terça-feira, junho 09, 2009

AUGUSTO NUNES

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Alguém gritou “olha o rapa!” na porta do prédio da Petrobras

9 de junho de 2009

Entre as obsessões do grande Nelson Rodrigues figurava a reação provocada nas ruas e praças do Rio pelo grito de alerta: ”Olha o rapa!”. Era a senha que anunciava a chegada da polícia incumbida de reprimir o comércio clandestino, mas a sensação de perigo se estendia muito além dos camelôs. Antes que terminassem a desmontagem das barracas e a coleta das bugigangas, feitas em ritmo vertiginoso, já haviam saído em desabalada carreira os fregueses, os transeuntes, os desocupados, os pedintes, os moradores da vizinhança e quem mais estivesse por perto. Todo brasileiro se sente culpado, alguma já fez, deliciava-se Nelson Rodrigues.

Alguém berrou “olha o rapa!” na porta do prédio da Petrobras, sugere a correria causada pela criação da CPI concebida para vasculhar os negócios da estatal. Ficaram pálidos de espanto os diretores da estatal, os fregueses, o homem do cafezinho e a estagiária. Ficaram transidos de horror o presidente da República, ministros de Estado, senadores e deputados da base alugada, o porteiro do Palácio do Planalto, o jornaleiro do Congresso, até um bando de oposicionistas.

Sérgio Gabrielli, presidente da empresa, desandou numa discurseira sem pé nem cabeça e criou um blog para substituir a imprensa inimiga. O ministro Edison Lobão, considerado pelos leitores da coluna o ministro mais convincente no papel de socialista radical, não para de acenar a bandeirinha do Brasil e murmurar que o petróleo é nosso. Lula rebaixou a inimigos da pátria os que insistem em saber se a Petrobras andou delinquindo. Por que tanto falatório? Por que tamanha correria? Por que o medo coletivo?

Muito simples: aí tem.

LAURO JARDIM

RADAR VEJA ON-LINE


Lula zomba de lei antifumo de Serra

Lula estava à vontade no jantar de ontem na casa de Michel Temer. Fumou várias cigarrilhas. E ainda teve tempo de zombar de José Serra, o grande xerife antitabaco do cenário nacional.

Lula disse que "para provocar o Serra" iria fumar em todo evento que fosse em São Paulo - estado onde acaba de ser implantada (por Serra, quem mais?) a mais severa lei antitabaco do país.

Entre uma tragada e outra, Lula contou aos que o rodeavam que é um velho desafiador do "é proibido fumar". Disse que já há 30 anos no gabinete de Almir Pazzianotto, ex-advogado do sindicato dos metalúrgicos e ex-ministro do Trabalho, acendia seu charuto cubano assim que via a placa "Não fume".

Provavelmente, Lula não cumprirá a "ameaça" de fumar em eventos em São Paulo. Afinal, Lula nem fuma em público, só em locais reservados, como o jantar de ontem na casa de Temer, onde só estavam senadores, ministros e empresários. Era só gozação com Serra. Mas o tema com certeza incomoda o presidente: não faz muito tempo, Lula disse - desta vez em público - que no gabinete presidencial, era ele quem mandava e que, portanto, se quisesse fumar, fumaria.

PARABÉNS



Quero desejar parabéns ao Jamir, hoje o seu blog completa o 1º aniversário. Um blog dinâmico e com informações bem atualizadas.
Nós que blogamos, sabemos como é difícil manter um blog atualizado diariamente.
Aí Jamir receba um abraço muitas felicidades.

INFORME JB

Senado se preocupa mais com CNJ

Leandro Mazzini

Jornal do Brasil - 09/06/2009

Há dois assuntos inevitáveis para o Senado na pauta de amanhã, e ambos estão ligados: a possível instalação da CPI da Petrobras e a aprovação dos 14 integrantes da nova temporada do Conselho Nacional de Justiça. Para o CNJ, há três candidatos que disputam a indicação da vaga do Senado. São eles Erick Pereira, Marcelo Neves e André Ramos. A disputa está entre os dois primeiros. Erick vai a plenário com apoio dos três senadores do Rio Grande do Norte, principalmente do líder do DEM, Agripino Maia (E); e Neves segue na corrida com o lobby do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes (D) – que tem ligado para cada um dos senadores. Um deles vai sobrar. É com a conversa em torno dessas indicações que José Sarney, presidente do Congresso, vai tentar convencer Agripino a acordar o enterro da CPI, conta um senador aliado.

Gilmar na frente Escanteio

O cenário para indicação do Senado, hoje, é favorável a Marcelo Neves. "Quem vai ficar contra o Gilmar Mendes?", provoca um senador da base.

Neves foi derrotado semana passada em disputa com um veterano, na USP, para ser efetivado professor titular.

Na manga

O mesmo senador ainda prevê que, independentemente de Erick, o candidato de Agripino, ser ou não aprovado, José Sarney tem outros trunfos na tentativa de convencer o DEM a desistir da CPI.

Paredão

Mas por ora, tudo indica que a CPI será instalada, e o esforço de Sarney pode ser em vão. Agripino Maia já disse à coluna que não tem conversa. O DEM quer CPI.

Poder à mesa

Sarney e o presidente Lula jantaram ontem na residência oficial de Michel Temer, em Brasília. Cardápio? Plano para matar a CPI – ou aliviar o caminho da estatal.

Deságio

Um megaterreno de um banco estatal, no Centro de São Paulo, avaliado em R$ 80 milhões, vai passar para as mãos da prefeitura paulistana por irrisórios R$ 5 milhões, por dívidas do IPTU.

Área livre

No local, prevê-se a construção de um pátio e estacionamento.

No-show

Professor do ITA, Anderson Correia, técnico da Anac, dançou no cargo por causa de desentendimentos internos na cúpula da agência.

Taxiando

Mas Solange Vieira, a presidente da Anac, bate pé pela volta dele para ocupar a Superintendência de Infraestrutura Aeroportuária na agência, no lugar do ex-padrinho de Correia. O pivô desse vaivém são pareceres sobre o Aeroporto Santos Dumont.

