quarta-feira, janeiro 25, 2012

Britadeiras - MARTHA MEDEIROS


ZERO HORA - 25/01/12
O filme Precisamos Falar sobre Kevin não concorrerá ao Oscar, tampouco a excelente atriz Tilda Swinton, mas uma cena já entrou para a categoria das inesquecíveis – ao menos para mim.

Antes, informações: o filme é a adaptação do livro homônimo de Lionel Shriver. Quem o leu não esquece o soco no estômago. É sobre um garoto perverso que termina por promover uma chacina na escola. A história é narrada pela mãe, que conta sobre o susto que levou com o nascimento daquele bebê que ela não identificava como uma bênção dos céus, sobre sua enorme dificuldade em contornar conflitos e sua descoberta de que formar uma família feliz não é tão simples como dizem.

É a desconstrução do mito da competência materna. Orientações bem-intencionadas podem não adiantar, nosso amor pode não ser bem transmitido, nossas atitudes podem não servir de exemplo. Existe algo tão influente quanto tudo isso: nossa dor interna. Ela contamina, ela comunica, ela desgraçadamente dá o tom das relações. O livro, tanto quanto o filme, é violento pela brutalidade dos sentimentos que ficam trancafiados.

A cena que me pareceu a mais simbólica e angustiante do filme mostra essa mãe com o filho ainda bebê – uma criança que não parava de chorar um minuto sequer. Não é incomum pais entrarem num surto de estresse com choro de crianças.

Recentemente, um americano jogou o filho de uma lancha por ele não parar de chorar, assim como outros adultos já levaram suas crianças a óbito por total descontrole emocional. No filme, a mãe não chega a esse radicalismo, ainda que esteja sempre a um segundo de explodir.

Então. Ela passeia por uma rua movimentada da cidade com o bebê no carrinho. Ele chora. Vem chorando há dias. A mãe não dorme, não vive, apenas escuta o choro ininterrupto daquele bebê. Até que ela passa por trabalhadores que estão fazendo reparos em bueiros no meio da rua. Trabalho pesado, barulhento, infernal. Ela sai da calçada com o carrinho e chega bem perto do trabalhador que está perfurando o asfalto com uma britadeira. Bem perto mesmo.

Estaciona o carrinho ao lado da britadeira que faz um barulho torturante. Close em seu rosto: por um instante, ela tem o conforto de trocar o choro do filho por outro ruído que, aos seus ouvidos, soa como um solo de flauta. O breve enquadramento daquela mulher com o carrinho no meio da rua e o homem trabalhando com a britadeira a seu lado é um mix de desespero e poesia como raramente vi no cinema.

Quantas pessoas não desejariam quebrar uma perna se isso desviasse a atenção de uma dor de amor insuportável? Não é que a mãe de Kevin não aguentasse mais o barulho do choro: ela não aguentava mais o barulho da sua culpa por ser incapaz de cumprir o papel de mãe amorosa e abnegada daquele pequeno demônio de fraldas. O som da britadeira, ao menos, não tinha nada a ver com ela.

A delação do au-au - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 25/01/12



Na reunião ministerial de segunda, ministros se revezaram em histórias sobre irregularidades na execução de projetos. Fernando Haddad, que ontem deixou o Ministério com elogios à imprensa, falou de uma pequena prefeitura que construía duas creches com dinheiro federal e sempre enviava fotos para mostrar a evolução das obras.

Segue...
Segundo Haddad, um técnico reparou que, em todas as fotos, aparecia o mesmo cachorro. O funcionário investigou e viu que as fotos eram sempre de uma creche só. O meu, o seu, o nosso dinheiro destinado à outra estava sendo embolsado.

A volta de Dutra
O ex-senador José Eduardo Dutra, que deixou o comando do PT para cuidar da saúde, deve ocupar um cargo nessa reformulação da diretoria da Petrobras.

Fator Bahia...
Jaques Wagner ainda tentou adiar para março a saída de Gabrielli da Petrobras, para ter tempo de acomodar o ex-presidente da estatal no secretariado baiano.

Corno feliz
Acredite. Um radialista de Ipu, CE, chamado Demizão, pré-candidato a vereador, faz sucesso com sua plataforma eleitoral.
Diz que, se for eleito, vai criar em sua terra um... “albergue com psicólogos para cuidar dos cornos da cidade”. Segundo ele, Ipu está cheio de homens que sofrem “danos psicológicos após serem traídos pelas mulheres”.

Pelo negro do medo
Sérgio Abranches, o sociólogo e cientista político, entregou à editora Record os originais de seu primeiro romance, “O pelo negro do medo”. Em ficção, até agora, nosso Sérgio só havia publicado contos em suplementos e revistas.

Longe do perigo
Nenhuma aeronave A380, que vem tendo problemas de rachaduras nas asas, opera no Brasil. Mas a Emirates, dona da maior frota de A380 no mundo, consultou a Infraero para usar um modelo desses em Guarulhos, na rota São Paulo-Dubai.

Fórum da bola
O gente boa Carlos Alberto Parreira quer levar seu Fórum Internacional de Futebol às 12 cidades-sedes da Copa de 14.
Parreira e a Fagga/GL já acertaram a realização em Curitiba e Manaus ainda neste semestre.

‘Besame mucho’
A coleguinha Márcia Carmo, experiente correspondente na Argentina, escreveu um guia de... “portunhol”. Chama-se “América do Sul, uma viagem para brasileiros” (DBA). Entre outras coisas, diz que, na Argentina, os homens se beijam. Nada contra. Mas em Frei Paulo... deixa pra lá.
Cão bravo
A juíza Flávia de Almeida Viveiros de Castro, da 6a- Vara Cível do Rio, determinou que a Suipa retire um pitbull abandonado na loja J do no- 451 da Av. Olegário Maciel, na Barra, cujo inquilino, diz o processo, “sem pagar aluguel há um ano”, fechou sua empresa e sumiu. A suspeita é que o cachorro tenha sido deixado ali para evitar o despejo pela Justiça.

Desconto para Luísa
Veja como tudo acaba em marketing. Até Luísa, que estava no Canadá. Em todas as lojas da grife carioca Mercatto espalhadas pelo Brasil, as clientes chamadas Luísa terão, até sábado, 10% de desconto. Basta mostrar a identidade no caixa.

Menino do Rio
O engenheiro Luiz Paulo Veloso Lucas, ex-prefeito de Vitória, está de volta ao Rio. Aceitou convite para trabalhar com o amigo Júlio Bueno, secretário de Desenvolvimento de Cabral. Está em casa. Quando morou na cidade, ajudou a fundar o bloco Simpatia é Quase Amor.

Alô, Beltrame
A Associação de Moradores da Rua Capuri e Adjacências, em São Conrado, no Rio, está em alerta. Diz que aumentaram os assaltos na região após a saída dos traficantes da Rocinha.

Deputado na balada
Romário vai comemorar seu aniversário de 46 anos, sábado agora, na... festa M.I.S.S.A. (Movimento dos Interessados em Sacudir Sua Alma), em Niterói.

LETÍCIA SABATELLA empresta sua beleza às fotos de promoção do documentário “Hotxuá”, que marca a estreia da atriz
como diretora, em parceria com (o também estreante) Gringo Cardia. O filme terá lançamento nacional dia 17 de fevereiro
Roberto Price

LENINE, NOSSO cantor e compositor, faz um chamego em Tom, seu neto, nos bastidores do show do Casuarina, o grupo musical de seu filho João Cavalcanti, noJockey

Nada contra. Mas, na minha terra, quem faz discurso garantindo a continuidade é quem entra, não quem sai. Com todo o respeito. 

Câmbio e política externa - SANDRA POLONIA RIOS e PEDRO DA MOTTA VEIGA


 O Estado de S.Paulo - 25/01/12


Política cambial e política externa são dois temas que prometem ocupar espaço na campanha eleitoral de 2010. No primeiro caso, a forte apreciação da taxa de câmbio em 2009 e suas implicações para a competitividade do setor produtivo brasileiro vêm fomentando propostas de maior intervenção no mercado de câmbio e/ou de remontagem do aparato de política comercial. No segundo caso, o debate concentra-se no crescente ativismo brasileiro em foros internacionais e a sua efetividade na defesa dos interesses nacionais. O debate sobre os dois temas suscita a reflexão sobre as estratégias brasileiras no G-20 e as alianças que o País desenvolve nesse âmbito.

Independentemente dos malabarismos de política cambial ou comercial que se possam adotar para evitar ou mitigar os impactos da tendência à apreciação cambial no curto prazo, dois fatores são essenciais para determinar a trajetória de longo prazo da moeda brasileira: a situação fiscal doméstica - e seus reflexos sobre a taxa de juros - e os desequilíbrios econômicos internacionais. É a dimensão externa que nos interessa discutir aqui.

Com a eclosão da crise econômica global, no final de 2008, o G-20 foi alçado a status de foro privilegiado de interlocução voltado para a coordenação das reações nacionais à crise. A emergência dessa nova instância de interlocução e negociação foi percebida, pelo governo brasileiro, como altamente funcional a seu objetivo de participar dos processos de agenda-setting nas áreas da economia e da política internacional.

Como a crise atingiu o Brasil pela porta do setor externo - gerando escassez de financiamento às exportações e queda na demanda externa -, os vetores que orientaram a participação brasileira no G-20, em sua fase inicial (reunião de Washington em novembro de 2008) foram demandas de facilitação do acesso ao crédito comercial e o discurso contra o protecionismo e seus riscos.

