sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Bolo de general - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 17/02/12


Como previu Elio Gaspari, o discurso do general Gonçalves Dias e a cena do bolo com os PMs amotinados na Bahia “transformaram o poderio militar em alegoria carnavalesca”.
Perfeito Fortuna, festeiro mor da Lapa, vai sair fantasiado no carnaval de... “bolo de general”, inspirado no choroso militar.

Patrimônio carioca
Eduardo Paes vai assinar decreto que declara como “patrimônios culturais cariocas” os vendedores de mate nas praias e os grupos de clóvis ou bate-bolas dos subúrbios do Rio.
O dos clóvis já sai hoje no DO. O do mate, semana que vem.

Longe de Momo
A folia do senador mineiro e menino do Rio Aécio Neves será numa praia deserta... na Bahia.

Louras inimigas
Neste carnaval, os amigos Hélio de la Peña, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho, baluartes do B.B.C. (Bloco dos Bebedores de Cerveja), não vão poder dividir uma gelada em público.
É que cada um deles é garoto-propaganda de uma cervejeira diferente — Zeca, da Brahma; Arlindo, da Antarctica; e Hélio, da Devassa.

Amor de carnaval
Donos de casas de saliência do Centro do Rio estão tristinhos neste carnaval.
É que a maioria das meninas que trabalham em seus negócios sumiu. Motivo: chegaram à cidade vários navios cheios de estrangeiros, e as moças preferem, digamos, ir direto à fonte, pois ganham mais com os gringos que levam para o samba.

Fotos de Callado
Ana Arruda Callado passará o carnaval mergulhada em pesquisas para uma biografia da antropóloga Berta Ribeiro (1924-1997) e uma fotobiografia de seu saudoso marido, Antônio Callado.
Ana pede ajuda a quem tiver fotos de Callado (1917-1997).

Cão que ladra...
Já virou piada no governo. Dias antes das reuniões do Conselho Político, líderes do Congresso falam de demandas não atendidas e de como vão emparedar Dilma e exigir cargos.
Mas... no dia da reunião, a presidente fala das dificuldades, da crise mundial, diz que o governo precisa ser mais eficiente etc., e a turma famélica... chega muda e sai calada.

Édipo Rei
O MinC aprovou a captação de recursos para duas peças sobre Édipo Rei. A produtora paulista Andreato’s poderá captar R$ 384 mil para 50 apresentações no Rio e em São Paulo.
Já a carioca Coisas Nossas foi autorizada a buscar R$ 1,2 milhão para 48 exibições no Rio.

Lya digital
A editora Record fez uma edição em e-book de “O lado fatal”, de Lya Luft. É o 17o- título da escritora no formato digital.
Corredor do Fórum
Uma desembargadora do TJRJ, inconformada com seu afastamento por dois anos para apuração de supostas faltas, entrou com ação contra o estado, pedindo indenização.
Segundo a meritíssima, como o afastamento foi anulado pelo STJ, ela teria sido “injustiçada e deveria ser indenizada”. Mas os desembargadores da 9ª Câmara Cível do Rio negaram o pedido.

Bloco dos limpos
Eduardo Paes, para estimular os foliões a não sujarem a cidade, vai premiar os blocos que produzirem menos lixo.
O vencedor ganhará um diploma. Foi sugestão de Maria Sílvia Bastos Marques. A Comlurb vai calcular a quantidade de lixo coletada e comparar com 2011.

Cataratas do Rio
Um consórcio liderado pela empresa Cataratas do Iguaçu S/A, que opera a visitação ao Parque Nacional do Iguaçu, PR, venceu a licitação para concessão da área onde será erguido o Complexo das Paineiras, no Parque Nacional da Tijuca, no Rio.

Lá vão os noivo
Gracyanne Barbosa e Belo se casaram quarta, em comunhão de bens, num cartório do Rio.

GOSTOSA


Quase música - NELSON MOTTA


O Estado de S.Paulo - 17/02/12


Steve Jobs criou o iPod e revolucionou nossos hábitos de ouvir música, mas em casa só ouvia discos de vinil, contou seu amigo Neil Young, lenda viva do rock. Eles não se contentavam só com música e letra, canto e instrumentos - queriam que tudo isso soasse nos ouvidos com a potência, os timbres e a integridade da sua massa sonora original.

Como Tim Maia, queriam mais grave! Mais agudo! Mais eco! Mais retorno! Mais tudo! Porque nos fabulosos iPods, iPhones e iPads de Jobs o som que se ouve está comprimido em MP3 com apenas cerca de 10% dos sons que foram gravados. Para ouvi-lo mais próximo da gravação original, só em formatos como o wav, que contém muito mais dados, em arquivos muito mais pesados. Ou em vinil.

Mais do que uma discussão idiótica de audiófilos, de loucos por som, é um debate sobre pirataria, troca de arquivos, livre circulação de músicas na internet. Como a grande maioria dos consumidores de música se contenta em ouvir uma versão "popular" em MP3, isto também sugere novas ideias sobre o assunto. Neil Young (des)considera esses MP3 vagabundos que rolam na rede e nas bancas piratas como um novo rádio da era digital, uma difusão incontrolável, quase música; quem gosta de música de verdade compra um CD de boa qualidade sonora ou paga um download pesado de alta definição. Ou um vinil.

Mas como nada se compara ao impacto e sensação de ver e ouvir música ao vivo, de perto, em ambientes com boa acústica, a consequência direta da difusão maciça de (quase) música digital é uma espetacular valorização dos shows ao vivo, por ser uma experiência sensorial única e irrepetível, como o teatro.

No tempo do cassete, copiar músicas para um amigo era visto pelas gravadoras como divulgação de seus discos, por que agora fazê-lo por e-mail, ou num site de trocas, seria um crime? A irracionalidade e a ganância são atropeladas pela realidade tecnológica, o caminho sem volta faz uma curva ascendente. Nos Estados Unidos, pela primeira vez o volume de downloads pagos superou as perdas com a comercialização de CDs, o futuro finalmente chegou para a nova indústria da música gravada.

O júri na berlinda - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 17/02/12

SÃO PAULO - Chegou ao fim o julgamento de Lindemberg Alves Fernandes pelo tribunal do júri. Será que não é a hora de pôr um fim ao próprio tribunal do júri, isto é, à ideia de que certos crimes devem ser julgados por um grupo de cidadãos sem treinamento jurídico?

Numa visão romantizada, o júri representaria um controle democrático sobre o Estado. O simples fato de o veredicto estar a cargo de populares e não de magistrados já representaria um obstáculo às tendências despóticas do Judiciário, como observa Alexander Hamilton nos papéis federalistas. Os jurados também detêm o poder de não aplicar leis que considerem injustas, exercendo assim uma regulação sobre o Legislativo.

No mundo real, porém, notadamente em países como o Brasil, onde o júri é um resquício fóssil, esse controle é menos do que teórico. Pior, cientistas reuniram nas últimas décadas um corpo notável de evidências de que o ser humano é muito mais facilmente manipulável do que imaginávamos. Ideologia, emoções e até detalhes como o nível de açúcar no sangue do julgador influenciam suas decisões.
Os vieses cognitivos afetam tanto jurados como juízes profissionais, mas estes, por acumularem mais experiência e terem de justificar racionalmente suas decisões, estariam, em tese, mais preparados para resistir aos truques usados por promotores e defensores.

O instituto do júri ganhou força na Europa no século 13, depois que a Igreja Católica decidiu pôr um fim aos ordálios, nos quais se estabelecia a culpa do acusado submetendo-o a provas como segurar um ferro em brasa. Se, três dias depois, não houvesse cicatrizes, ele estava livre.
O pressuposto era o de que Deus protegia os inocentes.

Eu me pergunto se nossos netos não olharão para o júri com o mesmo sorriso irônico que hoje esboçamos ao ler sobre o ordálio.

300 nanicos em cena - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 17/02/12


RIO DE JANEIRO - Às vezes, tem-se a impressão de que os americanos levam a democracia longe demais. Embora os jornais só falem de Mitt Romney, Newt Gingrich e um ou dois coadjuvantes como candidatos à Presidência dos EUA, saiba que, neste momento, há cerca de outros 300 aspirantes ao trono, todos registrados e tão aptos a suceder Barack Obama quanto Romney e Gingrich.

Sim, qualquer um pode candidatar-se a presidente nos EUA. Basta ser americano nato, maior de 35 anos e preencher um formulário oficial solicitando inscrição na cédula. É tão simples quanto tirar carteira de motorista, entrar para um grupo de autoajuda para dependentes de sexo ou tornar-se membro do Vigilantes do Peso. Talvez até mais simples. O difícil é ver o seu nome chegar à dita cédula.

Para tanto, o candidato a candidato precisará levantar um mínimo de US$ 5 mil em doações, nada impedindo que o dinheiro saia do seu próprio bolso e desde que ninguém esteja olhando. Supõe-se que, com menos do que isso para bancar a campanha, o pretendente só teria a reunião de condomínio do seu prédio para divulgar sua plataforma.

E não se pense que todos esses pré-candidatos sejam republicanos. A provar que a aversão a Obama não tem cor política, há muitos que querem suceder ao presidente na própria cédula dos democratas -nem os seus correligionários o aliviam.

É possível que vários desses aspirantes nanicos à Casa Branca sejam, de fato, melhores que Obama, muito melhores que Romney e Gingrich, e Bush, Clinton e Reagan, nem se fala. Mas, para chegar à disputa, teriam de vencer as primárias de seus partidos. Como isso não acontecerá e eles continuarão fora da cédula, conclui-se que, mesmo nos EUA, a democracia é relativa, e os americanos terão de virar-se com Obama contra Romney ou Gingrich, e lamber os beiços.

Crédito pós-crise foi para consumo - CLAUDIA SAFATLE

VALOR ECONÕMICO - 17/02/12

Entre dezembro de 2008 - auge da crise financeira internacional - e dezembro de 2011 - auge da crise de dívida soberana nas economias desenvolvidas - o crédito no Brasil cresceu 10,7 pontos percentuais, passando de 38,4% do Produto Interno Bruto (PIB) para 49,1% do PIB. Cerca de 77% dessa expansão foi produto da ação dos bancos públicos.

Do aumento, apenas 3,4 pontos percentuais do PIB foram destinados às empresas e desses, 3,3 pontos do produto foram de responsabilidade do BNDES. Ou seja: sem o BNDES, o crédito bancário para a realização de negócios no país estaria hoje onde estava há pouco mais de três anos. O que cresceu foi o crédito para consumo.

O processo pós-crise de 2008, portanto, representou uma inversão radical em relação ao que vinha ocorrendo três anos antes. De 2005 a 2008 a expansão do crédito no país foi de 12,2 pontos percentuais do PIB, dos quais 7 pontos do produto destinaram-se às empresas e desses, apenas 1,1 ponto percentual foi da alçada do BNDES.

O crescimento da oferta de empréstimos e financiamentos incentivou pouco os investimentos. Em 2011 a formação bruta de capital fixo correspondeu a cerca de 19,5% do PIB, uma performance parecida com a de 2008.

A engenharia montada para transferir recursos públicos ao BNDES e desse para o Banco do Brasil, para a Petrobras e para o setor financeiro e real da economia, gerou uma rede de complexas interconexões, com um resultado líquido e certo: o aumento do endividamento público.

Para liderar a expansão do crédito, as instituições públicas tiveram que captar recursos no Tesouro Nacional. Para prover seus bancos, o Tesouro emitiu dívida, cujos títulos foram absorvidos pelo mercado financeiro. E esse preferiu concentrar suas aplicações no curtíssimo prazo, por meio das operações compromissadas do Banco Central.

Para destrinchar essa teia o economista José Roberto Afonso, especialista em finanças públicas, fez um extenso estudo que será publicado na revista da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap), do governo de São Paulo.

Pela óptica fiscal, a oferta de crédito do governo aumentou de 8,5% do PIB para 14,5% do PIB entre 2008 e 2011. O impacto dessa elevação sobre o endividamento é identificável no conceito clássico de dívida bruta, que considera toda a carteira de títulos do Banco Central. Por esse conceito a dívida era de 59,6% do PIB em agosto de 2008 (véspera da quebra da Lehman Brothers), subiu para 66,6% em 2009 e caiu para 64,2% do PIB no ano passado.

"O ativismo creditício estatal, na prática, se confundiu com uma expansão fiscal", constata José Roberto. No caso do BNDES, o total de crédito saltou de 6,1% do PIB em 2008 para 10,2% do PIB em 2011.

A dependência do BNDES aos empréstimos do Tesouro Nacional se tornou de tal forma elevada que o saldo desses recursos na instituição representa o dobro do saldo acumulado no Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), de cerca de R$ 150 bilhões, antes a principal fonte de funding do banco estatal.

Uma das particularidades da reação à crise foi a acentuada exposição do BNDES na Petrobras, que passou a representar 82% do patrimônio de referência do banco, segundo o estudo. Para tanto, foi preciso que o Banco Central autorizasse que a exposição de crédito na empresa de petróleo fosse contada não para o grupo empresarial, mas para cada uma das suas empresas.

Assim, a participação do BNDES na reestruturação patrimonial das empresas logo após o "crash" de 2008 não se limitou a dar saída à crise dos derivativos cambiais que abalou cerca de 200 companhias brasileiras, mas se estendeu para uma relação quase umbilical com bancos e empresas públicas.

"O BNDES foi um Fed (banco central americano). O que o Fed fez nos Estados Unidos o banco fez aqui", comenta o economista. Só que parte dos recursos do banco voltou para o próprio Tesouro Nacional. O BNDES comprou do Tesouro ações da Petrobras e pagou dividendos.

No fim das contas, foi a atuação dos bancos públicos na expansão do crédito que permitiu uma saída rápida da recessão em 2009, mais do que os estímulos fiscais concedidos à época, diz José Roberto.

Segundo ele, por trás do manejo da carteira de títulos do BC escondem-se duas formas de endividamento: o recolhimento compulsório dos bancos, em grande parte remunerado pela Selic, e as operações compromissadas. No caso dos compulsórios, é curioso observar o forte aumento que houve de 2008 para cá. Esses depósitos representavam 4% do PIB em agosto de 2008 (antes da crise) e saltaram para 8,9% do PIB em dezembro de 2011. As operações compromissadas do BC também cresceram muito por causa da esterilização das reservas cambiais.

Com todos esses arranjos, a dívida bruta no cálculo mais restrito, usado pelo BC, chegou em dezembro de 2011 equivalente a 54,3% do PIB, mais elevada do que a média de 37% do PIB nos países emergentes do G-20. Já as projeções de crescimento econômico do país mostram um dinamismo aquém da média dos emergentes. A expectativa é de que o Brasil acumule uma expansão de 18,1% até 2013, ante 30,5% das economias emergentes (considerando a média de 2005/2008 e dados da Unctad).

A partir da visão do que ocorreu no passado recente, o economista aponta para a necessidade de se buscar um novo padrão de financiamentos no país com a criação de um mercado de dívida privada, uso de parte dos compulsórios para viabilizar projetos de longo prazo e a atuação dos bancos oficiais mais como seguradoras desses projetos.

O mesmo topete de sempre - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 17/02/12


Lembrei que em 1979 eu tive um Corcel 2 da mesma cor de jaboticaba que o topete do Paul McCartney no Grammy



PLANETAS DESGOVERNADOS cruzam os céus seguidos por uma penca de cometas incontinentes. Falta pouco para o Armageddon e os sinais de que o flagelo cósmico vem vindo estão aí.

Ou será que o leitor acha normal ver Sir Paul McCartney participar do Grammy com aquela cara de vela derretida, batendo palminha na primeira fila, sem que milhões de pessoas vomitem em flashmob quando ele surge na tela? Como é possível aceitar que o sujeito transforme os Beatles numa marca de sabão em pó e ainda por cima vire um boneco de "Jornada nas Estrelas - A Segunda Geração" sem que isso cause comoção mundial?

Veja: nada tenho contra próteses. De espécie alguma. E o leitor é testemunha da minha falta de preconceito com perucas de todos os tipos, usadas por gente bem mais importante do que Sir Paul McCartney. Eu por acaso comentei a peça que orna a cabeça de nosso encantador ministro do Supremo, Luiz Fux? Quem sou eu para implicar com apliques, tranças, dreadlocks e bigodes alheios, não é mesmo? Que acelere, Ayrton quem deseja emular membros da alta corte britânica. Se cabelo fosse importante, não nasceria nos recônditos mais profundos.

O problema é quando um ícone da infância se transforma em José Sarney diante dos seus próprios olhos, no domingo à noite, em gloriosas 32 polegadas, em HDTV, enquanto você deglute sua marguerita.
Fiquei deprimida ao ver Paul abanando os bracinhos. Deu para perceber que o hoje rei da falsa modéstia nunca carregou o baixo do quarto do hotel até o elevador. E lembrei de um Corcel 2 que eu tive em 1979. Tinha a mesma cor de jabuticaba que o topete que ele usou no Grammy.

Mas bem que Nostradamus previu que o culto à personalidade ia fazer a humanidade terminar danada numa bola de fogo. E a Bíblia conta a história da mulher de Lot. Deus ordenou que ela parasse de olhar para trás a cada esquina para ver as revistas nas bancas. Quem mandou ficar reparando na capa da "Contigo", hein, madame Lot? A senhora foi prevenida de que seria transformada num ovinho de sal Cisne.

Dito e feito, o Todo-Poderoso flagrou-a bisbilhotando o novo corte de cabelo da Danielle Winits na capa da "Caras" e tascou-lhe um feitiço daqueles. Para piorar o castigo, colocou um chapéu vermelho (de amish playmobil) na cabeça dela. Pobre senhora Lot. Vaidosa como um cisne, acabou parecendo um patinho feio. Por dentro sal Cisne e, por fora, um ovo de chapéu de padre.

Há 2.000 anos salga refeições, um castigão. E pensar que olhava as revistas porque era casada com o chato do Lot, que ia de casa para o templo, do templo para casa. E ela sonhando em ir ao Grammy, ao Oscar, em passear de lancha com o Eike.

Também parei na banca nesta semana. Mas em vez de ficar petrificada ou com torcicolo, fiquei com labirintite. Imagine você que vi o Abílio Diniz duas vezes estampado em capas de importantes revistas mensais masculinas. "Ué?", pensei. "Será que ele comprou a Apple?" Nada. Numa das revistas, Abílio usava toda sua conhecida profundidade intelectual para ensinar a viver. Na outra reportagem, dava lição de tática futebolística.

Que bom que o mês que vem tem capa com o César Cielo e depois com o Bill Gates. E depois vem a comemoração pelo primeiro ano da morte do Steve Jobs. Não aguento mais o topete do Abílio. Digo, do Paul McCartney.

Prevenção de danos - DORA KRAMER


O Estado de S. Paulo - 17/02/12


O desdém do governo federal em relação a uma oposição partidária fragilizada contrasta com a solicitude dedicada a um segmento bem mais organizado, no Congresso representado pela Frente Parlamentar Evangélica.

Sinal evidente de que há, na visão do Palácio do Planalto, um sério potencial de dano eleitoral nas posições das "igrejas" foi o envio do secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, para conversar com a bancada e, em nome da presidente Dilma Rousseff, "dissolver mal-entendidos".

A posição dos evangélicos merece mais atenção que a oposição dos partidos. Descontadas frases de efeito aqui e ali, não se veem tentativas de construção de pontes na direção dos oposicionistas, digamos, tradicionais.