Quem manda

Uma pesquisa no Congresso perguntou qual o ministro mais importante. Dilma Rousseff caiu de 47% para 36%, em comparação com a última sondagem, ano passado. Mas continua a mais ilustre.

Quem manda 2

Henrique Meirelles, o homem caixa-forte, ganhou 10 pontos – de 2% para 12%.

IMCS do leite

A campanha de interiorização da Sociedade Nacional de Agricultura comemora um decreto do governo do Rio que permite às indústrias de leite e cooperativas concederem créditos de ICMS de 19% aos mercadistas.

Brasil e China

O presidente Lula não pode reclamar tanto mais da não-reciprocidade dos chineses no mercado bilateral. A Global Franchise está levando a brasileira Habib's para Pequim.

O CARA... DE PAU

MONÍCA BÉRGAMO

A hora da fogueira


Folha de S. Paulo - 09/06/2009

A Infraero entrou em alerta neste mês por causa da presença de balões nas proximidades do aeroporto internacional de Guarulhos. Uma colisão entre um deles e uma aeronave pode ocasionar um acidente "com consequências muito graves para São Paulo", de acordo com a empresa, que administra os terminais do país. Pelo menos 17 balões já foram avistados no espaço aeroportuário, de 14 km2, neste ano. Destes, sete caíram no aeroporto. No ano passado, 29 balões caíram no sítio aeroportuário, mas "sem afetar a operacionalidade" de Guarulhos.

DE PERTO
Anteontem, por volta das 7h30, aviões que chegavam de viagens internacionais cruzavam com um balão minutos antes do pouso. Passageiros da El Al que vinha de Tel Aviv, por exemplo, chegaram a avistá-lo a poucos metros da aeronave.

ALERTA
De acordo com a Infraero, quando alertados, os pilotos diminuem a velocidade do avião para que o balão, levado pelo vento, saia da rota. Algumas vezes é necessário fazer uma manobra maior para então retornar ao pouso. Bombeiros ficam de prontidão para apagar um eventual princípio de incêndio.

ATENÇÃO, PASSAGEIROS
Passageiros do voo da TAM que embarcariam de Guarulhos para Londres às 23h do sábado foram avisados, já por volta da meia-noite, de que o avião só decolaria às 4h porque o para-brisas da aeronave estava quebrado. Alguns chegaram a adiar a viagem.

INFÂNCIA
Além de propor a unificação de bancos de dados das polícias a Dilma Rousseff -o que permitiria a checagem da ficha policial de pessoas que "você vai empregar em sua casa", segundo Luciana Gimenez-, a apresentadora da Rede TV! sugeriu a ela, no almoço organizado por Marta Suplicy, no sábado, a criação de um instituto para que crianças tenham direitos iguais. E deu como exemplo o fato de que os papparazzi sempre buscam fotos de seu filho com Mick Jagger -enquanto ela, quando mostra em seu programa, por exemplo, Champinha, que matou um casal de adolescentes em SP, tem que esconder o rosto do menor.

COISAS DA POLÍTICA

Ciro Gomes não desistirá tão fácil

Tales Faria
Jornal do Brasil - 09/06/2009

Petistas como o deputado Cândido Vacarezza (SP) têm defendido a ideia de que o partido deve fazer tudo para facilitar a candidatura da ministra Dilma Rousseff a presidente da República. Vacarezza já iniciou até articulações, junto com os deputados Márcio França (PSB-SP) e Paulinho da Força Sindical (PDT-SP), para que o PT e o PDT ofereçam à direção nacional do PSB o apoio à candidatura do deputado Ciro Gomes (CE) para governador de São Paulo, em troca de sua desistência da disputa pela Presidência. A coluna foi procurar o próprio Ciro para falar sobre o assunto.

– Em política, não dá para a gente dizer que uma coisa dessas é impossível. Mas posso afirmar que nunca cogitei. Meu interesse é concorrer à Presidência. E nunca tive numa situação tão favorável.

– Mas, deputado, o Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, diz que não é bem assim. Que o senhor começa a campanha com 11% e termina com 4%.

– Olha, o Montenegro não entende de pesquisas eleitorais. Ele nunca acerta nada. Quem segura o Ibope nessa área é a Márcia Cavallari (diretora executiva de atendimento e planejamento). Eu conquistei 11% dos votos quando concorri contra a reeleição de Fernando Henrique Cardoso e contra o presidente Lula, em 1998. Repeti os 11% quando disputei com José Serra e Lula, em 2002. Por que cairia agora se as condições estão melhores?

– Estão melhores?

– Claro! Nunca tive um quadro tão favorável. A situação econômica joga a favor de um perfil como o meu. Estou mais velho e, portanto, mais experiente. Tenho um partido político razoavelmente forte. Na primeira disputa, eu estava no PPS, e o presidente do partido, Roberto Freire, trabalhou o tempo inteiro pelo José Serra. Na outra, a aliança PTB, PDT e PPS não ficou bem azeitada. Agora não, estou há anos numa legenda que tem quadros respeitáveis, inclusive três governadores. E eu mesmo consigo o apoio de pelo menos outros três governadores de outras legendas. Enfim, não sei de onde o Montenegro tirou que eu tendo a perder votos. A avaliação que temos é que a minha candidatura tende a crescer, consistentemente.

– Tem a história de que o senhor acaba falando impropérios no meio da campanha...

– É. Todo mundo tem seus defeitos. Eu não roubo, não sou corrupto, mas realmente às vezes falo demais, bato muito forte. Desta vez, no entanto, pretendo me controlar.

– O Montenegro acha que o senhor vai acabar desistindo. Que nem será candidato. Que talvez o presidente Lula peça ao PSB para retirar a sua candidatura.

– O comportamento do presidente Lula tem sido corretíssimo. Apoiar a Dilma? Ora, é a candidata do partido dele, é natural. Tudo, até agora, tem ocorrido dentro do previsto. Não creio que o presidente cometeria a indelicadeza de pedir ao PSB que eu retirasse a candidatura. Como meu amigo, ele poderia até vir conversar comigo sobre isto. E eu teria como mostrar que a situação corre a meu favor.

