sexta-feira, janeiro 20, 2012

Joãozinho, o petista


Uma professora petista do ensino fundamental explicava aos alunos o "ser petista". Pediu que levantassem a mão todos aqueles que fossem simpáticos ao partido.

Todos os alunos, por temerem represálias, levantaram a mão, exceto um menino que estava sentado no fundo da sala.

A professora olhou para o menino com surpresa e lhe perguntou:
- Joãozinho, por que não levantou a mão? - Por que não sou petista! - respondeu. 
A professora perguntou de novo:
- Se não é petista, então com quem simpatiza?
- Com os tucanos! - respondeu com orgulho o menino. 
A professora cujos ouvidos fanáticos não podiam dar crédito a algo assim, continuou:
- Joãozinho, me diga: porque és simpático aos tucanos? 
O menino muito tranqüilo respondeu:
- Minha mãe é tucano, meu pai é tucano, meu irmão é tucano, então eu
também sou tucano! 
- arrematou.
- Bem, replicou a professora - mas isso não é um bom motivo. Você não tem que ser tucano como seus pais.Por exemplo, se sua mãe fosse uma vadia, seu irmão um meliante, vagabundo e contraventor e seu pai um fraudador ladrão de dinheiro público, o que você seria?
- Bom... Aí eu seria um petista!

COLABORAÇÃO ENVIADA POR APOLO

O casamento e o vidro de palmito - CRISTIANE SEGATTO

REVISTA ÉPOCA

O que o estado civil diz sobre a saúde


CRISTIANE SEGATTO  Repórter especial, faz parte da equipe de ÉPOCA desde o lançamento da revista, em 1998. Escreve sobre medicina há 15 anos e ganhou mais de 10 prêmios nacionais de jornalismo. Para falar com ela, o e-mail de contato é cristianes@edglobo. (Foto: ÉPOCA)
Um dos grandes sustentáculos do casamento, como instituição, é o vidro de palmito. Penso nisso sempre que tento preparar uma super salada num domingo de verão. Meu marido conhece o filme. Apoio o vidro num pano de prato, faço força para abrir a tampa, tento soltá-la com uma faca, levanto o lacre de borracha e... nada. Consigo fazer muitas coisas difíceis nesta vida sem pedir a ajuda dele. Abrir o vidro de palmito não é uma delas. Não sei se todas as mulheres têm a mesma dificuldade, mas lá em casa só o jeitinho masculino resolve.
Meu marido se diverte quando digo que a falta de inovação da embalagem de palmito deve ser patrocinada pelo Vaticano. Só um motivo muito forte explica por que até hoje a indústria não foi capaz de inventar um jeito mais simples de embalar palmito com segurança – sem disseminar doenças e sem atazanar as consumidoras.
Para preservar a instituição do casamento tradicional e da família, o Vaticano condena a camisinha. Suspeito que, pela mesma razão, estimule a preservação do vidro de palmito tal como ele é. Quando uma mulher analisa os prós e os contras do casamento, deve considerar o que seriam os domingos sem salada de palmito. Podem ser lastimáveis.
Lembrei dessa história ao ler um texto da psicóloga americana Bella DePaulo, publicado na última edição da revista Psychology Today. Bella, autora de um interessante blog chamado Living Single, afirma que um dos maiores mitos sobre os solteiros é que eles estejam sempre – e desesperadoramente – tentando arranjar um parceiro. 
Em um dos textos postados no blog, Bella discorre sobre estudos que tentam associar o casamento a benefícios de saúde. Eles já deram origem a inúmeras capas de revista. Principalmente nos Estados Unidos, onde há um forte movimento que defende o matrimônio tradicional. A verdade, porém, é que esses estudos quase sempre são inconclusivos. É difícil isolar fatores que têm influência sobre a saúde e podem levar os pesquisadores a interpretações erradas.Muitos solteiros querem mudar de estado civil, é claro. Mas essa não é necessariamente a regra. “Talvez mais pessoas estejam escolhendo ser solteiras porque simplesmente gostam disso”, escreve Bella. “Atualmente um solteiro consegue levar uma vida completa e divertida como nunca antes”.
Bella analisou a fundo os estudos disponíveis e concluiu que as evidências científicas permitem dizer o seguinte:
• As pessoas que sempre foram solteiras não têm mais problemas crônicos de saúde que as casadas
• Mulheres que nunca se casaram declaram ter uma saúde tão boa quanto a das mulheres que se casaram e continuavam casadas no momento da pesquisa
• Ao contrário do senso comum, os homens menos saudáveis eram os que haviam se casado mais jovens
As consequências do casamento sobre a saúde dependem do tipo de relacionamento que o casal cultiva. Um casamento ou namoro infernal eleva os níveis de stress crônico e pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, por exemplo. Se a pessoa vive numa relação harmoniosa, a saúde agradece. Isso é óbvio, certo? É daquelas explicações que a gente não entende por que os pesquisadores precisaram gastar tanto tempo e dinheiro para chegar a elas.
Outro ponto interessante levantado por Bella é que os solteiros convictos (não os que se incomodam com a solteirice) sabem apreciar alguns valores importantes que, em geral, não são percebidos como tal pela maioria das pessoas. É o caso da solidão. Saber valorizar os momentos de sossego, de silêncio, de estar consigo mesmo é um privilégio. Solidão pode ser algo tão importante quanto a sociabilidade.
Os solteiros convictos também sabem que relacionamento não é uma palavra restrita às relações românticas. Eles sabem valorizar os amigos, os parentes, os mentores, os vizinhos. A solteirice, portanto, pode ser uma decisão valorosa. É uma escolha que a sociedade precisa respeitar. Sem pressões, sem piadinhas, sem pena.
Quer saber se você, no fundo, no fundo é um solteiro convicto, mesmo estando casado ou namorando firme? Faça o teste proposto por Bella.
VOCÊ É UM SOLTEIRO CONVICTO?
1) Quando você sabe que passará algum tempo sozinho, o que pensa?
a) Ah, doce solidão.
b) Oh, solidão não.

2) O que você acha da ideia de procurar um parceiro para uma relação amorosa de longa duração?
a) Tem a sensação de que é o que deveria fazer, mas, sinceramente, não é bem o que gostaria de fazer.
b) O processo pode não ser muito divertido, mas encontrar um bom parceiro seria sensacional.

3) Quando você pensa em fazer uma grande mudança na sua vida (escolher uma nova carreira, por exemplo), o que você escolheria?
a) Tomaria a decisão que lhe parecesse certa, sem se preocupar se o parceiro iria ou não aprovar sua decisão.
b) Tomaria a decisão junto com o parceiro, mesmo que isso significasse não seguir sua opção favorita.

4)Muitos parceiros têm a expectativa mútua de estar junto com o outro em todas as ocasiões. Como você se sente em relação a isso?
a)Prefere ir a alguns eventos sozinho ou com outras pessoas. Ou simplesmente ficar em casa.
b)Sente-se confortável em ter o parceiro sempre com você, apesar de ser obrigado a comparecer a compromissos que preferiria não comparecer.

5) Quem são os adultos mais importantes da sua vida?
a) Um mix de amigos, familiares e colegas de trabalho.
b) O cônjuge ou parceiro de longa data.

6) Quando você tem vontade de comer fast food ou assistir a programas trash na TV, como você se sente.
a) Feliz por poder fazer exatamente o que sente vontade, sem ter ninguém por perto.
b) Preferiria ter o parceiro ao seu lado, tanto para curtir as delícias trash com você como para estimulá-lo a ter autocontrole.

7) Quando você pretende perseguir objetivos nobres, como comer comida saudável e ler grandes livros, o que você prefere:
a) Perseguir esses objetivos por conta própria ou com um amigo
b) Ter um parceiro para persistir no caminho certo
8) Quando você tem pequenos contratempos, como se sente:
a) Aliviado por não ter que explicar para ninguém como as coisas deram errado.
b) Gostaria de ter um parceiro para encontrar em casa e poder dividir o que aconteceu.
9) Você é autossuficiente? Costuma lidar com seus problemas e desafios quase sempre sozinho?
a) Sim.
b) Não.
RESULTADO
Conte quantas vezes você escolheu “a”

0 a 3: Você tem alguma apreciação pela solteirice, mas não está completamente convicto disso.
4 a 6: Você gosta de muitos aspectos da solteirice, mas também gosta de passar longos períodos com o parceiro. Quando está casado ou num relacionamento sério, prefere não estar totalmente misturado ao seu parceiro.
7 a 9: Você é um solteiro convicto.
Comigo o teste funcionou. Escolhi quatro vezes a alternativa “a”. Concordo com o diagnóstico. Gosto de muitos aspectos da solteirice. Tenho necessidade dos “meus” momentos, mas também preciso da companhia do meu parceiro. Ela é um privilégio. E não é só por causa do vidro de palmito.

Onde se acha o amor - IVAN MARTINS

REVISTA ÉPOCA

É preciso estar no lugar certo para que o destino ajude



IVAN MARTINS É editor-executivo de ÉPOCA (Foto: ÉPOCA)
Apesar da existência da internet, os encontros amorosos ainda ocorrem no mundo físico. É preciso sair de casa, conhecer pessoas e dar ao destino uma chance de fazer algo por nós. Quando, na noite de sábado, a garota sem namorado decide ir a uma festa com os amigos, em vez de ficar em casa fuçando os perfis dos outros no Facebook, está fazendo um cálculo preciso: onde é maior a chance de conhecer alguém? Está provado, estatisticamente, que o amor não é um homem estranho que bate na porta com um ramo de flores, uma camisinha no bolso e um bilhete de avião para Paris.
Isso sempre me ocorre quando escuto – o que é frequente – duas mulheres discutindo sobre a tarefa aparentemente difícil de arrumar um namorado legal nos dias que correm. Em geral, fico tentado a me meter para sugerir que elas talvez estejam buscando nos lugares errados. Hoje, eu decidi que iria ceder à tentação e dar uns palpites nesse assunto. Depois de conversar com amigos e amigas, divido com vocês as opiniões que achei pertinentes.
A primeira delas, que vai irritar os boêmios: não ponha esperança demais em botecos e baladas. Eles não costumam ser o lugar onde se encontra gente que vai ficar na sua vida. Para uma mulher ou para um cara atraente, é fácil achar sexo na noite, mas o que acontece depois é muito incerto. O mais comum é acordar sozinha, ou, ainda pior, perceber que a pessoa ao lado não tem nada a ver. Decisões tomadas no calor da mesa ou da pista não costumam resistir às horas de sono ou de lucidez. Se você já conhece a figura e a convida a tomar uma, a chance de rolar aumenta muito. Se você vai à balada sabendo que lá vai estar o cara que você deseja, melhor. Mas, sair na sexta-feira, dos bares para a balada, na esperança de que o príncipe encantado apareça do nada, com uma lata de cerveja na mão, pode ser bem frustrante.
 A internet tornou-se um lugar privilegiado de encontros, mas seu efeito nas aproximações é ambíguo. Funciona de uns jeitos e não funciona de outros. Usar o Facebook para se aproximar da garota do trabalho que você acha bonita ou do cara que você conheceu na festa do amigo costuma ser legal. Tem gente para quem isso funciona tão bem que virou abordagem padrão - com a vantagem de que a redes sociais contam muito sobre a pessoa antes de você chegar perto dela. O que eu acho que não rola é usar a internet para se aproximar de completos estranhos: viu uma foto no timeline, achou a pessoa bonita, manda uma mensagem, “oi!” Quem recebe esse tipo de torpedo fica com a impressão que do outro lado tem um cara ou uma garota disparando span para todos os lados. Não é legal.
Na internet estão também os famosos serviços de promoção de relacionamentos. Você se cadastra, paga uma grana e o sistema sugere sair com fulano ou sicrana. As (poucas) pessoas que eu conheço que já fizeram isso conseguiram encontros e transas. Têm histórias divertidas para contar, mas nenhuma achou o amor virtual. Parece ruim? Não necessariamente. Para quem está por baixo e sente que a vida empacou, esse tipo de serviço pode funcionar como o socorro que a seguradora manda quando seu carro ficou sem bateria: oferece uma recarga de autoconfiança, faz com que você dê a partida e põe o carro em movimento. Às vezes é tudo que a gente precisa.
Se você está sem grupos, invente um. Cursos são lugares espetaculares para aprender e para conhecer gente. Há cursos de todos os tipos e neles há todo tipo de pessoas. Pode ser um encontro de gastronomia, um curso de teatro ou aquela aula de dança de salão que você está adiando desde que tinha 18 anos. Funciona. Tampouco descarte as viagens em bando ou grupo organizado. Elas costumam ser divertidas e oferecem a oportunidade de conhecer pessoas com o mesmo pique. Depois de três dias fazendo tracking na Chapada Diamantina ou acampando no Pantanal, todo mundo fica meio íntimo – e há reuniões posteriores, trocas de fotos pela internet. As coisas não acabam ali.Quando se trata de encontrar pessoas, eu acredito em grupos: escola, trabalho, amigos. Em geral é aí que as coisas rolam. Melhor que a balada anônima é uma festa de aniversário, onde você já conhece parte das pessoas e tem a chance de conhecer outras, que terão alguma conexão com você. Amigos de amigas são candidatos naturais a namorados. Eles já chegam filtrados por interesses e origens comuns – aquilo que uma amiga minha chama de “indicação”. Ela, efetivamente, sai perguntando aos conhecidos sobre os caras que acha interessante: “Você acha que eu combino com ele?” O grupo ajuda a recomendar e selecionar. 
O essencial, quando se trata de encontros amorosos, é criar oportunidades para que eles aconteçam. Na tarde de sábado, por exemplo, por que não chegar ao cinema meia hora antes do filme e tomar um café, sem Ipod nos ouvidos e sem estar mergulhada num livro? Isso oferece a quem está em volta uma chance de aproximação. Às vezes isso é tudo que o destino precisa para colocar a pessoa certa na mesa ao lado, sozinha e louca para conversar. Pode não ser o grande amor da sua vida, mas talvez venha a ser um bom amigo – que talvez tenha um irmão, ou um amigo, que nasceu com a missão de dar a você os melhores dias da sua vida.

