quarta-feira, outubro 31, 2012

Trailer do fim do mundo - TUTTY VASQUES


O ESTADÃO - 31\10



Podia ter sido pior se o furacão não virasse tempestade antes de chegar a Nova York, mas do jeito que foi já deu para perceber que a televisão não está preparada para a grande cobertura do fim do mundo.

Quando enfim chegar nossa hora, ainda que a luz por aqui custe um pouco mais a se apagar, não vai dar para assistir pela CNN à aproximação da grande onda do mar ou de radiação solar típicas do apocalipse no cinema.

As emissoras de TV não estão aparelhadas para o apagão final! O máximo que vai dar pra ver será o último repórter de capa e galocha nas ruas, com água pelos joelhos, iluminado pelo farol do próprio carro, sendo soprado de repente pra fora da imagem! Vupt!

Depois disso, vai depender muito da carga acumulada no celular e no iPad de cada correspondente que conseguir chegar em casa com vento a favor!

O que mais me deixou apavorado no trailer produzido na madrugada de ontem em Nova York foi a ideia de um dia testemunhar o fim de tudo pela imagem fantasmagórica do jornalista Jorge Pontual dizendo que nunca viu nada igual na vida!

Tomara que eu já esteja dormindo quando entrar no ar o Jornal Nacional em edição extraordinária.

Onda fiel

A Fifa está esperando 20 mil corintianos no Mundial de Clubes, em Tóquio. É quase um tsunami! Ainda bem que eles estão acostumados com isso por lá.

Oposição em festa

Como já virou tradição em ano eleitoral, Aécio Neves deve comemorar o resultado das urnas em Minas durante o feriadão de Finados no Leblon!

Espera só!

Se você tem algum amigo fazendo turismo em Nova York, prepare-se para aturá-lo na volta contando um monte de cascata sobre a longa noite da supertempestade Sandy.

No bom sentido

O senador Álvaro Dias disse ontem em Brasília que o colega tucano Mário Couto "talvez não tenha sido bem entendido" quando abriu o bico na tribuna para dizer que está cheio de ladrão no Congresso roubando o dinheiro do povo. Esse pessoal leva logo tudo pra maldade, né não?

Fora do script

Ao menos em respeito à tormenta, a prefeitura de Nova York deveria ter mandado desligar também os letreiros da Times Square. O clima de festa nas ruas desertas parecia provocação com o vento!

Sem brincadeira!

Comentário do meteorologista que anunciou a transformação do furacão em tempestade tropical na costa leste dos EUA: "Este Sandy é júnior!"

Nas alturas

O prefeito eleito ACM Neto já anuncia medidas de austeridade em Salvador: todo baiano acima de 1,70 m sofrerá cortes!

Despedida de solteiro

É cedo ainda para se dizer como será a relação de São Paulo com Ana Estela Haddad! Há seis anos a capital vive sem primeira-dama e, cá pra nós, não tem se queixado disso!

Pela harmonia - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 31\10



Dilma tem ouvido conselhos de gente próxima, ligada ao Judiciário, para ir à posse de Joaquim Barbosa, dia 22, na presidência do STF.

Primavera árabe
Dilma recebe semana que vem a ativista e jornalista do Iêmen Tawakkol Karman, Nobel da Paz de 2011, que luta pelos direitos da mulher no mundo árabe.

Projeto Solimões
A CVM abriu investigação para apurar eventual uso de informações privilegiadas com ações da HRT.
A petroleira privada selou acordo com a Petrobras para ajudar a extrair óleo na região do Solimões, no Norte do país.

De saída
O produtor cultural Emílio Kalil pediu para deixar o cargo de secretário municipal de Cultura do Rio.
Mas vai continuar ajudando o governo Eduardo Paes como presidente da Fundação da Cidade das Artes, que administrará o novo equipamento cultural.

Apaga isso...
Por falar em Eduardo Paes, o prefeito anda fumando muito.

Publicidade e cultura
A Petrobras inovou no seu edital de patrocínio cultural. Os projetos que ganharão recursos liberados por renúncia fiscal (dinheiro meu, seu, nosso) terão de destinar de 15% a 20% do total recebido para... “despesas com publicidade”.
A razão é... não se sabe.

Salve Jorge
DJ Batata e MC Mingau, celebridades do Complexo do Alemão, vão gravar uma participação em “Salve Jorge”, a novela da TV Globo. 

Suruba partidária
Da cientista política Maria Celina D’Araújo sobre a pulverização partidária ocorrida nas eleições municipais deste ano:
— Foi uma suruba partidária. Mais tolerante até do que o “Vale tudo” do Tim Maia.

Dia seguinte...
Para Maria Celina, resta saber, depois “dessa saliência eleitoral, quantos prefeitos eleitos ficarão na oposição a Dilma”.
Faz sentido.

Moda e política
Denner Pamplona, o famoso costureiro (1937-1978), receberá de Dilma, “in memoriam”, a Ordem do Mérito Cultural, dia 5.
O estilista morreu aos 41 anos. Até o golpe de 1964, era quem vestia, por exemplo, a primeira-dama Maria Teresa Goulart.

Anistia...
Aliás, na ditadura, Denner defendia a volta da família Goulart do exílio em entrevistas e até no microfone do programa de Flávio Cavalcanti, do qual era jurado, na extinta TV Tupi.

O desfile
O quadro “O desfile” (veja ao lado), óleo sobre tela da carioca Beatriz Milhazes, foi vendido segunda no leilão do acervo de
Anna Maria Niemeyer, a filha do mestre Oscar Niemeyer falecida em junho. O valor: R$ 2.140.000.

A estrela de Madureira
Zaquia Jorge (1924-1957), avedete do subúrbio da Central, no Rio, cuja morte inspirou o clássico samba “Madureira chorou” (Carvalhinho e Júlio Monteiro), gravado por vários cantores, vai ganhar mais uma biografia.
Além da que é escrita por Vagner Fernandes, a Rocco lançará outra, autorizada pela família, já em preparação, assinada por Marcelo Moutinho.

Careca
O pagodeiro Belo está à procura de uma prótese capilar.

Nem da Rocinha
Outro bandidão carioca trancado em prisão federal longe do Rio será interrogado por videoconferência.
Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, preso em Mato Grosso do Sul, será ouvido dia 12 de novembro pela juíza Alessandra de Araújo Bilac no processo por tráfico de drogas.

Verdi e Wagner
Para entendidos no assunto, a temporada de ópera do Teatro Municipal do Rio, em 2012, tem sido “desastrosa”.
Já 2013 marca o bicentenário de Verdi e Wagner, os dois monstros da ópera. Mas, até agora, não se falou uma linha sobre o que o teatro fará no ano que vem.

AS CURVAS DA BELA
Luana Piovani, a linda atriz, posa para a próxima edição da revista“Nosso Caminho”, criada por Oscar Niemeyer e editada por sua mulher, Vera. A atriz, aqui fotografada por Kadu Niemeyer, neto do genial arquiteto, exibe, no ensaio, na Praia de Ipanema, as curvas de seu corpo. É alusão às curvas da obra de Niemeyer 

PARA RIR E CANTAR
Andréa Beltrão, a talentosa atriz, brinca com Branco Mello, o roqueiro da banda Titãs, nos ensaios da comédia musical “Jacinta”. O músico compôs as canções da peça, que estreia dia 15 de novembro, no Teatro Poeira, em Botafogo


MESSIAS, O CAMELÔ DA SAUDE
Um sintoma de que o sistema de saúde vai mal salta aos olhos numa esquina da Avenida Rio Branco, no Centro do Rio. Das 10h às 16h, o “doutor” Messias Marques de Souza, enfermeiro amazonense de 63 anos, dá expediente na calçada. Faz isso há três anos. Tira pressão, mede frequência cardíaca, taxas de açúcar e até de gordura no sangue, serviços que custam entre R$ 4 e R$15. Formado pela Universidade Federal do Amazonas, Messias, entrevistado pelo nosso Daniel Brunet, contou que atende a cerca de 300 pessoas por semana. Não revela quanto ganha, mas, se fizer num mês só o exame mais barato, terá recebido, ao fim de 30 dias, uns R$ 5 mil — seis vezes mais que seus colegas da rede estadual. O engraxate José Garcia, 58 anos, vizinho de calçada, elogia: “Ele já salvou muitas vidas. Uma vez, uma pessoa passou mal no banco, ele foi lá e prestou o socorro.” O presidente do Conselho Regional de Enfermagem, Pedro de Jesus Silva, não o condena, mas lamenta. “Infelizmente, salários baixos e aposentadorias de fome podem levar o trabalhador a apelar para o mercado informal.” É. Pode ser 

Ponto Final
No mais, é o que se comenta nas redes sociais do planeta: os candidatos à Presidência dos EUA não enfrentaram na campanha a mudança climática. Então, a mudança climática decidiu enfrentá-los.

Poesia e cerveja - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 31\10


Inspirada pelos ares que sopram da Praça da Alfândega, lembrei de um e-mail que recebi. Um rapaz contou que estava num churrasco com amigos quando acabou a cerveja. Foi escalado para ir ao supermercado buscar mais. Meia hora depois, retornou sem nenhuma latinha, mas com um livro de poemas meu. “Fui quase linchado.” Pô, trocar cerveja por poesia, até eu lhe daria uns beliscões.