– Mas, com o Serra forte e com a Dilma crescendo nas pesquisas, ainda há espaço para o senhor?

– O Serra não está tão forte assim. Vem caindo seguidamente nas pesquisas. Não creio que ele vá despencar. Mas acabará ali pelos 34% das intenções de voto. Quanto à Dilma, cresceu rapidamente pelo apoio do presidente. Era o esperado. Ela vai até uns 25% e, daí para a frente, terá mais dificuldade. Ou seja, está mais do que claro que há necessidade de uma outra candidatura no campo próximo ao presidente Lula. Inclusive porque há muita gente que apoia o Lula, gosta do governo, mas não aceita o PT. Essa gente tende a votar em mim. Se eu sair, estarão empurrando parte desse eleitorado para a Heloísa Helena.

– E o governador de Minas Gerais, Aécio Neves?

– O meu amigo Aécio errou. Se ele tivesse saído do PSDB, seria um fortíssimo candidato a presidente da República. Mas ficou no partido, e o Serra já ocupou a área. O cavalo passou selado e o Aécio, infelizmente, não quis montar. Esteve com a vaga de presidente da República nas mãos e perdeu. Agora, talvez, possa sair candidato a vice. É o máximo que Serra e o PSDB lhe darão.

UMA RUMA DE GOSTOSA


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ARI CUNHA

Saúde contra males


Correio Braziliense - 09/06/2009


O ministro José Gomes Temporão abre os olhos contra os vícios. Começa a aplicar R$ 117 milhões e a urgência da campanha terá duração de poucos meses. É prevenção contra álcool e drogas dirigidas, principalmente, às crianças e adolescentes. Serão tratados os riscos e danos associados ao consumo prejudicial de substâncias psicoativas. Segundo Temporão, a ação envolverá órgãos como o Ministério da Justiça e a Secretaria de Direitos Humanos, afora a participação da sociedade. “Vamos trabalhar com vigor, porque o consumo de drogas atinge crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social e do ponto de vista da saúde.” Dos recursos, R$ 76,6 milhões se destinam a ações específicas de combate às drogas; R$ 21 milhões para reforço da rede atual e R$ 19,7 milhões para a qualificação da rede de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) existente. Usuários de crack estão no rol dos assistidos. Saúde mental é outra entregue aos Caps. Pelo menos 40,3 milhões de pessoas são assistidas por 512 profissionais de saúde mental. Com a iniciativa, o ministro da Saúde espera abrir o leque. Atingirá grande número de pessoas. Pelo que se observa, o governo Lula toca em pontos necessários à defesa dos jovens e dos que sofrem de saúde mental.


A frase que foi pronunciada

“Tenho couro grosso.”
Com expressão não diplomática, o ministro Celso Amorim faz autoanálise de sua personalidade no governo Lula e mostra a que está disposto.


Coalizão
Não há união no governo federal. O PT domina uns e manda em outros, para missões impróprias. Punidos querem exclusão. Há casos em que só a Justiça poderá decidir. José Dirceu foi condenado. Só o Judiciário pode resolver. Palocci quer voltar ao governo ou eleição no Legislativo. Para quem passou tanto tempo calado, pode ser tiro no pé desejar voltar ao lugar de onde caiu.

Esplanada
Festa popular na Esplanada dos Ministérios está virando mafuá. Barracas de comidas, vendedores, armações estranhas sobre a grama. O panorama fica feio e as despesas vão para a Novacap. Refazer tudo que é estragado custa muito caro ao contribuinte. Lugar bom seria no estacionamento do Eixo Monumental.

Moreno de volta
José Batista Moreno deu susto nos amigos. Fez tratamento e está de volta a Brasília. Conhecendo a sociedade, conhece as novidades nos Três Poderes. Sua coluna aos sábados em O Globo é atração para os leitores que querem conhecer as notícias “por dentro”.

Mão Santa
Senador pelo Piauí usou a tribuna do Senado para enumerar mentiras do governador do seu estado. Não fez segredo de nada e mostrou trabalhos anunciados e não executados. Poucas vezes a tribuna registrou protesto com o nome do acusado, Wellington Dias, sem tirar nem pôr nada. E chamado de mentiroso.

CPI
Presidente Lula discursando na televisão surpreendeu ao dizer que não há nenhuma CPI do Congresso. Tudo é invenção “irresponsável” de partidos, entre eles o que governou oito anos. “Parece briga de adolescente”, citando a falta de “explicação lógica”.

CTIS
Quando a crise aparece, perde ponto quem olha para trás. Avaldir Oliveira viu que o futuro é da informática. Mesmo tendo aberto grande loja no setor sul, aumentou em 1.100 o número de funcionários de janeiro a junho. E se prepara para mais. A CTIS é de Brasília, cresce com o Brasil e a clientela ocupa todas as profissões.

Greve
TCB não tem linhas como antigamente, mas tem trabalhadores grevistas. A empresa serve a duas linhas, e atende a contratações de transporte. Os funcionários grevistas reivindicam 6,5% nos salários, mais o vale-alimentação.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O senhor Alaor Gomes, esposo da filha do presidente empossado, proibiu que dona Dirce Maria falasse ao microfone. Respondendo à insistência do repórter da Rádio Globo, o próprio senhor Alaor falou aos ouvintes, declarando que o casamento havia transferido sua senhora para a vida privada, não permitindo, portanto, declarações. (Publicado em 1/2/1961)

MERVAL PEREIRA

O mundo de olho

O GLOBO - 09/06/09

Para se ter uma ideia de como o Brasil está no centro das atenções mundiais quando se trata de preservação do meio ambiente, principalmente no que se refere à Floresta Amazônica, a versão final da MP 458 aprovada pelo Senado, já apelidada pelos ambientalistas de "a MP da Grilagem", caiu como uma bomba entre os participantes nas negociações sobre mudança do clima que se realiza até sexta-feira em Bonn, na Alemanha.

No primeiro dia da reunião, a edição do "ECO", o prestigioso boletim diário editado pela Climate Action Network (CAN) que circula entre delegados em reuniões sobre meio ambiente e clima desde a cúpula de Estocolmo em 1972, publicou na página 2 artigo intitulado "Alerta - Isto é sério", em que os ambientalistas conclamam seus leitores a escrever para o presidente Lula pedindo seu veto pelo menos a alguns artigos da medida provisória.

A Climate Action Network (CAN) é uma reunião internacional de organizações não governamentais que promove ações para reduzir a níveis "ecologicamente sustentáveis" as ações humanas que provocam a mudança climática.

O documento a ser redigido na reunião de Bonn será o ponto de partida para a discussão na Convenção do Clima de Copenhague, marcada para dezembro, que definirá o sucessor para o Protocolo de Kyoto, que expira no fim de 2012.

São mais de 4 mil participantes, de 180 países, representando governos, indústrias, instituições de pesquisa e organizações não governamentais.

O texto aprovado pelo Senado brasileiro permite a legalização de 67,4 milhões de hectares de terras públicas da União na Amazônia, até o limite de 1.500 hectares. Empresas que ocuparam terras públicas até 2004 também terão direito às propriedades.

Os donos dos grandes lotes poderão revendê-los três anos após a concessão dos títulos. Os pequenos poderão ser vendidos só após dez anos.

A relatora da medida provisória no Senado, Kátia Abreu, do DEM, é também presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que recentemente pediu a demissão do Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que chamou de "vigaristas" os empresários do agronegócio.

Os petistas, com apoio do PSDB, querem que Lula vete a possibilidade de venda dos terrenos no período de dez anos após a regularização, assim como a possibilidade de pessoas que não ocupam diretamente as terras serem beneficiadas. Isso evitaria que "laranjas" de grandes grileiros sejam beneficiados.

Outro veto pedido é ao artigo que prevê uma declaração do ocupante da terra como requisito suficiente para a regularização fundiária. Ex-ministra do Meio Ambiente, a senadora Marina Silva quer que o governo realize vistorias nas pequenas propriedades rurais antes de conceder a regularização da terra.

O professor Luiz Pinguelli Rosa, na qualidade de secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, enviou ao presidente Lula carta em que afirma que a medida provisória tem o efeito final de privatizar terras públicas na Amazônia, o que, segundo ele, contribuirá para agravar o desmatamento, que representa a maior contribuição do Brasil para o aquecimento global.

Pinguelli Rosa diz também que a medida provisória destoa do Plano Nacional de Mudança Climática, assinado por Lula.

O boletim ambientalista "ECO", distribuído no início da reunião de Bonn, trata o meio ambiente brasileiro como sendo uma preciosidade "para os brasileiros e o resto do mundo", e cuja "exuberância, vastidão, diversidade e beleza", destacadas por Pero Vaz de Caminha em 1500, vêm sendo desde então devastadas pelo homem.

"O que fizemos para merecer essa maldição, essa doença corrupta que ameaça o bem-estar de milhões de pessoas que vivem na Amazônia e bilhões em todo o mundo?", pergunta a publicação.

Como exemplo dessa "maldição", o boletim cita a MP 458, apresentada como originalmente destinada a acertar a situação de milhões de pequenos proprietários que tentam há anos legalizar a posse da terra, às vezes incentivadas por programas de governos anteriores para a ocupação da Amazônia, mas que acabou sendo desfigurada nas mãos de "legisladores gananciosos".

A ONG Climate Action Network (CAN) acusa a medida provisória de servir aos interesses "daqueles com olhos grandes na especulação da floresta". Um dos pontos criticados pelos ambientalistas internacionais tem na senadora Marina Silva também uma ferrenha opositora. É o que permite que os proprietários de empresas possam também regularizar as terras em seus nomes, como pessoas físicas.

Os líderes ambientalistas que foram mortos nos últimos anos na região, como a freira americana Irmã Dorothy, o ambientalista Chico Mendes e o padre Josimo, são lembrados na mensagem da ONG, que pede que se escreva ao presidente Lula reforçando a necessidade de vetos na nova lei.

A decisão do presidente deve sair até amanhã.

Na coluna de domingo, escrevi que Clarence Thomas foi o primeiro juiz negro da Suprema Corte dos Estados Unidos, nomeado pelo republicano George Bush pai, mas na verdade o pioneiro foi Thurgood Marshall, nomeado em 1967 pelo presidente democrata Lyndon Johnson.

O leitor Gerardo Xavier Santiago, advogado, ressalta que, ao contrário de Clarence Thomas, ele era "liberal (no sentido norte-americano da expressão) e progressista". Atuou como advogado em causas que envolviam direitos civis e respaldava a ação afirmativa.

A grande proeza de Bush pai foi exatamente encontrar um afro-americano de direita para substituir Thurgood Marshall.

GOSTOSA


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MÍRIAM LEITÃO

Na travessia

O GLOBO - 09/06/09

As boas notícias: o ministro Guido Mantega disse que a confiança está voltando à economia; o economista José Roberto Mendonça de Barros acredita que a queda livre da economia acabou; o empresário Jorge Gerdau, que tem usinas no Brasil e nos Estados Unidos, acha que aqui está melhor. Mas, nesta terça-feira, o Brasil será oficialmente informado de que está em recessão.

Hoje, sai o resultado do PIB do primeiro trimestre e ele vai confirmar o que temos dito aqui desde o começo do ano: o Brasil entrou em recessão no final do ano passado. Na quarta-feira, o país verá um fato histórico: a queda dos juros abaixo de 10%. Qualquer que seja a decisão do Copom - de corte de 0,5; de 0,75; ou de 1 ponto percentual -, os juros vão atravessar uma marca histórica.

Ontem, o Fórum Globonews reuniu Mantega, Gerdau e José Roberto. Coordenei o debate cujo resumo vai ao ar no próximo domingo. Mesmo divergindo em vários pontos, os três mostram o retrato de um meio do caminho: a situação não está tão grave quanto já foi, mas ainda há muitos desafios a serem enfrentados antes que se possa dizer que a crise acabou.

José Roberto acha que a recuperação pode ser em "W", ou seja, pode haver outra queda depois dessa melhora recente. Gerdau acha que há chances de evitar um novo tombo. Ele acredita que o risco de a situação voltar a piorar está nos Estados Unidos.

