quinta-feira, abril 07, 2011

ANDREI SPACOV - Com o perdão da heresia


Com o perdão da heresia
ANDREI SPACOV
VALOR ECONÔMICO - 07/04/11

Permitir uma flutuação maior do câmbio pode ser a saída menos dolorosa agora.

Parece ser ponto pacífico hoje em dia que o câmbio não pode apreciar mais no Brasil. Vou defender justamente o contrário: permitir uma flutuação maior do câmbio (o que, no atual momento, provavelmente significa deixar o câmbio se apreciar), pode ser a saída menos dolorosa para os problemas macroeconômicos que nos afligirão nos próximos anos.
Primeiro, quais problemas são esses? Inflação alta com rigidez crescente causada pela indexação que volta a emergir (a começar pelo salário mínimo) e que provavelmente exigirá lá na frente mais tempo de crescimento abaixo do potencial para trazê-la de volta sob controle.

Por que o câmbio? Talvez seja mais fácil começar a responder porque não usar apenas os juros. Estima-se que o efeito da taxa de juros sobre a inflação se dá principalmente por três canais: o do câmbio, o do crédito e o das expectativas (outros canais existem mas são provavelmente secundários a esses três). Se o câmbio é impedido de apreciar, o instrumento juros perde parcela considerável de sua potência, já que ele fica restrito basicamente aos outros dois canais.

Não bastasse isso, o Brasil vive nos últimos anos uma expansão estrutural do crédito que também reduz esse canal. É claro que uma maior razão crédito/Produto Interno Bruto (PIB), em estado estacionário, aumenta a potência desse canal. O problema, porém, é que na transição entre o estado de crédito baixo para o estado alto ocorre uma expansão estrutural das condições de empréstimos que atrapalha um movimento de aperto da taxa básica pelo Banco Central (BC). E é justamente esse período de transição que o Brasil vive nos últimos tempos. Por exemplo, em 2010, houve uma alta de 200 pontos básicos da Selic enquanto que a taxa média ao tomador final pessoa física caiu 210 pontos básicos.

O BC tem tentado, via medidas macroprudenciais, corrigir esse efeito e atuar diretamente sobre o canal de crédito, mas dados recentes sugerem que essas medidas têm eficácia limitada em frear as mudanças estruturais no mercado de crédito. Além disso, elas introduzem distorções sobre um sistema que já possui depósitos compulsórios e spreads elevadíssimos, o que limita o seu campo de uso.

Portanto, no caso desse movimento estrutural do crédito continuar (seja por competição entre os bancos, mudanças sociais etc) subir juros hoje significa atuar com apenas um canal funcionando em sua plenitude. É claro que esse canal restante, o de expectativas, é muito importante. Por si só, ele justifica o uso do instrumento juros, especialmente em tempos de perda de credibilidade do Banco Central no controle da inflação. Mas temos que ter em mente o seguinte: subir juros sem deixar o câmbio flutuar incorre num importante "desperdício" do instrumento, o que na prática significa que provavelmente precisaremos de mais juros para atingirmos a mesma meta de inflação.

Os defensores da intervenção cambial nos remetem para o aumento das importações e o comportamento da indústria recentemente para rechaçar qualquer movimento de apreciação adicional do câmbio, independente do que isso possa significar para o patamar futuro da taxa de juros. Faço então a legítima pergunta: porque, por exemplo, um virtual par de câmbio a R$ 1,65 e Selic a 12% é tão superior a um par de câmbio a R$ 1,50 e Selic a 9%? Pois esses são justamente os patamares que as elasticidades do modelo do BC, corroboradas pela maior parte dos analistas, nos oferecem em termos de "trade off" entre câmbio e juros. Será que a economia estaria tão pior no segundo caso? O que é mais importante para a indústria, juros baixos ou câmbio competitivo?

A resposta da economia política parece fácil: para os grupos maiores e organizados, que dependem menos do sistema bancário privado para se financiarem e, portanto, são menos expostos à taxa Selic, faz muito mais sentido brigar pelo câmbio competitivo. Mas será que o mesmo vale para o pequeno empresário e o restante da economia? Infelizmente essa maioria silenciosa sofre com o problema de coordenação e se vê obrigada aceitar esse equilíbrio de juros altos, câmbio contido e expansão do crédito subsidiado (cujos custos fiscais também são socializados).

Outro ponto sempre lembrado é o déficit em conta corrente: para onde iria se deixassem o câmbio flutuar ao sabor do mercado? É razoável supor que movimentos de apreciação muito rápida do câmbio podem gerar volatilidade indesejada na conta corrente, o que justifica alguma tentativa de suavização dos movimentos do mercado cambial. Todavia, o que vemos ultimamente no Brasil está longe de ser apenar uma suavização dos movimentos de mercado pelas autoridades e representa muito mais a tentativa de estabelecer pisos a partir do qual o câmbio nominal não passa.

Porém, o déficit em conta corrente (também chamado de poupança externa) em última análise é determinado pelo balanço estrutural entre a poupança doméstica e o investimento agregado e não pelos desejos deste ou daquele governante. Se os projetos de investimentos crescem a uma velocidade maior do que a poupança doméstica, o déficit em conta corrente será maior, seja com câmbio nominal a R$ 1,65 ou a R$ 1,50, pois a inflação ajustará o câmbio real na medida certa para que isso aconteça.

Os dilemas acima talvez pareçam um pouco distantes num momento em que os governantes sinalizam não fazer grande oposição ao quadro de inflação estabilizada ao redor de 6%, crescimento próximo do potencial e câmbio fixo onde está. Porém, são questões que provavelmente virão à tona se tivermos a infelicidade de descobrir que o termo "inflação estabilizada ao redor de 6%" no Brasil não existe.

Andrei Spacov é Ph.D. em Economia pela Universidade da Califórnia, Berkeley, e sócio da Gávea Investimentos

O CHEFE DA QUADRILHA

TUTTY VASQUES - O cigarro do futuro


O cigarro do futuro
TUTTY VASQUES
O ESTADO DE SÃO PAULO - 07/04/11

Eram modelos diferentes, todos com design de última geração, que, um a um, o sujeito à minha frente foi tirando dos bolsos quando chegou sua vez de ingressar na área de embarque do Aeroporto de Congonhas. O homenzinho despachou para exame em raio X quatro celulares que levava junto ao corpo na viagem. Não é, convenhamos, um vício como outro qualquer!

A crescente dependência do homem moderno ao telefone móvel pode ser medida em seu nível mais dramático pela crise de abstinência provocada por 50 minutos de aparelhos desligados na ponte aérea Rio-São Paulo. Tem executivo que não espera o avião tocar na pista para religar o seu, fissurado por torpedos, e-mails, mensagens de voz, um tapa qualquer no celular: "Alô, cheguei!"

Dá pena dessa gente imaginar que, no futuro, o vício em questão será considerado tão nocivo quanto o cigarro hoje em dia. Proibido nesta semana nas agências bancárias do Rio - tendência já consagrada em outras cidades -, o uso do celular acabará sendo, por motivos de segurança ou pura inconveniência, restrito a ambientes privativos.

