segunda-feira, outubro 12, 2009

IVES GANDRA MARTINS

Reflexões sobre Honduras

O ESTADO DE SÃO PAULO - 12/10/09


A crise hondurenha tornou manifesto que a OEA é muito mais uma organização com clara vinculação ideológica ao populismo do que uma organização de Estados Americanos voltada para a preservação da democracia.

O estrangulamento da economia hondurenha, por terem seus líderes apenas cumprido sua Constituição ao depor um presidente golpista, demonstrou que a intervenção, com caráter exclusivamente ideológico, conforma a orientação daquele organismo, que conseguiu manipular de tal maneira “os politicamente corretos” ao ponto de se ter a impressão de que pretendiam apenas preservar a democracia em Honduras.

Esta já estava preservada pelo cumprimento da Lei Maior. Em seu artigo 239, declara que quem pretender introduzir a reeleição pelo simples fato de formular tal intenção será deposto do cargo em que estiver e que, se for o presidente da República, será substituído pelo vice-presidente, ou, não havendo vice eleito , pelo Parlamento, o substituto (artigo 242).

Mais do que isto, determina que as Forças Armadas (artigo 272) devem preservar a Constituição hondurenha e, no caso do presidente Zelaya, a pedido tanto do Parlamento quanto do Poder Judiciário, depuseram-no por ter convocado plebiscito para introduzir a reeleição, cuja proibição é cláusula pétrea.

Como se percebe, a democracia hondurenha impõe a alternância de poder, que os líderes vocacionados para o autoritarismo não desejam, como ocorre com Chávez, Mugabe, Morales, Kadafi, Corrêa e todos os ditadores africanos.

Como acentuou Dalmo Dallari, em artigo para a Folha, dia 3, a deposição de Zelaya foi absolutamente constitucional, porque descumpriu a Constituição hondurenha, e a pena, nestes casos, é a deposição.

A OEA denominou o governo constitucional de golpista e o presidente golpista, de democrático, insuflada pelo semiditador Chávez.

Seu secretário-geral soltou esta pérola ideológica: “A Constituição hondurenha é uma das piores constituições do mundo”! E Chávez armadilhou o presidente Lula com a ida do histriônico mandatário, colocando-o na embaixada brasileira, que passou a ser uma nação intervencionista, pois permitiu que sua embaixada se transformasse em escritório promotor da tentativa de guerra civil no país, o que felizmente não ocorreu.

A pressão internacional, liderada ideologicamente por semiditadores latino-americanos, enfraqueceu Honduras, que, sob intervenção econômica e política, foi cedendo, ao ponto de ser obrigada a negociar seus próprios fundamentos constitucionais e democráticos.

A lição que tiro do episódio é de que ou a OEA carece de constitucionalistas, o que seria lamentável, ou agiu exclusivamente por motivos ideológicos – e não democráticos – sufocando o segundo mais pobre país das Américas e, desrespeitando, claramente, seu estatuto maior.

Pior foi o papel do Brasil, cuja Constituição proíbe a intervenção e respeita a autodeterminação dos povos, que transformou sua embaixada em palanque político de presidente golpista.

Está-se chegando a um acordo para preservação das eleições democráticas de 29 de novembro, cujo processo eleitoral em Honduras segue sem máculas ou arranhões e, se Honduras conseguir sobreviver, o próprio presidente Lula, que envolveu a diplomacia brasileira na pior de suas aventuras, poderá ser redimido. Meu neto, Guilherme, define o presidente Lula como o Agente 86 da política, ou seja, aquele agente do Controle que, mesmo errando, acerta sempre. E Lula, com o capital da vitória sobre Chicago, Tóquio e Madri na Olimpíada de 2016, forjou sua imagem na história, que dificilmente será superada nos próximos tempos.

Que errou, todavia, errou, ao desrespeitar a Constituição hondurenha e abrigar um presidente canastrão no seio da embaixada brasileira.

GOSTOSA

FERNANDO RODRIGUES

O uso da popularidade

FOLHA DE SÃO PAULO - 12/10/09


BRASÍLIA - Lula tateou o terreno, mas parece ter abandonado de vez a espinhosa missão de corrigir a anômala invenção do capitalismo sem risco brasileiro chamada caderneta de poupança. Nenhum país do planeta consegue vencer completamente a inflação, os juros altos e a indexação quando o governo está obrigado a garantir a todos um rendimento de 6% ao ano, mais a variação da TR (Taxa Referencial). Tudo livre de imposto.
A medida é altamente popular. A menos de um ano da eleição, políticos não apreciam correr riscos. Taxar a poupança não rende votos. Esse episódio ilustra à perfeição como o Brasil está longe de se tornar de fato o que Lula e parte do PT acham que o país já é. As dezenas de reformas institucionais empacadas ficaram em segundo plano por causa da recuperação da economia. Sumiu da agenda do governo a urgência para melhorar a Previdência e o sistema tributário.
Aí vem o paradoxo. Lula é o presidente mais forte politicamente desde o fim da ditadura militar. Sua aprovação pessoal, na redondeza dos 80%, tem chance real de romper novos recordes em 2010. O filme sobre sua vida ajudará.
Rivaliza com o marketing antecipado de grandes produções de Hollywood. A economia, tudo indica, crescerá na casa dos 4% anuais ou mais no ano que vem.
Apesar de todo esse poder, Lula não se arrisca. É quase certo que seu sucessor terá menos força política, seja Dilma (PT), Serra (PSDB) ou Ciro (PSB). Em resumo, se o lulismo e seu ícone não tiveram coragem de implantar determinadas reformas, por que o próximo presidente teria? Não terá. Algum dia, o encanto se quebra. O Brasil perceberá quais são seus bolsões de atraso, embora pareça ser nula agora a disposição dos eleitores para ver a realidade. É mais cômodo acreditar no "Brasil Grande" da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016.

CONFIDENCIAL

No vácuo da Copa

AZIZ AHMED

JORNAL DO COMMÉRCIO - 12/10/09



De olho na Copa de 2014, mais uma empresa alemã entra em campo no Brasil. É a GMP, uma das gigantes da arquitetura e da engenharia mundial. O anúncio foi feito por Ralf Amann, diretor no Brasil, durante palestra na Câmara Brasil-Alemanha. Segundo ele, a empresa é responsável, em parceria com arquitetos brasileiros, pelos projetos dos estádios de futebol de Brasília, Manaus, Belo Horizonte e São Paulo, nos quais serão realizados jogos do Mundial. A GMP já construiu 25 arenas esportivas em todo o mundo, entre elas as de Frankfurt e Colônia, e fez a reforma do Estádio Olímpico de Berlim. No momento, conclui os estádios da Cidade do Cabo, Elizabeth Stadium em Johanesburgo e Durban, que serão palcos dos jogos da próxima Copa do Mundo na África do Sul. A empresa tem 85 projetos em andamento no mundo, entre eles o majestoso Museu Nacional da China, que está sendo construído na Praça Celestial.

Hóspedes

O velho MR8 stalinista, que deixou o PMDB para criar o Partido Pátria Livre (PPL), de apoio a Lula, não conseguiu as 500 mil assinaturas necessárias para lançar candidatos no próximo ano. Teve que filiar seus figurões em outras legendas da base governista. Em São Paulo, por exemplo, o "oito" vai lançar um candidato a deputado federal e quatro estaduais pelo PDT de Paulinho da Força.

Tá feia a coisa no exterior

Administradoras de cartão de crédito, que, na tentativa de compensar índices de atraso crescentes, aumentaram as anuidades, enfrentam a ira da clientela. Algumas perderam até 20% dos clientes.

Na rede

A Nativ Pescados acaba de entrar na lista das empresas brasileiras autorizadas a exportar para a Europa, a Brazil Fishery Products. Já com o upgrade, embarcou no fim de semana US$ 40 mil de filé de surubim para a Suíça. "Trata-se de um pedido experimental, mas pode ser o começo de uma interessante regularidade de exportações", comenta Stefano Magli, diretor de exportação da Natv.

Lan de novo, agora Argentina

A Lan Argentina, subsidiária da Lan Chilena, vai iniciar voos entre Buenos Aires e o Rio. As operações devem começar neste dia 16, três vezes por semana: às sextas, sábados e domingos.

A Chilena, para Paris

A Lan, desta vez a Chilena, deve estabelecer em 2010 voos ligando Santiago a Paris. O interessante é que o voo deverá fazer escala no Rio, permitindo conexões (inclusive de Buenos Aires) e restabelecendo a conexão entre Rio e Santiago, sem escalas.

A gota d´água

A Japan AirLines (JAL) estuda suspender seus voos entre São Paulo e Nova York.



Carcaça amiga

A Prefeitura de Guarulhos (SP) encontrou ótimo uso para as carcaças de carros roubados que são retiradas dos rios e córregos da cidade. Agora, são doadas a cooperativas de reciclagem, que cortam e vendem o metal.

Livros sem conteúdo

O imortal Arnaldo Niskier pegou pesado contra a política educacional brasileira. Em palestra na X Convenção Nacional da Adesg, atacou: "O Brasil é um dos países que mais distribuem livros para os estudantes de escolas públicas. O problema é que não há a menor preocupação com o conteúdo das publicações."

GAYTUR. Rio e São Paulo perderam para Florianópolis (SC) a disputa para sediar, em 2012, a 28ª Convenção da Associação Internacional de Turismo Gay e Lésbico.

GAFISA. Engenheiro químico, com MDA em Marketing pela USP, Luiz Henrique Almeida Diniz é o novo gerente geral da Gafisa Vendas.

SANTUÁRIO. A primeira fase da Capela de Nossa Senhora de Fátima, no Recreio - réplica do Santuário de Portugal -, será inaugurada nesta terça-feira, às 18h.

GRANDE MIJADA

RAUL VELLOSO

Pra boi dormir

O ESTADO DE SÃO PAULO - 12/10/09


Passados 20 anos da promulgação da Constituição de 1988, o governo conseguiu um feito impressionante. Pôs em prática um modelo de sustentação e expansão da demanda de consumo de um grupo gigantesco que, com base em dados de 2005, pode ser estimado em cerca de 40 milhões de pessoas, sem contar seus dependentes. No ano passado, o total dos pagamentos diretos a essas pessoas alcançou a cifra chocante de R$ 378 bilhões, nada menos do que 2/3 do Orçamento federal. Em comparação com 1987, esses pagamentos cresceram 72% acima da inflação e pelo menos 6% acima do PIB, implicando forte queda da poupança nacional.

Trata-se dos itens Previdência, pessoal e assistência social, exatamente os de maior peso individual nos pagamentos da União. Se agregarmos a esses itens os desembolsos com saúde e as demais despesas correntes, chegaremos a um orçamento de gastos correntes provavelmente sem similar no exterior, cujo total se situa em pelo menos 83% do orçamento não financeiro da União. Desse, aliás, apenas 5% se referem a investimentos, enquanto os restantes 12% correspondem ao pagamento de parcela do serviço da dívida.

Para gerir os rendimentos dessa massa, o governo toma basicamente quatro decisões ao longo do ano, todas alvo de muita discussão no Congresso e na mídia, por razões óbvias: reajustes do salário mínimo, dos benefícios do INSS acima de um salário mínimo, do valor individual do Bolsa-Família e dos servidores públicos.

Em resumo, o Orçamento federal virou uma impressionante "folha de pagamento", e ainda assim isso não o exime de críticas. Há dúvidas sobre o grau de proteção efetiva conferido aos segmentos mais pobres da população, pagam-se salários de servidores bem acima do setor privado em funções similares. Existe óbvio inchaço da máquina pública. Constata-se também um baixo grau contributivo na Previdência. Do total de gastos do INSS, por exemplo, apenas 1/3 se refere a benefícios cobertos com contribuições dos potenciais beneficiários, caindo o resto no "colo da viúva".

Priorizar esse manto de proteção implicou, dentro do esforço de ajuste fiscal posto em prática nos últimos anos para equacionar o risco de insolvência pública, a imposição de uma carga excessiva de impostos e o completo abandono dos investimentos públicos, especialmente em infraestrutura de transportes.

Mais recentemente, ficou claro que, passado pouco tempo, a incidência de gastos públicos e privados crescendo forte e simultaneamente produz excesso de demanda sobre a produção interna, diante da precária herança de capacidade de produção, após tantos anos de investimentos pífios. Isso ocorre mesmo em fases de cenário externo muito favorável, como o período 2002-2008, em que as taxas de câmbio e de juros caem sistematicamente, viabilizando a expansão do consumo e, especialmente, do investimento privado. Daí para as pressões inflacionárias e sobre as contas externas é um passo, exigindo subida da taxa Selic e a interrupção do processo de investimento e crescimento contínuo da economia.

Na verdade, além de conferir primazia à ação anticíclica a cargo do Banco Central, o governo poderia ter aproveitado a crise atual para fazer ajustes no modelo de expansão dos gastos correntes. E, caso tivesse mesmo de aumentar o gasto, o certo seria deslanchar um programa de investimentos em infraestrutura e suspender qualquer aumento de pagamento individual sob os itens antes referidos. E porque os investimentos respondem muito lentamente em vista de vários entraves hoje existentes, qualquer aumento de gasto corrente teria de ser feito sob a forma de abono, para que esse dispêndio adicional pudesse ser retirado à medida que se acumulassem novas pressões inflacionárias.

Assim, a construção desse gigantesco manto de proteção orçamentária a certos segmentos da sociedade está impedindo o crescimento sustentável do País e nos impôs uma grande armadilha. De forma análoga ao que ocorre com o combate à inflação, continuar defendendo a ampliação do manto de proteção já não rende tantos dividendos políticos; mas retirar as vantagens já concedidas pode impor custos elevados. Aqui, são tantos os eleitores beneficiados por pagamentos diretos do Orçamento que os políticos de visão limitada só enxergam uma rota - manter para sempre as pessoas nos feudos já conquistados e promover maiores aumentos reais de benefícios e salários. Curiosamente, o Executivo federal, que deveria procurar atenuar esse dilema (pois está na posição de percebê-lo com maior clareza), promete, ao contrário, uma nova lei de consolidação de vantagens (uma "CLT social"), cristalizando-o cada vez mais.

Em vez de buscar uma mera consolidação via lei, a receita para garantir verdadeiramente os ganhos sociais, deveria primeiro investir, para só depois consolidar. Só que mobilizar os vultosos recursos públicos exigidos pelos investimentos mais urgentes, incluindo os requeridos pelos megaeventos esportivos à frente, sem mexer nesse modelo ou causar inflação (alternativamente, queda no crescimento do PIB) é conversa pra boi dormir.

*Raul Velloso é consultor econômico

PAINEL DA FOLHA

Por que só SP?

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 12/10/09

A resistência do PT de São Paulo em abrir caminho para Ciro Gomes (PSB), caso este aceite concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, dá argumento ao correligionário Lindberg Farias, que pretende disputar no Rio de Janeiro contra um aliado de Lula, o governador Sérgio Cabral (PMDB). "Chega a ser engraçado o Ricardo Berzoini falar em retirada da minha candidatura", diz o prefeito de Nova Iguaçu. "Tem muita gente na direção do PT que é a favor da política de alianças, desde que não seja em São Paulo."
Os paulistas, prossegue Lindberg, "sabem que, se não tiverem candidato próprio a governador, a chapa de deputados será prejudicada. Mas aqui a direção nacional exige aliança. O PT do Rio não vai topar".


Mão dupla. O argumento de Lindberg é usado às avessas por um defensor da candidatura própria em SP: "A gente não pode virar o PT do Rio". Ele se refere à desidratação do partido na esteira de alianças impostas pela cúpula nacional na era José Dirceu.

Altas horas 1. Dilma Rousseff chegou a Belém no início da noite de sábado e seguiu direto para o hotel. Queria estar descansada para acompanhar, no dia seguinte, o Círio de Nazaré. Mas uma tradicional festa gay, a Filhas da Chiquita, bombou na rua em frente madrugada adentro, impedindo-a de dormir.

Altas horas 2. Ontem, em entrevista coletiva, os jornalistas riram quando a ministra da Casa Civil disse que, em razão de uma "festa popular", conseguiu dormir somente às 3h. Mesmo assim, como boa candidata, Dilma achou tudo "maravilhoso". "Se me convidarem, estarei lá", garantiu.

Meio a meio. Rompido com a governadora Ana Júlia (PT), Jader Barbalho (PMDB) está, no Pará, como Geddel Vieira Lima na Bahia: topa a aliança nacional com Dilma, desde que a candidata tenha dois palanques no Estado.

Photoshop. No entorno de Dilma, há quem prefira evitar a presença de Valdemar Costa Neto, expoente do mensalão, no jantar que a ministra terá amanhã com o PR. Difícil. Ele manda muito no partido para ser mantido fora da conversa.

Na pele. O senador Renato Casagrande (ES) é um dos mais enfáticos defensores, entre as lideranças do PSB, da manutenção de Ciro Gomes na disputa nacional. Candidato a governador, sabe que a vida será dura se não houver um candidato a presidente da República com o número 40.

Obra completa. O ultimato para a apresentação do alvará da reforma há meses em andamento no Palácio do Planalto é o ingrediente que faltava para azedar de vez a relação do governo Lula com o Tribunal de Contas da União.

Game... Por falar em TCU, o tribunal apontou na semana passada irregularidades em convênio do Ministério da Cultura com a Associação Cultural Educação e Cinema, que havia conseguido R$ 500 mil para tocar o projeto "Jogos Eletrônicos Brasileiros".

...over. Segundo o tribunal, não ficou comprovada a aplicação dos recursos liberados. O ministério, quando da tomada de contas, reconheceu que o convênio era irregular e que a entidade estava inadimplente. Os representantes da associação desapareceram.

Injeção 1. O PAC da Embrapa prevê destinar R$ 120 milhões, em 2009, à "revitalização e modernização da infraestrutura física" das Ematers, que prestam assistência técnica a pequenos e médios agricultores nos Estados.

Injeção 2. No ano passado, os recursos somaram R$ 24 milhões. O salto se deve ao diagnóstico do governo de que as Ematers, também chamadas Oepas (Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária), estão desaparelhadas para cumprir sua função.

Sem delongas. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), chamou todos os presidentes e relatores das comissões especiais encarregadas de examinar os projetos do pré-sal e insistiu que cumprirá o prazo de 10 de novembro para as propostas ao plenário da Casa.
com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

A direção do PMDB age para situar o partido como mero figurante nas eleições de 2010.
Do senador PEDRO SIMON (RS), sobre os correligionários que trabalham para antecipar a aliança do partido em torno da candidata do PT; esses peemedebistas, porém, consideram que o papel do partido num eventual governo Dilma será de protagonista.

Contraponto

Mochileiro

Na quinta-feira passada, quando a Câmara votava um acordo entre Brasil e Rússia para isenção de visto em viagens curtas entre os dois países, José Carlos Aleluia (DEM-BA) aproveitou para criticar o regime ex-União Soviética. José Genoino (PT-SP) não deixou barato:
-A Guerra Fria acabou!
Outros deputados da base aliada já se preparavam para fustigar o "demo", que saiu pela tangente:
-É que eu estou pensando em visitar Moscou, São Petersburgo e viajar pela Transiberiana...

A PRIMEIRA MISSA NO BLOG


A PADROEIRA DO BLOG, O PADRE E AS FREIRAS
TUDO PRONTO PARA A PRIMEIRA MISSA!

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

E agora? Está sobrando dólar

O ESTADO DE SÃO PAULO - 12/10/09


Foi a semana do dólar. A cotação caiu para R$ 1,73 e trouxe de volta a inquietação com o que seria a excessiva valorização do real. E agora, o que fazer, sobretudo quando se considera que há muitas oportunidades de investimentos no Brasil que necessariamente atrairão mais dólares?

Há uma linha de economistas e empresários que não tem dúvidas: é preciso desvalorizar o real para salvar a indústria brasileira. Explicando: um real desvalorizado (ou um dólar mais caro, seu reverso) encarece as importações e barateia os produtos de exportação.

Mas olhem aqui ao lado, para a Argentina. Há muito tempo o governo lá mantém o peso desvalorizado (na casa dos três por dólar), com esse objetivo de salvar a competitividade da indústria. Mas, com essa proteção toda, não consegue competir com a indústria brasileira. Tanto que, além do dólar caro, o governo argentino vive colocando impostos, taxas e outras barreiras para encarecer ainda mais os produtos brasileiros.

A economia argentina não é competitiva por outros motivos: infraestrutura precária, há anos sem investimentos, dadas as restrições colocadas pelo governo (tarifas congeladas, imposto pesado, confiscos); tecnologia atrasada por falta de máquinas novas; falta de financiamento; e péssimo ambiente de negócios.

O que a história recente da Argentina mostra é como a moeda desvalorizada é um instrumento de segunda para uma economia de terceira.

Aqui, para melhorar a vida do exportador, há muita coisa por fazer: portos mais eficientes barateiam a exportação; idem para estradas e aeroportos; se o governo não cobrasse imposto dos exportadores e se devolvesse os impostos cobrados indevidamente, também tornaria as exportações mais competitivas. Uma boa redução da carga tributária também tornaria toda a economia brasileira mais eficiente.

O problema, dizem alguns analistas e empresários, é que isso tudo exige reformas de difícil implementação. Assim, o dólar caro seria a única proteção possível, uma compensação para a ineficiência geral da economia.

Mas ir por esse caminho significa simplesmente desistir de fazer do Brasil uma economia de ponta. No tempo da inflação alta e crônica, dizia-se que a correção monetária era um instrumento de primeira para uma economia de segunda. A moeda local desvalorizada não é instrumento de primeira, é de segunda. E também se dizia que a inflação era "natural" no Brasil, que era melhor aprender a conviver com ela.

Essa mentalidade nos trouxe anos de atraso. Pretender compensar o custo Brasil com um dólar caro é a mesma atitude. Só nos deixará atrasos. Olhem para a Argentina, que, além de tudo, tem de roubar nos índices de inflação.

Com dólar - Com estabilidade macroeconômica, o Brasil é um "paisão" de US$ 1,5 trilhão, entre as dez maiores economias do mundo - e tem renda média, o que representa um expressivo mercado interno. São raros os países de 3 milhões de carros/ano e 150 milhões de celulares.

Só isso já atrai negócios e investimentos. É bom que seja assim. Excesso de dólar deveria ser um doce problema, especialmente quando comparado aos momentos anteriores, em que a falta de dólares levava a sucessivas crises no balanço de pagamentos.

O País deveria se preparar para este período de real valorizado e tentar saltar para o primeiro time com ganhos legítimos de eficiência e produtividade. Isso inclui um governo menor, que tome menos dinheiro das empresas e das pessoas.

Como dizem os economistas, a política fiscal precisa ser forte (com a contenção do gasto público e a redução do endividamento) para que a política monetária possa ser frouxa (com juros menores).

A queda do dólar - A moeda americana está desvalorizada no mundo todo. Entre os países importantes, a desvalorização é mais forte no Brasil. Desde o início do ano, o real tem uma valorização pouco acima de 30%.

Mas o dólar australiano está logo ali, com uma valorização de 29%. E pelos mesmos motivos que o Brasil: saiu rápido da crise, recebe investimentos estrangeiros, exporta commodities.

Também têm moedas com forte valorização na África do Sul, Noruega e por aí vai.

O fim do dólar - É generalizada a especulação: será o declínio final do dólar? Na era do capitalismo o dólar é, por assim dizer, a segunda moeda global. A primeira foi a libra esterlina, que perdeu espaço com a decadência do Império Britânico. Ou seja, o dólar será eliminado como a moeda universal se e quando a economia americana estiver em declínio. Para muitos, esse processo já se iniciou e é irreversível, embora demore muito para chegar ao final. O final será a emergência de outra ou outras potências dominantes e outra ou outras moedas.

Quais seriam? A chinesa?

Que tal? Sair da influência americana para a chinesa?

A conta - O governo federal aumentou todos os seus gastos neste ano. Podem olhar os relatórios mensais do Tesouro. Subiram os gastos com pessoal, Previdência, custeio e capital, os quatro itens de despesa.

O governo também foi generoso com os prefeitos, por exemplo, que continuaram gastando neste ano, mesmo com a queda das receitas. Foram, então, passar o pires em Brasília. E levaram, inclusive com cerimônia política de liberação.

O único item em que o governo fez uma economia significativa foi na devolução do Imposto de Renda cobrado a mais. Atrasar a restituição foi a única política de contenção feita pelo governo. Por isso, não faz sentido a justificativa dada por Lula e Mantega, segundo os quais atrasar a restituição é normal num período de queda da arrecadação. Seria, se o governo tivesse aplicado uma política de contenção generalizada.

RUY CASTRO

Drama no brejo

FOLHA DE SÃO PAULO - 12/10/09


RIO DE JANEIRO - Aqui-del-rei! Uma legítima brasileirinha, cidadã da mata atlântica e com tanto direito à vida quanto eu e você, pede socorro. Na verdade, com muito mais direito, porque não estamos em risco de extinção. E ela está.
Trata-se da Physalaemus soaresi, uma perereca de 2 cm de comprimento, que ninguém encontrará neste planeta exceto na Floresta Nacional Mario Xavier, em Seropédica (RJ), entre a rodovia Presidente Dutra e a antiga Rio-São Paulo. De repente, os últimos indivíduos da espécie se viram bem no caminho dos tratores, escavadeiras e caminhões escalados pelo PAC para construir o Arco Metropolitano, a superobra do Estado do Rio.
Não que as pererecas tenham se colocado ali. Os monstros a motor é que se meteram pelo seu santuário e se espantaram ao saber que havia vida sob seus pneus, rolos e lagartas. Neste momento, graças à administração da floresta, a P. soaresi goza de relativa proteção, porque está em período de reprodução -o chamado "canto nupcial"-, que vai até fevereiro. Mas e depois?
O Ministério do Meio Ambiente propõe manter o habitat da perereca isolado do canteiro de obras com placas de ferro. Mas alguns biólogos já advertiram que o barulho dos tratores não deixará ninguém sossegado no brejo. E por que o Arco precisa passar exatamente no meio da floresta, que tem 4,9 milhões de metros quadrados?
A vida de uma perereca vale pouco no Brasil. Há tempos, só a dedicação de uma bióloga ajudou a salvar o sapinho Melanophryniscus moreirae no Parque Nacional do Itatiaia. Hoje, chamado de "Flamenguinho" (por suas cores vermelha e preta), ele se tornou o símbolo do parque.
Neste momento, para alguns, a "soaresi" é apenas um estorvo ao "progresso". Amanhã, pode ajudar a desentupir as artérias de quem já pensou assim.

JAPA GOSTOSA

INFORME JB

A sigilosa guerra do minério

Leandro Mazzini

JORNAL DO BRASIL - 12/10/09


UMA SIGILOSA E BILIONÁRIA batalha de informações tem agitado o setor de minério, e duas das maiores mineradores do mundo. Chegaram à Europa previsões de que a verde e amarela Vale, com seus US$ 40 bilhões em caixa e valor de mercado em US$ 130 bilhões, deve ultrapassar a líder BHP Billiton em cinco anos e liderar o setor. A Vale, antes de privatizada, valia US$ 9 bilhões. Desde então, pelotas por pelotas, vem galgando posições no mercado que a fizeram respeitada – e consequentemente ameaçadora para os concorrentes. Tamanha é a preocupação da concorrente britânica que, semana passada, foi montado um QG no apartamento de um grande empreiteiro no Rio, gente simpatizante da Billiton. Mais capítulos podem surgir na esteira dessas explorações.

In loco Marcio Fortes, ministro das Cidades, aproveitou a passagem por Ouro Preto (MG) – nas férias de um dia, sexta-feira – para tratar com o prefeito Angelo Oswaldo o que podem fazer de imediato ali, dentro do PAC das Cidades Históricas.

PAC da Beleza O PAC das Cidades Históricas envolve também os ministérios do Turismo e Cultura. Fortes e Juca Ferreira (foto) mantêm sintonia para fortalecer o programa este ano. São R$ 150 milhões para 124 municípios.

Rascunho O PSB, que se reúne amanhã em Brasília para iniciar grupo de trabalho a fim de elaborar programa de governo de Ciro Gomes, já tem nomes regionais pré-definidos.

Tropa de elite São eles: Beto Albuquerque, no Sul; Renato Casagrande, no Sudeste; Eduardo Campos, no Nordeste; Serafim Correa, no Norte; e Rodrigo Rollemberg, no Centro-Oeste.

Banda larga...

A turma da internet no país está preocupada com os rumos da tecnologia para a Rio-2016. Só 2% dos domicílios em Zona Rural no Brasil têm acesso à banda larga.

... nos rincões A Associação Brasileira de Telecomunicações promove 15 e 16 workshop Projeto Brasil, na Futurecom 2009 (SP), para apresentar o DVB-RCS, via satélite, a fim de levar internet aos rincões.

Bateu saudade Almir Pazzianotto, ex-ministro do Trabalho no governo José Sarney, e João Santana, ex-ministro da Administração e Infraestrutura na gestão Collor, filiaramse ao PTB de São Paulo.

Ainda não O PTB diz que a dupla não tem planos eleitorais. Por ora.

Encontrão Prefeitos de São Paulo, numa frente suprapartidária, vão realizar dias 11 e 12 de novembro a Marcha Paulista em Defesa dos Municípios.

MARCO ANTONIO ROCHA

Bate-boca com fatos não leva a nada

O ESTADO DE SÃO PAULO - 12/10/09


É normal que políticos no auge de campanhas eleitorais, de cima de palanques ou arengando às massas, ajam como brucutus contra adversários, como cruzados de lança em punho contra os infiéis. Autoridades do governo, mesmo as que militam em partidos, o que precisam é convencer, e não derrotar.

Mas diversos petistas no governo Lula nunca depõem armas, militam a vida toda, em tempo integral.

No ano que vem o PT completa 30 anos. Qualquer jornalista não petista que esteja na profissão um pouco mais do que isso há de lembrar do espírito aguerrido do PT "de combate" nas redações. Era inimigo de morte quem não fosse petista de carteirinha, não cantasse loas a Lula, lançasse a menor dúvida sobre os elevados e puros propósitos do PT e dos líderes do partido ou sobre a capacidade técnica de petistas que exerciam cargos públicos. Pior, era inimigo do povo e lacaio do capitalismo. Era quase impossível, a quem divergisse do PT, argumentar em termos civilizados com o "bom petista".

Essa espécie de vírus xiita ainda não abandonou as veias de muitos petistas que estão em altas funções republicanas, são funcionários de Estado, e não mais militantes de comitês de agit-prop.

Marta Suplicy, depois de trombar com uma administração municipal destruidora de egos e de ser humilhada por uma derrota eleitoral que não esperava, percebeu que não era, afinal, a rainha da cocada preta e que o povo não a comprava pelo preço que ela pensava que valia. Melhorou, mas não se curou de todo da doença infantil do petismo. Ainda reage mal às contrariedades.

Um outro, esse um caso difícil porque junta "petistite" encruada com valentia gaúcha, é o ministro Tarso Genro. Dá a impressão de que todas as manhãs, na frente do espelho, enquanto faz a barba, só pensa nos dragões de tocaia lá fora para comê-lo e que vai ter de abater. Veste o paletó como couraça, pega o guarda-chuva como uma Excalibur e dispara por Brasília como se estivesse em Camelot. Está quase todos os dias nos jornais, "respondendo" a alguém com dois quentes e um fervendo, como diziam nossos avós.

Um terceiro ferrabrás petista, Marco Aurélio Garcia, diplomata - imaginem ! -, vê o mundo povoado por americanos canalhas e seus lacaios. Seu guru não parece mais ser o presidente Lula, e sim o fundador do socialismo bolivariano, ou socialismo do século 21, ou que outro nome tenha a estripulia político-caribenha, cevada em petrodólares, que Chávez perpetra do alto do seu trono na Venezuela. Onde quer que esteja um crítico da política externa do governo Lula, ali estará para combatê-lo o cavaleiro templário Don Diego Garcia, com seu feroz e desarrumado semblante.

Ao que tudo indica, a ministra-candidata, Dilma Rousseff, junta às sezões de agressividade petista o temperamento de praticante de kicking-box, sem nem um pingo do senso de humor do seu líder. Caso o suceda, teremos, provavelmente, a presidente mais ranheta do planeta.

Se na arena política esse comportamento é tedioso e canhestro, no terreno da economia só causa perplexidade, sobre ser inútil. No entanto, há petistas "de combate" também aí.

Acompanhamos todos, no momento, um debate sobre os rumos da economia brasileira que não é apenas acadêmico nem neutro, pois os argumentos, do governo e de analistas não-governo, porém experientes e respeitados na economia, influem em decisões empresariais de investimentos e nos movimentos dos mercados, particularmente os de ações e de futuros. Esse debate já produziu um consenso relativamente amplo de que o governo Lula enfrentou com competência a crise financeira internacional e conseguiu evitar para o Brasil o pior dos mundos, embora nem todos os efeitos negativos.

Mas o governo se mantém na defensiva agressiva. É que a discussão, agora, diz respeito a como retomar o crescimento econômico com políticas que evitem, mais adiante, o recrudescimento da inflação que, em consequência, imporá uma nova rodada ortodoxa na administração da moeda e do crédito.

Ora, a muitos analistas está parecendo que o esforço de investimento que o governo faz, e anuncia, com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com os preparativos para a Copa do Mundo e para a Olimpíada, com projetos de infraestrutura importantes, como o trem-bala, com a exploração do petróleo do pré-sal, etc., é maior do que o "Brasil S.A." pode atender. Tudo isso, aliado a gastos inevitáveis com a campanha eleitoral do ano que vem, com o aumento dos gastos de custeio da máquina pública que já ocorre desde o início deste ano, com o aumento do déficit do INSS e de outros déficits governamentais, cria uma expectativa de descontrole gradual das contas fiscais, de maior inflação, de elevação dos juros, etc. Expectativa que inquieta o mercado, eleva os juros futuros e se manifestou até no Relatório de Inflação do Banco Central (BC). Contra sua tradição de não se meter onde não é chamado, o BC advertiu sobre o risco de pressões inflacionárias, alinhando-se com as preocupações de analistas privados.

Foi o que bastou para os templários, aninhados no Ministério da Fazenda, saírem a combater moinhos de vento. Argumentos? - "imbecis", disse Paulo Bernardo, do Planejamento; "terroristas", acusou Nelson Barbosa, da Fazenda; "bobagens", murmurou Mantega. Argumentos bons para gerar manchetes, mas inúteis para amainar ou contraditar as expectativas dos especialistas, de investidores e de empresários. Como inútil foi o presidente Lula proclamar que fez o maior ajuste fiscal da história do Brasil... em 2003 ! Palmas para ele, mas o diabo é o desajuste de agora.

Cabe às autoridades criar fatos que amainem as expectativas e inquietações desfavoráveis. E não ficar batendo boca com os analistas

GOSTOSA

RICARDO NOBLAT

“O Brasil do Lula é uma espécie de país pré-datado. Bom para 2014 (Copa), 2016 (Rio) e 2020 (pré-sal).” (Hugo-A-Go-Go)

O GLOBO - 12/10/09


Pra casa, Ciro!

O que mais causaria incômodo a Lula? O candidato do PSDB a presidente se eleger direto no primeiro turno da eleição? Ou ele ser obrigado a apoiar o deputado Ciro Gomes (PSB) no segundo turno? Se for o caso, Lula prefere perder a eleição com Dilma Rousseff do que ganhá-la com Ciro. Dilma foi escolha dele.

Ciro tenta se impor à sua revelia.

Nenhum chefe político gosta de ser contrariado. Chefes, em geral, não gostam.

Lula desenhou a sucessão dele com régua e compasso.

Mesmo assim, deu errada aquela jogada do terceiro mandato consecutivo. Não convenceu nem seus aliados mais fiéis. Então, ele inventou Dilma, sem passado dentro do PT, sem a mínima experiência eleitoral.

Se ela não emplacasse, quem sabe o terceiro mandato não ganharia as ruas e acabaria aprovado pelo Congresso? Por ora, Dilma, de fato, não emplacou. Mas a crise financeira internacional sepultou o sonho do terceiro mandato. Foi um vacilo de Lula concordar com o desejo de Ciro, de se testar como candidato. Ciro logo passou Dilma nas pesquisas de voto.

Lula está sinceramente convencido de que a comparação dos resultados do seu governo com os resultados do governo de Fernando Henrique servirá de combustível para incendiar a candidatura de Dilma. E que sua presença ao lado dela, dizendo a todo instante “Minha candidata é Dilma”, derrotará José Serra sozinho ou ele com Aécio Neves de vice.

Marina Silva, candidata do PV? Lula não aposta um tostão furado na candidatura dela. Descarta que ela possa crescer o suficiente para provocar um segundo turno entre Dilma e Serra. Uma eleição plebiscitária, tal como ele a concebe, se esgotará no primeiro turno. Se Dilma perder... Lula terá feito tudo para elegê-la. E Serra não será assim tão mal para ele.

O que não dá é Ciro bater Dilma no primeiro turno e se classificar para concorrer com Serra no segundo.

O mito Lula sairia afetado.

Ele não teria demonstrado força sequer para garantir Dilma no segundo turno.

Ouviria: “Cadê o poderoso cabo eleitoral ambicionado por 10 entre 10 candidatos às próximas eleições? O gato comeu.” De resto, Ciro é imprevisível.

O que não murmuraria o PT, hein? Sim, porque diante de Lula só resta ao PT murmurar.

Estrilar? Não. Espernear? Esqueça. Revoltar-se? Jamais! Mas o que murmuraria o PT? Forçado a ir com Dilma, o PT ainda se veria na humilhante situação de ter que sair gritando por aí: “Ei, ei, ei, Ciro é nosso rei”. Logo o PT, que não engole Ciro nem em São Paulo...

Divirta-se, Ciro, enquanto puder como aspirante à vaga de Lula. O PSB, seu partido, prefere tê-lo como candidato à vaga de Serra. Ciro cometeu a bobagem de transferir seu título de eleitor para São Paulo. Mesmo que perca, ajudará a eleger deputados do partido. Para presidente, o PSB espera o momento certo de anunciar que é Dilma desde garotinho. PDT e PCdoB estão com Dilma.

Com Ciro, só tem ele e quase 20% do eleitorado.

O autor! O autor!

O governo admitiu que está atrasando a restituição do Imposto de Renda de milhares de pessoas.

Atribuiu o atraso à crise, exmarolinha.

E ensinou: o contribuinte não terá prejuízo. Quando receber o que lhe é devido, o dinheiro será corrigido pela taxa de juro Selic. Por que o governo não foi ao mercado atrás do dinheiro que precisa? Pagaria por ele a mesma Selic. Para se desculpar, Lula alegou que isso já ocorreu no passado.

Tem razão. Foi em 2003, no seu primeiro ano de governo. Daquela vez, a restituição não passou de dezembro. Desta, poderá ficar para o próximo ano. O autor! O autor! Chamem para o centro do palco o autor de idéia tão genial.

CLÁUDIO HUMBERTO

Villela: polícia investiga ex-namorados da filha


A Policia Civil do DF não dispensa a mais remota chance de esclarecer o assassinato do ex-ministro do TSE José Guilherme Villela, de sua mulher e da empregada, há quase 40 dias. Agora investiga até mesmo antigos relacionamentos da filha das vítimas, como um médico que foi namorado dela há quinze anos e outro, conhecido apenas pelo prenome, Vander, que anos depois se envolveu em casos policiais.

Incansáveis
Quarta, às 22h, a neta das vitimas voltou a depor. Saiu da delegacia às 2h da madrugada. Seu namorado, perito da PF, saiu antes, às 23h30.

Quem paga?
O MST desocupou o laranjal da Cutrale em São Paulo. Mas quem vai pagar o prejuízo de cerca de R$ 1 milhão que os vândalos deixaram?

Foi por pouco
O Rio escapou por pouco, graças ao calendário gregoriano: se o Nobel da Paz tivesse sido escolhido dez dias antes, Barack Obama chegaria em Copenhague com moral alta, senhor do universo. E, aí, bye bye Rio.

Promessa é dívida
Em palestra para oficiais da reserva, no Parque de Material da FAB, em São Paulo, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, disse que Lula prometeu fazer da Força Aérea "a melhor da America do Sul".

TV Brasil aprovada
Após dois anos no ar, a TV Brasil já é conhecida por um terço da população (34%) e a programação (ótima para 22% e boa para 58%) tem 80% de aprovação dos telespectadores, segundo pesquisa do Datafolha para a EBC, a Empresa Brasileira de Comunicação.

Ajoelhou, tem que rezar
Depois de ir ao senhor do Bonfim, falta agora a ministra Dilma Rousseff comer buchada de bode e subir numa mula. São leis imutáveis da campanha eleitoral no Nordeste. FHC e Lula sabem disso.

"Homipresente"
Falta pouco para Lula e a inseparável ministra-candidata Dilma irem a batizado de boneca: programam uma visita ao bebê da neomamãe baiana Ivete Sangalo, na Bahia do governador petista Jacques Wagner.

Serra no sertão
O governador de São Paulo, José Serra, vai hoje a Petrolina, no sertão pernambucano a pretexto de visitar a Festa da Uva e do Vinho no São Francisco. Terá a companhia do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, dos senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Marco Maciel (DEM).

Pedófilo teme cadeia
O deputado cassado Wallace Souza (PP-AM), acusado de pedofilia, entre outros crimes, pode ser transferido para um batalhão da PM em Manaus. Entregou-se nesta quinta (9) e teme represália dos internos.

Pensando bem...
...o vazamento dos exames do Enem está fadado a não dar em nada. Por falta de provas.

Ele é "o cara"
Lula pode até continuar sendo "O Cara". Mas quem ganhou o Nobel da Paz com menos de um ano de governo foi Barack Obama.

Gregório valente
Começou a gravação em Recife do filme "A História de um valente", do diretor pernambucano Cláudio Barros sobre Gregório Bezerra, que lutou bravamente contra a ditadura de 1964, e morreu em 1983.

SÓ TEM LADRÃO

SEGUNDA NOS JORNAIS

- Globo: Governo cede florestas a índios e posseiros


- Folha: Tesouro vai bancar obra do trem-bala


- Estadão: Exportações têm queda histórica na rentabilidade


- JB: Vilãs brasileiras do aquecimento global


- Correio: Os intocáveis


- Estado de Minas: Bloco dos sujos ameaça aprovação do ficha limpa


- Jornal do Commercio: Olinda combate bagunça