segunda-feira, setembro 29, 2008


A popularidade é um engodo

Giulio Sanmartini


Os petistas estão exultantes. Pesquisa mais recente mostrou que 64% da população brasileira considera o governo Lula da Silva "ótimo" ou "bom". É o maior índice de popularidade de um presidente da República nos últimos vinte anos. Os petistas e seus cupinchas acham que a popularidade de um mandatário é a prova da excelência de seu governo.

O ex-presidente Garrastazu Médici era bastante popular. Salvo engano, até mais do que Lula. Hitler e Mussolini também. Stálin e Mao Tsé-tung eram idolatrados como deuses. E nem por isso se vê alguém usando a popularidade deles para inocentá-los ou justificá-los. Seus crimes não se tornaram menos crimes por causa disso.

A popularidade de Lula tem uma causa principal: a economia. Aqui a farsa lulista se revela em toda sua desfaçatez. O governo Lula é uma farsa total, ética, política - e também econômica. Para os economistas, Lula é um bom presidente, apesar de ignorante e corrupto, pois tem mantido a política econômica "neoliberal" de FHC. É mais um engodo.

A notoriedade de Lula diz mais sobre os que o aprovam do que sobre ele em si. Um povo que contesta a mentira e a safadeza não pode exigir coisa melhor. O corriqueiro de Lula não surpreende. O inverso é que seria estranho. Afinal, ser impopular, como sabemos, é para quem fala a verdade, não para políticos.

Um antigo lema udenista dizia que somos um país honrado governado por ladrões.

Bar Hi Tech

Um sujeito entra num bar novo, hi-tech, e pede uma bebida.
O barman é um robô, que serve um cocktail perfeito e pergunta:
- Qual o seu QI?
O homem responde:
- 150.
Então o robô inicia uma conversa sobre aquecimento global, espiritualidade, física quântica, interdependência ambiental, teoria das cordas, nanotecnologia, e por aí foi.
O cara ficou impressionado, e resolveu testar o robô.
Saiu, deu uma volta e retornou ao balcão.
Novamente o robô pergunta:
- Qual o seu QI?
O homem responde:
- Deve ser uns 100.
Imediatamente o robô lhe serve um uisquinho e começa a falar, agora sobre futebol, fórmula 1, super-modelos, comidas favoritas, armas, corpo da mulher, e outros assuntos semelhantes.
O sujeito ficou abismado.
Sai do bar, pára, pensa e resolve voltar e fazer mais um teste.
Novamente o robô lhe pergunta:
- Qual o seu QI?
O homem disfarça e responde:
- Uns 20, eu acho!
Então o robô lhe serve uma pinga, se inclina no balcão e diz bem pausado:
- E aí mano, vamu votá no Lula de novo?

Informe JB 

De saída Má notícia

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, já avisou à cúpula do PMDB que volta para o Senado em janeiro. O retorno pode embolar a disputa pela sucessão da presidência da Casa, uma vez que parte dos senadores peemedebistas declarava apoio ao petista Tião Viana (AC), alegando que a legenda não tem um nome de destaque.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anuncia hoje os últimos números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre o desmatamento. Minc não revelou os dados, mas adiantou à coluna que, depois de meses comemorando a queda nos índices, vem notícia ruim neste mês.

Parceria

Os ministérios do Meio Ambiente e da Pesca fecharam um pacto para desenvolver a criação de peixes na Amazônia. Carlos Minc vai liberar ao colega Altemir Gregolim R$ 20 milhões do Fundo Amazônico.

Engavetado

Com o desembarque dos senadores para as eleições do próximo domingo, a segunda etapa da investigação da Polícia do Senado para concluir o inquérito sobre a instalação de grampos em gabinetes dos senadores não andou. Nem a Universidade de Brasília nem outra instituição foi chamada para confirmar o laudo da Polícia Legislativa de que as escutas ilegais não partiram da Casa.

Expansão

O Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada (Ipea), vai expandir suas unidades. A partir do ano que vem chega ao Rio Grande do Norte.

Empenho

Na disputa eleitoral no Recife, ninguém mais do que o atual prefeito João Paulo está interessado em reverter a decisão do TRE que cassou a candidatura do petista João da Costa. João Paulo quer levar o bônus de ser o primeiro em muito anos a fazer o sucessor. Nem o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) – ex-prefeito e ex-governador – teve sucesso.

Na pauta

Governistas querem aproveitar as discussões da reforma política para trazer de volta o debate sobre o voto facultativo. A idéia do deputado Geraldo Magela (PT-DF) prevê um plebiscito para os eleitores escolherem.

Sem força

A crise econômica nos Estados Unidos é mais um entrave para a reforma tributária. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, quer esperar o fim das incertezas norte-americanas para dizer se mantém ou altera isenções no texto.

Disputa

Os governadores José Serra (SP) e José Roberto Arruda (DF), travaram uma batalha pelo funcionamento do Incor em Brasília. Serra queria fechar a unidade, mas desistiu depois que Arruda garantiu uma mesada de R$ 2 milhões.

EXPOSIÇÃO


SEGUNDA NOS JORNAIS


Folha: EUA votam megapacote após acordo

Globo: Congresso anuncia acordo e vota pacote hoje nos EUA

Estadão: EUA fecham pacote anticrise

JB: Pressão acelera acordo nos EUA

Valor: Pacote americano prevê reembolso das perdas

Gazeta Mercantil: Fechado acordo de socorro dos EUA e crise se alastra na Europa

Correio: As vítimas da crise no Brasil

Após comício de Lula, piora posição do PT em Natal

Pesquisas indicam que partido pode perder já no 1º turno

 

  Maurício Lima/FP
Em vez de subir, Fátima Bezerra, a candidatado PT à prefeitura de Natal (RN), caiu nas pesquisas depois do comício estrelado por Lula.

 

O presidente esteve em Natal há nove dias. Encontrou uma Fátima Bezerra em ascensão. A distância que a separava da rival Micarla Souza (PV) estreitava-se.

 

O empurrão de Lula produziria, no dizer do petismo local, a ansiada “virada”. Deu-se, porém, o inverso. Fátima caiu em duas pesquisas.

 

E Micarla, apoiada pelo proto-oposicionista José Agripino Maia (DEM), subiu. Retornou a patamares que, se mantidos, podem dar-lhe a vitória no primeiro turno.

 

As pesquisas que constataram o revertério foram veiculadas neste sábado (27). Respondem pelos dados dois institutos locais: Certus e Consult.

 

Eis os dados do Certus: Micarla, com 44,63%, abriu 17,5 pontos percentuais de vantagem sobre Fátima, com 27,13%.

 

Mantidos esses números, a candidata do PV prevaleceria sobre a adversária petista no primeiro turno. O percentual de votos atribuído a ela supera o volume de intenção de votos de todos os outros candidatos somados: 39,27%.

 

Às vésperas do comício de Lula, o mesmo instituto Certus atribuíra a Micarlos 40% dos votos. E a Fátima, 31,14%. Nesse cenário, haveria segundo turno.

 

Agora, os dados do instituto Consult: com 47% das intenções de voto, Micarla aparece 17,92 pontos percentuais à frente de Fátima, com 29.08%.

 

Também aqui, o cenário é de vitória da candidata “verde” no primeiro turno. Considerando-se apenas os votos válidos, ela prevaleceria na eleição com 54%.

 

Lula transformara sua passagem por Natal numa ode à vingança. Desancara Agripino Maia no comício. Lembrara a atuação dele na derrubada da CPMF, no Senado.

 

Disse que viajara a Natal para um “acerto de contas”. Enfatizou que, para obter o escalpo de Agripino, voltaria à cidade tantas vezes quantas fosse preciso.

 

A sete dias da realização do primeiro turno, já não há mais tempo para que o presidente mande tirar o Aerolula do hangar.

 

Resta rezar para que as pesquisas estejam erradas ou para que um milagre produza o segundo turno em Natal. Do contrário, o ervide em Agripino terá de ser adiado para 2010.

 

Se prevalecer na capital potiguar, Micarla não deixará mal apenas Lula. Encontram-se no palanque do PT também o PSB da governadora Vilma Faria e o PMDB do presidente do Senado, Garibaldi Alves.

Domingo, Setembro 28, 2008

João Ubaldo Ribeiro

Não somos todos burros

Às vezes fico meio sem jeito para tratar de certos assuntos aqui, achando que vou chover no molhado ou repetir coisas que todo mundo sabe. Mas, em outras ocasiões, me bate sensação oposta, a de que a maioria não sabe. Hoje, por exemplo. Fico lendo os jornais, ouvindo comentários e sendo alvejado por declarações pomposas não contestadas por ninguém e penso que de fato conseguiram fazer um Brasil virtual, distinto do real. Aí corro o risco de provocar tédio nos que de fato já sabem como somos tapeados, e pouca serventia virá a ter a coluna de hoje. Mas faz parte, vamos lá.

Fala-se muito mal da Estatística. De um lado, constitui grande injustiça para com uma ciência sem a qual hoje talvez nem sobrevivêssemos direito. De outro, trata-se da compreensível reação contra a maneira pela qual a Estatística é usada e abusada para "provar" o duvidoso e manipular a chamada realidade objetiva. Compreendo o sujeito que disse, como já lembrei aqui antes, que a Estatística é a arte de mentir com precisão, porque de fato o seu uso inescrupuloso e falsário equivale a isso.