Nada de pânico, por favor! Só quando, enfim, criarem áreas para portadores de aparelhos em restaurantes terá chegado a hora de largar o vício.

Bebê até cair
Deu na revista britânica Reveal: "Amy Winehouse anda obcecada pela ideia de ter um bebê." Pode ter sido um mal-entendido! A cantora, muito provavelmente, só queria beber.

Nem aí!

Se vier mesmo para o Corinthians, o meia holandês Seedorf levará sobre Adriano a vantagem de não entender os xingamentos da Fiel quando o Timão for mal das pernas em campo.

A fila anda

Se algum clube brasileiro ainda estiver precisando de técnico, do jeito que a Inter de Milão anda pagando mico na Itália, logo, logo o Leonardo vai estar de bobeira em Niterói.

Devagar com o andor

A manifestação de pais de santo reunidos ontem em Brasília contra as ideias de Jair Bolsonaro deixou o deputado pensando se aproveita a deixa para dizer ou não tudo que pensa sobre a umbanda e o candomblé. Melhor não, né?!

Disposição de menino

Eduardo Suplicy ainda não está de todo recuperado do esforço dos últimos dias! Também, pudera! O senador mexeu todos os seus pauzinhos para tentar liberar visto de entrada nos EUA pro rapper Emicida tocar no festival Coachella, na Califórnia. Não conseguiu, e ainda acordou ontem com o corpo todo doído!

Isso pega!

Quem foi o irresponsável da TV Globo que autorizou Ana Maria Braga a trabalhar com conjuntivite? Se o vírus se espalha pelo Projac, Cordel Encantado (próxima novela das 6) estreia segunda-feira com metade do elenco usando óculos escuros.

Agora vai!

A estreia de Aécio Neves na tribuna do Senado foi uma espécie de refundação da oposição.

NINA HORTA - Galinhas felizes


Galinhas felizes
NINA HORTA
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/04/11

Podemos fazer um trato. Durante um certo tempo cada um come o que quer, sem infernar o outro


VAMOS CONTINUAR estudando esse assunto de carnívoros e vegetarianos com muito carinho, bibliografia é o que não nos há de faltar, nem senso comum. Há o risco de se perder o prazer de comer por argumentos que ainda não resolvemos se tem fundamento ou não.
Podemos fazer um trato. Durante um certo tempo cada um come o que quer, sem infernar o outro, pois valores mais altos se alevantam. Uns que sigam a cultura e a tradição, outros que façam mudanças drásticas, mas cada um cada um, nada de patrulhamentos numa era tão conturbada.
Um pensador manda comer menos, mais plantas que animais, com prazer. Outro, culpadíssimo, só come plantas até chegar o dia dos bichos bem tratados e bem matados. Tudo isso é senso comum, mas por enquanto não há couve orgânica e galinhas felizes para todos. Vamos fazendo nossa pressão sobre os fornecedores, passem a culpa para eles que já começaram a se sensibilizar e que por sua vez podem pressionar outros.
Não temam o castigo na vida eterna por termos tratado mal nossos semelhantes, as vacas, os porcos, as galinhas. Sempre podemos retrucar com delicadeza a quem nos vier castigar, que nós humanos tão pouco fomos criados todos iguais, todos felizes, pastando com alegria nos campos do Senhor. Temos pestes, sofrimentos, vivemos em poleiros um tanto quanto sem higiene e sem água ou com água demais, dependurados nos morros, em guerras santas. Os que escapam dessa sorte estão na mesma proporção que os orgânicos, são os ricos, pouquíssimos no cômputo geral e que também não escapam do final infeliz. Morrem todos. Está tudo sob controle, os senhores vão melhorando aí, nós vamos tentando o melhor aqui, mas nada de neuras malucas, ou galinhas sendo mortas com anestesia peridural. Devagar com a louça.
Na verdade temos aperfeiçoado loucamente o nosso jeito de matar gente, com mísseis, bombas, gases, claro que podemos aperfeiçoar o de matar animais. Claro.
Confesso que um dia quis ser normal como minha mãe e me preparei para matar uma galinha. Vou me plagiar, porque já contei aqui, há muito tempo. Nenhum remorso ou culpa, bem treinada, dei um pequeno corte de faca afiada no seu pescoço e ela me fez o favor de morrer imediatamente, sem sofrimento e sem um pio. Coisa de segundo. Se eu consegui, as grandes fazendas também vão conseguir na hora que quiserem.
Pensei que matar um bicho faria o mundo revirar, nós ali debruçados sobre a morta. Mas não havia tristeza no coração de ninguém, nem de quem matou nem de quem assistiu. A vida continuava igual numa radiosidade intensa e parada, tudo acontecendo no ramerrão de sempre. O galinheiro, então, tem um desdém enorme pela morte, vieram para perto bicar algumas coisas e pensavam "antes ela do que eu".
Ainda tenho vontade de mudar para aquele sítio onde matei a galinha. Temei, penas, temei! Sozinha, sem relações humanas para administrar, força no coração para matar sem medo e sem perder a ternura, dia após dia, o mar azul, o cheiro de lenha, a chuva criadeira, mas o mais importante é a sozinhez de velha louca, a absorção diária e ínfima da escuridão até alcançar a indiferença feroz das galinhas para com a vida e para com a morte.

ANCELMO GÓIS - Terra treme na OSB


Terra treme na OSB
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 07/04/11

Os bailarinos Ana Botafogo e Alex Neoral decidiram não participar da estreia da temporada 2011 da Orquestra Sinfônica Brasileira, sábado agora, no Teatro Municipal do Rio. — Não achamos justa a forma com que a orquestra tem tratado seus músicos — diz Neoral.

Roda da fortuna 
Lula é o mais novo “milionário” da praça. Com os cachês das palestras já contratadas, o faturamento do ex-presidente já passa de US$ 1 milhão. Até o fim de maio a agenda está tomada. 

Navalha na carne
Na escolha de Murilo Ferreira para comandar a Vale, calou no coração de Dilma uma história que chegou ao Planalto. Por esta versão, Ferreira teria deixado a Vale, em 2008, não por causa de um enfarte, quando presidia a Inco, mas por discordar da proposta de Roger Agnelli de demitir em massa na subsidiária canadense. A conferir.

Aliás...
Tito Martins, que substituiu Ferreira na Inco, cortou, em março de 2009, cerca de 900 empregos no Canadá. 

Menos sal
Alexandre Padilha, ministro da Saúde, chegou declarando que ia traçar metas de redução dos índices de sódio, gorduras e calorias dos alimentos. A questão evoluiu e, hoje, será firmado um acordo com a indústria de alimentos para reduzir o sal dos produtos. Espera-se que, com a comida menos salgada, caia o número de hipertensos, doentes renais e cardiopatas.

Retratos da vida
Uma médica carioca que tem câncer recebeu ontem um telefonema de uma pessoa estranha a seu círculo de amigos. Do outro lado da linha, estava Hebe Camargo, 82 anos, que também teve um câncer, com uma mensagem encorajadora.

Vitória de Herbert
A 11a- Câmara Cível do Rio condenou a alemã W. D. Flugzeugleichtbau, fabricante de ultraleves, a indenizar Herbert Vianna em R$ 400 mil. Em 2001, o aparelho que pilotava caiu em Mangaratiba, RJ, e Herbert ficou paraplégico. A mulher dele, Lucy, morreu.

