços que passaram a custar o olho da cara. Faz sentido pagar de R$ 20 a R$ 30 por uma hora de estacionamento em São Paulo? Por que tarifas de banda larga e telefone no Brasil estão entre as mais caras do planeta? Por que se cobra R$ 1,6 mil para impermeabilizar dois metros lineares de caixilhos? Por que qualquer assistência técnica tem preços elevados? E o que tem a ver o câmbio com essas maluquices?

Com esses diagnósticos capengas, em vez de tratar de derrubar o custo Brasil, o governo Dilma vai enveredando para o protecionismo tosco, à la Argentina, e para opções de reserva de mercado, porque já não pode mais "dar câmbio" para compensar esses desequilíbrios. É o que faz agora, especialmente na indústria têxtil e na de veículos.

Durante certo tempo, esses artifícios reduzem o afluxo de importados. Mas não restabelecem a competitividade do setor produtivo nacional no mercado externo.

É bolha ou melhora? - MIRIAM LEITÃO


O GLOBO - 03/02/12


As autoridades da Europa e dos organismos multilaterais falaram muito de crise desde a virada do ano. Ontem, de novo o FMI alertou que a América Latina deve "se preparar para o pior". Mas a Petrobras conseguiu uma captação recorde de US$ 7 bilhões, há empresas se preparando para abrir capital na bolsa e o mês de janeiro foi de disparada de valorização de vários ativos. É bolha ou melhora?
O diretor para Hemisfério Ocidental do FMI, Nicolás Eyzaguirre, disse em seu blog que a economia da América Latina não conseguirá escapar este ano dos efeitos da crise internacional. Mas em janeiro abriu-se uma janela de oportunidade que ainda não se fechou.
O mês de janeiro foi um sonho para os investidores. Juros em queda, aumento da circulação de moeda, apetite por risco novamente em alta. O Ibovespa fechou o mês de janeiro com alta de 11,1%. Em dólares, 19,9% de alta porque o real foi a moeda que mais se valorizou. As commodities metálicas fecharam o mês com alta de 15,4%. A bolsa da Rússia subiu 8%, a de Xangai, 10,6%, e a da Alemanha, 9,5%. O cobre subiu 10%, a prata saltou 19%, o ouro, 11%. Algodão e petróleo se contentaram com 4,2% e 3,8%. Somente em janeiro entraram na bolsa brasileira US$ 7,1 bilhões, a maior enxurrada desde 2009.
Há um pouco de melhora e um pouco de bolha na valorização de vários ativos nas últimas semanas. O Banco Central Europeu conseguiu evitar aquele cenário de fim de mundo quando ofereceu dinheiro barato sem limites para os bancos. Foram 500 bilhões e haverá novo leilão este mês de mais 500 bilhões. Quis evitar um novo Lehman Brothers, mas pode alimentar a formação de bolhas. Confira no gráfico abaixo a expansão monetária do BCE.
A Brasil Travel está se preparando para o primeiro IPO (abertura de capital) de uma empresa brasileira em seis meses. A diretora de relações com empresas e institucionais da BM&F Bovespa, Cristiana Pereira, diz que a janela de oportunidade não é garantia de que o mundo tenha melhorado:
- Não houve melhora significativa na economia mundial. Há realocação de recursos. Fundos de investimento estrangeiros tendo que buscar rentabilidade em um contexto de juros baixos nos seus países. Então eles buscam mercados que tenham algum tipo de crescimento.
O desempenho dos setores prova isso. Os considerados de proteção tiveram baixo desempenho, os de maior risco subiram mais. O setor de telecomunicações fechou com 0,4% de queda, e o de energia elétrica, com magros 2% de alta. Já a construção civil disparou 18%. Subiram também petróleo e gás, 17,8%; e siderurgia e mineração, 14,6%.
Para o analista-chefe da XP Investimentos, Rossano Oltramari, a alta atingiu setores que não estão necessariamente com bom desempenho:
- A construção civil subiu muito em janeiro, apesar da redução na venda de imóveis e o resultado ruim de algumas construtoras. O apetite por risco fez os investidores correrem para mercados que tinham caído mais.
Fábio Silveira, da RC consultores, disse que a ação do BCE foi semelhante à do Fed. Jogou dinheiro no mercado emprestando aos bancos a 1% por três anos. Isso aumentou a quantidade de euros em circulação e os bancos e investidores aplicam parte desses recursos em ações ou commodities.
A euforia tem que ser temperada com a cautela, avisa a consultoria inglesa Capital Economics e dá um exemplo. O cobre subiu 10% mas os índices de produção industrial da Europa e do Japão mostraram queda, o que significa menor consumo do produto.
Paulo Bittencourt, consultor da Apogeo Investimentos, acha também que é preciso não se deixar levar pela euforia porque a economia brasileira teve forte desaceleração no ano passado:
- Foi um bom começo de ano, mas não podemos achar que será assim o ano todo. Dos Brics, o Brasil é o país com maior estabilidade e previsibilidade, mas os dados de atividade decepcionaram. A indústria andou de lado, o comércio começou a dar sinais de perda de fôlego com o maior patamar de endividamento das famílias. Houve aumento de inadimplência em algumas carteiras de crédito, como a de automóveis, por exemplo.
A boa notícia é que o pior foi evitado na Europa, até agora. Mas estamos ainda no terreno da volatilidade em que bolhas se formam com facilidade.

