sábado, julho 09, 2011

MÍRIAM LEITÃO - Perigos na estrada


Perigos na estrada
MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 09/07/11

Há vários perigos nas mudanças no Ministério dos Transportes. O principal é deixar tudo como está. O Brasil tem uma logística deplorável, o ministério tem casos recorrentes de corrupção, não investe o que pode do orçamento por ineficiência, e o número de mortes em estradas do país equivale à queda de dois aviões de 160 passageiros a cada três dias. O maior risco é mudar um pouco para ficar tudo como está.

Um levantamento feito pelo site Contas Abertas para a coluna mostra que o Ministério dos Transportes deixou de investir R$ 47 bilhões desde 2002. Até o primeiro semestre de 2011, o Ministério investiu em média 57% do que estava no orçamento. O pior ano do período foi 2003, com apenas 29%. O melhor ano foi 2010, quando chegou a 78%.

O Brasil precisa de um renascimento no Ministério dos Transportes. Uma nova forma de gerir, planejar, pensar, agir, contratar. A presidente Dilma Rousseff criou uma oportunidade para seu governo, sua biografia e o país quando reagiu às denúncias. Pode perder a chance, se nomear um escolhido com a ajuda do mesmo ministro que caiu. A presidente não pode se deixar intimidar pelas ameaças de votos contrários no Congresso. Se fizer isso, com seis meses de governo, pode ficar sentada esperando o dia da entrega da faixa presidencial porque não governará o Brasil. Ou ela comanda sua base, ou será prisioneira dela.

Os números são inclementes. Eles revelam que, pela falta de estradas decentes no Brasil, morrem 33 mil pessoas por ano em acidentes, se forem somados os dados da Polícia Rodoviária Federal - das vítimas fatais no local - e os do Ministério da Saúde, de acidentados que chegam aos hospitais mas não resistem aos ferimentos. A ineficiência e a corrupção do Ministério dos Transportes não só desperdiçam e desviam dinheiro público, mas também matam.

O órgão não tem sido nem a sombra do que o Brasil precisa. Não tem visão estratégica na economia dos transportes. O impacto econômico da falta de visão integrada na logística mina a produtividade das empresas e a competitividade do Brasil no mercado global. As denúncias da Veja , O Globo e IstoÉ provocaram demissões de autoridades suspeitas. O que o vídeo da revista IstoÉ mostra é doloroso. O então ministro aprova uma estradinha feita para agradar um político que vai para o seu partido e diz: "Rapaz, tu num tá nem no partido e já está conseguindo arrancar coisas aqui, imagina quando estiver no partido."

Ao seu lado, no mesmo conluio, estava o notório Valdemar Costa Neto. Ele não aparece, é a voz que se ouve ao fundo. Tem tido voz naquele ministério. Como Nascimento já exerceu o cargo três vezes, 5,5 anos no total, perdendo apenas para Mário Andreazza em tempo no cargo, pode-se imaginar quanta coisa foi "arrancada" do órgão, pelos mais variados motivos que não o interesse público. O que o atraiu ao posto foi fazer uma estrada para lá de controversa, a BR-319, no seu Estado do Amazonas, apenas para pavimentar suas eleições.

O Ministério dos Transportes não pode empilhar obras de estradas; precisa saber aonde o País quer chegar. Tem de ter uma visão gerencial de qual a melhor forma, o melhor modal, a mais eficiente integração entre os modais, mirando dois objetivos: estradas mais seguras para garantir vidas; logística mais eficiente para a economia. Nos últimos 10 anos, o comércio exterior brasileiro deu um salto de 238%. Aumentou também o trânsito de mercadorias para consumo interno. A ineficiência logística vai para o preço, vira inflação que é paga pelos consumidores. A incompetência do Ministério dos Transportes pesa no bolso do consumidor.

O Brasil quer ser grande, eficiente e competitivo. Como fazer isso? Não é protegendo os interesses da família Diniz com R$ 4 bilhões para a fusão do Carrefour com o Pão de Açúcar. Não é também despejando bilhões sobre a família Batista, dona do JBS-Friboi. Agora que ela é a maior empresa de carnes do mundo e sócia do BNDES, um dos batista quer dar novo passo: o "Júnior" vai virar político para tentar ser governador de Goiás.

O BNDES acredita que irrigando alguns com dinheiro subsidiado formará os campeões nacionais, que conduzirão o capitalismo brasileiro na globalização. O Ministério dos Transportes drena a competição de todas as empresas, as que têm ou não benção do banco estatal. Para que o Brasil, como um todo, seja um campeão, é estratégico que tenha boa logística.

O Brasil tem 212 mil quilômetros de estradas pavimentadas enquanto a Índia tem 1,5 milhão, segundo o Instituto Ilos. O Brasil tem 29 mil quilômetros de ferrovia, e a Índia, 63 mil. A Índia tem 38% da extensão territorial do Brasil. Vou poupar o leitor de outras comparações que nos humilham mais. O senador Blairo Maggi falou a palavra errada antes de recusar o cargo: "continuidade".

Tudo o que o Ministério dos Transportes não precisa é "continuidade". Precisa de rupturas. Quem tem o poder de fazer este corte chama-se Dilma Rousseff.

ZUENIR VENTURA - Dor e revolta de mãe


Dor e revolta de mãe 
 ZUENIR VENTURA
O GLOBO - 09/07/11

Marcia Noleto é uma mulher abatida pelo sofrimento. Ela continua chorando a perda de sua filha de 20 anos, Mariana, que estava no helicóptero que caiu no mar em Porto Seguro, Bahia, no dia 17 de junho, com mais seis pessoas. A moça era namorada de Marco Antonio, filho do governador Sergio Cabral, cuja casa ela frequentava desde os 13 anos. Junto com a dor, que ela sabe ser irremediável, Marcia sente revolta pelas circunstâncias envolvendo o acidente, que talvez pudesse ter sido evitado, pois foi um vôo insensato, em noite de chuva, sem visibilidade, comandado por um piloto sem licença para voar (como seu registro expirou em 2004 e o certificado de capacidade física também, em 2006, ele usou o de um colega para pedir autorização à torre). Até hoje ela não recebeu qualquer informação das autoridades aeronáuticas, nenhum relatório ou comunicado oficial sobre as causas do desastre. Ela gostaria de saber o papel da Agência Nacional de Aviação Civil no episódio. “A Anac”, ela diz, “é o órgão que deveria ter inspecionado o voo e proibido a decolagem naquelas condições e averiguado se o brevê do piloto estava em dia ou — é incrível! — se o brevê era ao menos da mesma pessoa que iria conduzir o helicóptero”. Marcia me enviou um e-mail:

“Gostaria de te agradecer do fundo do meu coração abatido o artigo que você escreveu com muita delicadeza, no dia 29 de junho, a respeito do trágico acidente de helicóptero que levou a minha filha Mariana Noleto. Perder uma filha é, com certeza, uma das mais duras provas que um ser humano pode passar. Linda, aos 20 anos, Mariana tinha um futuro que foi interrompido por uma fatalidade. Uma fatalidade cercada de imprudências e abstraída de sensatez. Gostaria muito de saber sobre o funcionamento da Anac. Se a fiscalização tivesse sido realizada corretamente, minha filha ainda estaria ao meu lado, me dando alegria e a felicidade de ser mãe por muitos e muitos anos da minha vida”.

Até para impedir a repetição de erros e irregularidades fatais como os que provavelmente ocorreram no acidente que matou Mariana, Marcia cobra resposta para algumas perguntas:

“Como se faz para tirar um brevê? Como se obtém a autorização para decolagem? Por telefone? Qualquer pessoa liga e basta dar o número de um outro piloto? Não existe um funcionário no heliporto que fiscalize e autorize ou não o voo? A decisão de decolar fica a cargo do piloto e apenas dele? Não se recebe nenhum relatório sobre o acidente? Não existe seguro para helicóptero?”

Responder a essas questões não é um favor, mas uma obrigação da Anac para com uma mãe que, em meio ao luto, quer que a morte da filha tenha pelo menos um caráter exemplar, que não seja em vão.

JORGE BASTOS MORENO - NHENHENHÉM - Ameaça

Ameaça
JORGE BASTOS MORENO - NHENHENHÉM 
O GLOBO - 09/07/11

 Luiz Antonio Pagot é o homem- bomba do momento. Ele vai depor terça-feira no Senado. E confirma ter provas de que empreiteiras se reuniam antes com o ministro Paulo Bernardo e iam a ele já com o pacote pronto. Se verdadeiras as denúncias, Pagot estará dando um tiro no coração do governo. 

‘Agrobravo’ 
 Na reunião do comando do PR com os ministros Gilberto e Ideli, Blairo Maggi falou um pouco acima do tom. 

Desastrado 
 Convidado por Gilberto Carvalho para ser ministro no lugar de Alfredo Nascimento, Blairo se surpreendeu, horas depois, com uma entrevista do próprio à agência Estado dizendo que o preferido da Dilma para o cargo era Sérgio Passos.

É isso, companheiro?
 Dentro do PT e até do próprio PR causou surpresa a candente defesa inicial de Gilberto Carvalho a Pagot.

Dilma é fofa
 Dilma Rousseff, numa roda de políticos, no Rio:
— Escrevam aí, a Manuela D’Ávila será eleita prefeita de Porto Alegre.
Dilma, Deus te... (ainda bem que acabo de me lembrar que a direção do jornal me proibiu de fazer campanha para essa Deusa) 

Descoberta
 Numa outra roda, já em Brasília, a presidente, sobre a bela Gleisi: 
— Encontrei minha Dilma! 

Desmascarados

 O pessoal do Cabral acha que Lindinho e eu é que estamos espalhado que Paes vai trair o PT, escolhendo um vice do PMDB. Lindinho, vaza, que fomos descobertos!

O desaparecimento da presidente Dilma

 O amor verdadeiro é o maior antídoto contra intrigas. Onde existe amor, não há desconfiança. Na última quarta-feira, depois de uma visita oficial ao Rio, a presidente Dilma simplesmente desapareceu. Avisou aos ministros da sua comitiva, já dentro da base aérea do Galeão: “Me esperem aqui. Vou ali e volto já”.
Dilma só reapareceu para o embarque cinco horas depois. 
Perguntem-me se, na volta, alguém teve a coragem de perguntar o que ela esteve fazendo nesse tempo todo. Durante cinco horas, Dilma esteve reunida, em algum lugar da cidade, com Lula.
Vejam que gracinha: Lula estava na base aérea de São Paulo, onde teria uma conversa com a presidente. Quando soube que Dilma se atrasara na cerimônia do Rio, resolveu esperá-la na base aérea do Rio e, assim, evitar seu deslocamento.
— Presidente da República é Dilma. Eu, que não sou mais nada, é que tenho que ir ao encontro dela — ponderou Lula ao cerimonial do Palácio. 
Mesmo com uma baita crise sobre as costas, Dilma voltou a Brasília tão feliz, mas tão feliz, que até parecia ter visto um passarinho azul. E viu!

Meu Deus!
 Quarta-feira agora, em algum andar da Rua da Assembleia 10, no Rio, um grupo de políticos, sob o comando de Cesar Maia e Garotinho, reuniu- se para um acordo de não agressão nas eleições municipais. Entre os presentes, Clarissa Matheus, Silas Malafaia,
Luiz Paulo Corrêa da Rocha e, pasmem: O seu, o meu, o nosso Marcelo Freixo! Ancelmo, chame o meu cardiologista Cláudio Domenico!