Mas não posso negar que fiquei toda boba por meus versos terem seduzido um garoto de 20 anos em plena sexta à noite num corredor do Zaffari. Na verdade, não sei se ele tinha 20 anos, se era uma sexta e se foi no Zaffari, mas não resisti em formatar aqui um cenário mais completo. A cena é boa demais para ficar sem detalhes.

Aproveitando a Feira, uma dica: abrace os poetas. A começar pelo nosso patrono, Luiz Coronel, e mais Ferreira Gullar, Alice Ruiz, Antonio Cícero, Fabrício Carpinejar, Adélia Prado, Armindo Trevisan, Celso Gutfreind, Elisa Lucinda, Affonso Romano de Sant’Ana, Thiago de Mello, Viviane Mosé, todos em atividade. Não, Stella Artois não é uma poeta. Querendo prestigiar um talento novo, anote: Gatos Bravos Morrem pelo Chute, do gaúcho Tiago Ferrari.

Afora a poesia, selecionei 11 títulos entre os muitos que li este ano, entre romances, crônicas e ensaios:

Por Favor, Cuide da Mamãe, de Kyung-Sook Chin. Os segredos e sentimentos de uma família sul-coreana, numa história universal e belamente escrita.

O Caderno de Maya, de Isabel Allende. A autora escreveu uma história contemporânea e impressionante, inspirada na barra-pesada vivida por seus enteados.

Sunset Park, de Paul Auster. Após um acidente familiar ocorrido na adolescência, um garoto procura colar seus cacos junto a outros desgarrados que moram em uma casa abandonada. Excelente.

A Borra do Café, de Mario Benedetti. Relançamento de uma de suas obras mais tocantes. O autor uruguaio mescla memória e invenção ao narrar sua infância em Montevidéu.

Resposta Certa, de David Nicholls. Diálogos ótimos, do mesmo autor de Um Dia. O título poderia ser Diversão Certa.

Tempo é Dinheiro, de Lionel Shriver. Suicídio, câncer terminal, mortalidade, humor negro. Só mesmo a autora de Precisamos Falar sobre Kevin para transitar sobre esses assuntos sem nenhuma condescendência e arrebatar o leitor.

A Vida Gritando nos Cantos, de Caio Fernando Abreu. Crônicas publicadas no jornal O Estado de S. Paulo entre 1986 e 1996. O mesmo texto charmoso e provocativo que deixa saudade até hoje.

A Queda, de Diogo Mainardi. Impossível ficar indiferente. A secura convivendo com a docilidade de uma forma única e emocionante.

Como Ficar Sozinho, de Jonathan Franzen. Do mesmo autor do aclamado Liberdade. Ensaios sobre a solidão, a nicotina, a literatura, a invasão de privacidade e outros temas que ganham uma nova perspectiva sob o olhar astuto desse mestre da prosa.

Alta Ajuda, de Francisco Bosco. Ensaios de um jovem filósofo que tem o talento no DNA. Filho do músico João Bosco, é articulista do jornal O Globo, no qual escreve sobre cinema, futebol, amizade, sexo, política.

Pequenos Contos para Começar o Dia, de Leonardo Sakamoto. Breve e belo, até parece livro de poesia – olha ela, de novo. Uma palhinha: “Os professores de matemática dizem que a menor distância entre dois pontos é uma reta. Menos pro meu avô: ‘Besteira! A menor distância é aquela em que a gente se diverte mais’”.

A morte de um jornal - PAULO SANT’ANA

 ZERO HORA - 31\10


Circula hoje pela última vez, creio que por falência múltipla dos órgãos, um dos melhores jornais brasileiros de todos os tempos: o Jornal da Tarde, com sede em São Paulo.

A maior manchete que li entre todas as famosas manchetes do Jornal da Tarde deu-se quando tomava posse no Chile o presidente comunista Salvador Allende.

Travou-se um dilema entre o presidente eleito e o protocolo para a cerimônia de posse: ele se recusava a usar casaca para o ato e também, como comunista convicto, não queria que se rezasse missa, o que sempre foi ritual de todas as posses presidenciais.

Houve uma negociação entre Allende e o protocolo e chegaram a um meio-termo: ele não usaria casaca mas seria rezada a missa.

O Jornal da Tarde, na véspera da posse, estampou a seguinte manchete: “Amanhã, depois da missa, o comunismo no Chile”.

Outro título célebre do Jornal da Tarde aconteceu quando em uma partida noturna disputada pelo Santos no interior paulista, pelo campeonato estadual, o time de Pelé venceu por 8 a 0, os oitos gols de autoria de Pelé.

O Jornal da Tarde lascou o seguinte e genial título: “Noite negra de Pelé”.

O Jornal da Tarde foi uma universidade do jornalismo, seus textos eram apurados, foram levados para trabalhar lá grandes repórteres e, acima de tudo, algumas das pessoas que melhor escreviam no país.

Meu amigo Marcos Faerman foi um dos melhores jornalistas que trabalharam no Jornal da Tarde e obteve reportagens espetaculares.

O Jornal da Tarde foi criado durante a ditadura militar e eu me lembro que não deixava de lê-lo por um só dia.

Um jornal, quando é extinto, significa a tristeza do pensamento, a desolação das ideias. Desejo que este jornal em que escrevo, a Zero Hora, que tem 48 anos de existência e na qual trabalho há 41 anos sem tirar férias, nunca seja extinto.

O que eu mais desejaria é que daqui a 52 anos, quando Zero Hora completar o seu centenário, em algum canto da edição comemorativa fossem lembrados para os pósteros alguns pensamentos que esculpi nas mais de 17 mil colunas que já escrevi neste jornal.

E que fossem lembrados todos que passaram por Zero Hora e construíram este periódico glorioso em que a História do Brasil se confundiu num êxtase de informação e opinião que tornaram nosso jornal forte como um rochedo.

É muito triste que tenha morrido o Jornal da Tarde.

Jornais não deveriam morrer assim como as espécies. Eles tinham de ser tombados para a eternidade.

Los dos amigos - MARCELO COELHO

FOLHA DE SP - 31\10


Borges e Bioy Casares despacham para a lata de lixo uma multidão de grandes escritores

Maria Kodama, a viúva de Jorge Luís Borges (1899-1986), declarou guerra contra a memória do melhor amigo do escritor. Chamou Adolfo Bioy Casares (1914-1999) de "covarde" e de "dejeto humano".
O motivo desses ataques, que se renovaram nos últimos tempos, é um livro que Bioy deixou para publicar postumamente. Trata-se do registro das conversas, quase diárias, dos dois amigos.
"Borges", por Bioy Casares, cobre mais de 40 anos de diálogo entre os autores, e sua primeira edição, de 2006, tem 1.600 páginas.
Há espaço de sobra para todo tipo de fofoca e maledicência. Vem daí a acusação de "covardia", feita por Maria Kodama: os ataques a outros literatos argentinos, sem contar o que se diz das mulheres que faziam parte do círculo de Borges, só foram publicados depois da morte de Bioy.
O livro, pelo menos na sua versão completa, não tinha me animado muito. Li uma resenha das mais negativas desse diário. Seria uma coleção de despautérios, na maior parte das vezes a respeito de contemporâneos portenhos sem nenhuma importância, como Eduardo Mallea ou Miguel Etchebarne.
Mas não é bem assim, pelo menos na edição resumida que saiu no ano passado pela editora Backlist. O organizador, Daniel Martino, cortou mil páginas da versão original, e esse "Borges - Edición Minor" pode valer como um verdadeiro curso de literatura universal.
Sem dúvida, há enormidades em cada página. Como em geral acontece quando os interlocutores concordam muito, a conversa tende a se transformar numa corrida para ver quem é o mais radical.
Numa orgia condenatória capaz de produzir calafrios em Ayres Britto e Joaquim Barbosa, Borges e Bioy despacham para a lata de lixo uma multidão de grandes escritores.
Joyce escreveu contos "muito bobos", diz Borges. "Não era muito inteligente", acrescenta Bioy. Paul Valéry não passa de um ressecado acadêmico. "Homem muito inteligente, sem nenhum dom para a literatura." O "Fausto" de Goethe não passa de um blefe.
Nos romances de Henry James, resmunga Borges, há diálogos cheios de subentendidos, reticências e matizes, "que o leitor não descobre e não crê que valha a pena descobrir". Como poeta, Edgar Allan Poe "é mínimo". Thomas Mann "era um idiota".
Salvam-se, como sempre em Borges, alguns autores subestimados, como Kipling, Stevenson e Chesterton; entre os grandes, sempre são elogiados Cervantes, Kafka e Dante Alighieri.
Não se aproveita muito de opiniões tão genéricas e desbocadas. A grande utilidade do livro está nos muitos momentos em que Borges e Bioy analisam um detalhe isolado, um título, um verso, uma expressão qualquer, sob a ótica de um gosto literário quase impossível de tão exigente.
Os dois amigos analisam, por exemplo, a obra poética de um colega argentino, Carlos Mastronardi.
Bioy elogia o que lhe parece ser o único verso mágico desse autor: "Una vez yo pasaba silbando entre arboledas". A sonoridade, naturalmente, perde-se na tradução: "Uma vez eu passava assobiando entre alamedas".
Para Bioy, a beleza do verso está no fato em que o poeta parece estar vendo a sua própria figura no cenário. Borges retruca: "É um verso ridículo e muito vaidoso. Nós o vemos -e o pior é que ele se vê a si mesmo- de longe, pequenininho, como uma espécie de Charles Chaplin".
Num romance de aventuras inglês, Borges descobre "una buena compadrada", ou seja, uma gabolice típica dos velhos brigões do interior argentino.
Eis a frase. "Veja o senhor, acontece todo tipo de coisa importante na vida de uma pessoa, mas por incrível que pareça nunca se esquece a cara do primeiro homem em quem se deu um tiro."
A frase, comenta Borges, "dá por estabelecido que o interlocutor também já atirou em alguém".
É, como se vê, uma forma de ler muito imaginosa e sutil, e há exemplos disso a todo momento. Uma última citação.
Borges e Bioy discutem o que faz de "Os Três Mosqueteiros" um bom título de romance. Sugere, diz Bioy, "os prazeres da camaradagem". Borges vai mais longe: "Porque sugere o prazer de encontrar diferenças na identidade".
Talvez os dois estejam falando da mesma coisa -da amizade, coisa que este livro testemunha de forma emocionante, e também divertidíssima.

Penetras - ANTONIO PRATA

FOLHA DE SP - 31\10


Sejamos francos, meu caro: nem Fuvest nem calor nem baleias, o que te atrai nas fotos são as mulheres bonitas


"VESTIBULANDA FAZ prova na primeira fase da Fuvest", diz a legenda -e você presta atenção à foto porque vestibular é um dos seus assuntos preferidos, claro. "Em dia mais quente do ano, paulistanos buscam parques para se refrescar", diz a legenda -e você observa a mulher de biquíni, sobre a grama, pois está preocupado com o aquecimento global, óbvio. "Em protesto contra a caça às baleias, em Helsinque, finlandesas tiram a roupa diante da embaixada do Japão", diz a legenda -e você se demora nas rebeldades por puro amor aos cetáceos, é evidente.
Sejamos francos, meu caro: nem Fuvest nem calor nem baleias, o que te atrai nas fotos são as mulheres bonitas -essas intrusas que, vira e mexe, surgem nas páginas do jornal. Podem brotar no Esporte: "Atleta russa salta com vara no campeonato mundial de atletismo"; no Equilíbrio: "A veterinária Andressa Vieira alonga-se durante pausa, no trabalho"; em Mundo: "Jovens vão às ruas contra cortes sociais, em Barcelona". Enquanto passa manteiga no pão, você sorri por dentro, feliz pela súbita irrupção da beleza entre propinas, terremotos, chacinas e outros ingredientes indigestos de seu café da manhã.
Há quem possa ver na aparição dessas belas mulheres uma estratégia para vender jornais. Parece-me o contrário: menos o jornal aproveitando-se da beleza para valorizar-se do que a beleza usando o jornal para propagar-se. Começa lá com o fotógrafo que, no meio do campeonato, da passeata, do corre-corre, é capturado por um sorriso, um par de pernas, uma covinha e, não tão atento à pauta quanto às reações que milhões de anos de seleção natural desencadeiam em seu cérebro, contrai quase que inconscientemente o indicador, clicando a moça. Mais tarde, na redação, o editor de Fotografia será tocado pela mesma discreta euforia: entre senadores e coquetéis molotov, contêineres e operários, dará com aquele sorriso, aquele par de pernas, aquelas covinhas, "por que não essa foto aqui, olha só? Passa bem a ideia" -dirá, fingindo, talvez a si mesmo, que é a precisão jornalística, a adequação ao tema, as faixas ao fundo, a luz, os camburões ou o diabo a quatro o que importa, não simplesmente a beleza, a irresistível beleza de uma mulher que o atrai. Já de noite, o pessoal da Primeira Página padecerá do mesmo prosaico e ancestral en-canto, fazendo com que, entre o Joa-quim Barbosa e o Lewandowski, entre drones norte-americanos e homens-bomba iraquianos, acima de escombros na Síria e abaixo das árvores derrubadas pelo furacão Sandy, em Nova Jersey, uma linda moça surja, sobre os capachos de milhares de lares brasileiros.
Eu sei, sei que vivemos uma supervalorização da beleza, uma idealização da juventude, uma fixação que nasce em algum lugar entre as propagandas de sabonete e o medo da morte, mas não é disso que estou falando. Já existiam mulheres bonitas antes de inventarem o sabonete, continuarão existindo depois que estivermos todos mortos. Não podemos apenas admirar e sorrir, enquanto passamos manteiga no pão, antes de voltar às propinas, aos terremotos, às baleias, aos cortes sociais e outros ingredientes indigestos de nosso café da manhã?

Fator São Paulo - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 31\10


Interessante o desembarque do senador Aécio Neves (PSDB-MG) esta semana na capital paulista para conversar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Trataram do futuro do partido. Para quem acompanhou as rusgas internas do ninho tucano ao longo dos últimos anos, é sinal de que as coisas começam a mudar por ali. Primeiro, é de se estranhar que Aécio tenha percorrido várias capitais e cidades de médio porte durante a campanha eleitoral e não tenha dedicado nenhum dia da agenda ao público paulistano, ao lado do candidato José Serra. Aécio disse que estava à disposição para ajudar no que fosse possível, mas Serra não o chamou para compor palanque sob a justificativa de que não queria nacionalizar a campanha. Agora, com Serra derrotado, lá vai Aécio, em busca não de uma simples conversa com Fernando Henrique, mas atrás de uma ponte segura — e não uma pinguela — que lhe garanta a simpatia do PSDB paulista.

Aécio trabalha hoje no sentido de montar uma plataforma para se contrapor à futura candidata Dilma Rousseff. E seus aliados começam a analisar os mapas estaduais, verificar onde estão os pontos mais fracos, os mais fortes e as chances em cada região brasileira. E, dada a força não só da presidente, como de seu padrinho, o PSDB tem claro que a pole position de Minas Gerais é importante, mas insuficiente para qualquer projeto. Ali, nessa eleição municipal, Aécio conseguiu um feito, mas, em termos nacionais, ainda falta muito chão para caminhar.

Além de Belo Horizonte, os tucanos acreditam terem garantido alguns trunfos, casos de Belém e Manaus, as maiores cidades do Norte do país. Comemoram também a vitória de ACM Neto, que, há dois anos, preferia Aécio Neves como candidato a presidente. Mas não há segurança de votos no estado, uma vez que os aliados do governador Jaques Wagner (PT) conquistaram 340 das 417 prefeituras baianas.

No Nordeste — que deu à presidente Dilma um caminhão de votos na última eleição —, os aliados de Aécio consideram que é preciso esperam mais um pouco para ver em que sentido seguirá o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Os dois têm um excelente relacionamento, percorreram juntos várias cidades no primeiro e no segundo turno das eleições, mas as afinidades eleitorais ficam por aí. Pelo menos por enquanto, tanto os petistas quanto os tucanos acreditam que Eduardo não se afastará da campanha pela reeleição de Dilma, a não ser que o PT lhe dê motivos para isso. Portanto, guiar o caminhão de votos no Nordeste rumo ao PSDB num futuro próximo é improvável. Para completar, o prefeito eleito de Fortaleza, Roberto Claudio (PSB), parte para a transição defendendo a reeleição de Dilma.

No Sul do país, onde os tucanos tiveram seus momentos de glória — José Serra ganhou por lá no passado contra Lula e também contra Dilma Rousseff —, os ventos começam a mudar. Nem PT nem PSDB conquistaram capitais ali. O PSDB leva em conta que Dilma faz política no Rio Grande do Sul, portanto, deve ter uma boa largada entre os gaúchos. Em Florianópolis, a hora é do PSD, do governador Raimundo Colombo, hoje mais para a presidente Dilma do que para o PSDB. E o fato de o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), ter sido associado no consórcio que saiu derrotado da prefeitura de Curitiba não assegura uma folga tucana de peso no estado para 2014.

Diante desse quadro, Aécio não tem como deixar de investir no estado de São Paulo. Ali, os tucanos, embora tenham o governo estadual, ainda se mostram divididos. E, se como pré-candidato a presidente, Aécio não tiver todos os tucanos dali trabalhando em seu favor, inclusive o grupo de José Serra, parte dos votos do partido podem migrar para o colo de Dilma. Até porque, Fernando Haddad chega dando uma cara nova aos petistas. Só o fato de dedicar parte do segundo dia pós-eleição a uma visita ao governador Geraldo Alckmin foi um feito. A população costuma simpatizar muito com quem sabe ser grande na vitória e respeitar as pessoas, colocando-se acima das querelas partidárias. E com Haddad conquistando simpatias, os tucanos consideram que todo cuidado é pouco.

A rota do gato - ALEXANDRE SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 31\10


Faz parte da mitologia recente da política econômica afirmar que o desempenho fiscal do governo, em particular na esfera federal, abriu espaço para a redução de juros. Não por outro motivo o Copom faz menção explícita às hipóteses acerca do resultado das contas públicas quando prevê a inflação, além de destacar o papel da geração de superávits primários no arrefecimento do “descompasso entre as taxas de crescimento da demanda e da oferta”, o que contribuiria para reduzir as tensões inflacionárias.

O que se observa, todavia, é uma piora consistente do resultado fiscal, a tal ponto que, de forma muito (ou nada?) sutil o próprio BC, não exatamente conhecido por sua capacidade de confrontar as pressões advindas do Ministério da Fazenda, admitiu que a postura de política fiscal mudou, de neutra para expansionista.

Mais (ou menos?) sutil foi a alteração na ata do Copom, que até agosto, afirmava sua convicção quanto à geração de um superávit primário equivalente a 3,1% do PIB “sem ajustes”. Agora, sem maiores explicações, a expressão “sem ajustes” simplesmente desapareceu do documento, deixando claro, ao menos para os hermeneutas das atas do Copom, que o gato fiscal subiu no telhado.

De fato, à luz do superávit registrado até o momento (R$ 55 bilhões) está claro que não há a menor possibilidade do governo atingir a meta fiscal (R$ 97 bilhões) sem recorrer a algum truque contábil, o significado nada oculto de “ajustes”. Resta saber quem levou o felino telhado acima.

A ler o que sai na imprensa, a sugestão parece ser que o problema se originou – a exemplo do que ocorre hoje com algumas economias desenvolvidas – da fraqueza da arrecadação por conta do crescimento tímido. Já eu vejo dois problemas com esta explicação.

O mais direto é que tal diagnóstico não sobrevive bem ao teste dos fatos. Em que pese certa desaceleração da arrecadação, a verdade é que muito, senão a maior parcela, do desempenho fraco resultou de desonerações promovidas pelo próprio governo federal, cujo objetivo, principal ou secundário (mas sempre de forma intencional), era o de atenuar pressões inflacionárias atuando diretamente sobre os preços, no caso pela redução pontual de alguns tributos. Apenas no caso da CIDE, reduzida para evitar que o reajuste de combustíveis chegasse ao consumidor, a perda de arrecadação até agora é da ordem de R$ 5 bilhões, devendo atingir perto de R$ 7 bilhões no ano.

Mais importante que isso, todavia, é a própria dinâmica fiscal brasileira. A triste verdade é que o governo planeja seu orçamento tendo como base a suposição que a arrecadação sempre crescerá o suficiente para bancar a gastança.

Não é por outro motivo que os gastos públicos crescem ininterruptamente. Ao invés de determinar os gastos de acordo com a necessidade efetiva da sociedade e critérios claros de distribuição de recursos, a prática da política tem sido simplesmente aumentar o dispêndio confiando na capacidade da Receita Federal bancar o jogo extraindo recursos adicionais do setor privado.

Neste ano, por exemplo, a despeito da choradeira federal, a verdade é que o total arrecadado, medido como proporção do PIB, supera o registrado no mesmo período de 2011 (apesar de receitas extraordinárias no ano passado). Posto de outra forma, o problema em 2012 reflete menos a moderação do crescimento das receitas e mais a expansão continuada do gasto.

E é por conta disso que o governo federal terá que, mais uma vez, por sua imaginação contábil à prova para fingir que atingiu a meta. É irrelevante se serão descontados os investimentos do PAC, os gastos com saneamento, ou a soma dos CPFs do segundo escalão da Fazenda. Ao final das contas o que sobra é um governo que a cada dia cabe menos no PIB, não porque investe mais, mas porque se acostumou a ser financiado com parcelas crescentes da renda do resto da sociedade.

Sistema elétrico não é mais confiável - EDITORIAL O GLOBO


O Globo - 31/10


O Brasil, pelas características de sua matriz energética, tem um sistema elétrico nacional interligado, dividido em subsistemas regionais. Dessa forma, o subsistema Norte pode transferir eletricidade para a região Nordeste, da mesma maneira que o Sul pode ser abastecido em parte pelo Sudeste e vice-versa. Essa interligação só é possível porque cada subsistema tem uma certa capacidade de autoabastecimento, e a transferência de eletricidade é complementar, administrada de maneira a preservar a armazenagem de água nos reservatórios das hidrelétricas dentro de razoáveis margens de segurança.

Como o Brasil tem extensão continental e o regime de chuvas varia de acordo com cada região, esta interligação possibilita transferências de energia entre os vários subsistemas, mantendo o equilíbrio na armazenagem de água entre eles. Há anos mais secos em algumas dessas regiões, o que exige um aumento na transferência. E, como a transmissão de eletricidade pode ocorrer por distâncias muito longas, os riscos de interrupção tendem a se multiplicar quando ficam próximos dos limites da capacidade dos subsistemas.

Existem medidas para reduzir esses riscos, e a principal delas é a ampliação da base de geração térmica em áreas vizinhas aos centros de consumo. São centrais elétricas que utilizam combustível nuclear, gás natural, óleo, carvão, biomassa, funcionando continuamente ou, para elevar a confiabilidade do subsistema, sendo acionadas apenas emergencialmente.

O Brasil tem procurado pôr em prática esse modelo, mas há um conflito entre aumento da confiabilidade e a necessidade de reduzir o preço da energia para os consumidores, especialmente os relacionados ao setor produtivo. E em função desse conflito investimentos deixam de ser realizados. O resultado tem sido, por exemplo, a sequência de apagões pelo país inteiro. Não se pode mais responsabilizar raios, incêndios, causas fortuitas.

A energia mais cara é a que não existe. Em função dos últimos acontecimentos, o sistema interligado tem de passar por uma reavaliação. O que precisa ser reforçado para evitar que qualquer falha desarme o fornecimento de energia para todo um subsistema, como já ocorreu no Norte e há poucos dias em todo o Nordeste? As respostas das autoridades do setor não tranquilizam mais os consumidores. A garantia de que não ocorrerão novos apagões agora não é mais levada em conta.

O Brasil será sede de grandes eventos internacionais a partir de 2013. Não podemos correr o risco de passar vexames diante dos olhos do mundo exatamente por falta de energia elétrica. Ainda mais que estes eventos serão uma oportunidade para mostrar ao resto do planeta que o Brasil tem uma matriz elétrica limpa. Mas é preciso que seja também eficiente.

Não é bem assim - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 31\10


A espetacular vitória em São Paulo, onde o candidato por ele imposto, Fernando Haddad, venceu no segundo turno com confortável margem de frente, para muitos transformou o ex-presidente Lula no grande herói do pleito municipal ora encerrado, reforçando sua imagem, habilmente construída ao longo dos anos, de gênio político infalível. De fato, a proeza do Grande Chefe do PT é de tirar o chapéu. Apostando na ideia do "novo" - até porque o "velho" PT paulista está bastante enroscado no escândalo do mensalão -, Lula foi buscar, contra a opinião quase unânime das lideranças paulistas do partido, um jovem, bem apessoado e aplicado tecnocrata, sem nenhuma experiência eleitoral, e conduziu-o da condição de "poste" a vencedor nas urnas. Repetiu, enfim, o que fizera com Dilma Rousseff em 2010. "Com ele ninguém pode", há de estar proclamando o enorme rebanho que o idolatra. Mas não é bem assim. Lula também perdeu muito, e perdeu feio, Brasil afora.

O resultado do pleito paulistano foi, certamente, o mais significativo das eleições municipais, mas se insere num quadro mais amplo que precisa ser analisado com objetividade, inclusive do ponto de vista da questão político-eleitoral maior que ele coloca em perspectiva: a eleição presidencial de 2014. Sob esse aspecto, se é verdade que, quantitativamente, o pleito municipal reforçou o arco de alianças do PT, do ponto de vista qualitativo representou um expressivo fortalecimento dos líderes mineiro Aécio Neves (PSDB) e pernambucano Eduardo Campos (PSB). Isso significa, pelo menos, que os termos do apoio do PSB ao governo Dilma serão estabelecidos sob novos parâmetros.

Lula e o PT sofreram derrotas doloridas nas três maiores capitais do Nordeste, seu forte reduto nos três últimos pleitos presidenciais: Recife, já no primeiro turno, mais Salvador e Fortaleza. Em Pernambuco a intervenção de Lula foi, simplesmente, um desastre. Queria dar uma lição a Eduardo Campos e acabou entregando-lhe a vitória ao impor a candidatura de Humberto Costa. Na capital da Bahia, governada pelo figurão petista Jaques Wagner, o candidato da legenda perdeu para ACM Neto (DEM), apesar da forte participação na campanha de Lula e de Dilma. Em Fortaleza, dois recalcitrantes aliados do governo federal, os irmãos Gomes, Ciro e o governador Cid, ambos do PSB, levaram seu candidato, Roberto Cláudio, à vitória contra o petista Elmano Freitas. Nas nove capitais da região, aliás, o PT venceu com candidato próprio apenas em João Pessoa.

Dentre as seis capitais da Região Norte, o PT só elegeu prefeito em Rio Branco, no Acre. O PSDB venceu em Manaus e Belém. No caso de Manaus, uma derrota dura para Lula, que participou da campanha da senadora Vanessa Grazziotin (PC do B) movido pelos sentimentos negativos que devota ao ex-senador Artur Virgílio.

No Sul, o PT apoiou o candidato vencedor em Curitiba, o ex-tucano Gustavo Fruet (PDT). Ficou fora do segundo turno em Florianópolis e em Porto Alegre, apesar de o Estado estar nas mãos do cacique petista Tarso Genro, tomou uma surra: seu candidato, Adão Villaverde, recebeu menos de 10% dos votos no primeiro turno, que reelegeu José Fortunati (PDT).

Nas capitais do Centro-Sul o PT teve uma única vitória, em Goiânia, onde Paulo Garcia se reelegeu no primeiro turno. No Sudeste o PT colheu de fato seu mais expressivo triunfo: uma vitória pessoal de Lula, em São Paulo, e, no Rio de Janeiro, a eleição no primeiro turno do aliado Eduardo Paes (PMDB), a quem Lula deu apoio ostensivo. Mas em Vitória o PT não foi nem para o segundo turno, disputado por dois partidos que lhe fazem oposição, PPS e PSDB, saindo vitorioso o primeiro. E em Belo Horizonte a derrota do PT, de Lula e de Dilma foi acachapante já no primeiro turno, com o PSB reelegendo Marcio Lacerda com o apoio decisivo do PSDB.

Em resumo, o PT, como partido, cresceu 14% em termos de representação popular em todo o País, principalmente por conta das vitórias na Grande São Paulo. Mas, no placar do desempenho pessoal, Lula continua falível como qualquer líder político importante.

Críticas e elogios - TOSTÃO

FOLHA DE SP - 31\10


A tentativa do Palmeiras de impugnar o jogo contra o Inter, com a alegação de que a anulação do gol de Barcos, que o Palmeiras e todos sabem que foi ilegal, por não seguir as regras do futebol, retrata bem a contradição humana. Seria um bom assunto para grandes conhecedores da alma, como Freud, Dostoiévski, Machado de Assis e outros.

No momento do lance, ninguém viu nada, e todos viram tudo. Todos querem ser mais espertos que a esperteza.

É evidente que foi por causa da televisão que o árbitro anulou o gol. Isso acontece há muito tempo, como a cabeçada de Zidane, na Copa do Mundo de 2006. A única certeza, pela TV, é que o gol do Palmeiras foi com a mão. Por isso, deveria ter sido anulado.

Na lista da Fifa de 23 jogadores que vão disputar o título de melhor do ano e do mundo, o único brasileiro é Neymar. Faltaram também Thiago Silva e o goleiro Petr Cech.

Há vários jogadores no Brasileirão que são mais elogiados do que merecem. Um deles é Arouca. Pediram tanto sua convocação, que Mano passou a chamá-lo. Ele é apenas um bom jogador.

Como alguns times têm jogadores badalados, outros bons, da mesma equipe, são pouco elogiados, como Jadson e Denílson, do São Paulo , Wellington Nem e Jean, do Fluminense, Leandro Donizete, do Atlético-MG, Andrezinho, do Botafogo, Gilberto Silva, do Grêmio, e outros.

Jadson atua bem em quase todas as partidas, sempre com passes decisivos. Quando joga mal, é muito criticado. Jean marca muito bem, como um volante, e avança muito bem, como um meia. Não entendo, desde a época de São Paulo , por que é pouco valorizado.

Mesmo recebendo muitos elogios, Wellington Nem deveria receber mais. Ele marca o lateral, é esperto, importantíssimo no contra-ataque, principal jogada do Fluminense, dribla e dá passes decisivos. Já Fred, artilheiro, também muito importante, é muito mais badalado. Basta ele empurrar uma bola para as redes, mesmo quando não faz mais nada no restante do jogo.

Jogador decisivo não é apenas o que faz gols.

Não há dúvidas de que Cavalieri é o melhor goleiro do campeonato, mas exageram nos elogios. Quando um atacante entra livre e solta um petardo no corpo do goleiro, os narradores gritam que foi uma defesa espetacular. Nem se o goleiro tentasse, conseguiria sair da bola.

Alguns jogadores são criticados, porém deveriam ser mais, como o zagueiro Escudero, do Coritiba. Apesar da rivalidade, muitos brasileiros acham que todo argentino é bom e guerreiro.

Pela regularidade e excelentes atuações, Ronaldinho é o melhor do campeonato, seguido por Juninho Pernambucano. Aliás, nesta semana, são os dois mais bem votados pela revista "Placar", a mais tradicional escolha dos melhores do Brasileirão.

Jogo de xadrez - SONIA RACY


O ESTADÃO - 31\10


A iniciativa privada já notou. O governo Dilma, inteligentemente, deixou para empresários, investidores e sindicatos do setor dos portos atarefa de aparar arestas entre si. E assim definir itens controversos da nova regulamentação que está para sair.
Mas como não há consenso entre as partes, desconfia-se que quem vai bater o martelo será... a própria União. Consequência? Direcionamento governamental sobre quem e onde vai se dar a expansão portuária brasileira.

Jogo 2
E mais. Acreditam que o “freio de arrumação” vai se dar por meio de decreto.
Dilma estaria tentando evitar a edição de uma MP para que não ocorra o que está acontecendo com a MP da energia elétrica: os interesses são tantos que ela já recebeu mais de 400 emendas.
E está se tornando inviável.

Em ação
O PCdoB começou a cobrar espaço no governo de Haddad. Além de continuar no comando da Secopa, o partido espera conquistar as pastas da Cultura e do Esporte – emplacando Orlando Silva.
A SPTuris também está nora-dar dos comunistas.

No altar
Madrinha do casamento de Eduardo Mendonça, filho da primeira-dama da Bahia, Fátima, Dilma subiu ao altar do Solar Cunha Guedes, sábado, de braços dados com Jaques Wagner.
À vontade, a presidente não recusou um único pedido de foto. Saiu da festa com uma figa, lembrança dos noivos aos convidados para “espantar o mau olhado”.

Doce show
E o público da Sala SP obedeceu os pedidos de Keith Jarrett e evitou fotografias.
Entretanto, teve engraçadinho sacando a máquina e levando bronca da produção. Um integrante do cast de Jarrett subiu ao palco para passar um recado do pianista: “Vocês não precisam de fotos. Precisam é de música”.

O cara
A boa vontade de Jarrett impressionou os presentes: o astro do jazz voltou quatro vezes para o bis.
Na saída, um carioca emocionado soltou: “Queria trocar uma ideia com ele e dizer ‘mermão, you’re the man’”.

'Curtura'
A Caixa Cultural – espaço de exposições mantido pela Caixa Econômica no Conjunto Nacional – foi transformada em... uma nova agência do banco.
Contatada, a instituição não confirmou se inaugurará local similar em outro endereço.
Por enquanto, a programação da antiga Caixa Cultural foi transferida para a sede do banco, na Sé. 

Rita e Ritinha
A rotina de shows e gravações de Maria Rita tem atrapalhado a cantora–que ainda não teve tempo sequer para comprar o enxoval de sua filha.
Grávida de sete meses do músico Davi Moraes, ela e stá arrebanhando as amigas mais próximas para ajudá-la na tarefa.

Olho magro
Ronaldo se comportou direitinho em almoço com Marcus Buaiz, anteontem, no Rodeio.
O Fenômeno seguiu a dieta do Medida Certa à risca: comeu uma salada e franguinho.

Fumacê
Tumulto na Avenida Paulista, ontem pela manhã. O prédio do metrô, na Rua Augusta, foi esvaziado – levando uma multidão para perto da estação Consolação.
Só depois de alguns minutos é que as pessoas souberam o que tinha ocorrido: tratava-se de uma simulação de incêndio.

Na frente
•O Santander Brasil foi eleito a empresa mais verde do mundo. Pela Newsweek.
•Cotada para avaga de Ayres Britto no Supremo, Mary Elbe Queirozlançalivrohoje.No Caesar Business da Paulista.
•O Itaú Cultural apresenta, amanhã, o livro ItamarAssumpção - – Cadernos Inéditos.
•Fadi Abboud, ministro do Turismo libanês, desembarca em Sampa acompanhado pela
miss Líbano 2012, Rina Chibany. Quer atrair turistas locais.
•A Ray-Ban comemora 75 anos hoje. No Absolut Inn.
•A Keds lança marca no Brasil. No Espaço SPFW.
•Rodolfo da Costa Manso, autografa livro hoje, na Livraria da Vila da Lorena.
•Boca fechada. Em visita ao MEC, segunda, Haddad almoçou apenas... salada e filé.

GLOBELEZA - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 31\10


A atriz Deborah Secco, 32, teve o corpo coberto por gotas de cristais para a capa da edição de 25 anos da revista "Corpo a Corpo".

"Não sou do tipo que ama malhar, fazer tratamentos estéticos, dieta. Por outro lado, se tenho um trabalho que pede isso, me transformo", diz.

HOMEM DE PLÁSTICO
Os homens estão mais plastificados: 35% das cirurgias plásticas estéticas realizadas em 2011 no mundo foram em pacientes masculinos. Há dois anos, o percentual era de 25%. O levantamento, ainda inédito, é da Isaps (Associação Internacional de Cirurgia Plástica), presidida desde setembro pelo brasileiro Carlos Uebel.

BRASILEIRO BONITO
"No Brasil, o percentual deve ser ainda maior", diz ele. No ano passado foram realizados 8,5 milhões de procedimentos no mundo. A lipoaspiração segue no topo da preferência nacional, com 140 mil cirurgias. A lipoescultura foi a que mais cresceu, com 60 mil enxertos em 2009.

PALMAS
O ministro Ricardo Lewandowski foi aplaudido por alunos da Faculdade de Direito da USP, na segunda. Professor catedrático de teoria do Estado, recebeu a homenagem um dia depois de ter sido hostilizado nas eleições.

MULHERADA COM TUDO
A ex-secretária de Estado americana Condoleezza Rice vem a São Paulo para o Women in the World Summit, em dezembro. O evento é realizado por Tina Brown, Diane von Furstenberg, Glória Maria e Nizan Guanaes.

O PREFERIDO
Lula elegeu o ministro Alexandre Padilha, da Saúde, como convidado especial de suas festas de aniversário. Pré-candidato ao governo, ele foi às duas celebrações na casa do ex-presidente -na sexta e no sábado.

COM DILMA
Na sexta, Lula convidou também outros dois pré-candidatos: Marta Suplicy (PT-SP) e Aloizio Mercadante (PT-SP) celebraram com a presidente Dilma Rousseff e com amigos pessoais como o médico Roberto Kalil Filho e sua mulher, Cláudia Cozer.

EM FAMÍLIA
No sábado, Lula convidou praticamente a família -e, de novo, Alexandre Padilha.

DE CASA
Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo, também foi à casa de Lula nos dois dias. Mas ele entra mais na cota pessoal que na de candidato.

PASSARELA A PASSEIO
O estilista Dudu Bertholini não desfilou com sua marca, Neon, nesta SPFW. Mas foi ao evento, a passeio. "É uma delícia, estou só curtindo." Bertholini está investindo em licenciamento: lança em breve linhas de maquiagem, bolsas, mochilas, óculos e móveis. "É o caminho para um estilista autoral."

NEM DISFARÇA
Na manhã de sábado, interlocutor privilegiado de Gilberto Kassab (PSD-SP) procurava informações de pesquisas eleitorais. Motivo: o prefeito estava "muito preocupado". Não com a eventual derrota de José Serra (PSDB-SP), como seria o lógico. Mas sim com a vitória: as pesquisas internas do PSDB mostravam o tucano subindo e em posição melhor do que as apontadas por Datafolha e Ibope.

ALÔ!
As sondagens tucanas, divulgadas por dirigentes do PSDB, de fato tinham números diferentes. Depois de reclamação de Serra, o Ibope chegou a fazer um estudo para entender a discrepância. Uma das hipóteses é que, como as pesquisas de Serra eram feitas por telefone, elas não alcançariam a população de baixa renda, que optou pelo celular. Os outros institutos fazem entrevistas pessoais com os eleitores.

SPFW PELADA
A semana de moda de SP, que só terá quatro dias nesta edição, está em versão mais do que econômica.

Nenhuma marca deu brindes para os convidados das primeiras filas, como já era tradição no evento.

MODA.COM
A empresária Andrea Zolko lançou anteontem, no restaurante do MIS, um site de moda. As apresentadoras Sabrina Sato e Isabella Fiorentino e a cantora Caroline Celico, mulher de Kaká, foram à festa.

QUER TECLAR?
Os artistas plásticos Paulo Pasta e Célia Euvaldo foram à Sala São Paulo para ver a apresentação única do pianista americano Keith Jarret. O ator Dan Stulbach e o músico Fabio Góes também foram ao centro de SP.

CURTO-CIRCUITO

O artista Lucas Arruda inaugura a mostra "Deserto - Modelo", hoje, às 19h, na galeria Mendes Wood, nos Jardins.

José Renato Nalini e José Carlos Gonçalves Xavier de Aquino lançam a quarta edição de "Manual de Processo Penal" na Livraria da Vila dos Jardins. Às 18h30.

A ex-jogadora MagicPaula fala sobre Olimpíadas, hoje, às 19h30, na Saraiva do shopping Morumbi.

A festa da Forum pós-desfile na SPFW acontece hoje no clube SET.

A ameaça de pane - ROSÂNGELA BITTAR


Valor Econômico - 31/10


O ministro Carlos Ayres Britto, presidente do Supremo Tribunal Federal, tinha um objetivo em mente quando traçou o princípio mestre para sua conduta no processo do mensalão: evitar a pane do julgamento. Tudo reforçava a ameaça, a começar pelo gigantismo do processo de 38 réus, muitas imputações, 600 testemunhas. Só as relações de Marcos Valério davam um livro: ele tinha quatro empresas - DNA, SMP&B, 2S, Grafitti -, se relacionou com Banco do Brasil, Visanet, BMG, Banco Rural, Banco Mercantil de Pernambuco, com o Presidente da Câmara, usou a Guaranhuns como corretora, a Bônus-Banval, a Natimar. Se relacionou com os sócios publicitários e com os políticos. Um processo que tinha como réu o ministro braço direito do presidente da República mais popular da atual geração. Nada parecido havia passado pelo STF, um processo originalíssimo que exigia também originalidade no julgamento e pulso firme.

Um risco imenso, real, por tudo o que cercava e ainda cerca o caso, mais ainda tendo em vista a coincidência de fase conclusiva da tomada de posição no mérito com as eleições municipais. Nada ocorreu, desde o início, que pudesse minorar os temores, ao contrário.

A relutância do revisor do processo em entregar seu voto para que o trabalho não se iniciasse tinha sido um indício sério de pressão sobre ele, agravado com a confirmação de que o pior estava por vir com a revelação pública de pressão direta do ex-presidente Lula sobre ministros amigos para não haver o julgamento. Uma CPI foi criada para pressionar o promotor do caso. Logo na primeira sessão, houve a aprovação do revisor para um assunto já vencido em julgamento anterior, a questão do desmembramento. Em outro momento, entre outros lances espetaculares, a carta da presidente Dilma entrando diretamente na argumentação do voto do relator para contestar o uso de uma frase sua sobre as óbvias dificuldades para aprovação de pacotes, como o do setor elétrico, no Congresso.

Os princípios de Ayres Britto ajudam o STF a ir ao fim

Foi um lampejo ameaçador, que provou o acerto do presidente do Poder Judiciário em munir-se de cuidados para levar a termo a tarefa. Sobre a carta, em que a presidente toma assento metafórico no plenário da Suprema Corte, Britto deu à presidente consideração, ao esfriar os ânimos e afirmar que o relator também não precisava usar aquele exemplo, poderia ter buscado outro. E deixou que cada um dos contendores, presidente da República e relator do processo, se vissem nos próprios espelhos.

Muitos outros, cruciais, surgiram, todos transpostos pelo STF sob o comando de Ayres Britto com cordialidade, em taxas sempre elevadas, e bom senso. As vaias ao ministro revisor, de presença praticamente protagonista, além de voto sempre vencido, os debates às vezes ríspidos, chegando até ao insulto, entre o relator e revisor, temperamentos fortes, nunca ameaçaram, porém, a segurança do julgamento. Só faltava não ter divergência, tensão e calor em um caso como esse.

A previsão de pane era concreta, reforçada também pela atuação da banca de advogados de defesa, corporativos, como é natural, alguns deles responsáveis pelas definições dos crimes e seu tratamento político que esperavam ver acatados pela Corte Suprema, sem sucesso. O STF manteve-se no foco, no rumo, não seguiu pelo caminho que a defesa tentou lhe impor.

O tribunal foi muitas vezes desrespeitado, criticado, insultado, denegrido, mas segurou o tranco, não houve retrocesso. Todos os riscos contornados pelo presidente ajudado, é verdade, pela coesão do plenário em torno da ideia de evitar a pane que seria o retrocesso institucional, a interferência de um poder sobre o outro, a mobilização contra as decisões que resultasse em paralisia do STF.

A definição das penalidades, agora, quando se vai saber se algum dos réus vai para a cadeia, se o Supremo vai cassar o mandato de quem ainda o tem, ou se serão aplicados agravantes e aceitos atenuantes, uma parte subjetiva que sempre provoca contestação, pode manter o clima de tensão. A ser piorado pela campanha que o PT promete mover contra o STF a partir de agora, já sem perigo para o seu resultado eleitoral.

Parte do PT diz que o julgamento influenciou as eleições (onde perdeu), e parte desafia os que mantiveram o julgamento nesse período mostrando que nada influenciou (onde ganhou). Sente-se o partido liberado, de qualquer forma, para levar adiante o revide. Agora já sem Ayres Britto, que aposenta-se dia 18 e passa o cargo ao sucessor, Joaquim Barbosa, dia 22. Barbosa deverá coordenar o fim do julgamento com uma atuação mais suave do que a exibida até aqui, embora a divergência, por óbvia e natural, vá acontecer. A solução é, apesar das diferenças de temperamento, manter o critério e evitar a pane.

Ayres Britto, tal como fez o ex-ministro mineiro Carlos Veloso, vai continuar morando em Brasília. Quando se transferiu de Sergipe, há 10 anos, sua filha mais nova tinha 11 anos, e o filho 13. Tem um neto brasiliense de 3 anos e todos eles adoram Brasília. Manterá a vida acadêmica, intensa, que sempre teve, e a participação em bancas de doutorado de várias universidades, além da literatura e o hábito da meditação, que cultiva há 20 anos. Provavelmente o que mais o ajudou a atravessar a tormenta.

Na sua passagem pelo Supremo, produziu um livro de direito constitucional, "Ciência Quântica do Direito", o seu sexto. Tem um livro de poemas totalmente pronto, o "DNAlma", o sétimo. Vai alimentar a paixão pela leitura. Ayres Britto encerra sua participação no Supremo com intensos dois últimos anos, em que relatou a maioria dos processos de interesse da sociedade: a homoafetividade, a autorização para pesquisas com células-tronco embrionárias, o fim da Lei de Imprensa, a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, a autorização de aborto de anencéfalos (fetos com má formação no cérebro), a confirmação da Lei da Ficha Limpa, a proibição do nepotismo no Judiciário. Além de ter conduzido com firmeza, e sem pane, o julgamento do mensalão.

Aliança do Pacífico faz sombra ao Mercosul - EDITORIAL O GLOBO


O Globo - 31/10


A estabilização da economia, na primeira metade da década de 90, a partir do Plano Real, deu as bases para o Brasil servir de força motriz ao Mercosul, cujos pilares haviam sido lançados no governo Sarney, no início da redemocratização. As economias do Cone Sul, integradas, se candidatavam a ser um polo de dinamismo no mundo.

À frente mesmo do entendimento diplomático entre governos, a indústria automobilística anteviu que a região era adequada a um tipo de operação integrada, com as montadoras dividindo linhas de montagem entre Brasil e Argentina, principalmente.

O Mercosul chegou a ser o maior mercado de exportação do Brasil, até o crescimento da importância da China como forte importadora de matérias-primas. Mas foi a ideologização do acordo de comércio que começou a corroer as bases do projeto de integração econômica.

A chegada do casal Kirchner à Casa Rosada e o controle do Itamaraty, com Lula no Planalto, por correntes terceiro-mundistas deram as bases para o bombardeio conjunto da proposta da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) feita pelos Estados Unidos. Condicionados pelo antiamericanismo juvenil do terceiro-mundismo e do kirchnerismo, Brasil e Argentina sequer negociaram a Alca. Perderam uma oportunidade de barganhar um acesso mais fácil ao maior mercado importador do planeta.

A aposta brasileira na rodada da OMC de Doha, com o objetivo de fazer uma ampla abertura comercial no mundo, foi frustrada. Abriu-se a temporada de acordos bilaterais, e o Brasil dela não se aproveitou - e nem se aproveita - porque está amarrado aos acordos do Mercosul. E este, em crise, paralisado por uma Argentina sem divisas, em luta jurídica com credores internacionais, em intensa febre protecionista e tentando de forma até infantil esconder a verdadeira inflação acima de 20% por meio do congelamento dos índices oficiais em 10%.

Para piorar as perspectivas, o Planalto e a Casa Rosada patrocinaram a operação matreira de aproveitar a destituição de Lugo da presidência do Paraguai e tachá-la de "golpe", para contrabandear ao Mercosul a Venezuela de Chávez. Está decretada a imobilidade do bloco.

Enquanto isso, surge a Aliança do Pacífico, da qual fazem parte Colômbia, Chile, Peru e México, economias mais abertas ao exterior que as do Mercosul, e em situação relativamente privilegiada neste ciclo de crise mundial: inflação sob controle, crescimento a taxas superiores que a brasileira, por exemplo. E com um ambiente para negócios, em geral, melhor que o do bloco do Cone Sul. O México, que tende a atrair crescentes investimentos externos, já faz parte do Nafta, com Estados Unidos e Canadá, uma vantagem inigualável para este bloco. A Aliança do Pacífico comprovará os erros cometidos pelo Mercosul nos últimos anos, o quanto tem sido dominado por uma visão autárquica, atrasada.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 31\10


Micro e pequenas têm nova queda de produção
Micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo registraram queda na produção e no emprego nos nove primeiros meses do ano, ante o mesmo período de 2011.

O dado é de um levantamento do Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado) realizado na primeira semana deste mês.

"A percepção da maioria não é de crescimento. É de no máximo estabilização, com tendência para a retração, principalmente nas empresas da capital", diz Joseph Couri, presidente do Simpi-SP.

Do universo de empresas pesquisadas, 34% afirmaram que a produção manteve-se estável e 40% disseram que houve queda. Destas, 75% afirmaram que a produção caiu entre 11% e 50%.

A expectativa de empresários do segmento, no entanto, é positiva. Dos entrevistados, 68% sinalizaram otimismo em relação ao futuro.

"É um otimismo inexplicável, mas acreditamos que seja decorrente da percepção de que o mercado interno pode se fortalecer com as medidas adotadas [pelo governo]", diz Couri.

A pesquisa mostrou também que, nos últimos 12 meses, 50% das empresas demitiram, mas 45% delas afirmaram que irão contratar.

Para Couri, persistem os danos da concorrência desleal com produtos importados Das 162 empresas consultadas que reportaram queda na produção nos últimos 12 meses, 60% atribuíram a ela o mau desempenho.

CORRIDA POR LOJAS
A New Balance, presente no Brasil em 1.500 pontos por meio de multimarcas, começa a abrir lojas com a própria marca para vender apenas seus produtos.

Para 2013, estão previstas duas lojas-conceito, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro, de acordo com Bruno Abilel, da New Balance no Brasil.

"Temos planos mais agressivos a partir de 2014. Vai ser fundamental para o nosso posicionamento", afirma o executivo.

A empresa, que cresceu 100% em 2011 no Brasil, na comparação com o ano anterior, espera avançar mais 80% neste ano. Com as novas lojas, a meta é superar os 50% no próximo.

Há cerca de dois anos, a companhia inaugurou uma loja no modelo outlet em São Paulo e se prepara para abrir outra, da mesma categoria, no ano que vem, também no Estado, segundo Abilel.

50% é a meta mínima de crescimento para o ano que vem da empresa no Brasil

80% é o crescimento esperado para este ano na comparação com o ano passado

100% foi o avanço registrado pela marca no Brasil em 2011

3 é o número de lojas da marca inicialmente previstas para 2013

SAÚDE ECONÔMICA
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anuncia hoje que o governo deverá economizar R$ 700 milhões por ano a partir de 20 novas parcerias de desenvolvimento produtivo (PDPs) para a produção nacional de medicamentos e vacinas.

O montante corresponde à metade do que o governo federal atualmente gasta com a compra dos 21 produtos contemplados pelas PDPs que serão assinadas no início desta tarde.

A notícia será dada durante reunião do Comitê-Executivo e do Conselho de Competitividade da Saúde, em Brasília, na qual estarão os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp.

Logística... 
A Alelo, em parceria com a RS de Paula, instalou um projeto-piloto para recolher cartões. A empresa constatou que, além da facilidade para o descarte, a maior preocupação dos consumidores é a proteção de seus dados.

...reversa 
Para isso, pretende instalar nas empresas máquinas equipadas com lâminas que destroem o chip e as trilhas magnéticas que armazenam informações. O material recolhido será utilizado na fabricação de novos cartões.

Cadeira 
A sócia do Demarest e Almeida Advogados Adriana Daiuto assumiu a filial do escritório de Nova York. Na empresa há quinze anos, Daiuto irá desenvolver, na filial americana, as áreas trabalhista e fiscal.

Na mesa 
A Associação Fartura Alimentos, que reúne produtores de milho de Sorocaba (SP), investiu R$ 4,5 milhões em maquinário e pesquisa para desenvolver um macarrão sem glúten. O produto será lançado com a marca Tivva.

Comércio... 
O índice de confiança do comércio do Estado do Rio de Janeiro subiu 1,4% em setembro, ante o mesmo mês de 2011, segundo a Fecomércio-RJ.

...confiante 
O crescimento pode ser atribuído ao subindicador que analisa a situação futura, que aumentou 2,72%, segundo a entidade. Na comparação anual, entre os segmentos que mais aumentaram as suas confianças estão restaurantes (13,99%) e papelarias (8,48%).

13,99% foi a elevação da confiança no segmento de restaurantes, no mês de setembro

8,48% foi o número registrado entre as papelarias em setembro, de acordo com a Fecomércio-RJ

7,78% foi o crescimento da confiança entre as lavanderias

6,74% foi o número para material de construção

Está muito difícil cumprir o superávit das contas - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 31\10


Diante do resultado das contas públicas de setembro, em que o déficit nominal aparece como o maior desde setembro de 2009 e o superávit primário também é o pior, um jornalista perguntou ao chefe do Departamento Econômico do Banco Central por que se continuava a ter esperança de atingir a meta fixada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), quando se sabe que os valores obtidos até agora não permitiam cumprir a meta. Túlio Maciel respondeu que não se havia renunciado a esta meta, deduzidos os investimentos.

Ele não foi tão otimista quanto o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustín, que na véspera havia explicado que, com a reação da economia no terceiro trimestre, a meta deverá ser cumprida, pelo menos no caso do governo central. No mês de setembro de 2011, o governo central tinha um superávit primário, nos nove primeiros meses, de 3,43% do PIB. Mas, no mesmo período deste ano, ele é de 1,66% do PIB. Mesmo admitindo que a economia, no último trimestre, apresente bons resultados - o que não é certo ainda -, deve-se lembrar de que neste trimestre também se concentram as maiores despesas, como o pagamento do 13.º salário, que afeta também a Previdência.

O que se esperava era uma reação positiva quanto aos investimentos. Em setembro, o déficit nominal foi financiado por uma emissão de títulos da dívida mobiliária de R$ 49,6 bilhões, incluindo os juros não pagos pelo superávit primário, que têm contribuído para elevar a dívida. Mesmo com a queda da taxa de juros pagos sobre os títulos, Maciel calcula que os juros, que representaram 4,96% do PIB nos nove primeiros meses, deverão ficar, em dezembro, em 4,7% do PIB, uma redução muito limitada.

Na realidade, para enganar o público, já se abandonou a ideia de um superávit cheio e se pensa em deduzir os investimentos públicos, como se não representassem uma despesa.

