segunda-feira, julho 18, 2011

Os mistérios de Chalita - REVISTA VEJA

Os mistérios de Chalita 
REVISTA VEJA
O que está claro: ele é vaidoso, rico e escreve livros com a mesma velocidade com que muda de partido. Já a lista das incógnitas que cercam o pré-candidato do PMDB a prefeito de São Paulo é mais extensa

Esso, esso, esso, Gabriel Chalita é um sucesso. Na literatura, ele é tão prolífico que deixa na lanterna gigantes como Machado de Assis e Honoré de Balzac. Machado produziu 38 obras em 69 anos de vida e o novelista francês, 89 em 51 anos. Chalitaa já deixou os dois para trás: aos 42 anos, publicou 54 títulos, todos com um estilo marcado pelo forte apego às frases feitas e por um fraquinho pelos diminutivos. Como político, sua trajetória não tem sido menos espetaculosa: eleito vereador aos 19 anos por Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, ele se tornou o terceiro deputado mais votado do Brasil no ano passado, logo atrás do palhaço Tiririca. Hoje, é pré-candidato a prefeito de São Paulo. De qualquer ângulo que se observe - por cima, por baixo, entre, como diria o filósofo Caetano Veloso -, Chalita é um portento. Mas o fato de ele escrever como faz política e de fazer política como escreve não é suficiente para lhe emprestar contornos mais, digamos, assumidos. A controvérsia e a incógnita marcam as duas faces do deputado e escritor.

Saber, por exemplo, quantos livros Chalita vendeu é uma tarefa árdua. Perguntado, o escritor responde sempre: "Pelos meus cálculos, foram uns 10 milhões". A marca o colocaria à frente de J.K. Rowling, autora da série Harry Potter (3,6 milhões de exemplares vendidos no Brasil), e próximo de Augusto Cury, fenômeno editorial da década (11 milhões de livros vendidos desde 2002). A pedido de Chalita, suas editoras também não divulgam os seus números de venda. Uma espiada nas planilhas da rede de livrarias Saraiva, no entanto, autoriza a suspeita de que o cálculo não é o forte de Chalita. Considerada um termômetro do mercado editorial, a Saraiva negociou apenas 70000 exemplares do autor nos últimos três anos.

Se não é bom com números, Chalita tampouco consegue ser preciso em suas citações. No ano passado, ao reeditar Carras entre Amigos - escrito em parceria com o padre Fábio de Melo, seu amigo do peito -, a editora Globo teve de extirpar da versão original duas passagens erroneamente atribuídas a Machado de Assis e Cora Coralina. Infelizmente, para os leitores do deputado, outras escaparam aos olhos dos revisores (veja o quadro na pág. 84). Usuário obsessivo do Twitter, Chalita escreve mensagenzinhas a cada quinze minutinhos, em mediazinha. São, em geral, frases de conteúdo "literário-filosófico", como ele gosta de classificá-las, algumas vezes retiradas de seus próprios livros ("Eu te amo". Se tiver dúvida, não diga. Se tiver certeza, não economize" ou "Matérias-primas de que somos feitos são duas, paradoxalmente duas: pó e amor! O pó nos iguala. O amor nos identifica"). Sem maldade, pessoal: o pó de Chalita é, no máximo, o de pirlimpimpim.

O deputado não bebe e não sai muito à noite. mas é festeiro à sua moda. Gosta de celebrar cada compra de um imóvel ou reforma de apartamento. Em 2004, então secretário de Educação de Geraldo Alckmin, seu padrinho político, ele convidou seis assessores para uma "inauguração-surpresa" em seu dúplex no bairro de Higienópolis. "Quando chegamos lá, soubemos que a inauguração era da nova banheira de hidromassagem dele", conta um dos convidados. Vestido com um robe de chambre, Chalita levou o grupo à sua suíte. onde a banheira estava instalada. Lá, anunciou que iria mostrar "como se banha um homem de estado". Em seguida, tirou o robe e, tchibum-tchibum, de sunga, deslizou para dentro d"água. Para sua decepção, um curto-circuito impediu o funcionamento da hidromassagem e pôs um fim abrupto à celebração.

Católico, Chalita conta que na juventude queria ser padre, mas, com a entrada na política, trocou a batina pelo terno (hoje, ele prefere os Armani). Vaidoso, orgulha-se da "barriga tanquinho", conquistada à base de muuuita malhação. Um assessor que ele considerou "fora de forma" já teve de acompanhá-lo em uma de suas habituais caminhadas aceleradas de 5 quilômetros em São Paulo - e nem o fato de estar trajando roupa e sapatos sociais o salvou da vigorosa experiência estética.

Na política, guardadas as devidas proporções, Chalita troca de partido quase com a mesma frequência com que lança um livro novo. Até agora, foram três mudanças de sigla. Começou no PDT, foi para o PSDB, passou pelo PSB e acaba de filiar-se ao PMDB. Trata-se de uma união de mútuas e significativas vantagens, em que o deputado já chega com status de pré-candidato a prefeito da maior cidade do país e na qual o PMDB poderá ganhar do PT e do governo federal algo que o interesse - e todo mundo sabe que algo é esse - em troca da desistência da candidatura Chalita. Mesmo sendo um nome emergente no cenário nacional, o deputado compartilha ao menos uma característica com veteranos de Brasília. Seus últimos onze anos de vida pública coincidem com uma notável evolução patrimonial. Os 741000 reais em bens que declarava possuir em 2000 transformaram-se em 7 milhões de reais em 2008 e hoje chegam a 15 milhões, uma variação de 1925%. Chalita atribui a prosperidade galopante às palestras que ministra pelo Brasil aos 10 milhões de livros que "estima" ter vendido e ao "salário impressionante" que recebeu como diretor de escolas e professor de faculdades particulares até o fim da década de 90 ("Uns 20000 dólares mensais, pelos meus cálculos"). O dúplex onde ele mora em São Paulo está avaliado em 6 milhões de reais. Tem 1000 metros quadrados, piscina coberta com teto retrátil, oito vagas na garagem e uma academia de ginástica, montada com a orientação de Fabio Sabá, seu ex-personal trainer alçado a secretário adjunto de Educação de São Paulo quando Chalita era titular da pasta. Há um mês, ele adquiriu um novo apartamento, também no bairro de Higienópolis. A compra do bem lhe custou 4,5 milhões de reais e foi paga à vista. Para fechar o negócio, nem precisou vender seus outros dois imóveis (além do dúplex, tem um apartamento no Rio de Janeiro, cujo preço é 1,5 milhão de reais). Como conseguiu a façanha? "Vendi um apartamento que eu tinha em Santos", explicou, com a tinta da melancolia no semblante. O flat negociado pelo deputado valia 200000 reais no ano passado. Como conseguiu multiplicar esse capital por vinte é só mais um dos mistérios de Chalita. Ele é a Capitu da política brasileira.