Ao longo dos primeiros meses de 2009 tornou-se claro que a restrição ao crédito comercial para as exportações brasileiras pode ser gerenciada com instrumentos domésticos e que o recrudescimento do protecionismo não teve a intensidade que se temia. Paralelamente, outros temas ganharam peso na agenda brasileira para o G-20: a reforma das instituições financeiras internacionais - especialmente o Fundo Monetário Internacional (FMI) - e a redução dos desequilíbrios macroeconômicos globais.

Sobretudo a partir da terceira reunião do G-20, em Pittsburgh (setembro de 2009), a agenda macroeconômica do G-20 se amplia para incluir o tema dos desequilíbrios monetários internacionais, na perspectiva da implementação de uma estratégia coordenada de saída de crise e de transição para um padrão de crescimento global "mais equilibrado".

A declaração final da reunião lança o framework para um crescimento forte, sustentável e equilibrado, que pretende definir um processo para alcançar um objetivo central: assegurar que as políticas nacionais e regionais sejam consistentes com os objetivos de um crescimento global equilibrado e sustentável. Caberia ao FMI assistir os ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais do G-20 no processo de "avaliação mútua" das políticas individuais dos países-membros, reportando regularmente ao G-20.

O Brasil passa a ter interesse maior neste processo na medida em que a apreciação cambial é resultado, em parte, do spill over negativo de políticas de outros países. No início da década a China respondia por 3,9% do total das exportações mundiais; em 2008 essa participação era de 8,9%. A manutenção do regime cambial chinês, que estimula o crescimento doméstico com base nas exportações, tem implicações negativas para a competitividade de países que adotam taxas de câmbio flutuantes.

O regime de taxas flutuantes foi decisivo para o bom desempenho da economia brasileira nos últimos anos. Portanto, o que precisamos não é mudar o regime de câmbio doméstico, mas defender nos foros internacionais medidas para a correção dos desequilíbrios macroeconômicos globais e para a adequação das políticas cambiais dos principais players internacionais. Isso tem impactos sobre os objetivos e as alianças que o Brasil busca nos foros econômicos internacionais. As alianças devem variar de acordo com os objetivos e, no caso da correção dos desequilíbrios globais, Brasil e China não podem estar do mesmo lado.

*Sandra Polónia Rios, economista, é diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes). Pedro da Motta Veiga, sociólogo, é diretor do Cindes

Diante do interrogador - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 25/01/12


RIO DE JANEIRO - Marido e mulher, dispostos a voltar a Nova York depois de anos sem ir lá, foram renovar seus vistos. Contrataram um despachante para apressar o processo, pagaram a taxa que os EUA cobram pelo visto e ficaram à espera da "entrevista" -que determina que brasileiros podem ou não entrar no país. Tudo pelo figurino.

Dois meses depois, viram-se diante do funcionário encarregado de interrogá-los -digo, entrevistá-los-, mas separados por um vidro, comunicando-se com ele por um microfone e tendo atrás de si uma arfante fila de outros brasileirinhos aspirantes ao visto. E, então, o interrogador perguntou ao homem quanto ele ganhava.

O homem hesitou. O que se dizia ali era ouvido por todo mundo ao redor. Se respondesse a verdade - que faturava, em média, US$ 50 mil por mês-, pareceria estar se gabando ou tentando humilhar as pessoas na fila. Sua hesitação foi tida como suspeita. O interrogador repetiu a pergunta, em tom áspero, como quem diz, "Ande logo, não me faça perder tempo".

O casal tinha cerca de 60 anos; o interrogador, idem. Pessoas nessa idade tendem a se conhecer por um olhar. E, por seus passaportes -cheios de carimbos europeus-, roupas e postura, nada sugeria que o casal pretendia estabelecer-se ilegalmente e vender pentes na rua 46. Mas o interrogador reincidiu na aspereza e, em seu pândego português com sotaque, ameaçou negar o visto.

Constrangido e se sentindo um criminoso, o homem decidiu mentir. Abateu pela metade a declaração de seus rendimentos. O interrogador pareceu satisfeito e mandou o carimbo. Isto foi há um ano. Outro dia, o presidente Obama, interessado em que mais turistas brasileiros ajudem a combalida economia americana, prometeu coibir as exigências de seus consulados. Veremos se coíbe também a arrogância.

Corporativismo transcendental - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 25/01/12

SÃO PAULO - Quando acho que já vi todas as formas pelas quais o corporativismo assalta a coisa pública, sou surpreendido pela criatividade humana. Desta vez, o golpe vem de uma facção de meus colegas filósofos.

Tramita na Câmara o projeto de lei nº 2.533/11, de Giovani Cherini (PDT-RS), que define quem pode ser Filósofo (com letra maiúscula mesmo). Como sempre ocorre com esse tipo de peça legislativa, a primeira providência é restringir a entrada na carreira, e a segunda, criar novas e mais ricas oportunidades de emprego.

Seguindo o enredo clássico, o projeto define como Filósofo quem concluiu graduação ou pós na área -o que faz a alegria dos donos de escolas e solapa mais um bocadinho o princípio constitucional que diz que o livre exercício das profissões deveria ser a regra geral-, mas avança o sinal ao reservar a uma tal de Academia Brasileira de Filosofia, entidade privada que exibe entre seus feitos a concessão de títulos "honoris causa" a João Havelange e Carlos Alberto Torres, o direito de emitir diplomas em todos os níveis.

Numa interpretação possível, após a publicação da lei, esse direito seria exclusivo na licenciatura e na pós, mas a ideia é tão absurda que prefiro crer que seja um erro de redação.

O pior vem no artigo 3º do projeto, que puxa um verdadeiro trem da alegria: "Os órgãos públicos da administração direta ou indireta ou as entidades privadas, quando encarregados da elaboração e execução de planos, estudos, programas e projetos socioeconômicos ao nível global, regional ou setorial, manterão, em caráter permanente, ou enquanto perdurar a referida atividade, Filósofos legalmente habilitados, em seu quadro de pessoal, ou em regime de contrato para prestação de serviços".

O que os filósofos farão, não se sabe. Talvez sua tarefa primeira seja encontrar uma função para si próprios.

Como o projeto tramita em caráter conclusivo, se nenhum deputado protestar isso acaba passando.

Antes tarde - DORA KRAMER

 O Estado de S.Paulo - 25/01/12


Muito boa a providência anunciada pela presidente Dilma Rousseff na primeira reunião ministerial de 2012: lá para meados do ano vai começar a acompanhar "de perto" tudo o que acontece no governo.
Cada pasta será obrigada a manter sistemas atualizados de informações "online" para que a Presidência, sob coordenação da Casa Civil, possa monitorar todas as ações, os gastos, o cumprimento das metas e cobrar resultados na hora, sem postergação.
Não obstante seja positiva a demonstração de ativismo, o anúncio não traz novidade alguma a não ser a confissão de que o governo iniciado há nove anos - considerando a continuidade da gestão Luiz Inácio da Silva - não vem cumprindo obrigações básicas.
Não atende aos pressupostos de transparência, eficácia e de intransigência no tocante a desvios e desmandos, visto que acaba de anunciá-los como regras a entrarem em vigor mediante preparação especial de cada um dos 38 ministérios.
Nem com toda boa vontade do mundo é possível aceitar que o objetivo de prestar "melhores serviços à população", conforme explicou o porta-voz, Thomas Traumann, seja, como disse a presidente em seu discurso, "um projeto revolucionário, progressista e indispensável", à reforma do Estado.
Com perdão da constatação acaciana, é o mínimo que se espera do poder público. Onde a revolução? Ao que se saiba, há um sistema de acompanhamento da execução do Orçamento em funcionamento desde 1987. Há portais que deveriam abrigar todas as informações relativas a cada uma das pastas.
Convenhamos, o acompanhamento "online" do que quer que seja não se constituiu exatamente numa inovação. Muito menos pode ser visto como método revolucionário.
Além disso, há (ou deveria haver) a sistemática tradicional de contato permanente da presidente da República com seus auxiliares diretos. Mas o gigantismo e as idiossincrasias talvez atrapalhem o andamento dos trabalhos e favoreçam a inércia agora confessada.
Situação difícil de ser superada sem a proposição de reforma de fato, sem enfrentar embates com aliados, votações difíceis, pressão de lobbies, sem criar atritos com servidores ou quaisquer outros setores, sem perdas nem dores.
Só na base do anúncio da disposição de fazer o que já deveria estar sendo feito há muito tempo.
No triturador. Fernando Henrique Cardoso disse à revista inglesa The Economist o mesmo que circula sem reservas no PSDB e adjacências.
Não falou nada de novo além do fato de fazê-lo publicamente em ato de extrema frieza para com José Serra, amigo de 40 anos, o mais próximo quando da morte de Ruth Cardoso.
Aécio Neves é o "candidato óbvio" dos tucanos para 2014? Evidentemente.
Serra cometeu erros na campanha eleitoral? Muitos e enormes, embora não os tenha cometido sozinho.
Está isolado no partido que já presidiu, ajudou a fundar e pelo qual concorreu duas vezes à Presidência da República, foi prefeito e governador de São Paulo? Não resta a menor dúvida.
Dele, seus correligionários só querem hoje que vá ao sacrifício de disputar uma eleição que não deseja, para tentar salvar a Prefeitura do favoritismo que se avizinha para o PT.
Fora isso, os tucanos preferem tê-lo na condição de desistente.
Logo, o momento é pessoalmente difícil para quem tenta se reinserir na cena com ação contundente, e solitária, de oposição (até numa revisão do comportamento como candidato em 2010) - seja para voltar a se candidatar a presidente, seja para dar combate a um governo do qual discorda.
Não obstante seja tido como homem de altas qualidades públicas, atrai ódios internos e externos. Alguns justificados, outros desproporcionais.
As verdades de FH não desvendam mistério, não mudam tendências, sequer consolidam situações, pois nunca se deve desconsiderar o fator mola no fundo do poço. Soam apenas ferinas. E fratricidas na lógica de que um novo caminho só se abre ao custo da interdição de outro. Palavras muito abaixo do padrão de qualidade do autor e representativas de uma atuação partidária que privilegia a exclusão em prejuízo da união.