Mais demissões
 Dilma pensa em intervir no Ministério do Turismo. 

Popó 
 Vamos parar de tentar tapar o sol com a peneira. O presidente do conselho político do PSDB, José Serra, partiu mesmo para cima do
presidente do PSDB de Minas, deputado federal Marcus Pestana. Para bater.

Festança

 Festa de aniversário do ministro Negromonte foi um acontecimento em Brasília. Muitas revelações, que só puderam ser feitas depois da saída do Bolsonaro. Como a de que, mesmo casado há 30 anos, Negromonte, na verdade, dividiu, durante 16 anos, o teto com o amigo João Leão. A mulher do ministro foi a primeira a rir.

Inmetro
 Durante a festa do 22o- Prêmio da Música Brasileira, todos que cumprimentavam Antônio Pitanga tentavam provar a descoberta científica da semana sobre a relação entre o indicador e o anelar com o tamanho do “plus”. 

Morra de inveja!

 Pergunta ao Joaquim Ferreira dos Santos, presidente do fã-clube da Marrom: A Alcione já cantou no seu ouvido o “Forró do Xenhenhém”? Pois no meu, já.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Vão invadir?
SONIA RACY
O ESTADÃO - 09/07/11

Veio no contrário da hora a decisão do Congresso dos EUA, anteontem, de acabar com os subsídios para a indústria de etanol. Hoje, os produtores brasileiros de álcool (muito mais barato que o feito de milho lá fora) simplesmente não têm volume suficiente para exportar. A demanda interna vem consumindo quase tudo o que o País é capaz de produzir.

Mas para quem acha que americano dorme no ponto, a informação: as empresas estrangeiras estão comprando usinas brasileiras a rodo.

Justamente para produzir etanol aqui e vender para fora. Se os chineses têm fome de terras, os americanos querem usinas.

Para se ter uma ideia, só com o lucro da Exxon daria para arrematar o parque industrial brasileiro de etanol inteiro.

Frango no forno


Abilio Diniz e Jean-Charles Naouri na berlinda, a BRFoods deve estar agradecida. Suas negociações com o Cade têm ocorrido sem muito alarde.

Por lei, a autarquia tem prazo de 60 dias, depois que o relator apresenta oficialmente sua posição, para decidir. Descontadas algumas paradas nessas últimas semanas, estima-se que o prazo termine no fim de julho.

Estação poesia

Gabriel Chalita cedeu frases de seu livro Gentileza para serem exibidas, por dois meses, no Metrô de SP. São 80 inserções diárias na TV Minuto.

Começou cedo a sua campanha para prefeito.

Nova batuta


Isaac Karabtchevsky disse sim e assume a direção artística da Cia. Brasileira de Ópera, substituindo John Neschling.

A turnê começa em maio de 2012 e, segundo José Roberto Walker, da CBO, passará por 15 cidades.

Chá verde
O Santo Daime, na condição de manifestação brasileira, será tema de documentário. Um média-metragem acaba de ser aprovado pela Ancine.

Sim, claro!

Leitor do Estado pegou 1 km de fila no pedágio de Jandira da Castello Branco na manhã de ontem. Oito das 17 cabines fechadas. "É greve?", perguntou. A atendente explicou que não. "É que a ViaOeste demitiu muita gente e os novos estão sendo treinados".

Brechas

A Prefeitura de São Paulo perdeu no STF ação de R$ 600 mil para o dono do complexo Kinoplex, no Itaim. O processo movido pela Brascan desde 2006 questionava a base de cálculo do IPTU.

O argumento da vitória não foi "erro" na conta cobrada pelo município. E, sim, que o cálculo, na época, havia se baseado em um decreto e não em uma lei.

Ela é nossa


Maria Bonomi abre mostra no CCBB de Brasília com sete obras inéditas, em outubro. Para, em 2012, levar a Paris, para a Maison de l''Amérique Latine, um compêndio da exposição.

Das ruas

Marina Silva provou ontem do mau humor de um paulistano. Ao aguardar seu assessor estacionar o carro, em rua estreita no Itaim, a ex-senadora foi alvo de ofensas de um motorista irritado com a manobra.

Indignados com a desproporção da agressão, várias pessoas se aproximaram da candidata verde para pedir desculpas em nome do mal educado.

Bom exemplo

Joaquim Cruz pode voltar, de vez, para o Brasil. O medalhista olímpico está sendo sondado para gerir programas voltados à formação de novos atletas.

DIRETO DA FLIP

Há rituais que se repetem desde sempre na Flip. Um deles é o cooper matinal de João Moreira Salles: o diretor tem enfrentado garoa na beira da praia sem titubear.

O frio em Paraty assustou principalmente os convidados estrangeiros. Claude Lanzmann enviou o filho em uma missão: achar um casaco. Na loja, o garoto de 18 anos, ao explicar o que queria o pai, deparou com uma vendedora apaixonada: "Acho o Lanzmann lindo", suspirou.

Quem está se sentindo em casa é Caryl Phillips. O escritor britânico mora em Nova York, no apartamento que foi de Pelé - quando o rei emprestava seu talento ao Cosmos. "E meu porteiro é brasileiro", contou à coluna.

Valter hugo mãe também tem longa relação com a cultura tupiniquim. O português, na conversa com Edney Silvestre durante seu painel, confessou que seu sonho de criança era ser... Reginaldo Faria, na novela Água Viva. E que jamais perdeu um só capítulo do seriado Sítio do Picapau Amarelo.