Tempos difíceis - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 03/02/12
Eleição em tempo de crise foge completamente dos padrões. O discurso dos candidatos fica pelo menos mais honesto, já que não é possível pintar com cores alegres o quadro econômico que todos estão sentindo na pele. Com um índice de desemprego alto em todos os países, na Europa e nos Estados Unidos, todos os candidatos têm de apresentar um programa de desenvolvimento, mas ao mesmo tempo têm também de preparar os eleitores para os tempos duros que ainda virão.
Fica difícil prometer futuro brilhante quando se tem de cortar custos e aumentar impostos.
O máximo que se pode fazer é dar a entender que o eleitor do adversário sofrerá mais do que o seu.
E, mesmo nos Estados Unidos, país onde a arrecadação de fundos privados para a campanha eleitoral serve como termômetro para medir a capacidade de cada candidato, ser rico é arriscado nos dias de hoje.
É o caso do provável candidato republicano, Mitt Romney, empresário de sucesso, que é atacado por isso pelos dois lados.
A campanha de Obama já o acusou de ser um "destruidor de empregos" ao comprar empresas quando atuava no setor privado.
O presidente americano também anunciou a criação de uma alíquota do imposto de renda para os "muito ricos", dizendo que feria o "senso comum" um milionário não pagar pelo menos 30% de imposto de renda.
Romney rejeitou as críticas e contra-atacou dizendo que o número de desempregados passou de 22 para 24 milhões nos Estados Unidos sob o governo de Obama, e também que a dívida pública aumentou de US$ 10,4 trilhões em janeiro de 2009, quando Obama assumiu a Presidência, para US$ 15 trilhões.
No front interno, Romney está sendo acusado por Newt Gingrich de ser milionário e, o que é pior, de falar francês.
Falar uma língua estrangeira parece ser um pecado capital para políticos americanos, e os monoglotas parecem mais "autênticos" ao eleitor médio, como é o caso de George W. Bush e do próprio Obama.
O candidato democrata em 2004 John Kerry também foi muito atacado porque passava as férias na região francesa da Bretanha com sua família quando era jovem.
Os assuntos delicados, como reformas no sistema previdenciário, também devem ser esquecidos durante a campanha eleitoral, embora tenham que ser retomados logo que o vencedor assuma o governo.
No caso brasileiro, nem a presidente Dilma nem seu adversário tucano José Serra trataram da questão previdenciária, mas hoje o governo está empenhado em aprovar o fundo de previdência dos servidores públicos, aprovado por Lula em 2003 e que até hoje não saiu do papel, mas é fundamental para equilibrar as contas da Previdência.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quando foi candidato em 2006, saiu de uma reunião com economistas na Casa das Garças, um instituto de estudos econômicos ligado ao Departamento de Economia da PUC do Rio, com a sensação de ter recebido a agenda mais antieleitoral que poderia haver.
Os economistas — Edmar Bacha, Armínio Fraga, Francisco Gros, Pedro Malan, entre outros, todos ligados de alguma maneira ao PSDB — focaram suas preocupações na Previdência Social, classificada como um ponto crítico do quadro fiscal.
Não haver limite de idade para a aposentadoria no sistema privado seria uma bomba de efeito retardado.
Em outra reunião, de líderes do PSDB com empresários do Iedi em São Paulo, levantou- se a necessidade de se separar o reajuste do salário mínimo das aposentadorias da Previdência.
O presidente do PSDB na ocasião, Tasso Jereissati, disse que, se um político apresentasse essa proposta na campanha eleitoral, não precisaria nem esperar o resultado das urnas: seria derrotado fatalmente.
Um dos reflexos da crise na campanha presidencial aqui na França é que nenhum dos candidatos pode fazer proselitismo político sem falar em aumento de imposto.
Mesmo o candidato socialista, François Hollande, admite que ,"seja qual for o eleito, haverá aumento de imposto".
Mas ressalva: "O importante é saber quem pagará a conta." Ele garante que seu programa fará com que apenas os bancos, as grandes empresas e os ricos pagarão mais impostos, mas seus adversários já apontam inconsistências nos seus planos.
O aumento de imposto para as empresas atingirá também pequenos e médios empresários.
A promessa de tapar os buracos na legislação que permitem a redução de impostos, os chamados "nichos fiscais", atingirá ao mesmo tempo as empresas e os profissionais liberais.
E a taxação de horas extras poderá prejudicar também os cerca de nove milhões de assalariados que as utilizam.
Ele promete também criar uma alíquota de 45% para os "muito ricos".
O plano de Hollande também é criticado por dar um papel secundário ao corte de gastos do governo.
Já o candidato centrista, François Bayrou, apresentou também seu projeto econômico, que prevê redução dos gastos públicos em 50 bilhões de euros e outros 50 bilhões em aumento de impostos, inclusive a criação de duas novas alíquotas do imposto de renda, de 45% e 50%.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que concorrerá à reeleição, anunciara domingo, em cadeia de televisão, que haverá um aumento de 1,6% do imposto sobre valor agregado de produtos e serviços, que hoje é de19,6% e incide sobre bens de consumo.
Segundo ele, a mudança financiará isenções de encargos trabalhistas no valor de 13 bilhões de euros.
Ele também confirmou que a taxa sobre as transações financeiras de 0,1% deverá ser aplicada a partir de agosto, uma taxa que a França cobrará sozinha "para dar o exemplo", mas que pode fazer com que muitos negócios saiam da França.
Sarkozy está sendo criticado até mesmo pelo acordo com a Índia para a compra de 126 jatos Rafales, pois, pelo acordo, a maior parte desses aviões será montada na Índia, e apenas os 18 primeiros serão construídos na França, gerando empregos.
Um dos motes da campanha de Sarkozy é defender os produtos fabricados na França, para gerar mais empregos.

Pente fino, mas nem tanto - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 03/01/12


BRASÍLIA - Depois de se declarar "mais firme do que as pirâmides do Egito", Mário Negromonte desabou do Ministério das Cidades ao ruírem seus três pilares: o PP, o governador Jacques Wagner (BA) e a presidente. Virou pó no deserto.

Se ele saiu mal, seu sucessor, o também deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), não entrou muito melhor. Dilma preferia Márcio Fortes, que já foi ministro. O PP, dividido, lhe impôs Ribeiro. E quem fez o anúncio do seu nome não foi o Planalto, e sim o presidente do partido, Francisco Dorneles. Soou como demonstração de força -em cima da presidente.

Se Dilma entrega ministros enrolados à própria sorte, é bem mais cautelosa ao tratar os partidos deles. Como regra, os ministros voltam para casa, mas os partidos continuam com a chave do gabinete e do cofre, apenas vigiados de perto por alguém de confiança do Planalto. O problema só muda de figura e de nome.

Com Aguinaldo Ribeiro no lugar de Negromonte, a premissa parece mais do que verdadeira, e os motivos vêm de longe. Pode-se argumentar, com razão, que ninguém responde pelos atos e crimes do avô e que pode acontecer nas melhores famílias ter um coronelzão citado em dois livros do governo federal por envolvimento no assassinato de líderes camponeses. Mas não é tão simples.

Ribeiro tem boa cara, mas vem de uma cultura em que os nomes, os mandatos, não raro os métodos e, sobretudo, o poder passam de pais para filhos, de avós para netos. A herança costuma incluir uma farta distribuição de cargos públicos para a parentada. Daí a surgirem escândalos é um passo -ou uma reportagem.

Ao abdicar de Márcio Fortes e engolir Aguinaldo Ribeiro, Dilma sabia o que estava fazendo: o governo passou um "pente fino" no histórico do novo ministro. Só que, como os partidos têm cada vez menos opções e os cargos têm que ser dos partidos, os "pentes" vão ficando cada vez mais largos, flexíveis, convenientes.

O Brasil em Davos - MOISÉS NAÍM

FOLHA DE SP - 03/02/12


Fiquei preocupado ao ver que neste ano a principal festa no Fórum Econômico Mundial foi a do Brasil


De acordo com a mitologia grega, quando os deuses queriam aniquilar alguém, enchiam a pessoa de sucesso, poder, prosperidade e fama. O sucesso infundia a ela uma autoconfiança tão desmedida que os erros se tornavam inevitáveis. A isso davam o nome de húbris.

Séculos depois, apareceram os Brics. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, países pobres cuja influência mundial cresce em alta velocidade. E não são apenas os Brics. De acordo com o HSBC, se as tendências atuais se mantiverem, em 2050 as cem maiores economias do mundo vão incluir, além dos Brics e das potências tradicionais, países como Filipinas, Peru, Bangladesh e Colômbia. É claro que a condição decisiva é que "as tendências atuais sejam mantidas".

E é aqui que cabe mencionar o Fórum Econômico Mundial, em Davos. Os anos durante os quais venho assistindo a essa reunião fizeram de mim um grande crente na existência da húbris. Não sei se são os deuses ou a natureza humana, mas o êxito e o fracasso frequentemente andam de mãos muito dadas.

Uma das festas mais recordadas de Davos foi promovida em meados dos anos 1990 pelo governo mexicano: o anfitrião e figura estelar foi o então presidente Carlos Salinas de Gortari. Pouco depois, as coisas foram muito mal para o país -e para seu presidente. Também vi Kenneth Lay, o chefe de uma empresa admirada, explicar para uma plateia fascinada por que seu modelo de negócios -que gerou receita de US$100 bilhões em 2000- era o futuro. A empresa em questão era a Enron, e, se não tivesse morrido, Lay hoje certamente estaria na prisão. Presenciei Carlos Menem descrevendo a Argentina pré-débâcle e escutei os relatos triunfais daqueles que investiam somas injustificáveis em empresas na internet que não tinham receitas nem lucros. A aclamada fusão da "velha" e gigantesca TimeWarner com a "nova" AOL foi um exemplo paradigmático de tudo isso. Também estive nas apresentações dos ministros da Economia da Tailândia, da Indonésia, da Malásia ou da Coreia do Sul antes de a crise econômica asiática fazê-los desaparecer das listas dos oradores mais procurados.

Isto não significa que todos os que vão a Davos são personagens enlouquecidos pelo sucesso. Desde Nelson Mandela até Elie Wiesel, de tímidos cientistas que trabalham nas fronteiras do conhecimento sobre o câncer ou o cérebro a ativistas que arriscam suas vidas enfrentando déspotas, em Davos é fácil encontrar pessoas admiráveis e nada arrogantes. Mas também é fácil topar com personagens claramente possuídos pela húbris.

E o que tudo isso tem a ver com os Brics e os países pobres que ficaram na moda? Bem, já se pode imaginar. Em minhas conversas recentes com líderes turcos, brasileiros, russos ou chineses em Davos, detectei muitos dos sintomas daqueles famosos que já não aparecem mais nos corredores deste fórum. O que os deuses de plantão estarão tramando para colocar os arrogantes em seus devidos lugares? Não sei. Mas fiquei preocupado ao ver que este ano a principal festa em Davos foi a do Brasil.

Riscos da política monetária - MÁRCIO GARCIA

VALOR ECONÔMICO - 03/02/12

O Banco Central (BC) reduziu novamente os juros, para 10,5%, em movimento unanimemente previsto pelo mercado. Na ata da reunião, divulgada semana passada, não só justificou o corte, como também anunciou que outros devem se suceder, levando a taxa Selic para um dígito. Embora um número crescente de bancos centrais esteja passando a sinalizar a trajetória futura esperada da taxa básica, a explicitação pelo Copom de que a Selic deverá atingir um dígito reacendeu críticas de perda de independência do BC na condução da política monetária, e de excessivo alinhamento aos desejos tantas vezes expressados por importantes figuras do governo.

As inflações de 2010 (5,9%) e 2011 (6,5%) situaram-se bem acima da meta (4,5%). As previsões do mercado financeiro para 2012 são superiores a 5%. Mas o BC é bem mais otimista, prevendo, na ata, que, "... no cenário central com que trabalha, a taxa de inflação posiciona-se em torno da meta em 2012, e são decrescentes os riscos à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta".

A estratégia do BC está baseada em um cenário de prolongada estagnação da economia dos países avançados, notadamente na Europa. O baixo crescimento mundial manteria os preços internacionais em xeque, o que ajudaria a manter a inflação cadente, bem como reduziria o crescimento do PIB. No plano interno, o BC confia que não serão geradas pressões inflacionárias que ponham em risco a trajetória cadente da inflação, embora ressalte que, para isso, é fundamental que a meta fiscal seja cumprida, a expansão do crédito (com a redução dos subsídios) moderada, e a concessão de aumentos de salários mantidas em faixas compatíveis com o crescimento da produtividade.

Em suma, o BC vai continuar reduzindo juros durante 2012, apesar de a inflação estar acima da meta. Basta-lhe a crença na trajetória declinante da inflação. Quais os riscos envolvidos nessa estratégia?

O cenário central do BC é, sem dúvida, plausível. O problema é a fragilidade das hipóteses em que está baseado. Se as economias avançadas retomarem o crescimento, se o aumento do salário mínimo e o aquecimento do mercado de trabalho elevarem ainda mais o componente de inflação de serviços, se as eleições de 2012 levarem os governos, nacional e locais, a gastar mais do que o previsto, se a expansão de crédito dos bancos públicos for muito forte, o cenário central do BC estará sob ameaça.

Claro que o BC pode reagir e elevar os juros se perceber que tal cenário não está se concretizando. Mas aí há dois problemas. O primeiro é que, reagindo posteriormente, em vez de atuar preventivamente, com devida cautela, terá que incorrer em custo mais alto (em termos de perda de crescimento de produto) para reconduzir a inflação para a meta. Segundo, e mais importante: existem, hoje, sérias dúvidas quanto à disposição do BC de elevar a taxa de juros caso o cenário central esteja sob ameaça. Em outras palavras, já não se sabe qual é, de fato, o real objetivo da política monetária.

A percepção mais comum entre os agentes econômicos é a de que o centro da meta, 4,5%, já deixou de ser o objetivo relevante. O BC se contentaria com, tão somente, impedir que a inflação supere o limite superior da banda, 6,5%. O que, aliás, vem sendo, já há tempos, propalado por autoridades econômicas fora do BC.

À medida que tal percepção torna-se mais difundida, é natural que a expectativa de inflação suba para 6,5%. Por enquanto, as previsões do mercado ainda não estão tão altas. Mas o verdadeiro teste da ancoragem da expectativa ocorrerá quando alguma das premissas do cenário central do BC não se verificar. Com a elevação da expectativa de inflação, muitos dos benefícios do atual sistema se perderão. Mais ainda, trazer a inflação de volta para os 4,5% acarretará custo bem mais elevado do que fazê-lo no presente.

Outro pilar fundamental da estratégia do BC é a suposição de que teria ocorrido redução na taxa neutra de juros, que é a taxa que manteria a inflação na meta, e ao redor da qual deve oscilar a taxa Selic, dependendo do estágio do ciclo econômico. Como evidência de tal redução, a ata aponta a diminuição dos prêmios de risco, na esteira de vários anos de estabilidade macroeconômica. Entretanto, as evidências empíricas não corroboram a hipótese de que a taxa neutra tenha se reduzido. Se a taxa neutra tivesse caído, os juros altos do passado recente deveriam ter causado inflação baixa e desemprego elevado, o oposto do que ocorreu.

A ata prossegue, afirmando que "... têm contribuído para a redução das taxas de juros domésticas, inclusive da taxa neutra, o aumento na oferta de poupança externa e a redução no seu custo de captação, as quais, na avaliação do Comitê, em grande parte, são desenvolvimentos de caráter permanente." Aqui parece haver confusão quanto aos determinantes da taxa neutra. Sem dúvida a entrada de capitais estrangeiros para a compra de dívida pública, sobretudo a longa, se e quando voltar a ocorrer, reduzirá a taxa de tais títulos. Isso, entretanto, não ajudaria o BC no controle da inflação, a menos que a taxa de câmbio apreciasse, o que, segundo o ministro da Fazenda, o governo não está disposto a permitir.

Portanto, ainda que possível, o cenário que suporta a estratégia do BC é frágil. Os riscos para sua concretização são muitos, sobretudo se, frente à concretização de algum deles, o Copom não estiver efetivamente disposto a aumentar a Selic. Melhor seria voltar à tradição de cautela da política monetária, interrompida às vésperas da eleição presidencial de 2010.

Entra e sai - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 03/02/12

Troca do ministro das Cidades não altera a prática do Executivo de conceder feudos administrativos aos partidos políticos de sua base

Há tempos os meios políticos de Brasília davam como certa a demissão de Mário Negromonte (PP) do Ministério das Cidades.

No ano passado, noticiava-se que o ministério promovera o encarecimento, sem base em parecer técnico, de um projeto de transportes públicos em Cuiabá. Veio em seguida o caso de um suposto "mensalinho" de R$ 30 mil, a ser pago a cada um dos deputados da bancada federal do PP, em troca de apoio nas disputas de seu partido.

Aparentemente seguiu a mesma lógica a decisão, revelada pela Folha, de privilegiar a liberação de verbas para emendas de deputados escolhidos a dedo no PP.

O habitual roteiro observado pela presidente Dilma Rousseff, de desgaste e desprestígio de ministros suspeitos, seguiu seu curso -é verdade que com mais lentidão. Demitiram-se, por ordem do Planalto, assessores diretos de Negromonte. Tudo previsto, tudo conhecido, portanto, na notícia da demissão de Negromonte.

Para quem não acompanha o cotidiano dos 37 ministérios e das incontáveis estatais, autarquias e superintendências da máquina federal, o caso suscita outras reações.

O que faz, o que fazia, o que fará um ministro das Cidades? Quem era Mário Negromonte? Quem é seu provável substituto, o também pepista Aguinaldo Ribeiro, líder da bancada do partido na Câmara? Que credenciais detém para cumprir as atribuições oficiais do Ministério das Cidades?

Com Negromonte ou sem Negromonte, a pasta serve na realidade para acomodar os interesses menores do PP, uma das agremiações na multidão que compõe a base de sustentação do governo federal.

A alegada preferência dilmista por critérios técnicos para nomear assessores presidenciais não vale nesse caso. Continua sendo obedecido o insólito sistema de "especialização" que concede a cada partido da base o domínio sobre este ou aquele setor do governo.

Que o PC do B, por exemplo, tenha se especializado em ocupar cargos na área de Esportes certamente não se deve ao sucesso de ginastas de países socialistas -por mais que o partido de Aldo Rebelo e Orlando Silva ainda conserve admiração pelas conquistas atribuídas a esses regimes ditatoriais.

Ao PP, talvez pela presença do ex-governador Paulo Maluf em seus quadros, uma larga fatia das atividades de engenharia urbana se concede. Já coube ao mesmo partido o comando da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) na partilha do governo do tucano Geraldo Alckmin.

Sai Negromonte, entra um substituto. Não admira que, fora dos círculos interessados, a notícia termine recebida com indiferença.

CLAUDIO HUMBERTO

“Eu não confio no PT. O PT é um amigo que trai o outro”
Roberto Jefferson, presidente do PTB, e o envolvimento petista no caso Mantega

CASA DA MOEDA: OMISSÃO COMPLICA MANTEGA

A situação do ministro Guido Mantega (Fazenda) se deteriorou ontem, com a revelação de que ele conhecia, há pelo menos um ano, denúncias de corrupção contra o subordinado Luiz Felipe Denucci, presidente da Casa da Moeda, e nada fez. Sabia que a Receita e a Polícia Federal investigavam o suposto pagamento de US$ 25 milhões em propinas para Denucci, e também foi avisado pelo PTB, por carta, há um ano. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) quer convocá-lo a se explicar.

SOUBE DE VÉSPERA

Dilma ficou irritada quando soube, ainda em Cuba, que o caso Mantega seria noticiado. Seus assessores apostaram na demissão do ministro.

INSUBORDINAÇÃO

O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) irritou o governo ao defender a convocação de Mantega. Seu irmão, Geddel, é dirigente da Caixa.

PANOS QUENTES

Tentando conter a repercussão, Mantega se reuniu com próceres da TV Globo e de outros veículos, para minimizar sua atitude omissa.

PRIORIDADE

Esta coluna revelou, há dois meses, que Mantega tentou deixar o cargo após diagnóstico de câncer de sua mulher. Queria se dedicar só a ela.

FEIJÓO: NOMEAÇÃO PODE CONFIGURAR IMPROBIDADE

Pode ser enquadrada como improbidade administrativa a nomeação ilegal do espanhol José Lopez Feijóo, amigo pessoal do ex-presidente Lula, como assessor especial da Secretaria-Geral da Presidência da República. A Constituição proíbe a nomeação de estrangeiros para cargos públicos. Feijóo pediria sua naturalização apenas dez dias após sua nomeação, assinada pelo ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci.

CONSTITUIÇÃO ATROPELADA

A cidadania vapt-vupt de José Feijóo, segundo juristas, ofenderia os princípios constitucionais de moralidade, impessoalidade e legalidade.

PIADA SOTEROPOLITANA 

Com a greve na polícia, todo mundo correu do caos e dos arrastões em Salvador. Menos o governador Jaques Wagner, que estava em Cuba.

TELEJORNALISMO

Há mais de um ano, com o fim do contrato de assinatura, a GloboNews não é mais sintonizada no Senado, que fez opção pela BandNews TV.

MAIS DO MESMO

Todos são inocentes até prova em contrário, mas o novo ministro de Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), começa pendurado na brocha: tem 14 processos na Justiça, segundo a ONG Transparência Brasil. 

OUTRA DEMISSÃO

O diretor de segurança dos Jogos Olímpicos de 2016, Luiz Fernando Corrêa, será demitido. Ele é investigado pelo Ministério Público Federal por supostas irregularidades nos Jogos Panamericanos de 2007.

LISTA TRÍPLICE

O governador do DF, Agnelo Queiroz (PT) pediu à Associação dos Delegados de Polícia uma lista tríplice de sugestões para substituir Onofre de Moraes, que deixou ontem a direção-geral da Policia Civil.

CHEGA DE INTRIGAS

Conselheiros amigos da onça tentaram convencer Agnelo Queiroz a explorar referências a seu vice, Tadeu Filippelli, no vídeo que derrubou o diretor da Polícia Civil. Mas ele proibiu que se estimulasse a intriga.

DECISÃO FOI DE MARTA...

Nossos leitores sabem, desde 2 de janeiro, que Marta Suplicy (PT-SP) decidiu rasgar o acordo para revezar com José Pimentel (PT-CE) na vice-presidência do Senado. Nada teve com a eleição paulistana.

...E PIMENTEL ENGOLIU

O PT e a mesa diretora do Senado foram informados por Marta Suplicy, no fim do ano, que não havia “sentido” em abrir mão da vice-presidência. Na ocasião, José Pimentel nem sequer ousou comentar a decisão dela.

SEM DESCANSO

Apesar dos planos de concorrer ao governo do Paraná em 2014, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), pouco visitou seu Estado em 2011. A presidente Dilma não lhe dá tréguas. 

A CADEIA TE ESPERA

O terrorista e marqueteiro Cesare Battisti disse que está “pronto para responder” pelos seus atos. Pediu reconciliação ao presidente Giorgio Napolitano, “stalinista irredutível dos anos 1970”, e novo julgamento. O governo italiano respondeu que ele deve voltar para “cumprir a pena”. 

PENSANDO BEM...

...Pizza de Denucci com Mantega dá indigestão. 

PODER SEM PUDOR

DECORO DESNUDO

No carnaval do Rio, em 1994, criaram um factoide para fazer o então presidente Itamar Franco passar por “garanhão”: a modelo Lílian Ramos posou ao lado dele sem calcinha. As fotos causaram espanto. Em Montes Claros (MG), o vereador Benedito Said (PTB) criticou a atitude do presidente maluquete, mas foi repreendido pelo presidente da sessão, que considerou “falta de decoro” citar a palavra “calcinha” naquela sacrossanta casa. Retomando a palavra, o vereador Said ironizou:

– Então, sr. presidente, retiremos as calcinhas e fiquemos com o decoro!

SEXTA NOS JORNAIS


O Globo: STF devolve ao CNJ poder de investigar e punir juízes

Folha de S. Paulo: Supremo mantém poder do CNJ para investigar juízes

O Estado de S. Paulo: Em votação apertada, STF mantém poder do CNJ

Correio Braziliense: Escândalo, demissão e videotape

Valor Econômico: Bancos médios se ajustam depois de investida do BC

Estado de Minas: Ameaçada. Desprotegida. Assassinada

Jornal do Commercio: Posseiros param Suape

Zero Hora: Petrobras assina hoje projeto para triplicar gás industrial no RS