Defeito...
O advogado do músico, Ivan Nunes Ferreira, argumentou que a queda foi causada por um defeito de fabricação. 

Alô, mãe 
A TIM chegou à marca de 2 bilhões de minutos em ligações DDD e lidera este mercado, segundo a Anatel, com 48,25%. Desde junho de 2009, a operadora subiu 43% neste ranking. 

Sobrou para o Zé 
Jair Bolsonaro quer ter Zé Dirceu de testemunha de defesa caso seja processado na Câmara.

Deus castiga
Um aluno do curso de Direito da PUC-Rio teve seu celular furtado dentro de sala, segunda, durante uma aula de religião.

Império da lei

Veja que legal. A prefeitura do Rio, por intermédio da Secretaria de Urbanismo, vai entregar mais de 60 novas certidões de habite-se a moradores do Morro Dona Marta, em Botafogo. 

Chinelinho
O deputado Bebeto, que tanto brilhou nos campos de futebol no Brasil e no exterior, precisa comparecer mais à Assembleia do Rio.
Faltou até à votação de um projeto dele mesmo, que concedeu a Medalha Tiradentes ao bloco Cacique de Ramos. 

Frieira vip 
A Praia de Geribá, em Búzios, RJ, virou foco de bicho geográfico, aquele da larva que contamina os pés por causa de cocô de cachorro. Uma carioca levou o namorado paulista para conhecer o balneário, no fim de semana, e voltou com o bicho no pé. 

Calma, gente 
No meio desse debate sobre homofobia detonado pelo deputado Jair Bolsonaro, outro dia, MC Catra foi ovacionado num baile funk, ao brincar: — Devemos respeitar o homem que gosta de mulher, a mulher que gosta de homem e o homem que gosta de homem. Afinal, eu gosto mesmo é... das lésbicas! Sabe por quê? Porque elas sempre trazem a amiguinha! 
É. Pode ser.

ROBERTO MACEDO - Deforma política


Deforma política
ROBERTO MACEDO
O Estado de S.Paulo - 07/04/11

Como substantivo, deforma não está no dicionário, mas cabe para enfatizar riscos envolvidos na discussão sobre a reforma política ora em curso no Congresso. O assunto tem várias dimensões e tratarei do sistema para eleição de deputados e vereadores.
A enorme distância entre eleitores e eleitos é um ingrediente importante da frágil representatividade destes últimos e corrói seriamente as bases de uma democracia. Hoje o contato é muito restrito ao período eleitoral. É como se houvesse políticos-cometas, que só aparecem a cada quatro anos à cata de votos.

E há o alto custo das campanhas, que favorece alguns candidatos e interesses, e é particularmente elevado na eleição de deputados, disputada em todo um Estado, e para a vereança de grandes cidades. Presente, também, o chamado efeito Tiririca, em que um candidato muito votado elege outros com poucos votos. E, de forma geral, o efeito transferência, porque o voto num candidato pode servir para eleger outro, mesmo indesejado pelo eleitor. E, ainda, o número excessivo de partidos, aliado à sua fragilidade associativa e programática, que alcança mesmo alguns dos maiores.

Uma das propostas em discussão alteraria aspecto do atual sistema eleitoral, em que cada partido (ou coligação) elege seus candidatos mais votados, proporcionalmente aos votos recebidos individualmente pelos seus candidatos e pelo próprio partido. Chamada de lista fechada, a proposta quer que o eleitor deixe de votar em candidatos específicos, passando a votar só no partido. Os eleitos viriam de listas por partidos, nas quais os candidatos seriam previamente enfileirados para depois identificar os eleitos pelos votos partidários. Essa proposta interessa muito ao PT e com sua força foi aprovada na comissão do Senado que trata do assunto.

Outra é a do voto distrital, em que cada Estado ou município seria dividido em distritos com número quase igual de eleitores. Num distrito, cada partido apresentaria um candidato e seria eleito apenas um representante distrital, tal como numa eleição direta para o Executivo.

A terceira ideia é a do "distritão". Quer que cada Estado ou município seja um "único e grande distrito", e eleitos os mais votados, independentemente do partido a que pertencessem. Ora, distritos são partes de um todo e o nome perde sentido como a soma delas. Na realidade, seria um "corridão", em que, por exemplo, na eleição para deputados federais de São Paulo, cerca de mil corredores, ou candidatos, disputariam. Ao final, os 70 mais votados receberiam o mandato. O "distritão" levanta sobrancelhas, mas a ideia é liderada pelo vice-presidente da República, Michel Temer, tido como influente no Congresso Nacional, em particular na Câmara dos Deputados, da qual foi presidente.

É a proposta que menos resolve. Não reduz a distância eleitor-eleito e o custo seria até mais alto, pois candidatos hoje eleitos com votos de outros teriam de gastar mais. A fragilidade partidária seria até agravada, pois acentuaria o personalismo. O efeito Tiririca deixaria de ocorrer como carregamento ou transferência, mas haveria novos Tiriricas, pois o mesmo personalismo e a atual desilusão com os parlamentes atrairia mais candidatos vindos da esfera do entretenimento.

Ao eliminar o voto nominal, a lista fechada ampliaria fortemente a referida distância, e não há garantia de que reduziria custos, pois a campanha dos partidos com suas listas abriria espaço para uso maior da propaganda, entre outros aspectos, ampliando o mercado para o dispendioso marketing eleitoral. E haveria, digamos, custos relacionados à posição na lista. O efeito Tiririca não seria necessariamente eliminado, pois partidos poderiam recorrer a celebridades e vulgaridades para puxar votos para sua lista. Assim, de forma indireta, ocorreria também o efeito transferência. De positivo, a lista fechada poderia fortalecer os partidos, mas também robusteceria as oligarquias que hoje os comandam, podendo levar a disputas "fratricidas" internas. Aspas porque eles estão longe de ser fraternidades.

O voto distrital, que várias vezes já defendi neste espaço, é o que mais pode resolver os problemas apontados. Assim, reduziria fortemente a citada distância, em particular no exercício do mandato, pois o eleito teria de prestar contas dele no seu distrito, sem o que poria em risco a reeleição ou a indicação de sucessor. O efeito Tiririca muito provavelmente sairia de cena, inclusive o próprio personagem e similares, hoje eleitos por votos amealhados em todo o território eleitoral, como se viessem de todos os seus distritos. Em cada um seria muito difícil chegar à eleição, pois essa soma não seria possível, e haveria comparações entre candidatos e com adversários mais fortes.

Quanto aos custos eleitorais, em princípio cairiam os de candidatos, pois concorreriam no espaço menor de um distrito. Contudo, dentro dele, a disputa entre candidatos seria mais clara e acirrada, talvez elevando custos no conjunto dos distritos, e novamente porque o confronto direto abriria espaço maior para a propaganda eleitoral nas suas várias formas. Mas creio que os benefícios do distrital compensariam eventuais custos adicionais.

Embora a melhor proposta, a dificuldade do voto distrital está na necessidade de mobilização política e popular para aprová-la. Outra dificuldade é a de explicar o sistema, razão por que defendo sua proposição como eleição direta para o Legislativo, e comparada à de cargos executivos. O brasileiro gosta de eleições diretas e a luta bem-sucedida pela sua realização para a Presidência da República deixou marcada essa preferência.

Não menos importante, contudo, é combater a deforma que viria com a lista fechada ou com o "distritão", pois há o risco de ser desmentida a pregação do mesmo Tiririca de que pior do que está não fica.

ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), É PROFESSOR ASSOCIADO À FAAP

CONTARDO CALLIGARIS - Relativismo, em termos



Relativismo, em termos 
CONTARDO CALLIGARIS 

FOLHA DE SÃO PAULO - 07/04/11


Saímos da ditadura das tradições para entrar na dos sentimentos e de sua confissão escancarada

NO VERÃO de 1966, em Roma, um dos meus amigos era chamado de Normale, pela turma inteira -apelido irônico, pois ele era totalmente dedicado à tarefa de ser "anormal".
Normale era filho de um pastor do centro-oeste dos EUA e fumava imensos baseados enrolados num papel bíblia que ele recortava e humidificava, para que queimasse devagar. Segundo ele afirmava, o papel provinha das Bíblias que seu pai lhe mandava regularmente, na esperança que ele se redimisse.
Nestes dias, no Afeganistão, homens-bomba mataram e feriram copiosamente para punir (?) um pastor que, na Flórida, diante de sua pequena congregação, processou, condenou e queimou o Corão (entenda: um exemplar do livro). Pensei que estava na hora de mandar Normale para lá -tanto para a Flórida quanto para o Afeganistão.
Na época, eu achava que a rebeldia generalizada de Normale era babaca. Hoje, comparada com a babaquice do pastor da Flórida e dos homens-bomba do Afeganistão, ela me parece ser uma nobre arma contra o obscurantismo.
Lançado de paraquedas nos ditos lugares, se ele não for massacrado, Normale poderia impor pelo escândalo alguns valores básicos de nossa modernidade, a começar pela primazia do espírito sobre a letra -fumar livros é desrespeitoso, mas o livro vale pelas ideias e não pelo papel.
Agora, atenção: no conflito entre Normale e o obscurantismo, para estar do lado de Normale, não preciso acreditar que a rebeldia seja um valor "natural" ou "mais evoluído" do que a obediência às tradições. BASTA-ME O FATO DE QUE A REBELDIA É O VALOR DE MINHA TURMA. Mais um exemplo.
Na Ilustrada de 30 de março, Luc Ferry, filósofo francês, apresentou seu livro "La Révolution de l'Amour" (Plon) lembrando que, no Ocidente, a passagem "do casamento arranjado por famílias ao casamento de amor" produziu uma revolução que vai além da vida amorosa. Valorizar os sentimentos acima da autoridade e das tradições familiares é um traço decisivo de nossa maneira de ser.
Até aqui, tudo bem. Gosto da modernidade ocidental tanto quanto Ferry e, como ele, considero que nossos valores devem ser promovidos e defendidos -não seria difícil me convencer a mandar a infantaria quando, em algum lugar do mundo, um Romeu, proibido de cortejar sua Julieta, pedir nossa ajuda.
Mas Ferry justifica nossa preferência cultural comum. Segundo ele, o fato de privilegiar os sentimentos nos levou a privilegiar a existência humana -a nossa e a de todos; com isso, aos poucos, desistimos de grandes ideias que pedem tributos de sangue e ficamos com a tranquila vontade de viver bem e em paz. Ou seja, nós somos os mais "humanos" de todos.
À diferença de Ferry, eu não preciso achar que nossos valores sejam os mais "humanos". Prefiro defendê-los simplesmente por eles serem os que parecem justos em meu foro íntimo. Ou seja, não quero estabelecer a "superioridade" de meus valores por algum critério que lhes seja externo. Sou relativista?
Sim, se isso quer dizer que, para mim, nossa cultura não é o suprassumo da essência humana. Mas não sou relativista se isso implica desistir de defender os valores de nossa cultura.
Em suma, o relativismo não significa que todos os valores se equivalem, mas que, para defender a cultura da gente, não é necessário nem é bom considerar que nossos valores sejam "naturais" ou "essenciais" e, portanto, estejam acima da diversidade dos tempos e dos costumes.
Por que não é bom? Simples: quando consideramos nossos valores como "naturais", paramos de enxergar que, como qualquer cultura, a nossa também é, antes de mais nada, um dispositivo de controle das mentes e dos corpos -ou seja, perdemos a capacidade de criticar nossa cultura.
Por exemplo, se acreditarmos que a modernidade ocidental é o fim triunfal da história, diremos que a primazia dos sentimentos nos libertou, enfim e de vez. Tudo de bom, não é?
Só que não é assim: saímos da ditadura das obrigações tradicionais para entrar na ditadura dos sentimentos, da autenticidade procurada, da confissão escancarada. Como Ferry, eu prefiro assim, de longe, e não me mudaria para nenhum outro tempo ou lugar. Mas, cá entre nós, este não é o fim nem o ápice da História.
Escrevi essas reflexões enquanto lia "Foucault, seu Pensamento, sua Pessoa", de Paul Veyne, (Civilização Brasileira), que é um livro justo e tocante.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG - E a falha do governo?


E a falha do governo?
 CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 07/04/11

O governo agora quer mandar em empresas privadas 


Nouriel Roubini ainda é celebrado como o economista que antecipou o colapso financeiro de 2008. E teria feito isso porque não caiu no canto de sereia do pensamento econômico dominante na época, liberal, pró-mercado, pela livre circulação dos capitais. Isso estava gerando bolhas, não crescimento real, dizia Roubini. Mas ele também previu, na sequência da crise, que os Estados Unidos passariam por uma longa recessão que duraria até hoje, abril de 2011. Errou. A economia americana está crescendo em um ritmo anual de 3,5%, em recuperação há vários meses.
O profeta do colapso também previu que o crescimento chinês cairia drasticamente, para algo perto dos 5% ao ano. Errou de novo. A China cresceu 9,1% em 2009 e 10,3% no ano passado.
Nesse caso, prevalece a tese de que a crise de 2008/2009 foi um colapso bancário - consequência de práticas imprudentes, falta de regulação e de fiscalização - e não a liquidação de um sistema econômico pró-mercado e da doutrina que o justifica.
Por outro lado, na própria saída da crise, governos e bancos centrais do mundo todo recorreram a políticas de forte intervenção do Estado na economia - estatizando empresas para impedir a quebradeira, salvando bancos com injeção de dinheiro público e imprimindo dinheiro para financiar pessoas e empresas. Não eram as políticas preferidas pelo pensamento econômico dominante antes da crise, mas vieram bem a calhar.
E, então, quem estava certo, quem estava errado?
Depende das circunstâncias, do momento e do país.
Tomem o Brasil. O ministro Guido Mantega, representando uma corrente de pensamento de economistas, analistas políticos e jornalistas, sustenta que toda a história recente, da crise à recuperação dos emergentes, confirma que o neoliberalismo é um fracasso. Vai daí, acrescenta, confirma-se a doutrina neokeynesiana, logo interpretada como uma licença para a ampla intervenção do governo sobre a economia.
Mas desde quando a economia brasileira era tão aberta e neoliberal como, digamos, a americana? Não houve colapso bancário no Brasil porque as instituições financeiras, reguladas e limitadas pela economia travada, simplesmente não podiam emprestar tanto dinheiro para tanta gente, a juros tão baixos, como ocorria nos EUA.
Não tivemos bolha, certo, mas também não tivemos uma longa expansão econômica sustentada pelo crédito abundante e barato, como os EUA tiveram do final do século passado para o início deste. Lá, o crédito acabou sendo irresponsável, concedido com dinheiro inexistente, para devedores sem condições de pagar. Logo, o problema lá era limitar e controlar as ações dos bancos.
Aqui, era e é contrário. Juro muito barato lá, muito alto aqui. Empréstimos demais lá, e de menos aqui. Precisamos de mais e não de menos crédito de bancos privados. Tínhamos e temos muito crédito de bancos públicos com dinheiro subsidiado pelos contribuintes.
Nos EUA, o governo entrou em empresas, como a General Motors, para impedir sua falência. Aqui, o governo, antes da crise, já estava em muitas empresas estatais e privadas. Lá, companhias e bancos privados fracassaram, precisaram de dinheiro público. Aqui, o governo agora quer mandar em empresas privadas que funcionam muito bem, como é o caso da intervenção na Vale.
Lá foi falha de mercado, aqui era e é de governo. Permanece o enorme problema da ineficiência do Estado nos setores em que é dominante e controlador.
Reparem o nosso keynesianismo. A presidente Dilma diz que vai conceder aeroportos à gestão privada, porque o governo não dá conta disso, e ao mesmo tempo patrocina a intervenção numa empresa privada campeã.
Não é por causa do novo pensamento econômico. É simplesmente porque diversos setores do governo e da base governista querem uma parte dos lucros e dos investimentos da Vale.
Mantega e seu pessoal sustentam que o Estado precisa ter instrumentos - de gastos a controle de capitais e empresas - para orientar o mercado na direção correta. Ora, porque o governo não orienta na direção correta os Correios, a Infraero, a administração dos portos, a construção de estradas, e a educação, a saúde e a segurança públicas? O governo falha nisso tudo, sua obrigação, e depois seus teóricos querem colocar a culpa no neoliberalismo?
Vamos falar francamente. O Brasil se equilibrou, cresceu e superou a crise porque conquistou a estabilidade macroeconômica (nos fundamentos clássicos), beneficiou-se da onda de crescimento global, via comércio aberto e fluxo de capitais, e pegou uma carona especial na ascensão da China. E porque tinha pouco crédito bancário, aqui não uma virtude, mas uma carência que acabou ajudando.
O que precisamos hoje? Combater a inflação para preservar a estabilidade. O resto é conversa importada e que justifica políticas oportunistas. Ou alguém acredita que entregar estatais ao PMDB e pelegos sindicalistas é o novo keynesianismo? 

DORA KRAMER - Punhos de renda


Punhos de renda
DORA KRAMER

O ESTADO DE SÃO PAULO - 07/04/11

O senador Aécio Neves mostrou prestígio ao levar políticos em profusão para ouvi-lo no plenário do Senado, mas não conseguiu produzir o impacto nem o despertar da oposição que a tropa governista parecia esperar, muito menos deu razões ao governo para perder um segundo de seu sereno sono.
Tépido na forma e repetitivo no conteúdo, passando ao largo de questões essenciais para o exercício da oposição como a independência do Legislativo em relação ao Executivo, o discurso acabou proporcionando aos senadores aliados ao Palácio do Planalto uma oportunidade excelente de mostrar vigor e afinação.
Muito diferente das legislaturas anteriores quando, principalmente no primeiro mandato do ex-presidente Lula, a oposição fazia do Senado sua cidadela, ocupando a tribuna tardes a fio em ataques sem que aparecesse um senador para defender o governo.
Ontem à tarde o batalhão estava afiadíssimo: Aécio mal tinha subido à tribuna e a senadora Gleisi Hoffmann, do PT, pediu um aparte, concedido ao final assim como aos demais.
Concluída a fala em que Aécio pontuou sua disposição de se opor sem se confrontar com os adversários, os governistas apresentaram suas armas de defesa dos governos Lula e Dilma Rousseff sem o menor constrangimento de fazer isso em clima de franca confrontação.
Em meio a elogios à "elegância" e ao "equilíbrio" do discurso e sem disfarçar o alívio pela tepidez do opositor, a tropa governista atacou as privatizações, ironizou a tibieza do PSDB em defender o governo FH, acusou várias vezes Aécio de ter sido injusto com a gestão de Lula e, pela voz do senador Jorge Viana, ainda afirmou que o orador simbolizava a oposição que todo governo gostaria de ter.
Da parte dos oposicionistas, exaltações algo exageradas ao "brilhantismo" do pronunciamento "de estadista" e uma evidente avidez por alguém que os represente. E assim, independentemente de Aécio Neves reunir ou não os atributos necessários por avaliação exigente, o senador se apresentou e dessa forma foi recebido por governistas e oposicionistas.
Poucos, entre eles Pedro Taques, Marinor Brito e Demóstenes Torres, consideraram que a confrontação não é necessariamente um mal. Antes pode ser essencial à condução dos trabalhos de questionamentos doutrinários, programáticos, bastante mais inquietantes que a redução de alíquotas de impostos, transferência de gestão de estradas, revisão da Lei das Micro e Pequenas Empresas etc.
Temas importantes, mas nas circunstâncias em que a oposição precisa de mobilização política, liderança vigorosa, energia para recuperar o tempo perdido, encontrar o rumo para poder seguir adiante, o desempenho de Aécio deixou no ar um aroma de anticlímax.
Não por defeito, mas por ausência de um atributo pessoal que poderia ser chamado de borogodó de tribuna. Aécio não tem. Mário Covas tinha.
As saudações superlativas soaram artificiais, traduziram a avidez por um porto seguro onde os oposicionistas possam se agarrar, além de revelarem a amplitude amazônica do deserto de homens e ideias reinante na política nacional.
Grand finale. Os oito anos de submissão do Itamaraty ao personalismo de Lula não renderam ao Brasil apenas derrotas políticas e comerciais no plano externo.
Internamente o resultado da gestão Celso Amorim produziu a trapalhada final, a dois dias do fim do mandato de Lula, da concessão de passaportes diplomáticos aos herdeiros da Silva agora obrigados a devolvê-los por ordem do Ministério Público.
Tivesse o agora ex-chanceler contido seu afã de adular o chefe, teria sido um vexame a menos.
Tacanha. O mais esquisito é que tem gente que ainda considera que foi Roger Agnelli quem errou por não ter dado satisfação de seus atos como presidente da Vale ao então presidente Lula.
É típico da mentalidade jeca que assola o entorno do poder considerar "erro político" tudo o que desagrada ao Planalto. 

CORA RONAI - Sobrou para os gatos


Sobrou para os gatos 
CORA RÓNAI

O GLOBO -07/04/11

ostumo escrever a crônica entre segunda e terça. Na semana passada, às oito da noite da terça, eu ainda não havia conseguido uma única linha. Tinha começado e recomeçado, experimentado um assunto e outro, mas faltava liga a tudo. Grande problema! O Segundo Caderno de quinta-feira é fechado relativamente cedo na quarta. Como sou um animal noturno, ter essa manhã à disposição significa apenas que posso entrar pela madrugada à vontade, vale dizer uma terça espichada.
Andei pela casa, brinquei um pouco com o Toró (que, como todo filhote, está sempre disposto a correr atrás de umas bolinhas de papel) e me deitei no chão da sala, olhando para o teto - lugar de onde, curiosamente, sempre vem alguma inspiração.
Dessa vez, nada.
Fui à geladeira, pesquei um cachinho de uva, voltei para o escritório e, em absoluto desespero de causa, resolvi, pura e simplesmente, descrever o espaço onde me encontrava emocionalmente: o fundo do poço.
A crônica foi escrita de forma singela, mais ou menos como, na escola, escrevíamos as redações com tema dado pela professora, como "Minhas férias" ou "Um dia de sol". Eu nunca poderia imaginar a sua repercussão, muito menos a quantidade de e-mails cheios de preocupação e carinho que recebi de leitores que, embora não conheça, são meus amigos.
Agradeço a todos de coração. Tenho esperança de, um dia, conseguir responder a cada um, pessoalmente - mas confesso, desde já, que há um certo otimismo nessa esperança. Assim peço que, por favor, não imaginem que não dei valor às suas palavras se por acaso não receberem resposta; saibam que, ao contrário, elas foram da maior importância, e me deram alento num momento muito difícil da vida.
Entre tantos e-mails e mensagens no Twitter, no Facebook e no blog (só lá foram 170 comentários), fiquei espantada ao descobrir como tenho vizinhos e colegas de profundeza. Como constatou a Monca, quando os comentários do blog andavam mais ou menos pela metade:
"Mon Dieu! Olhando daqui, o fundo do poço parece um continente superpovoado."
Também fiquei com essa impressão; e, no fim da semana, depois de ler tantos e-mails aflitos e confessionais, acabei mesmo com a certeza de que ir ao fundo do poço é muito mais frequente do que se imagina. Se não percebemos isso no dia a dia é que quem está no fundo do poço aprende a disfarçar.
A tristeza, ao contrário da depressão, é uma emoção relativamente simples de explicar e de entender. É o avesso da alegria, e em geral suas causas são compreensíveis por todos, por triviais que sejam. Tristeza se cura com uma noite bem dormida, com um ombro amigo, com meia dúzia de chopes, com uma ida ao shopping.
O fundo do poço, porém, é mais complicado. Quem está lá (aqui) embaixo enfrenta alguns preconceitos, a começar por uma autocobrança cruel, em que a gente se culpa de não estar "reagindo", como tanto recomendam os amigos.
É preciso parar tudo para pôr os pingos nos ii: alguém pode "reagir" contra uma perna quebrada? Não, claro que não. Pode-se tratar da perna quebrada - mas é mais fácil cuidar de uma perna quebrada que está bem à vista de todos do que da descida ao fundo de um poço que ninguém vê.
Do outro lado da caixa postal, aquele que não foi ao fundo do poço, as coisas também não andam nada boas. Acompanho a luta constante dos protetores e das ONGs de defesa animal para educar a população nas suas relações com os bichos. É uma dura batalha contra a maldade, o preconceito e a ideia de que bichos são objetos que podem ser abandonados de qualquer jeito, em qualquer lugar.
Pois na segunda essa luta tão digna sofreu um grave revés. Numa cena da novela "Insensato coração", a personagem da Camila Pitanga vê um gatinho lindo em cima do capô do carro e pede à amiga que o pegue, porque ela está grávida:
- Eu não posso pegar, não, pega para mim, Claudinha?
- Você não adora gato?
- Eu adoro, mas não posso. Não posso nem chegar perto. A Sônia disse, eu corro risco de pegar toxoplasmose, é perigoso.
A cena está no YouTube, onde a vi, na terça, depois de receber uma enxurrada de e-mails indignados - e com toda a razão. Se pegar em gatos durante a gravidez fosse perigoso, todas as veterinárias grávidas estariam correndo risco. Felizmente, elas são bem informadas e sabem que só se pega toxoplasmose dos gatos ingerindo as suas fezes; e, para tornar o processo ainda mais complicado, desde que eles, gatos, estejam contaminados com a doença.
O diabo é que uma cena desinformada dessas, em pleno horário nobre, joga por terra anos de trabalho educativo. Não gosto nem de pensar na quantidade de gatos que serão abandonados - ou deixarão de ser adotados - porque alguém ouviu na novela que as grávidas não podem sequer se aproximar deles!
Só para esclarecer: no Brasil, a principal causa de toxoplasmose é a ingestão de hortaliças mal lavadas e de carne crua ou mal passada. Às grávidas recomenda-se - como, aliás, a todo mundo - lavar bem as mãos depois de limpar a caixa de areia dos gatos. E isso por noções básicas de higiene, e não por medo de toxoplasmose, que não dá em gato doméstico que come ração.
Para quem quiser maiores informações sobre a conexão entre gatos e toxoplasmose: http://bit.ly/eNUFcD. Este link leva, entre outros posts, a uma crônica que publiquei aqui mesmo em setembro de 2003. Faz tempo que a gente bate nessa tecla. 

ILIMAR FRANCO - Mudam os bancos


Mudam os bancos
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 07/04/11
 
A presidente Dilma Rousseff decidiu trocar os presidentes do Banco do Nordeste (BNB) e do Banco da Amazônia (Basa). Os nomes serão técnicos e escolhidos pelo ministro Guido Mantega (Fazenda). Os dois nomes já foram submetidos à presidente. No caso do BNB, no entanto, a presidente pediu ao ministro Antonio Palocci (Casa Civil) que consultasse antes o governador Cid Gomes (PSB-CE) e a bancada do PT do Ceará.

Consagrado no comando da oposição

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) desceu da tribuna do Senado ostentando o título de líder da oposição. Foi esse o tratamento que
recebeu, ontem, de aliados e adversários. Sinalizou um novo estilo, adequado à sensação de paz que o país vive, quando disse: “Não
confundo agressividade com firmeza. Não confundo adversário com inimigo”. E fez sua primeira promessa: distribuir mais dinheiro dos impostos para os municípios. O cenário ficou completo quando a senadora Ana Amélia (PP-RS), citando o presidente americano Barack Obama, sugeriu que ele estava antecipando a largada da campanha para a Presidência em 2014.

"Vossa Excelência é o futuro. Vai liderar esta oposição... Por muitos anos” — Lindberg Farias, senador (PT-RJ), em aparte ao discurso de Aécio Neves

BONO x ALDO. 
Em encontro com a presidente Dilma Rousseff, amanhã, o vocalista da banda U2, Bono Vox (foto), deve defender a importância da preservação da Amazônia e mostrar preocupação com a proposta de mudança do Código Florestal, relatada pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). O Greenpeace terá um estande nos shows da turnê 360º, no fim de semana, em São Paulo, fazendo campanha pela preservação da floresta.

Nem aí
Sentado no plenário, José Serra passou boa parte do discurso de Aécio conversando com o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDBSP). Justo a seu lado, Mário Couto (PSDB-PA) foi o único a se levantar para aplaudir efusivamente o mineiro.

Compadres

O discurso de Aécio Neves (PSDB-MG) ensejou um debate incomum no Senado, ontem. Não faltaram críticas. Mas chamou a atenção 
o reconhecimento, de petistas e tucanos, aos méritos dos governos Sarney, Itamar, FH, Lula e Dilma.

PSB oferece outro nome para a Micro
A intenção da presidente Dilma Rousseff é nomear o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) para a futura Secretaria das Micro e Pequena Empresa, que está pendente de aprovação pelo Congresso. Mas setores do partido socialista foram ao Palácio do Planalto dizer que eles têm outros nomes para o cargo. E sugeriram o da ex-governadora Vilma Faria (RN), que está com sua nomeação garantida como superintendente da Sudene. 

Geladeira
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) e o diretor- geral da Polícia Federal, Dayelo Coimbra, foram orientados a dar um puxão
de orelhas no delegado Luiz Flávio Zampronha. Ele é suspeito de ter vazado o relatório final do mensalão.

 ANATEL. O PMDB está indicando o ex-deputado Paulo Henrique Lustosa para a vaga de Antonio Bedran na Anatel. O ministro Paulo Bernardo (Comunicações) quer a recondução de Bedran. 
 FLA X FLU. Dois dias depois da manifestação dos ruralistas, ambientalistas e movimentos sociais fazem ato público hoje, em frente ao Congresso, contra o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que altera o Código Florestal.
● O EX-DEPUTADO Rocha Loures (PMDB-PR) vai chefiar a assessoria parlamentar do vice Michel Temer.

GOSTOSA

ALBERTO TAMER - Toma, que o dólar é teu


Toma, que o dólar é teu
ALBERTO TAMER
O Estado de S.Paulo - 07/04/11



A economia brasileira vai bem, as outras vão mal, o que é ruim. Atrai mais dólares, que valorizam o real, o que ajuda conter a inflação com importações baratas, mas prejudica as indústrias e as exportações. Até agora, US$ 35,2 bilhões, quase 45% a mais que em todo o ano passado.

O refrão é velho. Tem dinheiro demais. Não se encontra a solução adequada para equilibrar crescimento, inflação e contas externas. A novidade - são duas em uma - é que a agência de classificação de risco Fitch disse que o Brasil melhorou ainda mais. Falta apenas acertar o ajuste fiscal, o que, parece, já está fazendo.

Ao mesmo tempo, o FMI decidiu aceitar que os países-membros controlem o fluxo de capitais que valorizam excessivamente suas moedas. Mas só devem fazê-lo depois de esgotar todas as medidas internas.

A cartilha do FMI. Para não se aventurar em medidas heterodoxas, como controle de capitais, o Fundo anunciou uma "cartilha" com propostas a serem adotadas pelos países emergentes, como o Brasil, que estão sendo inundados por capitais externos e continuam aumentando as reservas cambiais. A cartilha é só para os emergentes, é lógico, não para os países ricos. Os países do G-7, que andam mal das pernas, tiveram que trazer os juros para perto de zero - negativos em termos reais - e ainda não se recuperaram da crise que eles mesmos provocaram. E, acreditem, o FMI nem menciona a China que não está nem aí para o que o FMI ou OMC dizem.

Sem paixões. Esse é um tema delicado do qual se deve aproximar sem paixões inspiradas por nacionalismo. O Fundo deixou claro que cada país deve agir de acordo com situações específicas. Ninguém está sendo obrigado a nada, o Fundo dá a entender, mesmo porque é apenas uma "cartilha".

Mas o que está acontecendo na economia mundial que levou a essa situação atípica de desequilíbrios financeiros em que alguns países emergentes tenham acumulado reservas e outros se endividaram? E como corrigir isso?

Martin Wolf, principal economista do Financial Times, e de longe, o melhor entre os analistas da imprensa mundial, em artigo de ontem, transcrito pelo Valor, cita vários estudos que chegam a uma conclusão interessante. O que está havendo, diz o presidente do Banco da Inglaterra, Mervyn King, é uma espécie de subida "morro acima". Há muito tempo o setor privado vem tentando enviar um grande fluxo líquido de captais dos mais lentos países ricos para os países emergentes, mais dinâmicos.

Numa forma mais ou menos caricatural, mas compreensiva, os países ricos trazem os juros reais para perto de zero e injetam liquidez nos seus mercados. Mas esses capitais, por causa do menor rendimento e risco maior, correm para os países emergentes, que acumulam reservas superiores a US$ 4 trilhões. Esses dólares que entram nos emergentes, são transformados em reservas e dívida interna, mas só até certo ponto. Depois, os governos pegam esses dólares e investem de novo no mercado financeiro, mesmo com prejuízos, numa espécie de "toma que o dinheiro é teu".

E então? O recado para o G-7 é tratem de fazer o que fizemos na crise financeira, estimulem os mercados internos, cuidem de seu sistema financeiro, encontrem um equilíbrio interno. Crescendo, vocês vão produzir mais, empregar mais, importar mais, exportar mais. Não é fácil, lembram Martin Wolf, Meryn King, do Banco da Inglaterra, e Alan Taylor, da Universidade da Califórnia, mas os países do G-7 precisam começar a agir em algum momento.

O que falta nos países ricos é decisão política do G-7. Talvez porque acreditam que os países emergentes poderão continuar crescendo ad infinitum, sustentando sozinhos, a recuperação mundial. Enquanto isso, pedem ao FMI que os enquadrem quando levantam barreiras e mandam o excesso de dólares de volta. Então que cada um, como o Brasil, vai agir como pode, se defendendo de assaltos de liquidez vindos de fora, usando a arma do câmbio e do controle de capitais indesejáveis. Não é a solução ideal, mas é o que se pode fazer enquanto eles, os ricos, não fazem nada. E não há nenhum FMI da vida que altere isso...

ROBERTO LUIS TROSTER - Triângulo de incertezas


Triângulo de incertezas
ROBERTO LUIS TROSTER
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/04/11

Políticas cambial, fiscal e monetária adequadas são apenas meios que permitem criar as condições para o desenvolvimento do país


O tripé-base da política macroeconômica desde 1999 objetiva um círculo virtuoso entre seus instrumentos.
Os superavit fiscais comprimem os juros e permitem um câmbio mais depreciado, o que impulsiona o crescimento e a arrecadação tributária, sem pressionar a inflação, facilitando o desempenho orçamentário e criando condições para o desenvolvimento.
O ponto é que está havendo uma perda de virtuosidade e os três pilares, em vez de se reforçarem, estão enfraquecendo uns aos outros e drenando cada vez mais recursos para se sustentarem.
A dinâmica financeira está aos poucos asfixiando o setor produtivo e limitando o crescimento do país. O tripé está transformando-se num triângulo de incertezas.
A política de aumentar as reservas internacionais é duplamente perversa; por um lado, à medida que aumenta o estoque de dólares, ao contrário dos anúncios, o preço da moeda norte-americana cai mais, prejudicando a indústria brasileira; por outro, é financiada com títulos públicos, gerando uma despesa líquida de dezenas de bilhões de reais ao ano.
A política monetária é míope. A protelação do aperto monetário (com debates sobre juro neutro, minimização do risco inflacionário e medidas macroprudenciais, que confundem apertos de liquidez com instrumentos monetários) já se reflete em um aumento da taxa para rolar a dívida pública, elevando o custo do ajuste.
Em política fiscal, o desempenho pode melhorar com mais transparência e eficiência. Um exemplo: foca-se demais o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que demanda recursos vultosos e tem um efeito limitado no crescimento, em detrimento de outras ações.
Poder-se-ia criar o PAI (Programa de Adequação Institucional); medidas para facilitar a vida dos que produzem (leia-se: simplificar a burocracia brasileira, literalmente a pior do mundo de acordo com o Fórum Econômico Mundial).
Isso teria impactos positivos no investimento e na produção; além disso, seu custo é ínfimo.
A reversão dessa dinâmica é imperativa. Há sinais de alerta nos indicadores: as projeções de crescimento estão caindo, a inflação está mais forte, há mais pressão fiscal, os juros e a inadimplência estão aumentando, há perda de competitividade da indústria nacional e a necessidade de cortes de gastos está maior a cada dia. Não é um quadro que alarma, mas exige mudanças.
O Brasil tem um potencial formidável, sua condução econômica é determinada e tem realizado ações positivas, entretanto, está preso a uma concepção anacrônica da economia. Ajustes são mandatórios.
Em política monetária, a prescrição é clara: contundência no curto prazo e atuação para baixar a taxa neutra no médio prazo, o triplo da observada em outros países com dinâmica macroeconômica similar. É imperativo eliminar distorções, como ter quase metade do crédito imune às variações da Selic, ativos pós-fixados, compulsórios draconianos e tributação do crédito.
Uma política fiscal mais racional é premente. No câmbio, deve-se aumentar a demanda interna por divisas, liberando contas em moeda estrangeira, abandonar a política de comprar dólares, que é comprovadamente perversa, minorar os efeitos da valorização com a criação do PAI e fazer adaptações para melhorar a qualidade dos recursos que entram no país.
Concluindo, políticas cambial, fiscal e monetária adequadas são apenas meios para criar condições para o desenvolvimento do país.
As distorções apontadas podem e devem ser corrigidas para sair do triângulo, voltar ao tripé e fazer o Brasil acontecer.

MÔNICA BERGAMO


BOLA NA REDE
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/04/11

O Ministério da Cultura adquiriu todo o acervo do Canal 100, que pretende recuperar, digitalizar e disponibilizar ao grande público. A preciosidade, com dezenas de cenas do futebol brasileiro que durante anos foram exibidas antes dos longa-metragens nos cinemas, ficará sob a guarda da Cinemateca Brasileira. A ministra Ana de Hollanda contou a novidade recentemente à presidente Dilma Rousseff.

PÉROLAS

A Cinemateca pretende fazer um grande evento para apresentar a aquisição. Aproveitará para anunciar também que adquiriu e recuperará outro acervo importante: o do Estúdio Vera Cruz. São 37 filmes dirigidos ou protagonizados por Lima Barreto ("O Cangaceiro"), Mazzaropi, Anselmo Duarte, Arnaldo Jabor e Walter Hugo Khouri, entre outros.

PÉROLAS 2

Já anunciado, outro acervo adquirido e que será disponibilizado em breve é o de Glauber Rocha, com 22 filmes, mais de 200 roteiros e projetos de livros inéditos.

HORA DA HISTÓRIA

A primeira-dama Lu Alckmin lerá trechos do livro "Marcelo, Marmelo, Martelo", de Ruth Rocha, na manhã de domingo no projeto "Lê pra Mim?", no Museu da Língua Portuguesa.

LENDA URBANA
Antes de cair na lista negra do presidente Lula, Roger Agnelli, presidente da Vale, fez de tudo para se aproximar do governo e do PT: manteve estreita relação com o ex-ministro José Dirceu e também com Luiz Gushiken, que chegou a prestar consultoria à empresa.

REFORMA NA JUSTIÇA
A Promotoria do Meio Ambiente abriu um procedimento preparatório de inquérito civil público contra o clube Paulistano, no Jardim América, para apurar irregularidades em obras sem autorização do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico). O clube está localizado em área tombada pelo patrimônio histórico. A promotora Claudia Fedeli diz que a representação foi feita por um sócio. A diretoria do Paulistano afirma que ainda não foi notificada.

VIDA LONGA

O nadador Cesar Cielo pretende lançar biografia em 2017, depois da Olimpíada do Rio. Enquanto isso, prepara um livro infantil, para 2012 ou 2013, com "histórias da minha vida, de leve", e ilustrações. Quer criar um personagem como o Senninha. Ainda não sabe como batizar o boneco. "Cesinha não dá, porque eu já sou o Cesão."

MAIS PIPOCA

Gustavo Ioschpe, da produtora G7, recebe hoje certificado do "Guinness Book" por ter quebrado recorde de público em sessão de cinema. Ele juntou 27.022 pessoas para assistirem a "Absoluto - Internacional, Bicampeão da América", em dezembro, no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. O recorde era da exibição, em 1970, de filme de Robert Altman.

REPARAÇÃO
A atriz portuguesa Maria de Medeiros filmará, na Holanda, um documentário sobre Denise Peres Crispim, viúva do militante Eduardo Leite, o Bacuri, morto pela ditadura. Falará da mãe dela, Encarnación, também perseguida política, e da filha de Denise, Eduarda, que nasceu na clandestinidade e hoje vive no país europeu. A produção é de Ana Petta.

LUZ NA PASSARELA
Com o fim do "Brazil's Next Top Model", do canal Sony, a top Fernanda Motta passará a integrar o time do Dream Fashion Tour, circuito de desfiles e shows da agência Mega. Nas edições anteriores, ela alegou compromissos com o programa para recusar os convites.

HISTÓRIA DE NOVELA

As atrizes Luciana Vendramini e Graziela Schmitt foram à festa de lançamento da novela "Amor e Revolução", do SBT, anteontem. Patrícia Abravanel, filha de Silvio Santos, a apresentadora Cynthia Benini e o diretor Cacá Rosset também circularam pelo Nacional Club.

AMOR NA TELA

A atriz Letícia Colin conferiu a pré-estreia do filme "Amor?", dirigido por João Jardim, anteontem, no Espaço Unibanco. O longa tem ainda no elenco Lilia Cabral, Julia Lemmertz, Mariana Lima e Ângelo Antônio, entre outros.

CURTO-CIRCUITO

A Pinacoteca de SP abre hoje, às 20h, a exposição "Trilogia Vermelha: China".

Pedro Lourenço lança coleção de roupas para a Villa Daslu, na loja, às 20h.

A grife Huis Clos lança linha de sapatos para a Shoestock, hoje, às 19h.

Daiane Lagger, da Escola de Hotelaria Suíça, dá palestra no hotel Pestana, às 16h e 19h.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI