segunda-feira, janeiro 11, 2010

PARA HIHIHI

NEURÔNIO MASCULINO

No cérebro de um homem estava um neurônio sozinho. Um dia, um outro neurônio passa por ele meio apressado.
O neurônio solitário diz:
- Olá! Tudo bem? Como vai? Prazer em
vê-lo! Vamos conversar?
O neurônio que estava de passagem pelo
cérebro estranha a hospitalidade e responde:
- Oi, companheiro! Posso saber o motivo de tanta felicidade ao me ver?
- Quer saber? Você é o primeiro neurônio que vejo passar por aqui depois de décadas... Estou sozinho há tanto tempo aqui nesse cérebro...
- Mas, espera aí... há quanto tempo você
está aqui solitário?
- Bem... desde sempre estive aqui...
- Cara, o que é que você tá fazendo aqui ??
Desce pro pinto!! Tá todo mundo lá!!

ENVIADA POR CLEIDE

LULA O ESGOTO DO BRASIL


AS MENTIRAS DO ESGOTO DO BRASIL:

Lula critica política de FHC para álcool

Na Jamaica, ele diz que governo anterior foi "insensível" à retomada da produção.
Entusiasmado, presidente propagandeou a cachaça brasileira a empresários jamaicanos.
(A MENTIRA)


Lula: acordo sobre etanol foi "passo extraordinário" (A MENTIRA)


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu a taxação do petróleo para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Durante o lançamento do relatório do IDH, que teve como tema o combate às mudanças climáticas, Lula queixou-se da diferença de tratamento entre o etanol exportado pelo Brasil - com altas taxas de importação - e o petróleo.(ANTES DO PRÉ-SAL)
REDUÇÃO NA MISTURA DO ÁLCOOL À GASOLINA (A REALIDADE)

PREÇO EM NATAL 2,09 (A REALIDADE)

PARA OCUPAR A MÍDIA, EM 2007, O ESGOTO DO BRASIL, PROMETIA QUE O ETANOL DO BRASIL ABASTECERIA TODO O PLANETA (sempre falando bosta)

A REALIDADE: FALTA ÁLCOOL NO BRAZIL ZIL ZIL

RICARDO BOECHAT

O homem do campo

REVISTA ISTO É


Valmir Campelo de Bezerra é quem fiscalizará no Tribunal de Contas da União os gastos públicos relativos à Copa de 2014 no Brasil. Ministro mais antigo na corte, foi escolhido por unanimidade. Ele é fã de futebol. Quando administrador regional do Gama, cidade-satélite de Brasília, de 1974 a 1981, criou um estádio para o clube local, batizado pela população de Bezerrão.

MPB
Velho vício

Desconfia-se que as quedas constantes de vendas de CDs, afetando os resultados das gravadoras, sepultaram no Brasil o jabá – dinheiro pago ilegalmente às rádios para que toquem certas músicas. Experiente empresário do show biz, Manoel Poladian garante que não. Artistas, em especial dos gêneros sertanejo e pagode, passaram a oferecer shows de graça às emissoras. Algumas exibições, vendidas na praça, reforçam até o caixa das rádios.

Judiciário
Na telinha

Depois da TV Justiça, o STF colocará no ar uma nova emissora: . Jus. O carro-chefe da programação será o programa “Saber Direito”, com orientações aos telespectadores sobre como agir para reivindicar algo na Justiça. Aulas e sessões dos tribunais terão também destaque nas transmissões, em sinal aberto. Brasília (canal 52) e São Paulo (canal 56) conhecerão a novidade já em fevereiro.

Política
De fora

Revelação do ministro Marcio Fortes, das Cidades, numa conversa na quarta-feira 6, no Aeroporto de Brasília: “Vou permanecer no cargo até dezembro, se o presidente Lula quiser.” O único representante do PP no governo não entrará na disputa por uma cadeira de deputado federal nas eleições de outubro, apesar do forte envolvimento de sua pasta com as obras do PAC.

Refrigerantes
Consumo infantil

Associações de fabricantes de bebidas não alcoólicas de vários países vão se reunir em abril, no Rio de Janeiro. De 14 a 16, empresários buscarão harmonizar as regras da publicidade de refrigerantes ­destinados a crianças.

Tecnologia
Rapidez

E por falar em mídia, os clientes do Banco do Brasil passarão a acessar dados de suas contas por sinal digital de tevê aberta. O lançamento será feito até o Carnaval. A solução permite ainda realizar algumas transações, como transferências e pagamentos.

Esporte
Para subir

A Confederação Brasileira de Atletismo vai contratar mais treinadores estrangeiros para melhorar a capacitação de nossos esportistas, de olho em melhores resultados nas Olimpíadas de 2012 (Londres) e 2016 (Rio). Doze profissionais estão acertados. A entidade mira ainda na repatriação de técnicos brasileiros. Com Luis Carlos Oliveira está tudo ok. A conversa nesse início de ano é com Carlos Alberto Cavaleiro, que trabalha há anos no Qatar.

egurança Pública
Contra o silêncio

A OEA recebeu um apelo da ONU. Foi chamada a sensibilizar 34 países das Américas para que enviem às Nações Unidas informações sobre crime e violência. Os dados servem para avaliar as políticas de segurança pública no mundo. O Brasil é um dos que estão em débito: desde 1994 não manda essas estatísticas. A omissão será debatida num encontro em Buenos Aires, de 10 a 12 de fevereiro, promovido pelas organizações.

Futebol
Xerife do Mundial

Gente graúda que circula dentro e fora dos corredores da CBF comenta que o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, pode vir a cuidar da segurança da Copa no Brasil, em 2014. O convite de Ricardo Teixeira lhe permitiria ficar na PF até o fim do governo Lula.

Hemoderivados
Na mosca

O governo estuda acionar na Justiça o Laboratório Francês de Biotecnologia, que desistiu agora em dezembro de processar o plasma brasileiro no Exterior. Saiu após não obter reajuste da ordem de 50% no contrato com o Ministério da Saúde. Octofarma e Meizsler, derrotados na licitação, anteviram que o LFB não seguraria os US$ 168 cotados por litro de plasma processado. Uma nova concorrência levará meses.

Energia
Como fica

Lula manterá na íntegra o projeto aprovado no Congresso instituindo a tarifa social de energia elétrica. Serão três as faixas de desconto: quem gasta menos de 30 kWh a cada 30 dias terá desconto de 65%. Entre 31 kWh e 100 kWh, por mês, o abatimento será de 40%. De 101 kWh a 220 kWh, 10% de incentivo. Para receber o benefício, a renda mensal da família tem que ser inferior a meio salário mínimo.

Política
Meta

Para tucanos paulistas, Geraldo Alckmin tem dito que Aécio Neves desistiu de sua pré-candidatura à Presidência da República para realizar um sonho pessoal: ser o político brasileiro eleito com o maior número de votos numa disputa para o Senado. O título hoje está nas mãos de Aloizio Mercadante.

Estrangeiros
Quase uma ONU

O Brasil continua sendo um país que atrai pessoas de todos os lugares. Prova recente disso foi a anistia que o governo acabou de oferecer. Imigrantes de 133 países correram à Polícia Federal. Há dados curiosos nos registros. Como, por exemplo, o fato de 90% dos senegaleses terem se cadastrado no Rio Grande do Sul.

Loteria
Queda de braço

Não acabou a disputa pelo mercado de loterias no Rio de Janeiro. Responsável pela venda das Raspadinhas da Loterj, a Hebara está notificando judicialmente a Caixa Econômica Federal, a quem acusa de lançar um bilhete instantâneo (“É do Rio”) idêntico ao que comercializa. A empresa carioca fala em “concorrência desleal e infração de marca, com intenção de induzir o consumidor
a equívocos”. A briga promete.

Cultura
No prelo

As cartas que Carlos Drummond de Andrade e Hermínio Bello de Carvalho trocaram durante anos vão virar tema de livro. A obra será publicada em março, quando o poeta, produtor musical e compositor completa 75 anos. As correspondências foram encontradas casualmente nos arquivos da Fundação Casa de Rui Barbosa.

MURILO RAMOS

Voos turbulentos

REVISTA ÉPOCA


Documento revela que militares preferem comprar um avião, mas Lula já declarou opção por outro


Confirmou-se na semana passada que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva possui uma razoável capacidade de criar problemas sem necessidade. Na cerimônia do 7 de setembro de 2009, a Aeronáutica foi surpreendida pela revelação de que Lula havia aberto negociações diretas com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, para adquirir 36 caças Rafale da empresa Dassault. Como outras duas empresas disputavam a mesma licitação, a sueca SAAB, que faz o avião Gripen, e a Boeing, que oferece o F-18, a descoberta criou um constrangimento supersônico entre os concorrentes, até porque a preferência francesa foi confirmada pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim.

O problema é que Lula não foi apenas indiscreto e atropelou um debate que até então ocorria em ambiente de indispensável segredo. Descobriu-se também que, conforme a análise militar, o melhor avião era outro, o Gripen. A segunda opção era o F-18. Já o escolhido pelo governo fora rebaixado para um modesto terceiro lugar. Descobriu-se a divergência na semana passada, quando a Folha de S.Paulo publicou um relatório técnico da Força Aérea Brasileira (FAB) revelando a escolha da caserna. Na condição de comandante em chefe das Forças Armadas, Lula terá a palavra final na decisão. Mas qualquer que seja sua opção, criou-se um impasse. Se não escolher o Gripen, será acusado de atropelar critérios técnicos. Se escolher o sueco, vai parecer um recuo.

Depois disso, a FAB fez novo relatório. Na nova versão, evita-se estabelecer uma classificação entre os concorrentes. Esse detalhe faz muita diferença. Um documento sem vencedores explícitos deixa o governo de mãos livres para escolher o avião que achar melhor. Depois da divulgação de um documento no qual havia um vitorioso, essa escolha se torna mais delicada.

Embora diferentes no desempenho, no histórico e no preço – o Rafale custa cerca de duas vezes mais que o Gripen – os três concorrentes têm vantagens e defeitos. Na verdade, o favoritismo francês tem raiz política. O governo do Brasil e o da França cultivam a tradição de manter uma diplomacia independente e até conflituosa com os Estados Unidos. Ao contrário dos EUA e da Suécia, a França apoia o pleito brasileiro de tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Sarkozy foi um excelente cabo eleitoral pelas Olimpíadas de 2016 no Rio.

O documento da FAB vazou poucos dias depois que o governo Lula decidiu avançar num projeto que discute a hipótese de abertura de arquivos da ditadura militar. A iniciativa levou os comandantes das Três Armas a assinar uma carta de demissão, apoiados por Nelson Jobim, que prometeu fazer a mesma coisa.

Ao longo de sete anos de mandato Lula não demonstrou a mais leve intenção de entrar em conflito com a caserna. Mas a equipe de governo tem dois ministros – Tarso Genro (Justiça) e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) – com opinião diferente e aproveitam toda oportunidade para tentar colocar em pauta a discussão sobre abertura de arquivos e punição de torturadores. A aversão militar a esse debate levantou a suspeita de que o vazamento do documento constrangedor sobre caças pode não ter sido simples coincidência.

GOSTOSA

SANDRA CAVALCANTI

O muro que precisa ser derrubado

O Estado de S. Paulo - 11/01/2010


Assim que assumi a Secretaria dos Serviços Sociais do governo Carlos Lacerda, nos idos de fevereiro de 1962, tomou corpo a ideia de um Plano de Habitação destinado à população mais pobre do novo Estado da Guanabara. A ideia era simples: em áreas situadas às margens de vias urbanas, onde seria fácil instalar redes de luz, água e esgoto, a Cohab, companhia de habitação que integrava a nova secretaria, construiria condomínios de casas populares. Ali seriam implantados os serviços públicos que caracterizam os centros urbanos: escola, postos de saúde e de atendimento social, áreas de recreação, locais para cultura, espaços para reuniões e igrejas, além de vias de acesso para coleta de lixo, corpo de bombeiros, polícia e ambulância. Esses condomínios se integrariam aos bairros que fossem construídos, todos eles já servidos por eficientes redes de transporte coletivo.

O alvo mais importante do plano era oferecer aos moradores das favelas uma nova condição de cidadania: passar de "favelados" a "urbanizados".

Essa questão foi a marca dos projetos que realizamos no governo de Carlos Lacerda e, depois, por meio do Banco Nacional da Habitação (BNH), em vários governos de vários Estados: nunca pensar em urbanizar a favela! Nunca! Pensar primeiro nos favelados. Ainda quando não fosse necessário retirá-los das áreas por eles ocupadas, o objetivo era torná-los cidadãos iguais aos demais. Tínhamos o objetivo de libertar o favelado do curral eleitoral urbano onde ele vivia, totalmente dependente do chefete local, que mandava em nome de políticos corruptos. Como ainda hoje!

