sexta-feira, janeiro 21, 2011

O CUSTO LULA


NUNCA ANTES...


Sob Lula, governo vetou plano anti-desastres no PAC

BLOG DO JOSIAS
FOLHA DE SÃO PAULO

Ainda sob a presidência de Lula, o governo elaborou um plano de prevenção contra desastres naturais. Pronto há dois anos, ficou no papel.
Previa a instalação de radares capazes de antever fenômenos climáticos como o excesso de chuvas que produziu mais de 740 mortos na região serrana do Rio.
Orçado em R$ 115 milhões o projeto seria incluído no PAC. Não foi. Tentou-se injetá-lo no PAC2. Mas o ministro Paulo Bernardo, então no Planejamento, vetou.
As informações foram repassadas, nesta quinta (20), a uma comissão do Congresso. Revelou-as Luiz Antonio Barreto.
Ele comanda a Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Demissionário, Luiz Barreto será substituído por Carlos Nobre, pesquisador do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
A saída iminente como que destravou a língua do expositor. Ele contou que, depois de refugado pelos gestores do PAC, o plano anti-desastres foi lipoaspirado.
Sérgio Rezende, então ministro da Ciência e Tecnologia, pediu que Luiz Barreto incluísse o novo sistema num programa do próprio ministério.
Chama-se PCTI (Plano de Ação da Ciência, Tecnologia e Inovação). Em agosto do ano passado, criou-se um grupo de trabalho.
Mexe daqui, revisa dali os técnicos reduziram o investimento de R$ 115 milhões para R$ 36 milhões. Ainda assim, o governo não liberou a verba.
Falando a congressistas que interromperam o recesso para tratar das cheias do Rio, Luiz Barreto declarou-se “indignado” com o ocorrido.
Em tom assertivo, disse que, mesmo com o gasto mais modesto, o sistema de radares terá potencial para evitar a repetição da usina de cadáveres do Rio.
“Se nós gastarmos adequadamente R$ 36 milhões ao longo deste ano, não morre ninguém no ano que vem”, disse.
Luiz Barreto elogiou o substituto Carlos Nobre, escolhido por Aloizio Mercadante, novo ministro da Ciência e Tecnologia.
De resto, disse acreditar que o plano será desengavetado: “A solução existe, não custa um rio de dinheiro e está em boas mãos”.
O mais curioso é que, acossado pelos desastres que pipocaram em vários Estados, o governo viu-se compelido a liberar R$ 780 milhões para socorrer as vítimas.
Mais do que os R$ 115 milhões que seriam sorvidos pelo plano de prevenção de desastres. Muito mais do que os R$ 36 milhões da versão lipoaspirada.

ALON FEUERWERKER

Fora do jogo
Alon Feuerwerker
Correio Braziliense - 21/01/2011

Quem quer ser potência tem que correr atrás, tem que poupar, se industrializar, depender essencialmente de si próprio. E não se meter a dar lições para a humanidade enquanto vive do dinheiro alheio.



O mundo observa atentamente o encontro bilateral Estados Unidos-China. Por um motivo singelo: se as coisas em ambos andarem bem, o mundo andará bem. O oposto também é verdadeiro.
O século 20 assistiu à substituição da hegemonia britânica pela estadunidense. Junto veio a Guerra Fria. Quando acabou, houve a ilusão momentânea de um mundo perenemente unipolar.
Houve também a ilusão da multipolaridade. Os fatos da vida agora desenham a reconstrução da bipolaridade, com a China ocupando o lugar que a União Soviética manteve na maior parte da segunda metade do século passado.
Mais uma ironia da história. O grande cisma sino-soviético a partir dos anos 1950 foi também explicado pelas diferenças quanto à “competição pacífica” entre capitalismo e socialismo, proposta pelos sucessores de Josef Stalin. Estratégia que a China de Mao Tsetung desprezava como revisionista.
Hoje é a China dos herdeiros de Mao (a foto dele continua a comandar a Praça da Paz Celestial) quem desenha o caminho nacional com base exatamente na tal competição pacífica.
Por um motivo: com a população que tem, se a China fizer tudo certo bastará esperar pelo dia de assumir a pole-position.
Aos olhos do Ocidente, a China tem atenuantes em relação à antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Seu processo parece ser essencialmente nacional, não se observam maiores movimentos de Pequim para exportar o modelo. E os chineses estão na Ásia, longe da Europa. Além de falarem chinês, ou mandarim.
Um processo de transição em paz da unipolaridade para a nova bipolaridade política parece bastante possível. Na economia já é fato.
Os Estados Unidos querem o acesso de seus produtos de bom valor agregado ao mercado chinês. Agora que a China já está plenamente industrializada há terreno de negociação.
Os chineses desejam segurança para os roteiros e fontes das matérias-primas e produtos agrícolas, e também a garantia de respeito a sua integridade nacional (Taiwan, Tibet). Nada que não possa ser calmamente resolvido. Hong Kong não foi?
Em Washington há desconfianças no tema militar, pelos gastos crescentes dos chineses na rubrica. Mas por qualquer critério eles estão ainda anos-luz atrás do que gastam os americanos.
O fio condutor das hegemonias planetárias nos últimos duzentos anos tem sido a industrialização. Ela é a expressão moderna da capacidade de inovar. Portugal e Espanha empreenderam os descobrimentos, mas a hegemonia restou para o Reino Unido. Depois vieram os Estados Unidos, a URSS e agora a China. Os três fizeram da industrialização o motor.
Até por não haver como avançar na ciência e na tecnologia, inclusive a militar, sem apoiar-se fortemente na indústria. E sem fazer da industrialização uma cultura. E um dínamo para a educação.
E nós? Infelizmente, a ascensão da centro-esquerda e da esquerda ao poder não rompeu com as deformações de uma economia subalterna, essencialmente produtora e exportadora de matérias-primas. Em vez de poupança interna e industrialização, preferimos a comodidade de viver à custa do esforço e do sacrifício alheios, inclusive para manter nosso arremedo de estado de bem-estar social.
No governo, a esquerda brasileira reciclou a ideologia da subalternidade, enquanto se entretém falando mal das elites que governaram o Brasil nos últimos cinco séculos.
E a subalternidade vem maquiada com tinturas ultramodernas, como o suposto antagonismo entre industrialização e responsabilidade ambiental. Mas sob a maquiagem é só o arcaico agrarismo.
Viver da exportação de primários — ou semi — para os Estados Unidos era colonial. Já fazer o mesmo para a China é apresentado como sinônimo de afirmação nacional soberana.
O antecessor de Dilma Rousseff não estava errado ao ambicionar um papel protagonista para o Brasil. O problema é que esse protagonismo não se alcança apenas com discursos bonitos em duvidosos fóruns multilaterais, ou com uma diplomacia de viés presidencial. Ou com tentativas de colocar a qualquer custo em pé todos os ovos.
Quem quer ser potência tem que correr atrás, tem que poupar, se industrializar, depender essencialmente de si próprio. E não se meter a dar lições para a humanidade enquanto vive do dinheiro alheio.
Nem se satisfazer com o elogio interessado de quem vem aqui apenas para ganhar muito dinheiro rapidamente e cair fora com ele depois.

GOSTOSA

RUY CASTRO

Símbolos nacionais
RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 21/01/11

RIO DE JANEIRO - A imagem de uma bandeira brasileira gigante atrás da cambaleante Amy Winehouse, num palco, outro dia, me lembrou uma tarde de praia em Ipanema, num dia de semana, no remoto verão de 1971. Um adolescente carioca, aprendiz de flauta doce, tentava tirar no instrumento o Hino Nacional, baixinho, em meio à areia vazia. Um homem ouviu aquilo e não gostou. Deu-lhe uma bronca, acusou-o de achincalhar um símbolo nacional, ameaçou-o de prisão e se identificou: general fulano, do Exército brasileiro.
O garoto, alienadíssimo, escutou aquilo sem entender. Era fã dos Beatles, gostara do Hino ao ouvi-lo durante a Copa do Mundo do México, no ano anterior, não sabia que era proibido tocá-lo na praia.
Na verdade, ninguém sabia, nem isso estava escrito em lugar nenhum. Mas, para os plenos poderes de então -os militares-, quando o povo se interessava pela bandeira ou pelo Hino, só podia ser deboche ou subversão. Nessa mesma época, em Woodstock, Jimi Hendrix torturava o "Star Spangled Banner" na guitarra, jovens quase nus se enrolavam juntos na bandeira dos EUA e ninguém se ofendia.
No Brasil, levamos décadas para liberar nossos símbolos. Hoje a bandeira brasileira está nas cangas, nas toalhas de praia e no bumbum dos biquínis; em alguns Estados, por sorte poucos, o Virumdu ficou obrigatório antes de qualquer competição esportiva, mesmo a mais reles pelada. Ninguém se sente desrespeitado, ninguém deixa de amar nossas cores por causa disso.
Mas, na época, Horacio, o menino da flautinha e que só vim a conhecer muito depois, não gostou de ser agredido. Trocou a flauta por uma prancha, tornou-se surfista e se mandou para o Havaí. Só voltou dali a 20 anos, casado e pai de filhos americanos. Culpa do tal general que, se vivo em nossos dias, deve ter parido gatos ao ver a bandeira atrás de Amy, essa bem zuzu.

TERCIO SAMPAIO FERRAZ JUNIOR

Dados sigilosos de telefone
TERCIO SAMPAIO FERRAZ JUNIOR
Folha de S. Paulo - 21/01/2011

A imposição de quebra de sigilo mediante um simples regulamento, como a Anatel pretende implementar, faz do Estado um espião potencial

A Folha informou nesta semana que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) pretende modernizar sua fiscalização, mediante monitoramento via internet de chamadas telefônicas fixas e móveis.
O objetivo é ter acesso on-line a centrais de reclamação. Argumenta-se que não haverá quebra de sigilo porque ao cliente será solicitada a devida autorização no momento em que realiza sua chamada.
Pode-se imaginar o custo operacional para separar devidamente as chamadas autorizadas das não autorizadas. Tudo indica que, no limite, isso não funcionará. Aliás, a reportagem ("Anatel terá acesso total a dado sigiloso de telefones", 19/1) informa que em nenhum trecho do futuro regulamento é mencionada essa consulta e que isso ficará para "detalhamento" ulterior.
Num país despreparado para enfrentar violações clandestinas da comunicação, a imposição de quebra de sigilo mediante simples regulamento faz do Estado um espião potencial: hoje o dedo, amanhã a mão e o braço inteiro.
O sigilo de dados é uma hipótese nova, trazida pela Constituição Federal de 1988 (art. 5º, inciso XII): "É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal".
O sigilo está referido à comunicação, no interesse da defesa da privacidade (art. 5º, inciso X). O que se regula é a comunicação por correspondência e telegrafia, de dados e telefonia. O que fere a inviolabilidade do sigilo é, pois, entrar na comunicação alheia, fazendo com que o que devia ficar entre sujeitos que se comunicam privadamente passe ilegitimamente ao domínio de um terceiro.
Não se trata apenas de intromissão clandestina. A proteção ao sigilo significa exclusão de qualquer um que possa ter outro interesse marcado pela parcialidade. Ou seja, a quebra não pode ser feita por quem não tem o dever de imparcialidade, por mais importantes que sejam suas funções. Assim já se pronunciou o STF.
Isso vale para a Anatel, que, ao fiscalizar, tem a competência para a vigilância, mas também para punir. E, para ter acesso aos dois, precisa de autorização judicial.
A Constituição admite a quebra de sigilo mediante ordem judicial apenas para a comunicação telefônica e, assim mesmo, só para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
É o que dispõe a lei nº 9.296/96, que regulamenta nesse ponto a Constituição e que se aplica inclusive à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática.
O dispositivo entende corretamente o comando constitucional, ao se referir ao fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. Portanto, a sistemas que registram os atendimentos de usuários e que guardam as interações com usuários, os dados dos contatos, o conteúdo das demandas e as providências tomadas.
Atente-se, nesse sentido, que não se trata, afinal, de proteger as operadoras, mas, sim, o próprio consumidor, cujo direito ao sigilo visa assegurar-lhe a identidade diante dos riscos proporcionados pela niveladora pressão social e pela incontrastável impositividade do poder do Estado, até em nome de sua proteção.

TERCIO SAMPAIO FERRAZ JUNIOR, 69, é professor titular da Faculdade de Direito da USP.

GOSTOSA

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Consumo industrial de energia cresce 11% em 2010
Maria Cristina Frias
FOLHA DE SÃO PAULO - 21/01/11

Amparado por setores que ainda tentam se recompor após a crise, o consumo de energia subiu mais de 11% no ano passado.
É o que aponta pesquisa da gestora independente de energia elétrica Comerc.
Combalidos pala crise em 2009, os setores de eletromecânica e siderurgia retomaram impulso em 2010, o que contribuiu para a alta geral do consumo. As áreas tiveram aumento de 47,98% e 48,45%, respectivamente.
Como ainda não retomaram o patamar pré-crise, ao contrário dos outros setores, esses dois segmentos ainda devem puxar algum aquecimento nos próximos meses.
"Nesses dois setores, que sofreram mais, ainda há espaço para crescer e impulsionar um leve aumento, mas sem a performance exuberante que registraram em 2010", afirma Marcelo Ávila, vice-presidente da Comerc.
Para 2011, a estimativa é de alta mais moderada, de 5%.
Apesar de ter registrado queda do consumo no ano passado, o setor de mineração deve reverter seu papel neste ano, segundo Ávila. "Projetos de minas que vão amadurecer e entrar em operação aumentarão o consumo da mineração", afirma.
Segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), que divulgará seu levantamento na próxima na semana, o crescimento do setor industrial já retomou o nível pré-crise e o setor residencial está em alta expressiva. Em novembro, nas residências, o consumo subiu 3,9% ante igual período de 2009.

BANCO LANÇA CONTA GRATUITA E 100% ELETRÔNICA
O Itaú Unibanco lança hoje uma conta gratuita para clientes que queiram fazer movimentações apenas pela internet, sem a intermediação de funcionários do banco.
"Somos o primeiro banco a ter esse produto, que é isento de mensalidade e oferece pacote ilimitado de transações bancárias, desde que por canais eletrônicos", diz Geraldo Carbone, vice-presidente de varejo.
O cliente poderá movimentar sua conta via web, caixas eletrônicos, celular, iPad e telefone.
A pré-abertura da iConta poderá ser feita pela internet, mas terá de ser finalizada em uma agência. Transações feitas com a ajuda de funcionários serão cobradas de forma avulsa.
Apesar do cuidado em abrir canal com o cliente que prioriza a internet, o banco vai inaugurar 150 agências novas neste ano.
"Apenas 4% dos clientes operam só pela internet e não sabemos quantos, de fato, vão abrir mão das agências", diz Carbone.

Vinícola Garibaldi compra a Granja União

Às vésperas de completar 80 anos, a Cooperativa Vinícola Garibaldi acaba de comprar os direitos de produção e comercialização da histórica marca Granja União, que estava sob domínio da Vinícola Cordelier.
"Com a aquisição, vamos dobrar a nossa produção de vinhos finos no país", diz Oscar Ló, presidente da Vinícola Garibaldi.
Quarta maior produtora de espumantes do Brasil, a companhia, até então, atuava de forma tímida no segmento de vinhos finos.
No ano passado, comercializou 280 mil garrafas de vinhos finos, com aumento de 45% sobre o ano anterior.
Só de Granja União a empresa projeta vender cerca de 300 mil garrafas.
A empresa não informou o valor do negócio. A Granja União surgiu em 1931, elaborada pela Companhia Vinícola Riograndense.
"Vamos resgatar a imagem que o produto tinha nos anos 1970 e 1980. Vamos começar a comercialização em grandes redes de supermercados de São Paulo", diz Ló.
A companhia também vai investir neste ano na produção de suco de uva.
Com investimentos de R$ 6,5 milhões, a empresa inaugura na semana que vem uma nova planta com capacidade para processar 8 milhões de quilos de uva.

NOVO FIO
A Rhodia acaba de desenvolver em seu laboratório no Brasil uma fibra nova, com a marca Sedarella.
É um fio têxtil de poliamida com menos da metade da espessura de um fio de seda. O produto ainda é um protótipo e, entre o final deste ano e o começo de 2012, deverá estar no mercado, segundo Marcos De Marchi, presidente da Rhodia América Latina.
"A ultramicrofibra oferece mais conforto. Dá a sensação de não estar usando nada ou muito pouco", diz Marchi.
A companhia vai apresentar o protótipo na próxima semana na feira Colombiatex, em Medellín.
Com investimento de US$ 10 milhões (cerca de R$ 17 milhões), a empresa lançará em agosto fios têxteis lisos fabricados em nova máquina, que produz com alta qualidade e mais rápido.

Rural Os financiamentos do Banco do Brasil para agricultores do Estado de São Paulo movimentaram R$ 1,81 bilhão no segundo semestre de 2010. As linhas mais procuradas foram as voltadas para agricultura empresarial, que responderam por R$1,2 bilhão.

Contabilidade... As empresas SBR IT Business, Seed Inovação e Capital Empreendedor e Cia. Contábil, além de outros sócios minoritários, acabam de fundar a Escola de Negócios Contábeis, na cidade de São Paulo.

...a distância Até o final de 2011, o investimento será de R$ 10,4 milhões. O objetivo é alcançar 5.000 matrículas no primeiro semestre deste ano, com o apoio de 27 parceiros contábeis de todo o país. 

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e VITOR SION

MARCOS SÁ CORRÊA

O vento pode virar
MARCOS SÁ CORRÊA
O ESTADO DE SÃO PAULO - 21/01/11

Tromba d"água, em qualquer lugar, cai de repente. Mas, nas cidades serranas do Rio de Janeiro, desastre ambiental é notícia velha. Data no mínimo de cinco anos, pela tabela em que a procuradora Vanessa Seguezzi listou ações civis públicas na Área de Proteção Ambiental de Petrópolis.

Dela consta, por exemplo, a tentativa de "conter a expansão das ocupações irregulares" na "Comunidade da Vila União, acesso pela Estrada Velha, Rua Lopes Trovão". É uma história de 2005. Em 2009, saiu a liminar que mandava a prefeitura "demolir as moradias desocupadas no prazo de 60 dias, sob pena de multa diária de R$ 10 mil" e encomendava ao Ibama a restauração da floresta nas áreas ainda desocupadas, "no mesmo prazo e sob a mesma pena", determinando que ambos ficassem dali para a frente encarregados de fiscalizar o local "bimestralmente", contra a construção de novas casas.

Dito assim, parece que foi tiro e queda. Mas, na coluna seguinte, vem uma anotação que suspende todas as presunções em contrário: "Aguardando sentença". Naquele mesmo ano, começou o processo de "reparação e compensação dos danos ambientais ocorridos na Rua Professor Stroller, n.º 1.883, Quarteirão Brasileiro". Ibama e prefeitura foram intimados a apresentar em 150 dias um "estudo técnico da área de risco". E a administração municipal, a proceder à "retirada e realocação dos habitantes", nos termos do tal estudo técnico, "informando ao juízo as eventuais pessoas que se recusarem a deixar o local".

Mas o espaço reservado às informações sobre a exceção dessas ordens está ocupado por um lacônico "não há". Coisa que só acontece em favela? Quem dera. Existe uma ação de 2003 contra danos ambientais "ocorridos na Ladeira Nair de Oliveira Kronemberg" como sempre por "ocupação irregular". Entre os proprietários, há um Kronenberg, o sobrenome da rua. Pelo cadastro do IPTU, os imóveis pertencem à Companhia Imobiliária Quitandinha.

Ali também caberia à prefeitura "realocar as famílias e demolir todas as ocupações irregulares". Ao Ibama, "apresentar projeto de reflorestamento". A todos os réus, executá-lo. Nesse ponto, mais uma vez, a história acaba de repente. Não dá mesmo para exigir muita eficácia de um município que, segundo Seguezzi, "destina R$ 6,5 milhões à área da Cultura", "R$ 310 mil ao meio ambiente" e "R$ 370 mil à habitação".

Dos dez casos arrolados pela procuradora, só um, iniciado há mais de cinco anos na Rua Hermógenes Silva, bairro do Retiro, terminou em "sentença condenatória", cinco meses atrás. O resto foi deixado no ar - se não caiu sobre alguém nas últimas chuvas. Além das ações e de 12 inquéritos contra ocupações regulares, Vanessa Seguezzi está juntando contra "condomínios irregulares" na APA de Petrópolis. Santo remédio contra a lenda de que a lei só cai em lombo de pobre.

Fora os processados e os procuradores, até poucos dias atrás ninguém teria maiores motivos para manter os olhos sobre esse inventário. Mas ele desceu a serra com a enxurrada. Chegou, no Rio, ao gabinete da procuradora Cristina Schwansse Romanó, que é chefe da Procuradoria-Geral da República na 2.ª Região. Ali, inspirou um pedido para que o Ministério Público siga, em Teresópolis e Nova Friburgo, o exemplo de Petrópolis, e lhe envie dossiês semelhantes.

Romanó, pelo cargo que ocupa, tem linha direta com o plenário do Tribunal Regional Federal. É nessa instância que se processam administradores municipais. E, numa calamidade que até o momento teve mais de 700 mortos e nenhum culpado, eis o primeiro sinal de que os ventos podem virar.

GOSTOSA

CELSO MING

E VEM MAIS
CELSO MING
O ESTADO DE SÃO PAULO - 21/01/11

Do primeiro Copom ninguém esquece, nem Dilma nem Tombini.

Tampouco o esquecerá o ministro Mantega. Não disse ele que será preciso controlar as despesas públicas para abrir espaço para a queda dos juros?

Se os juros subiram em vez de cair (e se subiram tudo o que subiram), é porque o Banco Central ainda não encontrou o espaço a ser aberto pela política fiscal. Por enquanto, só aconteceram promessas de austeridade.

Os inconformados de sempre estão ainda mais inconformados. Entra governo, sai governo, queixam-se, e o Banco Central continua fazendo o jogo dos rendeiros e dos banqueiros, reforçando a condição de campeão mundial dos juros altos.

Mas se o Brasil é campeão dos juros é também porque é campeão da inflação. Maneira de dizer, porque há juros mais altos (em menor número de casos) e inflação mais alta do que a do Brasil (em maior número).

Outro grupo de descontentes argumenta que o presente surto de inflação é comandado pelo mercado internacional e tem como foco a alta das commodities. Querem, a partir daí, concluir que aperto na oferta interna de dinheiro (alta dos juros) não conserta estrago que vem de fora. Mas, se a alta das commodities fosse mesmo causa relevante, a inflação global seria muito maior do que é. Nos Estados Unidos e na média da área do euro, a inflação é de 1,6% ao ano; na Inglaterra, de 1,9%; na Coreia do Sul, de 3,0%; e no México, de 4,1%. (No Brasil foi para 5,9% e tende a subir.)

A inflação brasileira tem várias causas, mas, no momento, apenas uma é a principal: o tamanho das despesas públicas, que cria renda e turbina o consumo em ritmo superior ao da reposição de mercadorias e serviços. E a esticada de preços dos alimentos e das matérias-primas também tem de ser atacada, pelo menos em seus efeitos secundários.

O comunicado divulgado após a reunião do Copom deixou claro que este foi o início de um processo de ajuste. Ou seja, pode-se esperar por reforço da dose nos próximos meses. O tamanho final da operação depende das proporções do choque de austeridade que o governo estiver disposto a colocar em prática e do desempenho de causas coadjuvantes.

O comunicado diz que o ataque à inflação vai contar com os efeitos das ações macroprudenciais. Não ficou claro se o Copom se referiu às decisões já tomadas pelo Banco Central (aumento do compulsório dos bancos e restrições ao crédito) ou se pretende ampliá-las. É dúvida para ser dirimida com a leitura da ata da reunião do Copom a ser editada na próxima quinta-feira.

A alta dos juros, que não vai parar por aí, não ajuda na obtenção de outro objetivo do governo, que é o de conter a valorização do real (queda do dólar). As próprias empresas brasileiras recorrerão ainda mais ao endividamento externo, bem mais barato do que o interno, para suprir-se de recursos para investimento e capital de giro. Ou seja, não se trata de entrada de capitais especulativos. Neste início de ano, as empresas brasileiras contrataram US$ 2,7 bilhões por meio da colocação de títulos. Só a Petrobrás vai puxar de fora outros US$ 6 bilhões. São dólares entrando em profusão, cuja conversão para reais tende a achatar o câmbio, tirar competitividade da indústria, etc.

O avanço chinês

A surpresa não foi o forte crescimento da China, num ano (2010) em que o mundo rico ficou prostrado pela crise. A surpresa foi o crescimento maior do que o esperado. Afora a surpresa, uma preocupação, que derrubou as bolsas nos pregões de quinta-feira: a inflação da China também ficou mais alta, em 3,3%. O pressuposto é o de que o governo de Pequim seja obrigado a conter o avanço do PIB de 2011 e reduzir o volume de negócios com o resto do mundo.

DORA KRAMER

Gambiarras estaduais
Dora Kramer 
O Estado de S.Paulo - 21/01/11

A Constituição de 1988 pôs fim às aposentadorias vitalícias para ex-governantes, tenham eles cumprido ou não integralmente seus mandatos. Em tese isso deveria bastar como norma a ser seguida em todo o País.

Quase 20 anos depois, em 2007, o Supremo Tribunal Federal reafirmou a regra ao cassar aposentadoria paga a ex-governador de Mato Grosso do Sul (Zeca do PT) e, também em tese, isso deveria bastar para extinguir a validade de todos os benefícios da mesma natureza.

Comprovando, porém, que na prática vale o dito há anos por Roberto Campos ("não é a lei que precisa ser forte, mas a carne que não pode ser fraca"), em pelo menos 11 Estados 55 ex-governadores e 9 viúvas recebem pensões em valores que variam entre R$ 11 mil e R$ 24,1 mil por mês.

Como? Mediante leis regionais específicas, decisões da Justiça nos Estados, com a conivência das Assembleias Legislativas que aprovam essas legislações e com a tolerância do Ministério Público, que tem poder e o dever de defender a sociedade, entre outras coisas, de gastos públicos indevidos.

As situações são diversas, alcança ex-governantes de diferentes partidos e cada uma mais escandalosa que a outra.

Pedro Pedrossian recebe duas aposentadorias, por dois Estados: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; Humberto Bosaipo recebe R$ 15 mil porque foi governador (MT) por dez dias.

No Paraná, João Mansur governou 39 dias e recebe aposentadoria de R$ 24 mil; no mesmo Estado, Álvaro Dias acaba de requerer "atrasados" de R$ 1,6 milhão. No Rio Grande do Sul, o senador Pedro Simon acumula o salário de senador (R$ 26,7 mil) com a aposentadoria de ex-governador (R$ 24 mil) porque, segundo ele, a situação está "muito difícil".

Gente famosa, como Aécio Neves, Itamar Franco, Jader Barbalho, Agripino Maia, Jaime Lerner e Olívio Dutra, recebe todo mês e, se o STF não puser fim à farra, receberá para o resto da vida.

Uns mais outros menos, não importa. De verdade os valores entram na discussão só para ilustrar, porque o essencial é o princípio: o veto da Constituição. O mais é malandragem e conivência.

Pirão primeiro. Perfeitamente: já sabemos que nove partidos governistas mais os de oposição se dispõem a fazer do deputado Marco Maia o presidente da Câmara pelos próximos dois anos. Agora só falta saber o que ele e mais todos esses partidos pretendem fazer para melhorar o Parlamento.

No Senado, onde se dá como certa a recondução de José Sarney porque suas excelências acham que assim está bom e ao governo (sabe-se lá por qual motivo) interessa que seja assim, não há o menor risco de mudança.

Na Câmara, tampouco se fala no assunto. Como se não houvesse a desmoralização, a submissão, o fisiologismo, a desqualificação.

Pudera: nas duas Casas os candidatos favoritos comandaram (Marco Maia já era vice de Michel Temer) no fim do ano passado a vergonhosa aprovação relâmpago do monumental aumento salarial dos parlamentares. E isso, ao fim e ao cabo é o que interessa.

Choque de gestão. Dilma decidiu que seu modelo de "gestão competitiva" começa pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), comandada desde 2005 pelo PMDB e onde recentemente a Controladoria-Geral da União descobriu desvios da ordem de R$ 500 milhões.

Antes da definição de "metas claras e prazos para execução" anunciados pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o governo poderia começar por recuperar a regra baixada na gestão de José Serra, que proibia a entrega da Funasa ao loteamento político.

Quando assumiu a pasta em 2003, o petista Humberto Costa revogou a norma.

Simples assim. Procuram-se razões políticas para a eliminação de Lula, o filho do Brasil da disputa do Oscar. Pode ser que haja, mas a verdade expressa pela bilheteria pífia é que o filme é ruim.

GOSTOSA

JOSÉ SIMÃO

Urgente! Um tradutor pro Bial! 
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 21/01/11

O efeito colateral do "BBB" é o mesmo do remédio que eu tô tomando: erupções, desorientação e óbito


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E todo janeiro é a mesma coisa: ou é "BBB" ou é tragédia! E, do jeito que o Lázaro Ramos tá derrubando todas, o nome da novela vai mudar pra "Insensato Chourição"!

E o Antonio Fagundes é o mesmo empresário de "Tempos Modernos", a Natália do Valle é a mesma mãe de "Viver a Vida", a Tia Celina virou Odete Roitman e a Deborah Secco é a mesma periguete de todas as novelas. E as míni míni minissaias da Deborah Secco? Batem no umbigo! Fica parecendo abajur de perereca! E o Lázaro tá fazendo mais carão que biba na The Week!
E a manchete bombástica do "Sensacionalista": "Transmissões do "BBB" terão tradutor do Bial". As frases do Bial serão traduzidas e legendadas imediatamente! O duro vai ser encontrar o tradutor! Tradutor de texto chinês de cabeça pra baixo.
Frase do Bial: "Porque o que o outro entende nem sempre é o que nós entendemos, e é desse caldo de desentendimento que se forma a grande compreensão humana".
Tradução: o pinto do meu pai fugiu com a galinha do vizinho. Rarará! Também, já imaginou apresentar o "BBB" por dez anos? Só falando coisa sem nexo mesmo!
O efeito colateral do "BBB" é o mesmo do remédio de gripe que eu tô tomando: erupções, desorientação e óbito. Rarará!
E uma leitora me disse que "Big Bródi" é na casa dela: "Meu cunhado passa o dia inteiro na piscina com um copo de champanhe vagabunda na mão e, quando não tá se depilando, tá dormindo na cadeira de sol. E pra passar o tempo ele dá um mergulho na piscina". Moral da história: o "Big Bródi" passa, mas o cunhado fica. Rarará!
E o Lula não foi indicado para o Oscar. "Lula, o Filho do Barril" não vai pro Oscar. E olha que os americanos ainda traduziram pra "Shrek 4": o mocinho é um ogro, não tem um dedinho e no final fica com a Fiona! Rarará!
E agora mais uma do "Brasileiro É Cordial"! A penúltima do Gervásio. Cartaz na empresa em São Bernardo: "Se eu descobrir quem fica vendendo rifa e aquele monte de porcariada aqui dentro, vou fazer o Milton Neves cover usar uma minissaia e vender o corpo na avenida Atlântica. Conto com todos. Assinado: Gervásio". Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza.

MILTON HATOUM

Brasileiros perdidos por aí
Milton Hatoum 
O Estado de S.Paulo - 21/01/11

Muitas das nossas promessas são vãs, mas prometi a mim mesmo que, no começo deste ano, faria uma faxina no meu escritório, que parece um almoxarifado com objetos inúteis e papéis esquecidos há muito tempo.

Com tanta chuva e umidade desse e de outros verões paulistanos, encontrei folhas suadas e mofadas de um caderno pautado, onde rabiscara poemas inacabados para sempre, poemas sem data, talvez escritos em outras cidades, ou durante alguma viagem. Separei e encaixotei livros que não vou reler; numa gaveta encontrei um cemitério de despertadores com pilhas oxidadas; marcavam horários diferentes, mas todos pararam de funcionar minutos depois da meia-noite ou do meio-dia.

Vasculhando aqui e ali, encontrei numa caixinha de madeira um charuto cubano datado de 1988 e um bilhete: presente do doutor Eliomar Sampère. Não me lembro desse doutor. Médico ou advogado? E por que diabo ele me deu um charuto de presente? Nunca fumei charutos, fossem cubanos, dominicanos ou baianos.

Separei para a reciclagem de papel quatro centenas de folhas datilografadas, versões de um manuscrito que jamais será livro. Juntei outras folhas com anotações de argumentos e ideias literárias, muitas folhas com planos de aula e traduções, e joguei tudo no caixote de reciclagem. Foi um ato impulsivo, sem um pingo de arrependimento. A hesitação é a maior inimiga da faxina.

E essas três caixas de sapatos?

Abri duas e vi pilhas de cartas de uma outra era, cartões-postais enviados de Sitges e Lloret del Mar para Paris e Manaus: cartões manchados de mofo, grudados uns nos outros. Desgrudei-os com cuidado, eliminei traças gordas e vorazes, vi fotos belíssimas das duas cidades catalães à beira do Mediterrâneo; para evitar crises de nostalgia e ardor nos olhos, preferi não ler as palavras dos postais, escritas com a mesma caligrafia. Se ela estiver viva, onde estará morando? Por uns segundos, fiz perguntas sobre o passado: um modo de ser nostálgico sem ser sentimental ao extremo.

Na terceira caixa encontrei o diário da minha segunda viagem ao alto rio Negro, com fotos aéreas dos grandes lagos, próximos a Iauareté Cachoeira; lembro que o piloto do helicóptero sobrevoou os lagos e fez uma rasante na floresta; depois ele disse: essa é a última fronteira virgem do Brasil. Com o coração na boca, fotografei os lagos misteriosos e pedi ao piloto para que ganhasse altura, pelo amor de Deus. Vi muitas fotos dessa viagem, vi também duas borboletas cujas asas bicolores exibem uma geometria complicada, mas simétrica; penso que o escritor russo Vladimir Nabokov não conheceu esses espécimes da última fronteira virgem. São belos, e essa beleza resistiu ao tempo. Essas borboletas foram encontradas mortas por uma índia tucano, e ainda vejo as mãos abertas me oferecendo os dois lepidópteros que repousavam inertes na floresta.

E no fundo da caixa - não sei por que nessa caixa, pois há aí um salto cronológico - encontrei seis folhas amassadas com um longo poema escrito na Europa: Brasileiros perdidos por aí.

O poema não vale grande coisa, vai ver que não vale nada. No meu íntimo, penso que fiz essa faxina para encontrar esse poema que procuro há anos, quando não sabia o que fazer da vida e, por isso mesmo, talvez fosse mais feliz.

A GRANDE FAMÍLIA

IVES GANDRA DA SILVA MARTINS

 Tema para reflexão
Ives Gandra da Silva Martins
JORNAL DO BRASIL - 21/01/11

Tenho, nos últimos tempos, debruçado-me sobre a forma de indicação dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Durante os trabalhos constituintes, mantive inúmeros contactos com seu relator, Senador Bernardo Cabral, e alguns com seu presidente, deputado Ulysses Guimarães, sobre ter participado de duas audiências públicas (Sistema Tributário e Ordem Econômica) em subcomissões presididas pelos deputados Francisco Dornelles e Antonio Delfim Netto, respectivamente, apresentando, a pedido de alguns constituintes, sugestões de textos.
Em um jantar de que participaram o Senador Bernardo Cabral, o desembargador Odyr Porto, então presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, e o ministro Sydney Sanches, da Suprema Corte, no qual discutíamos o perfil que o Poder Judiciário deveria ter no novo texto, sugeri, para a Suprema Corte, cuja importância pode ser definida na expressão do jusfilósofo inglês H.L. Hart "The law is what the Court says it is" (The concept of law), que a escolha deveria recair sobre pessoas de notável saber jurídico e reputação ilibada indicadas pelas diversas entidades representativas dos operadores do direito. O conhecimento jurídico deveria ser não só notório (reconhecimento da comunidade) mas notável (conhecimento indiscutível).
Pela minha sugestão, o Conselho Federal da OAB indicaria o nome de seis consagrados juristas, o Ministério Público outros seis e os tribunais superiores mais seis (dois STF, dois STJ e dois TST), com o que o presidente da República receberia uma lista de 18 ilustres nomes do direito brasileiro para escolher um. Todas as três instituições participariam, portanto, da indicação. O presidente, por outro lado, entre 18 nomes, escolheria aquele que, no seu entender, pudesse servir melhor ao país. Por fim, o Senado Federal examinaria o candidato, não apenas protocolarmente mas em maior profundidade, por comissão especial integrada por Senadores que possuíssem a melhor formação jurídica entre seus pares.
Por outro lado, em minha sugestão, manter-se-ia o denominado "quinto constitucional", ou seja, três dos 11 ministros viriam da advocacia e do Ministério Público, com alternância de vagas : ora haveria dois membros do MP e um da advocacia, ora dois ministros vindos da Advocacia e um do Ministério Público. De qualquer forma, para as vagas dos 11 ministros, as três instituições (Judiciário, Advocacia e MP) elaborariam suas listas sêxtuplas.
Acredito que minha proposta ensejaria uma escolha mais democrática, mais técnica, com a participação do Legislativo, do Executivo, do Poder Judiciário, do MP e da Advocacia.
Nada obstante reconhecer o mérito e o valor dos 10 ministros da Suprema Corte. E mérito reconheço também no presidente Lula e nos ministros Márcio Tomás Bastos e Tarso Genro, que souberam bem escolher tais julgadores. É certo que há sempre o risco potencial de uma escolha mais política que técnica.
Tendo participado de três bancas examinadoras para concursos de magistratura (duas de juiz federal e uma de juiz estadual), sei quão desgastantes são tais exames. Examinei em torno de 6 mil candidatos para escolha de 40 magistrados federais e 57 estaduais. Para a escolha de magistrados de 2ª. e 3ª. instâncias, os critérios também são rígidos e variados, assegurando-se uma participação maior da comunidade jurídica. Por que para a mais alta Corte não há qualquer critério, na nossa Constituição, a não ser o subjetivo, definido por um homem só? Esta proposta está sendo examinada pelo Instituto dos Advogados de São Paulo, que poderá apresentar um anteprojeto à Constituição sobre a matéria.
Como o Brasil é hoje dirigido por um novo presidente e iniciará um ciclo de reformas estruturais, a sugestão que apresentei em 1988 poderia novamente ser examinada pelo futuro Parlamento, visto que estaríamos ofertando melhores elementos técnicos e de participação democrática para que o presidente pudesse fazer suas indicações.

MERVAL PEREIRA

Além da solidariedade
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 21/01/11


A solidariedade desencadeada pela tragédia na Região Serrana do Rio motivou não apenas ações objetivas de ajuda, mas também as mais diversas propostas sobre o que fazer e como agir para evitar que se repitam os mesmos erros históricos. Das muitas contribuições que recebi, destaco três comentários de leitores como representativos de preocupações generalizadas.

Roberto Moraes, engenheiro, blogueiro e professor do Instituto Federal Fluminense, em Campos, publicou um texto em seu blog que pode ser resumido numa frase: "Tragédia nunca é natural e prevenção deve ser sinônimo de planejamento".

Partindo do princípio de que "o uso e a ocupação irregular do solo é o problema recorrente nos municípios e a causa básica das graves consequências", Moraes evita indicar culpados para se ater ao que deve ser feito para evitar "que as cidades continuem a crescer do jeito que acontece atualmente. Pelo menos, para isto, a lamentável ocorrência da Região Serrana tem que servir".

O crescimento desordenado das cidades nos últimos 50 anos, com a urbanização crescente do país, precisa ser organizado, analisa ele: "Os puxadinhos de casas, bairros e das cidades têm que ser planejados. Não adianta apenas buscar culpados nos moradores ou nos gestores, ambos têm responsabilidade, mas a solução dos problemas é mais ampla".

O planejamento da cidade deveria ser sempre participativo, segundo ele, "porque mais do que dividir as decisões, o planejamento conjunto permite o aprendizado informal das técnicas de prevenção, de construção e, ainda, de forma complementar, o controle social dos custos das intervenções públicas".

Por isso, Moraes propõe "cobrar que as prefeituras tenham corpo técnico de engenheiros, geólogos, biólogos, sociólogos que ajudem nestes programas de planejamento".

Não como "fiscais e sim, como auxiliares da expansão da cidade, seja nos projetos governamentais, sejam no apoio ao projeto e planejamento dos chamados puxadinhos da habitação dos moradores, no debate sobre a praça que desejam, etc".

Os municípios que não pudessem fazer estas contratações "deveriam se consorciar com os vizinhos para construir uma câmara técnica" com este objetivo.

Segundo ele, essas ações devem se realizar nos municípios, que é onde a vida real acontece, mas "o desenho, apoio até financeiro para esta finalidade poder sair dos governos estaduais que aí sim devem agir para integrar municípios com soluções que sejam intermunicipais" para que as nossas cidades "sejam melhores e mais agradáveis do que são hoje".

Roberto Moraes acha que "não apenas as cidades da Região Serrana terão que ser reconstruídas. A maioria das cinco mil cidades brasileiras terá que ser replanejada e não há momento mais oportuno para este recomeço".

Já o presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, José Luiz Alquéres, tratou da dificuldade de retirar pessoas de áreas de risco lembrando um amigo, Patrick Panero, que se empenhou em 1985, com um grupo de hidrólogos e especialistas em vulcões, em convencer a população e os fazendeiros da região de Armero, próximo a Bogotá, a saírem das suas casas.

"Eles tinham evidências de que a atividade subterrânea vinha aumentando, a temperatura subindo e que o cume nevado da montanha do Neval del Ruiz poderia derreter, causando avalanches", conta Alquéres.

Não tiveram êxito, e à meia noite o vulcão esquentou, a geleira fundiu. A avalanche matou cerca de 25 mil pessoas. Como conselho para as autoridades que estão montando sistemas de alarme e prevenção de tragédias, Alquéres comenta: "A coisa mais importante é mesmo a credibilidade e o como comunicar".

O ex-deputado Ronaldo Cezar Coelho tem outra preocupação: "Quem vai cuidar dos órfãos da serra com eficiência nos próximos dez anos?", pergunta.

Ele teme que "quando a poeira baixar" faltará um terceiro setor vocacionado e financiado para a ação social sustentável complementar à ação do Estado.

Ronaldo Cezar Coelho acha que esta "é a oportunidade na crise de se debater a filantropia moderna no Brasil, além da caridade ou das ações de solidariedade de benefício calculado para empresas e pessoas, cada qual agregando valor ao seu nome e marca".

Lembrando que nos Estados Unidos mais de 40 bilionários já comprometeram em vida mais da metade do patrimônio em filantropia, Ronaldo Cezar Coelho diz que isso acontece "não por que somos patrimonialistas portugueses e eles anglo-saxões, Quakers com monopólio do altruísmo".

Acontece, sobretudo, diz ele, porque nos Estados Unidos "há uma grande indução fiscal para doar em vida (trusts, fundações) e uma firme cacetada anunciada para sua morte, se assim preferir. Em duas gerações sua fortuna desaparecerá em impostos".

Portanto, ele acha que este é "o momento histórico" para debater imposto de herança no Brasil combinado com incentivos para a filantropia moderna, "que vai organizar o terceiro setor e institucionalizar as boas intenções e o desejo de participação de toda a sociedade em complemento ao Estado em tão diversas ações sociais".

Assunto polêmico, reconhece, mas inadiável.

A nota da coluna de ontem sobre a desclassificação do filme "Lula, filho do Brasil" na competição do Oscar de filme estrangeiro provocou diversas mensagens. Publico aqui trechos da recebida de Osias Wurman, cônsul honorário de Israel:

"A Historia é rica em exemplos de fracassos políticos e pessoais, indignamente debitados aos judeus. Assim foi por séculos, e lutamos muito, a cada geração, para desfazer mitos, sofismas e mentiras". (...)

(...) "O filme de Lula é panfletário e desmereceu a atenção dos próprios brasileiros. Um fracasso retumbante de bilheteria. Ganhar o Oscar por que? Por quem?"

(...) "Sou contra o uso da comunicação para criar "ídolos". A História não perdoa a idolatria. Covardia da fracassada produtora em atribuir aos judeus o destino desta obra induzida e sem qualidades para um Oscar. Nada a ver com Israel ou lobby judaico".

Teorias conspiratórias à parte, o filme não tinha mesmo qualidade para representar o Brasil na disputa do Oscar, opinião que já havia expressado em coluna anterior e que deixei clara na de ontem, ao dizer que ele foi selecionado "inexplicavelmente".

JAPA GOSTOSA

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Ampulheta
SONIA RACY
O ESTADO DE SÃO PAULO - 21/01/11

Executivos responsáveis pela Copa 2014 estão preocupados com a visita que emissários da Fifa farão hoje ao Maracanã, ainda em reforma. Isso porque a entidade não recebeu do comitê carioca nenhum documento solicitado. Desde julho. Espera-se que sejam entregues cronograma de obras e revisão de projetos em andamento.

Livro-caixa

Luiz Gonzaga Belluzzo prepara-se para divulgar minuciosa prestação de contas dos dois anos que esteve à frente do Palmeiras. Mas só quando baixar a poeira da eleição da nova direção, que resultou em bate-boca anteontem. O ex-presidente promete capítulo especial sobre o pagamento de impostos atrasados. 

Caraminholas
A estratégia de Kassab para as duas próximas eleições está dando nó na cabeça de políticos paulistas. Apesar do iminente embate com Alckmin, o prefeito não para de convidar tucanos para o seu governo. O último foi Floriano Pesaro, alckmista de primeira hora. Ele foi sondado para liderar o governo na Câmara Municipal.

Tribuna
Aloysio Nunes Ferreira participará da aula inaugural que abre comemorações do centenário do Dante Alighieri. Ex-aluno do colégio, leva Alckmin a tiracolo. Kassab, cujo pai estudou na instituição, não confirmou presença.

Alerta
Há exatamente um ano, integrantes da ONG SOS Mata Atlântica estiveram em Teresópolis, região serrana do Rio. Entregaram ao secretário de Meio Ambiente mapa detalhado das áreas de risco e alertaram sobre tragédia iminente.

Cafezinho

Murilo Portugal, anunciado anteontem presidente da Febraban, esteve dois dias antes com Dilma no Palácio do Planalto. A reunião estava fora da agenda oficial.

Vida real
Roberto Chaves, policial civil que participou da ocupação no Alemão, prepara-se para virar apresentador de TV. No programa Papo de Polícia, que o AfroReggae produziu para o Multishow, ele mostrará a realidade da comunidade. Para tanto, mudou-se para a região. Estreia dia 7.

Gueto
Ana Elisa, produtora do espetáculo 12 Homens e Uma Sentença, dirigirá o monólogo Rosa, de Martin Sherman, que ficou famoso nos anos 1980 com Bent. Débora Olivieri viverá o mesmo papel que já foi de Olympia Dukakis na Broadway.

Los hermanos
Patrick Siaretta prepara-se para a primeira coprodução com a Argentina. Another Kind of Silence, de Santiago Amigorena, será finalizado em sua produtora, a TeleImage. Santiago dirigiu Alguns Dias Em Setembro, com Juliette Binoche.

Frankenstein
O carnaval já tem cara. Será um misto de Tiririca, Dilma e... Ronaldinho Gaúcho. Até o momento, máscaras dessas três personalidades são as mais procuradas em lojas e camelôs.

Na frente


A Hebraica pilota programação especial sobre Chopin, com mostra de filmes e fotos. A partir de domingo.

A nova temporada de Confissões das Mulheres de 30 começa hoje. No Teatro União Cultural.

A peça Corações Under Rocks, comédia pop sobre os anos 80, estreia hoje. No Centro Cultural São Paulo.

O grupo Camargo Corrêa lança rádio web sobre sustentabilidade no Planeta no Parque, montado no Ibirapuera. Amanhã.

ELIANE CANTANHÊDE

Haja estômago!

ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SÃO PAULO - 21/01/11

BRASÍLIA - Continuando aquela nossa aulinha básica de aritmética, daquelas comuns em revistas de palavras cruzadas:
Se um sujeito recebe R$ 24 mil desde o regime militar e para todo o sempre por ter sido governador permanente do Paraná por apenas 39 dias (afora as interinidades), quanto vale o dia de trabalho do distinto no final das contas?
Se um presidente da Assembleia Legislativa assumiu o governo de Mato Grosso por dez dias e um outro por 33, e ambos passaram a ganhar uma pensão de R$ 15 mil mensais desde então e até a morte -ou seja, por 20, 30, 40 anos ou mais-, quanto os dois custam ao Estado ao longo da vida? Sem contar os demais salários, verbas de representação e eventuais comissões.
Se a vice-governadora assumiu interinamente durante as viagens do governador do mesmo Estado e com isso conquistou uma pensão vitalícia de R$ 15 mil mensais, quanto cada viagem do titular vai custar aos cofres públicos durante as décadas seguintes?
Se um quinto cidadão consegue acumular numa só vida duas pensões vitalícias, num total de R$ 40 mil por mês, por ter sido governador de Mato Grosso (antes da divisão do Estado) e de Mato Grosso do Sul (depois), a dúvida é mais abstrata: onde é que nós vamos parar?
Isso, no entanto, é só o fio da meada, porque estamos falando de três Estados e de apenas alguns casos de cada um. Vamos imaginar os 26 Estados mais o Distrito Federal, um mandato de quatro anos para cada governador, todos os vice-governadores e presidentes de Assembleias e todas as interinidades dos últimos, por exemplo, 40 anos. Sem esquecer as viúvas que continuaram embolsando a pensão para todo o sempre, claro.
Não há máquina de calcular capaz de fechar essa conta nem um ser humano capaz de entendê-la. Ou melhor, de digeri-la. Porque isso não é mais questão de cérebro; é de estômago mesmo.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

MÔNICA BERGAMO

FOLIA DE REI
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 21/01/11

Tema do Carnaval deste ano da Beija-Flor, o cantor Roberto Carlos só fez um pedido à escola: quer que seu cardiologista, Roberto Kalil Filho, esteja presente no desfile. O Rei já avisou que participará de dois ensaios na quadra da escola, em Nilópolis. As datas serão mantidas em segredo para evitar tumulto.

FOLIA DE REI 2
E o carro alegórico que terá Hebe Camargo como destaque fará uma homenagem às mulheres que já trabalharam com o cantor. Todas estarão vestidas de vermelho em referência às tradicionais rosas que o Rei distribui à plateia no fim de seus shows. Confirmaram presença a musa Paula Fernandes, Wanderléa e Roberta Miranda.

PIRES
A primeira tarefa do oncologista Paulo Hoff à frente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira será negociar recursos para contratar mais 1.500 funcionários. E assim atingir a capacidade total de atendimento -hoje em 70%. Hoff quer transferir para a unidade os pacientes com leucemias agudas, tratados hoje no Hospital das Clínicas.

TOUR HISTÓRICO
O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) vai usar um programa do Google Maps para criar uma página especial com imagens e localização de todos os bens tombados no Estado de SP. A partir de fevereiro, será possível acessar também informações e fotos de arquivo de 85 pontos de interesse histórico clicando em um único mapa.

PÃOZINHO ELÉTRICO
O Inmetro e o Sebrae lançarão um selo de eficiência energética para fornos de padaria, semelhante ao das geladeiras. O objetivo é promover a troca dos aparelhos -cujos gastos respondem por 15% do custo das panificadoras- por modelos que consomem menos. A economia na conta de luz das 63 mil padarias do país chegaria a R$ 500 milhões por ano.

AFINAÇÃO
Edu Lobo entregou o primeiro movimento da suíte de sua autoria a ser orquestrada pelo arranjador Nelson Ayres. A estreia será em setembro. O último movimento, um frevo, foi sucesso na turnê europeia da Osesp em novembro do ano passado.

Arthur Nestrovski, diretor-artístico da Osesp, já está fechando a programação de 2012. Estão confirmados um concerto para dois violões e orquestra de Paulo Bellinati, em junho, e outro para violoncelo, com Antonio Meneses, em novembro.

SOZINHO
O produtor Roberto d'Avila comprou a parte de seus sócios na Moonshot Pictures. Com o negócio, ele pretende focar no mercado internacional. Os próximos projetos da produtora são o longa "A Oitava Princesa", uma coprodução com o Canadá, e a segunda temporada de "9 MM: São Paulo", com a Fox.

TODOS POR UM
Caetano Veloso, Fernanda Torres, Mariana Ximenes, Cynthia Howlett e Letícia Spiller estão gravando depoimentos para uma campanha de ajuda às vítimas das enchentes no Rio de Janeiro.

CHICO FREVO
A cantora Elba Ramalho dedicará uma parte de seu show de 30 anos de carreira, nos dias 3, 4, 5 e 6 de fevereiro, em SP, à obra de Chico Buarque. Ela integrou o elenco da "Ópera do Malandro", do compositor.

FORA DA TOCA
O polonês Frans Krajcberg, 85, que mora na Bahia, aceitou o convite do curador Emanoel Araújo e vem ao Museu Afro Brasil, na terça, abrir a mostra "A Natureza Viva de Frans Krajcberg".

PALCO ILUMINADO

A peça "A Eva Futura", com Larissa Maciel e Pedro Paulo Rangel, estreou no teatro Sesi, no Rio. As atrizes Françoise Forton, Renata Sorrah e Graziella Schmitt assistiram ao espetáculo.

BALADA MODELO
O empresário Sergio Amorim, da agência 55 Management, comemorou seu aniversário no clube Lions. A modelo Viviane Orth passou para cumprimentá-lo.

CURTO-CIRCUITO
A festa Talco Bells estreia hoje no Estúdio Emme, às 23h30. 18 anos.
O Mercado Municipal terá feira de artesanato até o dia 29, das 10h às 16h.O evento é uma parceria da prefeitura com a associação Renome.

O ator Eri Johnson estreia hoje, às 21h30, a peça "Eri Pinta Johnson Borda", no teatro Renaissance. 12 anos.

A grife Cléo Aidar lança hoje sua coleção outono/inverno, em showroom no Itaim.

Com ELIANE TRINDADE (interina), DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY