terça-feira, janeiro 04, 2011

PAULO MOREIRA LEITE

Notícias sobre Política, Economia, Negócios e Cultura
Paulo Moreira Leite
Revista Época - 04/01/2011
 
Paulo Moreira Leite, com Leonel Rocha, Murilo Ramos e Marcelo Rocha, em Brasília, e Keila Cândido, em São Paulo
 
Dilma luta por Maia
 O governo assistiu de camarote à derrota de Candido Vacarezza (PT-SP) como candidato a candidato do PT à presidência da Câmara dos Deputados. Agora, Dilma Rousseff decidiu agir para evitar que até o dissidente Marco Maia (PT-RS) venha a ser abatido numa coalização entre oposicionistas e governistas menos convictos. Antes da posse, Dilma ligou para Renato Rebelo, presidente do PCdoB. Queria saber se a possível candidatura de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) à presidência da Câmara é mesmo para valer. Rebelo disse que os rachas nas bancadas do PT e do PMDB abriram espaço para a candidatura Aldo e que o comunista está sendo incentivado por dissidentes das bancadas governistas, inclusive petistas. Na prática, a candidatura Aldo ficará no forno até 15 de janeiro, quando pode transformar-se em realidade ou manter-se no plano das intenções.
A estrada do filé-mignon

O grupo Constantino, que controla a Gol, arrematou por R$ 40 milhões um filé-mignon do transporte rodoviário do país – as linhas São Paulo-Rio de Janeiro que pertencem à Itapemirim, de Camilo Cola. A venda é contestada na Justiça por uma das herdeiras de Cola, mas o mercado dá o negócio como já resolvido.
Dom Odilo vai à Justiça

O cardeal vai expor a opinião da Igreja sobre o uso de símbolos católicos em repartições 

Em 25 de fevereiro o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, vai prestar depoimento ao Tribunal Regional Federal, em São Paulo, numa ação que pede a retirada de crucifixos de repartições públicas. Erudito e ponderado, o depoimento de dom Odilo tem o objetivo de esclarecer a posição da Igreja sobre o assunto. Representantes de outras religiões também foram convocados, num debate que, longe dos calores da campanha presidencial, pode ter a utilidade de atualizar a discussão sobre as relações entre Igreja e Estado.
Farra pode prejudicar 63 mil

Além de perder o mandato de deputado, Carlos Santana (PT-RJ) está no centro de um escândalo que envolve recursos de aposentados da antiga Rede Ferroviária Federal. Em setembro, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decretou liquidação extrajudicial do Serviço Social das Estradas de Ferro (Sesef) e deu prazo até o último dia útil de 2010 para que sua diretoria explicasse um rombo de R$ 55 milhões. A acusação é que o dinheiro tenha sumido em churrascos com pagode, viagens inexplicáveis e torneios de futebol autorizados por uma diretoria preenchida, em sua maioria, por aliados de Carlos Santana. O prazo venceu e a exigência não foi atendida. O risco é de 63 mil aposentados e pensionistas ficarem sem atendimento médico, já que a mudança de planos, nessa situação, é complicada.
Marinho na guerra pelos caças da FAB

Nos próximos dias o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, irá à França a convite da empresa Dassault para conhecer o caça francês, o Rafale, que disputa bilhões de reais numa concorrência da FAB que começou no governo FHC, atravessou os dois mandatos de Lula e caiu no colo de Dilma Rousseff. Amigo de Lula, ex-líder sindical e ex-ministro, Marinho foi à Suécia ver o Gripen NG, adversário do Rafale, e retornou aliado dos suecos. Os franceses, que já foram favoritíssimos na disputa, querem convencê-lo a mudar de lado, numa guerra que já mobilizou várias fatias do governo e, agora, interessa até a um prefeito amigo do ex-presidente.
Silvio Santos adia aposentadoria

Os amigos do empresário e apresentador Silvio Santos acham que ele nunca vai se aposentar, embora até ele admita em conversas informais que já chegou a hora de retirar-se para um descanso confortável. O colapso do Banco PanAmericano, que afundou num desfalque de R$ 2,5 bilhões, deu a Silvio Santos um novo argumento para continuar no batente. Antes da crise, ele dizia que poderia aposentar-se em breve. Agora, afirma que terá de ficar mais três anos no posto, até que o grupo se recupere.
Por um novo chefe

Funcionários da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) já começaram um movimento para mudar de ministro. Convencidos de que não têm o prestígio que merecem junto a Wagner Rossi (PMDB-SP), da Agricultura, querem cair nas asas de Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia. O argumento é que a Embrapa cresceu tanto que hoje até fiscaliza obras do PAC.
Pouso assegurado

Pelos próximos dez anos, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) terá tranquilidade para chegar, via aérea, a seu refúgio predileto: a Fazenda da Mata. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) renovou a autorização do funcionamento de um heliponto na propriedade familiar que fica a 140 quilômetros de Belo Horizonte. A fazenda produz a célebre cachaça que Aécio gosta de ofertar a amigos e visitantes.
Na guerra interna

O novo diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra, começa a gestão em busca da paz interna. Ele vai enfrentar a pressão de delegados, escrivães, agentes e outros funcionários que ameaçam cruzar os braços para garantir aumento de salário entre 20% e 30%.
Afago na saída

Afastado da Polícia Federal por indisciplina, o delegado Protógenes Queiroz conseguiu uma pequena vitória. Antes de deixar o cargo, o ex-ministro Luiz Barreto anistiou Protógenes por ter usado seu blog para divulgar uma punição interna. A falta é pequena, não altera o futuro do delegado, mas o gesto é simbólico. O novo ministro, José Eduardo Cardozo, foi uma das vítimas da metralhadora investigatória do delegado da Operação Satiagraha. Curiosamente, Barreto permanece no Ministério da Justiça, como braço direito de Cardozo.