Para estes é aplicado o método do trator, mas com aqueles cujo caráter do contraditório mexe com valores e mobiliza multidões obedientes é diferente.

Afinal, o "setor" é muito bem estruturado. Tem meios de comunicação, representação política, capilaridade, imensa capacidade de mobilização e, portanto, poder de fogo nada desprezível como se viu pelo trabalho que deu na eleição de 2010.

Na ocasião, o PT atribuiu ao PSDB a exploração do tema do aborto, na realidade posto na pauta por evangélicos e católicos, mas agora resolveu ir direto à fonte da contrariedade em ação de prevenção de danos.

O governo reagiu tão logo viu o passivo se acumular em três temas: aborto, as cartilhas de anti-homofobia encomendadas pelo Ministério da Educação e as declarações de Gilberto Carvalho sobre a necessidade de se disputar as classes emergentes com os "conservadores" evangélicos.

Carvalho foi, se explicou, pediu desculpas, aparentemente dissipou o mal-estar.

Resolvido o problema? Nem de longe, pois voltará na eleição para ser usado também como arma pelos partidos adversários. E já que se mostrou disposto a ajoelhar, e se não quiser brincar nesse serviço, o governo vai ser obrigado a rezar.

Faz de conta. Ao sondar o senador Blairo Maggi para que ocupe o Ministério dos Transportes, a presidente Dilma Rousseff ou faz jogo de cena para embromar o PR ou resolveu correr um risco desnecessário.

Convidado uma vez, Maggi recusou alegando conflitos de interesses entre seus negócios particulares e a função de ministro.

Se aceitar agora sua indicação poderia não passar pelo crivo da Comissão de Ética Pública, colegiado consultivo da Presidência para examinar casos de conflitos de interesses relativos aos ocupantes de cargos no primeiro escalão.

Ao insistir em Maggi, considerando que nada ganha ao se expor a questionamentos éticos prévios, Dilma sinaliza preferência por manter Sérgio Passos à frente da pasta.

Boquinhas. Difícil saber o que é pior: o governo de São Paulo oferecer "compensações" na máquina administrativa aos candidatos às prévias do PSDB caso venham a ser canceladas para abrir espaço à candidatura de José Serra, ou a possibilidade de os atuais postulantes virem a aceitar.

Se a "oferta" vier a se concretizar, o governador Geraldo Alckmin ficará mal na comparação com a presidente Dilma Rousseff, que não aceitou dar à senadora Marta Suplicy um ministério em troca do apoio à candidatura de Fernando Haddad.

Resumo da ópera. Assim atestou a maioria do Supremo Tribunal Federal: inelegibilidade não é pena, é pré-requisito de eliminação da disputa para quem não se enquadra no princípio de que no ofício da representação a dúvida não pode ser pró-réu, mas em prol da sociedade.

O STF fez a sua parte, o Congresso a dele. Agora cabe ao eleitor entender que não é panaceia e praticar o voto limpo, bem como é obrigação dos partidos a aplicação do mesmo critério para a seleção do elenco de candidatos.

Por um punhado de ICMS - ROBERTO GIANETTI DA FONSECA

O GLOBO - 17/02/12

Parafraseando o título do memorável longa-metragem dirigido na década de 1960 pelo cineasta italiano Sérgio Leone e estrelado por Clint Eastwood, "Por um punhado de dólares", assim denomino a atitude antipatriótica, quando não inconstitucional, de certos governadores estaduais, que continuam oferecendo ostensivamente incentivos fiscais para produtos importados que sejam internalizados no território nacional através de seus portos. Trata-se de flagrante desrespeito desses governadores a recente decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal, como também ao Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária).

Alguns alegam que os incentivos existem em alguns Estados há mais de 40 anos, e indagam por que somente agora surge tal crítica a uma prática tão duradoura? De fato é verdadeira a afirmação que o mais antigo destes perversos incentivos, o denominado Fundap, teve origem no Estado do Espírito Santo em 1972, e era justificado como compensação econômica temporária pela erradicação do café levada a efeito naquele Estado, quando havia naquele ano-safra uma superprodução dessa commodity, e o governo federal da época assim decidiu. Imaginaram um criativo sistema de financiamento de longo prazo com juros fixos reduzidos, em valor proporcional ao valor do ICMS recolhido sobre os produtos importados através do Porto de Vitória, de forma que o valor presente líquido do ICMS para o importador ficaria reduzido em cerca de 70%.

Em resposta a esses incentivos, muitos importadores de insumos industriais desviaram suas importações do porto de Santos e do Rio de Janeiro para o Porto de Vitória. Acontece que naquela época, e até o fim da década de 1990, somente o Espírito Santo praticava essa modalidade de incentivo fiscal para produtos importados, os quais eram quase exclusivamente sem similar nacional, uma vez que a então toda-poderosa Cacex não liberava licenças de importação para qualquer mercadoria estrangeira que desejasse entrar no país. Apesar da contestação de alguns outros Estados desde os anos 1980, o Fundap não representava até então uma grave ameaça à indústria nacional, e sobrevivia ano após ano, governo após governo, os quais algumas décadas depois já nem mesmo se lembravam de sua longínqua origem derivada da erradicação dos cafezais em 1972.

Nos últimos 15 anos, as importações brasileiras se multiplicaram, e muitos outros Estados brasileiros introduziram regimes de incentivos fiscais para produtos importados que hoje em dia movimentam dezenas de bilhões de dólares de importações incentivadas, as quais competem diretamente e de forma desleal com a produção nacional, destruindo renda, emprego, e investimentos produtivos em nosso país. Por um punhado de ICMS, equivalente a cerca de apenas 3%, ao invés dos 12% (interestadual) ou 18% (estadual), esses governos estaduais vendem sua "alma ao diabo", ou melhor, aos produtores estrangeiros, que se aproveitam dos incentivos tributários para vender volumes crescentes de seus produtos no mercado interno brasileiro.

As importações obrigam a indústria nacional a se tornar a cada dia mais moderna e mais competitiva. O que estamos aqui contestando é algo bem diverso, ou seja, contestamos veementemente as espúrias vantagens fiscais atualmente oferecidas a produtos estrangeiros importados que concorrem de forma desleal com a produção nacional.

Para encerrar definitivamente esta nefasta distorção tributária que ainda prevalece na economia brasileira, está em tramitação final no Senado Federal uma resolução, a de número 72/2010, que poderá vir a reduzir o ICMS interestadual sobre produtos importados sem transformação no Estado de origem, para meros 4%, ou seja, sem espaço para manobras fiscais que justifiquem a continuidade desta denominada "Guerra Fiscal dos Portos". Espera-se que os senadores da República, no cumprimento de seus deveres constitucionais, determinem imediatamente o regime de urgência para a votação da resolução, e assim, votando em maioria simples pela sua aprovação, ponham fim a esse crime de lesa-pátria que tanto tem prejudicado a indústria nacional nos últimos anos.

GOSTOSA


A economia pós-industrial - NAERCIO MENEZES FILHO

VALOR ECONÕMICO - 17/02/12


A chave para o crescimento econômico sustentado de um país é o crescimento de sua produtividade. Os Estados Unidos, por exemplo, tornou-se líder econômico mundial pelo crescimento contínuo de sua produtividade. Nos últimos anos, o Brasil tem crescido principalmente por meio da utilização de mais trabalhadores e máquinas, enquanto a produtividade desses fatores está patinando. Aliado a isso, houve, nas últimas décadas, uma transformação estrutural na nossa economia, com o setor de serviços dominando a geração de novos empregos.

Quais problemas isso tem causado para o crescimento da nossa economia? Como a produtividade pode voltar a crescer?

O crescimento sem produtividade tem causado muitos problemas. O principal deles é que o espaço para crescimento com expansão de emprego está acabando pois a taxa de desemprego atingiu níveis historicamente baixos. Assim, o Brasil só poderá continuar a crescer com forte aumento de salários, o que contribuirá para a volta da inflação e diminuirá ainda mais a competitividade da indústria.

O nosso problema de produtividade foi agravado pelas transformações setoriais que ocorreram na economia brasileira. No início da década de 60, o Brasil era um país essencialmente agrícola. Metade dos nossos trabalhadores estava empregada na agricultura, 15% na indústria e apenas 35% nos serviços. Entre os anos 60 e 80, a agricultura se modernizou, os trabalhadores deixaram o campo e vieram para as cidades trabalhar na indústria (24%) e nos serviços (53%). Hoje em dia o Brasil é basicamente uma economia de serviços, que emprega 65% dos trabalhadores. Somente 16% deles estão na agricultura e a indústria desde 1990 participa com apenas 1/5 do emprego. Economia pós-industrial.

Vale notar que esse mesmo processo tem ocorrido, em maior ou menor grau, com velocidade maior ou menor, em todos os países do mundo. Com a expansão da renda disponível e queda dos preços, resultados do aumento da produtividade agrícola, as pessoas passaram a gastar mais com serviços do que com roupas, geladeiras e televisões. No Brasil, esse processo foi acelerado pela liberalização comercial. Como vários setores industriais no país não podiam competir com outros países, por terem sido protegidos durante muitos anos, a abertura fez com que uma parcela significativa dos trabalhadores industriais fosse transferida para o setor de serviços e para a informalidade.

Como a grande maioria dos trabalhadores está empregada no setor de serviços, o crescimento da produtividade na economia brasileira tem que passar necessariamente por esse setor. Aumentos de produtividade na indústria, conquanto necessários, pouco efeito terão na produtividade e no crescimento do país como um todo. O problema é que a produtividade no setor de serviços é muito baixa no Brasil. Enquanto a produtividade dos trabalhadores agrícolas brasileiros já atingiu 50% dos seus equivalentes americanos, na indústria ela equivale a 20% e nos serviços é de apenas 10%. Como o setor de serviços foi aumentando sua participação no emprego, o crescimento da produtividade na agricultura e na indústria não se refletiu totalmente na economia É por isso que nosso PIB per capita é apenas 20% do americano.

Vale notar que a perda de empregos na agricultura não impediu que ela se tornasse a principal fonte de recursos de exportação hoje em dia. Ao concentrar-se nos produtos em que o Brasil tem vantagens comparativas e produzir inovações constantes nas técnicas produtivas, a agricultura superou o custo Brasil e (com forte ajuda da China) tem contribuído muito para a geração de divisas. A indústria deveria fazer o mesmo.

O setor de serviços abrange, além dos serviços pessoais, comércio, bancos, comunicações, transporte e setor público. Aumentos de produtividade nesses setores, além de afetarem diretamente a economia como um todo, têm impactos importantes na indústria e agricultura, que dependem de energia, transporte e educação eficientes. Mas, como aumentar a produtividade do setor de serviços?

Grande parte dos trabalhadores no setor de serviços está em pequenas empresas, muitas delas no setor informal ou no setor público. Os métodos de gestão de pessoal e de solução de problemas nessas empresas são muito antiquados. Basta entrar num bar e pedir um café ou numa repartição pública para notarmos as ineficiências por toda a parte. Se esses trabalhadores fossem realocados para empresas maiores no setor formal, tudo seria diferente. Para que isso ocorra, o governo deve fazer sua parte. É necessário privatizar empresas, desregulamentar mercados, reformar as leis trabalhistas, simplificar a estrutura tributária e qualificar urgentemente os trabalhadores.

Em suma, a economia brasileira de hoje depende muito do setor de serviços e não há nada o que se possa fazer quanto a isso. Apesar de ter menos "status" do que os setores altamente tecnológicos, o crescimento do país sem inflação vai depender do que ocorrer com a produtividade nos serviços. Para aumentar a produtividade, o governo tem que fazer a sua parte. Mas, para começar esse processo, é necessário, antes de tudo, diagnosticar corretamente o problema.

O preço de Kassab - MARIA CRISTINA FERNANDES

VALOR ECONÔMICO - 17/02/12

São Paulo elegeu sete prefeitos desde a redemocratização. Destes, quatro conquistaram o posto com alianças encabeçadas pela direita (Jânio, Maluf, Pitta e Kassab), dois o fizeram pela esquerda (Erundina e Marta) e apenas um pelo centro (Serra).

Preferências mudam, mas o eleitorado de São Paulo tem se mostrado razoavelmente estável ao longo das últimas duas décadas. Essa estabilidade se reproduz geográfica e socialmente com considerável coerência.

A direita, quando capaz de montar alianças capazes de abocanhar um naco das áreas e dos eleitores de centro e esquerda, tem sido a força eleitoral mais competitiva da maior cidade do país.

Some-se à força da história eleitoral a taxa de sucesso de prefeitos que buscam fazer seus sucessores. Em São Paulo, desde 88, apenas dois o fizeram - Maluf e Serra -, elegendo sucessores oriundos da direita partidária, Pitta e Kassab.

Foge, portanto, do campo da elocubração ou torcida a constatação da força eleitoral do prefeito Gilberto Kassab. Ainda que a fotografia do momento revele uma administração mal avaliada, o histórico do comportamento eleitoral paulistano, somado à boa saúde financeira do município neste último ano de mandato, dá ao prefeito capital suficiente para lhe assegurar a condição de pivô de sua sucessão.

Ao criar o PSD Kassab montou a estratégia com a qual pretende ampliar a abrangência desse capital político da esfera municipal para a nacional. Aliando-se a um partido com nítidas ambições de chegar ao Palácio do Planalto, o PSB, Kassab deixou claro que entrou no jogo para ir além do espaço de fiel da balança entre petistas e tucanos hoje ocupado pelo PMDB.

Foi em busca desse capital ampliado que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez a minuta de aproximação entre o PT e Kassab, que culminou com a ida do prefeito ao palanque do aniversário petista.

Valeu-se dos mapas eleitorais das duas vitórias petistas na cidade. Luiza Erundina foi beneficiária de um voto útil de última hora numa campanha em que o esvaziamento do centro resultou na sua polarização com os malufistas. Tivesse havido segundo turno, o centro e a direita somados teriam votos de sobra para derrotar Erundina.

Doze anos depois, Mario Covas mostrou como a força de alguns personagens pode mudar cartas marcadas. Governador do Estado quando seu candidato a prefeito da capital, Geraldo Alckmin, perdeu a vaga no segundo turno de 2000 para Paulo Maluf por oito mil votos, Covas subiu no palanque petista arrastando o centro para eleger Marta Suplicy.

O mapa daquela votação mostrou que Marta ganhara na cidade inteira, à exceção das seções eleitorais com maior perfil de renda, lideradas pelo candidato do PSDB.

Enquanto Maluf foi forte, os tucanos não encontraram seu lugar na cidade. Foi preciso uma hecatombe das proporções da administração Celso Pitta para desgastar o capital político do malufismo e dar lugar, em 2004, à primeira vitória do PSDB no seu berço político com a eleição de José Serra.

A sobrevivência do malufismo na capital explica em grande parte por que o PSDB, governando o Estado de São Paulo desde 1994, só ganharia a eleição paulistana dez anos depois.

No Estado o PSDB ocupou os espaços do PMDB de Orestes Quércia, cuja força eleitoral declinou enquanto a do malufismo ascendia. Quando Paulo Maluf elegeu-se prefeito da capital (1992), Luiz Antônio Fleury Filho já se preparava para encerrar em desgraça a derradeira gestão pemedebista no Estado.

A ascensão de Serra à prefeitura em 2004 e a eleição de Kassab quatro anos depois se dariam com a herança de zonas eleitorais do centro expandido de tradição malufista e marcadamente antipetista. As franjas da cidade continuariam com o PT mas, na sua derradeira tentativa de voltar, Marta mostrou não ser capaz de ultrapassá-las.

Nem o perfil classe média de Dilma foi capaz de romper a muralha erguida em São Paulo contra o PT. Nas cinco eleições presidenciais - e outras cinco estaduais - que disputou o partido, só venceu uma única vez na capital paulista, quando Luiz Inácio Lula da Silva derrotou Serra em 2002, numa contenda marcada pelo desemprego crescente do final do governo Fernando Henrique Cardoso.

As dificuldades eleitorais petistas no mais importante centro urbano do país desmontam uma tese em voga nas esquerdas durante muito tempo, de que os eleitores inclinam-se por candidatos conservadores por falta de esclarecimento.

O microcomerciante de Santana, tradicional reduto malufista da zona norte da cidade, apesar de ter prosperado nos governos Lula/Dilma, só enxerga taxas municipais quando pensa que o PT voltaria à prefeitura. Foi a perspectiva de conquistar esse eleitor que fundamentou os argumentos pró-aliança com o PSD.

Kassab já estava precificado no PT quando a candidatura Serra tomou forma. Os petistas avaliam que Kassab lhes ajudaria a vencer em São Paulo e minar as chances de o PSD vir a se aliar aos tucanos em 2014. Os tucanos também estão chegando à conclusão não podem prescindir dele na disputa paulistana, além de temerem o isolamento a que podem vir a ser submetidos pela aliança PT-PSD.

Petistas, pelo poder de contemplar o PSD nacionalmente, parecem ter mais poder de barganha, mas pesa a favor do PSDB maior afinidade das bases eleitorais de ambos os partidos. O que está em jogo é mais do que um ministério ali ou uma candidatura acolá. É a máquina de fazer política em que se transformou o PSD. Com o aumento da procura, o preço do prefeito subiu. E o pregão mal começou.

O motivo - ILIMAR FRANCO

COM FERNANDA KRAKOVICS

A Câmara dos Deputados negou ao PSD o pedido de ter participação proporcional ao seu tamanho, a terceira maior bancada, nas comissões da Casa porque os demais partidos temiam legitimar a solicitação, feita pela nova sigla ao TSE, para ter direito a tempo de TV e fundo partidário nas eleições deste ano. O julgamento deve ocorrer em abril. O comando de comissões em si é apenas um detalhe. Por isso, o PSD não aceitou a criação de duas novas comissões para compensá-lo.

Nem esquerda, nem direita, nem centro
Depois que Gilberto Kassab fez um giro de 180°, deixando a oposição e indo para os braços do governo federal, nenhum partido tem confiança na posição que ele adotará nas eleições em São Paulo. A cúpula do PSDB está pessimista quanto ao apoio do PSD a José Serra. Já dirigentes do PT admitem que ele vai abandonar as conversas em torno de Fernando Haddad para embarcar na candidatura tucana. No próprio PSD há análises divergentes. Um grupo diz que ele já avançou demais nas conversas com o PT e que sua prioridade é o projeto nacional. Outra corrente afirma que ainda há tempo hábil para ir com Serra.

"O contingenciamento era esperado. Compreendemos a necessidade de o governo fazer uma ação preventiva e esperamos a liberação ao longo do ano” — Henrique Alves, deputado (RN) e líder do PMDB

A ESCOLHA. A presidente Dilma pretende nomear o novo ministro do Trabalho em março. Se o PDT puder indicar um nome, será o secretário-geral do partido, Manoel Dias. Ele é afinado com o presidente da sigla, Carlos Lupi, que deixou a pasta após denúncias de corrupção. Já se a escolha for da presidente, o favorito é o deputado Vieira da Cunha (RS), na foto. O PDT está irritado com a demora na escolha, e Dilma está contrariada com a decisão do partido de votar conta o Funpresp.

Compensação
Para tentar conter a insatisfação dos pré-candidatos com a provável implosão das prévias para a prefeitura de São Paulo, a cúpula do PSDB acena com postos na coordenação da campanha de José Serra para José Aníbal e Ricardo Tripoli.

Será?
Apesar da entrada do PDT na administração de Geraldo Alckmin, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) afirma que manterá sua pré-candidatura à prefeitura de São Paulo. "Isso não tem nada a ver com 2012", disse ele.

Mãos abanando
A presidente Dilma não pretende substituir o ministro Paulo Sérgio Passos (Transportes) para atender ao PR, e não tem margem para compensar o partido com outro cargo equivalente. O mais irritado com a situação é o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), que foi derrubado do ministério e não consegue fazer o sucessor. Mesmo com toda a revolta, o partido não cumpriu um dia o anúncio de "independência" em relação ao governo.

Causa própria
O governador Camilo Capiberibe (AP) pediu ao relator do Código Florestal, Paulo Piau (PMDB-MG), que retire do texto a redução da reserva legal, de 80% para 50%, para estados que tiverem mais de 65% de unidades de conservação.

No pé
Parlamentares que ficaram irritados com o deputado Romário (PSB-RJ) por ele ter criticado o ritmo de trabalho da Câmara, "onde nada acontece", cobram sua ausência na sessão de anteontem, quando 11 decretos-leis foram votados.

CARNAVALESCAS 1. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, vai ao Galo da Madrugada, em Recife, amanhã.

CARNAVALESCAS 2. O lançamento da campanha contra a exploração sexual de crianças e adolescentes, ontem, em Salvador, pelas ministras Maria do Rosário e Luiza Bairros, virou um ato de desagravo ao governador Jaques Wagner por causa da greve da PM.

VATICANO. Depois de passar a semana às voltas com lideranças evangélicas, o ministro Gilberto Carvalho viajou ontem para Roma, para a cerimônia de consagração de Dom João Braz de Aviz como cardeal.


O caso raro do coronel Davis - MOISES NAÍM


FOLHA DE SP - 17/02/12

Militar não acredita que EUA sairão do Afeganistão em 2014, como prometeu o presidente Barack Obama


É provável que você nunca tenha ouvido falar de Daniel Davis. Ele é tenente-coronel do Exército dos Estados Unidos, trabalha no Pentágono e participou das duas guerras contra o Iraque e da guerra no Afeganistão. Regressou recentemente de sua última missão nesse país e escreveu um relatório que começa assim: "Em seus comunicados ao Congresso e ao povo americano, os militares de mais alto escalão distorceram a tal ponto os fatos sobre a situação real no Afeganistão que a verdade se tornou irreconhecível. Isso prejudicou a credibilidade dos EUA diante de aliados e inimigos, limitando gravemente nossa capacidade de conquistar uma solução política no Afeganistão. Já custou bilhões de dólares que, se a verdade tivesse sido conhecida, o Congresso jamais teria aprovado; essa conduta de nossos líderes militares vem prolongando a guerra. Mas o maior custo decorrente do logro são as dezenas de milhares de militares feridos, mutilados ou mortos cujo sacrifício resultou em pouco ou nenhum benefício ao país".

E esta é apenas a versão pública do relatório de Davis. Ele também produziu uma versão confidencial. Não satisfeito com isso, o coronel Davis publicou um artigo explosivo na "Armed Forces Journal", em que afirma: "Tenho sido testemunha da ausência de êxito em qualquer nível... Quantos mais terão que morrer em nome de uma missão que não está tendo êxito?".

Davis me disse que mais de 800 mil pessoas leram esse artigo. E foi apenas depois de toda essa atividade pública que ele informou a seus superiores. Quando o entrevistei, o fiz ver que essa é a conduta de alguém que parece não se importar com a possibilidade de ser expulso das Forças Armadas -ou até mesmo levado a julgamento. "Nada disso", Davis respondeu. "Esta é minha vida. Quero continuar nisto enquanto eu puder servir a meu país."

Que a guerra no Afeganistão esteja indo muito mal não constitui surpresa. A surpresa é que, segundo Davis, ela vai muito pior do que concluem os relatórios de militares americanos. Outra surpresa é que um oficial na ativa esteja infringindo todas as regras e denuncie seus superiores no Pentágono. E o mais surpreendente é que Davis ainda não tenha sido castigado.

Uma possibilidade é que o coronel goze da proteção de um grupo de generais dissidentes e seja, de certa forma, porta-voz desse grupo. Na conversa que teve comigo, Davis negou isso com veemência. A outra hipótese é que o Pentágono receie a possibilidade de uma represália aumentar mais ainda a visibilidade e influência do coronel. Finalmente, outra surpresa é que o coronel Davis me disse que não acredita que os EUA vão sair do Afeganistão em 2014, como prometeu o presidente Obama. Para Davis, a estratégia provavelmente será deixar fortes bastiões militares em alguns locais estratégicos do país. Segundo ele, as tropas deixadas nesses locais devem dedicar-se primordialmente a capturar -ou matar- os terroristas que usem o país como base. É uma maneira brutal de dizer que não existe esperança alguma de que apareça no Afeganistão uma nação pacífica, próspera e democrática.
Tradução de CLARA ALLAIN

GOSTOSA


Ideia maluca - LUIZ GARCIA


O GLOBO - 17/02/12
Um grupo de juristas que ajudam o Senado numa muito necessária reforma do Código Penal teve uma ideia absolutamente original. A originalidade costuma ser prova de imaginação criadora, algo que supostamente - ou quase sempre - deve ser estimulado em especialistas incumbidos de reformas.

Vejamos se há, neste episódio, razão para aplauso. A proposta é simples, pelo menos aparentemente: trata-se da criação de uma compensação para cidadãos condenados pela Justiça. Eles seriam beneficiados com uma redução de até um sexto de suas penas sempre que fossem vítimas de excessos ou abusos por parte de algum órgão da mídia. É uma ideia ainda em começo de carreira. Precisará ser aprovada pelos 16 especialistas - juízes, promotores e juristas diversos - e em seguida passar pelo Senado e pela Câmara antes de subir à sanção da presidente Dilma.

Há, portanto, bastante tempo e suficiente espaço para que seja abandonada. E precisa sê-lo. Na forma atual da proposta, os juízes poderão abrandar a pena sempre que o réu "sofrer violação dos direitos do nome e da imagem pelo abuso degradante dos meios de comunicação social". A existência do tal abuso degradante - algo mais vago do que isso é impossível - será decidida pelo juiz, por critérios obviamente pessoais e bastante subjetivos.

Se a ideia for adiante, podemos esperar duas consequências curiosas. Uma delas seria a adoção pela mídia de uma censura voluntária do noticiário, para não contribuir para livrar algum réu da pena merecida. A outra, mais original, e com certeza bem possível, seria um acusado remunerar jornalistas desonestos - que existem, sou obrigado a confessar, para surpresa de ninguém - para que baixassem o porrete na sua biografia. O dano para a reputação do réu esperto seria passageiro (como diz velho ditado, o jornal de ontem serve apenas para embrulhar o pão) e o espertalhão voltaria para casa mais cedo.

A novidade, registre-se com alívio, embora elogiada por alguns juristas, tem sido criticada por parlamentares e membros da comissão de reforma do Código Penal. É bastante provável que não sobreviva, mas é preciso olho vivo. De onde saiu essa proposta podem brotar outras, talvez não tão obviamente malucas.

Enfrentar a obsolescência das estruturas urbanas - WASHINGTON NOVAES


O Estado de S.Paulo - 17/02/12


A rotina massacrante das metrópoles e das demais grandes cidades brasileiras já não chega a ser tema central das preocupações da sociedade, tal a sua frequência no noticiário do cotidiano, ao lado da ausência quase total de soluções. Acontecimentos recentes, como o desabamento parcial ou total de edifícios, explosões de bueiros e redes subterrâneas, entre outros, têm, entretanto, levado a cogitações e iniciativas mais que oportunas. Como a página em edição recente do caderno Aliás (5/12) deste jornal, em que o professor Vinicius M. Netto, da Universidade Federal Fluminense, entrevistado por Ivan Marsiglia, alerta, sob o título Cidades partidas, para o que considera sintomas de "um problema mais amplo e perturbador: a exaustão das estruturas e infraestruturas das metrópoles brasileiras".

Para o entrevistado, a dificuldade de entender os problemas de nossas cidades leva à ausência de planejamento estratégico e da mobilização de técnicos "em número e preparo suficientes". O Rio de Janeiro, nesse particular, já estaria mostrando esses "sinais de exaustão de suas estruturas e infraestruturas". E, o que é mais grave, essa degradação já afetaria todas as capitais brasileiras. Talvez um sinal claro esteja no desejo da Prefeitura paulistana de tornar obrigatórios vistoria e laudo técnico a cada cinco anos para edifícios não residenciais com mais de 500 metros quadrados (Estado, 7/2).

Preocupação semelhante parece estar levando a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, a programar para o início de maio próximo um seminário internacional - Metropolização Brasileira e os Desafios da Gestão Urbana - em que especialistas de vários ministérios discutirão com convidados de vários países os dramas das nossas grandes cidades e possíveis soluções. Para que questões como as da violência urbana, da insegurança coletiva, do transporte massacrante, da moradia precária, da ausência de serviços básicos deixem de ser apenas um item do noticiário rotineiro e consigam chegar ao plano das soluções efetivas.

O próprio setor imobiliário residencial analisa, em recente publicação - Condutas de Sustentabilidade (Secovi-SP) -, o peso desse segmento em várias áreas, como a demanda de 40% da energia total no mundo, o consumo de um terço dos recursos naturais planetários, a emissão de um terço dos gases que influenciam mudanças climáticas, 12% do consumo de água potável e 40% dos resíduos sólidos urbanos produzidos. E os 10% da mão de obra total empregados geram 10% do produto bruto mundial. Quando se fala em termos brasileiros, o setor responde por 16% do consumo de água, 9,4 toneladas de materiais por habitante/ano e 500 quilos de resíduos sólidos gerados por ano - ou 95 milhões de toneladas/ano totais. E com o emprego de 6,9 milhões de pessoas consome 10,8% da energia total e 22,3% da eletricidade. Números gigantescos, que aumentam a preocupação com as infraestruturas, que não param de crescer. Em São Paulo, por exemplo, as construtoras estimam em torno de 570 mil novos metros quadrados de escritórios classe A (cinco vezes mais que em 2011) o total para 2012, ou 28% de acréscimo.

Até quando suportaremos tal crescimento urbano?

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nossa taxa anual de natalidade já está abaixo da reposição (comparando com a de mortalidade). Mas ainda temos uma quantidade imensa de mulheres em idade fértil, que nasceram em outras décadas. E a expectativa de vida continua a subir. Por isso, só em 2010, mais 1,62 milhão de pessoas se acresceram à população brasileira, e esta chegou a 192,3 milhões. Nossas metrópoles não param de crescer - 11,3 milhões de habitantes em São Paulo, 6,4 milhões no Rio de Janeiro, 2,7 milhões em Salvador, 2,6 milhões em Brasília, 2,5 milhões em Fortaleza, 2,4 milhões em Belo Horizonte.

Mas se forem computadas as populações de regiões metropolitanas, São Paulo vai para 19,8 milhões; o Rio, para 11,7 milhões; Belo Horizonte, para 5,5 milhões; Porto Alegre, para 3,9 milhões; o Distrito Federal, para 3,8 milhões. As 15 maiores somarão 71,7 milhões de pessoas, ou 37,25% do total. Sem falar que o processo de metropolização, com repetição do modelo, avança a passos largos, seja no eixo São Paulo-Uberlândia, seja em outras regiões. Portanto, mesmo com as taxas de nascimento em decréscimo, ainda levaremos algumas décadas e teremos mais dezenas de milhões de pessoas antes de alcançar a estabilização.

Diante disso, como suportar o crescimento exponencial dos dramas do trânsito e das mortes que ele provoca (19 por 100 mil habitantes, ante 5 na Europa, por exemplo, menos ainda nos Estados Unidos)? Como admitir que até 2020 se calcule que haverá um crescimento de 62,3% na frota automotiva, e com a venda de motocicletas superando a de automóveis? Como pensar que o número de homicídios - que chegou a quase 50 mil em 2010 - continue a se elevar e já esteja em 137 por dia? E a tudo isso se vem somar a evidente obsolescência física das infraestruturas urbanas, que está levando setores importantes a reflexões aprofundadas.

Já há uns 30 anos o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, órgão da respectiva convenção da ONU, vem alertando para o número crescente de desastres que levam à destruição de pontes, aterros, cabeceiras de pontes, etc., em rodovias, em razão do volume maior de chuvas e de sua concentração em menor número de horas - o que agrava a pressão sobre as estruturas. Essa pressão tem chegado às cidades e suas estruturas por causa da redução das calhas de rios, como se tem visto muito em várias regiões brasileiras. Agora começa a ficar evidente a obsolescência das próprias estruturas físicas urbanas, provocando acidentes até aqui impensáveis.

É indispensável que o poder público se associe às preocupações acadêmicas e dê consequência aos estudos, transforme-os em soluções urgentes.

O Inferno de Disney - FERNANDA TORRES


FOLHA DE SP - 17/02/12

Por doze anos recusei levar meu filho à Disney. Uma convicção estética inarredável orientava a minha negação. Nessas férias, porém, uma viagem ao México com escala em Miami amoleceu meu coração de mãe.
No dia 24 de janeiro do fatídico ano de 2012, abandonei os maias e a esplendorosa península do Yucatán para entrar em um avião rumo à Orlando. A temporada de cinco dias na Flórida foi comparável aos círculos de sofrimento de "A Divina Comédia", de Dante.
Como Deus ora pelos inocentes, meu rebento menor, de três, caiu com 39 graus de febre no aeroporto de Cancún. A milagrosa virose o deixou de molho nas primeiras 72 horas de aflição na América, enquanto eu e o maior adentrávamos as profundezas da terra onde os sonhos se tornam realidade.
O Limbo, primeiro círculo de penitência, se apresentou na forma de montanhas-russas colossais que comprimem os sentidos a forças G inimagináveis. Deixei meus neurônios serem prensados contra a parede do crânio em loopings cadenciados, até ser cuspida tal e qual um zumbi agastado, tomado por abobamento crônico.
As máquinas medievais de martírio causam náusea, vômito e enxaqueca.
Para os que preferem sofrer ao rés do chão, simuladores provocam a mesma sensação de abismo sem saírem do lugar em que estão.
Na sétima hora do dia, enquanto era sugada, no lugar da chupeta, por uma Maggie Simpson descomunal, eu já não falava e nem me mexia. Caí dura no resort de golfe, "wonder land" da terceira idade muito frequente na região.
A Flórida é o último refúgio dos que viveram até a aposentadoria.
Abri o olho e reneguei assistir a tormenta das baleias cativas nos tanques do Sea World. Atrás de motivos para ser castigada, fui arrastada às compras por um furacão chamado luxúria.
Usufruímos o céu nublado da Universal da tarde seguinte. O ar de quermesse do parque vazio, o clima ameno e o Harry Potter nos fizeram crer na alegria infantil dos americanos. Driblamos bem a comida intragável, servida em porções individuais que alimentariam tribos inteiras. O jejum é dádiva quando se encara as aves inchadas a hormônio e o teor transgênico das lanchonetes. Orlando é a cidade campeã da obesidade mórbida; o Lago de Lama dos que sucumbiram à gula.
A última alvorada foi dedicada à Disney. O sol brilhou no sábado de inverno, atraindo a multidão bíblica que lotou os milhões de metros quadrados de hotéis, zoológicos e parques temáticos; interligados por rodovias, hidrovias e ferrovias futuristas.
A Disney é um conceito apavorante de infância organizado em um sistema angustiante de filas. É o ante-inferno dos indecisos que aguardam em caracóis indianos uma satisfação que nunca chega.
Você anseia para ter o direito de aguardar em pé, agarrada à democrática senha que só amplia a espera. A jornada se esvai em uma azucrinante administração de tickets. A condenação à eterna expectativa seria até suportável, não fosse o suplício sonoro.
Como vespas a picar os tímpanos, a voz aguda das musiquinhas enjoadas, os "cling", "cleng", "glom" das engenhocas de ferro e a proliferação de musicais da Broadway, encabeçados pelo grande show do castelo da Cinderela, são de perder a razão. E mesmo durante o safari, única esperança de silêncio ecológico, o timbre de buzina da guia aspirante à atriz vinha pinçar os nervos.
A comparação entre a delicadeza do Caribe mexicano e a artificialidade embalada em plástico de Orlando foi um choque e tanto.
Antes de partir, visitei o paraíso. Um pântano na zona rural povoado por crocodilos, peixes e pássaros semelhante ao gigantesco charco que Walt Disney adquiriu há décadas atrás.
Em paz, no meio da lagoa virgem, me perguntei o porquê da zona urbana daquele lugar manifestar um prazer masoquista tão arraigado.
Talvez seja culpa pelo excesso de ofertas nos supermercados, pela invenção do papel higiênico felpudo, do "super size" tudo, dos veículos alcoólatras e das cidades sem pedestres. A insustentável fartura social se penitencia tomando sustos em trem fantasmas mirabolantes.
Não é diversão, é dívida cristã. A Disney nasceu na Idade Média.

O passado condena - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 17/02/12
Um dos pontos mais importantes para a atividade política decidido ontem, na segunda sessão de votação da Lei da Ficha Limpa, que acabou sendo aprovada para entrar em vigor já nas eleições municipais deste ano, foi a possibilidade de impugnar-se candidaturas por fatos passados.

Da mesma maneira como a vigência da lei, esse seu detalhe fundamental foi aprovado por 7 votos a 4, alterando-se apenas dois votos: o ministro Dias Toffoli, que votou contra a lei, não viu inconstitucionalidade em relação à possibilidade de causas de inelegibilidade atribuídas a fatos anteriores à vigência da lei.

Já o ministro Marco Aurélio Mello, que votou a favor da lei, foi contra a utilização de fatos pretéritos como motivo para impugnação de candidaturas.

"Vamos consertar o Brasil, mas vamos consertá-lo daqui para a frente", disse o ministro. Na sua visão, aprovada como foi essa possibilidade, em vez de uma renovação normativa, temos "uma revolução".

Mesmo que Toffoli mude sua posição, pois ele se disse sensível a revê-la nesse aspecto, a maioria de 6 a 5 se imporá.

O ministro Cezar Peluso chegou a afirmar não conhecer "nem em regimes autoritários" a legislação atingir o passado. Ele foi irônico ao ser confrontado com o fato de que a maioria estava contra a sua posição:

"A lei assim perde o caráter prospectivo e geral, ganha caráter particular. Ela deixa de ser lei e passa a ser um confisco de cidadania." Por essas razões "e com o respeito à douta maioria, sempre mais sábia", Peluso registrou que há nessa decisão uma "retroatividade maligna".

O presidente do Supremo usou um argumento quase filosófico para reafirmar sua convicção: "Nessa situação, há supressão da responsabilidade ética, pois a pessoa não tem sequer a possibilidade de evitar a conduta censurada."

O ministro Ayres Britto em seu voto definiu que existem três valores consagrados: a democracia, o meio ambiente equilibrado e a moralidade da vida publica. "Valores que todo povo que se preze consagra na sua experiência histórica."

E por que a Constituição reage de forma tão severa à improbidade?, perguntou o ministro, para colocar o dedo na ferida: "Porque nossa reputação nesse campo não é boa. Permitam-me citar um trocadilho do padreAntônio Vieira: "Os governadores chegam pobres às Índias ricas (como o Brasil era chamado) e voltam ricos das Índias pobres"."

Ayres Britto defendeu a tese de que a Constituição mandou considerar a vida pregressa do candidato, "que não pode estar imersa em nebulosidade no plano ético", pois a palavra "candidatura" vem de "cândido", "limpo".

Para ele, a Lei da Ficha Limpa tem uma ambição de implantar no país "uma qualidade de vida política e acabar com uma cultura perniciosa".

O ministro Celso de Mello disse que a decisão, na realidade, "é o reconhecimento da possibilidade de o legislador imputar a situações pretéritas já consumadas a irradiação de novo efeito de Direito fundamental de participação política."

O ministro Luiz Fux rebateu: "O cidadão teria o direito adquirido de cometer o ilícito e ainda poder concorrer?". Ao quê, Ayres Britto aduziu: "A renúncia não pode significar blindagem."

Para ele, ao falar expressamente em "vida pregressa", a Constituição se referia ao passado. "Se a vida pregressa é pautada por esse namoro com o ilícito, é de se supor que vá aprofundar esse namoro no cargo público."

A certa altura do julgamento, o ministro Gilmar Mendes criou um embaraço ao dar um exemplo do que seria uma exorbitância da lei. "Fico com a preocupação de o legislador amanhã querer ampliar a lei e abarcar outros fatos do passado. Na semana passada, discutimos a Lei Maria da Penha, que tem um sentido próprio de afetar culturas. Imagine se todas as pessoas que se envolveram em espancamento de mulheres (que, embora lamentável, parece ser um esporte nacional) ficassem inelegíveis? O ato é torpe, mas razoável apanhar esse fato para refletir sobre efeitos futuros?"Acontece que a ministra Cármem Lúcia, justamente na discussão da Lei Maria da Penha, havia reafirmado que as mulheres, inclusive as ministras do Supremo, sofriam discriminação.

Mesmo criticando, chamar o espancamento de mulheres de "esporte nacional" não foi a melhor maneira de defender sua tese.

Os ministros criticaram duramente os políticos. Celso de Mello disse que a grande falha é imputável "não ao povo, mas aos partidos, que escolhem mal seus candidatos". Ayres Britto lembrou que a lei veio 16 anos depois da Emenda Constitucional Revisora número 4, que previa a análise da vida pregressa. "O Congresso estava em mora, não atendeu por conta própria o chamamento da Constituição. O povo cansado,desalentado, se organizou sob a liderança de mais de 70 organizações e criou a iniciativa popular."

O ministro Gilmar Mendes não se deixou intimidar pelas afirmações de que a vontade popular vai no sentido de aprovação da lei, afirmou: "Ao meu ver, é completamente equivocada a evocação de um desejo de uma maioria popular momentânea, a vontade do povo, para justificar o prejuízo de um princípio tão importante quanto a presunção de inocência." E ainda provocou: "Este é o mesmo povo que elege os chamados candidatos "ficha-suja". Qual vontade popular é a mais legítima?" Para o ministro Gilmar Mendes, a população passará a acreditar que a Lei da Ficha Limpa é solução porque não é muito difícil para a população acreditar no forte teor simbólico dessa lei. "Mas a função desta Corte é aplicar a Constituição, mesmo contra a opinião majoritária. E porque o problema continuará", frustrando as expectativas populares.

A coluna volta a ser publica na Quarta-Feira de Cinzas. Bom carnaval.

DE PEITO ABERTO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 17/02/12
Uma boa parte do "high society" paulistano tirou a roupa para fazer fotos e postá-las em um blog em solidariedade a "uma amiga do peito e de peito" que teve "sua vida digital covardemente atacada e exposta". A jovem, que é relações públicas, teve o celular furtado numa festa. O ladrão encontrou no arquivo imagens em que ela estava nua e enviou para o Facebook da própria vítima.

CARETICE

Amigos como o arquiteto Felipe Diniz, a estilista Paula Raia e o produtor Pedro Igor Alcântara posaram nus e enviaram as imagens para o blog meusorrisodogato.blogspot.com. "Esse blog é feito por aqueles que compartilham da sensação de impotência, mas não se curvam à caretice desses tempos!", diz a página. "Ficamos indignados. Foi um protesto", afirma Diniz.

QUASE LÁ

A expectativa em torno da saída ou não de Ricardo Teixeira da CBF, ontem, tinha raízes no passado: em 2001, na época das CPIs que investigaram negócios do futebol, ele chegou a escrever carta de renúncia e enviar a jornalistas de sua confiança. Tudo já estava certo, mas, no dia do anúncio, Teixeira recuou.

BOM CONSELHO

Na época, pesou um conselho de José Sarney, cujo filho, Fernando Sarney, é também da CBF: Teixeira poderia até renunciar. Mas ninguém deve fazer hoje o que pode fazer em 15 dias. O cartola recuou. E acabou desistindo. Em 2002, a seleção brasileira foi pentacampeã e ele foi recebido no Palácio do Planalto por Fernando Henrique Cardoso.

EU QUERO SOSSEGO

A presidente Dilma Rousseff disse a Fátima Mendonça, primeira-dama da Bahia, que não queria nada especial durante a folga na base naval de Aratu, no Estado. "Quero é ficar com meus livros", disse Dilma, segundo Fátima.

CLIMA DE FESTA

A Webjet vendeu uma passagem a mais para um voo SP-Salvador na quarta antes do Carnaval. O passageiro que "sobrou" fez a tripulação dar risada: "Sabia que era classe econômica, mas não sabia que era de pé, não!".

DIA DE CABARÉ

O espetáculo "Cabaretfagia", baseado no conto "A Tristeza de Raimundo", do ator e diretor Gero Camilo, foi apresentado anteontem no Sesc Vila Mariana. A pianista Cida Moreira e os cantores Thiago Pethit e Rubi participaram da montagem. No repertório, canções de Brecht, Belchior, Criolo e James Brown.

FEIJUCA BOA

O empresário Ricardo Amaral realiza amanhã, no Jockey Club do Rio, mais uma edição da Feijoada do Amaral, evento que ele criou há 35 anos no sábado de Carnaval. Por lá já circularam celebridades e políticos. Em 1989, as atrizes Guilhermina Guinle e Alexia Dechamps e a modelo Luiza Brunet, grávida, foram ao evento. "O bom Carnaval tem que ter um mix com políticos, artistas, gente da sociedade, esportistas", diz Amaral.

LONGE DA ÁFRICA

Convidada por Sabrina Sato, rainha de bateria da Vila Isabel, para ser a Rainha Africana no desfile da escola, a top Gracie Carvalho declinou na última hora. Ela havia aceitado sair como destaque, no domingo, mas irá viajar para fazer uma campanha em Nova York.

TRISTONHO

Fernanda Feitosa, diretora da SP-Arte, participou da abertura da feira Arco, em Madri, nesta semana. Seu marido, Heitor Martins, presidente da Fundação Bienal, ficou no Brasil para negociar a crise da instituição, que teve suas contas bloqueadas pelo Ministério da Cultura por irregularidades em gestões anteriores.

"Ele está muito triste. Imagina o escândalo se não tiver Bienal neste ano", diz ela.

QUEM PODE, PODE

Wagner Moura, que está em Berlim para fazer o filme "Praia do Futuro", grava nesta semana, na cidade, dois comerciais para a operadora de celular da qual é garoto-propaganda.

As campanhas serão feitas lá por causa de sua agenda.

DE GAIATO NO NAVIO

A festa Baile do Comandante aconteceu anteontem no clube Yacht, na Bela Vista. A modelo Marina Dias foi uma das DJs. O arquiteto Guto Requena circulou pela balada.

CURTO-CIRCUITO

A Trash 80's terá programação de Carnaval de hoje a terça. 18 anos.

Fernando Ferrer faz show hoje, a partir das 22h, no Azucar. 18 anos.

A Fifa, a FGV e o Cies lançam em 16 de março curso de gestão, marketing e direito no esporte, coordenado por Pedro Trengrouse, na Academia Brasileira de Letras.

Os Titãs farão sete apresentações em comemoração dos 30 anos do disco "Cabeça Dinossauro" entre os dias 8 e 17 de março. Às 21h30, no Sesc Belenzinho. 12 anos.

Dilema na Petrobras - EDITORIAL FOLHA DE SP


FOLHA DE SP - 17/02/12
Graça Foster, ao assumir direção da empresa, promete fidelidade incondicional a Dilma Rousseff; preços de derivados são primeiro teste

Na cerimônia de sua posse, a nova presidente da Petrobras prometeu "fidelidade incondicional" à presidente Dilma Rousseff.

A expressão é cabível numa conversa privada entre amigas de longa data; empregada em público, suscita preocupação quanto ao rigor que Graça Foster imprimirá à necessária distinção entre Dilma, seu partido (PT) e seu governo, de um lado, e de outro a União, acionista majoritária da Petrobras.

A executiva fez mais uma promessa, dirigida a outro público: a de buscar para a companhia um lucro maior que o de 2011. Foi um aceno aos numerosos acionistas minoritários, prejudicados pela evolução decepcionante que o preço das ações da Petrobras tem apresentado desde meados de 2010.

Dentre os fatores que explicam esse desempenho, claramente inferior à média dos demais papéis que compõem o índice da Bolsa de Valores de São Paulo, está a diminuição do lucro da empresa, de R$ 35 bilhões para R$ 33 bilhões, entre 2010 e 2011. E tal redução está associada, em grande parte, à política de preços da estatal.

Vários produtos têm gerado prejuízo para a Petrobras, sobretudo porque o custo de importá-los supera o preço de venda no mercado brasileiro. É o caso da gasolina e, de forma mais marcante, do diesel. Analistas estimam que em 2011 a companhia tenha sofrido prejuízo de quase R$ 2 bilhões nas operações de importação e venda de diesel -e de mais cerca de R$ 500 milhões com a gasolina.

Aumentar os preços cobrados por esses produtos nas refinarias melhoraria a rentabilidade da empresa e poderia reforçar sua capacidade de investir. Diante de outras limitações, como os prazos longos pedidos por fornecedores, já há algum tempo a Petrobras vem descumprindo suas metas de aumento da produção. Por outro lado, reajustes de combustíveis poderiam aumentar a inflação.

No que toca à gasolina, se a Petrobras determinar altas de preço nas refinarias, o governo pode mitigar o impacto sobre a inflação por meio de redução do valor de um tributo (a Cide) cobrado sobre cada litro vendido ao consumidor.

Esse expediente, no caso do diesel, teria efeito pequeno, porém, pois a parcela da Cide embutida no preço final é bem menor. Logo, seria mais substancial o impacto sobre a inflação de um realinhamento do preço do diesel.

Fica evidente que a política de preços da Petrobras envolve um conflito de interesses, entre os objetivos políticos do Planalto e a saúde da maior empresa do Brasil. Uma solução equilibrada parece incompatível com a atitude de alinhamento automático de Graça Foster com o governo de turno.

A anemia da indústria - CELSO MING


 O Estado de S.Paulo - 17/02/12


Nunca um organismo oficial do governo brasileiro foi tão taxativo no diagnóstico como o Ipea: "A indústria brasileira enfrenta problemas sistêmicos de competitividade".

É o que vai à página 3 do último Conjuntura em Foco (veja o link: http://miud.in/1bPU). Quer dizer, o problema não é concorrência predatória da China, nem força demais dada ao agronegócio, nem descaso da política industrial. É falta de competitividade.

O estudo começa com o dimensionamento do tombo da indústria no comércio exterior. Entre 2005 e 2011, a participação de produtos manufaturados no total das exportações brasileiras despencou de 55,1% para 36,0%.

Esse resultado não tem propriamente a ver com o forte aumento das exportações de produtos primários, mas, sim, com o encolhimento de 14,4% do volume (quantum) exportado de manufaturados no período (veja o gráfico).

A avaliação do Ipea descarta sumariamente a alegação, tantas vezes repetida por dirigentes da Indústria, de que esse recuo é consequência da crise internacional, pelo encolhimento da demanda de produtos manufaturados. A perda de participação nas exportações começou bem antes, observa o Ipea. E, se houve impacto sobre encomendas da indústria nacional, a crise teve apenas "papel coadjuvante".

O Ipea busca explicação para o esvaziamento industrial na política cambial adversa e nos "problemas estruturais" conhecidos. E passa como gato sobre brasa sobre os tais "problemas estruturais", provavelmente para não expor o governo Dilma nas velhas e não resolvidas questões do custo Brasil. Vê como fatores de definhamento "a qualidade da infraestrutura, magnitude e composição da carga tributária, grau de qualificação da mão de obra e níveis de entraves burocráticos".

Os economistas do Ipea atêm suas críticas ao modelo dos governos FHC e Lula, a partir do Plano Real, e à "estratégia monetária de juros elevados e de câmbio valorizado como forma de manter a inflação em patamares considerados confortáveis para os investidores internacionais".

Ou seja, juro alto e câmbio baixo ajudaram a atrofiar a indústria, porque os governos usaram o câmbio achatado para abastecer uma população com poder aquisitivo em ascensão, ávida por consumo. Assim, importações crescentes de manufaturados (a preços relativamente baixos) agiram contra interesses imediatos da indústria e solaparam sua competitividade.

Mas o que fazer para reenergizar essa indústria cada vez mais anêmica? O Ipea propõe incentivar investimentos. E aí está a maior fragilidade do estudo. A indústria não fraquejou por falta de investimentos. Ela se dá por consequência da fraqueza anterior. Se o empresário não investiu o suficiente não foi por falta de empurrão do governo, mas porque o retorno (lucratividade) do investimento na transformação deixou de ser compensatório.

Ao contrário do que sugere o Ipea, a adoção de uma política de investimentos sem correção do problema de fundo (seja a excessiva valorização do real, seja o enorme custo Brasil) seria uma alocação inútil de esforços e de recursos.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 17/02/12
Alta do IPI não beneficia consumidor, afirma Volvo

Há apenas 45 dias de volta da França para o Brasil, Paulo Solti, o novo presidente da Volvo Cars Brasil e América Latina, diz que a matriz sueca estuda a possibilidade de produzir no Brasil, mas que, por ora, não há nada de concreto no horizonte.

"Não é fácil explicar para a Suécia o custo Brasil. Só para expor a carga tributária são dois meses", afirma Solti.

A Volvo absorveu cerca de 15% do aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre os automóveis importados, segundo ele.Para Solti, o governo adotou a medida pensando apenas na balança comercial.

"Foi uma decisão técnica, mas o consumidor final não ganhou nada com ela", diz.

"Não resolveu o problema fundamental, o dos impostos. Estimular a abertura de concessionárias empregaria mais pessoas do que as cinco fábricas que eventualmente serão feitas no Brasil por causa da medida."

Segundo Solti, concessionárias chegam a empregar até cem pessoas por unidade.

"E 150 revendedores ao ano gerariam muito mais emprego", acrescenta. "O mercado cresce, tem gente querendo comprar e paga pela ineficiência do governo."

Em 2011, a Volvo, que importa os carros que comercializa no país, cresceu 140% no volume de vendas.

O segmento de luxo vende cerca de 45 mil unidades ao ano. Da Volvo, foram 5.211 em 2011, número que deve se repetir em 2012.

A partir de junho, a empresa passará a oferecer no Brasil o modelo V 60, cujo diferencial é a traseira. A frente do carro é a mesma do sedã S 60, de 2011. O preço dos quatro modelos no país varia de R$ 90 mil a R$ 250 mil.

NÚMEROS DA EMPRESA

2.168 carros Volvo foram vendidos no Brasil em 2010

5.211 automóveis da marca foram comercializados no país no ano passado

373.525 foi o número de carros vendidos em todo o mundo em 2010

449.255 automóveis foram vendidos em 2011 em todo o mundo

5 fábricas produzem os veículos da marca; estão na Suécia, na Bélgica, na China, na Tailândia e na Malásia

"O governo tomou a decisão [de elevar IPI sobre importados] pensando na balança comercial; 150 revendedores gerariam muito mais emprego do que cinco fábricas. E que tecnologia trouxeram para o país?"

ESCRITÓRIO CARIOCA

O volume de escritórios de luxo ocupados no Rio de Janeiro em 2011 superou a soma de todos os outros tipos de imóveis comerciais pela primeira vez, segundo a consultoria CB Richard Ellis.

A absorção bruta de escritórios considerados de classe A apresentou aumento de 50,5% em relação ao ano anterior e chegou a 172,2 mil metros quadrados.

No mesmo período, a ocupação dos outros imóveis teve alta de 3,4% e ficou em 133,6 mil metros quadrados, de acordo com o estudo.

Seis anos atrás, em 2006, a diferença entre os dois índices era de cerca de 82,6 mil metros quadrados.

Café... Os embarques de café atingiram 3,4% do total das exportações brasileiras e 9,2% do agronegócio do país em 2011, de acordo com o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

...encorpado Segundo Guilherme Braga, diretor-geral da entidade, nos últimos dez anos, o café brasileiro teve participação de 30% a 36% no mundo. Em 2011, o setor registrou R$ 8,7 bilhões de receita.

'Headhunter' A consultoria de recrutamento Hays acaba de abrir unidade no Chile, seu quarto escritório na América Latina. Na região, a empresa também está no Brasil, na Colômbia e no México.

Na rua Depois de chegar ao valor mais baixo dos últimos 17 anos, os casos de despejo por falta de pagamento em São Paulo cresceram 32,3% em janeiro, ante dezembro, segundo o grupo Hubert.

NEGÓCIOS NAS ARÁBIAS

A missão comercial para Arábia Saudita e Emirados Árabes, que reuniu 26 empresas brasileiras, deve gerar negócios de US$ 81,3 milhões nos próximos 12 meses, segundo a Apex-Brasil.

Os cinco dias de reuniões acabaram ontem. Entre as companhias que participaram estão Garoto, Vinícola Aurora, Eucatex e Dell Anno.

Representantes de cinco construtoras também foram a Dubai para discutir projetos de infraestrutura para as Copas do Mundo de 2014, no Brasil, e 2022, no Qatar.

CARTEIRA ASSINADA

O emprego formal no comércio varejista da região metropolitana de São Paulo subiu 5% em novembro de 2011, na comparação com o mesmo mês de 2010, segundo pesquisa da FecomercioSP, com base em dados do Ministério do Trabalho.

O ritmo de crescimento é inferior ao de novembro de 2010, que havia registrado um aumento de 7,3% na mesma base de comparação.

Em relação a outubro, o incremento foi de 14%.

O comércio ainda registra saldos positivos de contratação formal, segundo a entidade. O volume de admitidos no mês foi 52,3 mil. Foram demitidos 41,2 mil na região.

A rotatividade no comércio geral foi de 4,8%, segundo a FecomercioSP.

O segmentos de maior rotatividade foram lojas de vestuário, tecidos e calçados (7%), material de construção (4,5%), lojas de departamentos (3,8%), autopeças e acessórios (3,7%).

CANA CERTIFICADA

Um programa de certificação para produtores de cana-de-açúcar foi criado pela Raízen (joint venture entre Shell e Cosan) em parceria com a Bayer CropScience.

O projeto deve preparar os fornecedores para o processo de auditoria do grupo alemão TÜV Rheinland, que exige boas práticas agrícolas.

Apenas 14 produtores, todos da região de Piracicaba (SP), participarão da fase inicial do programa. A Raízen, porém, pretende enquadrar todos os seus fornecedores nos padrões de certificação global.