Como em toda edição da Flip, apareceu uma "mala sem alça". Sopram os ventos que a ex-mulher de um integrante da equipe econômica do governo não tem economizado "carteiradas". Ao ser barrada em mesas e festas, solta a clássica "você não sabe com quem está falando". A moça nervosa só relaxou ao ganhar kit-massagem de uma boa (ou incauta) alma.

Na noite de anteontem, o assunto foi a mesa de Luiz Felipe Pondé e Miguel Nicolelis. Parecia até que haviam combinado trocar de papéis. Pondé, munido de seu ceticismo, fez as vezes de cientista. E Nicolelis, pelo tom otimista e o choro que quase escapa durante a palestra, encarnou o filósofo.

JOSÉ SIMÃO - Ueba! Neymar parece o Pica-Pau!


Ueba! Neymar parece o Pica-Pau!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 09/07/11

O cabeleireiro da seleção é mais importante do que o preparador; e o Robinho é o cover da Maria Gadú


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

Manchete do Sensacionalista: "Cabeleireiro da seleção pega gripe e Neymar é dúvida no jogo de hoje". O cabeleireiro é mais importante do que o preparador! Seleção dos topetes. Neymar-Mamute da "Era do Gelo". E Robinho com aquele topete xereca empinada. Cover da Maria Gadú! Na realidade, o Neymar parece mesmo o Pica-Pau. Topete e corpo!
O SBT fez uma reportagem sobre o moicano do Neymar e apareceu um cabeleireiro com os caracteres embaixo: escultor do estilo Neymar. Rarará! E, se ele deixasse o cabelo rasta, seria o Neymarley!
E o Mano, vulgo Queimano Filme, já tá com a escalação pronta: Neymar, Ganso, Pato, Robinho e Rogério Ceni no gol. Do Paraguai! Rarará! E o site Comentando lançou novo evento no Rio: BUEIROCK IN RIO. Com a camiseta: "EU VOO!".
E essa: "Padres acusados de abuso sexual a coroinhas vão a julgamento em Arapiraca". Deveria ser Arapiroca! É a sacranagem!
E atenção! Placa em Brasília: "Sai de baixo! Queda de ministros!". Caiu o ministro dos Transportes de Valores. E o filho também tá envolvido. Então deveria ser indiciado por formação de família! Como disse o Eramos6: "Transporte para o bolso"! Transporte de Bolsos! Ministério do Transporte de Bolsos! Rarará!
E o substituto do ministro dos Transportes? Paulo Sérgio PASSOS! A partir de hoje, o Brasil anda a pé!
E agora cogitam como próximo ministro dos Transportes Blairo Maggi. MAGGI? Transporte de tabletes. Vai transportar caldo de galinha. Recapear estrada com caldo de galinha. E diz que Maggi é o rei da motosserra, rei da soja e rei de Mato Grosso. O MAGGI NÃO É SOPA! Rarará! E o professor Raimundo perguntou pra dona Cacilda: "A senhora já viu um pica-pau?". "Nunca, mas já gostei dos dois." Rarará!
E a seleção tem de jogar bem. Senão vamos chamar aquele time Vianas de São Bernardo: Icterícia, Frango do Carrefour, Barrichello, Manivela e Bin Laden. Zé Ruela, Datena, Bundinha, Salsicha, Arrombado e Gogoboy!
E o apelido do Frango do Carrefour é porque ele solta gases em campo e bota a culpa no frango do Carrefour. "Ah, foi o frango do Carrefour." Fusão do Frango Carrefour com o Pão de Açúcar: PUM DOCE! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza.

MÔNICA BERGAMO - SEGUNDO CAPÍTULO

SEGUNDO CAPÍTULO
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 09/07/11

A segunda noite da Flip, em Paraty, teve lançamento da revista "Serrote", na casa do Instituto Moreira Salles, e festa comemorando os 25 anos da editora Cia das Letras, no Margarida Café. O poeta Chacal conferiu o show de chorinho no IMS; no evento da Cia., a banda Glória apresentou seu repertório de MPB, com sambas de Chico Buarque e Paulinho da Viola. A balada foi até as 4h.

LUPA NO BNDES

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, está tendo que responder a um questionário da CGU (Controladoria Geral da União) sobre as atividades paralelas de diretores e funcionários do banco. O órgão fez um cruzamento de informações e verificou que alguns integrantes da instituição financeira também estão em outros órgãos públicos e em empresas privadas.

ROTINA
A CGU confirma o envio do ofício e diz que faz esse tipo de checagem em diversas instituições do governo. Toma a iniciativa sempre que verifica que as atividades paralelas dos funcionários públicos podem eventualmente ser incompatíveis com o exercício de seus cargos.

DE LONGE

A CGU informa ainda que Luciano Coutinho não está entre os diretores sob averiguação. Ele se desligou de suas atividades privadas em 2007 e também deixou de dar aulas na universidade.

ESTRELA
O advogado Carlos Eduardo Lins e Silva deve ser indicado por Abilio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, como árbitro na disputa com seu sócio Casino, que é contrário à fusão da rede varejista com o Carrefour no Brasil. Já os franceses indicaram um advogado belga.

SOB ENCOMENDA

E Abilio procurou Lula para dar explicações sobre a disputa. Os dois estiveram juntos há alguns dias no escritório do ex-presidente, em SP. Lula comentou depois que achou o negócio muito bom -para Abilio.

COM TODOS
Dias antes o empresário havia telefonado para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

QUATRO POR QUATRO
O PSD, que está sendo criado pelo prefeito Gilberto Kassab e escolheu o deputado paulista Guilherme Campos como líder do partido na Câmara, promete estimular o rodízio de parlamentares nessa função.

Terá eleições anuais -e não de dois em dois anos- para escolher quem vai ocupar o cargo.

AI, ME DEIXA
A argentina Pola Oloixarac, considerada a musa da Flip, odeia tirar foto. Quando algum profissional se aproxima, a escritora fala "Não!", bota o cabelo na cara e se esconde com as mãos.

LARGADA QUEIMADA

O escritor e cineasta Claude Lanzmann, 84, deixou a festa de 25 anos da Companhia das Letras, anteontem, em Paraty, apenas 40 minutos depois de o evento ter começado. E o francês já estava, digamos, "altinho". Ele saiu se apoiando no ombro do filho Felix.

DRAMIN
A festa que a Cosac Naify arma hoje em uma escuna em Paraty está sendo apelidada de "Dramin", nome do medicamento que ajuda a aliviar náuseas.

LÁ VÊM AS NOIVAS

A produção do grupo Teatro que Roda, de Goiânia, recrutou por Paraty voluntárias para se vestir de noiva na peça "Das Saborosas Aventuras de Dom Quixote de La Mancha e seu Escudeiro Sancho Pança", que eles apresentam hoje à tarde em frente à Casa Sesc. Entre as que se inscreveram, quatro mulheres acima dos 70 anos.

A VIDA DE LOUISE
A artista plástica Louise Bourgeois ganhou retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake. Foram à abertura, anteontem, Wilma Motta, a coreógrafa Elisa Ohtake, a arquiteta Fernanda Marques e o assistente de Bourgeois, Jerry Gorovoy.

MERCADO EM ALTA
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foi ao Prêmio Melhores e Maiores, da revista "Exame", no Clube Monte Líbano.

CURTO-CIRCUITO

Pedro Neschling, Deborah Falci e Eric Calonico serão DJs na estreia do projeto "Ponte Aérea", no Tonk Club, hoje, às 22h30. 18 anos.

A peça "Trote", de João Fábio Cabral, estreia hoje, às 21h, no Instituto Cultural Capobianco. 14 anos.

A festa Carroussell recebe hoje a Banda de 4, na Vila Mariana. 18 anos.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO - A desmoralização da ''farsa'' de Lula


A desmoralização da ''farsa'' de Lula
EDITORIAL
O Estado de S.Paulo - 09/07/11

Entre os muitos planos anunciados pelo presidente Lula para quando desencarnasse do governo - o que, a depender dele, não acontecerá enquanto a sua apadrinhada Dilma Rousseff ocupar a cadeira que lhe pertenceu - estava o de desmontar a "farsa" do mensalão. Em 2005, quando o escândalo irrompeu, com a denúncia do então deputado petebista Roberto Jefferson de que o PT montara um esquema para comprar deputados a fim de que votassem como o Planalto queria, primeiro Lula calou-se. Depois, temendo o estrago que o escândalo poderia acarretar para a sua reeleição no ano seguinte, declarou-se traído, sem dizer por quem, e exortou o seu partido a pedir desculpas aos brasileiros "por práticas inaceitáveis, das quais nunca tive conhecimento".

A fase de contrição durou pouco. Logo inventou a "explicação" de que o partido apenas fizera o que era comum na política nacional - manter um caixa 2 -, quando o problema de fundo era o repasse desses recursos clandestinos para corromper o Congresso. Com a agravante de que parte da bolada vinha de empresas estatais, numa operação conduzida com maestria pelo afinal famoso publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza. Na versão inventada por Lula, no entanto, as malfeitorias foram infladas, quando não fabricadas pela oposição, em conluio com a "mídia golpista", para derrubá-lo da Presidência.

E a esse conto da carochinha ele continuou recorrendo mesmo depois que, em pleno ano eleitoral de 2006, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, nomeado por ele, produziu um dos mais devastadores e fundamentados libelos já levados ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nele, pediu a abertura de processo contra 40 suspeitos de envolvimento com a "sofisticada organização criminosa" liderada pelo então ministro da Casa Civil, José Dirceu - o "chefe da quadrilha". Lula tampouco mordeu a língua quando, no ano seguinte, o STF acolheu a denúncia contra os citados, e o ministro Joaquim Barbosa, também levado à Corte por ele, começou a tocar a ação da qual foi designado relator, com empenho e independência.

Agora, a "farsa" de Lula tornou a ser exposta em sua inteireza. O procurador-geral Roberto Gurgel, que sucedera a Antonio Fernando e acabou de ser mantido para um segundo mandato pela presidente Dilma Rousseff, pediu anteontem ao Supremo que condene à prisão 36 dos 40 denunciados por crimes que incluem formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

São 36 porque, no decorrer do processo, um dos indiciados (José Janene, ex-tesoureiro do PP) faleceu e outro (Sílvio Pereira, ex-secretário geral do PT, um dos líderes do esquema) se livrou do processo em troca do cumprimento de pena alternativa. Além disso, por falta de provas, Gurgel pediu a absolvição de um certo Antonio Lamas - irmão do réu Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do antigo PL - e do ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken. A denúncia contra ele, por coautoria em desvios atribuídos à diretoria de marketing do Banco do Brasil, havia sido acolhida por um voto de diferença apenas. Para o procurador-geral não há nem sequer indícios de sua participação nas apontadas falcatruas.

Se essa é uma boa notícia para o então presidente que instalara o velho companheiro no Planalto, o resto da peça de Gurgel é só tristeza. Ele subscreveu o trabalho do antecessor em termos irrefutáveis.

O comprovado plano criminoso para a compra de votos no Congresso representa, segundo ele, a "mais grave agressão aos valores democráticos que se possa conceber". E tudo, deliberadamente, para "fortalecer um projeto de poder do PT de longo prazo". É de calar a boca até de um boquirroto como Lula. O problema é o que se anunciava já desde a abertura do processo, há quatro anos. Trata-se de julgar o processo antes que ocorra a prescrição de crimes como o de formação de quadrilha, de que é acusada a antiga cúpula petista, além do ex-ministro Dirceu, seu parceiro Marcos Valério e o notório deputado Valdemar Costa Neto, do PR, de volta à cena esta semana no escândalo do Ministério dos Transportes.