RUTH DE AQUINO

A farra imoral dos parlamentares
RUTH DE AQUINO
REVISTA ÉPOCA

Cara Dilma, como a senhora protegerá o Brasil dos abutres que enriquecem e vão a motéis com o dinheiro do povo?
Época
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br
Cara presidenta, a senhora, que lutou contra a ditadura militar, fará exatamente o que para proteger a democracia dos abutres que se apropriam do dinheiro do povo para enriquecer e ir a motéis? Um deles é seu ministro do Turismo. Devemos rebatizar a pasta para “Turismo Sexual”? Ou moralizar logo? Não deixe que o amigo de Sarney, o deputado federal maranhense Pedro Novais, de 80 anos, a coloque em maus lençóis na aurora de um novo governo.
Dilma defende o rigor fiscal. Mas onde anda o exemplo de austeridade? Se o salário mínimo só pode aumentar R$ 30, sob pena de quebrar o Orçamento, por que os parlamentares podem ter aumento de 61,8% e passar a ganhar R$ 26.500? Não dá para arrochar somente o trabalhador, o aposentado e a classe média.
Está tudo errado. Os congressistas, por lei, podem votar em seu próprio benefício. Não deveriam, já que recebem um subsídio pago por nós, eleitores e contribuintes, e não um salário. Homens públicos teriam de fazer por merecer, com produtividade e competência. Os parlamentares recebem 15 subsídios anuais, desfrutam quase dois meses de recessos por ano, comparecem ao plenário dois ou três dias na semana e podem aposentar-se com oito anos de mandato, com vencimentos iguais aos da ativa.
Pedro Novais já exerceu cinco mandatos como deputado federal pelo Maranhão – mas vive no Rio de Janeiro. Sua contribuição foi um projeto irrelevante em média por ano! E, agora, assume o Turismo com orçamento de mais de R$ 4 bilhões para Copa e Olimpíadas. É protagonista de um escândalo: teria passado uma noite com 15 casais na suíte Bahamas do Motel Caribe em São Luís. Não pagou a conta de R$ 2.156. Enfiou a mão no meu bolso, no seu bolso. Porque a nota fiscal, apresentada por seu gabinete, foi ressarcida pela Câmara.
Casado há 35 anos, Novais reagiu “indignado como parlamentar, cidadão e marido” contra a “acusação leviana”. Estaria com a mulher em casa nesse dia. Culpou os assessores pelo “erro”. E no fim prometeu devolver a verba. O orçamento do Turismo permitirá a Novais conhecer as instalações de todos os motéis no Brasil. O novo ministro de Relações Institucionais, o deputado Luís Sérgio, do PT do Rio de Janeiro, saiu em seu socorro: “O fato de alguém dormir num motel nem sempre significa que está fazendo amor”. Verdade. Digamos que Novais não tenha mais idade para orgias. Mas a falha foi dele. Não é só o sexo que está em jogo.
Revoltante é que, mesmo com um subsídio polpudo, os congressistas disponham de verba de até R$ 35 mil mensais para passagens, diárias, alimentação, moradia, viagens e contratações, muitas de parentes.
A nova ministra da Pesca, Ideli Salvatti, do PT de Santa Catarina, gastou mais de R$ 4 mil em verba do Senado para pagar diárias de um hotel em Brasília enquanto recebia auxílio-moradia. É uma atitude ilegal. Por muito menos, qualquer profissional na iniciativa privada seria demitido. O que disse Ideli? Foi “erro dos assessores”, e ela vai devolver o dinheiro. Dá vontade de mandar Ideli ir pescar em alto-mar. 
Quando flagrados no malfeito, eles colocam um "ponto final" devolvendo o dinheiro. Ninguém é punido
É assim no Brasil. Os assessores de deputados e senadores são uns incompetentes. Apresentam notas de gastos pessoais de seus chefes para que eu e você paguemos. Os congressistas não sabem de nada. Quando flagrados no malfeito, resolvem colocar um “ponto final” devolvendo o dinheiro. Ninguém é punido.
O que fizeram os brasileiros? Pouco. Estudantes ocuparam o gramado do Congresso, com as caras pintadas, e levaram uns golpes de cassetete e spray de pimenta dos policiais. Onde já se viu, numa democracia, protestar pacificamente?
Dilma não foi torturada numa cela para conviver com abusos de congressistas e ministros. Desvios terão de ser punidos exemplarmente. Privilégios precisarão ser cortados. Hoje, os políticos formam uma casta superior, intocável e alheia à opinião pública, como se vivêssemos num regime totalitário. Leia as cartas nos jornais, presidenta. Seus eleitores chamaram o reajuste dos parlamentares de “assalto aviltante” e “vergonha nacional”. Eles não são o quarto poder. São o primeiro poder. Porque a democracia emana do povo. 

JOSÉ SIMÃO

Pronto! A Dilma tá possuída!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/01/11

O Temer casou com uma miss 43 anos mais nova. Isso que eu chamo de TEMERIDADE! Rarará!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Voltamos ao trabalho. Depois de comer tudo aquilo voltamos a comer por quilo! Depois da Grande Virada, todo mundo se virando. Pra pagar o Réveillon!
A DILMA TÁ POSSUÍDA! Como me disse aquela mulher no aeroporto: "A Dilma já tá possuída!". Ueba! E pra retirar a faixa do Lula? Tiveram que fazer uma intervenção cirúrgica! Ou como disse o outro: "O Lula passou o garrafão!". E o make da Dilma? Perfeito! A Dilma vai ter que aumentar os impostos pra bancar esse visual. ICK: Imposto Celso Kamura! Rarará!
E ela anda como caubói. Tiraram o cavalo e ela não percebeu. Adorei ela descendo a rampa pra duelar com o John Wayne. Pra duelar com a Dilma precisa o John Wayne, Clint Eastwood e o Charles Bronson!
E a Geisy Arruda tava na posse! Era a mulher do Temer. A Paquita do Temer. Uma miss loura de 27 anos! Bombou na posse e bombou no Twitter. O hit da posse!
O Temer casou com uma miss 43 anos mais nova. Isso que eu chamo de TEMERIDADE! Rarará!
E o site Comentando revela a biografia dela: ela disputou o Miss Paulínia, o Miss Campinas, o Miss São Paulo, mas ganhou mesmo foi o MISSchel Temer! Rarará!
E a Hillary e o Chávez se cumprimentando sorrindo? Sabe o que a Dilma falou pra Hillary na fila dos cumprimentos? "Lá vem o Chaves, Chaves, Chaves!"
E diz que a Hillary tava com bumbum de representante de país africano! E a Dilma não devia falar: "Meus queridos brasileiros e minhas queridas brasileiras".
Ela devia discursar com o dedo em riste: "Meus filhos e minhas filhas!". Ela é a nossa SUPERNANNY. E quem tinha mais faixa na posse era o Sarney: MÚMIA! A Tumba do Imperador Dragão! Múmia cantando o Hino Nacional! Esse já participou de 80 posses. O Sarney já tava na posse de Dom Pedro 1º!
E o Alckmin na posse: "Não deixarei nenhum paulista para trás". Só o Barrichello! Rarará!
E a melhor entrevista do Lula foi com a Regina Casé no "Esquenta": "Eu estava no G20 quando o Bush chegou e todos os presidentes se levantaram. Eu disse pro Celso Amorim: fica sentado, vamos ficar sentados". Independência ou Morte!
Foi o nosso segundo Pedro 1º! E a dona Marisa? Acertou no modelo! No último dia ela acertou no modelo. Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

A missão pedagógica de Lula
EDITORIAL
O ESTADO DE SÃO PAULO - 04/01/11

Numa das duas passagens de ressonância literária de seu discurso de posse - a outra foi a referência à "falsa leveza da seda verde e amarela" da faixa presidencial -, a presidente Dilma Rousseff disse que, sob a liderança de Lula, "o povo brasileiro fez a travessia para uma outra margem da história". Já o ex-presidente se recusa ostensivamente a fazer a travessia para a outra margem do poder e emite repetidos sinais de que poderá tornar mais pesado para a sua afilhada política o exercício do cargo simbolizado pelo ornamento com as cores nacionais.
É fato que a relação entre ambos desafia a imagem convencional da ascendência do criador e da submissão da criatura. O respeito de Lula pela técnica que só veio a conhecer na transição do governo Fernando Henrique para o dele é comparável à admiração da agora presidente pelo antecessor de quem foi a diretora executiva da cúpula federal. Além disso, entrelaça-os uma corrente de afeto não menos autêntica do que as diferenças de temperamento que possam haver entre esse político emotivo e intuitivo e essa administradora rigorosa e cerebral. Lula e Dilma, por fim, estão sendo sinceros quando advertem que ninguém arrancará deles uma crítica ao outro.
Mas Lula precisaria ser feito de outra argamassa - e outras deveriam ser as circunstâncias - para assumir a sua nova condição e desencarnar do Planalto, cortando pela raiz as previsões de que será tutor de Dilma, ou mesmo copresidente, e ainda com direito assegurado à recandidatura em 2014. Mencionam-se a argamassa e as circunstâncias porque a paixão de Lula pelo protagonismo político, em vez de ser saciada, só fez aumentar, exponencialmente, com as delícias do poder e o desfrute de uma popularidade sem paralelo no mundo. Ele é mesmo "o cara", como disse Obama. Com um pormenor: o cara não perde oportunidade para insuflar a devoção que o cerca.
Foi exatamente isso que fez nos primeiros momentos de sua vida de ex-presidente. Primeiro, ao lançar-se à multidão assim que terminou de descer a rampa do palácio, para mais um banho de povo e mais um jorro de choro. Se tivesse a intenção de mostrar cruamente à sucessora quem é quem no coração da massa, não teria feito outra coisa. Mais tarde, repetiu o script ao subir no palanque montado para ele pela companheirada de São Bernardo de Campo, onde passou a morar. Na exótica companhia do presidente do Senado, José sarney, que tinha pedido para levá-lo para casa, Lula tornou a ressaltar que deixou a Presidência, mas não a política, e tornou a falar da África e da América Latina, primeiros objetivos da "missão pedagógica" que pretende desempenhar: ensinar a governar. 
Mas aí deixou escapar o objetivo prioritário dessa missão: "Quero continuar aqui dentro do Brasil ajudando a companheira Dilma. Quando ela me chamar, ou melhor, quando ela me convocar, estarei à disposição para ajudar a Dilma (?), para ajudar os governadores do PT." Horas antes, no parlatório do Planalto, a presidente dissera que "Lula estará conosco". E emendou, com calor e elegância: "Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade." Contraste-se o gesto com a falta de grandeza do oferecido ex-presidente, que praticamente intimou Dilma (e os governadores do PT) a convocá-lo - decerto para ensinar-lhes como se fazem as coisas.
A questão, porém, não está nos conselhos que Lula terá a dar aos seus orientandos. Está no aviso público de que deseja ser chamado. É claro que ele sabe que Dilma buscará a sua orientação em situações que a torne oportuna. Deve ter ouvido isso de viva voz de sua pupila. Se não quisesse fazer praça de sua influência e manter a sua popularidade em níveis incandescentes, teria se limitado a esbravejar contra as elites, como dispara a fazer, pavlovianamente, sempre que enxerga um palanque. Mais lulista até do que Lula, o seu ex-chefe de gabinete e agora secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, constrangeu a sua superiora com outra tirada do gênero. Numa entrevista à Folha de S.Paulo, embora ressalvasse, por dever de ofício, que "faremos um belíssimo governo e Dilma será reeleita", lembrou terem "o Pelé no banco de reservas". Cuide-se a titular! 

GOSTOSA

VINICIUS TORRES FREIRE

Dilma e a banalidade do bem
VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/01/11
Na posse, Dilma anunciou programa que parece um resumão do que houve de melhor nos últimos 30 anos

DILMA ROUSSEFF tomou posse sem correr riscos. A prosa do ritual de posse não teve arestas. O discurso da presidente, menos ainda que um cão sem plumas, foi um felino sem garras. Os desencantados porém otimistas podem dizer que o discurso era banal, mas da ba- nalidade do bem.
O mais interessante foi a reafirmação do projeto de "erradicação da pobreza extrema". De mais banal, houve a promessa de fazer um governo que segue as linhas de força sedimentadas no último quarto de século da história brasileira, muitas delas inscritas na Constituição de 1988.
Um dos traços mais importantes da Carta de 1988 é a fundamentação do sistema de bem-estar à brasileira (INSS, SUS, universalização de direitos sociais etc). Por sua vez, tal sistema é tanto um derivado do nosso apreço pelo Estado como da selvagem desigualdade social brasileira. Não fosse a implementação de parte das orientações constitucionais, um pouco no governo FHC e muito mais no governo Lula, o país poderia estar em convulsão.
Dilma resumiu a questão de modo diplomático quando disse, em seu discurso: "O Brasil optou, ao longo de sua história, por construir um Estado provedor de serviços básicos e de previdência social pública".
No mais, Dilma reafirmou a "média" das opiniões sobre a ação do Estado na indução do investimento, temperadas por ideias como "classe média empreendedora", política menos vergonhosa e tributos menos pesados e complicados, uma "vitamina de frutas" pouco polêmica a respeito do que fazer sobre o governo. Não agrada a liberais nem a desenvolvimentistas eufóricos. Dilma fez um discurso de consenso e de conciliação, de bandeira tão branca como sua roupa de posse, com ideias cinzentas. Vai inovar mais na ação?
A promessa mais dramática foi a da erradicação da miséria. Trata-se de um horror brasileiro urgente, mas não do único, embora seja o mais angustiante e deprimente. Mas o que significa acabar com a miséria?
A depender do critério, mais ou menos um quarto da população é miserável. Isto é, segundo o critério de renda: abaixo de tal ou qual renda per capita, o cidadão é miserável. A linha de corte varia. Muita vez, diz-se que o cidadão é miserável se sua renda é insuficiente para comprar as calorias necessárias para a subsistência. Porém, como gostam de dizer os especialistas da área, a miséria é um "fenômeno multidimensional".
Talvez seja possível cadastrar as famílias cuja renda esteja abaixo do limiar de sobrevivência e dar-lhes alguma renda que seja um lenitivo para os sofrimentos mais desumanos. Mas isso é muito pouco; o buraco é mais embaixo.
O problema é saber como desfazer modos sistemáticos de criação de excluídos. O que são esses modos sistemáticos? Favelas, os povos perdidos nos sertões, a desconexão de mercados e, mais importante, as multidões relegadas em esco- las ruins e desprovidas de meios de participar do poder, de cobrar, de ter voz política.
Dilma disse em seu discurso que "reconhecer, acreditar e investir na força do povo foi a maior lição que o presidente Lula deixou para todos nós". Não houve muito disso, não. O povo meio que ficou passivo, e a ideia de transformação política democrática foi esquecida por um partido que nasceu justamente sob essa bandeira, o PT de Lula.

ELIANE CANTANHÊDE

Os anéis já se foram...
ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SÃO PAULO - 04/01/11

BRASÍLIA - Surpresa! O governo Dilma Rousseff nem bem começou, e o PMDB já dá trabalho e faz beicinho. Antes, o problema era espaço nas campanhas. Depois, a disputa acirrada pelos ministérios. Agora, a pancadaria pelos cargos de segundo escalão: Correios, Funasa...
Em fevereiro do ano passado, Michel Temer ameaçou não botar os pés no congresso do PT para o pré-lançamento da chapa com Dilma, em desagravo a Hélio Costa (MG), Geddel Vieira Lima (BA) e Jader Barbalho (PA), que estavam às turras com os petistas nos Estados.
Foi preciso muito telefonema, muita lábia e muito carinho para convencer Temer, que afinal acabou indo e cumprindo o seu papel no script da festa, feliz da vida.
Quase um ano depois, com os dois partidos vitoriosos, a cúpula do PMDB não só ameaçou como efetivamente não apareceu nas posses de Luiz Sérgio como ministro das Relações Institucionais e de Alexandre Padilha (antecessor dele) como ministro da Saúde.
Luiz Sérgio é o homem de Dilma para o varejo do Congresso, onde serão votados logo, logo, o novo salário mínimo, o aumento do Judiciário e a Comissão da Verdade, para julgar crimes da ditadura. E Padilha saiu das Relações Institucionais para "roubar" um cargo que era da cota do PMDB com Lula.
A gente já sabe, mas não custa repetir, que a turma dos ausentes de ontem não brinca em serviço: José Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves. Cada um tentará dar uma boa desculpa, mas a falta coletiva diz tudo.
O PMDB foi importante para a montagem da campanha, a ramificação dos palanques, o tempo na TV e a própria vitória de Dilma, mesmo com o fator decisivo que foi Lula. Isso tudo tem preço. Principalmente se a guerra continua nas votações no Congresso.
Dilma já deu as alianças para Temer e os anéis dos ministérios para o PMDB. Cuidado com os dedos!

PIADA

ALON FEUERWERKER

Paz em Brasília
Alon Feuerwerker
Correio Braziliense - 04/01/2011
Mais que poder, nossa oposição parece desejar mesmo é ter razão. Como o PT, ao contrário, está sempre disposto a deixar de ter razão se for necessário para manter o poder, estamos diante de um casamento quase perfeito.
 