No fundo, o governo central continua dando precedência aos gastos de custeio, que estão crescendo no ritmo de 11,2%, enquanto as receitas líquidas aumentam 6,9%, mesmo com o recebimento de dividendos das empresas estatais, que no período apresentaram elevação de 13%.

Os gastos com investimentos continuam muito limitados, tal a incapacidade do governo de administrá-los, como se verifica a cada dia, e na sua maioria essas despesas representam restos a pagar de exercícios anteriores. O que nos leva a pensar que, mesmo extraindo-os das despesas, o superávit primário estará longe de atingir a meta fixada.

Ueba! Haddad, libera o Bahamas!- JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 31\10



E já tem gente indo mais cedo pro trabalho pra filar o ar-condicionado do escritório! Rarará!



Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Direto do País da Piada Pronta: João Santana, marqueteiro do Lula, Dilma e Haddad, nasceu em TUCANO, na Bahia. Rarará!
E em Santo André ganhou um petista chamado Carlos GRANA! Grana pro companheiros. E na Bahia tão dizendo que o Jacques Wagner ganhou um Neto! Rarará!
E atenção! APELO: "Haddad, libera o Bahamas! Cansei de traçar a patroa!". Rarará!
O Haddad devia liberar tudo que o Kassab proibiu! O Kassab perseguiu as perseguidas! Fechou um monte de inferninho! Não tem mais bingo, o Playcenter fechou e o Kassab lacrou o Bahamas. Que deve tá com o estoque vencido. Mas o cartão infidelidade continua válido!
Outra coisa: Haddad, libera o outdoor. Enche a cidade de outdoor da Marta. Rarará!
E o Lula já elegeu dois postes. É o programa Luz Para Todos! E a manchete do Piauí Herald: "Depois de eleger dois postes, Lula aposta em Rubinho Barrichello pra governador". Rarará!
E aquela minha amiga perua: "Foi só PT ganhar que a Net caiu aqui no Jardim Europa". Depois ela foi jantar no La Tambouille e encontrou com o Zé Maria Marin. É o Combo Derrota! Rarará!
E o Kassab tá há uns dois anos fazendo a calçada da Faria Lima e aí estavam levantando uns postes e um amigo gritou: "Tão levantando uns haddads". Rarará!
E aquele Lacerda de Belo Horizonte tem cara de máscara de diabo de Carnaval. Pronto pro Halloween. E diz que o ACMeio Neto soltou um rojão e acertou no sovaco do assessor.
E o ACMeio Metro vai criar a velofaixa: os baianos podem andar tranquilamente de velotrol. O veículo oficial de Salvador!
E o grito de vitória do ACM Neto: "Xuuxa, gaaanhei!". Rarará! Represália: flagraram o Serra fazendo xixi no poste! Rarará! E o rato roeu os votos do Ratinho Junior! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
E o calor? Test drive pro inferno! Sensação térmica: quero ficar pelado. Sensação térmica: abraçando o sol. Você quebra um ovo no ar e ele frita antes de bater no chão!
A Argentina não serve mais nem pra mandar frente fria! Já tem gente indo mais cedo pro trabalho pra filar o ar condicionado do escritório! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Começa o jogo - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 31\10


De repente, houve percepção generalizada de que o PSB cresceu e surgiu como um dos mais importantes partícipes do jogo eleitoral. Mas ele já era partido com forte penetração no Nordeste, com seis governadores eleitos, sendo quatro nessa região: Pernambuco, Ceará, Paraíba e Piauí. O que deu caráter nacional ao PSB nesta eleição municipal foi ter enfrentado e derrotado o PT em capitais como Recife, Fortaleza e Belo Horizonte.

Mas o PSB elegeu também o maior número de prefeitos de capitais, ampliando sua atuação para o Centro-Oeste (Cuiabá) e o Norte (Porto Velho). O crescimento de mais de 40% na eleição de prefeitos - vencendo em 440 cidades - dá nova dimensão nacional ao partido, que passará a se sentir incomodado dentro do modelo de coalizão governista, um pouco sem espaço para parceiros que tenham planos de voos mais altos. Mais fácil fazer acordos com o PMDB, que tem tamanho, mas não tem unidade para lançar candidato próprio, do que com o PSB, que já tem seu candidato potencial no governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O papel definidor do PSB pode ser exercido já nas próximas eleições presidenciais ou pode ser adiado para 2018, tudo dependendo das condições objetivas que encontrar pela frente.

As eleições municipais têm mais a ver com a composição futura do Congresso Nacional e também com a eleição de governadores do que propriamente com a próxima disputa presidencial. No entanto, a maneira como os partidos espraiam seu poder político pelo país afora é parte fundamental da logística a ser montada para 2014.

Para efeitos práticos, o que importa é a fotografia do momento, e é certo que o PMDB, com 1.026 prefeituras (168 a menos que em 2008), e PT, com 635 (91 a mais), os dois partidos que estão no poder, governarão quase 1/3 dos municípios brasileiros, o que dá à campanha de reeleição da presidente Dilma forte plataforma para eleger bancadas no próximo Congresso. A base governista tem tudo para manter o controle político no Senado e na Câmara, acrescida do PSD, que surge nesta eleição como a quarta legenda a eleger mais prefeitos, nada menos que 496 nesta sua primeira eleição.

Se somarmos a essas as prefeituras de PP (468), PDT (312) e outros partidos menos votados, teremos um quadro amplamente favorável à campanha de reeleição. Mas acontece que também a oposição manteve uma boa base eleitoral pelo país, melhorando sua posição no Norte e no Nordeste, onde o domínio do governismo era avassalador.

Com as vitórias em Manaus e Belém, no Norte, e Maceió e Teresina, no Nordeste, o PSDB fincou os pés nas regiões, onde tem os governadores de Alagoas, Roraima e Tocantins. A eleição de Arthur Virgílio em Manaus, numa revanche pessoal, depois de ter sido derrotado por Lula na eleição para o Senado em 2010, coloca-o em posição proeminente novamente no PSDB, de que já foi secretário-geral e líder no Senado. O fato de Virgilio ter uma imagem nacional - foi também ministro no governo Fernand o Henrique - dá-lhe condições de interferir nas decisões estratégicas do partido, e ele sem dúvida voltará a ser um dos principais líderes oposicionistas.

No total de prefeituras, o PSDB continua sendo o segundo partido, com 702, mesmo fora do governo há dez anos. Somadas às 278 prefeituras do DEM e 123 do PPS, a oposição tem uma boa base municipal para as futuras disputas.

O que pode desequilibrar a disputa é a decisão que o PSB de Eduardo Campos venha a tomar quanto a 2014. No primeiro momento, a tentativa será de acomodação dentro da aliança governista, até porque as definições para a disputa presidencial só ocorrerão a partir do fim de 2013. Uma aliança entre o PSB e o PSDB de Aécio Neves formaria chapa com força nas principais regiões, mas difícil será um dos dois abrir mão da cabeça de chapa.

Uma aliança hipotética no segundo turno é previsível caso Campos decida investir mesmo na carreira solo em 2014. O senador Aécio Neves pretende concorrer mesmo que a presidente Dilma continue com sua popularidade alta como hoje, sem grande abalos econômicos a enfrentar. Estaria semeando uma colheita para quatro anos depois.

Resta saber se o governador Eduardo Campos se resignará a disputar espaço com o PT e o PMDB por mais quatro anos, na esperança vã de vir a ser o candidato da coligação em 2018.

Santo forte - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 31\10


RIO DE JANEIRO - Nos 16 anos em que morei e trabalhei em São Paulo, de 1979 a 1995, fui ao Rio, a trabalho ou sem motivo, duas vezes por mês em média. Isso significou 24 viagens por ano. Multiplicando por 16, temos que, naquele período, fiz 384 viagens ao Rio. Não admira que, quando anunciei aos amigos que iria voltar, muitos perguntassem: "Voltar como, se você nunca saiu daqui?".
Mas é claro que saí. Em 16 anos de São Paulo, tive sete empregos, morei em seis endereços, um deles próprio, comi da baixa à alta gastronomia, conquistei grandes amigos e fui casado com uma paulistana. Talvez por isso, sempre que dizia que ia ao Rio, as pessoas se preocupassem: "Mas, de novo? Você não tem medo da violência, das balas perdidas? E os arrastões na praia?".
Pelo que a TV martelava, de fato era difícil explicar que, se você não se visse num fogo cruzado entre polícia e bandidos perto de algum morro na Linha Vermelha, podia andar sem susto pela cidade -o que eu fazia dia e noite. A possibilidade de levar uma bala perdida era remota. Quanto a arrastões, só houvera um grave, em 1992, e, por acaso, num momento em que as câmeras estavam a postos na praia. Um acaso que marcou a cidade por anos.
De volta ao Rio, também há 16 anos, continuo na ponte aérea, só que ao contrário -raro não ir uma ou duas vezes por mês a São Paulo, e sempre com prazer. Mas, agora, com o Rio pacificado, a apreensão dos amigos se inverteu: "Você vai a São Paulo? E a violência? Os assassinatos, as execuções, os arrastões em restaurantes? Os sequestros-relâmpago? E se você for tirar dinheiro no caixa eletrônico e eles botarem uma bomba?".
Tento explicar que, assim como a violência no Rio era localizada, não há esse medo geral em São Paulo, as pessoas continuam levando a vida. Ou então eu é que, há séculos, abuso do santo forte.