segunda-feira, julho 12, 2010

DENISE AZEVEDO

O luto da torcida


Artigo da leitora Denise Azevedo
O GLOBO
A torcida e o Flamengo não têm culpa pelo fato de o goleiro Bruno estar envolvido em um caso tão horroroso. Lembremos que até pouco tempo ele era muito querido, tendo proporcionado muitas alegrias ao time, fechando as traves e marcando gols de faltas nos momentos mais decisivos.
Tenho certeza que estamos todos, torcedores e jogadores, estarrecidos e tristes com o envolvimento do Bruno nesse caso. Porém, temos sido enxovalhados (time e torcida) por pessoas que confundem o nosso amor pelo time e, obviamente pelo nosso goleiro e capitão, com o fato de virmos a saber agora que ele poderia ser capaz de praticar um crime.
Que ele era rebelde, inconstante, destemperado, nós já sabíamos, mas ninguém imagina um desfecho trágico como esse. Estamos de luto como estaria qualquer torcedor que ama o seu time e tivesse um jogador talentoso envolvido em tal monstruosidade.
Se ele cometeu um crime, pagará, até porque a polícia tem apresentado uma sede de justiça pouco vista no Brasil. Acho que neste momento, nós, torcedores e jogadores, precisamos ser deixados em paz para viver a dor de ver o nosso goleiro deixando os gramados para a prisão.
Não estamos em um jogo de campeonato ou disputando pontos no Brasileirão; estamos perdendo um ídolo. As acusações criminais são caso de polícia. O que descrevo agora é a dor de uma torcedora. Deixem-nos viver o luto em paz.
Este artigo foi escrito por um leitor do Globo. 

PAULO BROSSARD

Reputação ilibada

Paulo Brossard

ZERO HORA - 12/07/10

A lei determina que os candidatos à presidência da República registrem no Tribunal Superior Eleitoral o seu programa de governo. Na manhã do dia 5 de julho, a candidata do partido oficial e de seus associados registrou o seu programa. Este o fato, certo, público, incontestado e incontestável. Sem demora, passou a ser divulgado, principalmente pela internet. Na mesma segunda-feira, 5 de julho, no fim da tarde ou na boca da noite, o programa apresentado e registrado pela manhã foi retirado e apresentado outro. É outro fato, também certo, público e incontroverso. Foi igualmente publicado. Ou seja, pela manhã o TSE recebeu e registrou um programa de governo de uma candidata e no fim da tarde, retirado o programa matinal, foi apresentado e registrado outro, retocado ou podado ou corrigido ou escoimado de algumas inconveniências ou que outro nome tenha. Os dois fatos são certos e notórios.

É a respeito deles que pretendo fazer breve comentário, embora eles se prestassem a várias observações, dado o ineditismo da ocorrência, pois, acredite ou não, isto que ocorreu na manhã e à noite de segunda-feira, 5 de julho, não foi obra de pessoas hostis à candidata ou a ela antipáticas, mas por pessoas da imediata confiança da declarante e do seu partido e, quiçá, da própria coligação costurada em torno e a favor da própria autora de ambas as declarações, uma substitutiva da outra, a vesperal sucedendo e substituindo à matinal.

Até aqui, os dois fatos, tal como divulgados pela imprensa e demais meios de comunicação. Falo em imprensa uma vez que se não apagam facilmente os fatos divulgados por via impressa. Muitas coisas poderiam ser ditas a respeito do episódio, que é sem precedente, donde se possa dizer que, ao contrário do que disse o rei Salomão, e vem sendo repetido há séculos, pode haver coisa nova debaixo do sol; trata-se de novidade, sou levado a cometer um pleonasmo dizendo que se trata de novidade nova. Limitar-me-ei ao mínimo, exatamente em virtude de sua singularidade.

Se não estou em erro, ao dispor como o fez, a lei quis que os candidatos à Presidência, por via da mais alta Corte eleitoral do país, pudessem fazer e fizessem uma declaração solene de suas pretensões em caso de eleitos. Um ato sem embustes, ato de lealdade praticado sob as vistas do povo por quem, eleito, sob custódia do TSE, viesse a ser proclamado o primeiro magistrado e servidor da nação. Um ato de limpidez sem mácula, incompatível com a felonia, a falsidade, a perfídia, a deslealdade. Ora, estava reservada à candidata do oficialismo, saída da costela do presidente da República, à maneira de Eva, desfazer no fim da tarde o feito no começo da manhã, como se o programa de governo pudesse ser obra de marqueteiro que se apraza em refazer a estampa física da pessoa. Uma contrafação em matéria de solenidade suprema. Lamento ter de fazer esta observação, mas não poderia calar diante de sua gravidade sem par.

Em outras palavras, presume-se que o candidato à presidência da República goze de reputação ilibada. Não sei se incido em erro, mas tenho lembrança de que o currículo oficial da mesma personagem ostentava títulos universitários inexistentes e, apontado o dado fantasioso, ela própria apressou-se a corrigir o divulgado. A lei eleitoral, na cláusula em exame, tem a finalidade altamente meritória e deve ser observada com fidelidade, sob pena de jazer na inutilidade das leis esquecidas, embora não revogadas.

PS. Depois de entregue este artigo à Redação, a imprensa informou que está sendo elaborado um terceiro programa de governo.
*JURISTA, MINISTRO APOSENTADO DO STF

GOSTOSA

ESPANHA

MÔNICA BERGAMO

Professor Neschling 
Mônica Bergamo 

Folha de S.Paulo - 12/07/2010

A Companhia Brasileira de Ópera, que é liderada pelo maestro John Neschling e apoiada pelo Ministério da Cultura, está prestes a anunciar a sua sede. A ideia é que, além de fazer apresentações pelo país, como faz agora com "O Barbeiro de Sevilha", a entidade abrigue uma escola de excelência para formar músicos, cantores, figurinistas, maquiadores e animadores.
Anima Neschling
Outra novidade é que a companhia pretende fazer uma montagem de ópera com animação em 3D. O "Barbeiro" já usa projeções num telão em que um desenho animado serve de cenário e com o qual os cantores interagem.
Até Agora e Nada
A Ecourbis, multada oito vezes pela prefeitura por deixar de coletar lixo na cidade bem na época das enchentes, não pagou nem um tostão até agora. A Secretaria de Serviços diz que ordenava que R$ 3 milhões fossem descontados dos pagamentos que fez à empresa em 1º de julho, quando foi notificada de que uma das multas havia sido suspensa pela Justiça. Sem saber de qual delas se tratava, adiou toda a cobrança.
Por Partes
No total, as multas chegam a R$ 13 milhões. Além dos R$ 3 milhões, de acordo com o secretário Drausio Barreto, de Serviços, há outros R$ 10 milhões que ainda estão pendentes de recursos administrativos.
À Margem
O Ministério Público vai recomendar que o DSV (Departamento de Operação do Sistema Viário) e o Detran revisem todas as multas aplicadas na marginal Tietê depois da inauguração das novas pistas da via, em março, devido a falhas na sinalização. Segundo a Promotoria, grande parte das infrações deverão ser canceladas.
Empurra e Vai
A promotora Maria Amélia Nardy Pereira afirma que o presidente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), Marcelo Cardinale Branco, admitiu irregularidades na sinalização e atribuiu as falhas à Dersa, responsável pela ampliação. O presidente da estatal será chamado para esclarecimentos.
Dá-lhe Musical
O musical "Um Violinista no Telhado" ganhará uma versão brasileira no ano que vem. A produtora Aventura Clássicos, de Charles Möeller e Claudio Botelho, que estreia no fim do mês "Gypsy", em SP, será a responsável pela adaptação do espetáculo.
O Rei do Gado
A Câmara quer regulamentar a profissão de vaqueiro. Um projeto determinando o reconhecimento da categoria e a obrigatoriedade de contratação de seguro de vida para esses trabalhadores tramita na casa. O Ministério da Cultura aprovou, na semana passada, moção de apoio à iniciativa.
Segundo Tempo
O filme "O Doce Veneno do Escorpião", que conta a história de Bruna Surfistinha, interpretada pela atriz Deborah Secco, conseguiu junto ao Ministério da Cultura a prorrogação do prazo para captação de recursos. A TvZero, produtora do longa, já captou 90% do orçamento, estimado em R$ 4 milhões. O filme, em processo de montagem, tem estreia prevista para o fim do ano.
Noite de Jazz
Pharoah Sanders, saxofonista americano que tocou com John Coltrane e Don Cherry, entre outros, faz show nos dias 21 e 22 de agosto, no Sesc Pinheiros. Ele se apresenta ao lado dos conterrâneos Rob Mazurek, Chad Taylor e Matt Lux e dos brasileiros Guilherme Granado e Maurício Takara.
Padrão de Beleza
Os organizadores do concurso de modelos Elite Model Look começam amanhã a percorrer 19 cidades do Sul do país em busca de candidatas. Além da caravana, haverá etapas em seis capitais, todas do centro-sul: Rio, Florianópolis, Curitiba, Brasília, Porto Alegre e São Paulo.
Nos Salões do Cosme Velho
Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, das Organizações Globo, reuniu um grupo de amigas em um almoço, na sexta-feira, em sua casa no Cosme Velho, no Rio de Janeiro. As convidadas foram até lá para serem apresentadas à candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT). A sambista Alcione cantou para a ex-ministra, em tarde que teve menu do chef Claude Troisgros.
Curto-circuito
A biografia da atriz Glória Pires, "40 Anos de Glória", escrita por Eduardo Nassife e Fábio Fabrício Fabretti, tem lançamento hoje, a partir das 19h, na livraria Saraiva do shopping Higienópolis.

O museu Afro Brasil inicia hoje série de seis oficinas de bordados com o artista haitiano Yves Thelémaque. As inscrições podem ser feitas pelo telefone 0/xx/11/5579-0593.

O evento beneficente "Nem Tudo Acaba em Pizza" acontece hoje, às 19h, no restaurante Chácara Santa Cecília, em Pinheiros. O escritório Di Pace e Di Pace realiza festa hoje, às 20h30, na Casa Cor.

O Festival de Cinema Latino-Americano começa hoje no Memorial da América Latina.

A TERRORISTA MENTIROSA

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO

O 'dilmômetro' de Lula

José Roberto de Toledo
O Estado de S. Paulo - 12/07/2010
 
 A política é a arte da repetição. A máxima de Fernando Henrique Cardoso está sendo demonstrada por seu sucessor e desafeto. Foi falando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viabilizou a candidatura de Dilma Rousseff a sua sucessão. E é repetindo que ele tenta elegê-la.
Lula disse e repetiu o nome de Dilma até convencer a cúpula do PT, cooptar os simpatizantes petistas, os aliados do PMDB e, por ora, 38% do eleitorado. Há uma correlação direta entre as menções de Lula e o crescimento de Dilma nas pesquisas.
A operação do presidente não respeitou prazo legal. As citações continuadas a Dilma lhe renderam seis multas por propaganda antecipada. Dado o benefício eleitoral, a infração parece compensar. Lula deve R$ 42,5 mil à Justiça eleitoral, ou 0,02% do custo oficial da campanha presidencial do PT, estimado em R$ 157 milhões.
O primeiro sinal de sua opção por Dilma apareceu no discurso de Lula em meados de 2007, muito antes de que a maioria dos caciques do partido se desse conta de que uma neopetista, filiada há menos de 10 anos, cortaria a fila e viraria a candidata governista.
Em uma série de lançamentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em todas as regiões do País, o presidente soltou seu balão de ensaio eleitoral. Em apenas 54 dias, entre julho e agosto de 2007, ele repetiu o nome de Dilma em 18 discursos diferentes.
Até então, as menções do presidente à ministra-chefe da Casa Civil eram proporcionais ao destaque de seu cargo: cerca de três por mês ? embora isso já fosse duas vezes mais frequente do que as citações a seus colegas Ciro Gomes e Marina Silva.
O balão subiu devagar. Lula voltou à carga em março de 2008, quando batizou Dilma de "mãe do PAC", um epíteto que abandonaria mais tarde. Desde então, as citações a Dilma nos discursos e entrevistas do presidente só aumentaram, como se pode notar nos gráficos.
Em 2003, quando era uma desconhecida ministra das Minas e Energia, Dilma aparecia em apenas 4% dos discursos de Lula, metade do que Ciro (Integração Regional) e um terço a menos do que Marina (Meio Ambiente). Em 2005 ela substitui José Dirceu na Casa Civil e é lembrada por Lula em 12% dos discursos e 17% das entrevistas. O "dilmômetro" de Lula não parou mais de subir.
Foram 39 discursos (15% do total) de Lula citando a ministra em 2006, 63 em 2007 (19%), 80 em 2008 (24%), até chegar ao recorde de 98 citações em diferentes ocasiões ao longo do ano passado, o que significa que ele mencionou a ainda ministra em um a cada três discursos que fez em 2009. Repetiu a dose com as entrevistas: citou-a em 87 oportunidades, ou 32% das vezes que falou aos jornalistas.
Em 2010, o "dilmômetro" entrou em curto-circuito. Só nos três primeiros meses do ano, o presidente mencionou Dilma em 39 dos 78 discursos que fez. Ou seja: um sim, um não. Em março apenas, Lula citou Dilma em 20 discursos, repetindo seu nome 94 vezes, mais até do que falou "Deus" (47 vezes), uma referência permanente nas falas presidenciais.
Aí foi demais para o TSE. O tribunal multou Lula duas vezes em março, por propaganda antecipada. Coincidência ou não, Lula não citou Dilma em nenhum discurso em abril ? fato inédito desde que ela assumiu a Casa Civil. Em maio o presidente não se conteve e falou seis vezes o nome da ex-ministra, inclusive na festa do Primeiro de Maio, além de uma vez em junho. Resultado: quatro novas multas do TSE.
Mas o "dilmômetro" descontrolado de Lula já tinha dado o efeito esperado pelo presidente. Entre dezembro e junho, Dilma praticamente dobrou sua intenção de voto, ganhou cerca de 27 milhões de eleitores e empatou com José Serra (PSDB). Ela chegou ao patamar histórico de Lula nessa fase da corrida eleitoral.
A burla à lei e as multas do TSE implicaram um custo de R$ 1,00 para cada grupo de 635 novos eleitores que o presidente conseguiu para sua candidata. Lula pode dizer que fez sua parte. Agora é com Dilma.

CARLOS ALBERTO DI FRANCO

STF - formalismo versus cidadania

 Carlos Alberto Di Franco
O Estado de S. Paulo - 12/07/2010
 
 O inverno começou com um banho de água fria na cidadania. Dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes e Dias Toffoli, livraram provisoriamente políticos do efeito anticorrupção da Lei da Ficha Limpa. Liminar do ministro Toffoli autorizou a deputada estadual goiana Isaura Lemos (PDT), que quer concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, a registrar sua candidatura. Ela foi condenada em primeira instância, decisão confirmada pelo Tribunal de Justiça goiano.
Foi a segunda vitória de candidatos com duas condenações no STF. Uma liminar do ministro Gilmar Mendes autorizou o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) a disputar a reeleição para o Senado, apesar de ele ter condenação de órgão colegiado por condutas supostamente lesivas ao patrimônio quando prefeito de Teresina (1989-1992). Mendes, surpreendentemente, afirmou que o caso era de urgência, já que o prazo para o registro das candidaturas terminava no dia 5 de julho e até lá o Supremo não deveria manifestar-se sobre o recurso do senador. Não parece razoável que a preocupação com o calendário eleitoral de políticos condenados pela Justiça deva orientar decisões dos ministros do STF.
O presidente interino do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, caminhou, felizmente, na contramão de seus colegas. Barrou a tentativa de três "fichas-sujas" concorrerem às eleições com aval da Justiça. Defensor da Lei da Ficha Limpa, Ayres Britto rejeitou os pedidos de liminares feitos pelos advogados de políticos.
As liminares concedidas por Gilmar Mendes e Dias Toffoli, permitindo o registro de candidaturas de "fichas-sujas", provocaram fortes reações. O advogado e especialista em legislação eleitoral Luciano Santos afirmou que as liminares contrariam a própria Lei da Ficha Limpa. "No artigo 26, C, da lei está expresso que o feito suspensivo só pode ser concedido por órgão colegiado (grupo de juízes) e nunca em decisão monocrática", explicou.
O que mais preocupa, no entanto, é a dúvida semeada por Dias Toffoli a respeito da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa. "Aponto que a própria adequação da Lei Complementar n.º 135/2010 (Lei da Ficha Limpa) com o texto constitucional é matéria que exige reflexão", disse o ministro.
Ora, a Lei da Ficha Limpa foi resultado de um impressionante movimento da sociedade para tornar inelegíveis políticos condenados pela Justiça. Antes da aprovação da lei, foram feitas outras tentativas, inclusive pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Em 2008, a entidade chegou a divulgar uma lista com os nomes dos candidatos com ficha suja.
A Lei da Ficha Limpa é o clamor da cidadania pela ética na vida pública. O Brasil não suporta mais a imposição de um modelo de governança carregado de cinismo e corrupção. Uma onda irrefreável de decência, apoiada na força de quase 2 milhões de assinaturas, varreu a Praça dos Três Poderes, em Brasília. E o que parecia impossível ganhou contorno de realidade. O Congresso Nacional rendeu-se à explícita vontade da sociedade e aprovou, sem maquiagens, a Lei da Ficha Limpa.
É essencial que o Poder Judiciário esteja à altura da indignação social. Em nome do amplo direito de defesa, importante e necessário, a efetivação da justiça pode acabar numa arma dos poderosos e numa sistemática frustração da sociedade. Não é possível, agora, que o Supremo Tribunal Federal decida de costas para a cidadania. O que deve prevalecer é o espírito das leis, não o mero formalismo jurídico. É preciso, uma e outra vez, refletir sobre os riscos de um formalismo interpretativo, de um apego à filigrana jurídica que supervaloriza a letra da lei em detrimento do seu espírito, acabando por cercear, tolher e manietar a legítima aspiração de limpeza política que grita na alma e no coração de cada brasileiro.
Transcrevo, caro leitor, o trecho de uma sentença proferida há anos pela então juíza eleitoral de Campos (RJ), Denise Appolinária, numa decisão que tornou inelegíveis por três anos os ex-governadores Rosinha e Anthony Garotinho. É exemplar. Não se rende ao formalismo jurídico e mergulha no espírito da lei. "A corrupção atrasa os países em desenvolvimento, institui uma cultura condescendente com o crime, ao privilegiar grupos com interesses específicos ou ao deformar a manifestação de vontade dos eleitores, subtraindo-lhes o senso crítico capaz de expurgar maus governantes. E não se olvide que a corrupção, em todas as suas modalidades, causa um mal maior: protege a violência urbana, torna o cidadão comum prisioneiro de um sistema injusto e desigual, de miséria passada de geração para geração e insuscetível de ser abolida com transferência de renda de quinze, cinquenta ou cem reais, para quem vive sem perspectivas, abaixo da linha da pobreza. A nossa antiga e enraizada tradição política do "rouba, mas faz" ainda ocupa grande espaço no folclore político, sem que se possa perceber o quanto ele é devastador para o desenvolvimento das pessoas e das instituições no Brasil."
A corrupção é, de longe, uma das piores chagas que maltratam o organismo nacional. Esperemos, todos, que o Supremo Tribunal Federal, instituição exemplar ao longo da História deste país, não decida na contramão da cidadania. É preciso que a sociedade civil, os juristas, os legisladores, você, amigo leitor, e todos os que têm uma parcela de responsabilidade na formação da opinião pública façam chegar ao STF, com serenidade e firmeza, um clamor contra a impunidade e uma defesa contundente da Lei da Ficha Limpa. Com ela subiremos ao patamar de decência e civilidade que o Brasil merece.

GOSTOSA

VICE

ANCELMO GÓIS

Bacanas em perigo 
Ancelmo Góis 

O Globo - 12/07/2010

A corda pode arrebentar do lado do... mais forte.

Na Copa de 14, em dias de jogos no Rio ou em São Paulo, jatinhos executivos poderão ser impedidos de pousar nos aeroportos Santos Dumont e Congonhas, respectivamente.
Voo que segue
A ideia é evitar repetir o caos aéreo que ocorreu quartafeira no aeroporto de Durban, na África do Sul.

Cinco aviões comerciais, com cerca de mil torcedores, não puderam pousar porque o espaço aéreo estava engarrafado com jatinhos de bacanas.
Saideira de 2010
Sábado à tarde, duas presenças ilustres agitaram a visita ao belo Museu do Apartheid, em Johannesburgo.

Para surpresa dos turistas — entre eles, uns brasileiros —, fizeram o tour pelo museu, como gente comum, o bispo baixinho e risonho Desmond Tutu e o zagueiro Cannavaro, capitão da Itália na Copa. Os dois até posaram para fotos com a turistada.
Gerou debate
De Nei Lopes, nosso compositor, sobre a ausência de negros entre os famosos no comercial exibido na festa que lançou o logo da Copa de 14: — Lamentavelmente nas regras brasileiras de propaganda e marketing, associar certos produtos à face africana deste país parece não ser recomendável como argumento de venda.
No mais I...
Faltam 1.429 dias para a Copa de 2014.
Rico de marré de si
País rico é isso aí. Os brasileiros ficaram em terceiro lugar na lista de grã-finos que compraram camarotes para assistir a jogos na Copa da África.

Na final de ontem, este luxo não saiu por menos de US$ 7 mil por cabeça
Ponte Caetés-Teerã
O movimento internacional que luta pela libertação da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte, acusada de adultério, resolveu apelar a Lula por causa das suas boas relações com o regime de Ahmadinejad.
Segue...
O Itamaraty fez, como se sabe, gestões que contribuíram para a libertação da professora universitária francesa Clotilde Reiss, que passou 10 meses detida no Irã, e do cineasta Jafar Panahi, autor do filme “O círculo”, que lhe rendeu o Leão de Ouro do Festival de Veneza.
A Carmem é nossa!
Segundo o jornal “El Mercurio”, a chilena Jocelyn Osório, veja só, fará o papel de Carmem Miranda no filme-biografia “Maracas: The Carmem Miranda story”, que começará a ser rodado entre Hollywood e o Brasil para ser lançado ano que vem.
Sem partido
Do médico boa-praça Drauzio Varella sobre a nota da coluna de que ele foi cotado para ser o vice do DEM na chapa de José Serra: — Jamais me associei a um partido. Fujo como o Diabo da cruz de qualquer filiação partidária.
Saudades da Copa
Veja o bom humor dos sulafricanos.

Um brasileiro ao entrar no banheiro do aeroporto de Johannesburgo foi recebido por um sorridente funcionário da limpeza com um “Welcome to my office” (bem-vindo ao meu escritório). Faz sentido.
Flu internacional
Em uma loja em Praga, um tricolor se surpreendeu ao ver uns bonecos nos moldes das matrioskas russas (uma boneca que sai de dentro de outra) com os jogadores do Fluminense.

O boneco maior tem o nome do Fred.
No mais II
Veja onde o dinheiro meu, seu, nosso pode parar nesta Copa de 14. Estudo da ProcuradoriaGeral da República aponta que o projeto da Fonte Nova — que o governador baiano Jaques Wagner quer batizar como Estádio Lula — pode, no final, custar R$ 1,6 bilhão. Fala sério!

CLÁUDIO HUMBERTO


Correios: suposta manipulação irrita o Governo
Levantamento em poder da Presidência da República, que "ilustra" os supostos resultados positivos dos Correios, pode representar um tiro no pé do presidente da estatal, Carlos Henrique Custódio. O estudo cita o mau desempenho de concorrentes no exterior, sem mencionar que, no período, viviam o auge da crise mundial, e omite números das mesmas empresas no Brasil, superiores aos dos Correios. A descoberta deixou irritados os "interventores" da Presidência da República na estatal.

Não é bem assim

No relatório dos Correios, a receita alemã DHL, por exemplo, "caiu 15,2%", mas foi só lá fora. No Brasil, cresceu 15%; os Correios, 8,4%.

Intervenção

Os Correios estão sob uma espécie de "intervenção branca" dos ministros Erenice Guerra (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Planejamento).

Custódio nega

Presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio nega a intervenção ou mesmo que o documento da empresa tenha manipulado números.

Rechecagem

Fontes do Governo afirmam que outros números positivos dos Correios, como o faturamento de R$ 12,4 bilhões em 2009, serão rechecados.

Sigilo violado

Não precisa chamar o polvo da Copa para adivinhar o desdobramento da quebra de sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB e ex-ministro Eduardo Jorge, confirmada pela Receita. Não foi hacker, nem cracker, mas um funcionário que violou o sigilo fiscal de EJ. Ele deverá ser "punido ou demitido", segundo quem investigou o caso. Mas só depois da eleição. O servidor deixou rastro: utilizou a própria senha de acesso.

Arapongagem

A conclusão é de que o servidor da Receita cumpriu ordens, ao violar o sigilo do ex-ministro como no caso dos militares, revelado nesta coluna.

Strip-tease

O Portal da Transparência do Senado, agora, mostra os valores dos contratos: a área técnica verificou o problema "difícil de ser detectado".

Recordações

São inesquecíveis as ima gens de candidatos em trens, metrôs e ônibus. Para eles também por ser a primeira (e última) vez.

Denatran S/A

O Ministério Público esmiúça as relações do Departamento Nacional de Trânsito com a C NSeg (ex-Fenaseg), em torno do Sistema Integrado de Informações Gerenciais, e com uma construtora baiana para operar o Sistema Nacional de Identificação Automática Veicular.

Incompatibilidade

Há uma incompatibilidade curiosa entre a candidata a presidente Marina Silva (PV) e seu vice, o bilionário Guilherme Leal, dono da indústria de cosméticos Natura. Ele tem alergia a cosméticos.

Agasalhou

Oficiais superiores da FAB estranharam que o ministro Nelson Jobim (Defesa) não tugiu nem mugiu, quando a Fifa ameaçou fatiar o Brasil em quatro áreas de aeroportos, para livrar a Copa de 2014 do caos.

Coca-Cola

A palavra inglesa "plus" significa mais, no sentido de acréscimo, extra. Menos no dicionário da Coca-Cola, que lançou a versão alongada e esguia da Coca-Cola Light em lata, com o "plus". Golpe de esperteza.

FRASE DO DIA

"Não será um a mais, para amigos, companheiros ou compadres"
José Serra (PSDB), candidato a presidente, prometendo o Ministério da Segurança

PODER SEM PUDOR

Eu não sou você
Quando foi candidato a prefeito de Vitória da Conquista (BA), o deputado Coriolano Sales (DEM) foi surpreendido com a gravação do apoio do colega José Chaves (PTB-PE) para seu programa eleitoral:
- Com muita honra atendi às emendas de Aureliano Chaves para obras em Vitória da Conquista.
O colega confundiu o candidato com o quase-homônimo vice-presidente, já falecido.

PICA DE AÇO

SEGUNDA NOS JORNAIS

Globo: Eleições adiam projetos que incentivam economia

Folha: Estado taxa fretados, e tarifa pode ter aumento

Estadão: País quer pagar ONU para reaver US$ 3 bi

JB: Venda de armas aumentou 70%

Correio: Milionários de olho na Câmara Legislativa

Valor: Ações brasileiras serão negociadas em Hong Kong

Jornal do Commercio: Foi o dia da Fúria

Zero Hora: O volante como arma: Trânsito mata tanto quanto criminalidade