Money, money, money - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 20/01/12


Veja por que Obama viajou ontem 2.242 km de Washington até Orlando para anunciar facilidade de visto, para atrair mais brasileiros à Disney.
Há tantos brasileiros nos parques, mas tantos, que, nas lojas, já não são só vendedores conterrâneos nossos que falam português. Atendentes também de outros países latinos estão apreendendo nosso idioma.

A ponto de...A invasão do idioma de Dilma é tão grande que uma loja no Florida Mall pôs na vitrine o aviso: “English is spoken here.” Tradução: “Aqui se fala inglês.”

Voando
Henrique Meirelles, ex-BC, vai integrar o Conselho de Administração da Azul.

Cabral e Luísa
Gaiatice que começou a circular na internet, parodiando o fenômeno Luísa (a paraibana que estava no Canadá e não pôde aparecer no comercial estrelado pelo pai e sua família):
— Todo mundo tem medo de chuva no Rio. Menos... Cabral, que está em Paris.
Maldade.

No mais
É como diz o coleguinha Guto Abranches: “Esse capitão Schettino lá do barco na Itália está mais para... “Essecretino.”
Com todo o respeito.

Outra...
Artur Dapieve sugere uma tradução, digamos, família para a frase “vada a bordo, cazzo”.
Seria “volte a bordo, cacete!”

O imposto do COL
Embora haja um debate sobre seu direito ou não à isenção fiscal, a diretoria do Comitê Organizador Local da Copa de 2014 (COL), presidida por Ricardo Teixeira, resolveu recolherá 16,6 milhões a títuLo de impostos.

Clarice eterna
A obra de Clarice Lispector (1920-1977), considerada outro dia pela “The Economist” a “mais importante autora judia depois de Kafka”, será traduzida para alemão pela editora Schõffling & Co., numa ação do Ministério da Cultura.
No mesmo pacote, quatro livros de Jorge Amado (1912- 2001) também serão traduzidos.

Livros do Brasil
O Brasil vai voltar a participar do Salão do Livro de Paris em 2012, após anos de ausência.
Galeno Amorim, presidente da Biblioteca Nacional, reuniu-se esta semana na capital francesa com dirigentes do setor da cultura de lá. Segundo ele, “está todo mundo querendo estabelecer parcerias com a gente”.

Aliás...
O Brasil, diz Galeno, deve ser, mais uma vez, o país homenageado do evento, uma das principais feiras de livro do mundo.


História do crime
Após 39 anos de prisão, William da Silva Lima, 70 anos, assaltante de bancos considerado o fundador do Comando Vermelho, nos anos 1970, está em liberdade e à procura de editor para suas memórias.
O “Professor”, como é chamado, é um arquivo vivo da história do crime no país.

A volta do Imperador
Uma articulação no Flamengo, no meio de todo fogaréu, tenta tirar Adriano do Corinthians.

Doença
Os policiais Charles Tavares e Sammy Quintanilha, acusados da morte da juíza Patrícia Acioli, trocarão Bangu 1 por Bangu 8.
É que estão doentes, e o presídio Bangu 8 é mais adequado. A transferência, decidida pelo juiz Peterson Barroso, da 3a- Vara Criminal de Niterói, é provisória. Depois, voltarão para Bangu 1.

Sérgio Ricardo, 80Abre quarta que vem, 25 de janeiro, Dia da Bossa Nova, a exposição “Sérgio Ricardo — 80 anos, um buscador”, que inicia as homenagens ao compositor.
A mostra, no Instituto Cultural Cravo Albin, inclui fotos e vídeos inéditos do grande Sérgio.

Cena cariocaOntem, na esquina das ruas Nascimento Silva e Maria Quitéria, em Ipanema, sete carros que pareciam ser de bacanas exibiam placas de “vende-se”.
A Rádio Fofoca das redondezas diz que começou a funcionar ali uma agência informal de automóveis a céu aberto, administrada por porteiros de prédios vizinhos.

SACUDIRAM O PÉ de musas na coluna: Antônia Fontenelle, da Mocidade, posa para o site Ego. Ana Furtado, da Grande Rio, experimenta o vestido que usará domingo no ensaio técnico MESTRE NELSON Pereira dos Santos troca um chamego com Miúcha na pré-estreia do filme “A música, segundo Tom Jobim

PONTO FINALWinston Churchill (1874-1965), o grande político britânico, tinha humor. Veja o que disse a um repórter sobre a razão de ter escolhido um navio italiano para fazer um cruzeiro:
— Há três coisas que eu gosto num cruzeiro italiano: a cozinha, o serviço e, depois, em caso de emergência, não existe essa coisa sem sentido de mulheres e crianças primeiro.

Rio de Janeiro da desesperança - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 20/01/12


No Vidigal, crianças brincam sentadas ao lado de fezes. O entorno cheira a podre, não há para onde fugir



Subi o morro do Vidigal -que vista mais linda!- com uma equipe de filmagem. Fui verificar as mudanças desde a expulsão formal dos traficantes. Peço desculpas se opto por "expulsão dos traficantes" em vez de termos mais rebuscados como "tomada do morro pelas forças da paz". É que eu não sou gerente de marketing nem a Tropa de Choque parece ser composta pelos capacetes azuis da ONU.

E quem usou a imagem da polícia carioca como "força de paz" também poderia ter optado pelos termos D.D.Drin ou Roto-Rooter. Daria na mesma, já que a imagem que se busca é a da supertropa removendo, espantando e eliminando a praga do tráfico do morro.

Parentes e o pessoal que viveu e se beneficiou do tráfico, gente que não foi fichada, mas que bem ou mal tinha e continua a ter algum vínculo com o comércio de drogas não foi corrida da favela. Ainda está lá, tranquila e pacificada como sempre esteve. Como poderia ser diferente?

Sejamos realistas. Não vamos nos ater ao problema do vício, nosso foco aqui é outro. Há um universo de consumidores, no asfalto e no morro, que usa sem se viciar. É um mercado imenso que movimenta uma economia igualmente portentosa. E para atendê-lo faz-se legítimo envolver uma população carente que eventualmente também consome e que serve para escoar a produção. E sem essa de culpar o consumidor. Em vista da esmagadora vitória das substâncias ilegais na chamada "guerra contra as drogas", se fosse para moralizar, os primeiros da lista a ser responsabilizados seriam os EUA e o DEA, yes?

Vender a ideia de que basta montar delegacias com nome bonito (Unidade de Polícia Pacificadora) e mandar reforço para resolver o problema de violência é pensamento positivo na sua forma mais rudimentar e mística -por mais bem conduzida que tenha sido a operação no Vidigal e em outros morros.

Vá lá que há um pacote de ações sociais prometido com as UPPs. Mas, como já se vão 1.512 anos de negligência nos morros, não me animo nem mesmo a chamar favela de comunidade. Em São Paulo, 23% das pessoas vivem como ratos amontoados, no Rio são 19,1%, com fios de alta tensão passando rente às têmporas dos moradores, sem qualquer cuidado sanitário, com risco iminente de desabamento etc. e etc. E a gente ainda acusa o morador da favela de descaso quando há um incêndio queimando não sei quantos barracos de uma vez.