Dilma e um beau geste - ZUENIR VENTURA


O Globo - 25/01/12


Dois episódios recentes fazem lembrar um velho filme de muito sucesso nos anos 40 e que se chamava "Beau Geste", estrelado por Gary Cooper, Ray Milland e Robert Preston. A expressão francesa, que significa belo ou nobre gesto, saltou das telas para acompanhar uma época, sendo uma espécie de precursora do politicamente correto. Dizia-se "fulano é beau geste" de alguém com um comportamento político e moral edificante. Como me esqueci do final, recorri ao Google, que me recontou a história dos três irmãos que se alistam na famosa Legião Estrangeira para expiar a culpa de um roubo que não cometeram. Só que o site se recusa a entregar o desfecho.

Portanto, me restrinjo aos espisódios. Um se passa na Itália e ficou por demais conhecido, envolvendo o acidente com um navio e a reação de dois comandantes, aquele que por seu gesto se tornou herói e o que, por omissão, virou vilão. O segundo episódio acontece em Cuba e seu protagonista, um dissidente político, teve o destino trágico de um mártir. A analogia simbólica dos personagens com seus países é óbvia, quase um clichê. O capitão Schetino abandonando o Costa Concordia que afundava foi comparado ao Berlusconi que quase afundou a Itália. Já o Capitão De Falco, com sua enérgica ordem ao fujão - "Volte a bordo, caralho!" - passou a encarnar a consciência do dever que falta aos políticos italianos. "Um nos humilha, o outro nos redime", estampou o "Corriere della Sera".

Quanto a Villar Mendoza, de 31 anos, morto em consequência de uma greve de fome de 50 dias, será enterrado às vésperas da chegada de Dilma a Cuba. As Damas de Branco, que lutam pacificamente pelas liberdades, gostariam de se reunir com ela para denunciar a violação dos direitos humanos na Ilha. Elas acreditam que a ex-dissidente, ex-prisioneira e ex-torturada Dilma seja mais sensível do que Lula em situação parecida. Em 2010, o então presidente chegou a Havana pouco depois que outro dissidente, Orlando Zapata Tamayo, falecia de inanição numa greve de 85 dias por melhores condições para os 200 presos políticos do regime. Em vez de criticar a violência do governo, Lula minimizou o drama e ironizou a vítima, lamentando que "uma pessoa se deixe morrer por uma greve de fome".

Será uma viagem problemática, porque, além do pedido das Damas de Branco, há o apelo já oficializado da incômoda blogueira Yoani Sánchez, que quer vir ao Brasil e pede à nossa presidente para interceder por ela. Em compensação, Dilma acaba de ser contemplada com uma crítica que, na verdade, é um elogio. O porta-voz do presidente do Irã queixou-se: "A presidente golpeou tudo o que Lula havia feito, destruindo anos de bom relacionamento." Agora, os dissidentes cubanos estão dando a Dilma a chance de outro beau geste: questionar o "bom relacionamento" com os irmãos Castro.

versus empregos - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 25/01/12

Não é por acaso que a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, abrirá o Fórum Econômico Mundial aqui em Davos. A Europa está no centro das discussões sobre como sair da crise atual, e enquanto os Estados Unidos parecem estar encaminhando uma lenta recuperação, a zona do euro não encontrou um consenso sobre como tratar o assunto de maneira conjunta.

O risco improvável, mas possível, de uma quebradeira europeia — como salientou o crítico do "Financial Times" Martin Wolff — faz com que seja imprescindível que a zona do euro chegue a um consenso sobre o que fazer, antes que uma piora da situação contamine a frágil recuperação americana e jogue o mundo em uma crise mais profunda.

Nos diversos painéis que discutirão a situação atual da crise econômica, um dos pontos mais fundamentais é a posição da Alemanha, que vem exigindo restrições fiscais cada vez mais rígidas dos outros membros da zona do euro, o que só faz aprofundar o clima de recessão previsto para este ano.

O que está em discussão é como promover o retorno do crescimento econômico sem sacrificá-lo pelo excesso de austeridade.

Como o país de economia mais forte e organizada da região do euro, a Alemanha está sendo instada a admitir que a esta altura da crise uma política de austeridade excessiva não ajudará a criar um clima propício para o surgimento de novos empregos.

A reação está vindo de diversos lados, inclusive do presidente da França, Nicolas Sarkozy, empenhado em uma difícil campanha de reeleição.

Atrás nas pesquisas, Sarkozy viu no domingo o candidato socialista François Hollande lançar as linhas gerais do que seria um programa de seu eventual governo anunciando, por exemplo, que seu "verdadeiro adversário" é o mundo das finanças, ou que criará uma nova alíquota de 45% do imposto de renda sobre os ganhos acima de 150 mil euros, "que não são da classe média", ironizou.

Mesmo com discurso classificado de "prudente", François Hollande demarcou algumas posições de esquerda, e o atual presidente francês joga com possibilidade de que a crise econômica possa fazer com que a maioria do eleitorado tenda a mantê-lo no cargo, com receio de mudanças bruscas num momento de fragilidade econômica.

Mas para isso precisa apresentar um plano que não seja apenas de austeridade, mas de perspectiva de criação de novos empregos, especialmente para os jovens, os mais atingidos pela crise.

Ele está pressionando Angela Merkel para não esquecer a carta do crescimento econômico sempre que falar sobre a necessidade de controle dos gastos públicos, e está anunciando a criação de um banco público de investimentos na indústria. Seu adversário François Hollande apossou-se da ideia, e deu nome a ela: criará o "banco da indústria".

Também o primeiro-ministro da Itália Mario Monti, homem de confiança das instituições financeiras, começa a se inquietar com a falta de perspectiva para a criação de empregos, e já anunciou medidas que vão além da simples contenção de gastos. Vai promover investimentos em obras de infraestrutura a fim de abrir mais empregos.

A preocupação com as exigências do mercado financeiro é tamanha que haverá uma mesa redonda com o tema "Bancos, cura ou maldição", com a presença do presidente do banco de investimentos Goldman Sachs, Gary Cohn, e o economista Nouriel Roubini, que continua advertindo para a possibilidade de o mundo entrar em uma recessão novamente.

Apesar de o banqueiro Vikran Pandit do Citigroup ter o papel de copresidente da reunião de Davos neste ano, e de alguns banqueiros importantes estarem presentes, como Urs Rohn, presidente do Credit Suisse e Brian Moynihan, do Bank of America — os três participarão de um painel —, vários banqueiros, especialmente europeus, não comparecerão, alguns alegando problemas urgentes para resolver em casa, como o novo comandante do BNP Paribas ou o do Lloyd´s, mas a maior parte temerosa de um clima, se não hostil, pelo menos questionador nos debates aqui em Davos.

O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, por exemplo, será questionado por seu papel na crise, diferente do exercido pelo Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, que não tem poupado esforços para colocar mais dinheiro no sistema bancário, para revitalizar a economia.

A rigidez do Banco Central Europeu, que evita emprestar dinheiro diretamente a países e se mostra pouco flexível no trato da política monetária, é considerada uma das causas de o ambiente econômico europeu não ter dado sinais mínimos de recuperação.

A excessiva austeridade imposta pela Alemanha, e a inflexibilidade do Banco Central Europeu seria uma mistura explosiva no momento em que o mais importante seria estimular a criação de empregos.

A grande dúvida, que também paralisa os países da zona do Euro, é que quanto maiores forem os estímulos para o crescimento, mais aumentará a dívida dos países, reduzindo a perspectiva de resolver a crise.

Mas a já chamada "armadilha de austeridade" também não propõe uma solução, pois é impensável que países europeus admitam permanecer em recessão pelos próximos anos, eles que estão entrando em recessão pela segunda vez em três anos.

Emergências no Brasil - ROBERTO DaMATTA


O Estado de S.Paulo - 25/01/12


No Brasil a palavra emergência é um desses vocábulos com muitos sentidos, quase todos reveladores da dimensão mais profunda da atmosfera local. Dou um exemplo: se um inglês grita "help!", ele é imediatamente socorrido. Se uma companhia aérea americana, pequena ou grande, recebe um pedido de passagem numa "emergency" - isso já ocorreu comigo -, o lugar vai ser obtido. Palavras como socorro, perigo, ajuda, emergência e expressões como vida ou morte têm o poder de suspender as rotinas diárias e deflagram atitudes condizentes. O atendimento e a atenção têm de ser imediatos.

No Brasil, elas dizem o mesmo, mas depende de quem está do lado de cá (como vítima ou doente) ou do lado de lá da porta do hospital ou do balcão de atendimento. Entre nós existem mediações e tudo depende do "caso" - e o "caso", conforme sabemos, mas não discutimos, tem a ver com conceitos tipicamente brasileiros como "a pinta", "a cara", "o jeito" - a tal aparência. O modo pelo qual a vítima ou o doente é socialmente classificado.

Em todos os encontros impessoais no Brasil, o modo de falar, o tom de voz, o porte, a roupa, a cor da pele, a gesticulação, o cabelo e o penteado, os adereços, o andar e até mesmo o grau e limpeza, o cheiro, o relógio ou o anel - com maior ou menor peso, mas com a cor da pele, sejamos sinceros, sendo muito importante - são peças básicas no acolhimento ou na rejeição de uma emergência. Acostumados a ver as pessoas situando-as apenas como inferiores ou superiores e jamais como iguais, as emergências e os socorros (esses momentos que nos igualam como seres mortais e capazes de serem ofendidos, feridos e socorridos) passam numa primeira instância a "saber quem é a vítima" para, em seguida, dar-lhe atenção ou desamparo.

Donde, o antipático, mas preventivo "Você sabe com quem está falando?" diante de balcões de repartições públicas, hospitais e postos de saúde. Nas emergências, tendemos a seguir a mesma lógica das tramoias políticas. Diante da suspeita de crime ou, como diz a presidente, do "malfeito" procuramos primeiro saber quem é para depois demitir, indiciar ou blindar! Embora, como estamos fartos de saber, o bom senso quase sempre demande providências imediatas.

Fala-se muito em cidadania, mas o fato é que esse papel continua sendo dependente de quem o desempenha. Se for nosso, recebe a blindagem que o torna superior às leis e fica dispensado dos socorros; se for pessoa comum, entra nas emergências. Esses atendimentos que, com ou sem plano de saúde, podem levar ao cemitério independentemente de qualquer circunstâncias.

Pois "socorro" e "emergência" são palavras que em todo lugar, exceto no Brasil, têm a força de suspender as circunstâncias.

* * * *

Em maio do ano passado tive um mal-estar e descobri, depois de uma consulta de emergência, que estava com uma crise de vesícula. Tinha que extirpá-la o mais rapidamente possível, o que fiz dois dias depois. Passei, assim, pela famosa cadeia medicinal deflagrada pelo estado de emergência, que vai do atendimento imediato ao diagnóstico; passando pela intervenção, recuperação e retorno à vida normal.

Mas esse processo só foi feliz porque durante todo o tempo eu tive a sorte e o privilégio de estar acompanhado por médicos amigos. Recebi, desse modo, não só a competência da sabedoria médica habitual, mas uma decisiva e grata atenção. Eu pago caro por um plano de saúde, mas mesmo em plena crise, eu demorei mais ou menos seis horas para ser internado num grande hospital de Niterói porque o plano fala em Rio de Janeiro e Niterói é nele classificado como leste fluminense! Quer dizer, a contiguidade entre o Rio de Janeiro e Niterói sumiu porque o plano de saúde comporta um detalhe burocrático típico do moderno brasileiro. Esperei, mas comigo esperou a equipe médica, até que as tramas do plano fossem resolvidas e deixassem passar o doente.

O fato concreto é que cheguei ao hospital às 9 da manhã e só fui operado às 6 da tarde, depois de uma troca interminável de mensagens e telefonemas entre Rio e Niterói. Felizmente tudo deu certo. Mas e se eu fosse - digamos, como hipótese - um negro desconhecido e educado na boa norma da igualdade que abomina o "Você sabe com quem está falando?", que recria a desigualdade, onde deveria reinar uma equidade plena, mas devidamente enfartado? Em caso afirmativo, eu estaria escrevendo esta crônica no outro mundo.

* * * *

É preciso rever as condutas que tipificam o espaço público brasileiro, sobretudo no que diz respeito a emergências. Não cabe, numa democracia e num governo voltado para a justiça social e para o povo pobre, nenhuma desculpa que acaba incidindo sobre detalhes legais e que, no final, tentam demonstrar que o doente vitimou-se a si próprio. O caso da trágica morte do sr. Duvanier Paiva Ferreira, secretário de um ministério voltado justamente para os recursos humanos, e uma agência de saúde é exemplar. Primeiro, porque não houve o famoso "Você sabe quem está falando?"; depois, porque a vítima era um negro importante. Será que em todos os atendimentos os doentes devem fazer um escarcéu?

O socorro e a emergência não podem admitir demoras, desculpas e, sobretudo, esse detestável legalismo nacional que trava o mundo (e a vida) em nome de uma serenidade jurídica que simplesmente não deve existir nas crises de saúde e jamais podem prevalecer na batalha entre a vida e a morte! Bem faz a presidente Dilma em mandar averiguar o caso. Melhor ainda seria interferir, com uma maior consciência sociológica, nos protocolos dos atendimentos emergenciais.

O PMDB resiste - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 25/01/12

O Palácio do Planalto quer que o ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração) demita o presidente do Dnocs, Elias Fernandes. Quer estancar o noticiário negativo. Bezerra foi ontem ao gabinete do vice Michel Temer obter o aval do PMDB. Saiu de mãos vazias. O líder do partido, Henrique Alves (RN), não aceita que ele seja afastado sem direito ao contraditório. O PMDB não quer que nada seja feito até que o TCU, que recebeu o relatório da CGU e a defesa do órgão, dê o veredicto.

Dr. Fabrício: de vilão a herói
O secretário-executivo da Previdência, Carlos Gabas, exibia o sistema de monitoramento do atendimento ao público, na reunião ministerial, dando uma incerta no posto de perícia do INSS em Colatina (ES). Verificaram então que havia um cidadão esperando por atendimento há mais de cinco horas. O doutor Fabrício, que deveria fazer o atendimento, não o tinha feito ainda. Houve quem sugerisse, indignado, que Gabas imediatamente punisse a negligência do médico. Mas o sistema de monitoramento foi ao detalhe e constatou que o Dr. Fabrício era o único médico trabalhando na perícia e que ele já tinha atendido 24 pacientes no dia.

“É demagogia omitir que existe uma ordem Justiça de reintegração de posse. O negócio deles gogó e a exploração da miséria” 

— Duarte Nogueira, do PSDB na Câmara (SP), ao atacar o PT e o governo pelas críticas à ação policial em Pinheirinho (SP)

TRATAMENTO. Nas conversas antes e depois da solenidade no Palácio do Planalto, ontem, o ex-presidente Lula, que estava com a voz normal, de acordo com as pessoas que falaram com ele, contou que está fazendo sessões de fonoaudiologia três vezes por semana. Ele só tem mais 15 dias de radioterapia. Apesar de estar animado com o fim do tratamento, também disse que esse é o período mais difícil, devido aos efeitos colaterais.

Empenho
A presidente Dilma pediu, na reunião anteontem, que todo ministro que tenha agenda no exterior não esqueça de falar sobre a realização da Rio+20. O evento acontece em junho. O governo teme que o evento seja um fracasso.

Ele tem a força
Promovido para o Ministério da Educação, Aloizio Mercadante está se sentindo tão à vontade no governo Dilma que tem por hábito dar palpites, opiniões e ideias em várias áreas de gestão e administração do governo federal.

O PT avança no espaço do PMDB
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) jurou para o PMDB que ele não tem responsabilidade nas mudanças nas superintendências da Funasa. Foram 11 até agora. O PMDB, que dominava a fundação no governo Lula, está perdendo poder. Um dirigente peemedebista contou que a recente mudança no Mato Grosso do Sul foi ordenada pela ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) para atender às pressões do senador Delcídio Amaral (PT-MS). Na sexta-feira foi nomeado o petista Pedro Teruel.

Nova licença
A primeira tarefa de Fernando Haddad, fora do MEC, é regularizar sua situação na USP. Professor da universidade, ele estava de licença enquanto era ministro, mas agora não poderá voltar às aulas para se dedicar à campanha eleitoral.

Cada elogio
Lá pelas tantas na reunião ministerial, a presidente Dilma se dirige ao secretário de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, e dispara: "Vocês perderam a inocência". Fazia referência à ação do órgão, que evitou o apagão aéreo no fim do ano.

DESCONTO. Apesar da crise no Dnocs, os peemedebistas dizem que a questão não é uma disputa entre PSB e PMDB. Afirmam que o ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração) está sob intensa pressão do Planalto.

CONSTRANGIMENTO. Há um suspense no ar diante do encontro de hoje da presidente Dilma e do governador Geraldo Alckmin na festa de aniversário de São Paulo. Motivo: a desocupação de Pinheirinho.

AS MUDANÇAS no ministério estão paradas até quinta-feira, dia 1o- de fevereiro, quando a presidente Dilma retorna de sua viagem a Cuba.

Sala de situação - RENATA LO PRETE

FOLHA DE SP - 25/01/12


FÁBIO ZAMBELI (interino) 


Com a reformulação na Secretaria de Grandes Eventos do Ministério da Justiça, o governo busca eliminar da equipe que cuidará da segurança da Copa vestígios das encrencas em contratos do Pan-2007. Foram duas baixas: Odécio Carneiro e José Botelho, ligados ao ex-diretor da PF Luiz Fernando Corrêa, acusado de superfaturar compra de equipamentos para o evento do Rio.
O comitê de 2014 espera para fevereiro a assinatura de caderno de atribuições da área, que define responsabilidades de Estados e União. No Planalto, a ideia é centralizar as licitações de maior valor, sobretudo as relativas aos centros de monitoramento remoto.

Dois tempos Do ministro Aldo Rebelo (Esporte), em entrevista concedida ontem ao jornal chileno "El Mercurio": "A Fifa já se convenceu de que tudo estará pronto. Mas o que importa, mesmo, é que nós estamos convictos de que tudo dará certo".

Sem liga Fernando Had-dad diz, em privado, que considera inviável uma dobradinha com Alexandre Schneider, secretário paulistano de Educação, um dos nomes indicados pelo PSD para a chapa liderada pelo ex-ministro.

Tapas e beijos Em conversas reservadas, o pré-candidato petista à Prefeitura de São Paulo manifesta confiança no engajamento de Marta Suplicy em sua campanha, embora reconheça que ela precise de "mais carinho".

Apelo Ao cumprimentar Alexandre Tombini ontem na solenidade de transição no Ministério da Educação, Lula perguntou, rindo, ao presidente do Banco Central: "Vamos baixar os juros?".

Gesto FHC telefonou anteontem para o ex-presidente petista. Queria saber como está o tratamento contra o câncer detectado na laringe.

Consultoria O sistema de monitoramento de obras do governo, novidade apresentada por Dilma na reunião ministerial, foi proposto por Jorge Gerdau à Casa Civil.

Não deu Nome sugerido pelo PT para assumir o Ministério das Cidades, o deputado José de Fillipi Júnior (SP) recebeu de Lula um aviso: não será desta vez que ele chegará à Esplanada. Dirigentes petistas admitem que a pasta seguirá sob comando do PP.

Limpeza A equipe precursora da Presidência acionou petistas ligados aos movimentos sociais para se certificar de que não haveria protesto de sem-teto do Pinheirinho ou da favela do Moinho, hoje, no entorno da prefeitura paulistana. Ao lado de Geraldo Alckmin, Dilma receberá de Gilberto Kassab a Medalha 25 de janeiro.

Efeito moral A Corregedoria da PM paulista abriu procedimento interno para apurar eventual abuso da corporação no disparo de tiro de borracha contra Paulo Maldos, emissário do Planalto na reintegração de posse em São José dos Campos.

Trovoadas O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, e Aécio Neves foram informados da explosiva entrevista de FHC à "The Economist" enquanto descansavam em Miami. Antes de chegar aos EUA, Guerra enfrentou turbulência no voo.

Patronal Centrais sindicais procuram o empresariado para vitaminar manifestações contra a política econômica. Amanhã, Paulinho da Força tentará atrair Paulo Skaf (Fiesp) e Abram Szajman (Fecomercio).

Agora vai? O governo paulista formalizou convite para o PDT ocupar a Secretaria de Gestão Pública. Pedetistas indicaram o deputado João Dado para o cargo.

com ANDRÉIA SADI e DANIELA LIMA

tiroteio

"A fala de FHC reflete a insegurança e a confusão em que está metida a oposição. Nenhum projeto, nenhuma perspectiva e, no final das contas, nenhum nome."
DO LÍDER DO GOVERNO NA CÂMARA, CÂNDIDO VACCAREZZA (PT-SP), sobre a entrevista do ex-presidente à revista "The Economist" na qual critica José Serra e diz que o candidato "óbvio" do PSDB em 2014 é o senador Aécio Neves.

contraponto

Rebimboca da parafuseta

Na tentativa de recuperar sua CNH, Paulo Bernardo (Comunicações) acompanhava, no início do mês, aula sobre manutenção de carros. Uma aluna se irritou:
-Nós, mulheres, não conhecemos o assunto e somos constantemente enganadas pelos mecânicos...
O instrutor discordou, lembrando que o país é dirigido por uma mulher. Foi novamente interrompido:
-Mas duvido que a Dilma entenda de mecânica!
Todos olharam para o ministro, que brincou:
-Gente, eu não sei. Preciso consultar a presidente!

Crack - hora de unir responsabilidades - GILBERTO KASSAB


O Estado de S.Paulo - 25/01/12


A luta contra o crack e a discussão polêmica sobre método de internação, tratamento e recuperação de químico-dependentes estão diariamente na mídia. É assunto tão antigo quanto complexo e merece reflexão apurada.

A realidade é que o consumo do crack começou no final dos anos 1980 e em menos de 20 anos se difundiu por todo o País. É hoje grave problema de saúde pública e sério desafio para o aparato policial que tenta, na raiz do problema, conter o tráfico e a entrada da cocaína - origem do crack - no Brasil.

Trata-se de encarar uma epidemia que hoje assola cidades médias, pequenas e até a zona rural, atingindo todas as classes sociais. Assim, a atuação do Ministério da Saúde é bem-vinda. Usaremos todos os recursos oferecidos, como sempre usamos, pois esse problema só pode ser enfrentado somando esforços e verbas dos três níveis de governo.

Não é hora de apontar culpados nem de alimentar pendengas eleitoreiras. É hora, sim, de também prover de mais recursos as forças que combatem os traficantes. Mais investimento e maior concatenação de ações certamente trarão resultados ainda melhores. É hora de os protagonistas da área jurídica se debruçarem sobre os limites legais que ainda impedem internações urgentes e necessárias.

A mídia contou o drama de grávidas usuárias de crack. Identificamos na região da Luz entre 20 e 30 gestantes e sua internação ou seu tratamento exigem legislação específica... ainda não existente. A mídia foi dura, há alguns meses, quando se iniciou no País uma discussão sobre a internação compulsória de dependentes em surto e situação de risco. Temos de avançar, respeitando os direitos humanos, sim, mas criando soluções que salvem vidas.

Vejam bem, não faltam abrigos para acolher e encaminhar pessoas em situação de risco, nem vagas para os tratamentos possíveis. Sobram vagas e refeições, toda noite. E, em especial, o abrigo da Rua Prates, que será inaugurado em breve com suas 1.200 vagas e integrará no mesmo espaço atendimento social e médico especializado, nunca foi óbice para nenhuma ação conjunta de combate ao crack.

A ação policial está sendo cumprida com profissionalismo. Exageros, que podem ocorrer em situações tensas como essa, foram prontamente realinhados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, que segue com a repressão ao tráfico. Isso é vital.

Com a ação policial, os dependentes dispersaram-se, continuam a perambular pela região. E nossos agentes continuam a abordá-los, como sempre fizeram. O que mudou foi a reação às abordagens: em dez dias conseguimos 87 internações, quando a média mensal era de 93.

O fato de a Prefeitura também estar dificultando o tráfico com demolições e limpeza de redutos, esconderijos e lacração de prédios inseguros leva os dependentes a aceitar ajuda com mais facilidade. Temos 200 agentes comunitários de saúde abordando os dependentes, criando vínculos, e já tornamos viáveis, desde 2009, 2.950 internações, sendo 2.400 relativas à dependência. As ações conjuntas do Estado e da Prefeitura na região da cracolândia (futura Nova Luz) se fortalecem desde então, com a Ação Integrada Centro Legal.

Implantamos sete unidades de saúde na região central, duas delas funcionando 24 horas, todas com estrutura para atender moradores em situação de rua, principalmente sob dependência química. Dos 72 Centros de Atenção Psicossocial em funcionamento, 22 são para dependentes. Temos também 290 vagas contratadas em comunidades terapêuticas, uma clínica própria com 80 vagas para internações breves, além de 980 leitos em hospitais psiquiátricos e gerais. Essa rede própria representa um investimento anual superior a R$ 200 milhões, 84% deles custeados exclusivamente pela Prefeitura.

Mesmo que não aplicássemos mais nada no setor, até 2014 a Prefeitura destinará na capital R$ 600 milhões. Mas os R$ 514 milhões que o Ministério da Saúde anuncia, no mesmo período, para investir em todo o Estado, certamente ajudarão.

Em meio à veiculação de tantas críticas e desinformação, é de justiça que, como prefeito, me permito ressaltar o esforço das nossas Secretarias de Saúde e de Assistência e Desenvolvimento Social. Aplaudimos o ministro Alexandre Padilha, da Saúde, que anuncia os Consultórios de Rua, e é um orgulho sermos precursores nesse serviço, com o nosso programa Saúde nas Ruas.

A pedido do ministério, uniformizaremos o nome para Consultórios de Rua. A mudança de nome não altera, ao contrário, fortalece a integração necessária para que o serviço seja expandido e prestado com maior eficiência.

Estamos confiantes, também, em que o Ministério da Saúde possa, nessa linha de ação, liderar e acelerar a discussão da política e da legislação e concretizar a construção de um consenso técnico-científico sobre o enfrentamento do crack. A Prefeitura avançou ao incluir e comprovar a importância das comunidades terapêuticas para internações de médio e longo prazos.

Continuaremos unidos com a União e o Estado nessa luta e em outras parcerias, pois é dever da autoridade pública tornar viáveis ações conjuntas que beneficiem a população. Não há mais tempo a perder, e o País ganhará ao recuperar o tempo até aqui perdido, perseguindo o objetivo maior, que é o de recuperação de brasileiros que merecem um destino maior. Erguê-los, encaminhá-los para tratamento, reencaminhá-los para a vida - esse é o desafio.

Enfim, há muito a fazer pelos químico-dependentes, para protegê-los e reincluí-los socialmente, principalmente jovens e menores abandonados pela sorte, pela família e vítimas de décadas de indefinições e infrutíferas querelas eleitoreiras, que em nada ajudam o Brasil.

Que futuro para a Europa? - LUIZ FELIPE LAMPREIA


O Estado de S.Paulo - 25/01/12


A União Europeia (UE) era, até poucos anos atrás, um verdadeiro paradigma de integração, coexistência na diversidade e determinação histórica de superar os terríveis conflitos que dilaceraram o continente por séculos. Hoje é vista como um navio à deriva, lutando para não naufragar. Será bem assim?

Sob a batuta de grandes líderes, especialmente Jacques Delors, a UE teve inicialmente um modelo mais flexível criado no Tratado de Roma, que começou a vigorar em 1.º de janeiro de 1958 - o marco zero -, para o mercado único, do Tratado de Maastricht, de 1992. Nele se previa a total liberdade de circulação, entre os Estados-membros, de mercadorias, capitais, serviços e mesmo pessoas. Foi um enorme sucesso, no qual nos miramos ambiciosamente à época para criar o Mercosul. Houve, porém, uma lacuna grave, embora insuperável politicamente: faltou a obrigação de respeitar metas fiscais, ainda que os principais objetivos macroeconômicos tenham sido fixados. Os países europeus comprometeram-se a observar metas de déficit público, dívida, inflação e variação cambial, mas não abdicaram de manejar seus orçamentos nacionais. Mesmo que tivessem cumprido as metas de Maastricht - o que não ocorreu caso na maioria dos casos -, seria querer muito que os dirigentes políticos da Europa renunciassem ao poder imenso que consiste em arrecadar tributos e dispor do seu emprego segundo suas próprias agendas.

Mas aí estava o ovo da serpente que geraria a crise em que a União se acha atolada hoje. Uma péssima gestão fiscal levou à beira da ruína países tão diversos quanto Itália, Grécia, Espanha ou Bélgica, Grã-Bretanha e Portugal. A luta será longa e penosa para reequilibrar as economias mais fragilizadas da Europa. No momento a UE está começando a atravessar aquilo que vivemos penosamente nos anos 1980: uma década perdida.

O mais preocupante desse quadro sombrio está no fato de que a própria social-democracia está ameaçada pelo enfraquecimento dos Estados e pela dureza social dos remédios empregados para combater os excessos do passado de gastos e dívidas excessivas. Após firmar-se gradualmente em todo o século passado como a forma mais equilibrada de governo e a linha politicamente mais correta, essa concepção filosófica e politicamente correta enfrenta hoje um desafio quase tão profundo como o que sofreu na década de 1930 por parte dos variados regimes totalitários em todo o mundo.

Governantes muito respeitáveis, como Mariano Rajoy (Espanha), Mario Monti (Itália) e Passos Coelho (Portugal), que chegaram ao poder com uma plataforma de severa austeridade, correm o risco de ser derrotados na próxima curva da política porque impingiram grande sofrimento a seus povos sem poder apresentar mais do que a famosa afirmação de Winston Churchill: "Só vos posso oferecer sangue, suor, labuta e lágrimas". Como sabemos, não há saída econômica rápida ou fácil para o labirinto europeu.

Quais são as implicações geopolíticas destas realidades? Antes de mais nada, o peso político do bloco europeu está diminuído. A prova claríssima desse encolhimento está em que os Estados Unidos já não consideram a Europa um objeto prioritário de sua atenção estratégica, como a política de defesa recém-anunciada por Barack Obama confirmou. A China e a Ásia preenchem esse espaço. Obviamente, isso não se aplica por igual a todos os países da UE. A Alemanha mantém e aumenta sua força internacional à medida que seu papel se torna cada vez mais crucial na Europa. Se o euro for salvo à beira do abismo em que se encontra, o poder internacional alemão será ainda mais reforçado. Já a França, golpeada pelo rebaixamento de seu rating, tem menos legitimidade em sua afirmação de "grandeur", como a definia o general De Gaulle. O mercado não perdoa e atinge globalmente todos os que têm economias fragilizadas.

O pior cenário - que apenas se esboça no horizonte - é o crescimento da extrema direita e, ainda mais, sua chegada ao poder, abalando a natureza democrática do continente. A francesa Marine Le Pen é bem mais apresentável do que seu pai, Jean-Marie, o qual, ainda assim, chegou ao segundo turno contra Jacques Chirac, embora tenha perdido fragorosamente. Hoje, em quadro econômico muito mais grave do que oito anos atrás, ela se acha a dois pontos porcentuais do líder nas pesquisas para as eleições presidenciais francesas deste ano e tem, portanto, chances palpáveis de vencer. A profunda crise fomenta em toda a Europa ressentimentos com as decepções e agruras de todo tipo que a austeridade provoca nos indivíduos, causa sentimentos negativos contra os imigrantes, gera, enfim, um caldo de cultura de direita, que rapidamente se pode tornar antidemocrático e gera por vezes barbaridades como o assassinato de dezenas de pessoas por um fanático louco na Noruega.

Não é certamente minha atenção profetizar um desastre europeu, muito menos fazer paralelos ligeiros com o que ocorreu na década de 1930, com a ascensão generalizada do fascismo. Tenho sólida confiança na democracia europeia e a convicção de que ela será capaz de encontrar caminhos para sair de seu labirinto atual. Mas nada indica que as soluções virão rapidamente e de forma indolor.

No processo de recuperação em curso, é certo, porém, que a União Europeia vai perder terreno na escala do poder internacional, inclusive dentro da própria Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), na qual tem desempenhado apenas papéis auxiliares dos Estados Unidos, como na Líbia, no Afeganistão ou no Iraque. A contração dos orçamentos militares vai impedir um protagonismo internacional maior. Em outras palavras, por fim, a Europa vai seguramente encolher na cena internacional.

Indesejáveis, porém cheirosos - MARCELO COELHO


FOLHA DE SP - 25/01/12

O primeiro passo para a degradação do ser humano é reduzi-lo a um mero ser, sem papéis, sem língua


O Brasil já pertence ao grupo dos países mais desenvolvidos do mundo. Se havia dúvidas, eis a prova: o governo limitou a entrada de haitianos no país.
Sei que a questão não é fácil de resolver. Nas condições atuais, nenhum país poderia absorver de uma hora para outra um contingente enorme de pessoas sem destino.
Mas também sei que, em outros tempos, a história era diferente. Mais de 2 milhões de italianos aportaram nos Estados Unidos entre 1900 e 1910.
Na cidade de Nova York, em 1914, estima-se que o número de judeus fosse de 1,5 milhão. Quatro anos depois, segundo os dados do censo, a cidade toda tinha 4,8 milhões.
O passado brasileiro não foi diferente. Pode-se argumentar que os japoneses, alemães e italianos que chegaram aqui tinham sido, em boa maioria, arregimentados em planos de colonização.
Não se tratava de refugiados ou de pessoas sem eira nem beira, chegando num país mais por questão de sobrevivência do que por qualquer projeto de trabalho. Não eram negros, tampouco. Mais uma razão, a meu ver, para que os relativamente poucos haitianos sejam acolhidos no Brasil. Ia dizer "acolhidos sem restrições", mas isso é pouco. Significa apenas deixá-los entrar, para que continuem ao deus-dará.
Claro que uma população jogada na marginalidade e na mendicância não vai ser motivo de festa para quem a vir chegar. Mas esses casos seguem um roteiro conhecido.
O primeiro passo para a degradação definitiva do ser humano é reduzi-lo a isso: um mero ser, sem papéis, sem língua, sem mais que a roupa do corpo.
Antes que a sua aniquilação física seja vista como "natural", "inevitável" e mesmo "desejável" (afinal, quem tem paciência para conviver com uma escória animalizada?), é preciso ocorrer a sua aniquilação civil.
É a invenção moderna do "apátrida", sobre a qual escreveu Hannah Arendt, pensando na morte dos milhões de judeus sob o nazismo.
Destituídos de sua cidadania, os judeus da Alemanha entraram inicialmente num limbo legal. O processo continuou até que, destituídos de suas próprias roupas e de seus próprios nomes (substituídos nos campos de extermínio por um simples número tatuado), já não eram nada mais que corpos, cadáveres vivos, para os quais a única "solução" era acabar de vez com eles.
Numa tradução muito descuidada, saiu há alguns anos no Brasil o livro "Depois de Auschwitz", escrito pelo filósofo espanhol Antonio Reyes Mate (editora Nova Harmonia).
Ele cita uma frase memorável de um ministro da Justiça de seu país sobre os estrangeiros ilegais: "Para o Estado, o imigrante sem papéis não existe". Como não existe, sua morte -em última análise- não fará a menor diferença.
Reyes Mate traça um panorama do pensamento de vários filósofos (Lévinas, Benjamin, Foucault, Agamben) a respeito das raízes político-intelectuais do genocídio nazista, apontando para a silenciosa presença de alguns de seus pressupostos no mundo contemporâneo.
Para o francês Emmanuel Lévinas, por exemplo, o culto hitleriano da "raça" e da "terra natal" foi a consequência de teorias que, ao longo do século 19, foram construindo uma visão puramente biológica do ser humano.
Na medida em que a liberdade do homem deixa de ser levada em consideração e se dá mais peso às determinações do meio ambiente ou da genética, o que existe de único em cada indivíduo perde valor.
Pulo alguns passos na exposição de Reyes Mate e destaco outro ponto. Os direitos "do homem e do cidadão", segundo a célebre fórmula da Revolução Francesa, pressupõem (de modo algo mágico e arbitrário) que o tal cidadão tenha nascido no território nacional... Terra e sangue, no fundo, decidem sobre quem tem direitos e quem não tem.
Exagero? Um exemplo dos dias de hoje. Por que só netos de italianos teriam direito à cidadania italiana? Mesmo sem distinguir um rondelli de um mascarpone, o brasileiro pode ganhar seus papéis se provar "una vera" herança genética... Para mim, estamos nas raias do racismo com isso.
Sorte que, enquanto as autoridades brasileiras controlam a entrada de haitianos, eles fazem sucesso (segundo a Folha deste domingo) com as mulheres nacionais. São considerados elegantes, cheirosos, bonitos e, ainda por cima, falam francês.
Nossas elites não são mais o que eram. Há algum tempo, só o fato de falar francês garantiria cidadania plena por aqui.

TEMPORADA DE PELE - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 25/01/12


A top Raquel Zimmermann posou sem roupa para as revistas "s/n" e "Status", que chegam às bancas nos próximos dias. Às duas publicações, ela fala sobre seu interesse em meditação transcendental. "Faz eu me sentir 'supercool', em harmonia com o nosso maravilhoso universo!", diz, na "Status". À "s/n", conta que a prática a faz viver "muito no presente".

MARCA REGISTRADA
Mais de 100 mil empreendedores individuais formalizaram pequenos negócios na cidade de São Paulo em 2011. Em janeiro passado, havia 48 mil cadastrados na capital paulista. Hoje, são 151 mil. "A ampliação da economia e do mercado interno estimulam a formalização", diz o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. "O empreendedorismo passou a ser opção ao emprego público e à carteira assinada."

PEREIRÕES
As atividades que mais tiveram formalizações em São Paulo foram salões de beleza e pequenos serviços de construção civil -"os Pereirões da vida", diz Barretto, em referência à personagem de Lilia Cabral na novela "Fina Estampa", que trabalhava fazendo consertos como "marido de aluguel". Vendas de roupas e lanchonetes completam o topo da lista.

PEREIRINHOS
E, falando em Pereirão, a novela das 21h fez com que a JB, empresa de serviços gerais de SP, que existe há cinco anos, trocasse de nome. Há três meses, passou a se chamar JB Maridos de Aluguel. "Desde que trocamos de nome, aumentou muito a procura", diz a atendente Luziane Balthazar.

CRIATIVIDADE
O agora ex-ministro Fernando Haddad achou "engraçados", segundo sua assessoria, os comentários relacionando um episódio da minissérie "O Brado Retumbante" com sua passagem pelo MEC. Na trama da TV Globo, o titular da Educação caiu após a revelação de que livros didáticos comprados pela pasta ensinavam "a falar errado" e traziam Tiradentes como precursor dos sem-terra. "A série é muito criativa", disse o ministro, ainda segundo a assessoria.

PARALELO
A TV Globo diz que a minissérie é uma obra de ficção, que mostra "um Brasil paralelo ao nosso".

HORA MARCADA
E o novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, marcou reunião com todos os secretários e presidentes de autarquias da pasta hoje, a partir das 9h, para definir os rumos da gestão.

REUNIÃOZINHA
O ator americano Ashton Kutcher ficou na madrugada de domingo para segunda bebendo com alguns amigos no bar Baretto, do hotel Fasano, onde se hospedou. O local, que não funciona aos domingos, foi aberto a pedido de Kutcher.

E O TEMPO PASSA...
O Santos vai inaugurar amanhã, aniversário da cidade que abriga o clube, um relógio do centenário do Peixe, que será comemorado no dia 14 de abril.

O aparelho, que ficará na praça das Bandeiras, fará a contagem regressiva e marcará também o número de gols marcados pela equipe em sua história.

FÍSICA DA RUA
Um grafite com inspiração nos estudos de óptica do físico Isaac Newton será feito em um tapume na frente do antigo hotel Ca'd'oro, hoje, na rua Augusta.

A obra, assinada por Flavio Samelo, faz parte do projeto Urban Gallery.

DIA E NOITE
O ator Petrônio Gontijo e o músico Thiago Pethit foram anteontem à São Paulo Fashion Week, na Bienal. A modelo Aline Weber e a estilista Adriana Bozon circularam pela festa da Ellus, em uma casa de eventos na Bela Vista, dentro da programação da semana de moda.

TABLADO
A peça "Palácio do Fim", dirigida por José Wilker, estreou no teatro Anchieta, no Sesc Consolação. No elenco, Camila Morgado, Antônio Petrin e Vera Holtz.

CURTO-CIRCUITO

Os humoristas Marcelo Marrom e Rodrigo Capella reestreiam hoje o show "Comédia em Preto e Branco", no teatro Comedians. Classificação: 18 anos.

A rede social Guidu promove no dia 4 o "Pic Chic", piquenique com drinques e DJs, no parque da Aclimação. O ingresso custa R$ 60.

O clube The Society promove hoje a festa "Milk, Shake Edition", a partir da meia-noite. Classificação etária: 18 anos.

com DIÓGENES CAMPANHA (interino), LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

É Hoje! Afundação de São Paulo! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE P - 25/01/12


SP tem tanto dinheiro que você só é rico se for pra outra cidade. Todo mundo é mais rico que você!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Predestinado do dia! Chaveiro em Aracaju: Hugo Chaves! Rarará! E a mãe na maternidade: "Meu filho, você vai ter duas opções na vida: ou vai ser chaveiro ou presidente da Venezuela!".
E sabe o que os moradores de Pinheirinho cantavam enquanto apanhavam da PM? "Ai, ai, assim você me mata." O cassetete cantando "Pá! Pá!". E eles cantando: "Ai, ai, assim você me mata!".
E essa direto de Camboriú: "Prefeitura resolve parto de égua! Égua abandonada, que pariu potro em plena via pública, foi recolhida pela Inclusão Social". Por isso que a Dilma é tão popular: tão incluindo até égua! Se morasse em Pinheirinho, a égua apanhava da polícia!
E hoje é feriado da Fundação de São Paulo. Ops, Afundação de São Paulo. São Paulo foi fundada há 458 anos e afundada na última enchente! Todo ano eu dou a mesma definição. Até que não tenha mais enchente. Aí eu mudo de definição. Ou seja, daqui uns 40 anos. No quinto centenário de São Paulo. Rarará!
Vocês viram a foto do Ashton
Kutcher surfando na enchente? Então já tem ator vindo de Hollywood pra surfar em São Paulo! E carro em São Paulo paga IPTU. Bem imóvel!
Em São Paulo ou você tá gripado ou engarrafado. E São Paulo tem tanto gay que devia se chamar SÃO PAULA! E em São Paulo tem japonesa loira e bunduda. E em São Paulo tem até zumbi. Demoliram a cracolândia, e os zumbis ficaram vagando pela cidade! E em São Paulo ainda se come esfiha com Fanta uva!
Em São Paulo tem até zumbi! E em São Paulo tem tanto dinheiro que você só é rico se for pra outra cidade. Porque em São Paulo todo mundo é mais rico que você! Rarará! E é por tudo isso que a gente ama São Paulo! Quer morar em Bali, naquela ilha paradisíaca? NÃO! Quero morar EM São Paulo!
E São Paulo tem 892 peças, 830 shows, 425 filmes e você pode dizer: "Oba! Vou ficar em casa". Você fica em casa por opção e não por falta de opção! Em São Paulo, se você quer ouvir música indie segunda-feira, às 3h, tem! São Paulo é a capital da gastronomia: todo mundo come todo mundo! E em São Paulo o Kassab inaugura buraco com carro dentro! E o Kassab inaugurou uma montadora especial para a cidade: a
HYNUNDAI! Rarará! E São Paulo agora se chama Aquassab! Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Pinheirinho, a estratégia da tensão - ELIO GASPARI

O GLOBO - 25/01/12

O conflito podia ter sido evitado, pois em quatro áreas (sem PSTU) houve negociação, e todo mundo ganhou
 



Num conflito sempre há alguém que joga com a carta da tensão. Ele ganha quando ocorrem choques, prisões, feridos e incêndios. Na operação militar que desalojou 1.600 famílias da área ocupada do Pinheirinho, em São José dos Campos, ganhou quem jogou na tensão. Conseguiram mobilizar 1.800 PMs, numa operação que resultou em dois dias de choques, no desabrigo de duas mil pessoas, dez veículos destruídos, quatro propriedades incendiadas e 34 presos.
A gleba foi invadida em 2004 e está avaliada em R$180 milhões. É o caso de se perguntar o que poderia ter sido feito ao longo de sete anos para evitar que o maior beneficiado pelo espetáculo fosse a massa falida de uma empresa do financista Naji Nahas, que deve R$17 milhões à prefeitura.
Intitulando-se líder dos moradores, está no elenco Valdir Martins, o Marron, candidato a deputado estadual pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, o PSTU, residente em Vila Interlagos e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos local, como representante dos trabalhadores de uma empresa que não existe mais.
Pelo lado do poder público, o elenco inclui o governador Geraldo Alckmin, em cujo primeiro governo ocorreu a invasão, e o prefeito Eduardo Cury, que está no cargo desde 2005. Ambos são do PSDB.
Em 2008, o advogado André Albuquerque, fundador da empresa paranaense Terra Nova, especializada em regularização fundiária, foi convidado para estudar o caso de Pinheirinho. Ele resolveu 18 litígios, legalizando lotes de dez mil famílias, das quais duas mil já têm escritura.
Sua metodologia é simples. A Terra Nova negocia um valor aceitável com o proprietário da gleba e os moradores, vai ao juiz que está com processo de reintegração da posse e homologa o acordo. Retirado o obstáculo que impede obras de infraestrutura na área, a empresa apresenta um projeto de urbanização à prefeitura. O proprietário recebe seu dinheiro num prazo que vai de cinco a dez anos, e os moradores pagam prestações mensais que, na média, custam R$200. Em Pinheirinho, o lote poderia valer entre R$3 mil e R$6 mil, com prestações de R$60 a R$100 por dez anos. Jamais um dono de lote perdeu a casa por falta de pagamento.
Marron ouviu a proposta e informou que seu movimento não aceita negociar indenização, muito menos pagamento. O outro caminho seria o da desapropriação, pelo Ministério das Cidades, mera promessa da Viúva Federal. Nada feito. Uma reunião posterior foi boicotada pelos representantes dos moradores. Há poucas semanas, diante da ameaça de uso da força policial, apareceu uma milícia de fancaria, com escudos de latão e perneiras de PVC. Deu no que deu.
Deu no que deu porque os organizadores do PSTU, o governo de São Paulo e a prefeitura de São José aceitaram a estratégia da tensão. O governo da doutora Dilma achou que o caso podia esperar e, depois do conflito, fantasiou-se de São Jorge para matar o dragão que já havia devorado a princesa.
Desde 2008, enquanto o caldeirão de Pinheirinho ficava em fogo brando, a Terra Nova de André Albuquerque resolveu quatro litígios fundiários urbanos. Três em São Paulo (Casa Branca, Jardim Conquista e 1º de Maio) e um no Paraná (Vila Nova, em Matinhos). Segundo ele, mais de 1.500 famílias foram beneficiadas, sem polícia.

Fukuyama e o futuro da história - ROBERTO ABDENUR

FOLHA DE SP - 25/01/12

Nos EUA, em 1974, o 1% mais rico detinha 9% da riqueza nacional. Hoje, possui quase 25% dela

Em dois continentes de importância para o mundo desdobram-se neste momento crises virtualmente existenciais no que diz respeito a seus modelos econômico-sociais.
Nos EUA, a oposição republicana a Obama tenta conquistar a Casa Branca com base em postura quase religiosa em favor da redução do imenso deficit público unicamente pela via da eliminação de gastos, com a preservação e mesmo a ampliação de vantagens tributárias que só fazem privilegiar os mais ricos.
Na Europa, o Estado do bem-estar se vê questionado. Não tanto sua essência, mas sim sua extensão passa a ser objeto de reavaliação, ao impacto de crise recessiva que tende a perdurar por longo tempo.
Enquanto isso, na China e em outras partes da Ásia Oriental viceja um autoritário capitalismo de Estado que aos olhos de alguns analistas do Ocidente constituiria modelo invejável -ainda que, pensando bem, seja esse alegado "Consenso de Pequim" (fazendo jogo de contraste com o "Consenso de Washington") de indesejável e inviável implantação em países com regimes verdadeiramente democráticos, baseados no Estado de Direito, nas liberdades civis e na economia de mercado.
Nos EUA a corrida eleitoral em curso expressa sociedade inusitadamente polarizada. E, em certo sentido, espantada e desorientada diante de nova realidade pouco assimilada: a inexorável tendência à crescente desigualdade socioeconômica.
Em 1974, o 1% mais rico detinha 9% da riqueza nacional. Hoje, possui quase 25%. Desigualdade que uns desejam enfrentar pela via do assistencialismo e de medidas de sentido distributivo e outros preferem não enxergar ou acreditam ser um mal passageiro, a ser sobrepujado pelo retorno ao "laissez-faire" e a medidas regressivas, supostamente favorecedoras dos pobres e das classes médias pela via do "trickle down" (gotejamento) da riqueza acumulada pelos ricos.
Na Europa, supostamente mais organizada, falhou a regulamentação financeira, o que convergiu com a crise de 2008 nos EUA para dar origem à presente situação. Nesse erro se encontraram o capitalismo neoliberal americano e a "economia social de mercado" dos alemães.
É interessante constatar, em tal contexto, o surgimento em vários países de movimentos populistas de direita (veja-se o Tea Party nos EUA) e a ausência de um pensamento de esquerda mais amplo e integrado, capaz de colocar alternativas ao que tem sido uma globalização em importantes aspectos descontrolada, que ameaça encolher as classes médias nos países desenvolvidos, trazendo riscos à própria democracia representativa.
E, surpresa!, quem a esta altura clama pelo surgimento de um lúcido pensamento de esquerda, a contrabalançar os populismos de direita, é o famoso Francis Fukuyama. Ele, que com seu livro "O Fim da História" dera como definitivo o triunfo da democracia liberal e da economia de mercado sobre o socialismo real, expressa, em recente artigo na prestigiosa "Foreign Affairs" ("O Futuro da História"), preocupação com os riscos de que os avanços tecnológicos subjacentes à globalização enfraqueçam as classes médias nos países desenvolvidos. Critica o que chama de "ausência da esquerda" e clama por nova mobilização em favor de Estados mais fortes, de medidas redistributivas e de questionamento dos privilégios das atuais elites dominantes.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 25/01/12



Abercrombie & Fitch estuda chegada ao Brasil

Moda entre adolescentes brasileiros, a grife americana de roupas casuais Abercrombie & Fitch estuda a abertura de loja no país. A marca, que hoje é vendida pela brasileira Mandi & Co., pode entrar com a bandeira Abercrombie ou com outra etiqueta do grupo, a Hollister, estimam especialistas.

Atual licenciada, a Mandi está em compasso de espera para o possível desembarque da marca de suas lojas.

"A gente precisa, antes de tomar qualquer decisão, saber qual é a escolha deles. A gente não pode fazer um trabalho com a marca deles sem saber o real interesse no Brasil", diz Tico Sahyoun, diretor da Mandi.

Data e local ainda não são conhecidos pelo mercado. "Não dá para prever. Há muitos quesitos para entrar: quem seriam os parceiros, os pontos. Existe interesse deles, sim, mas não só deles. Todas as marcas internacionais procuram um canal para entrar no Brasil", diz Sahyoun.

Com as difíceis situações da Europa e dos EUA, o Brasil é "rota obrigatória" de grandes grifes atualmente, segundo Douglas Carvalho Júnior, da Target Advisor, que assessorou importantes transações no mercado de moda no ano passado.

"Eles devem procurar novos polos de consumo. Começou com Armani, Gucci, Chanel. Na Índia e China, as maiores já estão. Resta o Brasil." Procurada há uma semana, a sede da marca nos EUA preferiu não comentar.

"Mas, para entrar no Brasil, é preciso trazer preços competitivos. Senão, acabam fechando"

DOUGLAS CARVALHO JÚNIOR

sócio da Target Advisor

Nova... A Huge, agência norte-americana de plataformas digitais, com sede em Nova York, vai abrir neste ano o seu segundo escritório no Brasil. Depois de estrear no Rio de Janeiro no ano passado, agora será a vez de São Paulo.

...plataforma A data de abertura e o local estão sendo definidos. A companhia, que pertence ao Grupo Interpublic, tem como foco o desenvolvimento de plataformas de negócios digitais.

Escritório... O mercado de edifícios corporativos de alto padrão de São Paulo apresentou o oitavo maior custo de ocupação por m² do mundo no terceiro trimestre de 2011, segundo levantamento da Colliers International Brasil.

...de luxo O custo médio mensal de instalação foi de R$ 130,79 por metro quadrado -valor superior ao custo de ocupação de Nova York (R$ 101,67), de Sydney (R$117,21) e de Milão (R$ 110,41).

CASA PRÓPRIA
Uma em cada quatro pessoas que devolveram apartamentos alugados em 2011 tomou essa decisão para comprar casa própria, de acordo com estudo da Lello.

A compra de um imóvel, justificativa mais apontada para acabar com contratos de locação em São Paulo no ano passado, foi citada por 26% dos entrevistados.

Entre os outros motivos abordados na pesquisa estão mudança de cidade (18%) e busca por um local mais perto do trabalho (10%).

Pedidos de devolução do imóvel por parte dos proprietários representaram 15% dos casos analisados pela companhia. "Isso ocorre para que alguém da família use o imóvel ou para aumentar o preço do aluguel", diz Roseli Hernandes, diretora da Lello.

A companhia ouviu cerca de 1.300 pessoas.

CHALÉ SUÍÇO
O grupo MalbaWäcken, de Goiás, investirá cerca de R$ 113 milhões (60 milhões de francos suíços) para construir um hotel na Suíça, na cidade de Interlaken.

O projeto, que terá 87 quartos, já foi aprovado pelo conselho da cidade e as obras começam neste ano.

"A ideia é fazer um espaço para vender para os próprios brasileiros", afirma a sócia-fundadora da companhia, Malba Walcken.

O grupo, que focava suas operações no setor imobiliário, acaba de entrar no mercado de hotelaria com a inauguração de um resort em Caldas Novas (GO).

O empreendimento de 478 apartamentos foi construído com aporte de R$ 100 milhões, sendo que 80% do investimento foi feito pelo grupo e o restante, por meio de parcerias, segundo Walcken.

"Ainda devemos construir outro hotel e um parque temático no mesmo terreno, em Caldas Novas."

O grupo diz estudar a possibilidade de vender o novo hotel para investidores de outros países.

"Não era a nossa intenção inicial, mas estamos analisando as propostas recebidas", afirma a executiva.

NÚMEROS

R$ 113 mi serão investidos na construção de um hotel na Suíça

R$ 100 mi foram destinados à construção do resort de Caldas Novas (GO)

com JOANA CUNHA, VITOR SION, LUCIANA DYNIEWICZ e ALESSANDRA KIANEK