CHALITAPÉDIA

Cartas entre Amigos, best-seller de Gabriel Chalita, copia citações erradas da internet

Citação:"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares"

A quem Chalita atribui: Fernando Pessoa

A verdade: Fernando Pessoa nunca escreveu isso, como qualquer leitor seu sabe e atesta a Casa Fernando Pessoa

Citação: "A vida é bela e digna de ser vivida"

A quem Chalita atribui: Leon Trotsky

A verdade: o revolucionário russo escreveu: "A vida é bela, que as gerações futuras a limpem de todo o mal". A citação do livro de Chalita - assim como outros dois parágrafos que se seguem a ela - foi copiada de uma apresentação na internet do filme A Vida E Bela, de Roberto Benigni

Citação: "Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir. Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende"

A quem Chalita atribui: Machado de Assis

A verdade: "Esses versos não estão nas poesias editadas por Machado nem nas que foram coligidas postumamente", diz o professor da USP Alcides Villaça, especialista na obra do escritor

Citação: "Não sei... se a vida é curta ou longa demais para nós"

A quem Chalita atribui: Cora Coralina

A verdade: a editora de Cora e também sua filha, Vicência, afirmam que o poema não foi escrito por ela

EDITORIAL - FOLHA DE SÃO PAULO - Fora de hora e de lugar


Fora de hora e de lugar 
EDITORIAL
FOLHA DE SP - 18/07/11

Repetindo seu repertório de ataques à imprensa nacional e indicações personalistas impostas ao PT, Lula volta à cena para ungir Haddad


Haverá de ser dos mais moderados o interesse da população de Goiânia pela sucessão à prefeitura paulistana. É também pequena a pertinência de um discurso de apoio a pré-candidato petista num encontro que reúne estudantes de variadas filiações partidárias.
Do mesmo modo, reduz-se a uma pequena claque de militantes o número dos que sentem saudades dos ataques à imprensa feitos por Luiz Inácio Lula da Silva durante seu governo.
Cuidados com a adequação da oratória, atenções à pertinência geográfica e respeito à liberdade de expressão nunca foram, todavia, o forte do ex-presidente. Não seriam mais fortes agora, quando toda ocasião para voltar aos palanques parece reacender a vocação messiânica e autoritária.
Foi assim que, no Congresso da União Nacional dos Estudantes, Lula resolveu chamar de "babaca" o jornalista que considere fraca a presidente Dilma Rousseff.
Apostou na confusão, é claro: o vigor da personalidade da atual chefe do Executivo não é idêntico ao de sua capacidade política para resistir com êxito às forças fisiológicas que lhe dão sustentação. Capacidade política que parece especialmente duvidosa, aliás, quando se recorda que a candidatura da atual presidente só teve sucesso ao nascer de uma indicação do bolso do colete lulista.
Eis que Lula se apronta, agora, para outro "dedazo" -termo que, na política mexicana, designa a escolha imperial de candidatos. O ex-presidente prefere o atual ministro da Educação, Fernando Haddad, aos outros aspirantes petistas à Prefeitura de São Paulo, a ex-prefeita Marta Suplicy e o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante.
Não faltam prestígio e qualidades intelectuais a Haddad, cuja reputação administrativa, contudo, saiu arranhada de recentes fiascos nas provas do Enem e no funcionamento do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para candidatos a vagas em universidades federais.
Sem dúvida, trata-se de um nome menos experiente, mas também com menor rejeição que o de Marta Suplicy. Já Aloizio Mercadante não foi capaz ainda de fazer com que seus poucos meses no ministério mitiguem o desgaste de sua tíbia atuação parlamentar.
Não cabe à Folha, é óbvio, pronunciar-se sobre o teor de decisões internas ao PT. Só se pode observar, entretanto, que em qualquer partido político seria mais saudável -pelas ocasiões de debate público que proporciona- a realização de prévias para a escolha de candidatos.
A exemplo do que acontece no PSDB e no PMDB, porém, parece prevalecer no PT um sistema de indicações de cima para baixo. Com o agravante de que o personalismo de Lula, sem paralelo nas outras agremiações, enseja sempre manifestações de uma concepção atrasada de democracia.

ANCELMO GÓIS - Teatro Paulo Gracindo

Teatro Paulo Gracindo
ANCELMO GOIS
O GLOBO - 18/07/11

Eduardo Paes está fechando a compra do antigo Teatro Ipanema, inaugurado em 1968 e palco de grandes espetáculos. Vai se chamar Teatro Paulo Gracindo, homenagem ao ator no ano de seu centenário. 

Viva a Sapoti!
A Microservice, a fábrica de CDs que comprou o acervo da velha gravadora Copacabana, lança em agosto “Angela Popular Brasileira”, coletânea de músicas de compositores como Chico Buarque, Edu Lobo, Ivan Lins e Luiz Melodia, na voz da grande Angela Maria, 82 anos. Uma das joias é “Atrás da porta”, que a Sapoti gravou em 1973, num compacto simples. 

Não gosta de nozes 

Dilma gostou de ver o PT dando bolo na boca do PMDB. Mas fez uma ressalva. 
— Só não pedi um pedaço porque o bolo era de nozes. Não gosto. E estou de dieta. Toda mulher sempre está, né?! Ah, bom!

Shimbalaiê
A Copa América sem Brasil e Argentina levou um parceiro da coluna a cantarolar uma versão gaiata de “Shimbalaiê”, de Maria Gadu, a cantora cujo penteado inspirou Neymar: Diz assim: “Sem Zabaleta/ Pato, Messi, Elano e o Neymar/ Sem Zabaleta e sequer D’Alessandro ou Aimar...” 

No mais

O Paraguai jogou ontem com 12 jogadores. O 12o foi o Sobrenatural de Almeida, o personagem de Nelson Rodrigues, que fez Elano, André Santos, Thiago Silva e Fred errarem os pênaltis. 

Vovó de Laura

Fafá de Belém, a querida cantora, vai ser avó. Mariana, sua filha e também cantora, está grávida de uma menina, que se chamará
Laura. Que a família Belém seja muito feliz!

Café da manhã
Pesquisa do site Hoteis.com com brasileiros que viajam pelo mundo apontou que 83% acham o café da manhã daqui o melhor do mundo. Mas na opinião geral, de 2.400 turistas de 18 países, o Brasil fica em 10olugar. O Reino Unido foi o primeiro, com 17%. 

Segue...
Para desespero dos donos de hotéis, 15% dos irlandeses entrevistados disseram aproveitar que o café está incluído no preço para botar comida... no bolso. Dizem que é para comer mais tarde. Ah, bom! 