TEM VAGA NO PUTEIRO DA MÃE DILMA

CELSO MING - Braços parados

Braços parados
CELSO MING
O ESTADÃO - 09/07/11
O último relatório do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos sobre a situação do emprego no país é decepcionante e não mostra só o fracasso da política de afrouxamento quantitativo do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Comprova que a recuperação econômica do mundo rico vai ser bem mais fraca do que esperavam os dirigentes políticos.

Antes de prosseguir, convém retomar alguns conceitos. O afrouxamento quantitativo não passa de um nome pomposo para uma prática até recentemente condenada: a emissão de moeda para, em última análise, cobrir despesas orçamentárias. Depois de baixar os juros aos níveis próximos de zero e de recomprar US$ 1,7 trilhão em títulos podres, o Fed colocou em marcha duas rodadas de afrouxamento quantitativo: a primeira, de US$ 300 bilhões (em 2008), e a segunda, de US$ 600 bilhões (no primeiro semestre deste ano). Os dólares assim emitidos foram usados para recomprar títulos do Tesouro dos Estados Unidos no mercado. O objetivo declarado foi aumentar o volume de dinheiro para desemperrar o crédito, estimular o consumo e criar empregos.

Ao fim dessas operações, a desocupação atinge 9,2% da mão de obra ativa nos Estados Unidos e está no seu nível mais alto desde dezembro (veja gráfico). Há mais de 14 milhões de americanos desempregados. Em junho, a economia americana criou apenas 18 mil empregos, muito abaixo da expectativa de 90 mil. E, no entanto, apenas para dar trabalho a quem está chegando ao mercado, é necessária a abertura mensal de algo entre 130 mil e 150 mil vagas.

Dois são os fatores que vêm agindo contra a elevação do emprego na mais poderosa locomotiva do mundo. O primeiro é o enorme endividamento das famílias, hoje de 112% da renda - situação que vai desestimulando o aumento do crédito e do consumo. O outro é a grave situação das finanças dos Estados e dos municípios. Lá o ajuste das contas públicas nesses níveis de governo se faz com implacável corte de funcionários públicos. Em junho, foram demitidos nada menos que 39 mil em todo os Estados Unidos.

Subjacentes a esses, há outros fatores de longo prazo atuando para desestimular a abertura de postos de trabalho. O mais importante é o dinamismo dos países asiáticos, que vai atraindo indústrias, o que implica aumento de emprego no exterior ou, como os sindicalistas americanos preferem dizer, implica exportação de emprego para a China. Em outras palavras, está em curso uma enorme redivisão do trabalho no mundo.

O segundo fator de longo prazo indutor de desemprego no país é a cada vez mais acentuada incorporação de Tecnologia da Informação ao sistema de produção. É o computador, a internet e os sistemas online que vão dispensando instalações, máquinas, capital de giro e pessoal.

Não está claro até que ponto o presidente do Fed, Ben Bernanke, renunciou a novas rodadas de afrouxamento quantitativo, especialmente agora quando as coisas parecem piorar. Ele não é dos que admitem o fracasso dessa política. Justifica-a argumentando que a situação estaria pior se esse despejo de dinheiro não tivesse sido feito. Essa está entre as tais justificativas que jamais serão comprovadas.

Vendido e comprado.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, está estudando intervenções no mercado de derivativos de câmbio. Ele está preocupado com posições vendidas por estrangeiros que acabam de atingir US$ 26 bilhões. Na avaliação dele, este comportamento dos estrangeiros contribui para derrubar as cotações do dólar no mercado à vista. O problema é que ninguém fica vendido se, do outro lado, não houver quem esteja em posição comprada. Tentar coibir as posições vendidas implica tentar coibir as posições compradas, supostamente aquelas que convêm estimular.

WALTER CENEVIVA - DNA entre leis e princípios

DNA entre leis e princípios
WALTER CENEVIVA
FOLHA DE SP - 09/07/22

O julgamento não chega, às vezes, à essência da questão debatida por impedimentos próprios de um processo


EM DECISÃO recente do STF (Supremo Tribunal Federal), como relator o ministro Dias Toffoli, surgiu situação em que os princípios da coisa julgada, dos direitos da personalidade e da verdade incontroversa estiveram em confronto.
O processo correu em segredo de Justiça, mas foi possível saber, sem identificar as partes, que, numa primeira ação de investigação de paternidade, o mérito não veio a ser apreciado porque a perícia do DNA não foi realizada. Aconteceu que o custeio da prova não foi satisfeito por aquele ao qual a paternidade foi atribuída.
Para o leitor não ligado aos assuntos do direito processual, cabe lembrar que, às vezes, ocorre que o julgamento não chega à essência da questão debatida por impedimentos próprios do processo, sem dizer, assim, quem tem razão. Em concreto, resultou desse defeito, a matéria constitucional submetida à Corte Suprema.
Na investigação da paternidade, os tribunais têm aceitado o exame de DNA, sigla em inglês tirada do nome do elemento probante ( em português seria ADN, correspondendo a ácido desoxirribonucleico) para comprovar ou negar a paternidade alegada.
O exame científico, a que se destina, verifica se houve a transmissão de dados hereditários do apontado ascendente, a quem se diga seu descendente. Permite definir se a filiação existe ou não.
As variáveis suscitadas são numerosas. Servem de exemplo a família de diretores do jornal "Clarín", de Buenos Aires, e o suposto terceiro filho do príncipe de Mônaco, que ele ainda não reconheceu.
Há até referências no mundo do Direito a casos em que o homem reconheceu o filho, independentemente da prova do DNA, a qual, realizada posteriormente, não confirmou a paternidade. Em outros, o suposto pai, depois da realização da prova, soube que os elementos nela utilizados não eram seus.
Na questão submetida ao STF, distribuída ao ministro Toffoli, o autor, depois da ação em que não conseguiu custear a perícia, moveu outro processo, no qual o resultado do DNA evidenciou que o pretenso filho não tinha vínculo de sangue com o peticionário. Este, mesmo assim, viu-se vencido na instância estadual, sob a alegação de que a paternidade reconhecida é irrevogável, nos termos que o Código Civil acolheu nos artigos 11, 1.609 e 1.610.
A jurisprudência vem sendo formada por série expressiva de diversas situações de fato, algumas das quais até põem a perícia em questão, à vista do modo em que se desenvolveu. No caso recente, decidido pelo STF, discutiu-se questão no qual aquele que foi tido por herdeiro de um alegado pai teve acolhida sua pretensão.
Todavia a prova científica, afinal realizada, mostrou que não existia a relação paterno-filial entre as partes envolvidas, como autor e réu.
Confirmada a negativa da paternidade, registrou-se o choque entre dois princípios: o do ato jurídico perfeito (reconhecimento aceito pelo pretenso pai), ou da coisa julgada (o acusado não desconstituiu a alegação da mãe da criança, em nome de seu filho) com o princípio da verdade incontroversa.
O suposto pai terminou vitorioso porque a verdade real predominou. Afastou- se a coisa julgada anterior para reconhecer a inexistência de paternidade alegada, que ofendia direito fundamental da personalidade do recorrente.

WALTER CENEVIVA - DNA entre leis e princípios

DNA entre leis e princípios
WALTER CENEVIVA
FOLHA DE SP - 09/07/22

O julgamento não chega, às vezes, à essência da questão debatida por impedimentos próprios de um processo


EM DECISÃO recente do STF (Supremo Tribunal Federal), como relator o ministro Dias Toffoli, surgiu situação em que os princípios da coisa julgada, dos direitos da personalidade e da verdade incontroversa estiveram em confronto.
O processo correu em segredo de Justiça, mas foi possível saber, sem identificar as partes, que, numa primeira ação de investigação de paternidade, o mérito não veio a ser apreciado porque a perícia do DNA não foi realizada. Aconteceu que o custeio da prova não foi satisfeito por aquele ao qual a paternidade foi atribuída.
Para o leitor não ligado aos assuntos do direito processual, cabe lembrar que, às vezes, ocorre que o julgamento não chega à essência da questão debatida por impedimentos próprios do processo, sem dizer, assim, quem tem razão. Em concreto, resultou desse defeito, a matéria constitucional submetida à Corte Suprema.
Na investigação da paternidade, os tribunais têm aceitado o exame de DNA, sigla em inglês tirada do nome do elemento probante ( em português seria ADN, correspondendo a ácido desoxirribonucleico) para comprovar ou negar a paternidade alegada.
O exame científico, a que se destina, verifica se houve a transmissão de dados hereditários do apontado ascendente, a quem se diga seu descendente. Permite definir se a filiação existe ou não.
As variáveis suscitadas são numerosas. Servem de exemplo a família de diretores do jornal "Clarín", de Buenos Aires, e o suposto terceiro filho do príncipe de Mônaco, que ele ainda não reconheceu.
Há até referências no mundo do Direito a casos em que o homem reconheceu o filho, independentemente da prova do DNA, a qual, realizada posteriormente, não confirmou a paternidade. Em outros, o suposto pai, depois da realização da prova, soube que os elementos nela utilizados não eram seus.
Na questão submetida ao STF, distribuída ao ministro Toffoli, o autor, depois da ação em que não conseguiu custear a perícia, moveu outro processo, no qual o resultado do DNA evidenciou que o pretenso filho não tinha vínculo de sangue com o peticionário. Este, mesmo assim, viu-se vencido na instância estadual, sob a alegação de que a paternidade reconhecida é irrevogável, nos termos que o Código Civil acolheu nos artigos 11, 1.609 e 1.610.
A jurisprudência vem sendo formada por série expressiva de diversas situações de fato, algumas das quais até põem a perícia em questão, à vista do modo em que se desenvolveu. No caso recente, decidido pelo STF, discutiu-se questão no qual aquele que foi tido por herdeiro de um alegado pai teve acolhida sua pretensão.
Todavia a prova científica, afinal realizada, mostrou que não existia a relação paterno-filial entre as partes envolvidas, como autor e réu.
Confirmada a negativa da paternidade, registrou-se o choque entre dois princípios: o do ato jurídico perfeito (reconhecimento aceito pelo pretenso pai), ou da coisa julgada (o acusado não desconstituiu a alegação da mãe da criança, em nome de seu filho) com o princípio da verdade incontroversa.
O suposto pai terminou vitorioso porque a verdade real predominou. Afastou- se a coisa julgada anterior para reconhecer a inexistência de paternidade alegada, que ofendia direito fundamental da personalidade do recorrente.

GOSTOSA

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Entre amigos
RENATA LO PRETE
RANIER BRAGON (interino)
FOLHA DE SP - 09/07/11

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, reserva parte da peça em que pede a condenação dos réus do mensalão para refutar um ponto que chama de "tese conjunta" dos acusados, a de que todo o caso se resume a "inocentes acordos partidários".
Citando não ser crível que os encontros de que participaram os congressistas ocorressem para "troca de ideias sobre a conjuntura política do país", Gurgel escreve que eles "não conseguiram apresentar até o momento um único argumento aceitável para justificar por que os acordos envolviam sempre a entrega de dinheiro em espécie, por meio de esquema ilícito de lavagem (...), valendo-se de contratos simulados, documentos falsificados e do desvio de dinheiro público".
Elástico Apesar de ter o processo suspenso, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira é citado por Gurgel como "longa manus [que, às escondidas, cuida dos interesses de outro] de José Dirceu" -o então chefe da Casa Civil-, negociando cargos em nome do governo.