Um cabo da Tropa de Choque me disse que agora a coisa anda porque ninguém mais fará barulho após as 22h. Mas que tipo de melhora é essa em locais que nunca experimentaram uma commodity chamada privacidade? Onde nunca existiu o direito de brigar com o marido, namorar ou fazer lição de casa em paz.

Crianças brincam de casinha sentadas ao lado de fezes. O entorno cheira a podre, não há para onde fugir. Converso com uma senhora que está vendendo o barraco: "Aqui somos da mesma região do Ceará, a gente se ajuda". Minha produtora entra para pegar a assinatura dela para os direitos de transmissão e encontra uma guria de dez anos com o nariz grudado na TV. "É minha filha, está paralisada e não enxerga, não sei o que fazer com ela". Como é que ela vai descer a menina por aquelas escadarias todas?

No vácuo entre o abandono do poder público e a lei de talião do tráfico aumentou a violência contra as mulheres. Um sargento diz que a culpa é delas, muito "oferecidas". Quer saber? Da próxima vez que vierem glamorizar favela para mim, eu meto uma estopa suja de graxa na boca de quem falar.

Programa para político acreditar - DENISE ROTHENBURG


Correio Braziliense - 20/01/12


Enquanto essa questão dos restos a pagar não for resolvida, a imersão da presidente Dilma Rousseff com grupos de ministros na "Sala Suprema" será mais um capítulo que parece surgir do fictício orçamento que sai anualmente do Congresso

O Congresso Nacional perde um tempo danado analisando o Orçamento e o Programa Plurianual (PPA). Alguns assessores e até parlamentares passam dias e noites de plantão para que o texto fique pronto dentro do prazo regulamentar. A cena de Comissão Mista de Orçamento cheia se repete todo fim de ano. Geralmente, no último dia, as excelências comemoram mais um Orçamento aprovado no plenário, o presidente do Congresso Nacional agradece a todos — em 2011, a fala de praxe coube à vice-presidente, Rose de Feitas (PMDB-ES), porque o presidente, José Sarney (PMDB-AP), do alto de seus 80 e lá vai, não aguentou ficar na sessão até bem próximo da meia-noite, quando o Orçamento de 2012 foi votado.

Para quê tanto esforço, não se sabe. Todos os anos, sem exceção, o Poder Executivo acaba fazendo o que quer, do jeito que quer e a hora que deseja. A análise do Orçamento pelo Poder Legislativo é um grande faz de conta. Os deputados fingem que influenciam e o Executivo deixa que eles pensem assim. Até porque, na hora em que falta um voto para aprovação de alguma matéria importante ao governo, o Planalto chama o parlamentar e lhe "concede" um empenho — ou seja, separa o dinheiro para futura liberação.

Se esse dinheiro vai ser liberado e a obra feita é outra longa história. Empenhado o recurso, é preciso ver se tem projeto, se a obra está em andamento, se já foi medida pela Caixa Econômica Federal, que fiscaliza grande parte dos repasses — especialmente, saneamento ou o Minha Casa, Minha Vida, programa carro-chefe do governo. Se algo der errado no ano, o parlamentar pode ter a sorte de ver seu empenho passar para os restos a pagar, a porta da esperança de quase todos os empenhos na última década.

Por falar em restos a pagar...
O que sobra de um ano para o outro é mais uma demonstração de que aquilo que as excelências costumam incluir no Orçamento de um determinado ano vira papel inútil. Ou, no máximo, uma forma de dizer ao prefeito: "Aí ó, sua obra tá lá". O total de restos a pagar de anos anteriores que passaram para 2012 é R$ 122,4 bilhões. Desse valor, R$ 56,4 bilhões são investimentos, em que estão as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estradas, ferrovias, aeroportos, creches, escolas, hospitais. Só do Orçamento de 2011 migraram R$ 84,3 bilhões para este ano, sendo R$ 31,2 bilhões em investimentos.

O nome restos a pagar, no mundo real, remete a um valor residual perante a previsão de gastos para o ano em curso. No Brasil, é quase um orçamento paralelo ao que saiu do Congresso no ano passado. Isso indica que os oito anos do governo Lula e o primeiro ano de governo Dilma fracassaram no sentido de fazer um orçamento de verdade, ou seja, gastar no ano em questão o que foi incluído na proposta orçamentária atual e não ficar apenas quitando restos a pagar — que é, na prática, o que tem ocorrido em meio a uma série de reuniões palacianas e ministeriais que tentam passar a ideia de planejamento estratégico e diferenciado.

Por falar em reuniões de ministério...
Enquanto essa questão dos restos a pagar não for resolvida, a imersão da presidente Dilma Rousseff com grupos de ministros na "Sala Suprema" será mais um capítulo que parece surgir do fictício orçamento que sai anualmente do Congresso Nacional. E, por tabela, o Programa Plurianual (PPA), publicado ontem no Diário Oficial da União (DOU). A presidente e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, tentaram transformar a lei em algo mais realista ao vetar programação de obras sem projetos ou estudos de viabilidade técnica, alcance social. Tomara que consigam, mas o esforço ainda não tirou o apelido que muitos técnicos do congresso deram ao texto: Programa para Político Acreditar (PPA). É que, reza a lenda, uma obra incluída no PPA terá recursos. Pelo menos, no papel, eles existem. Se não houver um pacto real entre os Três Poderes pelo orçamento de verdade, o PPA será apenas um papel. Ou uma numeralha na tela do computador. Afinal, do jeito que vai, como diz o comercial do bebê sorridente que está conquistando o Brasil, é melhor deixar o papel para o que realmente importa.

Homo bahianus - FERNANDA TORRES

FOLHA DE SP - 20/01/12


É mesmo impossível negar a fé na Bahia. Ela não é imposta, pois é um hábito concreto e festivo


Passei o Ano-Novo em Salvador. Na despedida, assisti à extraordinária missa da irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

Há dois anos, fortes chuvas danificaram a estrutura da capela original, erguida por escravos e alforriados. Enquanto aguardam a restauração, os fiéis realizam as preces na quase vizinha igreja do Carmo.

O ritual é o retrato supremo do sincretismo religioso que tanto vingou no Brasil. Atabaques saúdam o Senhor enquanto pães de santo Antônio rodopiam nas mãos de beatos bailarinos. Ninguém recebe santo em solo sagrado, a liturgia católica permanece intacta, mas, como na mais primitiva das experiências, a catarse rítmica arremessa a alma às alturas.

"Eu sou ateu, posso sair?" Perguntou entediado meu filho de 12 anos. Eu o deixei ir. Jamais induzi minhas crias a essa ou aquela religião, mas também não cultivei o ateísmo. Caetano riu da certeza categórica em tão tenra idade. Confessou que também não acreditava em Deus na adolescência.
Mais velho, no entanto, percebeu uma censura repressora por trás da rejeição da esquerda ao sagrado e se reaproximou do divino.

É mesmo impossível negar a fé na Bahia. Ela não é imposta, é um hábito concreto, festivo, que domina o calendário anual. Cada igreja tem o seu dia; cada terreiro, uma agenda; cada imagem, uma adoração. E, mesmo no Carnaval, o mais pagão dos blocos só põe o pé na folia depois de ungido.
Os soteropolitanos sabem cultuar seus tesouros. Sempre que caminho no Pelourinho lamento a devastação do patrimônio colonial carioca.

O Rio de Janeiro decepou o morro do Castelo, lugar de sua fundação. Em 1921, a faraônica obra de remoção deu um drástico fim à favelização do local. Hoje, a ladeira da Misericórdia, antigo acesso até a igreja dos Jesuítas, termina em um abismo em linha reta tomado por mato. É tudo o que sobrou do berço dos cariocas.

No momento, Salvador enfrenta o milagre da multiplicação de prédios de 30 andares, estilo paulista, avançando pela orla como ocorreu na Barra da Tijuca. As cidades tendem a se perder quando assaltadas por corridas imobiliárias, mas a capital parece resistir ilesa.

Ao menos quando vista do mar no primeiro dia do ano, entre o farol da Barra e o do Humaitá, seguindo o trajeto da procissão do Bom Jesus dos Navegantes.

Acordei cedo para acompanhar a galeota que leva as imagens de Jesus e Maria entre a basílica da N.S. da Conceição da Praia e a igreja da Boa Viagem.

O hino do Bonfim, na voz juvenil de Gil e Caetano, abriu os trabalhos para, em seguida, ceder o trono para o arrocha.

A romaria é uma invenção grandiosa que envolve a população, a geografia e as águas cristalinas da baía de Todos os Santos.

Levei na mala o livro de Nelson Motta sobre a juventude de Glauber Rocha. Só agora entendo o grau da amizade entre o cineasta e João Ubaldo Ribeiro. Que turma. Fala-se muito da sensualidade e da expansividade dos baianos, mas um dos grandes traços daquela terra é o seu refinamento intelectual.
Paulo César de Souza, cuja recomendada tradução do alemão de "Assim Falou Zaratustra" acaba de ser lançada pela Cia. das Letras, mora lá. Paulo é discreto, lembra Antonio Cicero, e em nenhum momento se vangloria, ou mesmo deixa transparecer a dimensão do seu saber. A razão, na Bahia, é uma prática tão espontânea quanto a fé. E o sexo.

No documentário "Caverna dos Sonhos Esquecidos", de Werner Herzog, sobre as pinturas paleolíticas da caverna Chauvet, na França, o antropólogo Jean Clottes diz que o termo Homo sapiens não define bem o que somos. Homo espiritualis, na sua opinião, seria mais adequado.

A caverna Chauvet era um templo destinado à realização de cultos. Seus desenhos datam de 30 mil anos atrás. É um dos mais antigos sítios arqueológicos dessa natureza de que se tem notícia.

Ali, foram lapidados o sentido da representação, a arte, a música, o espírito e a fluidez da alma, a grande revolução que catapultou o abrupto desenvolvimento do homem moderno. A Bahia é a caverna Chauvet do Brasil, ainda em atividade. Ai que recalque que eu tenho de não ser Homo bahianus.

O mundo em três polegadas - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 20/01/12

Semana passada, no complexo ato de pendurar um quadro, dei sem querer uma martelada no dedão. Passadas as bufadas e imprecações de praxe, pensei em como aquela era uma atividade de risco para um instrumento tão rico e delicado: o dedo polegar. Por coincidência, no dia seguin te, li na Folha a candente defesa da psicanalista Anna Veronica Mautner ("Equilíbrio", 10/1/2012) sobre este órgão que ameaça ficar obsoleto, desbancado por seu vizinho, o indicador.

Durante milhares de anos, diz Anna Veronica, o polegar opositor nos permitiu pegar, agarrar, puxar, pinçar, escrever, desenhar, colorir, dobrar, aparafusar, medir, acariciar etc. e, digo eu, fazer aquele sinal de positivo ou negativo. Foi o polegar que promoveu a pata à mão, e deu no que deu. Quanto ao indicador, só servia, até bem pouco, para furar bolos e dedurar pessoas

Agora, com o avanço da tecnologia, a vida parece se resumir a digitar teclas de uma maquininha -às vezes, uma única tecla-, e ela faz o resto. Tal gesto, de fato, é mais apropriado para o indicador. Anna Veronica se pergunta que humanidade nascerá do uso obsessivo desse dedo. E propõe que as escolas continuem a tentar adestrar as crianças para o uso da mão inteira, antes que os robôs assumam de vez as funções desta.

Estou solidário com Anna Veronica e estendo minha preocupação à crescente desnecessidade do

ser humano de enxergar ao longe. Bilhões de pessoas passam agora o dia de olhos fixos numa telinha de três polegadas, a uma distância pouco maior que seus narizes. O horizonte ficou a 5 cm. O universo circundante deixou de existir, ou só existe para ser "acessado" via telinha. Tudo se resolve nela.

Órgãos pouco usados se atrofiam, como se sabe. Ou essa lei deixará de valer, ou vem por aí uma vasta geração de míopes.

Os direitos humanos do dinheiro - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 20/01/12

Uns fundos de investimento chamados "hedge funds" ameaçam levar o governo grego à Corte Europeia de Direitos Humanos caso o país dê um calote, diz uma história publicada no "New York Times".

A Grécia negocia uma redução de mais de 50% de sua dívida com credores privados (R$ 510 bilhões de um total de R$ 800 bilhões de débitos). Banco Central Europeu e FMI, com cerca de um terço da dívida grega, não serão tungados -mais um argumento dos "hedge funds" para querer o dinheiro deles de volta.

Muito credor privado deve aceitar o "calote suave", até porque não tem alternativa e, caso a Grécia venha a dar calote puro e simples, o tumulto será tal que bancos perderão mais dinheiro em outras praças.

Mas alguns "hedge funds" querem "diversão garantida ou seu dinheiro de volta". Consideram o calote uma violação de seu direito de propriedade, um direito humano na Europa. Essas firmas são a ponta de lança dos investimentos financeiros mais complexos do planeta.

Especula-se (não há como ter certeza) que muito "hedge fund" comprou títulos da dívida grega na liquidação (baratinho) e, ao mesmo tempo, fez contratos de seguro contra a perda com tais papéis (na verdade, compraram CDS, "credit default swaps", um título financeiro que funciona como um seguro contra calotes, grosso modo). Ontem, a dívida grega que vence em março valia apenas 44% do valor de face.

Caso a "reestruturação" de parte da dívida grega seja considerada calote pela International Swaps and Derivatives Association (Isda), os CDSs terão de ser pagos (pela contraparte dos "hedge funds").

Haverá "calote" se a "reestruturação" não for "voluntária". Aliás, a tunga é oficialmente chamada de "envolvimento do setor privado", mais eufemismo para sujeiras.

Se o calote for "oficializado" pela Isda, os "hedge funds" pegariam seu dinheiro de volta, também detonando curtos-circuitos na finança europeia (pagamentos de coberturas de prejuízos em série).

A Isda é uma associação de firmas financeiras e outras que procura colocar alguma ordem nas negociações de derivativos negociados fora de Bolsas e assemelhados.

Um CDS é um derivativo, um título financeiro cujo valor depende de um outro papel (no caso, os papéis da dívida do governo grego).

O mais divertido, porém, é o sentido último da possível iniciativa dos "hedge funds". Se esse pessoal tivesse razão e, pior, ganhasse a ação, estaria extinto o risco (e, portanto, deveriam também ser extintos os prêmios de risco, o extra de juros cobrado devido ao medo de calote).

Como se disciplina um mercado de dinheiro se não há mais o risco de não receber o empréstimo de volta? Pela taxa de retorno, pode ser. Ainda restaria esse sinal de preço para regular os negócios.

Mas, sem risco de calote, haveria empréstimos ineficientes aos montes, certo? O direito pétreo à propriedade do dinheiro tenderia a resultar pois em desperdício de dinheiro, em mercados ineficientes.

Sim, o argumento foi esticado ao absurdo, mas quem detonou a especulação (de ideias) maluca foram os "hedge funds" reclamando direitos humanos. Aliás, podemos imaginar também representantes das crianças gregas que ora dependem de ajuda para comer indo às Cortes pelo direito a vida & comida. Certo?

Quando querer é poder - ROBERTO LENT


O Globo - 20/01/12


A imprensa noticia regularmente as grandes dificuldades burocráticas que retardam fortemente a importação de materiais e equipamentos para os laboratórios de pesquisa brasileiros. São atrasos enormes na liberação pela Receita Federal ou pela Anvisa, exigências numerosas de documentos e documentos, às vezes causando a deterioração de substâncias caras e preciosas por armazenamento inadequado, e outras (muitas!) dificuldades. Um caso recente envolveu o meu instituto, e foi noticiado pelo GLOBO há poucos dias.

As importações - talvez o público não saiba - são essenciais para o andamento dos trabalhos em laboratório, porque a nossa indústria não tem ainda a diversificação e a especialização técnica para produzir os itens que precisamos - reagentes, materiais, equipamentos etc. Por conta disso, precisamos importar. Mas, com as exigências da Receita Federal e outros órgãos, um experimento pensado por um cientista pode ficar paralisado muitos meses pela demora em conseguir trazer para o laboratório os insumos adequados, mesmo quando temos recursos financeiros para fazer a compra no exterior.

A razão: as importações para a pesquisa são livres de impostos, mas tratadas burocraticamente do mesmo modo que as importações comerciais, que as empresas brasileiras fazem para comercialização ou uso em suas fábricas. É preciso apresentar muitos documentos (muitos mesmo!) para liberar os itens importados. E não é por algum capricho ou espírito de perseguição dos órgãos controladores dos aeroportos. É porque não existe diferenciação entre uma coisa e outra - as importações científicas e as comerciais.

A questão, entretanto, é simples de conceituar, e também simples de resolver. Bastaria vontade política para isso. Conceitualmente, o país precisa decidir se deseja alavancar a ciência, a tecnologia e a inovação para o seu desenvolvimento. Há indicadores de que a opinião pública recebe bem essa ideia, e o governo federal nos últimos anos tem correspondido com recursos crescentes e medidas muito positivas. Então, se é isso que todos desejamos, cumpre dar aos pesquisadores instrumentos especiais para a obtenção de insumos para o seu trabalho.

Como resolver o impasse? Talvez seja mais simples do que pensamos. O país atribuiria "passe livre" para os pesquisadores brasileiros credenciados pelas agências de fomento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (pesquisadores 1A, segundo a classificação do CNPq). A ideia do passe livre funcionaria assim: todos os documentos necessários seriam apresentados como mandam a legislação e as normas, mas "a posteriori", ou seja, depois da liberação dos materiais importados. A Receita não os reteria nos aeroportos como faz hoje, mas os liberaria de imediato, sob a responsabilidade dos pesquisadores credenciados, que posteriormente apresentariam os documentos e se responsabilizariam legalmente pela sua utilização nos projetos de pesquisa.

Haveria malfeitos? Pouco provável. Os recursos de que os pesquisadores dispõem para a compra de insumos não permitem a compra de grandes quantidades, diferentemente das empresas que importam para comercialização. Além disso, todos os documentos seriam apresentados em um prazo predeterminado depois da entrada dos produtos importados, conforme as exigências legais, e desse modo as irregularidades poderiam ser facilmente identificadas e corrigidas, sem prejuízo para o andamento das pesquisas.

Talvez seja necessário alterar a legislação de algum modo, ou pelo menos as normas da Receita Federal, da Anvisa e de outras entidades. Mas, se o país reconhecer que a ideia do "passe livre" fomentaria decisivamente a ciência e a tecnologia, repercutindo no desenvolvimento social e econômico, a tarefa de mudar a legislação passa a ser quase uma obrigação dos parlamentares e autoridades envolvidas. A decisão política, nesse caso, é fundamental. As mudanças burocráticas correspondentes são apenas consequências da primeira. E, convenhamos, é possível implementá-las.

Nesse caso, querer é poder.

Sombras do passado - NELSON MOTTA


O Estado de S.Paulo - 20/01/12


Por mais que os ficcionistas quebrem a cabeça para inventar crimes, mistérios e conspirações complexos, surpreendentes e emocionantes, os livros, filmes e seriados acabam sempre superados pela vida real. O assassinato do prefeito Celso Daniel completa dez anos sem culpados nem condenados, e, pior, desde o início das investigações sete testemunhas e investigados já foram assassinados ou morreram em circunstâncias misteriosas. O principal acusado é digno de um pulp fiction: o Sombra.

O roteiro: prefeito de uma próspera cidade industrial faz um acordo com empresários correligionários para desviar dinheiro público para as campanhas do seu partido. Ninguém ganharia nada, não eram corruptos, eram patriotas a serviço da causa e do partido, afinal, estava em jogo transformar o Brasil, os nobres fins justificavam os meios sujos. Foi assim no início, mas o ser humano...

Com a dinheirama crescendo e rolando sem controle, o Sombra, chefe da operação e amigo do prefeito, começa a desviar um levado para sua própria causa. Outros empresários do esquema, e alguns políticos que intermediavam as contribuições, também começam a meter a mão. Até que o prefeito, que não sabia de nada, descobre tudo e ameaça detonar o esquema. Seria o fim para o Sombra e para a quadrilha.

O prefeito é atraído pelo Sombra para uma cilada, o carro dos dois é interceptado por bandidos e o prefeito sequestrado. O Sombra escapa ileso. Nenhum resgate é pedido, dias depois o prefeito é encontrado morto a tiros e com marcas de tortura. Contra as evidências, a polícia trata o caso como um sequestro comum, mas o Ministério Publico vai fundo nas conexões politicas.

O garçom que havia testemunhado a última conversa entre o prefeito e o Sombra é executado. Em seguida, uma testemunha da morte do garçom. O bandido que fazia a ligação entre os sequestradores e o Sombra é assassinado na cadeia.

O médico legista, que atestou as marcas de tortura, morre envenenado. Ameaçado, o irmão do prefeito se exila na França. O Sombra continua nas sombras, o processo não anda, logo o crime estará prescrito. E o pior de tudo: não é ficção.

A covardia do comandante Schettino nos envergonha de nós mesmos - CONTARDO CALLIGARIS


FOLHA DE SP - 20/01/12


O covarde morre mil vezes, o corajoso, uma vez só" é a frase com a qual Julio César se despede da mulher, Calpúrnia, quando ela tenta convencê-lo a não ir para o Capitólio no dia em que ele será assassinado. Isso, segundo Shakespeare.
A frase significa que o covarde teme por sua vida. Isso é o que o define: ele enxergará mil vezes a possibilidade de sua morte, antes de esbarrar nela de fato. O corajoso só se preocupará quando for mesmo a hora.
A frase de Hamlet, segundo a qual a consciência nos torna covardes, não se afasta muito da de César: ser corajoso seria agir por alguma razão mais importante do que a própria fantasia do que nos espera depois da morte.
Duas observações:
Primeiro: é provável que o corajoso receie perder a vida tanto quanto o covarde, mas aja apesar desse medo -porque, para ele, algo é mais importante do que sobreviver. Citação por citação, Catherine, em "Adeus às Armas", de Hemingway, propõe uma resposta à frase de Júlio César: "O corajoso, se for inteligente, talvez morra 2.000 vezes. Só que ele não vai mencionar nenhuma delas".
Segundo: aparentemente, saber o que é um covarde se torna, na modernidade, questão crucial. Por que será?
Nós, modernos, passamos a prezar singularmente nossa sobrevivência. Mesmo quando acreditamos no além, achamos que o término de nossa vida terrena é o fim de tudo o que importa.
Tanto faz que nossas ideias triunfem, nada compensa o fim de nossa existência -salvo, em parte, nossas crianças, que amamos selvagemente por serem nossa única esperança de certa continuação.
Em suma, inelutavelmente, por prezarmos tanto nossa vida individual, temos uma predisposição cultural à covardia, pois não há nada, em tese, cuja sobrevivência nos importe mais do que a nossa. A vantagem dessa covardia cultural é que ela nos dá o tempo necessário para pensar e pesar as causas pelas quais poderíamos nos arriscar a perder a vida.
O resultado é positivo, à primeira vista: covarde, para nós, hoje, é quem foge de um perigo que a maioria consideraria justo correr. Ou seja, nossa covardia cultural faz com que nos engajemos de maneira seletiva.
Por exemplo, os pacifistas que se recusavam a servir no Exército dos EUA durante a Guerra do Vietnã não pareciam ser covardes; numa guerra justa, como a Segunda Guerra Mundial, eles teriam servido com gosto.
Obviamente, essa não era a opinião de muitos psiquiatras do Exército e da Marinha dos EUA, os quais achavam que o pacifismo de grande parte desses recrutas, quando não era mentira, era formação reativa -um jeito de racionalizar com belas palavras seu medo de arriscar a vida pelo seu país.
A verdade está sempre no meio: devia haver, no lote, pacifistas e bundas moles.
Mas vamos ao capitão Schettino, do Costa Concordia. Ele é objeto de execração porque seu comportamento retrata um traço cultural que todos compartilhamos.
Schettino colocou sua própria vida acima da vida de sua tripulação e de seus passageiros, assim como acima do código de honra da marinha -nisso, ele encarnou o espírito dos nossos tempos e, literalmente, ele nos envergonha de nós mesmos.
A frase do comandante De Falco, da capitania do porto de Livorno, "Vá a bordo, caralho", parece expressar a vontade de termos todos um De Falco que nos fale e nos lembre de que talvez haja, às vezes, algo mais importante do que a nossa pele.
Suspeito que Schettino seja especialmente detestado porque ele desperdiçou uma excelente e fácil ocasião para sair de herói na foto, sem grande custo (e para compensar assim sua incompetência, responsável pelo naufrágio).
Schettino não corria risco de vida. No pior dos casos, seria o último a cair no mar. E daí? Por frio que seja o Tirreno no inverno, um nadador medíocre chegaria tranquilamente à costa da ilha de Giglio.
Ora, na conversa telefônica com De Falco, Schettino responde à ordem de voltar a bordo (de onde nunca deveria ter saído), com esta explicação: "Mas aqui está tudo escuro". De Falco rebate debochando daquele medo infantil: "O que é, Schettino, está tudo escuro, e você está a fim de voltar para casa?".
Na conversa, essa é a parte "pior". Tudo bem, Schettino não colocou nada acima de sua própria vida, não "cresceu" na circunstância, mas, além disso, ele encolheu -ficou esperando que um adulto o pegasse pela mão e o tirasse do escuro.
Imagino o sentimento dos italianos: numa época em que precisamos tanto de liderança, será que nossos "capitães" são todos Schettinos? Ninguém consegue ser o adulto com quem podemos contar no escuro e no perigo?
Segundo Hegel, a origem da liderança está na coragem de colocar a vida em risco. Quem se expõe à possibilidade de morrer se torna mestre. E os outros, os que preferem preservar sua vida, escravos.
Os escravos, como Hegel previa, tomaram conta da terra, e é ótimo que assim seja. Mas resta a sensação bizarra de que não haja mais ninguém como o mestre antigo, ninguém disposto a encarar a morte -para nos defender, por exemplo.

GOSTOSA


O STF e a maconha - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 20/01/12
Além de definir o alcance do papel do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e julgar o mensalão, o Supremo Tribunal Federal terá pelo menos mais um tema polêmico pela frente este ano. Uma decisão tomada no fim do ano passado, no dia 9 de dezembro, não teve a devida atenção da opinião pública: o STF decidiu deliberar, ainda neste ano de 2012, sobre a descriminalização do consumo de maconha, e tudo indica que a maioria do plenário tenda a favor.
Afinal, o Supremo tem se colocado na vanguarda da sociedade brasileira no campo dos costumes ao aprovar, nos últimos tempos, questões polêmicas como a união estável entre homossexuais e a permissão da defesa pública da legalização da maconha, retirando desse movimento o caráter de apologia de crime.
Antes dessas decisões, porém, houve um julgamento sobre a admissibilidade, exatamente como nesse caso do consumo individual da maconha, o que leva os interessados no caso a acreditarem que o resultado do julgamento no plenário será favorável à descriminalização.
Quem provocou o pronunciamento do STF foi a Defensoria Pública de São Paulo, a partir do caso de um jovem do ABC que ficou dois meses preso por conta de 1 grama da erva.
A ONG Viva Rio vai atuar como amicus curiae e já tem como advogados o ex-ministro da Justiça de Lula Marcio Thomaz Bastos e Pier Paolo Cruz Bottini.
O "amicus curiae" (amigo da corte), mesmo não fazendo parte do processo, atua como interessado pela causa reconhecido pela sociedade. A ONG Viva Rio está empenhada na descriminalização do consumo para uso próprio da maconha, apoiando o trabalho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pela regulamentação do uso da maconha.
A Comissão Latino-Americana, que, além do ex-presidente brasileiro, tem na sua coordenação os ex-presidentes César Gaviria, da Colômbia, e Ernesto Zedillo, do México, defende a descriminalização da maconha, por ser a droga de uso amplamente majoritário no mundo (90% do consumo mundial de drogas) e, ao mesmo tempo, cujos malefícios podem ser comparados aos do álcool e do tabaco.
Já a Comissão Global sobre Drogas, que Fernando Henrique também coordena, vai mais adiante e tem uma tendência de trabalhar pela legalização e regulamentação do uso da maconha como a melhor maneira de combater o tráfico de drogas e suas consequências.
Esse, porém, é um passo adiante que não está na cogitação nem do Viva Rio nem de Fernando Henrique.
No próximo dia 7 de fevereiro a Viva Rio fará reunião com os advogados e o grupo de conselheiros que ajuda na campanha a favor da descriminalização do uso da maconha para acertar as estratégias. Ao mesmo tempo, o secretário de Meio Ambiente do governo do Rio, Carlos Minc, está em outra ponta mobilizando os defensores da descriminalização do uso da maconha para aproveitarem o momento favorável com manifestações por todo o país.
A representação ao Supremo Tribunal Federal se fundamenta no artigo 5 da Constituição Federal e nos seus incisos sobre os direitos individuais, as liberdades e inviolabilidades.
A base da decisão seria a de que ninguém pode ser preso por só fazer mal a si mesmo. Seis países - Espanha, Itália, Portugal, Argentina, República Tcheca e México - já não criminalizam a posse de drogas para consumo pessoal.
No Brasil, o porte de drogas, mesmo que para consumo próprio, é crime, mas o usuário é punido com penas restritivas de direitos, e não da liberdade.
Porém, a lei não define a quantidade de droga que diferencia usuário ou traficante, cabendo ao policial ou ao juiz a decisão, o que gera uma série de problemas, inclusive dá margem à extorsão policial, ou mesmo à condenação de pessoas que portem droga para uso próprio, como no caso que provocou a consulta ao Supremo.
Outra discussão, que causou a demissão do primeiro secretário nacional Antidrogas do governo Dilma, Pedro Abramovay - que está auxiliando o Viva Rio na cruzada pela descriminalização do consumo de maconha -, é o chamado "pequeno traficante", aquele que vende drogas para garantir seu consumo, que na opinião desses especialistas não deveria ser preso, mas ressocializado. Mas essa questão não estará em julgamento no Supremo.
Na Argentina, a questão da droga para consumo próprio foi definida pela Suprema Corte em 2009, com base na preservação da liberdade individual, desde que não cause danos a outras pessoas.
Os ministros entenderam, com base em tratados internacionais, que o direito à privacidade impede que as pessoas sejam "objetos de ingerência arbitrária ou abusiva".
O Supremo argentino decidiu que o artigo 19 da Constituição Nacional protege a liberdade pessoal de qualquer intervenção alheia, inclusive a estatal.
O presidente da Corte, ministro Ricardo Lorenzetti, chegou a dizer em seu voto que "não se trata apenas de respeito às ações realizadas na esfera privada, senão a de reconhecimento de um âmbito em que cada indivíduo adulto é soberano para tomar decisões livres sobre o estilo de vida que deseja".
Outro ponto salientado pelos juízes argentinos foi a chamada "revitimização", ou seja, que as primeiras vítimas em casos de viciados em drogas são os próprios consumidores e suas famílias, e não tem sentido uma resposta punitiva do Estado ao consumidor, que se traduziria em uma "revitimização".
Os ministros tiveram a preocupação, em seus votos, de deixar claro que a decisão não implicava a legalização da droga - assim como aqui no Brasil, ao descriminalizar a realização da Marcha da Maconha, o Supremo teve o cuidado de reafirmar que fumar maconha continuava sendo crime, e que as marchas não poderiam permitir o seu consumo.

Todos por um - DORA KRAMER

 O Estado de S.Paulo - 20/01/12

O cenário era a inauguração de uma creche em Angra dos Reis (RJ), mas poderia ser qualquer outro, já que o essencial estava presente: a mão forte e o braço firme do governo federal.
Fernando Haddad será candidato a prefeito de São Paulo, mas a campanha foi aberta pela presidente Dilma Rousseff, longe da arena da disputa. Não são apenas detalhes nem mera coincidência.
É um plano bem traçado. Com o objetivo tático de dar à eleição na capital paulista um caráter nacional em que a principal bandeira a ser apresentada pelo candidato seja a sua parceria com o Planalto e a finalidade estratégica de consolidar a hegemonia política do PT do Brasil.
Nisso estão engajados petistas e aliados interessados em manter boas relações com vista à eleição presidencial de 2014.
Os petistas seguem no geral o roteiro imposto pelo ex-presidente Lula, que já em novembro do ano passado, data do enterro da proposta de realização de prévias, avisou aos seus navegantes: o exemplo de São Paulo deveria ser seguido e, até na medida do impossível, as disputas internas evitadas País afora.
Aos poucos caem as resistências iniciais a uma aproximação com o prefeito Gilberto Kassab, porque ele é considerado um interlocutor importante na cena nacional futura e uma peça fundamental na disputa local.
Se porventura se juntarem PT e PSD - no primeiro ou mesmo no segundo turno, a união das máquinas municipal e federal vai se encarregar de neutralizar bastante o peso da estrutura estadual nas mãos do PSDB.
Quanto aos aliados, a inauguração da creche em Angra dos Reis forneceu um exemplo do engajamento de todos em prol da execução de um projeto prolongado de poder.
Estava lá o governador do Estado, Sérgio Cabral, fazendo eco ao entusiasmo da presidente Dilma na apresentação de Haddad.
Não como o ministro dos erros do Enem, mas como "um dos grandes ministros da Educação deste País, o melhor do período democrático", só comparável, nas palavras de Cabral, a "educadores como Anísio Teixeira e Gustavo Capanema".
Um exagero histórico, mas não um acaso retórico.
Ao PMDB interessa, e muito, não se desviar do caminho traçado pelo PT para não perder a vaga de vice na chapa de 2014.
Todos os movimentos até agora foram feitos na perspectiva de nacionalizar a eleição municipal paulistana.
A partir da premissa de que não há nomes tidos como imbatíveis, as lideranças mais antigas estão em processo de desgaste, todos são mais ou menos iguais na largada, Haddad acaba contando com condições competitivas mais vantajosas.
É o representante de um governo politicamente forte, que a maioria das forças não tem o menor interesse em contrariar.
Lula entra na campanha assim que terminar o tratamento do câncer na laringe e Dilma, com toda resistência pessoal a esse tipo de atuação, anteontem no Rio mostrou que, quando o assunto é eleição de São Paulo, sobe no palanque como profissional.
Pronta entrega. A segunda e amenizada versão do documento de balanço do primeiro ano de governo Dilma feita pelo PSDB foi escrita pelo cientista político Antônio Lavareda, a pedido do presidente do partido, Sérgio Guerra.
A primeira versão, muito mais contundente, havia sido encomendada por Guerra a Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB.
Lavareda, consultor de marketing político do partido, teve toda liberdade para elaborar o texto final - que não foi lido por Sérgio Guerra nem passou pelo crivo da Executiva, embora tenha sido divulgado em nome do colegiado.
O conselheiro. Com o fim das férias do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, no próximo dia 26, a presidente Dilma Rousseff retoma o assunto da composição da Comissão da Verdade, que cuidará por dois anos de reunir informações (conhecidas e ainda desconhecidas) sobre as violações aos direitos humanos cometidas durante o regime militar.
Entre os interlocutores da presidente para o tema, Gilberto Carvalho é o principal.