sábado, março 21, 2009

PARA...HIHIHIHI

TERAPIA DE CASAL

Marido e mulher vão ao psicólogo após 20 anos de matrimonio…
Quando são perguntados sobre o problema, a mulher tira uma lista longa e detalhada de todos os problemas que teve durante os 20 anos de matrimônio: …pouca atenção , falta de intimidade , vazio, solidão , não sentir-se amada, não sentir-se desejada… A lista é interminável…
Finalmente o terapeuta se levanta, se aproxima da mulher, pede a ela que pare e lhe dá um abraço e a beija apaixonadamente enquanto o marido os observa desconfiado…
A mulher fica muda e senta-se na cadeira meio aturdida…
O terapeuta se dirige a o marido e lhe diz:
- “Isto é o que sua esposa necessita ao menos 3 vezes por semana. Pode fazê-lo ?”
O marido medita um instante e responde:
- Bem, posso trazê-la nas segundas e quartas, mas nas sextas… tenho futebol…

COLABORAÇÃO ENVIADA POR APOLO

GOSTOSA

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MERVAL PEREIRA

O papel do Supremo

O GLOBO- 21/03/09


O "ativismo judicial" do Supremo Tribunal Federal voltou mais uma vez a ser o tema central do debate político com a decisão de impor 19 condições para que a reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, se mantivesse em território contínuo como fora demarcado pelo governo federal. Essa tendência, que foi retomada em 2007 com decisões que tiveram grande repercussão na opinião pública e na vida política do país, como a sobre a fidelidade partidária, o direito de greve no serviço público, o direito à aposentadoria especial, entre outras, está sendo reafirmada pela presidência do ministro Gilmar Mendes no STF, na qual muitos identificam uma estratégia de médio prazo de participar da definição de políticas públicas, tendência que seria majoritária hoje no Supremo.

O constitucionalista Luiz Roberto Barroso faz uma diferenciação entre judicialização e ativismo. O primeiro seria uma consequência do modelo constitucional brasileiro, com uma Constituição muito abrangente, que cuida de muitas matérias, de muitos detalhes.

Já o ativismo é uma atitude, quando o Supremo toma uma decisão política sobre situações que não foram expressamente previstas, nem na Constituição nem na lei.

Joaquim Falcão, diretor do Direito Rio da Fundação Getulio Vargas e representante do Senado no Conselho Nacional de Justiça, diz que o Judiciário pró-ativo caminha em dois sentidos, um político, o das decisões do Supremo, e outro de funcionar melhor, o que legitima seu eventual "ativismo", termo que não agrada a Falcão por conter um sentido de atuar "acima da lei".

O termo foi escrito pela primeira vez pelo jornalista americano Arthur Schlesinger, numa reportagem sobre a Suprema Corte dos Estados Unidos para a revista "Fortune", em 1947, para identificar os juízes que se consideravam no dever de interpretar a Constituição para garantir direitos.

Tema polêmico na ciência política e no Direito constitucional, as expressões "judicialização da política" ou "politização da Justiça" indicam a expansão do Poder Judiciário no processo decisório das democracias contemporâneas, e foram inicialmente utilizadas por Carl Schmitt, na sua crítica ao controle de constitucionalidade de feição política.

No Brasil, o tema foi estudado por Luiz Werneck Vianna, coordenador do Centro de Estudos Direito e Sociedade, do Iuperj, que, investigando as relações entre a política e o Poder Judiciário, publicou "A judicialização da política e das relações sociais" (Rio, Revan, 1999).

Joaquim Falcão considera que o Judiciário, a cada vez que vai ficando mais ágil e mais forte na percepção da população, vai tendo fundamentos para esses avanços. Preocupado com a lentidão do sistema judiciário brasileiro, ele encomendou uma pesquisa de opinião ao Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Econômicas (Ibespe) para verificar a percepção do brasileiro sobre o Judiciário, e apresentou os resultados em uma recente reunião do Conselho Nacional de Justiça com juízes de todo o país.

O grau de satisfação com o atendimento recebido da Justiça foi de 53%, sendo que 46% da população se diz "satisfeita". Entre os pontos positivos, destacam-se quase no mesmo nível o acesso à população de baixa renda e o combate às irregularidades.

Em uma avaliação da evolução da Justiça nos últimos cinco anos, depois da aprovação da reforma do Judiciário, 44% consideraram que a situação está melhor. E, quando sentem seus direitos desrespeitados, os cidadãos tendem majoritariamente a "procurar por conta própria uma solução amigável, com conciliação", e a segunda medida é "procurar um advogado".

O que leva Joaquim Falcão a comentar que o que a população quer é mediação, e ser servida por juizados de pequenas causas, cuja agilidade é maior. Mas a maior característica do Poder Judiciário, para os entrevistados, é a lentidão.

Essa lentidão, para Falcão, tem a ver, entre outras coisas, com que o chama de "uso patológico do Judiciário", isto é, as demandas de massa que poderiam ser resolvidas por uma atuação mais ativa dos órgãos governamentais como as agências reguladoras, pois os serviços públicos, como telefonia, são os campeões de processos. "No fundo, é uma transferência de custos do Poder Executivo para o Judiciário", diz Falcão.

Para Luiz Roberto Barroso, o Supremo está atendendo a algumas demandas sociais que o Congresso não atende, porque vive uma crise de funcionalidade, de representatividade, deixou de ser a vitrine da agenda política nacional.

Ele dá um exemplo: no caso das células-tronco embrionárias, uma lei aprovou essas pesquisas, e não houve debate, a lei passou quase em branco. "Mas quando o procurador-geral da República levou o debate para o Supremo, virou um tema na agenda política do país".

No caso da fidelidade partidária, Barroso diz que os ministros pegaram o princípio democrático e com base nele criaram uma regra que diz que, se mudar de partido depois da eleição, perde o mandato. "Isso não está escrito em nenhum lugar, mas eles sustentaram que isso viola o princípio democrático".

O ministro Carlos Alberto Direito, nas suas exigências sobre a reserva indígena de Roraima, também, segundo Barroso, "diz coisas que já decorreriam logicamente da Constituição, como que as Forças Armadas e a Polícia Federal podem entrar na reserva porque aquilo é um território nacional, ou que o usufruto é do solo, e, portanto, os potenciais energéticos e recursos minerais não pertencem aos índios".

Na verdade, as exigências do ministro Carlos Alberto Direito, acatadas pelo pleno do Supremo, são interpretações da Constituição aplicadas a esta situação concreta, vocalizando o sentimento de alguns setores da sociedade que sentiam ameaçada a soberania nacional sobre aquele território, temor que nem o Executivo nem o Legislativo souberam aplacar. 
(Continua amanhã)

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA

Diogo Mainardi
A costela do bispo

"A Igreja Universal é conhecida por seu 
desprendimento material. Mesmo assim, 
é duro imaginar que algum pastor tenha 
festejado o rombo da Record News"

Deus e o Diabo em 2010. Deus: Edir Macedo. Diabo: Zeca Diabo. Edir Macedo é dono da Rede Record. Zeca Diabo é dono de Dilma Rousseff, segundo um relatório armazenado no computador do delegado Protógenes Queiroz. Quem é Zeca Diabo? Isso mesmo: José Dirceu.

O dono da Rede Record, Edir Macedo, e o dono de Dilma Rousseff, José Dirceu, aliaram-se abertamente na última semana. O colunista Daniel Castro, da Folha de S.Paulo, informou que uma das costelas da Rede Record, a Record News – ou CNN do dízimo –, é um completo fracasso. Na TV aberta, dá zero de audiência. Na TV a pagamento, dá zero de audiência. Pior ainda: a Record News tinha uma meta de faturamento de 100 milhões de reais. No ano passado, pelas contas de Daniel Castro, o resultado foi um décimo disso. A Igreja Universal do Reino de Deus é conhecida por seu desprendimento material. Por seu desinteresse por dinheiro. Mesmo assim, é duro imaginar que algum pastor tenha festejado o rombo.

Jornal da Record reagiu furiosamente ao artigo de Daniel Castro. Depois de atacar a Folha de S.Paulo por mais de sete minutos, acusando-a de ter perdido "qualidade editorial" e de passar por uma séria "crise de credibilidade", a emissora prometeu usar seus telejornais para constranger todos aqueles que a importunassem. Um dos gerentes da Rede Record, Celso Teixeira, mandou uma circular aos jornalistas, reiterando a mensagem intimidadora: "A partir de agora, a empresa vai se posicionar publicamente e judicialmente contra os ataques que recebeu nos últimos tempos". Isso quer dizer o seguinte: se alguém publicar um comentário que desagrade à Record, terá de enfrentar um bombardeio na TV e uma dezena de processos no Acre.

O dono de Dilma Rousseff, José Dirceu, imediatamente apoiou o dono da Record, Edir Macedo, denunciando a tendenciosidade da Folha de S.Paulo. Em 2010, ocorrerá o oposto: a Record, que pertence a Edir Macedo, apoiará Dilma Rousseff, que pertence a José Dirceu. Quando a Record News foi inaugurada, em 2007, Lula declamou ridiculamente: "Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós". O plano do PT era estimular o surgimento de uma imprensa plenamente domesticada, que ocupasse o lugar de quem ainda insistia em fazer jornalismo, noticiando os abusos do lulismo. Em particular: VEJA, Globo, Folha de S.Paulo. O plano deu errado. VEJA, Globo e Folha de S.Paulo continuam aí. A Record News, por outro lado, com zero de audiência na TV aberta, com zero de audiência na TV a pagamento, está tomada por comerciais da Polishop. Em 2010, em vez de Dilma Rousseff, o eleitor acabará comprando uma grelha. Um modelador de cabelo. Um fatiador de pepino.

PANORAMA

REVISTA VEJA

Panorama
Holofote

Felipe Patury


A vantagem de Alckmin

Clayton de Souza/AE

Uma pesquisa do PSDB mostra o acachapante favoritismo que o tucano Geraldo Alckmin pode ter na eleição para governador de São Paulo em 2010. Ele foi testado contra os petistas Marta Suplicy, Aloizio Mercadante, Antonio Palocci e Fernando Haddad. No pior cenário, Alckmin tem 48% das intenções de voto. No melhor, bate em 53%. De acordo com a apuração do instituto Pesquisa e Opinião, 39% dos paulistas querem que o PSDB continue a governar São Paulo e 44% acreditam que Alckmin merece o posto.

 

No PP, o fim da reeleição

Alaor Filho/AE


O senador Francisco Dornelles (RJ) será reeleito presidente do PP neste mês. Será a última vez que isso acontecerá. O próprio Dornelles proporá que o partido acabe com a reeleição para os cargos da executiva da agremiação. Uma inovação: nenhum dos grandes ou médios partidos brasileiros, como o PP, adotou mecanismos de oxigenação semelhantes.

 

Padrão SEC

Germano Luders


A Gol, de Constantino Júnior, é a primeira empresa aérea do mundo a adotar as regras de balanço que serão exigidas no mercado americano a partir de 2010. Ao comentar as contas de 2008 nesta semana, Júnior tentará convencer os investidores a não olhar só as perdas da empresa, provocadas pela alta do dólar. Chamará atenção para o lucro de 110 milhões de reais obtido no último semestre, sinal de que o prejuízo da Varig teria sido absorvido.

 

São Paulo X Santa Catarina

Rafael Neddermeyer/AE


Nos próximos dias, o governo paulista desferirá um golpe em um programa do governador de Santa Catarina, Luiz Henrique. O Pró-Emprego reduziu de 12% para 3% o ICMS de alguns produtos importados pelos portos catarinenses. O problema é que essas mercadorias são consumidas em outros estados, que são obrigados a conceder-lhes um crédito tributário correspondente a 9%. A partir de abril, São Paulo não só deixará de dar os tais créditos como ainda passará a aplicar uma multa de 200% sobre todos os produtos importados pelos portos de Santa Catarina.

 

Agora, é na Justiça

Orlando Brito


Amparado pelo corporativismo de seus colegas, o senador ACM Júnior jamais prestou contas pelo fato de empregar em seu gabinete Siméa Antun, amante de seu irmão, o deputado Luís Eduardo Magalhães, morto em 1998. Siméa alega ter tido um filho de Luís Eduardo. Depois que ele morreu, foi abrigada no gabinete do senador Antonio Carlos Magalhães e, por treze anos, evitou requerer a pensão a que a criança teria direito. Júnior manteve a situação a partir de 2007, quando ACM morreu. Agora, enfrenta uma ação civil pública para devolver ao Erário os salários que pagou a Siméa. O processo, iniciado por uma ação popular, corre na Justiça Federal de Sergipe.

 

Não existe livre acesso ao céu

Rafael Andrade/Folha Imagem


O passaporte diplomático era um documento restrito ao presidente da República, ministros, governadores e, é claro, diplomatas. Há três anos, o governo estendeu o benefício a líderes religiosos. O bispo Edir Macedo, da Igreja Universal, começou a usá-lo no início de 2007. Por causa do documento, ele causou um salseiro no Aeroporto de Guarulhos. O delegado da Polícia Federal Mário Menin Junior relata que três bispos da Universal, todos deputados paulistas, o pressionaram a liberar Macedo dos trâmites de imigração e alfândega em uma viagem que ele fazia ao exterior. Para tanto, invocaram o passaporte diplomático do chefe. Liderados por Gilmaci Santos (PRB), avisaram que o bispo chegaria ao aeroporto em um helicóptero e embarcaria, em seguida, em um de seus quatro jatos. Nada, portanto, de controles. Se a polícia ou a Receita insistissem na verificação, o bispo os receberia em seu avião. A insistência dos policiais e dos fiscais em submeter Macedo aos procedimentos legais provocou uma reação intempestiva dos deputados. Depois, o próprio Edir reclamou: "Sou um enviado de Deus. Vocês estão atrapalhando meu trabalho", disse o bispo, segundo o delegado. Um esclarecimento: o passaporte diplomático não dá direito a escapar da imigração ou da alfândega. Ele apenas facilita a entrada em outros países.

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA

Roberto Pompeu de Toledo
Palavras que ferem, 
palavras que salvam

"É só aguardar? Só mesmo? Só gozar as delícias desta 
sala de espera, mais apinhada do que a Faixa de Gaza?
Ou desta fila, comprida como a Muralha da China?"

"Posso ajudar?" Eis duas palavrinhas que nos soam mais que familiares. Entra-se numa loja e lá vem: "Posso ajudar?". Está desencadeado um processo durante o qual não mais conseguiremos nos livrar da prestimosa oferta. Ao entrar numa loja, o ser humano necessita de um tempo de contemplação. Precisa se acostumar ao novo ambiente, testar a nova luminosidade, respirar com calma o novo ar. Sobretudo, necessita de solidão para, por meio de um diálogo consigo mesmo, distinguir entre os objetos expostos aquele que mais de perto fala à sua necessidade, ao seu gosto ou ao seu desejo. A turma do "posso ajudar" não deixa. Mesmo que se diga "Não, obrigado; primeiro quero examinar o que há na loja", ela só aparentemente entregará os pontos. Ficará por perto, olhando de esguelha, como policial desconfiado.

Onde a situação atinge proporção mais dramática é nas livrarias. Livraria é por excelência lugar que convida ao exame solitário das mesas e das prateleiras. É lugar para passar lentamente os olhos sobre as capas, apanhar e sentir nas mãos um ou outro volume, abrir um ou outro para testar um parágrafo. Um jornal certa vez avaliou como critério de qualidade das livrarias a rapidez com que o atendente se apresentava ao freguês. Clamoroso equívoco. Boa é a livraria em que o atendente só se apresenta quando o freguês o convoca. As melhores, sabiamente, dispensam o "posso ajudar". As mais mal administradas, desconhecedoras da natureza de seu ramo de negócio, insistem nele.

Ainda se fossem outras as palavrinhas – "Posso servi-lo? Precisa de alguma informação?" Não; o escolhido é o "posso ajudar", traduzido direto do jargão dos atendentes americanos ("May I help you?"). A má tradução das expressões comerciais americanas já cometeu uma devastação no idioma ao propagar o doentio surto de gerúndios ("Vou estar providenciando", "Posso estar examinando") que, do telemarketing, contaminou outros setores da linguagem corrente. O "posso ajudar" é caso parecido. Tal qual soa em português, mais merecia respostas como: "Pode, sim. Meu carro está com o pneu furado. Você pode trocá-lo?". Ou: "Está quase na hora de buscar meu filho na escola. Você faz isso por mim? Assim me dedico às compras com mais sossego".

Pode haver algo mais irritante do que o "posso ajudar"? Pode. É o "é só aguardar". Este é próprio dos lugares em que se é obrigado a esperar para ser atendido – o banco, o INSS, o hospital, o cartório, o Detran, a delegacia da Polícia Federal em que se vai buscar o passaporte. Ou bem há uma mocinha distribuindo senhas ou um mocinho organizando a fila. Chega-se, a mocinha dá a senha, o mocinho aponta o lugar na fila, e tanto a mocinha quanto o mocinho dirão em seguida: "Agora é só aguardar".

Só? Só mesmo? O que vocês estão dizendo é que o mais difícil, que foi apanhar essa senha ou ouvir a instrução sobre em qual fila entrar – ações que não me custaram mais que alguns segundos –, já passou? Agora é só gozar as delícias desta sala de espera, mais apinhada do que a Faixa de Gaza? Ou apreciar as maravilhas desta fila, comprida como a Muralha da China? Um traço característico da turma do "é só aguardar" é que ela nunca cometerá a descortesia de dizer "é só esperar". Seus chefes lhes ensinaram que é mais delicado, menos penoso, "aguardar" do que "esperar". É um pouco como quando se diz que fulano "faleceu", em vez de dizer que "morreu". A crença geral é que quem falece morre menos do que quem morre. No mínimo, morre de modo menos drástico e acachapante.

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Há outras ocasiões em que o uso inábil da língua vem em nosso socorro. Exemplos:

"Foi movido contra você um processo nº 01239/2009 por danos morais, conforme a Lei nº 9.099, na segunda vara penal. Caso não compareça no lugar especificado no arquivo em anexo poderá implicar em chamada de segunda instância e/ou recolhimento da sociedade".

"Todos os clientes MasterCard, devem recadastrar o seu cartão em 72 horas. Este procedimento está sendo ocorrido mundialmente. Caso nosso sistema não reconhecer o recadastramento, ele bloqueia o cartão, isto é, ficando impossibilitado de novas compras. Clique no link abaixo e recadastre".

Quem frequenta a internet sabe do que se trata: e-mails de golpistas, ladrões de senhas. Quando não oferecem outros indícios, eles se denunciam pelo incontornável costume de estropiar o idioma. Que bom que a escola brasileira é tão ruim.

MAILSON DA NÓBREGA

REVISTA VEJA

Maílson da Nóbrega
Um novo capitalismo 
(ou mais do mesmo)

"Não há alternativa ao sistema capitalista. Nenhum outro libera tanto as energias produtivas da sociedade nem o supera na geração de renda, emprego e bem-estar"

Em janeiro passado, líderes políticos, intelectuais e especialistas de variada origem se reuniram em Paris no simpósio "Novo mundo, novo capitalismo", coliderado pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e pelo presidente francês Nicolas Sarkozy. O objetivo foi discutir a crise financeira, avaliar o capitalismo e a globalização e explorar caminhos para reformar o sistema financeiro.

O simpósio inspirou o indiano Amartya Sen, prêmio Nobel de Economia de 1998, a escrever instigante artigo sobre a evolução do capitalismo. Para ele, a crise não requer um "novo capitalismo", mas a reinterpretação de velhas ideias e instituições para produzir um mundo mais decente. O texto está em www.nybooks.com/articles/22490.

O termo "capitalismo" não foi inventado por Adam Smith, como se pensa. A ele coube a primazia de teorizar sobre a economia de mercado, assinalando o papel da moral e das liberdades individuais na construção de uma sociedade próspera. O termo teria sido utilizado pela primeira vez por Karl Marx para descrever pejorativamente a "elite da sociedade burguesa", que possuía e controlava os "recursos de capital da sociedade".

Formas primitivas de capitalismo já existiam nas civilizações do Crescente Fértil, dos fenícios e dos impérios teocráticos fundamentados na agricultura. O Velho Testamento fala no mercado de escravos (a venda de José a mercadores egípcios). No Novo Testamento, Cristo expulsa os vendilhões do templo, indignado com o uso da casa de Deus para a compra e venda de mercadorias (o capitalismo da época).

O que Smith detectou e Marx condenou foi a novidade surgida de transformações institucionais como a Revolução Gloriosa inglesa de 1688: o sistema capitalista sustentado por instituições. A lei prevalece sobre o arbítrio dos reis. Direitos de propriedade e respeito aos contratos são garantidos por um Judiciário independente.

Além do impulso que recebeu de tais mudanças, o capitalismo foi também turbinado por outras transformações criadoras de incentivos para o investimento e os negócios. Incertezas viraram riscos, que podem ser calculados. A ciência e a tecnologia avançaram com a queda de dogmas religiosos. A criação da polícia, começando na Inglaterra, aumentou a segurança. Os holandeses e os ingleses inventaram o atual sistema financeiro, que viabilizou a Revolução Industrial.

Estado e mercado são os irmãos siameses do capitalismo moderno. A partir do século XIX, essa convivência se acentuou com o advento da democracia, da regulação e da intervenção estatal para corrigir falhas de mercado. A aceitação dos resultados do capitalismo demandou políticas públicas para assegurar o acesso dos pobres à educação, à saúde e a uma renda mínima. O bem-estar geral se ampliou.

É pura parvoíce, pois, explicar a crise por um suposto afastamento do estado de seu papel na economia. Perdem tempo os segmentos da esquerda que prognosticam o retorno da intervenção estatal de outros tempos. A não ser por equívoco, não há como ressuscitar o controle de capitais, a estatização de serviços de infraestrutura, os tabelamentos e outras ações estatais cujo fracasso determinou seu sepultamento.

Os debates em curso dizem respeito a uma nova regulação do sistema financeiro, de modo a coibir práticas que levaram à crise. O objetivo é restituir ou reforçar a função essencial do sistema, que é direcionar os recursos da sociedade aos fins mais produtivos. Buscar-se-á evitar regulação castradora do processo de inovação.

Não há alternativa ao sistema capitalista. Nenhum outro libera tanto as energias produtivas da sociedade nem o supera na geração de renda, emprego e bem-estar. Que o digam Cuba e Coreia do Norte. Ao longo do tempo, o capitalismo mostrou capacidade de aprender lições, de se reinventar, de superar crises e de sobreviver aos seus críticos, principalmente Marx e seus seguidores.

Sejam quais forem as mudanças para regular o sistema financeiro e criar "um mundo mais decente", a natureza do sistema econômico não mudará. A ideia é renovar o capitalismo, e não trazer de volta o que não deu certo, menos ainda o socialismo ou sua versão bufa, a da Venezuela de Chávez.

LYA LUFT

REVISTA VEJA

Lya Luft
A mentirosa liberdade

"Liberdade não vem de correr atrás de ‘deveres’ impostos de fora, mas de construir a nossa existência"

Comecei a escrever um novo livro, sobre os mitos e mentiras que nossa cultura expõe em prateleiras enfeitadas, para que a gente enfie esse material na cabeça e, pior, na alma – como se fosse algodão-doce colorido. Com ele chegam os medos que tudo isso nos inspira: medo de não estar bem enquadrados, medo de não ser valorizados pela turma, medo de não ser suficientemente ricos, magros, musculosos, de não participar da melhor balada, do clube mais chique, de não ter feito a viagem certa nem possuir a tecnologia de ponta no celular. Medo de não ser livres.

Na verdade, estamos presos numa rede de falsas liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade, e poucas vezes fomos tão pressionados por exigências absurdas, que constituem o que chamo a síndrome do "ter de". Fala-se em liberdade de escolha, mas somos conduzidos pela propaganda como gado para o matadouro, e as opções são tantas que não conseguimos escolher com calma. Medicados como somos (a pressão, a gordura, a fadiga, a insônia, o sono, a depressão e a euforia, a solidão e o medo tratados a remédio), cedo recorremos a expedientes, porque nossa libido, quimicamente cerceada, falha, e a alegria, de tanta tensão, nos escapa.

Ilustração Atômica Studio


Preenchem-se fendas e falhas, manchas se removem, suspendem-se prazeres como sendo risco e extravagância, e nos ligamos no espelho: alguém por aí é mais eficiente, moderno, valorizado e belo que eu? Alguém mora num condomínio melhor que o meu? Em fileira ao longo das paredes temos de parecer todos iguais nessa dança de enganos. Sobretudo, sempre jovens. Nunca se pôde viver tanto tempo e com tão boa qualidade, mas no atual endeusamento da juventude, como se só jovens merecessem amor, vitórias e sucesso, carregamos mais um ônus pesadíssimo e cruel: temos de enganar o tempo, temos de aparentar 15 anos se temos 30, 40 anos se temos 60, e 50 se temos 80 anos de idade. A deusa juventude traz vantagens, mas eu não a quereria para sempre: talvez nela sejamos mais bonitos, quem sabe mais cheios de planos e possibilidades, mas sabemos discernir as coisas que divisamos, podemos optar com a mínima segurança, conseguimos olhar, analisar e curtir – ou nos falta o que vem depois: maturidade?

Parece que do começo ao fim passamos a vida sendo cobrados: O que você vai ser? O que vai estudar? Como? Fracassou em mais um vestibular? Já transou? Nunca transou? Treze anos e ainda não ficou? E ainda não bebeu? Nem experimentou uma maconhazinha sequer? E um Viagra para melhorar ainda mais? Ainda aguenta os chatos dos pais? Saiba que eles o controlam sob o pretexto de que o amam. Sai dessa! Já precisa trabalhar? Que chatice! E depois: Quarenta anos ganhando tão pouco e trabalhando tanto? E não tem aquele carro? Nunca esteve naquele resort?

Talvez a gente possa escapar dessas cobranças sendo mais natural, cumprindo deveres reais, curtindo a vida sem se atordoar. Nadar contra toda essa louca correnteza. Ter opiniões próprias, amadurecer, ajuda. Combater a ânsia por coisas que nem queremos, ignorar ofertas no fundo desinteressantes, como roupas ridículas e viagens sem graça, isso ajuda. Descobrir o que queremos e podemos é um bom aprendizado, mas leva algum tempo: não é preciso escalar o Himalaia social nem ser uma linda mulher nem um homem poderoso. É possível estar contente e ter projetos bem depois dos 40 anos, sem um iate, físico perfeito e grande fortuna. Sem cumprir tantas obrigações fúteis e inúteis, como nos ordenam os mitos e mentiras de uma sociedade insegura, desorientada, em crise. Liberdade não vem de correr atrás de "deveres" impostos de fora, mas de construir a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e desgaste, sobra tão pouco tempo. Não temos de correr angustiados atrás de modelos que nada têm a ver conosco, máscaras, ilusões e melancolia para aguentar a vida, sem liberdade para descobrir o que a gente gostaria mesmo de ter feito.

AS TETAS DO GOVÊRNO


PARA OS CANALHAS DO GOVÊRNO

CLÓVIS ROSSI

Limonada Meirelles

Folha de São Paulo - 21/03/09

LONDRES - Esse Henrique de Campos Meirelles é um gênio. Primeiro, conseguiu eleger-se deputado federal pelo PSDB apenas para abandonar o cargo em troca do cargo de ministro da Economia justamente do PT, teoricamente o maior inimigo do PSDB. Modesto, Meirelles prefere ser chamado apenas de presidente do Banco Central -ou "governor of the Central Bank" como se irrita sempre o Elio Gaspari.
Agora, Meirelles comete a mágica de transformar o limão dos juros obscenamente altos que praticou em seus seis anos e três meses de gestão em uma gostosa limonada, anunciando que a política econômica é tão bem-sucedida que, ao contrário do que ocorria em crises anteriores, pode dar-se ao luxo de reduzir os juros.
É claro que não é por isso, mas pelo fato de que os juros estão completamente fora de órbita há muito tempo -mas quem há de discutir a limonada de Meirelles, um cidadão tão afável e cordial?
Logo depois da primeira vez que elevou os juros, dias após a posse de Lula, em janeiro de 2003 (de indecentes 25% para obscenos 26,5%), Meirelles caiu em Davos. Cruzei com ele e perguntei como ele convencera o presidente a aumentar uma taxa que já estava nos píncaros.
Respondeu Meirelles: "Disse a ele que, no Brasil, a inflação dispara sempre que atinge os dois dígitos". Como é óbvio, não se trata de ciência, mas de mandinga pura. Fui ler a Constituição, a Bíblia, a Torá e o Corão, e em nenhum desses livros sagrados está dito que a inflação dispara ao atingir dois dígitos.
Mas Lula acreditou, até porque lhe convinha acreditar. Sabia que Meirelles -e os juros altos- era seu habeas corpus preventivo para uma tentativa de desestabilização por parte dos mercados que o presidente passou a tratar com a reverência de um totem. Daí à limonada foi um passo apenas.

MÍRIAM LEITÃO

Cenário atual


O Globo - 21/03/09


A crise se espalha de forma diferente pela economia. A venda de caminhões está 20% menor. Mesmo com a redução do IPI, os brasileiros estão comprando 69 mil carros a menos por mês. O setor de computadores acha que venderá as mesmas 12 milhões de unidades, interrompendo o crescimento de 20% ao ano. Os supermercados achavam que ficariam no empate, mas desistiram de fazer previsão.

A situação está mudando muito. Alguns setores continuam com previsões mais otimistas, porque foram os mais dinâmicos nos últimos anos; outros despencaram; outros precisam exagerar as previsões de queda para fortalecer o lobby junto ao governo por ajuda.

Produtos cujas vendas cresceram muito nos últimos anos não têm previsões de queda. Mas não crescer já é um mau resultado. O mercado de computadores no Brasil só fez crescer durante mais de uma década. Os brasileiros compravam 650 mil computadores por ano no primeiro ano do governo Fernando Henrique. No último, compravam 3,3 milhões de computadores. Este número caiu para 3,06 milhões em 2003 e, aí, começou o enorme boom. No ano passado, os brasileiros compraram 12 milhões de computadores. Para 2009, a previsão da Abinee é de que as vendas não vão subir, nem cair, mas mudará o mix: vai cair a venda de desktop e aumentar a de notebooks, e o setor vai fechar nas mesmas 12 milhões de unidades.

Os brasileiros compraram 9,2 mil caminhões em novembro de 2008 e, em fevereiro deste ano, 6,4 mil. No primeiro bimestre, as vendas foram 20% menores que no primeiro bimestre do ano passado. Em veículos leves, o tombo do pico ao ponto mais baixo foi enorme. Em julho, foram vendidos 288 mil veículos. O melhor mês. Em novembro, foram 178 mil. A redução foi de 110 mil veículos. Mas julho tinha sido excepcional. Melhor ficar com o número de setembro, quando foram vendidos 269 mil carros. Depois de cair em outubro e novembro, o governo acudiu o setor com a redução de IPI. Melhorou, mas ainda está vendendo 69 mil veículos a menos do que em setembro.

Um setor que sempre foi dinâmico, e que cresce todos os trimestres desde o começo dos anos 90, é o de celular. Agora, está crescendo menos. Pegando só o número de acessos, o Brasil terminou 2008 com 150,6 milhões de acessos. Para se ter uma ideia do dinamismo do setor, em 1999 o país tinha 15 milhões de acessos. Multiplicou por dez neste período. Em fevereiro deste ano, segundo a Anatel, o Brasil tinha 152,3 milhões de acessos. Em novas linhas, foram 1,7 milhão no primeiro bimestre deste ano – sendo 415,9 mil em fevereiro –, contra 3,1 milhões no mesmo período do ano passado. A produção de aparelhos, que acompanhou a expansão do setor de telefonia móvel, está agora com estoques. Há estoques de aparelhos também nas operadoras e a indústria quer esperar março acabar, para só então arriscar as previsões para este ano.

Nos supermercados, a situação está confusa ainda. O presidente da Abras, Sussumu Honda, disse a Leonardo Zanelli, da coluna, que até o ano passado o setor vinha crescendo sempre acima do PIB. Agora não sabe o que vai acontecer. No começo do ano, as previsões eram de um crescimento de 2% a 2,5%, mas eles preferiram suspender até junho qualquer previsão. Alimentos continuam vendendo por serem sempre os últimos itens a saírem de qualquer lista de compras e porque a queda dos preços das commodities provocou deflação em alguns preços. Mas perecíveis, ele admite, é o segmento que está sentindo mais. A esperança dos supermercados é o volume de dinheiro que vem para a economia com o aumento do salário mínimo. Na indústria de alimentos, os laticínios estão com queda na produção, mas outros setores, como chocolates, conservas vegetais, massas e temperos, registram alta neste início de ano.

Em algumas áreas a crise parece aguda. As siderúrgicas estão com vários fornos parados. Uma delas, de cinco, está com três desligados. Um desastre completo. Isso pelo fenômeno que já comentei aqui na coluna: o setor vinha crescendo muito, acelerou a produção, não previu a crise. As compras de bens finais caíram, os distribuidores estavam estocados e a maior parte da demanda atual por aço está sendo atendida pelos distribuidores. A siderurgia teve que cortar drasticamente a produção até o fim da desova dos estoques. A indústria, de forma geral, está com uma utilização da capacidade instalada em níveis piores que em 2003, que foi um ano recessivo.

Os exportadores venderão menos, a preços menores, e com crédito mais curto e mais caro. O Banco Central está usando as reservas para financiá-los. Mas segundo Roberto Giannetti da Fonseca, os bancos, que pegaram essas reservas, subiram os juros nas linhas de financiamento e encurtaram os ACCs de 180 para 60 dias. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) está prevendo que o saldo comercial ficará em R$ 17 bilhões, dos R$ 29 bilhões atuais. Mas a exportação vai cair 20%. Só que, de novo, com várias diferenças. Commodities metálicas com preços bem menores. O alumínio chega a estar com um preço 50% menor. As commodities agrícolas sofrerão menos, porque as vendas vão continuar. Mas os produtos que não são cotados em bolsa, mas negociados no mercado físico, tiveram quedas maiores. A carne, por exemplo, teve uma queda de 35%.

Quem conversa com as empresas e setores percebe que a marca dessa crise é mesmo a imprevisibilidade.

INFORME JB

 Mudanças à vista na exploração mineral

Leandro Mazzini

Jornal do Brasil - 21/03/09

O governo está em alerta com a dependência externa do país com adubos e fertilizantes. Num país como o Brasil, considerado um dos celeiros do mundo, isso é preocupante, lembra o senador Gerson Camata (PMDB-ES) (foto). Daí o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter proposto a fabricação estatal de fertilizantes. Mais de 80% são importados. Os senadores pretendem mudar o Código Nacional de Mineração para mudar o quadro. Camata lembra que quatro multinacionais detêm o domínio sobre a exploração de reservas minerais no país. "O pior é que elas nem chegam a iniciar a exploração, e o governo assiste a tudo, passivo", protesta. Ele defende uma mudança radical na lei. Quem não explorar sua reserva no prazo de um ano perderá o alvará ou a licença.

Cidadão... ... do mundo

Engana-se quem pensa ser mole a vida do presidente Lula quando fica o dia inteiro no gabinete do Planalto. Na quinta à tarde, entre uma audiência e outra, recebeu o primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Patrick Manning, para quem foi todo ouvidos.

Depois, o presidente recebeu ligação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que desejava um lero-lero com Lula.

Parceiros

Um detalhe. Patrick Manning está no quarto mandato. Não que Lula queira um terceiro...

Surpresas

Os integrantes do Iron Maiden chegaram de surpresa ao pub O´Rilley, quinta à noite, em Brasília, e fizeram a festa da turma. Ontem, o guitarrista Janick Gers, do Iron, fez demorado tour pelo Congresso. Vá entender!

Tá difícil

Houve acordo de não-agressão entre os senadores Tião Viana e José Sarney. Um suspeita do outro sobre vazamento de denúncias.

Loyola reloaded

Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, faz palestra dia 27 para o grupo Líderes Empresariais em São Paulo, no Hotel Intercontinental.

Lembrete

Está mesmo nas mãos do STF o destino do italiano Cesare Battisti, que ganhou refúgio no Brasil via Ministério da Justiça. Se a corte decidir por sua extradição, assim será feito. Mas um dos mais antigos ministros da corte lembra que "não existe decreto de extradição".

Lembrete 2

O presidente da República só tem competência constitucional para decretar expulsão (e não extradição) de estrangeiro.

A volta...

O ex-deputado federal Reinaldo Gripp (PL-RJ) é o novo secretário de Saúde de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Em 2006, a CPI das Sanguessugas recomendou seu indiciamento por suspeita de envolvimento na máfia das ambulâncias.

... dos que não foram

Outra envolvida no escândalo, Maria José Gouveia, ex-assessora do ex-deputado Itamar Serpa, também foi nomeada em Belford Roxo. Vai cuidar da captação de recursos em Brasília.

Notícia & música

A Video Clipping, uma das maiores empresas de clipping do país, completa 21 anos na terça. O Música no Museu fará concerto-homenagem às 12h30 no Real Gabinete Português, no Rio.

FERNANDO RODRIGUES

Ponto de inflexão

Folha de São Paulo - 21/03/09

BRASÍLIA - A oscilação negativa de cinco pontos percentuais (de 70% para 65%) na popularidade de Lula na pesquisa Datafolha é relevante. Pode marcar talvez o ponto de inflexão do petista neste seu segundo mandato. Mas mais eficaz para medir o humor do eleitorado são as respostas sobre a atual situação econômica.
Em novembro, 49% dos brasileiros aprovavam a atuação de Lula no combate aos efeitos da crise. Hoje, o percentual caiu para 43%. A popularidade do presidente (65%) ainda está oceânicos 22 pontos percentuais à frente. Manter essa diferença é o desafio do governo até a eleição do ano que vem. A dificuldade de Lula para permanecer nas alturas está diretamente relacionada ao desempenho da economia. Mais desemprego equivalerá a menos paciência dos eleitores. Também deve ser considerado o timing desse processo. A tal teoria das curvas concêntricas -como aquelas formadas pela pedra jogada no meio do lago.
Eleitores afluentes e com acesso a informação já sabem o tamanho do problema econômico mundial. São a primeira curva formada pela pedra no lago. A maioria dos brasileiros, na base da pirâmide social, só sentirá todos os efeitos da desaceleração num momento posterior. O cenário mais funesto para Lula é a inflexão atual atingir o seu pico daqui a um ano, quando estiverem sendo formadas as alianças para a eleição de outubro de 2010. O pior da crise poderá ter passado, mas muitos eleitores se pautarão pelos danos sentidos em 2009.
É o efeito Bush-Clinton. No início da década de 90, George Bush, o pai, tomou as medidas necessárias para corrigir os rumos da economia dos EUA. Na eleição de 1992, os eleitores não sentiam ainda os efeitos positivos. Elegeram o oposicionista Bill Clinton. É tudo com que a oposição brasileira sonha. E o pesadelo de Dilma Rousseff e do PT.

DORA KRAMER

Uma coisa é outra coisa


O Estado de São Paulo  - 21/03/09


As pesquisas Datafolha e CNI/Ibope constatam o esperado: com o agravamento da crise econômica, materializada aqui nas más notícias sobre o PIB do último trimestre de 2008, aumenta a apreensão das pessoas e diminui o grau de tolerância geral.

Quem pouco ligava para desvios éticos fica mais sensível a notícias sobre corrupção, quem estava seguro no emprego consumindo ao ritmo de 36 prestações mensais “sem juros” começa a se inquietar e a querer cobrar do governo uma providência antes que o pior aconteça.

Quem admirava a habilidade do presidente da República em se desviar das crises políticas tende a exigir mais sobriedade na administração da adversidade econômica, a cotejar palavras com rigor a fim de conferir se há relação entre a realidade vivida e os discursos ufanistas.

Seria, pois, de espantar se a popularidade do presidente Luiz Inácio da Silva não registrasse um abalo. A palavra “queda” soa um tanto superlativa ante a oscilação de cinco pontos porcentuais, em média, nas duas pesquisas.

Se no ambiente geral adverso Lula ainda conseguisse mais pontos positivos na avaliação pessoal, aí não seria presidente, mas um santo a operar o milagre da felicidade na crise econômica. Para quem é popular entre mais de 60% da população, cinco pontos a mais ou a menos não faz diferença. A questão que ao governo federal aflige – ou pelo menos deveria – é o comportamento futuro desses índices e como eles vão repercutir no papel que Lula pretende cumprir na História.

Desse ponto de vista, muito mais importante que a queda do índice de popularidade é o abalo no grau de confiança da população na figura do presidente e, por consequência, no governo. Segundo o Ibope, houve redução de seis pontos porcentuais no quesito de novembro a março.

Popularidade e confiabilidade são conceitos diferentes. Lula é popular por uma série de razões que não necessariamente guardam relação com seus reais atributos de governante. É o personagem preponderante na política, está todos os dias nos jornais, na televisão, no rádio, seu nome é dito e repetido em toda parte, a todo instante.

Popularidade se ganha, se perde e se recupera com relativa facilidade, bastando saber manejar com competência circunstâncias, emoções, características culturais do ambiente, simbologias e atributos pessoais.

Confiabilidade é outra coisa. É prima-irmã da credibilidade e, uma vez perdida, dificilmente é retomada. Principalmente se a perda é acelerada como a registrada na pesquisa Ibope.

O instituto Datafolha apontou o detalhe objetivo: 50% da população não acredita na afirmação do presidente Lula de que a crise econômica passaria pelo Brasil como uma “marolinha”. Há três meses, 39% diziam confiar naquelas palavras.

Essa é a perda consistente e que poderá influir no desempenho eleitoral do candidato governista à Presidência em 2010, seja a ministra Dilma Rousseff ou qualquer outro nome.Se o presidente fiador da candidatura é popular, a eleição municipal de 2008 mostrou que aos olhos do eleitorado isso não tem necessariamente influência sobre a opção de voto. A qualidade é pessoal e intransferível.

Agora, se o chefe do governo não é confiável, a desconfiança tende a contaminar a candidatura, pois ela é uma representação institucional. Uma característica fala sobre a simpatia despertada pela pessoa física, a outra diz respeito à avaliação de desempenho da figura jurídica.

Lula chegando com altos índices de popularidade em 2010, tanto melhor para a candidatura oficial. Mas, chegar lá com um grau razoável de confiabilidade será essencial.

Mais não seja, para entrar pela porta da frente na História.

Agenda do eleitor

Os índices de intenção de votos nos prováveis candidatos a presidente em 2010 se mantiveram praticamente os mesmos em relação à última pesquisa do Datafolha. A economia mexeu com a avaliação do presidente, mas passou longe da eleição.

Indica que o governador José Serra talvez esteja certo em resistir aos apelos para entrar na campanha eleitoral desde já. No momento, a crise está em primeiro lugar na escala de prioridades do eleitorado.

A dianteira de Serra, com 41% das preferências, contra 17% de Aécio Neves, 16% de Ciro Gomes, 11% de Dilma Rousseff e 11% para Heloísa Helena, também explica por que o governador não quer antecipar o embate.

Os oponentes, em desvantagem, precisam se movimentar. Mas a ele a paralisia favorece. No mínimo não corre o risco de provocar alterações de humor eleitoral numa hora em que o mar não está para peixe.

Resistência

A ex-senadora Heloísa Helena está fora de cena há mais de dois anos. No entanto, resiste emparelhada com Dilma Rousseff, em cena diariamente há um ano.