Ah, bom... 
O Código de Ética do PR pune nomeação de parentes para cargos ou funções de confiança. Mas só a de familiares que "não tenham notória competência".

Indeciso 
Cotado para o Transportes, o deputado Giroto (PR-MS) assinou duas CPIs, mas acabou recuando. Elas investigariam obras da Copa e panes na telefonia.

Flagrante 
Na investigação da Polícia Federal que levou à prisão de Gledson Maia, sobrinho do deputado federal João Maia (PR-RN), há o monitoramento de encontro em que ele receberia propina do consórcio Constran-Galvão-Construcap, responsável por obra do Dnit.

Milhas 
O "Diário Oficial" de ontem informa que Henrique Meirelles e mais três ministros viajarão ao exterior em julho. O presidente do Conselho Público Olímpico vai a Londres. Helena Chagas (Secom) e Jorge Hage (Controladoria-Geral) vão aos EUA. Alexandre Padilha (Saúde), a Pequim.

Ouvidoria 
Depois de abrir fogo contra o recém-demitido Antonio Palocci, o secretário-geral do PT, Elói Pietá, ataca agora a participação do governo na possível fusão Pão de Açúcar-Carrefour. Em artigo publicado no portal petista, Pietá diz que a operação deveria ser financiada apenas com recursos privados. "Vamos deixar o BNDES fora dessa", afirma.

Eu voltei 
O ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho (91-94), de saída do PTB, oficializará seu retorno ao PMDB. Dirigentes peemedebistas querem fazer de sua mulher, Ika Fleury, candidata a vereadora na capital paulista em 2012.

Peneira 1 
Em carta endereçada a Ricardo Tripoli, primeiro inscrito nas prévias tucanas para a prefeitura paulistana, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, faz defesa da "competição democrática" para a definição do candidato da sigla em 2012.

Peneira 2 
Os secretários Andrea Matarazzo (Cultura), Bruno Covas (Meio Ambiente) e José Aníbal (Energia), também no páreo, ainda não se inscreveram formalmente para a consulta. Um observador lembra que o rito remete ao de 2004, quando eram quatro os pré-candidatos até o "sim" de José Serra.

Em campanha 
Vágner de Freitas, candidato à sucessão da CUT, puxou a participação da central ontem no ato que paralisou a rodovia Anchieta, em São Bernardo do Campo. A mobilização, organizada em parceria com a Força Sindical, não contava com a simpatia do presidente nacional da entidade, Artur Henrique.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDREZA MATAIS

tiroteio
"Os salários da gestão Kassab deveriam ser ajustados ao cumprimento das promessas eleitorais. Assim, todos ficariam satisfeitos com os cortes no holerite do prefeito."
DO VEREADOR CHICO MACENA (PT), estabelecendo analogia entre o reajuste aprovado pela Câmara ao prefeito paulistano e o atraso no seu plano de metas.

contraponto

Popstar
No começo do mês, Dilma Rousseff era esperada em Francisco Beltrão (PR) para solenidade em que anunciaria o Plano Safra da Agricultura Familiar. Horas antes, entretanto, o Planalto acabou cancelando a viagem devido às más condições de voo na região:
O deputado André Vargas (PT), que é do Paraná, brincou no Twitter:
-Cancelada a vinda da presidenta Dilma devido ao mau tempo. Apesar de aguardado como celebridade, também não poderei comparecer...

VALDO CRUZ - Erva daninha

 Erva daninha
VALDO CRUZ
FOLHA DE SP - 09/07/11
BRASÍLIA - Um detalhe do novo escândalo envolvendo o Ministério dos Transportes é revelador sobre a que ponto chegamos na prática do fisiologismo no Brasil.
Alfredo Nascimento, o ministro que caiu, tinha um chefe de gabinete, Mauro Barbosa, que não era de sua confiança. Foi obrigado a aceitar o nome para retornar ao ministério que já havia ocupado.
Isso mesmo, aquele que deveria ser o assessor mais próximo do ministro não era do seu grupo. Resultado: foram criadas administrações paralelas, gerando disputas pelo comando da pasta.
Segundo quem conhece de perto o caso em questão, aí estaria a origem do esquema de irregularidades -que já existiria, mas passou a ser disputado e compartilhado por mais de um grupo.
O fato é que essa divisão até dos cargos do gabinete pessoal do ministro mostra como anda o apetite de deputados e senadores por boquinhas federais.
Cabe agora ao mesmo governo que foi célere no afastamento dos supostos responsáveis pelos desvios descobrir e punir quem, de fato, era o mentor do esquema. Sob o risco de ele se repetir.
Por sinal, a melhor punição seria banir esses personagens e seus aliados de todo e qualquer posto no governo federal. Exatamente para evitar novos escândalos, patrocinados pelos mesmos atores.
Afinal, nunca é demais lembrar, o PR de hoje, totalmente enrolado no caso do Ministério dos Transportes, é o mesmo PL de ontem, que participou do esquema mais tarde batizado de mensalão.
Esquema que, no mesmo momento em que o novo caso é descoberto, assim foi definido pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, nas alegações finais antes do seu julgamento pelo STF:
"Um plano criminoso voltado para compra de votos dentro do Congresso Nacional. Trata-se da mais grave agressão aos valores democráticos que se possa conceber". É preciso dizer algo mais?

TAMPA DE FURICO