Começo lembrando a famosa média. Em grande parte dos casos em que ela é empregada em indicadores sociais e econômicos, não quer dizer nada, ou melhor, quer dizer muito pouco. Se Bill Gates passasse a ser residente da cidade de Itaparica, teríamos talvez a renda per capita mais alta do planeta ou com certeza uma das mais altas, sem que um itaparicano sequer passasse a ganhar mais um centavo. Isso porque a renda per capita é uma média aritmética e, por conseguinte, sensível em excesso aos valores extremos. Então, numa população em que um ganha por mês um milhão de borodongas e os outros cinco borodongas cada, falar em renda per capita é ridículo.

Precisamos, portanto, saber da mediana. Talvez por às vezes revelar-se incomodativa, não é muito mencionada, notadamente em estatísticas oficiais. A mediana dá mais peso e significado à média. É o valor que se encontra exatamente no meio dessa coletividade. Ou seja, não é bastante saber que a renda média é 1.000. É preciso saber também (estou simplificando e peço desculpas a estatísticos e matemáticos em geral) o valor que divide esses indivíduos pela metade, ou seja, o ponto em relação ao qual exatamente a metade ganha menos e a metade ganha mais. Quando a média é próxima da mediana, isso significa que a distribuição é mais ou menos simétrica. Quando não, a distribuição é tortinha. Logo, a mediana pode, por exemplo, desmoralizar a renda per capita, se demonstrar que metade da população ganha muito abaixo desta e a outra metade muito acima. Mas ninguém fala na mediana.

Também tem, desculpem, a moda. Não a moda fora da qual estou, mas a moda estatística mesmo, ou seja, o valor mais freqüente, o que mais ocorre numa população determinada. Assim, se a renda média dos habitantes da próspera comunidade de Lulalápolis, é R$ 1.000 por mês, mas a mediana é 100 e/ou a moda é oitentinha, já vemos bem como podemos (e somos) ser engabelados. É por isso que até a Bethânia, que não é de sair por aí falando ou fazendo manifestações, se revelou na imprensa um pouco irritada com esse país maravilhoso (virtual, estatisticamente siliconado, digo eu) a que ela não consegue chegar.

Também convivemos acriticamente com uma porção de chutes que desonram e desmerecem a Estatística, tais como a conversão de coexistência numa relação de causa e efeito. É como o torcedor do Flamengo achar que a causa da vitória do time dele foi ter entrado um urubu em campo, logo antes do jogo. Não vamos discutir com torcedor, tudo bem. Mas coisas boas que acontecem são vinculadas a outras de maneira absolutamente arbitrária e aí, em propaganda comercial por exemplo, para esquecer um pouco a política, acabamos acreditando em afirmações que não passam de reformulações de vigarices como "todos os que morreram de enfarte do miocárdio no ano passado faziam uso de água". Verdade, mas claro que não prova que tomar banho faz mal ao coração. Com espertas artes, porém, nos enrolam muito nessa linha.

E as categorias? O sujeito enche a boca e diz: "Depois de tantos anos de meu governo, o número de ricos cresceu em 20% e o de pobres diminuiu em 32%." Além dos probleminhas de média, mediana e moda, que sempre estão rondando, é muito fácil (e é isso que se faz) dizer que rico é quem ganha mais de R$ 2.000 por mês. Fico até admirado por não haverem proposto R$ 1.500, porque o número de ricos ia bombar. Até a felicidade é quantificada e lemos a sério, como parvos, que o povo tal tem o maior índice de felicidade do mundo ou semelhantes despautérios.

E a coleta dos dados? Desde antes da definição das categorias e das perguntas, desde o início do planejamento, um dos maiores problemas que o estatístico sério encontra é a feitura de uma coleta de dados "neutra", que não influencie as respostas. Em rigor, impossível, porque até condições meteorológicas podem influir nas respostas. As próprias perguntas podem induzir a determinado tipo de resposta. A roupa, o sexo, a idade, o sotaque, o local, a época, a hora, as palavras e expressões usadas, a ordem das perguntas, o tamanho do questionário, e centenas de outros fatores podem, mesmo nas pesquisas mais honestas e cientificamente orientadas, levar à distorção de resultados. Há até, em confusão com esses e outros fatores, o perigo de o entrevistado querer responder o que acredita que se espera dele e não o que de fato pensa.

Há muito mais, um dia desses falo mais. Enche mesmo o saco nos tratarem como a uma tropa de burros, que não somos. Somos, sim, otários, comodistas, coniventes e subservientes, mas isso já é outro problema.