A oposição não venceu as eleições, mas sua luta ficou longe de ter sido em vão. Neste nascedouro de governo Dilma Rousseff, as tendências que a imprensa captura aqui e ali sobre a agenda da coalizão petista em Brasília e nos estados trazem marcas inconfundíveis.

Contenção do custeio, busca de portas de saída para o Bolsa Família, privatização dos aeroportos, ênfase nos direitos humanos nas relações com outros países, remuneração variável dos professores da rede pública conforme o desempenho de seus alunos, limites à flutuação do câmbio, proteção à indústria nacional, rejeição a controles estatais sobre o jornalismo, preocupação redobrada com o tráfico de drogas nas fronteiras e pressão sobre os vizinhos produtores de droga.

As coisas parecem seguir um script paradoxal. PT e aliados ganharam em outubro porque a maioria dos eleitores preferiram manter a missão nas mãos de alguém ligado ao presidente que saía, mas, para cumprir a promessa de renovação na continuidade, o partido precisará continuar promovendo rupturas consigo próprio e olhar com carinho para as pancadas que recebeu dos adversários.

Não chega a ser grande novidade, mas sempre merece registro. E há também o esgotamento, no universo discursivo, de um certo progressismo. Quando José Padilha lançou seu primeiro Tropa de Elite anos atrás, houve muita polêmica. Hoje, o então capitão e atual coronel Nascimento virou unanimidade nacional, especialmente depois do “terceiro episódio” recém-rodado no Rio de Janeiro.

Sempre que necessário o PT pode operar quase sem dor ou maiores perdas esse rito de passagem, pois enfrenta uma oposição peculiar. Deve ser caso único no planeta, mas, mais do que poder, nossa oposição parece desejar mesmo é ter razão. Como o PT, ao contrário, está sempre disposto a deixar de ter razão se for necessário para manter o poder, estamos diante de um casamento quase perfeito.

Sem falar nas bolas que pingam, mas não são chutadas. A oposição atravessou agora em silêncio o debate sobre o reajuste do salário mínimo e assiste também silenciosa ao congelamento da tabela do imposto de renda.

Mas há aqui um reparo possível a essa caracterização propositalmente caricatural. A timidez da oposição nas refregas brasilienses não seria tão confortável, nem tão previsível, não houvesse poderosas máquinas estaduais capazes de abrigar e alimentar os exércitos tucanos. Ao que assistimos então não é simples timidez: é acomodação a um status quo aceitável.

Há, entretanto, um problema aqui. Diferentemente do que supõe o senso comum, sempre que o ambiente em Brasília é de muita paz o eleitor-cidadão-contribuinte tem motivos redobrados para acautelar-se.

Os parlamentares aprovaram um belíssimo reajuste para si próprios e um mais lindo ainda para o primeiro escalão do Executivo, incluída naturalmente a presidente. Eles apanharam também por ela, e ficou por isso mesmo. Entrementes, o arrocho do salário mínimo mereceu apenas muxoxos.

As centrais sindicais, por exemplo, não julgaram conveniente interromper as festas de fim de ano para tratar do assunto para valer.

E agora vem aí a reforma política. Com a lista fechada (nomeação dos deputados federais pelas cúpulas dos partidos) e a fidelidade partidária, o Congresso Nacional deverá transferir, na prática, suas atividades para alguma antessala do Palácio do Planalto.

E como revogar os espaços de autonomia do Legislativo — ou impedir a oposição de se financiar na sociedade — convém também a governadores e prefeitos, é provável que a cassação do voto direto para a Câmara dos Deputados, assembleias legislativas e câmaras municipais encontre respaldo político na nossa sábia oposição.

Que continuará sonhando com o radioso dia em que ela própria poderá — quem sabe? — voltar a governar o Brasil. E com todos os instrumentos de poder concentrado que ela, oposição, ajudou a criar para o governo de seus adversários.

Merecido

O ambiente de comemoração que cerca a primeira mulher presidente da República deveria ensejar desdobramentos. Em maio, talvez o novo governo devesse promover uma homenagem à primeira mulher que governou o Brasil, a Princesa Isabel.

Seria merecido. O aniversário da libertação dos escravos é boa ocasião para lembrar daquela que implantou, ao assinar o fim da escravidão, o maior e mais importante programa social da História do Brasil.

JOSÉ ROLLEMBERG LEITE NETO

O fim das coligações proporcionais
José Rollemberg Leite Neto 
O Estado de S.Paulo - 04/01/11


A cada eleição é assim: um candidato elege-se parlamentar com um número inacreditável de votos. Graças à confusa legislação eleitoral, leva consigo nomes pouco votados para o Parlamento. Gente bem votada reclama que não foi eleita, embora ostentando mais sufrágios que os vencedores. O povo não entende o mecanismo que gera essa situação. Surgem os protestos e o sistema proporcional é posto em xeque.

Enéas Carneiro, anos atrás, tornou viável que personagens desconhecidos tivessem assento na Câmara dos Deputados. Desta vez foi Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca, cuja avassaladora votação permitiu a eleição de candidatos até conhecidos, mas que não se elegeriam apenas com os sufrágios próprios. A ideia que se fixou foi a de que políticos sem voto usaram um artista para atrair o eleitorado, enganando-o. Usaram as regras do jogo eleitoral para alcançar um resultado politicamente fraudulento.

Apesar disso, o mecanismo de eleição proporcional, consagrado pela Constituição de 1988, é bom. Baseia-se na premissa de que as diversas correntes de pensamento têm o direito de participar da composição dos Parlamentos. Quando calibrado, tende a fortalecer os partidos.

O sistema distrital, apontado como alternativa ao proporcional, é, a rigor, um modo majoritário de escolha. Se adotado, nas atuais circunscrições - os Estados e os Municípios - seriam feitos cortes que traduziriam as frações correspondentes aos distritos. Estes seriam tantos quantas fossem as cadeiras para o Legislativo. Neles o candidato mais votado seria eleito e representaria a comunidade respectiva. Em tal mecânica, os políticos pesam mais que os seus grêmios partidários.

É um modo interessante de seleção das cadeiras, aparentemente simples. Tem, todavia, as suas objeções. O corte dos distritos seria uma operação que exigiria remanejamento a cada censo populacional, já que as proporções de eleitores dentro de uma mesma cidade ou de um mesmo Estado variariam conforme a mobilidade e o crescimento demográficos. O risco de tal engenharia produzir distorções é grande. O desenho distrital poderia ser deliberadamente manipulado (gerrymandering).

Além disso, a má distribuição de cadeiras, já evidente, seria acentuada. Um distrito em São Paulo deixaria ainda mais óbvia a sua desproporção em relação à dimensão de um equivalente em Roraima (malapportionment).

Imagine-se, ainda, que num determinado Estado, que elege oito deputados federais, um partido tenha 35% do eleitorado. Isso o faria ter direito a pelo menos duas cadeiras, no sistema proporcional. Nos distritos, no entanto, uma média de tal ordem poderia importar em derrota em todos eles.

Ademais, o debate nas eleições majoritárias tende a levar em consideração temas locais. Teses transcendentes de fronteiras regionais - como as de interesse de negros, índios, homossexuais, mulheres, aposentados, etc. - poderiam ficar sem representação, porque os votos distribuídos territorialmente, muitas vezes, não fariam as maiorias distritais.

Diante de tais críticas, alguns defendem o sistema distrital misto, praticado na Alemanha e no México. Uma metade dos eleitos seria escolhida majoritariamente e a outra, proporcionalmente. A opção, todavia, antes de solucionar, agravaria o problema. O pior de ambas as técnicas seria juntado.

Em razão de se disponibilizar metade das vagas para a eleição majoritária, os distritos teriam de ser grandes - o que elevaria o custo das campanhas, contrariando uma das principais bandeiras dos defensores do sistema distrital. De outro lado, a possibilidade de as minorias obterem representação diminuiria. Com metade das vagas disponíveis, seria mais difícil alcançar uma delas.

Tudo isso sem contar que, nas alternativas pensadas, a Constituição teria de ser alterada. A curto prazo, portanto, a manutenção do sistema proporcional impõe-se no Brasil.

Então, por que não aprimorá-lo? Antes de se pensar em listas fechadas, que retiram do eleitor a chance de escolher diretamente o seu representante, há coisas mais simples a cogitar. A extinção das coligações proporcionais, por exemplo. Ela pode ser feita mediante alteração legislativa ordinária. Ajudaria a diminuir a gravidade das mazelas do sistema político brasileiro.

De fato, embora referidas na Constituição, as coligações podem ser interpretadas como necessariamente majoritárias. Estas, sim, fazem sentido. Formar maioria exige alianças. As coligações proporcionais não têm nenhuma razão de ser. Sobretudo agora, depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar que o suplente do partido deve ser chamado a ocupar o assento do parlamentar que renunciou ou que foi convocado para um cargo público. A sucessão e a substituição dessa cadeira pertenciam à coligação, mas o STF mudou tal diretriz. Agora o mandato é sempre do partido.

A coligação proporcional é um artifício eleitoral insustentável racionalmente. Existe somente para as eleições. Em nada ajuda na governabilidade ou na sustentabilidade democrática. Sua extinção depuraria o sistema político brasileiro. Seria o fim das legendas de aluguel, desprovidas de conteúdo ideológico, que servem, basicamente, para majorar o tempo de rádio e TV para os partidos maiores e para albergar candidatos que só têm viabilidade no regime de coligações, pois não representam proposta alguma.

A extinção da coligação proporcional simplifica a lista dos beneficiários de cada voto. Sem coligações, o eleitor passa a votar num time que ele pode identificar. Será mais fácil ele perceber que, votando num Enéas ou Tiririca, corre o risco de eleger um colega de partido dele. Seria um progresso nada desprezível.

ADVOGADO ESPECIALISTA EM DIREITO ELEITORAL, É MEMBRO DA COMISSÃO DO SENADO FEDERAL PARA A
ELABORAÇÃO DO ANTEPROJETO DO NOVO CÓDIGO ELEITORAL

GOSTOSA

DORA KRAMER

Para que servem as mãos 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 04/01/2011

Carece ainda de esclarecimento o real significado da política de "mãos estendidas" à oposição propugnada pela presidente Dilma Rousseff em seu discurso de posse e defendida pelo ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, encarregado de administrar o equilíbrio ecológico entre as forças políticas representadas no Congresso.

A expressão "mãos estendidas" adquiriu notoriedade política na fase final da ditadura como expressão da disposição dos militares em abrir diálogo com a oposição para negociar a distensão do regime.

Hoje soa um tanto démodé, ganha um sentido algo majestático, arrogante mesmo. Como se a atividade política dos oposicionistas dependesse das concessões que lhes estivessem dispostos a fazer os governistas estendendo o braço, na realidade, para o beija-mão.

Escapa à naturalidade do contraditório democrático um governante receber elogios por expressar inclinação ao diálogo com os opositores. Bem como é sinal de que alguma coisa não funciona bem quando há a necessidade de esse mesmo governante comunicar à nação que não tem compromisso com ilegalidades.

Como disse a própria Dilma às milhares de pessoas que a saudavam na Praça dos Três Poderes logo após a transmissão da faixa presidencial, é o embate civilizado que move as democracias.

E tal embate decorre exatamente do exercício normal do conflito de concepções político-administrativas e, em períodos eleitorais, da disputa pelo poder.

No contexto atual, em que não é preciso o governo fazer concessões à oposição, a política de "mãos estendidas" só pode ser entendida como uma tentativa do governo de neutralizar a oposição em seu ofício (conferido pelas urnas) de se contrapor conferindo por antecipação ao contraditório o sentido de intransigência e de recusa ao diálogo proposto.

É papel do governo, claro, tentar conviver com uma oposição o mais amena possível. Mas é a oposição quem decide sobre o próprio rumo, tendo em vista o conteúdo das ações do governo e o próximo embate eleitoral.

Nesse aspecto, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, deu sua versão das "mãos estendidas", numa entrevista ao jornal Folha de S. Paulo de ontem: "Estou dizendo à oposição para que não se agite demais. Temos uma carga pesada. Não brinca muito que a gente traz", disse ele avisando que o governo "tem o Pelé no banco de reservas".

Isso no primeiro dia de governo. A quatro anos da eleição presidencial, o aviso é claro: aquietem-se, pois se não se comportarem Lula vem aí.

Cabe à oposição resolver se faz o que lhe dita o governo ou se atua conforme os ditames do marco democrático.

Condições objetivas. A nova titular da pasta dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, tem razão quando diz que o reconhecimento das responsabilidades do Estado pelas violações dos direitos humanos durante o regime militar não significa atitude de revanche com as Forças Armadas.

Mas não aborda o tema do modo mais correto quando pede que o Congresso aprove a criação da Comissão da Verdade sem estabelecer quais seriam exatamente as funções de tal instância.

Se a ideia continuar sendo a de punir crimes cometidos durante a ditadura, Rosário precisará fazer mais que apelos ao Congresso. Precisará propor claramente a revisão da Lei de Anistia aprovada há três décadas por força de um pacto entre governo e oposição.

Se não for assim, a proposta não adquire condições objetivas para sua execução e fica parecendo um mero aceno à esquerda sem substância efetiva.

Em sua última decisão a respeito, o Supremo Tribunal Federal deixou bem claro que não tem autoridade institucional para rever a legislação em vigor.

Intenção e gesto. A promessa da presidente no discurso de posse no Congresso, de ser rígida com a corrupção, contrasta com a calorosa recepção dada à ex-assessora e sucessora na Casa Civil, Erenice Guerra, na solenidade no Palácio do Planalto.

MERVAL PEREIRA

Sinais de vida 
Merval Pereira 

O Globo - 04/01/2011

O fato de a presidente (a) Dilma Rousseff ter praticamente repetido na posse as mesmas linhas daquele discurso que fez quando foi eleita em outubro, muito mais do que significar falta de imaginação política, demonstra, sobretudo, coerência e persistência, virtudes mais importantes para uma tentativa de prospecção do que poderá vir a ser o seu governo, marcado pela continuidade, mas também pela necessidade de mudar rumos e conceitos sob a sombra de um Lula que se recusa a sair de cena.

A visão dela de como governar, as primeiras decisões tomadas, de privatizar os aeroportos, de conter gastos, vão no caminho do que o Brasil precisa.
A maioria dos ministros que assumiram seus cargos, mesmo os que continuaram no governo, deu informações importantes sobre como agirão, algumas diametralmente opostas ao que estava sendo feito anteriormente. Fazer mais com menos, na definição da nova ministra do Planejamento, Miriam Belchior.
Os arroubos ideológicos de alguns, mesmo os de Dilma, idealizando sua participação na luta armada, e a prática continuada de criar uma mitologia em torno de Lula não têm importância se não passarem mesmo disso.
O início está dentro do que se poderia esperar de melhor de um governo nascido da continuidade, mas que terá de consertar muita coisa que foi feita de maneira errada no governo anterior, mas sem dizer que está fazendo isso, ou fazer coisas que não foram feitas.
A inflação, por exemplo, requer medidas rápidas e enérgicas, pois começa a se mostrar fora de controle. O IGP-M perto de 12% ao ano é uma péssima indicação.
Além do constrangimento natural diante do líder máximo que é Lula — sobre quem o ministro Gilberto Carvalho disse ser capaz de morrer por ele, num arroubo místico impressionante, e que diz muito do lulismo como seita —, há o fato concreto de que muito do rombo nas contas públicas dos últimos meses, especialmente no último ano de governo, foi feito justamente para eleger Dilma.
A promessa de desoneração da folha de pagamento, para combater a informalidade, é importantíssima para a economia privada brasileira.
Também é fato auspicioso a presidente (a) retomar os compromissos com as reformas estruturantes do país, que Lula desistiu de fazer para não entrar em choque com as corporações.
A mudança no sistema previdenciário público, conseguida logo no início do governo à custa de muitas batalhas políticas no Congresso em que teve o PT contra si e a oposição a favor, não foi regulamentada justamente para não aumentar o passivo de Lula diante do funcionalismo público e do sindicalismo, que viriam a tomar conta de seu governo. Até hoje não regulamentada, este é um bom começo se Dilma realmente quiser retomar o caminho das reformas, sem o que os avanços sociais alcançados ficarão permanentemente dependentes da capacidade do governo de distribuir benesses, o que, já se sabe, tem prazo de validade.
Já temos também boas indicações de como será o modo de operar da nova presidente (a): ela dá metas, dá prazos. É mais difícil governar assim do que como Lula governou, na base do discurso e do falatório.
Isso, Dilma não tem capacidade de fazer, não tem o dom da oratória popular. Vai ter que mostrar avanços concretos para manter apoio político com tantas medidas impopulares que terá que adotar.
Como o PT já se acostumou, campanha política é uma coisa e governo é outra, maneira cínica de fazer política definida pelo petista José Genoino como “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, versão pós-moderna da frase do jogador Didi “Jogo é jogo, treino é treino”.
As críticas ao PSDB de que iria privatizar tudo já não valem mais nada, portanto, e o governo vai ter que privatizar os aeroportos porque não tem dinheiro para realizar as obras necessárias à viabilização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas em 2016. A mesma coisa em relação ao corte de gastos. A candidata Dilma disse na campanha que o país não precisava de ajuste fiscal, mas a presidente (a) Dilma sabe que não pode brincar com a inflação em alta.
Desde que foi eleita, a presidente (a) Dilma vem adotando perfil sóbrio, que não condiz com sua trajetória na burocracia estatal, plena de episódios de arroubos verbais e agressividade no processo decisório.
Assim como tivemos diversos relatos sobre reações da ministra Dilma entre quatro paredes — a mais famosa delas, a de que fez chorar de raiva e humilhação o presidente da Petrobras José Gabrielli —, teremos em breve outros, desta vez de dentro do gabinete presidencial.
Essa sobriedade provavelmente está servindo para preservar a relação com Lula, que terminou os oito anos de mandato em ritmo acelerado e ainda não conseguiu desencarnar da Presidência.
Até o último momento ele deu instruções aos seus ministros que permaneceram no governo, e chegou a cobrar deles que não “afinassem” quando chegar a hora de tratar de um tema que lhe tem sido prioritário nos últimos meses, o controle dos meios de comunicação, que um projeto de lei preparado em seu governo pretende atingir sob a alegação de que é necessário “regulamentar” a atuação dos novos meios tecnológicos e compatibilizá- los com os já existentes.
Ao chegar a São Bernardo de volta, já como ex-presidente, Lula não perdeu a oportunidade do palanque armado em frente a sua casa para reforçar o seu discurso político, colocando- se em defesa do seu povo contra as elites do país, parecendo já em posição de dar início a mais uma das ininterruptas campanhas políticas a que se dedica desde sempre, desta vez com vistas a se preparar para 2014, quanto mais não seja para manter a expectativa de poder em torno dele.
Sem conseguir se retirar do palco político, Lula já ameaça retomar as caravanas pelo país, e há um movimento entre governadores para convidá-lo a inaugurações de obras que tenham se iniciado em seu governo.
Se se confirmar essa manobra, a mais efetiva e explosiva de muitas que já se imaginou para a atuação de Lula pós-governo, teremos um choque de interesses entre a presidente (a) de direito e o presidente “in pectoris” de petistas e seguidores diversos, o que, dependendo da reação da presidente (a), estabelecerá uma instabilidade política no país.

NO LUGAR CERTO

ILAN GOLDFAJN

A economia a partir de 2011
Ilan Goldfajn 
O Estado de S.Paulo - 04/01/11


"Não é a velocidade que mata, mas a parada brusca" foi a frase inicial de um dos meus primeiros artigos acadêmicos (Currency crises and collapses, Brookings Papers on Economic Activity, 1995). Nem sempre percebemos a importância do momento. A expressão "parada brusca" (sudden stop) acompanhou dezenas de crises econômicas e ganhou fama. Na verdade, foi criação do famoso professor Dornbusch, falecido prematuramente, que gentilmente convidou seu então aluno de doutorado para ser coautor do artigo.

Neste começo de 2011, posse do novo governo, pensei nessa frase. Está claro que andar em alta velocidade é delicioso, mas não pode ser interrompido bruscamente. Machuca muito. Após muitas crises e colapsos pelo mundo, os economistas preocupam-se com as paradas bruscas (e com a alta velocidade que as antecede). Por exemplo, a economia da China cresce a 10% ao ano e estimula a economia mundial num momento de fraqueza dos EUA e da Europa. No entanto, se a China sofresse uma desaceleração brusca, o que aconteceria?

Em economia devemos separar a tendência dos ciclos. Por séculos a tendência tem sido de crescimento forte, com contínua melhora no padrão de vida, embora permeada por inúmeros ciclos de crescimento e recessão. A situação presente reforça o padrão. Após uma das piores crises, em 2008, a economia mundial voltou a crescer, recuperou o nível de atividade anterior à crise e já aponta para uma retomada da tendência secular.

É verdade que a base mudou. O consumidor americano retraiu-se - para pagar suas dívidas -, assim como se retraíram algumas economias europeias. Vão crescer mais devagar, talvez por décadas. Todas andaram em velocidade excessiva e, agora, começam a pagar suas multas (algumas economias terão ainda sua licença cassada...). O mundo hoje caminha em busca do "consumidor de última instância" para substituir os consumidores retraídos nos países desenvolvidos. São as economias emergentes que sustentarão o crescimento mundial. Bilhões de pessoas vão-se incorporar ao comércio global e mudarão o perfil da economia no mundo. Serão os ricos do futuro. EUA e Japão já estiveram nessa posição e, após anos de crescimento, assumiram seu atual posto. Tenho menos dúvidas sobre o futuro de alguns emergentes - como China e Índia -, que devem de fato assumir novos postos na economia global, do que sobre o futuro do Brasil. Estaremos nesse mesmo vagão do crescimento?

A atual velocidade do crescimento da nossa economia é impressionante. Há criação acelerada de empregos e distribuição de renda, o que diminui a pobreza, cria uma nova classe média (dezenas de milhões de pessoas) e estimula os investimentos. É o resultado de décadas de políticas consistentes, que reduziram o risco e a inflação, alongaram o horizonte de investimento, permitiram que o País se beneficiasse das condições internacionais e criasse (e expandisse) programas de transferência para os mais pobres. Hoje o Brasil tem chance de vir a pertencer a um grupo seleto de economias relevantes globalmente, com padrão de vida elevado.

Mas parte do crescimento atual é cíclico, numa velocidade que ultrapassa a tendência. Os sinais mais inequívocos desse fenômeno são a volta da inflação (cerca de 6%) e do déficit em conta corrente (hoje 2,5% do PIB e em direção a 5%). Será necessário retomar um esforço considerável (com base em juros, regras macroprudenciais e aperto fiscal) para trazer a inflação de volta ao centro da meta de 4,5% e manter o déficit externo numa trajetória sustentável (evitando paradas bruscas no futuro). Essa situação resultou de um viés excessivamente expansionista - via gasto e crédito públicos - na recente política econômica. O desejo de agradar no presente, à custa do futuro, prejudicou até a transparência e a responsabilidade fiscal. Houve excesso de criatividade contábil, que comprometeu anos de construção de credibilidade fiscal e de métricas de avaliação de resultado - como o superávit primário e a dívida pública líquida. Enfim, importantes gorduras foram utilizadas, como mencionou Armínio Fraga em entrevista neste fim de semana ao Estado.

Mas, para além do ciclo, a tendência é favorável a o Brasil pertencer à nova elite mundial no futuro. O crescimento da China e da Índia beneficia o Brasil, assim como a busca global por economias que tenham um mercado doméstico em expansão. A confiança na economia brasileira continua em alta, tanto externa quanto internamente.

Para concretizar esse futuro o sistema econômico atual tem de produzir os incentivos corretos que estimulem o crescimento sustentado, por meio de mais investimentos e inovações. O Estado tem sido central na economia, produzindo, contratando (empregos no setor público) e financiando o investimento privado (via BNDES). Para além do debate ideológico sobre o tamanho do Estado - e as relações do setor público com o privado -, é necessário preservar o incentivo ao desenvolvimento. Nesse sentido será essencial entender o desejo de progresso e justiça desta nova classe média, que está mudando o Brasil.

O caso dos aeroportos é exemplar. Apesar da consciência de seu estado precário e da urgência nas reformas, não foi possível avançar nos últimos anos. O novo governo já anunciou a necessidade de novas concessões ao setor privado para poder destravar o setor.

Em suma, o mundo está mudando, crescendo em direção às economias emergentes. O Brasil criou todas as condições para se candidatar a ser um dos protagonistas da economia mundial no futuro. Mas precisará resolver questões de ciclo - abortar o excesso de gastos para voltar a reinar na inflação e no déficit externo e evitar a "parada brusca" - e gerar os incentivos para uma trajetória de crescimento sustentado baseado na produtividade e no mérito.

ECONOMISTA-CHEFE DO ITAÚ UNIBANCO E SÓCIO DO ITAÚ BBA

MÔNICA BERGAMO

EU SOU RICA
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/1/11

Tainá Müller cortou o cabelo bem curtinho para viver a vilã patricinha Paula em "Insensato Coração". A nova trama das oito da Globo, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, estreia no dia 17. Ela, que morava em SP, acaba de se mudar para o Jardim Botânico, no Rio.

GAROTO PROBLEMA

A defesa do adolescente que usou uma lâmpada nas agressões na Paulista em 14 de novembro entrou ontem com habeas corpus junto à 4ª Vara da Infância e Juventude. É lá que corre outra ação em que o garoto de 16 anos teria agredido um homossexual na saída do clube Vegas, na Augusta, em março. Único dos quatro adolescentes envolvidos nos episódios que permanece internado na Fundação Casa (antiga Febem), o garoto, suposto neto de um famoso mafioso italiano, passou a ser representado por Alexandre Dias Afonso, que já faz a defesa de outro réu.

GAROTO PROBLEMA 2
É o terceiro advogado a assumir a defesa do jovem, que alegou o uso de antidepressivos e vodca para justificar os ataques na Paulista. Afonso quer conseguir para o novo cliente o mesmo benefício dado aos demais adolescentes no caso da Paulista.

SAUDADES DA BAHIA
O ex-ministro da Cultura Juca Ferreira não descarta voltar a atuar na Bahia, seu Estado. "Mas para aquilo que me foi oferecido, eu não vou", disse ele na posse de Dilma Rousseff, sem especificar qual seria o convite. Sobre a possibilidade de ser secretário da Cultura do governo de Jaques Wagner (PT-BA), contou que "está cheio de manifestos para que eu vá, mas eu gosto muito do secretário e não gostaria de desestabilizá-lo".

ÁREA VERDE
E o ex-ministro diz que terá até julho para decidir se volta ao PV, do qual se licenciou para apoiar Dilma. Mas acha difícil o retorno. "Tenho convites de vários partidos."

CAOS AÉREO
O embaixador da Itália no Brasil, Gherardo La Francesca, creditou ao caos aéreo a demora em atender ao chamado de voltar a Roma. Durante a posse de Dilma, disse que "resistia" à convocação para dar explicações sobre o caso Cesare Battisti porque "não tem avião". Ele só embarcou no domingo à noite, sem data para voltar.

O DOBRO OU NADA
Ao mesmo tempo em que abriu negociações com Ronaldinho, o Palmeiras revisou sua meta de corte na folha salarial. Em reunião na semana passada, a diretoria estipulou a redução em R$ 2 milhões mensais, o dobro do aventado. Em 2010, o clube gastava por mês com jogadores R$ 6,5 milhões.

PULANDO A CERCA
Rodrigo Santoro pulou uma grade nos fundos do Cafe de la Musique, em Florianópolis, para entrar no Réveillon. Causou correria entre os seguranças que não perceberam que o "bicão" era o astro. Os modelos Jesus Luz e Fabiana Semprebom, a empresária Cristiana Arcangeli e o apresentador Álvaro Garnero também curtiram o Ano-Novo na ilha.

ENSABOA
No Réveillon do Copacabana Palace, no Rio, causou estranheza o look escolhido pelo ator e apresentador Rodrigo Faro: uma camiseta branca com um logo de uma marca de sabão em pó.
A assessoria de Faro diz que se tratava de uma ação de marketing.

AJUDINHA
A peça "Pterodátilos", protagonizada por Marco Nanini e com direção de Felipe Hirsch, conseguiu captar R$ 929 mil via lei de incentivo fiscal para fazer 20 apresentações, a partir de março, em São Paulo. O espetáculo estreou no Rio em setembro.

MONUMENTAL
O MuBE deve apresentar, em 2011, uma exposição sobre a artista plástica polonesa Felícia Leirner (1904-1996), mãe do escultor Nelson Leirner e da pintora Giselda Leirner. A mostra, em setembro, terá 22 grandes esculturas, como "Colunas" e "Os Pássaros". Algumas obras são do acervo do Palácio dos Bandeirantes.

LAMBE-LAMBE
O museu também vai integrar a programação do Ano da Itália no Brasil, com uma exposição, em outubro, do fotógrafo Willy Rizzo. Serão exibidos retratos de Marlene Dietrich, Marilyn Monroe, Salvador Dalí, Picasso e Yves Saint Laurent, entre outros.

CURTO-CIRCUITO

O grupo de rock Los Locos apresenta versões de músicas de Jota Quest, O Rappa e outras bandas. No Bourbon Street Music Club, amanhã, às 22h30. Classificação: 18 anos.

A cantora Criz Olímpio faz show de música brasileira, na quinta, a partir das 19h, no bar Ludovina, em Moema. Classificação etária: 18 anos.

A peça "Os 39 Degraus", com Dan Stulbach e Danton Mello, reestreia no Teatro Shopping Frei Caneca, na sexta-feira, às 21h30. 12 anos.

Os ingressos para o Carnaval do camarote Bar Brahma no Anhembi, em São Paulo, serão vendidos com desconto de 50% amanhã, através do site ClickOn.

O cantor Michel Teló lançará, no dia 13, novo álbum "Ao Vivo", no Villa Country, a partir da 0h30. Classificação etária: 18 anos.

O coquetel de abertura da exposição "Casa Canadá" será na segunda, às 19h, na Mansão Figner, no Flamengo, no Rio de Janeiro.

com ELIANE TRINDADE (interina), DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Rio de Janeiro terá 11 novos hotéis na rota do petróleo 
Maria Cristina Frias 

Folha de S.Paulo - 04/01/2011

Antes focada no turismo de veraneio, a rede hoteleira do Estado do Rio recebe investimentos no segmento de negócios e começa a se expandir para a Baixada Fluminense e outras cidades da chamada "rota do petróleo".
Criada em 2009, a NEP Incorporadora investirá R$ 300 milhões na construção de onze hotéis em cidades que recebem empreendimentos da Petrobras, de seus fornecedores e de outras empresas.
Os dois primeiros foram lançados em novembro em Duque de Caxias e São João de Meriti, na Baixada -região onde há uma refinaria da Petrobras.
Mais dois empreendimentos serão lançados neste mês em Itaguaí, cidade vizinha ao Rio onde está o porto de mesmo nome.
Já estão previstos também mais dois lançamentos em 2011: um em Itaboraí, sede das obras do Comperj (refinaria e polo petroquímico), e outro em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense -onde o empresário Eike Batista vai construir uma unidade de processamento de petróleo e um porto.
Segundo Cyro Fidalgo, presidente da NEP, serão erguidos hotéis em Angra dos Reis (sede de estaleiro e terminal da Petrobras) e Macaé (principal base da empresa).
"Identificamos o potencial das cidades da rota do petróleo, onde há uma carência muito grande de hotelaria de qualidade voltada para o turismo de negócios."
Os hotéis serão administrados pela Atlântica Hotels Internacional e terão bandeiras internacionais, como Supreme, Confort e Go Inn.
Outras bandeiras têm se instalado no Estado, como a Ibis, que constrói dois hotéis em Itaguaí.

Corte... O segmento de cama, mesa e banho fechou 2010 com crescimento de 11,5% em suas vendas na região da rua 25 de Março, em São Paulo, na comparação com o ano anterior, segundo o Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de São Paulo.

...e costura A base de comparação mais baixa do ano de 2009, afetado pela crise, contribuiu para o resultado.

PAGAMENTO SEM BANCO
A importância do celular será ainda maior no que depender da MJV Tecnologia e Inovação.
A empresa criou uma ferramenta com a qual é possível comprar produtos sem intermediação de bancos ou companhias de cartão de crédito.
"É uma grande oportunidade para as pessoas que não têm conta bancária se inserirem na economia", diz Maurício Vianna, sócio-diretor da empresa.
Até o momento, a MJV disponibilizou a ferramenta para os clientes do grupo Megamedia, que podem ter acesso a todos os vídeos e arquivos caso tenham crédito de R$ 4,99.
No caso dos celulares pós-pagos, o valor é debitado na conta.
O serviço está disponível para usuários das operadoras Claro, TIM e Vivo. Dentro de um mês, também deve ser anunciada uma parceria com a Oi.
A ideia surgiu de sistemas semelhantes usados no continente europeu e nos Estados Unidos.

CACHORRO-QUENTE NO NORDESTE
A rede Doggis, empresa especializada em hot dogs do grupo chileno GED, expande a sua atuação no Brasil. A companhia acaba de inaugurar a primeira loja no Nordeste, em João Pessoa (PB).
Com um ano e meio de operação no país, a marca possui cinco lojas no Rio de Janeiro, uma em São Paulo e outra em Manaus.
"Começamos com quatro lojas próprias no Rio e, há quatro meses, iniciamos o processo de franquias pelo país", diz Flávio Maia, diretor da rede Doggis no Brasil.
Neste mês, mais dois pontos de venda serão abertos no Rio. Ainda no primeiro trimestre, o Nordeste irá receber mais duas lojas, agora em Recife e em Salvador.
"O consumo cresce bastante no Nordeste, e a demanda por franquias na região acompanha essa evolução", diz Maia.
Ao todo, a empresa projeta para 2011 a abertura de 20 lojas, que receberão investimentos de cerca de R$ 6 milhões.
No Chile, a rede tem mais de 150 pontos de venda espalhados pelo país.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Nova Passione
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 04/01/11


Totó não morreu. E vai amar de novo. Tony Ramos foi visto de braços dados com uma sorridente Patrícia Pillar.

A atriz entra na novela Passione, que termina dia 14, para ajudar Totó a dar uma lição final na vilã Clara (Mariana Ximenes). As cenas foram rodadas na Itália em sigilo (quase) total.

Mantido

Apesar de ter se cercado com um staff de mulheres, Dilma escolheu um homem para cuidar de sua saúde no Planalto.

O médico da Presidência, que a acompanhará também nas viagens, será o mesmo de Lula: Cleber Ferreira.

Óleo e vinho

Quem participou da maratona de posses de ministros no domingo, em Brasília, reparou no contraste entre as cerimônias do Itamaraty e da Casa Civil.

Enquanto a primeira ofereceu uísque, champanhe e diversos canapés, a segunda, só café morno e água. Sem gelo.

Sem ressaca

A bancada do PT na Câmara dos Deputados não teve tempo de curar a ressaca do ano novo e do coquetel da posse de Dilma.

Anteontem, pontualmente às 9 da manhã, estavam todos reunidos para reavaliar a estratégia da eleição de Marco Maia (PT-RS) para a presidência da Casa. Arlindo Chinaglia e João Paulo Cunha foram escalados para fazer o meio campo com a bancada dos "magoados".

Maratona

José de Abreu, aquele ator global que esteve na lista de ministeriáveis da Cultura e apareceu de papagaio de pirata na posse de Dilma, passou o fim de semana em Brasília.

Correu contra o relógio para estar em todas as posses de ministros, apesar da forte dor de garganta devido à chuva no DF.

Hermanos

Héctor Timerman mostrou que a rivalidade entre brasileiros e argentinos fica mesmo só no campo de futebol.

O chanceler, primeira autoridade estrangeira recebida por Antonio Patriota, mudou a foto de seu perfil no Twitter para outra abraçado com Lula.

Bons fluidos

Marina Silva não se limitou a falar em público. Colocou também no Facebook que a hora do compromisso é agora. "A Dilma Rousseff, meus votos de sucesso."

Decoração

Dilma aceitou sugestão da curadoria do Planalto e usará mobiliário modernista em seu gabinete, com peças de Sergio Rodrigues e Ana Maria Niemeyer.

Lula, em seus dois mandatos, despachou em ambiente "getulista", com móveis vindos do Palácio do Catete.

Mais um capítulo

Até ontem o STF ainda não tinha recebido do Ministério da Justiça a decisão de Lula pela não extradição de Cesare Battisti.

Assim que chegar, o processo irá direto para as mão do ministro Gilmar Mendes, que submeterá o documento para nova análise dos demais membros da Corte.

À casa torna?

Mauro Arce, que era cotado para a pasta de Energia e ficou fora do rateio das secretarias de Alckmin, foi convidado para assumir a Cesp - estatal onde construiu sua carreira. Ainda não disse se aceita.

Central

Alckmin bateu o martelo. A Secretaria de Economia e Planejamento mudará dos Jardins para o centro da capital.

Chapéu alheio

Faltou caneta para Alberto Goldman assinar seu último decreto. Na tentativa de ajudar, Kassab pegou emprestada uma do chefe de seu cerimonial. O ex-governador usou, mas não devolveu.

Agora o rapaz terá que explicar em casa onde foi parar sua Montblanc, presente de casamento que ganhou da mulher.

Depois de amanhã

Hélio Costa, que não foi lembrado por Dilma na escalação de seu governo, recebeu dois convites para 2011. Um para voltar à TV e outro para trabalhar em empresa de telecomunicações.

Ainda não decidiu, mas calcula: "Prometi a mim mesmo que só depois de um ano da minha saída do Ministério das Comunicações poderia ir para a iniciativa privada. O prazo vence em março".

Pretinho básico

Michelle Rodriguez, que interpreta Ana Lucia no seriado Lost, passou o réveillon no Rio.

Só errou no figurino. Como uma gringa que não entende os códigos daqui, escolheu passar a virada de preto. Da cabeça aos pés.