Pelo nosso plano, quando o morador de uma favela era levado para sua nova moradia, já entrava nela como proprietário legal. Nada desses falsos papéis de posses escusas e mentirosas. Nada de garantias ilegais, como hoje. Nada disso! O contrato era simples: 15 anos para pagar a prestação mensal; conforme o imóvel, variava de 10% a 15% do salário mínimo que estivesse em vigor. Vale lembrar que o País não tinha moeda. A inflação, deixada pela aventura de Brasília e agravada pela situação mundial, já rondava os 37% ao ano. Acabou chegando perto de 84%, antes da salvação do Real, em 1994.

Os primeiros condomínios, a que demos o nome de vilas, ficavam em excelentes áreas suburbanas, servidas por trens, ônibus, ruas calçadas e iluminadas. Infelizmente, qualquer possibilidade de privilegiar o instituto da propriedade privada significava, para a esquerda tupiniquim, uma verdadeira desgraça ideológica.

Mesmo assim, posto em prática, em três anos de pacífica organização, o governo de Carlos Lacerda conseguiu um resultado fantástico. Até hoje me comove a lembrança de vários chefes de família, com os olhos cheios de lágrimas, recebendo a escritura das casas que iam começar a comprar. Tanto o plano da Cohab da Guanabara como, depois, o das cooperativas do BNH, todos ofereceram a milhares de famílias, retiradas de áreas faveladas, a oportunidade de passarem a viver os direitos e os deveres da verdadeira cidadania, sob o império da lei. Em nível de igualdade social, como qualquer outro habitante do Rio. Com as mesmas responsabilidades, as mesmas conquistas urbanas, sanitárias, sociais e culturais.

Por causa disso, claro, tivemos de enfrentar uma guerra incessante. Nem a esquerda fanática, nem os exploradores dos currais eleitorais engoliram os fatos. A aliança política maldita que, para azar nosso, continua a mandar no Brasil, populistas de direita conluiados aos de esquerda, barra até hoje esses projetos. Retirar favelados instalados nas margens infectas de lamaçais, rios e lagoas, ou pendurados perigosamente em encostas traiçoeiramente frágeis, ou em devastadas colinas das serras da mata atlântica, nem pensar! Falar nisso virou tabu.

Para impedir esse projeto foi erguido um muro de burrice preconceituosa, formado pelos mais conhecidos líderes do atraso. A esquerda clerical. Os despreparados líderes universitários do Rio, de Minas e de São Paulo. Os famosos gênios "urbanistas" que projetaram Brasília e a Barra da Tijuca sem rede de esgotos, de água e de transporte coletivo. Os bem-aventurados arquitetos donos até hoje da "reserva de mercado dos projetos da capital", que nem banheiros para as damas souberam incluir nas dependências do plenário do Congresso. Esse é o muro!

Enquanto isso, as metrópoles foram inchando. E os favelados, chegando. E todos continuando favelados. Nunca foram urbanizados. No Rio, na "era Brizola", sem apoio legal algum, foi permitida a construção dos barracos de alvenaria. As autoridades foram impedidas de entrar nas favelas para exigir o cumprimento das leis municipais e estaduais sobre edificação. O exemplo do caudilho gaúcho foi imitado em outras cidades, para azar delas. E os recursos municipais e estaduais oriundos dos corretos pagadores de impostos foram sendo desviados para obras tipicamente eleitoreiras.

Daí por diante, as favelas passaram a ser as cidadelas ideais para sediar o crime organizado, principalmente o tráfico de drogas. O dinheiro e o medo mandam nas eleições. E reina a lei do silêncio.

Os moradores das áreas de risco sabem que a qualquer momento, nas chuvas torrenciais do fim do verão, podem ser soterrados por avalanches ou pela queda dos prédios irregulares, ilegais e mal construídos, sem nenhuma possibilidade de resistirem a uma tromba-d"água. Retirá-los de lá é considerado um ato desumano.

Os coronéis são outros. As posturas municipais não existem. Mas há sempre um "dono"... Assim que a lama secar, assim que as dificuldades forem vencidas, o muro da burrice preconceituosa vai continuar. Ninguém impedirá que outros se instalem ilegalmente em áreas de risco ou de edificação proibida. Menos ainda alguém oferecerá uma saída legal para os encurralados... Esse muro não será derrubado.

Sandra Cavalcanti, professora, jornalista, foi deputada federal constituinte, fundou e presidiu o BNH no governo Castelo Branco

PAULO GUEDES

Especulações sobre a morte do euro

O Globo - 11/01/2010


As viúvas do dólar não se conformam com as perdas patrimoniais sofridas ao longo dos últimos anos pela queda persistente de sua cotação nos mercados de moedas.

Mas agora, nos meses recentes, as expectativas de recuperação da economia americana interromperam o choro das carpideiras, elevando simultaneamente a bolsa, a taxa de juros de longo prazo e o valor da moeda americana.

A moeda continental europeia vinha conquistando gradualmente a preferência dos comerciantes, dos investidores, das empresas transnacionais e até dos bancos centrais. Surgia como a nova moeda forte da economia mundial. Mas a vulnerabilidade econômica de alguns países integrantes da área do euro, como os PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha), tem provocado ceticismo quanto ao futuro da moeda. Corre até mesmo entre os financistas uma suposta e terrível profecia de Milton Friedman, Prêmio Nobel de Economia: a morte do euro, que não resistiria à sua primeira crise.

Friedman era cético quanto a construções artificiais politicamente motivadas, como a nova moeda europeia. Como um especialista em assuntos monetários, clássico defensor da flutuação cambial, tinha preferência por taxas flexíveis entre os países europeus.

Mas Robert Mundell, o formulador intelectual do euro, também Prêmio Nobel e ainda mais especializado do que Friedman em assuntos monetários internacionais, garantia que estavam atendidas na Europa as condições técnicas para a formação de uma “optimum currency area”, uma região econômica para a qual seria conveniente a adoção de uma moeda única. A motivação do euro seria de fato política, mas teria bons fundamentos econômicos.

Imagine que Pernambuco, Ceará, Paraíba e Sergipe fossem países em um continente (o Brasil), como estão os PIGS na Europa. A Paraíba (Grécia) estaria melhor se flutuasse sua própria moeda em um momento de crise? Não seriam astronômicas as taxas de juros nessa moeda? A mobilidade de recursos produtivos é crítica para o bom funcionamento de uma moeda única.

A migração da mão de obra de áreas economicamente deprimidas para áreas de crescimento é um ajuste natural. Assim, ocorreram no passado as correntes migratórias do Nordeste para São Paulo.

Mas como assistir politicamente a uma migração em massa se, em vez de entre estados, ocorresse entre nações? Poderia a Grécia suportar, como suportaram os estados nordestinos, a verdade econômica nua e crua imposta pela moeda comum? Como assistir politicamente ao esvaziamento demográfico e econômico de nações inteiras? Esse é o ônus político, um efeito bumerangue, da motivação política por trás da criação do euro. Mas o problema é muito mais da Grécia do que propriamente do euro, moeda de emissão moderada quando comparada à diarreia monetária do Federal Reserve. São portanto prematuros tanto o anúncio da ressurreição do dólar quanto as especulações sobre a morte do euro.

GOSTOSA

NATHAN BLANCHE

Fundo Soberano tropicalizado

O Estado de S. Paulo - 11/01/2010


Entre o início de 2003 e novembro de 2009, o real apreciou-se 49,8% em relação ao dólar e a inflação acumulada medida pelo IPCA atingiu 38%. Sem dúvida, o câmbio foi fator relevante para manter a inflação dentro das metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Para 2010, este cenário deve mudar, uma vez que projetamos estabilidade para a taxa de câmbio em termos nominais na comparação entre dezembro de 2009 e dezembro deste ano, ainda que o câmbio deva atingir níveis superiores durante o período eleitoral. Embora a inflação não seja um problema, os riscos estão cada vez maiores, tendo em vista o expressivo aumento da demanda pública e as ideias criativas para que o Tesouro intervenha no mercado de câmbio via Fundo Soberano. O resultado já conhecemos: juros mais altos e menor crescimento.

A economia deve crescer 5,2% neste ano, mas, mesmo com essa expansão, a inflação deve permanecer dentro da meta estabelecida (4,5%) por causa basicamente de três fatores. O primeiro deles é a ociosidade na capacidade de oferta, principalmente no setor industrial, de cerca de 4 pontos porcentuais (o nível de utilização da capacidade instalada, que era de 84% antes da crise, está em torno de 80,5%).

O segundo são as importações que devem crescer 25% neste ano, ajudando a complementar a oferta doméstica, e com reduzida pressão nos preços, dada a elevada capacidade ociosa também na economia mundial. Chama a atenção o fato de que 50% de nossas importações são compostas por insumos e componentes.

E o terceiro fator é a inflação inercial bastante moderada vinda de 2009, que também contribuirá para que a inflação fique dentro da meta.

O reflexo direto desse crescimento expressivo da economia ocorrerá sobre o saldo em transações correntes. Haverá uma piora substantiva do déficit em conta corrente, que deve passar de 1,1% do PIB para cerca de 1,8% do PIB neste ano. O saldo da balança comercial, que chegou a US$ 24,6 bilhões em 2009, deve atingir US$ 20 bilhões. Consequentemente, o déficit em transações correntes será elevado de cerca de US$ 19 bilhões para US$ 35 bilhões. Essa piora nas contas externas tem como principal fator o aumento das demandas pública e privada da ordem de 5,1% e 5,2%, respectivamente, que resultará na expansão da economia estimada em 5,2%.

A despeito do maior déficit em transações correntes, da volatilidade eleitoral e da apreciação do dólar em relação a uma cesta de moedas já apontada pelos mercados futuros para este ano, o saldo negativo em conta corrente deve ser financiado sem maiores problemas.

As rubricas investimento direto estrangeiro, investimentos nos mercados de renda fixa e renda variável e empréstimos e financiamentos devem ser as principais responsáveis pela entrada de dólares no País neste ano, ainda que seja considerada uma possibilidade de saídas temporárias de dólares no auge do período eleitoral.

Esse cenário positivo para este ano, entretanto, vem acompanhado de riscos cada vez maiores. O primeiro diz respeito ao não financiamento do déficit em transações correntes decorrente de um crescimento da economia acima do potencial, alimentado por gastos públicos. Um aumento da percepção de risco em relação ao Brasil, reflexo de uma contínua deterioração das contas públicas, dificultaria a captação da poupança externa, gerando depreciação do câmbio, mais inflação, mais juros e, portanto, menor crescimento.

O segundo deles diz respeito à atuação do Tesouro no mercado de câmbio, por meio do Fundo Soberano do Brasil. O Decreto nº 7.055/09, que regulamenta o Fundo Soberano do Brasil, abre brechas para a atuação paralela do Tesouro no mercado de câmbio, o que embute riscos e instabilidade em relação ao atual modelo de política econômica baseado no sistema de metas de inflação. Ou, ainda, há o risco da ambiguidade em relação aos fundamentos da política macroeconômica conduzida pelo Banco Central (regime de metas de inflação), já que teríamos um novo agente atuando diretamente na formulação de política econômica, mas com foco no câmbio.

Além disso, tal regulamentação explicita a falta de entendimento do governo sobre o conceito de Fundo Soberano, como adotado nos demais países, em que os recursos servem como reserva para agir contra a volatilidade e não para intervir, simplesmente, no mercado de câmbio. Inclusive, há uma agravante na regulamentação, que é a possibilidade de o Tesouro emitir títulos de dívida para levantar recursos para compor esse fundo para atuar no mercado de câmbio.

Diante disso, a principal mensagem é que não há milagre. A taxa de câmbio daqui para a frente não deve incorrer em apreciação expressiva, como no passado, contribuindo para segurar a inflação em níveis compatíveis com a meta, seja porque estamos caminhando para períodos de déficit em transações correntes maiores, seja porque o dólar deve voltar a se apreciar em relação a uma cesta de moedas, e finalmente porque as incertezas em relação ao câmbio devem aumentar a partir do momento em que o Tesouro começar a atuar no mercado de câmbio.

Para evitar que os riscos se materializem, especialmente a partir de 2011, o novo governo terá de arregaçar as mangas e trabalhar inicialmente aumentando o superávit primário para níveis observados no primeiro mandato do governo Lula (em torno 4% do PIB), para conter a expansão da demanda e, consequentemente, a pressão sobre os preços. E, ainda, deixar o câmbio nas mãos do Banco Central para evitar incertezas em relação à atuação no mercado de câmbio e, mais do que isso, um aumento expressivo da dívida pública, dado que o Tesouro pode emitir para aumentar o colchão do Fundo Soberano. Caso as medidas não sejam tomadas, o resultado será: mais juros e menor crescimento.

Nathan Blanche é sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada

RUY CASTRO

O Brasil no chão

FOLHA DE SÃO PAULO - 11/01/1
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RIO DE JANEIRO - Em 2001, a cidade de Goiás (GO) encomendou ao pintor carioca Leonel Brayner, um dos últimos praticantes do realismo, uma série de quadros reproduzindo seu fabuloso casario colonial. Em setembro daquele ano, deu-se uma exposição de 18 telas no principal museu local, eternizando a memória visual de Goiás.
Três meses depois, no dia 31 de dezembro, 15 horas de chuva fizeram transbordar o rio que corta a cidade, recém-reconhecida pela Unesco como patrimônio da humanidade. A enchente danificou todas as casas da parte baixa, inclusive a da poeta Cora Coralina. O desastre só não foi irreversível porque, graças à conservação das plantas originais das casas e, possivelmente, aos quadros de Leonel -que capturaram o espírito de Goiás de uma forma que a fotografia não seria capaz-, tudo pôde ser reconstruído nos anos seguintes. Foi sorte, mas já tinha havido previdência.
A paulista São Luiz do Paraitinga, também vítima de enchente no último dia 31, pode não ter sido bafejada pela mesma sorte. A força da água reduziu a entulho cerca de 300 prédios de sua área histórica e desabrigou quase toda a população. É o Brasil de barro, tijolo e madeira que vai ao chão.
O Brasil que desaba sob os deslizamentos de terra e inundações em Angra dos Reis, na Ilha Grande e na Baixada Fluminense (RJ), em bairros de São Paulo e, agora, no Rio Grande do Sul, é de ferro, aço e concreto armado. Mas seus filhos morrem do mesmo jeito, vítimas da ambição e da fúria especuladora e expansionista de governantes e empreiteiros.
Quisera o Brasil que, a exemplo de Goiás, fúria equivalente, só que voltada para a previdência e preservação, se manifestasse em cidades como Paraty (RJ), Ouro Preto (MG) e outras, antes que o pior aconteça como em São Luiz do Paraitinga.

FUTURO

GEORGE VIDOR

Olhar de 'garçon'

O GLOBO - 11/01/10


Os economistas brasileiros não estão dando muita bola para 2010. Mesmo sendo um ano de eleições gerais por aqui, não há previsões de tempestades pelo caminho. A grande maioria aposta em um quadro de saudável crescimento, inflação controlada e mercados razoavelmente comportados. O foco das atenções passou a ser 2011, quando se espera mudanças nesse cenário.

Para que o país não se depare com uma situação de forte de desequilíbrio, no ano que vem o novo governo teria de voltar a segurar despesas. E o Banco Central, preventivamente, já em 2010, começaria a elevar as taxas básicas de juros, onerando novamente o crédito para desestimular a procura excessiva por bens e serviços.

De maneira geral, os economistas estão otimistas quanto à trajetória dos investimentos no país, mas, ainda que haja uma significativa recuperação nessas inversões, eles dizem que não serão suficientes para expandir a capacidade da produção industrial no ritmo desejado, a ponto de atender a demanda latente de curto prazo no mercado interno, garantindo, simultaneamente, excedentes para exportação.

Nesse caso, uma parte dessa demanda teria de ser postergada até que os investimentos para ampliação da oferta maturem.

Na prática, a economia nem sempre se comporta como as simulações feitas pelos economistas em seus computadores. A hipótese de uma demanda explosiva por bens de consumo não considera, por exemplo, fatores novos na economia brasileira, como um comprometimento crescente da renda das famílias no pagamento de prestações para a compra da casa própria.

Os dados mais recentes da produção industrial, levantados pelo IBGE, mostram certa acomodação dos bens de consumo duráveis e uma aceleração na fabricação de máquinas e equipamentos, o que é um bom sinal.

Em alguns momentos, economistas podem ter um olhar semelhante ao de garçons em restaurantes ou bares lotados. É um olhar oblíquo, que passa por cima de você, e só enxerga bem mais adiante.

Um quarto da população brasileira se beneficia de algum tipo de plano de saúde.

Na Região Sudeste, onde mais de 90% da população vivem em cidades, os planos atendem a um terço dos habitantes. Somente na Região Metropolitana de São Paulo há quase dez milhões de beneficiários (na média do estado, o percentual é da ordem de 40%). O Estado do Rio de Janeiro vem em segundo lugar, com um terço da população atendida por planos de saúde. Em Minas, essa proporção é de 20%.

Os mais baixos percentuais de cobertura estão nas regiões Norte e Nordeste, também as que têm mais população fora das cidades (aproximadamente 30% das pessoas). Em Tocantins, apenas 3,2% dos habitantes têm plano de saúde; em Roraima, 2,2%; e no Amapá, 5,2%.

Mas nesses três estados o número de pessoas atendidas pelos planos cresce em ritmo veloz, bem acima das demais unidades federativas.

No Nordeste, o Maranhão é o estado com menor índice de cobertura por planos de saúde (3,8% da população).

As análises sobre os impactos iniciais da grave crise financeira internacional sobre o Brasil subestimaram o papel das exportações na economia do país. O peso do comércio exterior no Produto Interno Bruto brasileiro é sem dúvida muito inferior ao da demanda doméstica, mas exportações e importações têm um efeito multiplicador incrível, especialmente no caso da indústria.

Estudo recente dos pesquisadores do BNDES Fernando Pimentel Puga e Marcelo Machado Nascimento mostra que a queda nas exportações foi responsável por mais da metade da retração da indústria brasileira nos seis meses que se seguiram ao agravamento da crise, em setembro de 2008. Tal efeito ainda podia ser percebido no fim do terceiro trimestre do ano passado: enquanto a quantidade exportada pelo país havia caído 17% (em comparação ao terceiro trimestre de 2008), a produção física da indústria continuava amargando uma queda de 10% no período.

Para avaliar esse impacto negativo, os dois pesquisadores calcularam o efetivo impacto das exportações sobre vários segmentos da indústria, considerando também as vendas intermediárias de componentes inseridos em bens finais exportados.

Exemplo, o aço contido nos automóveis vendidos ao exterior.

Por esse conceito de “coeficiente de exportação ampliado”, o impacto das vendas externas sobre a indústria em geral aumenta de 19,3% para 32,6% da produção. No caso de petróleo e combustíveis, esse impacto salta de 23,4% para 54%! O estudo confirma o que se observou na prática desde setembro de 2008.

Os insumos básicos industriais são mais expostos à demanda internacional (37,2%) que os bens finais (26,2%). Surpreendentemente, a metalurgia depende mais das exportações (47,6%) que o setor de couro e calçados (44,9%), sempre visto como um segmento voltado para o comércio exterior.

Também diferentemente do que vem sendo dito, a trajetória da indústria brasileira em 2010 dependerá muito do que acontecerá no mercado internacional.

O estudo completo dos dois pesquisadores será em breve inserido no portal do BNDES, na internet, na seção intitulada Visões do Desenvolvimento. Poderá ser identificado pelo número 66.

NAS ENTRELINHAS

Fala, Dilma!


Denise Rothenburg
Correio Braziliense - 11/01/2010

É chegada a hora de a ministra da Casa Civil discorrer com mais segurança sobre os temas nacionais. Dizer, nesta primeira semana de trabalho do ano eleitoral, o que deve ser feito com o decreto dos direitos humanos é um bom começo


Na primavera de 2009, quando a candidatura de Marina Silva surgiu no horizonte da sucessão presidencial, um petista comentou com ares de preocupação: “Marina é inteligente, cresce num palanque e tem sensibilidade para tratar dos mais variados temas. Se não tomarmos cuidado, ela vai abocanhar parte da nossa base, inclusive o MST”.

A frase foi dita durante um jantar desses que reúne jornalistas e políticos com a promessa de que o que for dito ali poderá ser usado apenas no futuro, para não “entregar a fonte”. Passou quase que despercebida, num momento em que havia outros temas mais relevantes, como o pré-sal.

Agora, à luz do decreto sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos e das conversas que Marina Silva tem tido silenciosamente por alguns estados, certas preocupações começam a fazer mais sentido do que naquele tempo primaveril, dos ipês brancos floridos de Brasília.

O decreto que criou tanta celeuma nos últimos dias e — ao lado da polêmica dos caças suecos versus franceses — promete esquentar os tamborins desse período pré-carnavalesco chega num momento em que Marina Silva conquista antigos aliados do PT.

Todos sabem que, numa corrida eleitoral, conta pontos não só buscar novos aliados, como Lula tem feito com o empresariado paulista. Às vezes, vale mais evitar que aqueles amigos de longa data busquem novas paragens. Nesse sentido, não foram poucos os representantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), que, num encontro com Marina, se mostraram entusiasmados com a candidatura presidencial da ex-ministra do meio ambiente.

Pode ser mera coincidência e ninguém está livre disso. Mas é fato que conversas de Marina com o MST e — por tabela, as notícias publicadas nos jornais de que a candidatura dela racharia a base do Movimento — ocorreram justamente num momento em que o governo alinhavava o que, em dezembro, virou o decreto do PNDH assinado por Lula. E o lançamento do texto, nunca é demais lembrar, teve a figura da ministra Dilma Rousseff como grande destaque.

Por falar em Dilma, nesta segunda-feira, quando o governo volta da praia, é chegada a hora de a ministra da Casa Civil discorrer com mais segurança sobre os temas nacionais. Dizer, nesta primeira semana de trabalho do ano eleitoral, o que deve ser feito com o decreto dos direitos humanos é um bom começo.

A ministra pode até tentar sair pela tangente, dizendo que quem cuida dos temas de governo é o presidente e coisa e tal. Ocorre que todos já sabem que ela foi escolhida por Lula para representar o governo e o PT na sucessão presidencial. Como detentora desse papel, não dá mais para se esconder atrás do presidente e aparecer como a dona da bola só no horário eleitoral gratuito. Lá, tudo é ensaiado e gravado e vai ao ar apenas quando os profissionais do marketing acham que o(a) candidato(a) está bem o suficiente para encantar o eleitor. No dia a dia presidencial, não há tempo para ficar nesses ensaios. É preciso ter jogo de cintura para improvisar e decidir com segurança.

Um tema que ela também ainda não abordou com a propriedade de uma pré-candidata foi a compra dos caças. Por coincidência, se ela voltasse ao trabalho logo na primeira semana de janeiro, teria sido atropelada pelo relatório em favor dos suecos e certamente seria perguntada sobre as divergências do governo.

No fim de semana, houve quem especulasse sobre o fato de a ministra ter prolongado as férias por mais uma semana. Oficialmente, o motivo foi a suspeita de gripe suína. Ok. Mas, nos bastidores, há quem esteja desconfiado de que ela preferiu ficar fora mais uns dias para não precisar tratar sozinha (Lula continuava em ferias) de assuntos tão desgastantes politicamente.

A gripe da ministra veio junto com a tragédia em Angra dos Reis, a polêmica dos caças e as notícias sobre o decreto do PNDH, mais uma coincidência tão grande quanto o decreto e a aproximação de Marina com o MST. Se tudo for assim mesmo, contrariando a máxima de que em política não há coincidências, 2010 começa cheio delas.

GOSTOSA

CLÁUDIO HUMBERTO

"Espero que a Casa tenha grandeza e acate essa proposta"
Deputado Ernandes Amorim (PTB-RO) que quer jatinho de R$25 mi para o Congresso

TSE: R$ 206 MILHÕES NA ELEIÇÃO DE 2010
O Tribunal Superior Eleitoral vai substituir as urnas eletrônicas, treze anos após sua implantação. Serão novos modelos com nova tecnologia à prova de fraudes: 250 mil já estão comprados, ao custo de US$ 680, cada. As oitenta mil urnas de 1998 serão descaracterizadas e recicladas ecologicamente, num processo pioneiro na administração pública. As novas máquinas de votar substituíram disquetes por pen drives.

RECONHECENDO O ELEITOR
O TSE vai testar o sistema biométrico, que utilizará impressão digital, em Colorado do Oeste (RO), Fátima do Sul (MS) e S. João Batista (SC).

HI -T EC H
O sistema biométrico exigiu 1,6 mil notebooks portáteis, câmera digital e scanner, e um mini estúdio fotográfico para provar quem é quem.

SECRETARIA DO LIXO
A secretaria de Educação do DF virou a casa da mãe Joana: os portões foram arrancados e o terreno agora é depósito de cadeiras quebradas.

O ETERNO RETORNO
O Partido Progressista garante que a família Amin voltará a reinar em Santa Catarina. A ex-prefeita Ângela lidera as pesquisas para o governo.

PROMOTOR DO DF SOFRE PRESSÃO E DEIXA POSTO
O promotor Mauro Faria de Lima, da Promotoria Militar do Ministério Público do DF, jogou a toalha após a pressão política que sofreu, até mesmo de colegas, por ter denunciado o então comandante-geral da Polícia Militar do DF, coronel Antônio Cerqueira, por peculato e desvio de dinheiro público, em maio passado. Mauro Faria é o promotor mais autuante contra a corrupção policial no DF.

NOTAS FALSAS
O MP investigou contratos da polícia com concessionárias que fazem manutenção das viaturas. Foram pagos R$ 919 mil em notas falsas.

DE TOUCA
Deputados do PT temem "operação abafa" da base governista na reabertura dos trabalhos na Câmara do DF nesta segunda (11). São 16 os processos de impeachment a serem analisados.

PARA LONGE
A pressão foi tanta que o promotor agora vai trabalhar, silenciosamente, em uma promotoria criminal na cidade do Gama, a 40 km de Brasília.

FELIZ ANO VELHO
A nova turma de PMs de Pernambuco reclama de atraso do pagamento da gratificação sobre risco de vida. Os 3100 formandos de setembro só receberão em fevereiro os atrasados de 2009.

NO SUFOCO
Servidores aposentados do governo do Rio estão em pânico com o anunciado recadastramento. Alguns, com contracheques atrasados, não foram notificados até agora nem sabem onde se recadastrar.

AVE ENIGMÁTICA
Os tucanos prometem novidades, esta semana, na corrida presidencial e ao governo de São Paulo. Garantem que descerão do muro, e a tônica da novidade da oposição será bater na tecla do "criador e da criatura".

A TAM DE SEMPRE...
A mudança do sistema operacional da TAM "pirou" o check-in pela internet. Passageiros penam para fazer a operação: mensagem na tela pede que o interessado procure o balcão da companhia.

...E SEUS PROBLEMAS . . .
O software Amadeus, usado pela Air France e outras grandes empresas aéreas internacionais, é apontado como vilão, mas a Amadeus Brasil se isenta de responsabilidade na confusão.

. . . 'PONTUAIS '
A TAM nega problemas com o software e diz que, se ocorreram, foram "pontuais". Resta ao passageiro tentar a sorte no próximo check-in na internet e rezar para que pontuais também sejam os voos.

PENSANDO BEM...
...um jatinho no Congresso é pouco, para despachar a turma ao Afeganistão.

EXONERAÇÃO
O escândalo, de repercussão nacional, terminou com a exoneração do coronel Cerqueira do comando da PMDF e com seu pedido de prisão.

ENTRE LADRÕES
O ex-senador catarinense Casildo Maldaner esperava conexão no aeroporto de Guarulhos, certa vez, e, para passar o tempo, relatou a Esperidião Amin e ao então ministro Paulo brossará a estratégia eleitoral de um pastor, candidato a prefeito de sua cidade, que diz rezar até pelos adversários:
- Dizem que o meu candidato a vice é ladrão. Mas digo a vocês, queridos, se Cristo foi crucificado entre dois ladrões, por que não posso abraçar um?
Acabou eleito.

FERNANDO RODRIGUES

Recordar é viver


Folha de S. Paulo - 11/01/2010

Apesar das excentricidades, o Programa Nacional de Direitos Humanos tem um aspecto central positivo: demandar a abertura de arquivos e buscar esclarecer o passado recente do país.
Como ensinou ontem Carlos Heitor Cony sobre a obscura ditadura militar (1964-1985), "todos temos o direito de saber como as coisas se passaram, quem fez isso e aquilo, quais as estruturas contaminadas pelo crime, como foi possível tanta e tamanha degradação".
O problema é a megalomania do PNDH. O plano propõe desde um certo controle da mídia até uma leniência indevida com certos movimentos sociais. São ideias. Para o bem e para o mal, a tradição no Brasil é mais retórica do que prática.
Como a idade e a honestidade intelectual me obrigam a lembrar o que já vi, eis a seguir dois trechos de outro PNDH mais antigo:
1) "Apoiar (...) o controle democrático das concessões de rádio e TV, regulamentar o uso dos meios de comunicação social e coibir práticas contrárias aos direitos humanos. Garantir a (...) fiscalização da programação das emissoras de rádio e televisão, com vistas a assegurar o controle social sobre os meios de comunicação e a penalizar [sic], na forma da lei, as empresas de telecomunicação que veicularem programação ou publicidade atentatória aos direitos humanos";
2) "Adotar medidas destinadas a coibir práticas de violência contra movimentos sociais que lutam pelo acesso à terra. Apoiar [a criação de uma lei que condicione a reintegração de posse] à comprovação da função social da propriedade". Essas propostas não saíram de uma mente chavista ou subperonista. São do PNDH de 13 de maio de 2002, assinado por Fernando Henrique Cardoso. Com 63 páginas, 22.947 palavras e 478 itens, tem tantas ideias polêmicas (para não dizer estapafúrdias) como o plano de Lula. Mas os tempos mudam.
Mudam então as análises.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

ANTONIO PENTEADO MENDONÇA

O ruim vai piorar


O Estado de S. Paulo - 11/01/2010

Se há um lado positivo nas tragédias de Angra dos Reis, Ilha Grande, Baixada Fluminense, Cunha, São Luiz do Paraitinga, São Paulo, grande área do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina é mostrar que as tragédias acontecem com mais freqüência do que gostaríamos, mas que nos esquecemos delas, como a mulher esquece as dores do parto.

Os deslizamentos em Angra dos Reis eram previsíveis. Basta viajar pela Rio-Santos e ver como a ocupação do solo se deu para ficar evidente que, mais dia, menos dia, um morro viria abaixo, arrastando o que estivesse no seu caminho. Já na Ilha Grande a situação é diferente e o que aconteceu não tem qualquer relação com a existência ou não das autorizações necessárias para o funcionamento da pousada, inclusive porque a devastação foi muito além dela, destruindo casas de caiçaras e outros moradores da enseada.

A vegetação nativa estava lá, e gente que conhece bem o pedaço é unânime em afirmar que os restos de velhos cafezais e as ruínas de uma antiga fazenda eram atrações para quem se hospedava na pousada e subia o morro para ver a vista. Quer dizer, há bem mais de cem anos não acontecia nenhum deslizamento na região.

Quanto às enchentes que isolaram Cunha e arrasaram São Luiz do Paraitinga, pela localização das cidades, evidentemente eram previsíveis, mas nunca na intensidade e com a violência com que as águas inundaram aquele pedaço do Vale do Paraíba. Tanto que as duas cidades estavam lá há mais de duzentos anos e só agora o patrimônio histórico de São Luiz foi destruído.

A cidade de São Paulo e grande parte de Santa Catarina sofrem com as tempestades todos os verões, desde o começo da história do Brasil. Já o Rio Grande do Sul só mais recentemente passou a experimentar os extremos do clima, com danos causados pelas secas e pelas enchentes aumentando de proporção todos os anos.

Este desenho mostra que, por mais que não gostemos, os eventos de origem climática são parte natural da vida do planeta e que, por ação ou omissão, temos poucas condições de influir neles.

De outro lado, bom senso e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Com ajuda humana ou não, as encostas brasileiras desmoronam e as chances disto acontecer aumentam quando elas ficam encharcadas.

Também não tem como evitar as enchentes em cidades como São Paulo ou parte de Santa Catarina. Como este ano a destruição atinge níveis inéditos, não há razão para imaginar que a situação deva regredir nos próximos verões. Então, é lógico que as autoridades responsáveis tomem medidas preventivas concretas, deixando o discurso de lado e partindo para a ação.

O que aconteceu em Angra e na Ilha Grande não deixa dúvidas sobre os riscos que ameaçam os bairros cotas, nas margens da via Anchieta. E as enchentes do Vale do Paraíba são um bom indicador do que pode acontecer na cidade de São Paulo, cada vez mais impermeabilizada e com as várzeas dos rios completamente ocupadas, até onde as enchentes acontecem todos os anos.

A cobertura de seguro para estes riscos é quase que impossível. Não é uma distorção brasileira. No mundo inteiro é assim e os melhores exemplos são os danos do Katrina e do terremoto que destruiu L''Áquila, na Itália, que, ao contrário do atentado de 11 de setembro, não tinham seguro para minimizar os prejuízos.

A razão para isso é a concentração do potencial de dano em áreas delimitadas com alta possibilidade de prejuízos praticamente certos. Como quem não está sujeito a estes eventos não contrata seguro para eles e aqueles que contratam quase com certeza sofrerão o sinistro, a composição do mútuo seria extremamente cara, inviabilizando a comercialização das apólices, já que é impossível a diluição das perdas dentro da atividade seguradora, por um preço ao alcance dos segurados.

Para finalizar, como o espaço entre a ação e o discurso ainda é grande, vai passar muita água e deslizar muito morro antes que a sociedade seja poupada destas tragédias pela adoção de medidas destinadas a evitá-las.

PAINEL DA FOLHA

Redução de danos

SILVIO NAVARRO
Folha de S. Paulo - 11/01/2010

Ao sentar à mesa para sua primeira reunião de coordenação do ano, hoje, o presidente Lula ouvirá de seus auxiliares a avaliação de que as novas frentes de discórdia abertas pelo terceiro Programa Nacional dos Direitos Humanos podem inviabilizar o único ponto que de fato interessava ao governo: a criação da comissão da verdade para investigar crimes de tortura durante a ditadura militar. A ideia é tentar enterrar logo a polêmica para evitar que ela seja vinculada pela oposição à futura campanha de Dilma Rousseff.
Governistas que defendem o total distanciamento de Dilma do caso admitem que o desgaste pode chegar à ministra-candidata por dois caminhos: o passado de guerrilheira e/ou o papel de "gerente" do governo.


Fagulhas. Na base aliada, o discurso é desde já tentar desassociar pontos polêmicos do texto do que serão as diretrizes da plataforma eleitoral de Dilma. Do contrário, avalia-se, seriam queimadas pontes com diversos segmentos que o Planalto tenta atrair ou, no mínimo, não contrariar.

Bombeiro. Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, ficou encarregado de dialogar com setores da Igreja que reclamaram do Programa de Direitos Humanos. A principal tarefa é "relativizar" a defesa aberta que o texto faz da descriminalização do aborto.

Lados. No PT, um dos alvos favoritos é Reinhold Stephanes (Agricultura), que veio a público para afirmar que o documento revela "preconceito com a agricultura comercial". Críticos dizem que o ministro do PMDB fala em deixar o cargo desde novembro porque sua base eleitoral, encorpada por ruralistas, tem simpatia mesmo é pela oposição.

A calhar. Em meio ao mal-estar com o agronegócio, o primeiro evento do ano de Lula, hoje, é o lançamento do "Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e Reforma Agrária".

Albergue. O PT enviou uma circular aos seus filiados recrutando interessados em hospedar em suas casas visitantes de outros países que acompanharão o Congresso da sigla, em Brasília.

Torneira 1. O governo anunciará amanhã, no mesmo evento de lançamento da segunda fase do Minha Casa, Minha Vida, destinada aos municípios com menos de 50 mil habitantes, a liberação de R$ 2 bi do Pró-Moradia para projetos de urbanização em cidades metropolitanas.

Torneira 2. O objetivo ao ampliar a lista de cidades beneficiadas é reduzir a romaria de prefeitos no início do ano em busca de verbas emergenciais para conter prejuízos causados pelas chuvas.

Embargo. O TCU determinou no final do ano a suspensão do convênio de R$ 9,1 mi entre o Incra e a Cooptrasc (Cooperativa dos Trabalhadores da Reforma Agrária de Santa Catarina). Segundo o tribunal, o diretor da entidade que fiscaliza os repasses, Lucídio Ravanello, foi presidente da cooperativa, além de ambas funcionarem no mesmo endereço em Chapecó.

Laços. Em tempo: Ravanello é dirigente do MST e coordenou invasões no Estado.

Corda. Com o vice, Leonel Pavan (PSDB), às voltas com denúncias de corrupção, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), pressiona os tucanos para que resolvam a situação até o final do mês. O peemedebista, que deixaria o cargo na semana passada, teme que o caso respingue em sua campanha ao Senado.

Distância. Luiz Henrique agendou viagem nos próximos dias à Europa para forçar que Pavan herdasse a cadeira, ainda que provisoriamente. Mas, surpreendido pela notícia, o tucano comunicou que também vai tirar férias.

Tiroteio

A escolha dos caças segue a fórmula do PT de governar: desprezo profissional, ideologia confusa e desperdício de dinheiro público.
Do deputado ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP), sobre a preferência do governo pelos caças franceses apesar do relatório da Aeronáutica ser favorável ao concorrente sueco.

Contraponto

Sacou?


Depois de discursar na inauguração do parque Villas Bôas, na última quinta-feira, o governador José Serra (PSDB) foi cumprimentar a viúva do indigenista e sertanista, morto em 2002, que acompanhava o evento ao lado do filho, chamado Noel. Após uma rápida conversa, o tucano comentou orgulhoso com assessores:
-Foi uma grande sacada minha acertar que ele se chama Noel em homenagem ao Noel Nutels-, disse, citando o também indigenista, morto em 1973.
A subprefeita da Lapa, Soninha Francine, emendou:
-Puxa, e eu perguntei se tinha nascido perto do Natal...

O ABILOLADO E A VAGABUNDA

SEGUNDA NOS JORNAIS

- Globo: Despesas secretas da Presidência crescem 39%

- Folha: Governo estuda excluir de plano menção a torturador

- Estadão: Paulo Octávio é ligado a desvio de R$ 27 milhões

- JB: Comércio vai vender mais 10% com UPPs

- Correio: Combustíveis mais caros

- Valor: Gestão explica resultados na bolsa em duas décadas

- Jornal do Commercio: Lixo entulha a praia de Tamandaré