- Este ano não escapamos de uma recessão forte nos EUA, nos países desenvolvidos, e em parte dos emergentes - disse Mantega, que continua afirmando que o Brasil deve crescer 1%. Mas ele admite que isso não é projeção, mas uma meta.

José Roberto acredita que o resultado do PIB do primeiro trimestre vai mostrar quedas de 3,4% em relação ao mesmo período do ano passado e de 2,3% em relação ao último trimestre. E que em 2009 o país deve ficar num PIB de zero. Ele não faz a previsão mais pessimista do mercado. Mantega não quis arriscar números do PIB do trimestre. No almoço que se seguiu ao Fórum, sentei ao lado do ministro, e ele me disse que o segundo trimestre deve ser positivo, ainda que ele esteja esperando uma recuperação fraca, de talvez 0,5%. O que todos concordaram é que o final do ano será muito melhor do que esse trimestre que deixamos. José Roberto acha que o consumo das famílias estará crescendo a 1,2% no fim do ano.

Jorge Gerdau acha que mais importante do que o momento atual é o fato de que não nos preparamos para sair bem da crise. Segundo ele, o Brasil não fez mudanças necessárias para ser mais competitivo e continua taxando o investimento.

- Fiz um investimento de US$600 milhões em São Paulo. Paguei US$130 milhões de imposto, consegui abater uma parte disso, mas pelo menos US$60 milhões não recuperei - disse ele, explicando em grandes números o que quer dizer com a reclamação de que "no Brasil se paga imposto sobre o imobilizado".

Onde não houve acordo foi no gasto público. O economista disse que o Brasil está aumentando o gasto de forma irracional porque estão crescendo as despesas correntes há muitos anos em termos reais. O ministro disse que aumento de gasto é a forma de se fazer política anticíclica. O empresário acha que o gasto não é eficiente. Esse assunto, claro, tomou boa parte da discussão.

Mantega acha que está reduzindo a carga tributária com medidas pontuais. Gerdau concordou que várias das medidas tomadas pelo governo aliviaram, sim, as empresas. Mas José Roberto alerta que tudo o que provocou o aumento da arrecadação nos últimos anos não vai mais ocorrer.

- O bônus tributário acabou. O governo aumentou a arrecadação por que vários setores que não pagavam imposto passaram a pagar com mudanças como o Simples. Houve queda de custo com a redução de juros, só este ano o governo vai deixar de gastar um ponto percentual do PIB com juros. Mas, nada disso se repete. E o governo aumentou gastos de forma permanente com funcionários e salários - disse José Roberto.

- As contas fiscais estão melhores no Brasil que em outros países. Os gastos com pessoal estão estáveis como percentual do PIB e o Brasil precisava mesmo contratar mais e gastar mais com educação, saúde, segurança. Não acho que isso é gasto - respondeu Mantega.

Os três acham que o Brasil volta a crescer no ano que vem, ainda que mais devagar. José Roberto aposta em 3%. Ele acredita que o câmbio deve continuar fraco, que pode ir abaixo de R$1,90 e que no fim do ano deve estar em R$2,00. Mantega descartou qualquer tipo de política para tentar evitar a entrada de dólares. Nem IOF sobre entrada de capital. Ele disse que tem entrado pouco recurso para renda fixa, que a maior parte é para a bolsa. Sobre o IPI de automóveis, cuja redução acaba no fim do mês, o ministro não quis adiantar se ele continua ou não. Lembrou apenas que é uma política temporária.

No debate de duas horas e meia muita coisa foi conversada, mas no resumo o que se vê é a cena de um país atravessando a crise. Felizmente, uma parte dela já ficou para trás. E o numero que sai hoje faz parte desse passado.

JANIO DE FREITAS

História velada

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/06/09


O lucro de especuladores estrangeiros no país é riqueza criada no Brasil e não mantida em seu benefício



A GOTA ESPERADA para amanhã no pinga-pinga da redução dos juros, em reunião dos neoliberais do Banco Central, não altera a evasão sistemática da riqueza produzida pelo trabalho brasileiro e levada, ano após ano, pelos dólares especulativos cuja entrada o governo tanto saúda. Essa é uma forma de empobrecimento da economia, seus empregos e seu crescimento, e do futuro do Brasil, pela qual todo governo deveria responder nos tribunais.
Em mais um dos bons artigos que publica na Folha às segundas, Luiz Carlos Bresser-Pereira (agora enobrecido por um hífen) diagnosticou a onda de alta na Bolsa e a simultânea queda do dólar no Brasil, tomados no jornalismo e pela propaganda como sinais positivos. A massa de dinheiro que governos ocidentais vêm lançando contra a crise não tem a garantia de que todo ele "seja repassado para as empresas e os consumidores" dos respectivos países, observa Bresser-Pereira. Os especuladores "podem usar os recursos baratos para obter juros elevados [digo eu, lucros elevados] nos países emergentes" -que, aliás, nunca emergem. "Se, além disso, esse influxo de recursos externos especulativos provocar a valorização da moeda local [isto é, a desvalorização do dólar], melhor ainda, porque agora o especulador ganha também -e muito- com essa valorização. É essencialmente isso que está acontecendo com o mercado de ações. Estamos vivendo uma pequena bolha especulativa", o que se "soma à valorização perversa do real", "para infelicidade do Brasil".
Esse mecanismo oferecido pelo governo brasileiro é tão usurpador do Brasil, que, a rigor, para recolher e levar bom lucro os especuladores estrangeiros nem precisam aplicar todos os seus dólares baratos. Se US$ 100, ao entrarem aqui, foram trocados a R$ 2,50 por dólar ou R$ 250 no total, e em pouco tempo o dólar passa a valer R$ 2, os R$ 250 já representam US$ 125. Ou seja, lucro de 25% em dias ou poucas semanas, como ficou exemplificado agora mesmo. Sem o dólar precisar ir à Bolsa, bastando-lhe ficar no bolso.
Sem, no entanto, ficar no Brasil. Passada a bolha a que Bresser-Pereira se refere, tal como as anteriores, o dinheiro volta multiplicado para sua origem ou para outros territórios ofertados à especulação. E esse lucro que sai é trabalho, é investimento produtivo, é riqueza criada no Brasil e não mantida em seu benefício.
Mas não se trata de US$ 100. São milhões, dezenas de milhões, centenas de milhões, são bilhões.
Reproduzo outra vez Bresser-Pereira: "A grande oportunidade que esta crise global ofereceu ao Brasil ao lhe permitir, sem nenhum risco, voltar ao desenvolvimento econômico sustentado, baixando a taxa de juros e adotando medidas para controlar o câmbio, está pateticamente perdida".
Nada disso, porém, é feito sem motivos ou por falta de percepção. Aí há uma história velada, que levou Antonio Palocci à Fazenda e o peessedebista Henrique Meirelles ao Banco Central. E que nem José Dirceu nem a então embaixadora americana Donna Hrinak, de tantos e longos entendimentos no decorrer da campanha e antes da posse, têm o direito de esconder para sempre da história.

EM PAC ADO


CELSO MING

Rejeição ao verde


O Estado de S. Paulo - 09/06/2009
Não há pânico nos mercados, mas talvez esteja em formação algo próximo disso.

Desde o dia 4, o mercado financeiro internacional manifesta um movimento de rejeição dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos de curto prazo, as T-Notes de 2 anos. Seria o começo da rejeição do dólar?

O gráfico ao lado mostra uma forte escalada no rendimento (yield) destes títulos no seu mercado de revenda. (Veja a explicação no Entenda.)

Um grupo minoritário de analistas faz o jogo do contente e interpreta a estocada do rendimento como demonstração de que mais gente está se desfazendo de posições defensivas (T-Notes) para voltar a aplicar em títulos de risco, especialmente ações. Mas o que parece estar acontecendo é que os títulos de curto prazo passam por uma forte rejeição.

O fundamento disso é o medo de estarem próximos os dias em que o mercado global perca o apetite por títulos do Tesouro americano e este se veja obrigado a pagar o resgate não mais com emissão de novos títulos, mas com emissão de moeda providenciada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Se isso ocorrer, estará escancarada a porta para a inflação nos Estados Unidos.

Ao menos dois fatores sustentam esse medo. O primeiro é o fato de que o déficit orçamentário, ou seja, a insuficiência de arrecadação de impostos nos Estados Unidos para o tamanho das despesas correntes do governo, ultrapassará neste ano, cujo exercício fiscal termina em setembro, a magnitude de US$ 1,8 trilhão.

Segundo, o Fed extrapolou todos os limites do seu mandato para socorrer a economia americana em plena crise. Despejou dinheiro vivo nos bancos, financiou o setor privado e, dentro do esquema heterodoxo do tal afrouxamento monetário, está recomprando US$ 300 bilhões em títulos do Tesouro de longo prazo, o que quase se equivale a financiar despesas correntes do setor público americano. Essas injeções incharam o balanço do Fed em nada menos que US$ 2 trilhões.

Pode-se contra-argumentar que o Fed está comprando esses títulos no mercado secundário, porque estavam nas carteiras do John, do Joe e do Bill, e que isso não é a mesma coisa que passar dinheiro vivo para o Tesouro. Mas o fato é que o dinheiro deixado pelo Fed com o John, com o Joe e com o Bill em pagamento dos títulos está disponível agora para comprar novos títulos do Tesouro, que continua compulsivamente a despejá-los no mercado.

Essas operações heterodoxas não estão levantando cismas apenas dos predadores habituais do mercado financeiro. As autoridades da China já se manifestaram algumas vezes sobre as dúvidas que começam a pairar sobre a saúde da principal moeda de reserva do Planeta. E, na semana passada, foi a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que fez um duro pronunciamento contra as irresponsabilidades heterodoxas dos bancos centrais, e aí incluiu o Fed, o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra.

O presidente do Fed, Ben Bernanke, não respondeu diretamente a Merkel. Mas também fez declarações duras em que pareceu reconhecer que falta uma estratégia de saída e cobrou responsabilidade fiscal dos Congressistas e do governo americano.

Enfim, são coisas que não podem ficar por isso mesmo.

CONFIRA

Por que o rendimento sobe quando um título é rejeitado? Ao ser emitido, um título prevê o prazo de vencimento e os juros. Esses títulos podem ser renegociados, a preços definidos pela lei da oferta e da procura.

Se a procura aumenta, o preço pago pelo título sobe, ou seja, o vendedor exige mais dólares por ele. Como os juros embutidos continuam os mesmos, se o comprador precisa gastar mais, o juro fica mais baixo em relação ao capital aplicado.

Se ocorre o contrário, ou seja, a procura se retrai, o titular do ativo aceita vendê-lo por menos e os juros ficam mais altos em relação ao total aplicado.

BRASÍLIA - DF

A Petrossal é nossa!


Correio Braziliense - 09/06/2009

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), insistirá na criação da nova empresa para exploração do petróleo da camada de pré-sal, apelidada de Petrossal. E não fala pra ninguém o nome na manga do paletó que pretende sugerir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva como futuro presidente da empresa.



A ideia é criar um regime diferenciado para a concessão ou partilha dos lotes de exploração da camada do pré-sal, no qual a nova empresa gestora poderia ou não favorecer a Petrobras, dependendo do chamado “interesse nacional”. Assim, o novo marco regulatório que o governo pretende enviar ao Congresso, para substituir a Lei 9.478, de 1997, não restabelecerá o antigo monopólio da Petrobras, que hoje compartilha a exploração de dez novos campos com várias empresas estrangeiras (YPF, BG Repsol, Shell, Petrogal e BG Group), mas esvaziará definitivamente a Agencia Nacional do Petróleo (ANP).

* * *
Na Bacia de Santos, a participação da Petrobras varia de 20% a 80%. No Bloco Ogum, por exemplo, a empresa tem 20% contra 40% da Esso e 40% da Amerada. Detalhe: todos os blocos leiloados que não foram explorados serão retomados pela União e somente serão liberados para exploração após o novo marco regulatório, ou seja, depois da criação da nova empresa.


Suicidas

Somente o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), e a senadora Lúcia Vânia (GO), na bancada tucana, votaram a favor da preservação da espécie e contra o relatório da senadora Katia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura, que alterou a MP 548 que regulariza a ocupação de terras da União na Amazônia Legal. Os destaques da senadora Marina Silva (PT-AC) que vedavam o acesso de “laranjas” e impediam a venda dessas terras durante dez anos foram derrotados por 23 votos a 21, com uma abstenção, graças aos votos dos demais senadores tucanos.

Cenários

Com os sinais de que a situação da economia em 2010 será melhor do que imaginavam os mais otimistas e de que a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), vai mesmo decolar, os tucanos paulistas começam a considerar o Plano B da legenda para sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: apelar ao governador José Serra para concorrer à reeleição e implorar ao governador Aécio Neves para manter sua candidatura a presidente da República a qualquer preço.

Cabide

Contrários à criação do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) da Paraíba antes da cassação de Cássio Cunha Lima (PSDB), aliados do governador José Maranhão (PMDB) na Assembleia Legislativa querem tirar o órgão do papel. A turma ligada ao tucano se mobiliza contra a iniciativa.

Aposta

O grupo Pão de Açúcar comprou o Ponto Frio na hora certa: o governo vai manter a isenção do IPI para a produção de geladeiras até as eleições de 2010. O programa visa a troca de 10 milhões de refrigeradores, com o objetivo de estimular a indústria de eletrodomésticos e, ao mesmo tempo, reduzir o consumo de energia. O segundo objetivo, porém, é duvidoso. A maioria usa a geladeira velha para estocar alimentos e bebidas.

Sabatina

A Comissão de Relações Exteriores do Senado realiza hoje uma audiência pública sobre a entrada da Venezuela no Mercosul, com a presença do embaixador brasileiro naquele país, Antônio José Ferreira Simões. Sob o aval do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o tucano Tasso Jereissati (CE) elaborou 300 perguntas para o Itamaraty enviar ao presidente venezuelano Hugo Chávez.

No cafezinho

Ungido / Com apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da antiga Articulação, agora denominada Construindo um Novo Brasil, desembarca hoje em Brasília o presidente da BR Distribuidora, Eduardo Dutra (foto), candidato a presidente do PT. Quer o apoio dos grupos dos deputados Arlindo Chinaglia (Movimento PT), de Carlos Zaratini (Novos Rumos) e Gilmar Tatto (PT de Luta e de Massas). Se conseguir, terá quase 70 % dos votos nas eleições diretas para presidente da legenda.

Palestino / O governo de Israel anda às voltas com a Comissão do Parlamento do Mercosul. Partidos da esquerda, com o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) à frente, querem excluir os produtos manufaturados nos territórios ocupados por aquele país — Faixa de Gaza, Cisjordânia e Colinas de Golan — do acordo de livre comércio negociado com o bloco do Cone Sul.

Vindita / Projeto do deputado Paulo Maluf (PP-SP) que responsabiliza membros do Ministério Público que ajuizarem ações civis públicas com viés político pode emplacar na Câmara. O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), vai consultar a bancada. Vice-líder do PR, Lincoln Portela (MG), diz que o apoio não quer dizer que a bancada está fechada com a proposta.

Frente / Afastados do PDT desde que o partido indicou o distrital José Antônio Reguffe para concorrer ao Palácio do Buriti, o PSB e o PT do Distrito Federal reúnem-se hoje para delinear a estratégia para as eleições de 2010. A depender dos socialistas, o encontro das executivas se encerrará com Agnelo Queiroz (PT) como o candidato comum.

GOSTOSA


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A LEI DA MORDAÇA DO MP

EDITORIAL

O Estado de S. Paulo - 09/06/2009
O plenário da Câmara poderá votar esta semana, em regime de urgência, o projeto de lei que prevê punição para membros do Ministério Público (MP) que, por motivos ideológicos, interesses partidários, perseguição, má-fé ou promoção pessoal, impetrarem ações judiciais contra integrantes dos Poderes Legislativo e Executivo.

Conhecida como Lei da Mordaça do MP, a proposta foi apresentada pelo deputado Paulo Maluf (PP-SP), em 2007, e já passou pela Comissão de Constituição e Justiça. Na semana passada, em discurso de 20 minutos, Maluf pediu que o projeto seja votado o mais rapidamente possível e obteve apoio de todos os líderes partidários - inclusive de quem já o acusou de peculato, nepotismo e fisiologismo.

Em seu discurso, Maluf referiu-se ao processo que sofreu por ter comprado, com recursos públicos, os Fuscas que deu aos jogadores da seleção tricampeã mundial de futebol. A ação foi aberta em 1970 e a decisão final, que o absolveu da acusação de abuso do poder econômico, só foi dada em 2006. "Você leva quase uma vida inteira para provar que é inocente numa ação irresponsável. O que gastei de dinheiro com advogados nestes anos todos foi bem mais caro do que o total gasto com os carros", disse, depois de criticar a abertura indiscriminada de ações contra políticos por parte do MP. "São acusações que geram situações vexatórias e que desgastam a honra e a dignidade de autoridades injustamente acusadas", concluiu.

Maluf, melhor do que ninguém, sabe do que estava falando. Réu em cerca de 40 ações penais e cíveis, das quais pelo menos 10 já resultaram em condenação de primeira instância, o deputado deixou claro que está legislando em causa própria. E, se a proposta encontrou apoio na Câmara, é porque as lideranças partidárias agiram de modo igualmente pragmático, endossando uma medida que também poderá beneficiá-las. "Assino o pedido de urgência, e com muito gosto", disse o vice-líder do PR, deputado Lincoln Portela. "Eles (os promotores) te acusam hoje no jornal e, depois que você prova inocência, ninguém quer saber mais", afirmou o líder do PTB, Jovair Arantes.

Pelo projeto de Maluf, os integrantes do MP que entrarem com uma ação judicial contra um político sem ter provas concretas para embasar uma denúncia de corrupção serão condenados a pagar, do próprio bolso, as custas judiciais e as despesas do acusado com advogados. Além disso, correrão o risco de pagar indenização por danos morais e materiais ao denunciado e de serem condenados a até 10 meses de prisão.

Como era de esperar, promotores de Justiça e procuradores da República criticaram a proposta de Maluf. "Só votará a favor do projeto quem se envolveu em mensalão, sanguessuga e outros escândalos", diz José Carlos Cosenzo, presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público. Para a entidade, promotores e procuradores impetram ações para proteger a coletividade, não podendo ser punidos por exercerem suas funções constitucionais. Segundo Cosenzo, se o projeto de Maluf for aprovado, os integrantes do MP deixarão de denunciar políticos para não correr o risco de ser responsabilizados pessoalmente.

O argumento é procedente. Com o MP imobilizado, os principais instrumentos de combate à corrupção - a Lei de Ação Popular, a Lei da Ação Civil Pública e a Lei de Improbidade Administrativa - correm o risco de serem esvaziados. Mas nada disso estaria ocorrendo se os promotores e procuradores exercessem seu papel com isenção, prudência e sensatez. Infelizmente, porém, desde que a Constituição de 88 concedeu autonomia funcional ao MP, muitos promotores vêm exorbitando de suas prerrogativas. Nos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, procuradores da República lotados no Distrito Federal agiram de modo acintosamente partidário, impetrando, sem provas, dezenas de ações de corrupção contra membros do governo, com o objetivo de favorecer o PT.

Foi essa conduta irresponsável de uma minoria da corporação que acabou criando as condições para que Maluf se sentisse animado a legislar em causa própria e as lideranças partidárias se sentissem estimuladas a aprovar um projeto que poderá ter efeitos desastrosos para a vida pública brasileira

PAINEL DA FOLHA

O jogo de cada um

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/06/09

O próximo presidente do PT deve ser mesmo José Eduardo Dutra, mas, até a eleição, haverá espaço para muito jogo de cena. Ao sugerir que o assunto não está liquidado, como fez em reunião no fim de semana, José Dirceu cria dificuldade para obter de Dutra algum compromisso de preservação de seu espaço.
Ao insinuar que pode se lançar na disputa, Arlindo Chinaglia tenta conseguir por outra via o que está buscando desde o fim de seu mandato na presidência da Câmara: um cargo no governo. E José Eduardo Cardozo, mesmo sem chances de ganhar, será mantido no páreo como forma de delimitar o tamanho da Mensagem, grupo do ministro Tarso Genro.

Lição de casa - Há ainda petistas sem relação com Dutra, mas que aderiram na primeira hora e com grande entusiasmo. Estes esperam alguma compensação quando o candidato deixar o comando da BR Distribuidora.

Estrangeiro - De um cardeal petista, sobre a resistência de Dirceu: ‘O Dutra hoje é mais Dilma do que Articulação’. Articulação, para quem não lembra, é o antigo nome da ala majoritária do PT.

Proativa - Quem conhece a Petrobras por dentro inscreve o timing da anunciada redução nos preços dos combustíveis dentro do repertório de instrumentos de que a estatal dispõe para se contrapor ao barulho em torno da CPI.

Passivo - ‘A Petrobras é uma empresa extremamente agressiva’, observa esse conhecedor das engrenagens da empresa. Ou seja, não assistirá à CPI calada, como ocorreu com os Correios em 2005.

Para registro - O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, avisa: não será candidato ao Senado nem a outro cargo eletivo em 2010. Para além da decisão pessoal, ele lembra que o PT da Bahia já firmou decisão de oferecer a candidatura ao Senado a partidos aliados, em troca do apoio à reeleição do governador Jaques Wagner.

Ideli Inc - O Boletim Administrativo de Pessoal do Senado registrou, em sua edição de ontem, o remanejamento de 12 assessores para o gabinete da liderança do governo no Congresso, agora ocupada por Ideli Salvatti (PT-SC). Além disso, a senadora nomeou outros três servidores dos quadros da Casa para seu gabinete pessoal. Por fim, promoveu três de seus atuais assessores para cargos mais altos.

Lupa - As doações da Camargo Corrêa e da AIB (Associação Imobiliária Brasileira) serão os dois primeiros alvos do Núcleo Especial de Auditoria de Contas, criado em abril pelo TSE para fazer análise mais aprofundada das prestações partidárias e de campanha.

Embaralhou - Depois de horas debruçado sobre o parecer com o qual tentará restringir os ‘contrabandos’ nas MPs, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), foi parar no oculista em pleno domingo. O texto deve ser apresentado hoje ao plenário.

Na TV - Responsável pela formatação do dossiê de gastos de FHC, Maria de la Soledad Castrillo trocou a Casa Civil pela EBC, empresa responsável pela TV pública. Marisol, como é chamada, vai trabalhar no setor de auditoria.

Pré-requisito - Vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman chegou com duas horas de atraso ontem ao seminário sobre a crise econômica promovido pelo DEM. O deputado tucano Emanuel Fernandes brincou: ‘Está treinando direitinho para substituir o chefe...’.

Tiroteio

É só falar em Wilson Santarosa que muitos governistas entram em pânico no Senado. Ele provoca paúra.
Do senador ÁLVARO DIAS (PSDB-PR), autor do requerimento da CPI da Petrobras, sobre o gerente de Comunicação Institucional da empresa, ligado ao PT.

Sobremesa - José Sarney diz que chegou só no final do almoço de sexta no Gero, do qual participaram seu genro, Jorge Murad, o médico Raul Cutait, o ex-senador Gilberto Miranda e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.

Contraponto

Fast forward

José Serra participava há uma semana da cerimônia de abertura da Feira do Piauí, em São Paulo, de olho no relógio. O governador Wellington Dias (PT) proferia alentado discurso, que não dava sinais de acabar, e seu colega paulista já estava atrasado para a festa de 21 anos do PSDB.
O também tucano Silvio Mendes, prefeito de Teresina, notou a apreensão de Serra e resolveu agir. Encaminhou a Dias um bilhete de estilo mais claro impossível:
-Acelera!
O governador encerrou prontamente. Mais tarde, no jantar do PSDB, Serra agradeceu a gentileza.