Frei Paulo no ‘FT’ 
O “Financial Times” publicou com destaque uma matéria sobre Sergipe. Diz o jornalão que o estado cresce ao ritmo chinês de 10% ao ano e está atraindo cada vez mais a atenção de investidores estrangeiros. 

Sobe, desce
De Martinho da Vila, nosso sambista, num debate com arquitetos na sede do IAB, no Rio, sobre urbanização de favelas: 
— Quando eu morava na favela da Serra dos Pretos Forros e consegui comprar uma casinha debaixo do morro, todo mundo me disse que eu... tinha subido na vida.

Copa Star
A rede carioca de hospitais D’Or vai inaugurar, em 2013, Copacabana, uma unidade de alto luxo com 130 leitos. Será o Copa Star, voltado para pacientes vips, em terreno de 3.000m² na Rua Figueiredo Magalhães, a 200m do Copa D’Or. O investimento é de R$ 115
milhões. 

Cine Santa Maré
O Cine Santa, sala especializada em filmes nacionais, começa a construir este mês uma filial no Complexo da Maré, região que ainda espera a pacificação. O novo cinema deve estar pronto em agosto e terá mais de 100 lugares. 

Velho Chico
A ministra Ana de Hollanda e Antônio Grassi, presidente da Funarte, lançam hoje os editais da cultura para 2011. A novidade é a grana, R$ 10 milhões, 50% a mais que em 2010. Haverá editais para artistas da área do Rio São Francisco. 

Cena carioca
Sábado à noite, o namorado fortão foi deixar sua amada no Âncora, casa de saliência no Recreio. Deu uma beijoca de despedida e desejou de coração. 
— Bom trabalho, amor. Há testemunhas.

GUSTAVO CERBASI - Filhos podem não custar nada

Filhos podem não custar nada
GUSTAVO CERBASI 
FOLHA DE SP - 18/07/11

Na hora de tomar as grandes decisões, evite simplificar suas escolhas em contas matemáticas


Frequentemente, sou convidado por publicações especializadas a criar simulações do preço de ter ou de educar um filho.
Apesar de esse tipo de reflexão econômica aparecer com fre- quência na mídia, considero-a bastante descabida, a ponto de me recusar a fazer qualquer simulação nesse sentido.
Racionalmente, somos motivados a acreditar que a decisão de ter um filho ou não é essencialmente econômica, em razão dos custos de saúde, decoração, educação, alimentação, fraldas e afins.
Quem adota esse raciocínio considera, portanto, que, além dos gastos que já tem atualmente, terá que arcar com os extras trazidos pelo pequeno ser.
Isso é verdade se seu orçamento se esgota com moradia, alimentação, saúde e transporte, os mais essenciais dos gastos básicos, o que não deveria acontecer.
Esse é um evidente sinal do desequilíbrio financeiro em que vivem as famílias de hoje. Consumir todo um orçamento com despesas fixas e burocráticas - o tal do pagar contas - reflete uma péssima qualidade de consumo.
Gastamos tão mal nosso dinheiro que qualquer mudança nos conduz ao desequilíbrio. Imprevistos não são tolerados nem desejados, seja um problema de saúde, um acidente ou a bênção de ter filhos.
Já reparou como muitas pessoas se sentem angustiadas quando são convidadas a apadrinhar um casamento?
De onde sairá a verba do presente?
Quando uma família adota um padrão de consumo mais flexível, com menos compromissos fixos e mais gastos variáveis, seu maior ganho é a capacidade de amenizar imprevistos ou se adaptar a novas situações ""como o desejo de ter um filho, por exemplo.
Imagine uma família que tem uma renda de R$ 2.000 mensais e que a consome toda com prestações do imóvel e do automóvel, com plano de saúde, contas de consumo, supermercado e combustível.
Se alguém adoecer e surgir um novo gasto com medicamentos, essa família terá que recorrer ao crédito e se endividar.
Agora, imagine se essa família optar por uma moradia 10% mais barata e por um automóvel 20% mais barato e econômico, reduzindo seu custo total para R$ 1.700. Essa família teria, agora, R$ 300 mensais para sair da rotina.
Isso pode significar a formação de pequenas poupanças, a compra de presentes ou qualquer tipo de gasto com lazer. Ou, quando surgir um imprevisto, esses itens podem ser adiados para viabilizar o pagamento de medicamentos.
Esse é o raciocínio. Se um casal adota uma vida mais simples em termos de custos fixos e mais rica em experiências de lazer, cria no orçamento verbas flexíveis.
Se descobre que terá um filho, poderá abrir mão de lazer nos meses de resguardo da gestação, e garantir as aquisições iniciais para bem receber o bebê. Se tem o hábito de viajar ou jantar fora, pode tranquilamente contar com a verba desses itens para suprir os gastos dos primeiros meses de vida.
Um casal que efetivamente curte o relacionamento e predomina seus gastos em viagens e gastos com bem-estar pode até ter uma economia orçamentária em razão da recomendada diminuição nos hábitos sociais nos primeiros meses de vida do bebê.
Obviamente, aqueles que acreditam que manterão a rotina de namoro e convívio social mesmo após a chegada dos filhos estão, no mínimo, negligenciando a importância de seu papel como pais.
Preparar-se para esse papel é muito mais importante do que fazer contas. A natureza é sábia e confere a pais e mães uma atitude mais focada após o nascimento dos filhos, o que facilita as escolhas profissionais e o aumento de renda. Na hora de tomar as grandes decisões de sua vida, evite simplificar suas escolhas em contas matemáticas. Seus valores, sua ética e sua missão de vida exigem uma posição mais madura, tanto econômica quanto emocionalmente.
Se você acha que um filho sai caro, faça as contas de quanto custa um adulto. Sai mais barato pedir um divórcio amigável e adotar uma criança.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG - Brasil, um exemplo de quê?


Brasil, um exemplo de quê?
CARLOS ALBERTO SARDENBERG 
O Estado de S.Paulo - 18/07/11

Hillary Clinton andou elogiando o sistema tributário brasileiro, pela ampla capacidade de arrecadação de impostos, como definiu, e o modo como o governo gasta o dinheiro em programas sociais que tiram pessoas da pobreza. O comentário serviu para o momento político nos EUA.

O governo democrata de Barack Obama, ao qual pertence Hillary, como secretária de Estado, está justamente numa guerra fiscal com os republicanos, que dominam o Congresso. Os democratas querem um programa de ajuste que aumente os impostos - mas só para os mais ricos, ressalva Obama - sem prejudicar programas sociais. Os republicanos querem um forte e amplo corte de gastos públicos e se opõem a qualquer aumento de imposto.

Faz sentido falar em aumentar imposto nos EUA? Sim, se a comparação se dá entre os países desenvolvidos. Nesse grupo, excetuando o Japão, os EUA têm a mais baixa carga tributária, em torno dos 27% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos demais, essa carga está acima dos 35% e passa dos 40% em muitos europeus, como na França.

Mas há diferenças enormes no modo de organização da sociedade. Nos europeus, o governo precisa de mais dinheiro porque presta mais serviços diretamente à população. Os serviços de saúde, por exemplo, são basicamente públicos na Europa e privados nos EUA. Idem para o sistema de aposentadoria e de escolas.

Na verdade, porém, todo mundo paga. Os americanos recolhem menos impostos, mas precisam pagar quando vão ao médico ou às universidades. Os europeus são atendidos de graça (ou fortemente subsidiados), mas pagam mais caro pelos produtos que compram por causa dos impostos.

E, curiosamente, tanto os EUA como muitos países europeus estão com o mesmo problema: déficit no orçamento dos governos e dívidas públicas muito elevadas.

Por outro lado, entre os emergentes, o Brasil ostenta, disparado, a maior carga tributária, em torno dos 35% do PIB. Na China, por exemplo, os impostos levam apenas 20% da renda nacional. Na América Latina é a Argentina que arrecada mais impostos, depois do Brasil, mas não chega aos 30%. No México está em torno dos 20%.

Embora arrecade mais, o setor público brasileiro deve mais do que na maior parte dos emergentes, especialmente quando se considera a dívida bruta. E opera com déficit nominal no orçamento total do governo (federal, estadual e municipal.)

Resumindo, o governo brasileiro arrecada mais e toma mais dinheiro emprestado. Gasta mais, portanto, e bastante em programas sociais, como disse Hillary Clinton.

Por exemplo, um quarto da população brasileira recebe os pagamentos mensais do Bolsa-Família. Mas também um quarto da população mexicana está no Oportunidades, o Bolsa-Família deles e que, aliás, é anterior ao nosso. Também no Chile, que recolhe ainda menos impostos que no México, há o Solidariedade, distribuição de renda tão ampla e eficiente quanto os outros dois.

Considerando padrões como saúde e educação, os indicadores brasileiros de qualidade e eficiência não são superiores aos dos demais emergentes. Ao contrário, nossos alunos, nos testes internacionais, perdem de colegas de países onde a arrecadação e o gasto por estudantes é menor do que aqui.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é admirado em alguns países da América Latina, pela sua ampla capacidade de atendimento. Mas o pessoal talvez não saiba que, além de recolher os impostos que financiam o SUS, cerca de 45 milhões de brasileiros pagam planos de saúde privados. (E que Hugo Chávez vai ser tratado num hospital privado, onde se trataram, aliás, José Alencar e Dilma Rousseff).

De todo modo, um tema frequente aqui na região é, como na proposta de Hillary, aumentar impostos para financiar saúde e educação - e melhorar esses indicadores. Dizem: já que a carga tributária ainda é baixa...

Ora, isso, em si, já mostra como algo deu errado no Brasil. Nossos impostos já estão lá em cima e não se nota desempenho notável dos serviços públicos prestados. Mas a aposentadoria pública funciona bem, especialmente para os mais pobres, no caso do INSS, e para os funcionários públicos. Só que é também uma fonte enorme de déficit. Ou seja, aqui, paradoxalmente, a arrecadação de impostos e contribuições não é suficiente.

Entre os ricos também há comparações interessantes: o ensino médio europeu, basicamente público e gratuito, é superior ao americano, público e privado. Mas as universidades dos EUA, privadas e pagas, mesmo quando pertencem a governos, são muito superiores às da Europa, públicas em geral.

Somando dinheiro público e privado, os EUA são os que mais gastam (per capita) em saúde, com resultados contraditórios. Há setores da população que não conseguiam nenhuma assistência - objeto do novo programa de Obama - e setores atendidos com medicina de alto nível.

Transporte e infraestrutura nos EUA, mais privados, igualam ou superam muitos europeus, públicos.

Dá o que pensar, não é mesmo? Leva a uma conclusão que a muitos parece tão simples que não pode ser isso. Mas considerem: a questão central não está no tamanho da carga tributária e do gasto, mas na eficiência de uma e de outro. E, olhando por esse lado, o elogio de Hillary ao modelo brasileiro foi apenas uma fala para a política interna, ou resulta de falta de informação, ou as duas coisas. O governo, aqui, arrecada muito, complica e encarece a vida do contribuinte e não entrega serviços e obras na proporção esperada.

Claro que, com pouco dinheiro, governos podem fazer pouco. Mas não decorre daí que, com muito, farão mais e melhor. O Brasil é exemplo disso. Nosso caso, aqui, é como reduzir impostos e aumentar a eficiência do gasto.

MARCIA PELTIER - Para cima

Para cima
MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 18/07/11

Uma nova revisão na meta de exportações brasileiras será anunciada pelo governo em setembro. No início do ano, esse patamar havia sido fixado em US$ 228 bilhões, montante que subiu para US$ 245 bilhões em maio.

Em criação

A presidente Dilma, aliás, deverá convocar mais uma reunião, esta semana, dos ministros envolvidos na elaboração do programa Brasil Maior – das pastas da Casa Civil, Planejamento, Fazenda, Desenvolvimento e Ciência e Tecnologia. Dilma manifestou ao ministro Fernando Pimentel, semana passada, seu desejo de que os produtos industrializados nacionais se tornem o quanto antes competitivos no mercado externo e, para tal, aposta na inovação. Os incentivos para isso estão sendo estudados através de medidas de desoneração fiscal e oferta de crédito.

Escrete da política 

Vitor Luís Pereira da Silva, volante que foi campeão do mundo pelo Flamengo em 1981 e hoje é fazendeiro em Miguel Pereira, vai se lançar na política no próximo ano. Ele vai concorrer à prefeitura do município do Centro-Sul Fluminense pelo PT e já conta com o apoio do deputado federal Romário (PSB-RJ). Telê Santana chamava o ex-craque de Vitor Beckenbauer.

Musa natureba 

A cantora e compositora britânica Adele, sucesso mundial com o single Rolling In The Deep, poderá desembarcar no Brasil. Mesmo que não faça show, por conta do seu alto cachê, produtores afirmam que ela simpatizou muito com o conceito do evento SWU, que acontece no interior de São Paulo em novembro, e deverá vir como palestrante. Adele quer dar seu testemunho sobre o estilo de vida vegetariana, que adotou recentemente. Ela também é apaixonada pelos animais e ajuda financeiramente ONGs de cachorros abandonados.

Toque de Midas 


De olho no verão, a rede holandesa C&A planeja ampliar o número das peças desenhadas pela modelo Gisele Bündchen. Sucesso em toda a Europa, a coleção é vendida logo no primeiro dia em que vai para as araras, com direito a lista de espera por semanas. A ideia é lançar, nos próximos meses, uma linha só de moda praia para 2012. A princípio as peças não serão comercializadas no Brasil.

Linha direta 


O Brasil será o país homenageado na 28ª edição da Feira Internacional de Luanda, maior feira multissetorial de Angola, que começa amanhã. A Apex coordena o Pavilhão Brasileiro, que reunirá 34 empresas expositoras, a maioria dos setores de alimentos e bebidas, casa e construção e máquinas e equipamentos. No ano passado, o volume de negócios estimados ficou em US$ 50 milhões. O grupo Casuarina se apresenta no evento, na quinta-feira, quando haverá uma festividade especial por conta do Dia do Brasil.

De olho 
Médicos brasileiros decidiram iniciar uma campanha contra o estrabismo infantil, doença que já atinge 4% das crianças e que pode levar à cegueira. Durante o congresso nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, que terminou sábado, Carlos Souza-Dias e Mauro Goldchmit, dois dos principais membros da estrabologia internacional, lançaram a obra Os Estrabismos – teoria e casos comentados.

Em novas mãos

O prédio do hospital desativado da ABBR no Jardim Botânico – motivo de apreensão dos vizinhos, que sempre temeram a exploração imobiliária do terreno – começou a ser reformado pela Amil. Nova administradora do hospital, a seguradora de saúde vai manter o gabarito de dois andares do imóvel e modernizar as instalações e equipamentos médicos. Os leitos de internação aumentarão de 60 para 80.

Beleza em casa 

O grupo Boticário abre, quarta-feira, no Barrashopping, a primeira loja no Rio de sua nova empresa de cosméticos. A Eudora vai atuar, também, com representantes de revenda porta a porta. A marca já possui quatro lojas em São Paulo e três em Belo Horizonte e comercializa linhas de produtos diferentes das lojas Boticário.

Representante 

O designer Carlos Alberto Sobral é finalista do concorrido Global Fashion Awards, o prêmio da WGSN que irá homenagear os melhores do mundo da moda. O brasileiro foi selecionado para concorrer na categoria empresa varejista sustentável. O resultado será apresentando em noite de festa no Gotham Hall, dia 20 de outubro, em Nova York.

Livre Acesso


Será bastante animada a programação musical do evento Da cor, da raça, nação mulher, que de quinta a segunda-feira próximas, no Centro Cultural Ação da Cidadania, vai celebrar a mulher negra latino-americana e caribenha. O grupo Revelação abre os shows no primeiro dia, seguido de um baile de gala black no sábado e show de Nilze de Carvalho, no domingo. Haverá, também, palestras gratuitas e desfiles de moda afro-brasileira, teatro e gastronomia.

O pesquisador e historiador Paulo Luna lança hoje, às 18 h, no Instituto Cultural Cravo Albin, o livro No Compasso da Bola, editado pela Irmãos Vitale. Resultado de uma pesquisa de dez anos, a obra faz uma relação entre o futebol e a música.

Hoje, no restaurante Entretapas, harmonização só para mulheres de tapas e vinhos com a sommelière argentina Cecília Aldaz, do Oro, e menu do chef Jan Santos. Toda a renda do evento, com jantar a R$ 95, será revertida para a Fundação Santa Bárbara, de crianças e adolescentes, em Nova Iguaçu.

A obra Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, será lida na íntegra e comentada, de hoje a quinta, pela psicanalista Maria Helena Lemgruber e pela mestra em teoria literária Suzana Vargas, na oficina de leitura da Estação das Letras, no Flamengo. 

A acupunturista Helen Nasser, com doutorado na Sorbonne, começou a atender no Espaço Lavanda, em São Conrado. Ela é a a acupunturista preferida de Gilberto Gil e dos atores Camila Morgado, Marcelo Faria e Ísis Valverde.

A Associação Brasileira dos Empresários Artísticos elegeu Ricardo Chantilly como o novo presidente para o triênio período de 2011-2014.

Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito

CLÓVIS ROSSI - A fé ameaça quebrar os EUA


A fé ameaça quebrar os EUA
CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SP - 18/07/11

Como fazem as seitas, fundamentalismo do Tea Party, ao pedir zero de aumento de impostos, leva ao risco de suicídio coletivo

O ENROSCO entre o presidente Barack Obama e os republicanos, em torno do aumento do teto de endividamento, não é uma questão política, econômica, contábil.
Trata-se de fé, de fundamentalismo religioso de parte dos integrantes do chamado Tea Party, o grupo de extrema-direita que emergiu com força na eleição de 2010. Estão sempre possuídos de uma Estado-fobia que supera o que Paul Krugman, ontem neste mesmo espaço, chamava de loucura antiga dos republicanos.
Ajuda-memória: até o dia 2, o Congresso tem que autorizar o aumento do teto de endividamento, que está em US$ 14 trilhões, número inimaginável. Dá cerca de sete vezes tudo o que o Brasil produz por ano de bens e serviços.
Sem a autorização, o governo quebra. Não poderia mandar, por exemplo, o cheque para o velhinho aposentado de Utah ou o dinheiro, bem mais suculento, para os investidores chineses que compram aos cachos papéis do Tesouro norte-americano. Nem mesmo para o Brasil, terceiro maior comprador da dívida dos EUA.
A contrapartida da autorização terá que ser um ajuste fiscal de cerca de US$ 4 trilhões (dois Brasis). Ajuste fiscal, em qualquer lugar do mundo, compõe-se de duas fatias não necessariamente iguais: corte de gastos e aumento das receitas do governo.
Até a emergência do fundamentalismo do Tea Party, loucos ou não, os republicanos discutiriam com os democratas até que as duas partes se convencessem de que nada mais poderiam extrair da outra. O acordo sairia, na undécima hora, mas sairia.
Aí é que surge o fundamentalismo com que os republicanos do Tea Party abordam a negociação. Ela já começou desequilibrada a favor do corte de gastos: Obama, em abril, propunha US$ 1,5 trilhão de aumento de impostos (em 10 anos). Ou seja, 37,5% do ajuste viria do aumento de receitas; os dois terços restantes do corte de gastos.
Os republicanos refugaram, e a mais recente proposta do presidente, já em julho, passou a ser de US$ 750 bilhões. Ou seja, menos de 20% do ajuste viria do aumento de impostos e mais de 80% do corte de gastos.
Nem assim os republicanos estão aceitando. Não é que Obama queira, por exemplo, aumentar o imposto sobre valor agregado, que machuca todos os contribuintes, independentemente de sua renda. Não.
Acha apenas, como disse sexta-feira, que "milionários e bilionários podem fazer um pouco mais", que é possível fechar "os buracos corporativos de forma que as companhias de petróleo não consigam desnecessárias isenções fiscais ou que os donos de jatinhos corporativos delas se beneficiem".
Enfim, nada que não seja o mais clássico preceito tributário segundo o qual paga mais quem pode mais. Mas não basta para a turma do Tea Party, que quer zero de aumento de impostos e, de quebra, aleijar um presidente que consideram "socialista".
Torna-se por isso possível o cenário assim descrito para o "Financial Times" por Steve Wieting, analista do Citigroup: "Perguntar como poderia se parecer a economia norte-americana após um eventual calote equivale a perguntar o que você faria depois de cometer suicídio".

GOSTOSA

JOSÉ GOLDEMBERG - Os problemas mundiais de energia


Os problemas mundiais de energia
JOSÉ GOLDEMBERG
O Estado de S.Paulo - 18/07/11

Viena, a bela capital do Império Austro-Húngaro, foi um dos mais importantes centros culturais da Europa desde o século 18 até 1938, quando a Áustria foi incorporada pelos nazistas à Alemanha. Nesse longo período, em Viena brilharam Mozart, Beethoven, Strauss e inúmeros outros expoentes da música e da cultura. Sigmund Freud, que viveu desde os 4 anos de idade nessa cidade, ali criou a psicanálise.

Hoje em dia Viena é a sede de numerosas organizações internacionais, como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). E também de renomadas instituições dedicadas à pesquisa, como o Instituto Internacional para a Análise de Sistemas Aplicados (Iiasa), que durante a guerra fria foi o único local de encontro de cientistas americanos e soviéticos. O Brasil recentemente se tornou um dos países-membros do Iiasa.

Ao que parece, estamos presenciando um renascimento das contribuições de Viena à ciência e à governança mundial. Lá se realizou, há cerca de um mês, um Fórum de Energia promovido pela Unido, no qual foram apresentados os resultados de um grupo de mais de cem técnicos e cientistas reunidos no Iiasa, que, depois de quatro anos de trabalho, relataram as conclusões de um estudo intitulado Energia, uma Avaliação Global.

Como se sabe, a energia que a nossa civilização exige origina-se em grande parte de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural). Apesar de sua enorme contribuição para promover o conforto de parte importante da população mundial, esse sistema está criando problemas que ameaçam a estabilidade e a continuidade do tipo de civilização que temos hoje.

Isso porque os combustíveis fósseis são a principal fonte de poluição nas grandes cidades e em regiões inteiras do mundo, com sérias implicações para a saúde. Emitem gases que estão provocando o aquecimento do planeta. E são a origem de inúmeros problemas que comprometem a segurança de abastecimento energético, uma vez que muitos países não têm reservas de petróleo e gás e ficam dependentes de pressões políticas dos fornecedores, como os países do Oriente Médio e a Rússia.

Além disso, pouco se faz, por causa do seu custo, para resolver o problema de quase 3 bilhões de pessoas sem acesso a formas modernas de energia nas regiões mais pobres do mundo.

As propostas que existem para solucionar tais problemas se originam, de modo geral, nos países industrializados, que têm acesso a combustíveis fósseis, mas estão preocupados com o aquecimento da Terra - o que só vai ocorrer a médio prazo, havendo ainda tempo para corrigir os rumos atuais. Daí o entusiasmo de alguns deles pela energia nuclear, que contribui para resolver essa questão, mas cria várias outras, de gravidade maior e imediata, como se viu no recente desastre nuclear de Fukushima, no Japão.

Já nos países em desenvolvimento os problemas são mais amplos, incluindo a necessidade de incorporar ao sistema os bilhões de habitantes que não têm acesso a serviços de energia moderna, além da necessidade de pagarem pela importação de combustíveis fósseis, o que compromete suas economias.

O Fórum de Energia de Viena analisou os resultados daquele grupo de cientistas reunidos no Iiasa e as soluções propostas. Esses estudos mostram que existem várias combinações de recursos naturais e tecnologias que permitiriam resolver simultaneamente os problemas acima mencionados sem a necessidade de energia nuclear nem de outras tecnologias ainda não completamente testadas, como a captura de carbono ou tecnologias planetárias ainda mais problemáticas.

A declaração ministerial que emergiu de Viena adotou três decisões básicas, recomendando aos países que adotem medidas para:

Garantir acesso universal de serviços de energia aos 3 bilhões de pessoas que não os possuem e a toda população mundial até 2030;

melhorar a eficiência no uso de energia em 40% até 2030;

aumentar a contribuição das energias renováveis no sistema para 30% até 2030.

A base técnica que deu origem a essas metas não vai exigir muito mais recursos do que os que são usados atualmente, mas seu redirecionamento. Ficou evidente no estudo que energias renováveis, como a eólica, a solar e a biomassa, que em geral são consumidas no local onde são produzidas, reduzem a insegurança energética.

Há também uma sinergia, isto é, uma complementação favorável entre maior eficiência energética e energias renováveis, porque maior eficiência permite realizar as mesmas tarefas com menos energia, o que favorece o uso das renováveis.

As metas do Fórum de Energia de Viena têm caráter global e cada país deverá tentar cumpri-las de acordo com suas características próprias. Para o Brasil elas não apresentam nenhum problema, porque nossa matriz energética já é renovável em 45%. Onde novos esforços poderão ser feitos é no uso mais eficiente de energia, o que pode ser conseguido etiquetando todos os equipamentos usados - como, aliás, já é feito com muitos eletrodomésticos - e aos poucos eliminando do mercado os menos eficientes.

No plano geral, as metas de Viena deverão ter grande impacto na conferência das Nações Unidas, em junho de 2012, no Rio de Janeiro, para marcar o 20.º aniversário da Convenção do Clima e da Convenção da Biodiversidade realizadas, também no Rio, em 1992. Com isso deverão tomar novo impulso os esforços para orientar o desenvolvimento energético numa direção sustentável.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Máquina de Vendas negocia com Visa lançamento de cartão neste ano
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 18/07/11

A gigante varejista de móveis e eletrodomésticos Máquina de Vendas, resultado da associação entre Ricardo Eletro, Insinuante e City Lar, está em negociação com a Visa para assumir a bandeira de seu cartão de crédito.
O plástico deve ser lançado ainda neste semestre.
O banco emissor, o HSBC, é aliado da companhia na MV Shop, primeira ação da parceria da Máquina de Vendas com a HSBC/Losango, assinada no início deste ano, com sede na Bahia e atuação nacional.
A financeira foi inaugurada com base na carteira de 15 milhões de clientes da holding Máquina de Vendas.
O MV Card, cartão que tem foco nos clientes da nova classe média, foi idealizado com o objetivo de oferecer financiamentos para viagens, carros, motos e imóveis, entre outros benefícios.
A estimativa é que a emissão de cartões alcance 1,5 milhão de unidades até o fim deste ano.
Além do MV Card, a MV Shop pretende oferecer aos clientes do grupo outras opções, como carnês, cheques pré-datados e pagamento por meio de débito em conta-corrente bancária. Procuradas, a Visa e a Máquina de Vendas não confirmaram as negociações.
No final da última semana, a SDE (Secretaria de Direito Econômico), do Ministério da Justiça, recomendou a aprovação da fusão das varejistas Ricardo Eletro e Insinuante. O processo segue agora para o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que deverá emitir o parecer definitivo.

NO TOPO DA BUROCRACIA
As excessivas regulações e a burocracia são os principais fatores que devem limitar a capacidade de expansão das empresas no Brasil neste ano.
É o que mostra o relatório International Business Report da Grant Thornton, realizado em 39 países.
De acordo com o levantamento, 50% dos empresários brasileiros citaram a burocracia como entrave. O resultado está acima da média global, que é de 31%.
Entre as 39 economias, o Brasil aparece em terceiro lugar, atrás apenas da Grécia, que lidera com 57%, e da Polônia (52%).
Na comparação com 2010, a preocupação com a burocracia cresceu mais na Índia e no Brasil, com alta de 21 pontos percentuais e 13 pontos, respectivamente.
"O Brasil ainda é um dos países com maior número de trâmites. Para crescer, é preciso mitigar esse excesso de processos. Além disso, a burocracia é um entrave para o investimento estrangeiro", diz Fernando Lima, sócio da Grant Thornton Brasil.

Movimento... 
A Portonave, terminal portuário de Navegantes (SC), registrou alta de 19% nas importações no primeiro semestre deste ano, ante o mesmo período de 2010. O movimento no último semestre foi de 47,7 mil contêineres.

...no porto 
O principal produto importado foi o plástico, e a China é o país de origem da maior parte das importações.
Economia Mais de 60% dos executivos pretendem mudar seus fornecedores para reduzir custos, segundo a empresa SunGard.
Inglês A rede de idiomas Seven abrirá mais seis unidades no Estado de São Paulo até o final deste ano.

CARGA PESADA
A RB Capital e a Ramos Transportes investem R$ 50 milhões na construção de um terminal de distribuição em Guarulhos (SP).
A parceria entre as empresas envolve a gestão financeira e o desenvolvimento do projeto.
Localizado entre as rodovias Dutra e Ayrton Senna, o terminal terá 50.000 m2 e atenderá 160 caminhões simultaneamente.
"Vamos unir os nossos três terminais de São Paulo em uma única planta, mais moderna, reduzindo custos operacionais e triplicando a capacidade", diz Tibério Ramos, sócio da transportadora.
A nova estrutura deverá ficar pronta em novembro.
A transportadora vai investir mais R$ 2,7 milhões na compra de 30 caminhões. A atual frota própria é de 850 veículos.
A companhia, que possui 67 filiais em todo o país, projeta faturamento de R$ 480 milhões para o final deste ano.

CONSUMO FEMININO

O cartão de crédito é o principal gasto das mulheres das classe B e C com prestações, segundo a Quorum Brasil.
A fatura desse tipo de cartão representa 26% do valor desembolsado por pessoas do sexo feminino com parcelas mensais, de acordo com o estudo da companhia.
O pagamento de empréstimos e de automóveis aparece em seguida, com 22% e 19%, respectivamente.
As prestações consomem 18% dos rendimentos das mulheres por mês, de acordo com a pesquisa.
Os únicos gastos superiores são os de moradia e educação, com 25% e 21% do total, respectivamente.
Apenas 3% dos salários são destinados a investimentos, segundo o estudo.
A Quorum Brasil ouviu 400 mulheres entre 22 e 55 anos, durante o mês de junho, na cidade de São Paulo.
A renda familiar das entrevistadas variava de R$ 1.100 a R$ 5.000 mensais.

PIRATAS CAPTURADOS
Foram capturados 1,2 milhão de CDs de programas de computador falsificados no primeiro semestre, de acordo com levantamento da Abes (Associação Brasileira das Empresas de Software) e da ESA (Entertainment Software Association).
O número representa aumento de 36% em relação ao mesmo período do ano passado.
O Estado do Rio de Janeiro lidera o ranking do semestre, com mais de 513 mil unidades de mídias apreendidas.
Minas Gerais e Paraná aparecem em seguida.

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, e VITOR SION

DENIS LERRER ROSENFIELD - Segurança e terra de estrangeiros


Segurança e terra de estrangeiros
DENIS LERRER ROSENFIELD 
O Estado de S.Paulo - 18/07/11

É salutar que o governo esteja pensando em levar ao Legislativo projeto de lei relativo à compra de terras por estrangeiros, pois o País não pode conviver com pareceres distintos da Advocacia-Geral da União que alteram o que se entende por empresa nacional de capital estrangeiro: ora é equiparada à empresa nacionais de capital brasileiro, como na legislação anterior, ora é objeto de tratamento diferente. A insegurança jurídica torna-se, assim, a regra, travando o investimento dessas empresas e, certamente, prejudicando o desenvolvimento nacional.

O capital estrangeiro tem contribuído, e muito, para o crescimento do País, não apenas no setor rural, mas também no industrial e no de serviços. É notório que o Brasil carece desses capitais e seu investimento produtivo tem sido decisivo nos últimos anos. Mas agora empresas que estavam em pleno processo de investimento nele põem freio, pois não mais sabem o que pode acontecer. De repente, devem dar uma marcha à ré, no aguardo de maior esclarecimento do que podem ou não fazer. Projetos ficam inconclusos, prejudicando, na verdade, todos nós.

Nesse contexto, a elaboração e a aprovação de uma lei que estabeleça parâmetros claros podem ser uma contribuição decisiva a esse processo. Essa é, ressaltemos, a própria função da Câmara e do Senado.

No imediato, porém, devemos ter claro que o Brasil de hoje - e o mundo - é globalizado, não cabendo nenhum preconceito contra o capital estrangeiro, em defesa de um nacionalismo estreito, que produziu efeitos tão nocivos no passado. Eis a nova realidade. A discussão a respeito deve ser técnica, não ideológica, voltada para o enfrentamento de alguns problemas reais. O País, frise-se, necessita de capitais e tecnologia estrangeiros.

Nesse sentido, a soberania nacional não pode ser confundida com uma defesa do capital nacional como se houvesse oposição irredutível ao capital externo, pois o que importa, de empresas nacionais ou internacionais, é que as leis sejam cumpridas. Aqui vale a soberania das leis. Se uma empresa nacional de capital estrangeiro cumpre as leis do País, só deve ser bem-vinda e, mesmo, apoiada.

É bem verdade que nos últimos anos a opinião pública nacional e internacional veio a perceber os recursos do planeta e dos países como finitos. Mesmo que se possa questionar se essa percepção da finitude corresponde ou não à realidade, o fato é que ela, hoje, é predominante e os governantes devem certamente levá-la em consideração. Surgem, a partir dela, formas de defesa de interesses nacionais que devem ser levados em conta.

Vejamos alguns pontos que, em nosso entender, deveriam (ou não) ser contemplados nesse novo projeto de lei:

O País carece de um sistema de informações confiável sobre sua base fundiária, principalmente, no caso, no que diz respeito à propriedade de terras por estrangeiros. Trata-se de uma base cadastral que ofereça transparência a essas propriedades, sem nenhum preconceito, por exemplo, contra empresas brasileiras de capital estrangeiro. Isso vale para minérios, silvicultura, agricultura e pecuária. A regra aqui é a transparência, a predominância do público.

Os investimentos estrangeiros devem ser distinguidos entre interesses propriamente produtivos e interesses especulativos, apostando estes últimos apenas no preço das terras, sem nenhuma preocupação quanto ao seu uso. Uns devem ser incentivados, os outros, restringidos.

Empresas brasileiras de capital estrangeiro devem ser distinguidas de empresas estrangeiras de propriedade estatal, pois, neste caso, elas tendem a fazer o jogo dos interesses de seus países de origem, investindo de acordo com os interesses de outros Estados. Aqui poderia surgir um problema de soberania nacional.

Talvez se deva igualmente pensar num tratamento diferenciado para empresas dos países do Mercosul e, de modo mais geral, da América do Sul, favorecendo a integração do continente, dada a natural liderança do País, por sua extensão territorial e sua pujança. Se o País aspira a uma grande cooperação sul-americana, mecanismos devem ser criados de favorecimento aos investimentos empresariais, sem distinção da origem dos capitais.

Deve ser descartada a ideia, como teria sido cogitado, de o Estado brasileiro ter uma golden share, uma participação acionária nessas empresas com direito a veto, pois tal mecanismo seria uma ingerência governamental no funcionamento delas, podendo ditar seus rumos. O Estado invadiria esse setor privado, burocratizando suas decisões. Imaginem o tipo de negociação que poderia ter lugar.

Poderia ser estabelecido o princípio da reciprocidade, aliás, vigente nas relações internacionais. O Brasil daria a empresas estrangeiras o mesmo tratamento que as empresas brasileiras recebem nos países onde investem. Por exemplo, um país que imponha restrições ao investimento estrangeiro receberia o mesmo tratamento aqui, não podendo ter a expectativa de tratamento diferente. Exceções seriam tratadas como tais, em função do interesse nacional.

A proposta de criação de um Conselho Nacional de Terras (Conater), que estaria sendo cogitado pelo governo. Seria o órgão encarregado de implementar essa política, segundo critérios claros, técnicos, sem nenhuma conotação ideológica contra o capital estrangeiro. É fundamental, por exemplo, que vários Ministérios nele estejam representados, como Casa Civil, Agricultura, Desenvolvimento Agrário, Defesa, Planejamento, Desenvolvimento econômico e Justiça. Agilidade e rapidez são fundamentais, pois uma empresa não pode ficar esperando indefinidamente uma resposta, o que pode ser um sério entrave para o desenvolvimento nacional.

Regras e mecanismos claros devem tomar o lugar da insegurança jurídica.

MÔNICA BERGAMO - O TIME NÃO EMPOLGA

O TIME NÃO EMPOLGA
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 18/07/11

Um em cada quatro brasileiros acha que o país está "sem condições de realizar a Copa de 2014": 24,5% cravam a opção quando perguntados sobre o andamento das obras do Mundial. Somados aos 59,3% que acham que os preparativos estão atrasados, o pessimismo chega a 83,8%. Só 2,5% acham que as obras estão adiantadas. A pesquisa é da Sport + Markt, que tem multinacionais e clubes entre seus clientes.

TREM BÃO
Entre os habitantes das capitais que sediarão os jogos, os mais otimistas são os de Belo Horizonte: 6,1% acham que as obras estão adiantadas. Em Natal, os entrevistadores não encontraram ninguém que respondesse dessa maneira; em SP, 2,6%, o mesmo de Porto Alegre.

DORMITÓRIO

A segurança em torno de Hugo Chávez preocupava funcionários do hospital Sírio-Libanês. O presidente venezuelano anda sempre cercado de dezenas de agentes. O desafio seria abrigá-los no local sem "transformar o Sírio em um quartel", de acordo com integrante da administração do hospital.

TRANSPARÊNCIA

Outra dificuldade seria a transparência: mesmo autoridades como Dilma Rousseff e o ex-vice José Alencar autorizaram a publicação de boletins sobre sua situação, ainda que séria. Já as informações sobre a saúde de Chávez têm sido controladas.

CAETANO CRIOLO
O rapper Criolo foi convidado a fazer um duo com Caetano Veloso no VMB, premiação da MTV marcada para outubro. Os dois vão cantar "Não Existe Amor em SP", música de Criolo que estourou na internet.

DIAS DE ÍNDIO
A mostra "Irmãos: O Xingu dos Villas-Boas" comemora os 50 anos da criação do Parque Nacional do Xingu. Estiveram no Sesc Pompeia para a abertura o diretor Cao Hamburger, Diane Maia e Noel Villas-Boas, herdeiro da família indigenista.

LEMBRANÇAS

Será lançado hoje em SP o festival de teatro "Raul Cortez nos Céus de São Paulo". A data foi escolhida a dedo: há cinco anos, em 18 de julho de 2006, o ator morria vitimado por um câncer. O prefeito Gilberto Kassab deu R$ 4 milhões para o evento.

ESTRELAS NOS CEUS

O festival prevê que dez espetáculos sejam apresentados nos CEUs da prefeitura entre agosto e dezembro. São peças estreladas por Fernanda Montenegro, Elias Andreato, Débora Falabella, Reynaldo Gianecchini, Caco Ciocler, Gero Camilo, Deborah Evelyn, Julia Lemmertz e Juca de Oliveira. A produtora Lulu Librandi fez a curadoria da programação, aprovada pelo secretário Alexandre Schneider, da Educação.

OS NOIVOS
O senador Demóstenes Torres está em lua de mel na Costa Amalfitana, na Itália. Ele se casou na semana passada com a advogada Flávia Coelho e viajou para aproveitar o verão europeu.

HOLERITE

O emprego formal no varejo da região metropolitana de SP cresceu 6,3% em abril, em relação ao mesmo período de 2010. Os dados são da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de SP).

BANDEIRA PAULISTA
O governador Geraldo Alckmin reuniu tucanos em jantar para Fernando Henrique Cardoso no Palácio dos Bandeirantes.

CURTO-CIRCUITO

Ricardo Napoleão inicia hoje a oficina de seis dias "Corpo e Improvisação: A Decolagem do Clown", na sala Crisantempo, na Vila Madalena. Preço das aulas: R$ 500.

O ex-presidente Lula recebe o Prêmio Personalidade do Ano da revista "Vida Imobiliária", no dia 25.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI