sexta-feira, novembro 23, 2012

Black power no STF I - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 23/11


Vindo de um show em São Paulo, Martinho da Vila, praticamente, não dormiu para ir à posse de Joaquim Barbosa no STF. Mas estava feliz:
— A família negra brasileira passa a ter uma referência. Um exemplo de orgulho. Nem sempre foi assim. Machado de Assis era negro, mas nem por isso foi referência viva para negros.

Black power no STF II
O pessoal do PT, claro, não foi, por causa do relatório do mensalão. Mas dois petistas negros, o senador Paulo Paim e o deputado Edson Santos, fizeram questão de ir, além da ministra Luiza Bairros, da Igualdade Racial.

Black power no STF III
Mas, no discurso, Joaquim não fez qualquer referência à cor de sua pele.
Na verdade, o ministro prefere levar a questão com naturalidade. 

Black power no STF IV
Talvez pela presença de Dilma, o mensalão não foi citado na cerimônia — salvo, rapidamente, no discurso do presidente da OAB, Ophir Cavalcante.
O ministro Luiz Fux relacionou uns cinco casos em que Joaquim atuou no STF. Mas... omitiu o do mensalão.

Black power no STF V
Quem também esteve na posse foi a figura folclórica de Pai Uzeda.
O babalorixá disse que estava ali para “um trabalho espiritual para salvar Joaquim do mau olhado dos outros”. Bem que precisa.

No mais
O Brasil melhorou. O STF de Ayres Britto (aliás, um dos mais aplaudidos ontem) e de Joaquim (com apoio da maioria dos ministros, claro) tende a cumprir seu ideal: ser um dos três poderes da República sem rabo preso com o Executivo e o Legislativo, como nas democracias mais admiráveis.

‘O adorador’José Henrique Fonseca, o diretor de “Heleno”, vai filmar em 2013 “O adorador”, livro do irmão Zeca Fonseca.
Marcelo Serrado viverá o protagonista Lemok, que oferece seus serviços sexuais pelo Facebook a mulheres infelizes no casamento e vira um sucesso.

‘Heleno’ nos EUA...
Aliás, “Heleno” estreia nos EUA dia 7 de dezembro em cinemas de Nova York, Miami, Los Angeles e Washington.
José Henrique estará lá com o protagonista Rodrigo Santoro.

Olinda, o filme
Vem aí um documentário sobre Olinda Miranda, irmã mais velha de Carmen Miranda e sua grande incentivadora, segundo o biógrafo Ruy Castro.
Olinda morreu aos 23 anos, de tuberculose, após desgosto amoroso. A produção será de Ana Paula Nogueira.

Dicionário de craques
A Maquinária Editora vai publicar, em 2013, em três volumes de 600 páginas cada, “Ídolos — Dicionário dos craques do futebol brasileiro”, com cerca de 2 mil verbetes, do coleguinha André Felipe de Lima.

Obras de arte
Começa terça, no condomínio Novo Leblon, na Barra, no Rio, o leilão do espólio de Helena Ribas, que foi dona do Leite de Rosas.
Além de móveis, tapetes, cristais, há pinturas de Aluísio Carvão, Dionísio Del Santo, Gerchman, Gonçalo Ivo e esculturas de Bruno Giorgi, entre outros. O leiloeiro é Horácio Ernani.

Rio socorre São Paulo
Veja as voltas que o mundo dá. A ONG Rio de Paz vai fazer, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, dia 28, um protesto contra a onda de assassinatos em... São Paulo.
Fincará uma cruz preta de 3m de altura e montará uma “parede” com 960 tijolos. É a média de homicídios a cada semana no Brasil.

Depois de Jesus
Madonna selecionou um dançarino brasileiro para sua turnê, que vai passar pelo Brasil.
É o paranaense Fabiano Lopes, o Neguin.

Gato moderno
Acredite. A Light encontrou ontem um “gato” que era acionado por controle remoto no restaurante Galeto Maneiro, em Jacarepaguá, no Rio.
Foi o primeiro do tipo descoberto pela empresa.

Ladrão de vips
Segunda, no show do DJ francês David Guetta, no Riocentro, com ingressos entre R$ 250 e R$ 350, ladrões fizeram a festa.
Muita gente foi furtada. Houve até fila depois na 16ª DP para registrar queixa. Uma vip ficou sem cartão, carteira de motorista, celular e até... um blush.

O leão é gata
O violento líder de uma quadrilha do Rio, em escuta autorizada da Delegacia de Homicídios, foi flagrado de namorico com um... travesti.
Nada contra, que sejam felizes.

Recados da posse - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 23/11

A posse de Joaquim Barbosa na presidência do Supremo Tribunal Federal talvez tenha sido a mais concorrida da Suprema Corte do país. Mas o segmento dos advogados se mostrou menos presente, se comparado a eventos idênticos em tempos passados. A maioria dos que compareceu estava ali por conta do cargo que ocupa ou que pretende ocupar, caso dos representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ou por ser ex-ministro do Supremo.

Para alguns representantes da classe, há uma sensação de separação de corpos ou quase um divórcio entre os ministros da Suprema Corte e os advogados. A relação não é mais como antigamente. Há alguns anos, quando a sessão se estendia, ao fim, os advogados podiam se aproximar e conversar com os juízes da mais alta Corte.

Aqueles que ainda se lembram desse tempo olham com uma certa nostalgia os dias atuais. Hoje, os ministros quase não recebem advogados. Muitos dos advogados reclamam que pedidos de audiência têm que ser enviados por e-mail e com bastante antecedência. Alguns chegam a comentar, em conversas reservadas, que só falta os advogados serem revistados antes de entrar no STF. A sensação deles é a de que o tripé da Justiça, formado por juízes, procuradores e advogados, tem agora um pé mais fraco — o daqueles que defendem os acusados. E a Justiça precisa desses três pilares respeitados e fortalecidos para que seja exercida na plenitude.

Em compensação, muito se falou da presença de artistas, encantados com a trajetória de Joaquim Barbosa, o primeiro negro a presidir a mais alta Corte do país. Só isso já deu a muitos presentes a certeza de que o STF se aproxima da sociedade civil e se distancia dos advogados. A esperança de muitos dos advogados, entretanto, é que haja um equilíbrio entre todos os personagens dessa história.

Para alguns, a luz nesse túnel apareceu no discurso do novo presidente do STF ao defender maior celeridade na tramitação dos processos. “É uma bandeira antiga da categoria resgatada por ele”, comentou o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Não por acaso, o mesmo tema foi abordado pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, um dos poucos com direito a voz ontem na posse. Apesar disso, muitos dos colegas de Ophir consideraram que faltou uma defesa mais enfática da categoria no discurso.

Por falar em defesa…

A presença de ministros do governo Dilma Rousseff — inclusive alguns ligados a Lula, como Celso Amorim, da Defesa, e Miriam Belchior, do Planejamento — deixou a muitos a impressão de que houve um esforço para mostrar que o Poder Executivo não mistura o julgamento do mensalão ao exercício do poder no país. Essa impressão só não foi maior porque o semblante da presidente Dilma passou a muitos a ideia de que ela estava desconfortável ali. De repente, foi só impressão.

Por falar em impressões…

A semana que vem será decisiva para se verificar as chances do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) na eleição para presidente da Câmara. O PSB está em alerta. Embora o partido seja entusiasta da ideia de balançar a árvore em que Dilma parece bem acomodada ao lado do PMDB de Henrique Eduardo Alves, os socialistas sabem que, se o desempenho de Júlio Delgado não for dos melhores, soará como uma derrota do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Até o momento, Eduardo só contabilizou vitórias em todos os embates políticos que travou. E o partido não pretende deixar que Júlio Delgado quebre essa corrente. Isso quer dizer que, se for para ele entrar na disputa, terá que ser com a certeza de obter mais de 200 votos. Se não for assim, não está descartado um chamamento a recolher os flaps. Mas essa é outra história.

Reta final - SONIA RACY


O ESTADÃO - 23/11

A menos de dois meses do fim da gestão Kassab, a Prefeitura prepara o lançamento de publicação sobre os 10 anos do Plano Diretor.

Extraoficialmente, o documento será divulgado para rebater as críticas – exaltadas durante a campanha eleitoral – de que muitas ações, como o desenvolvimento econômico da periferia, não saíram do papel.

Reta 2
Mas, mesmo entre o alto escalão da Prefeitura, há quem admita que um dos principais problemas na elaboração do conjunto de leis foi a falta de planejamento orçamentário para execução do plano.

Em tempo: a renovação do projeto será a principal tarefa da Câmara Municipal.

Escolhido
Se não entrar pedra no caminho, Roberto Lima deve ser o novo CEO da Cetip.

Tipo exportação
O sucesso O Filho Eterno, de Cristóvão Tezza, ganhará… versão em chinês.

A ser publicada em 2013.

Who are you?
Dasha Kapustina deixou o namorado, Fernando Alonso, rubro ontem. Em conversa casual com organizadores do GP Brasil de F1, a modelo russa garantiu que nunca tinha ouvido falar no piloto antes de se conhecerem.

Detalhe: Alonso já era bicampeão do mundo.

Old masters
Será vendido espólio de Zilda Azambuja Canavarro Pereira, que esteve abrigado em um dos últimos palacetes da Avenida Atlântica, no Rio. Destaque para o quadro Paola Doria, Marquesa de Lomellini, do pintor belga Antoon Van Dyck, do século 17.

Pela Salles & Von Brusky, de 26 a 30 de novembro. As quase mil peças da coleção já estão em exposição.

Jane Fonda: a juventude além do umbigo
Prestes a completar 74 anos, Jane Fonda desembarca no Brasil, segunda-feira, trazendo uma frustração: tentou encontro com Dilma, sem sucesso. “Acredito muito nas lideranças femininas”, contou à coluna, anteontem por telefone, a atriz e ativista americana – que perguntou sobre o tempo em SP e elogiou o País.

Jane vem divulgar seu novo livro, O Melhor Momento – Aproveitando ao Máximo Toda a Sua Vida, publicado aqui pela Paralela. E além de sessão de autógrafos, participará do Fórum da Longevidade, da Bradesco Seguros – dia 27, no Hotel Transamérica. A seguir, trechos da conversa.

O Brasil está envelhecendo, e a sra. afirma, no livro, que estamos experienciando uma “revolução da longevidade”. Como é isso?

Somos pioneiros nessa revolução. Vivemos uma média de 34 anos a mais do que nossos avós. Isso é uma segunda vida adulta inteira. Temos de nos perguntar o que fazer com esse tempo, aproveitá-lo ao máximo. Vivê-lo de forma saudável. Física e mentalmente.

Qual a principal descoberta na pesquisa sobre esse tema?

Estudos mostram que as pessoas, depois dos 50 anos, tendem a ser mais felizes. Costumam experimentar um senso de bem-estar. Um indivíduo de 50 anos já passou por crises financeiras, amores que não deram certo, algumas doenças e sobreviveu. Isso fortalece. Em inglês, há uma expressão que diz “this too shall pass” – tudo passa. Quando se é mais velho, não existe a ansiedade do “preciso fazer isso ou aquilo”.

Concorda que a idade é mais generosa com os homens?

Acho que envelhecer pode ser mais fácil para a mulher, sabia? Muitos homens dedicam a vida ao sucesso profissional e, quando param de trabalhar, se sentem perdidos. Além disso, homens não costumam ter um círculo de amigos muito próximos, como as mulheres.

No livro, há uma valorização desses vínculos afetivos.

Exatamente. Os homens não têm o mesmo “network emocional” das mulheres. Não cultivam essas conexões profundas e emocionais, como nós. E essas relações são essenciais. Entretanto, quando envelhecem, aprendem a desenvolver e valorizar esse tipo de relação.

Como?

Acontece por causa das mudanças hormonais. Na velhice, os homens têm uma queda de testosterona, o hormônio da virilidade. Muitos que não foram pais amorosos podem se tornar avôs incríveis. Já nós, mulheres, perdemos estrogênio e nossa testosterona fica mais evidente. Não queremos estar em casa e lavar a louça, mas fazer uma aula de ioga ou dança. A louça fica para eles (risos).

O poder da mulher está muito associado à beleza. Como mudar esse paradigma?

Não há nada de errado com querer estar bonita. O problema é desejar permanecer com o visual de menina.

Brasil e EUA são os países com maiores índices de cirurgia plástica no mundo. O que acha disso?

Não me oponho. Eu mesma já fiz. Mas pequenas intervenções. Não sou uma maluca que não quer ter rugas e fica perseguindo a juventude. Não quero parecer ridícula. Admiro as francesas, por exemplo. Elas não têm essa obsessão. Mantêm suas expressões. E são muito bonitas. É importante ser bonita, mas não podemos parecer tolas.

Como é envelhecer?

Estou ótima. Sei reconhecer que estou bem para a minha idade, bonita, inteira. Tenho uma genética que ajuda e condições financeiras que possibilitam que eu me cuide. Mas a força não é incomum. Quero ajudar as pessoas a perderem o medo de envelhecer.

A senhora sempre manteve um forte ativismo social.

Isso é muito importante. Ser socialmente ativo. Contemplar um mundo maior do que você ajuda a se manter jovem. A noção de que as coisas não giram em torno do seu umbigo dá uma outra perspectiva, sem dúvida.

Depois de lutar contra a Guerra do Vietnã e visitar a Palestina, há 10 anos, continua otimista com relação à paz ou se desiludiu?

Sou otimista. Acho que as mulheres têm um papel fundamental nisso. Vocês têm uma presidente mulher. Ela parece muito boa e popular, não? Deus, agora me lembro: ela foi uma revolucionária. Sabe, eu queria me encontrar com ela. Tentei, até pedi uma reunião com ela, mas acabou não acontecendo. Acredito muito nas lideranças femininas. Com o apoio dos homens, evidentemente. Mulheres tendem a votar pela paz.

Como ativista, qual sua avaliação sobre a reeleição de Obama?

Meu Deus! Foi um alívio gigantesco. Vou te dizer uma coisa: se ele tivesse perdido, seria uma catástrofe. Estou orgulhosa do meu país. Por termos dito “não” a pessoas que são contra negros, imigrantes, mulheres. Que banalizam o aborto.

E os próximos projetos?

Estou trabalhando no sucesso The Newsroom. Farei um piloto para minha série própria na ABC, em março. Tenho dois filmes para lançar. Vou escrever mais dois livros sobre sexualidade para adolescentes. E tenho três projetos sociais que envolvem a violência contra a mulher, adolescentes e o fortalecimento da voz feminina no Oriente Médio. Acho que estou bastante ativa para uma mulher de quase 74 anos (risos).

O isolamento de Cristina - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 23/11


Com sua popularidade impiedosamente corroída pela incapacidade de seu governo de enfrentar problemas que atormentam cada vez mais os argentinos, como a inflação, o desemprego e a estagnação da economia, a presidente Cristina Kirchner conseguiu a proeza de unir seus inimigos, alguns dos quais eram ferozes adversários entre si. Isso ficou claro na greve geral que paralisou Buenos Aires e outras importantes cidades argentinas na terça-feira. Contra Cristina e sua política, dirigentes sindicais que, há pouco, não hesitavam em recorrer à violência para defender o governo e atacar a oposição, juntaram forças com opositores conhecidos, entre os quais representantes do setor rural.

O descontentamento é, porém, bem mais amplo. Menos de duas semanas antes da greve geral, e sem a intervenção de qualquer partido político ou organização sindical, cerca de 2 milhões de argentinos ocuparam as praças das principais cidades do país para um panelaço no qual demonstraram seu desagrado com as políticas do governo Kirchner, cada vez mais isolado.

Em um ano, Cristina perdeu metade de seus apoiadores. Eleita em outubro de 2011 com 54% dos votos, tem agora o apoio de apenas 28% dos argentinos. O mau desempenho da economia é o fator que mais tem empurrado os argentinos para a oposição. O desemprego está em 7,6%, o índice mais alto dos últimos dois anos. O ritmo de atividade da economia se reduziu, o que alimenta o pessimismo da população e faz crescer os temores com relação ao futuro.

Por meio de manipulações de índices e de aplicação de punições truculentas contra os que mostram a extensão dessas manipulações - a pena inclui multas pesadas e a obrigatoriedade de utilização da metodologia distorcida de aferição dos preços empregada pelo governo -, o governo vem tentando esconder a alta da inflação. Mas a população sente no bolso aquilo que os índices oficiais dizem que não existe. A inflação oficial está em torno de 10% ao ano, mas instituições privadas calculam que ela esteja entre 25% e 30% ao ano.

A deterioração da situação econômica, combinada com a decisão da presidente Cristina Kirchner de afastar antigos aliados para fortalecer seu grupo pessoal, estimulou a organização da primeira greve geral na Argentina desde 2003, quando Néstor Kirchner chegou à presidência. Além de Buenos Aires, a greve afetou a vida da população em cidades como Córdoba, Mendoza, Santa Fé, Salta, La Plata e Tucumán. Na capital, os sindicalistas paralisaram a maior parte do sistema de transportes. Piquetes organizados sobretudo por caminhoneiros bloquearam a maioria dos acessos a Buenos Aires.

A greve geral foi liderada por algumas alas da Confederação Geral do Trabalho (CGT), que por mais de 60 anos foi o principal braço sindical do peronismo ao qual pertence a presidente Kirchner, mas que ela conseguiu dividir, empurrando parte do movimento sindical para a oposição. Também participaram da organização a Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA) e, numa inédita união de forças com o sindicalismo, a Federação Agrária, uma das quatro associações ruralistas que organizaram o locaute contra Cristina em 2008.

Entre seus principais líderes está o secretário-geral da CGT (ou de uma das CGTs, pois outros sindicalistas se apresentam com o mesmo cargo), Hugo Moyano, que até o fim do ano passado liderava uma espécie de milícia kirchnerista. Foi o sindicato dos caminhoneiros, controlado por Moyano, que, há cerca de três anos, bloqueou a distribuição dos jornais Clarín e La Nación, que fazem oposição ao governo.

Mas Moyano vinha sendo afastado das principais decisões do governo em sua área. Há alguns meses, na eleição da nova diretoria da CGT, Cristina apoiou Antonio Caló para a secretaria-geral, contra Moyano, que venceu. Vendo o governo cada vez mais enfraquecido, como mostrou o panelaço de 8 de novembro, Moyano viu no confronto, por meio da greve geral, um meio para fortalecer seu projeto político. Nesse caso, não há inocentes.

A pena de Cachoeira - LUIZ GARCIA


O Globo - 23/11


Não é muito fácil entender a lógica do sistema penal brasileiro no que se refere ao regime definido como semiaberto.

Um cidadão ingênuo pode até mesmo declarar-se perplexo: ele entende que algo possa estar ou aberto ou fechado.

Uma porta ou uma garrafa, por exemplo, podem estar abertas ou fechadas. Mas como imaginá-las um pouco abertas ou um tanto fechadas?

É tão estranho, por exemplo, como considerar que uma pessoa seja, digamos, semivirgem. Sei que, em certas sociedades, em continentes distantes, a semivirgindade é vista como um status inteiramente natural - coisa de países estrangeiros com costumes e normas que não precisamos entender ou aceitar.

Mas o que está aqui em questão é o nosso sistema penal semiaberto. Principalmente porque ele não funciona como deveria: o Ministério da Justiça confessa que existem mais de 70 mil cidadãos condenados nesse regime - mas só existem vagas nas penitenciárias para menos de 50 mil.

Os semicondenados são cidadãos que receberam penas de menos de oito anos de detenção. Ou seja, não são considerados perigosos. E, no sistema semiaberto, poderiam aprender profissões honestas que os afastariam da vida criminosa.

Em tese, é certamente uma boa ideia. Mas parte do princípio de que os condenados beneficiados pelo sistema estarão treinados em profissões honestas que os afastarão definitivamente da vida criminosa.

Para a grande maioria, isso certamente pode acontecer. Mas, falando sério: alguém acredita que o bicheiro milionário Carlinhos Cachoeira, condenado a cinco anos de prisão por formação de quadrilha e tráfico de influência, aproveitará o regime semiaberto para aprender uma profissão decente?

Não é falta de confiança na estrutura penal imaginar que, em algum tempo, Cachoeira encontrará meios de driblar o sistema - que, é preciso reconhecer, não foi criado para condenados cheios de dinheiro como ele.

O Mercador de Veneza - FERNANDA TORRES

FOLHA DE SP - 23/11


Como em "Édipo Rei", aquele que mais procura a justiça descobre ser ele mesmo o culpado


Cruzei com Barbara Heliodora em uma estreia de teatro. Barbara declamou para mim um trecho da cena um do quarto ato de "O Mercador de Veneza", onde Pórcia reflete sobre a cobrança de uma libra da carne do devedor, feita pelo judeu agiota Shylock: "A graça do perdão não é forçada; / Desce dos céus como uma chuva fina / Sobre o solo; abençoada duplamente, / Abençoa quem dá e quem recebe".

"Vou mandar para o Joaquim Barbosa", concluiu a crítica com ironia. Barbosa anda mesmo impiedoso na sua dosimetria.

É difícil acreditar que José Dirceu vá entrar para a história como o maior corrupto que esse país já conheceu. Não é. Talvez, Dirceu seja o mais heroico dos revolucionários, ao aceitar a culpa para salvar o partido. Ou o mais perigoso dos políticos, ao conduzir um esquema para perpetuar o PT no poder pelas próximas décadas.

A alegação de que o caixa dois não é corrupção demonstra o quanto o PT operou dentro das controversas regras monetárias que imperam na política. Caso permanecesse fiel à retidão acusatória dos tempos de oposição, o partido enfrentaria o paradoxo do inflexível delegado de "Medida por Medida", do mesmo W. Shakespeare, que descobre ser impossível governar sem violar a lei.

É melhor fazer cumprir um mandamento que a sociedade não respeita, ou compactuar com o malfeito que não se pode erradicar?

O valerioduto mineiro do tucano Eduardo Azeredo, tudo indica, serviu de modelo para uma estratégia de âmbito nacional. É grave. Mas por que o PT encara o paredão enquanto as acusações ao PSDB correm o risco de prescrever? Estaria certo Dirceu, ao defender a teoria conspiratória? Ou foi obra do soberano acaso?

Como em "Édipo Rei", aquele que mais procura a justiça descobre ser ele mesmo o culpado.

Perguntei a amigos informados o porquê de o mensalinho mineiro ter morrido no tempo, enquanto o mensalão enfrenta a fúria exemplar. Os analistas de quintal apontam para mais de uma razão.

O PSDB foi obrigado a seguir o moroso caminho da Justiça comum, enquanto o PT foi julgado pelo Supremo. Parte dos magistrados assumiu o cargo durante o governo Lula e, presumivelmente, as chances dos processados, ali, seriam maiores.

A indignação de Gilmar Mendes com o ex-presidente, provocada pela insinuação de que o ministro teria visitado a Alemanha na companhia de Demóstenes Torres, envolvido no caso Cachoeira, teria contribuído para o endurecimento do STF. E, também, a desastrosa defesa do caixa dois.

A sequência lógica, repartida em núcleos, imposta pelo relator do processo, tornou difícil a contestação dos fatos e o resultado foi o derramamento de penas.

Dirceu insiste que o tribunal agiu sob pressão da opinião pública atiçada pela imprensa. Mas quem soltou as feras no Coliseu romano foi Roberto Jefferson, de olho roxo, cantando vingança, depois de dar com a língua nos dentes em cadeia nacional. O tom de escândalo não partiu das Redações. O termo mensalão é de autoria do deputado.

A crítica mais pertinente sobre o comportamento dos meios de comunicação eu ouvi de Jânio de Freitas, no "Roda Viva". Segundo o oráculo, um veículo pode e deve tomar posição, mas não tem o direito de fingir neutralidade.

Dirceu e Genoino foram enredados porque soava absurda a explicação de que Delúbio Soares teria sido, à revelia do partido, o arquiteto solitário dos empréstimos milionários e da negociação com a bancada. Mesmo sem provas irrefutáveis, foi preciso responsabilizar o alto escalão. Os autos levaram a isso.

O Partido dos Trabalhadores sempre se viu como o partido do povo brasileiro. Para o PT, o PT é o povo, nascido dos sindicatos e da mão de obra que ergueu o país. Havia uma simbiose entre a vontade do partido e a da nação que legitimava, para alguns envolvidos, as transações criminosas.

Nos últimos dez anos, o PT sofreu o linchamento de quadros do calibre de Palocci, Gushiken, Erenice Guerra e sempre se manteve coeso. Se serve de consolo, o mesmo não se pode dizer do PSDB.

A herança guerrilheira de muitos de seus fundadores sabe que o projeto comum está acima do indivíduo, mesmo quando o custo é uma libra da carne em torno do coração.

"Data venia".

Acreditar em Deus - DAVID COIMBRA

ZERO HORA - 23/11


Tenho amigos ateus. Admiro-os com sinceridade por sua coragem, uma coragem de que não disponho aqui no meu peito. Não por temer a crítica das outras pessoas, não, se há algo com o que estou acostumado é a crítica das outras pessoas. Mas e Deus? Digo: e se Deus existir mesmo? Vá que Ele não goste do fato de alguém não acreditar Nele, ainda que seja alguém tão insignificante quanto eu, um inseto repoltreado na parte dos fundos do Brasil.

Todas as religiões enfatizam isso: que Deus não apenas desaprova como fica irritadíssimo quando alguém sequer cogita da Sua não existência. Entendo Deus: a credibilidade é importante mesmo para quem é Todo-Poderoso.

O problema, tanto o de Deus quando o meu próprio, é o conflito racionalidade versus irracionalidade, consciente versus inconsciente. Sempre quis ser completamente racional, na minha vida. Não consigo. Às vezes, o meu consciente é dominado pelo meu inconsciente. Sinto e faço coisas que não queria sentir ou fazer. Como pode isso?

O verdadeiramente racional é o consciente, é ele quem reflete sobre o mundo e a vida. É ele quem PENSA. Aí vem o inconsciente, com seus instintos e seus sentimentos, e toma conta. Que maldita fraqueza. Sou um fraco. Porque sou meu consciente, não é? Ou deveria ser.

O conceito de Deus, obviamente, não é racional. É matéria de fé. Logo, está alojado em algum lugar do inconsciente, junto com os sentimentos, os instintos, toda aquela coisa pastosa. Alguém incrustou o conceito de Deus no meu inconsciente – minha mãe, claro, tudo é culpa da mãe.

Então, entramos em luta de novo, o meu consciente contra o meu inconsciente. Eu suportaria isso sem problemas e talvez meu consciente vencesse, já que nutro claras preferências por ele. Ocorre que, às vezes, o meu consciente é assaltado por dúvidas irresolvíveis a esse respeito. Vou citar duas clássicas: o Nada e o Infinito.

Os físicos tentam e não conseguem explicar o Nada e o Infinito. O universo é circular, blablablá. Balela. Depois de uma coisa, tem de vir outra coisa. Não é possível vir o Nada. Não é possível conceber a ideia do Nada.

Eis a terrível maldição: o meu cérebro não é capaz de explicar tudo. Pelo menos não o meu, tão pequeno e limitado. E, se o meu cérebro não é capaz de entender tudo, pode ser que Deus exista, afinal, apesar de a minha Inteligência crua apontar que não. É uma possibilidade.

Sendo assim, é melhor optar pelo caminho mais seguro. Literalmente por via das dúvidas, eu deixaria Deus nas cédulas de real. Melhor não provocar.

As novas percepções na escalada da violência - WASHINGTON NOVAES


O ESTADÃO - 23/11


Que quer dizer exatamente a onda redobrada de violência na Grande São Paulo e no interior paulista, em Santa Catarina, Goiás, Paraíba, Bahia, Ceará e outros Estados? O tema está a cada dia mais presente na comunicação e suscita, até mesmo em entrevistas e artigos assinados, muitas interpretações. Na verdade, a questão já era muito forte e só agora temos uma nova visão? Ou se trata de uma escalada na violência? Por quê? Será coincidência ou um salto de consciência?

Carmo Bernardes, o falecido escritor mineiro/goiano, costumava dizer que os acontecimentos (e a consciência sobre eles) em nossa vida não escorrem lentamente, e sim dão saltos repentinos: de um momento para outro, vem-nos a consciência de que houve uma mudança forte, um salto. Será assim neste momento? Ou se trata apenas de coincidência, situações momentâneas? Por um lado, as estatísticas de crimes mostram que a situação não é nova, embora possa ter-se agravado - apenas se estaria dando mais ênfase. De fato, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, citado pelo ministro da Justiça (Estado, 14/11), diz que já tínhamos no ano passado 471.200 pessoas presas em 295.400 vagas, com um déficit de 175.800 vagas e 1,6 preso por vaga. Só no Estado de São Paulo, 195 mil presos, ou 1,9 por vaga. Nas 28 prisões da Região Metropolitana, no ano passado, 43.600 presos. E 250 mil pessoas detidas provisoriamente.

Então, por que não percebemos antes a enormidade do quadro e só lhe damos atenção agora? Há indícios de que ocorreram mudanças importantes e certas coisas parecem mais visíveis. Entre elas, um aparente deslocamento geográfico do crime organizado, em busca de novos territórios, desde que cessou o acordo não declarado que havia no Rio de Janeiro, desde o governo Chagas Freitas, na década de 1970, entre a polícia e o tráfico de drogas - "vocês não descem o morro e nós não subimos". Com a ocupação de morros e favelas pelo programa das Unidades de Polícia Pacificadora, o crime (tráfico de drogas, especialmente) teve de migrar - inclusive para fora do Estado. São Paulo e Santa Catarina parecem ser novos territórios, ou a busca deles.

Mas essa busca tem implicado uma escalada. Os comandos de organizações na área do tráfico têm recorrido até à requalificação técnica de seus membros, matriculando-os em cursos que ensinam a manusear explosivos (Folha de S.Paulo, 18/11). Tem significado a exigência de que os devedores aos mandantes do tráfico sejam obrigados a saldar suas dívidas executando policiais - seis PMs e dois agentes prisionais foram executados em 20 dias (Estado, 15/11), quando 154 pessoas foram assassinadas. Em um ano, foram mortos 93 policiais (19/11). Ordens de ataques têm partido de dentro de prisões (15/11), a ponto de os governos federal e paulista cogitarem de instalar bloqueadores de celulares em presídios, ao custo de R$ 1 milhão em cada um deles, levados para 143 unidades prisionais (19/11). A evidência de que esses novos fatores influenciam a visão das autoridades paulistas está no processo, já iniciado, de transferir líderes de organizações criminosas para penitenciárias de segurança máxima fora do Estado (17/11) e no anúncio de que haverá ações importantes em "14 pontos estratégicos do Estado".

Para completar o quadro da redistribuição geográfica do crime organizado: parece claro que o Centro-Oeste brasileiro se transformou no ponto de recepção e redistribuição de drogas advindas das regiões de fronteira. Goiânia teve quase 500 homicídios no ano passado, mais de 500 este ano, até agora - quase invariavelmente relacionados com o tráfico e o não pagamento de dívidas. Em Rio Verde, cidade de 185 mil habitantes, quase cem assassinatos em 2011. Este ano, mais (O Popular, 19/11).

De certo modo, os fatos estavam diante dos nossos olhos há muito tempo. Na Paraíba, a Polícia Federal prendeu mais de 30 policiais e agentes de segurança "envolvidos em grupos de extermínio" (Estado, 10/11). "De 1984 para cá", escreve o leitor Marcelo de Lima Araújo, "mais de 1 milhão de pessoas foram assassinadas intencionalmente no Brasil", o "20.º país mais violento do mundo" (Fórum dos Leitores, 7/11).

E mesmo deixando de lado as razões sociais desse quadro não há como entrar nessa seara abominável do crime e do crime organizado sem referência à situação calamitosa do Judiciário, que implica também a ausência de ressocialização de quem está na prisão - parte da pena quase inexistente. Nada menos que 423.400 processos, ao todo, estão paralisados em tribunais federais e estaduais (Agência Globo, 16/11), aguardando julgamento. Nos tribunais federais, nada menos que 26 milhões de processos foram abertos em 2011 (eram 5,1 milhões em 1990). E com isso 90 milhões de processos tramitam nos tribunais. Mas no ano passado cada ministro do Superior Tribunal de Justiça julgou 6.955 ações; no Tribunal Superior do Trabalho, 6.299 cada um; no Tribunal Superior Eleitoral, 1.160. Como dar conta da papelada toda?

É evidente que nossos modos de viver, acotovelados em grandes cidades e megalópoles, criam condições favoráveis - geográficas, econômicas, sociais, de dificuldade de cobertura policial em toda a área, etc. Mas as verbas previstas para a construção de presídios até 2014 são de apenas R$ 1,1 bilhão, com 24 mil vagas implantadas, 42 mil contratadas; apenas 7.106 entregues (Folha de S.Paulo, 18/11).

E quanto a novas condições sociais e econômicas nas grandes cidades, não há muitas razões para otimismo. Estudo de 40 especialistas da Universidade de São Paulo (USP), ao lado de 81 técnicos da Prefeitura, para o governo paulistano, diz que "a São Paulo dos sonhos" "poderá estar pronta em 2040", nas áreas de transportes coletivos, habitação, despoluição de rios, etc. E custaria R$ 314 bilhões.

Haja paciência e fé! E ainda a crença ilusória de que algo será possível, principalmente nas áreas de segurança e Justiça, sem reformas mais amplas, de caráter global mesmo. Migração de fatores sociais e da criminalidade, escaladas de violência, etc., não se detêm diante de fronteiras municipais, estaduais ou nacionais.

Ouviu falar em Malala e Savita? - MOISÉS NAÍM

FOLHA DE SP - 23/11


A trajetória dessas duas mulheres ilumina aspectos do mundo em que vivemos neste início de século 21


Malala Yousafzai e Savita Halappanavar. Não é trava-língua. São os nomes de duas pessoas que não poderiam ter menos em comum.

Mas com ambas ocorreram coisas que iluminam aspectos tanto trágicos quanto esperançosos do mundo em que vivemos.

Malala Yousafzai, paquistanesa, 15. Há um mês, quando voltava para sua casa no ônibus escolar, recebeu um tiro que lhe atravessou a cabeça e o pescoço, alojando-se no ombro. Sobreviveu milagrosamente. Seu pecado? O ativismo em favor do ensino para as meninas.

Ao reivindicar o ataque, o Taleban explicou que Malala "é o símbolo dos infiéis e da obscenidade". Quando, em 2009, os talebans controlavam sua cidade, no vale do Swat, Malala começou a escrever um blog. Ela relatava como já não podia ir à escola, o fechamento de muitas escolas e como às vezes os talebans simplesmente as incendiavam. Uma vez que o Exército paquistanês retomou o controle de Swat, Malala se converteu numa voz inteligente em favor da educação das meninas. Para os talebans, essas ideias merecem a morte.

Savita Halappanavar, uma bela dentista de 31 anos de origem indiana, vivia em Dublin. Em princípio, a Irlanda deveria ser menos perigosa para as mulheres que o vale do Swat.

Mesmo assim, um obscurantismo semelhante ao que motivou a tentativa de assassinato de Malala levou à morte de Savita. Grávida de 17 semanas, ela começou a se sentir mal e foi com o marido ao hospital Universitário de Galway. O diagnóstico foi evidente e o tratamento indicado, também. Os médicos concluíram que o feto era inviável.

Desconsolada, Savita se resignou e pediu que realizassem um aborto. "Não podemos", explicaram os médicos. "A lei nos permite fazer abortos apenas quando o coração do feto deixou de bater." Foram forçados a esperar. O coração do feto parou de bater na quarta. E o de Savita, no sábado seguinte.

A autópsia revelou que a causa da morte dela foi infecção generalizada. O marido disse à BBC: "Era nosso primeiro bebê, e ela estava radiante. Não há dúvida de que Savita estaria viva se pudesse ter encerrado a gravidez que a matou."

Por que proteger um feto que é inegavelmente inviável e não tem esperança de vida é mais importante que a proteção de uma jovem mãe de 31 anos com saúde perfeita? Você sabe a resposta. Tanto a tentativa fracassada de assassinato de Malala quanto a morte "por razões legais" de Savita provocaram indignação mundial. Embora isto ainda não seja o suficiente para mudar as coisas radicalmente no Paquistão ou na Irlanda, as duas tragédias tiveram efeitos esperançosos.

Os políticos irlandeses foram forçados a prometer reformar as leis que impediram salvar a vida de Savita. No Paquistão, ficou mais difícil defender a ideia de que as meninas não precisam ir à escola.

Essas mudanças não são suficientes. Mas ao menos as histórias de Malala e Savita lembraram ao mundo que o obscurantismo não é um fenômeno da Idade Média. Está presente e cobra vidas no século 21.

Tradução de CLARA ALLAIN

Correndo atrás - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 23/11

O relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), passou o dia de ontem tentando negociar a aprovação de seu relatório. Nas conversas, ofereceu a retirada do trecho sobre o PGR Roberto Gurgel. E ouviu que era preciso também excluir o indiciamento do jornalista Policarpo Junior. Ambos foram incluídos por imposição da direção e dos líderes do PT. O impasse está criado.

Foi uma provocação do relator?
O relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), sabe que não tem votos para indiciar o diretor de “Veja” em Brasília, Policarpo Júnior. Mesmo assim, optou por atender o apetite petista. Ontem, membros da CPI lembraram que Fernando Collor (PTB-AL) propôs a convocação de Policarpo, mas que os demais integrantes da Comissão começaram a se manifestar contra. Nessa altura, o relator interrompeu a votação dizendo que tinha entendido o recado. Agora, ao incluir Policarpo, ignorando aquela votação, o relator dá um golpe na maioria da comissão. O solitário elogio ao relator feito pelo ex-ministro José Dirceu (em seu blog) é esclarecedor.

“O Congresso promove uma CPI com um relatório de mentirinha, perdendo a oportunidade de apanhar um corruptor (Fernando Cavendish), o que seria inédito” Pedro Simon Senador (PMDB-RS)

Gabriel: ele tem a força
Na entrevista que concedeu ontem para Regina Casé, e que vai ao ar no programa “Esquenta” em 9 de dezembro, a presidente Dilma fez uma confidência surpreendente: “A pessoa que manda em mim é o neto Gabriel”. Ele tem 2 anos.

Partido do Paulinho
Vários deputados foram procurados para integrar partido que estaria sendo criado pelo presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). Paulinho nega e diz que essas especulações ocorrem porque os sindicatos filiados à Força têm ajudado a criar novos partidos, como o PSD de Gilberto Kassab. “Deve ser por isso”, diz ele.

Nova oportunidade
A presidente Dilma vai receber o senador Blairo Maggi (PR-MT) nos próximos dias. Ele já recusou a pasta dos Transportes, porque suas empresas recebem verbas do Fundo da Marinha Mercante. O Fundo agora está na Secretaria dos Portos.

Nesta CPI não há inocentes
O relator Odair Cunha (PT-MG) é o maior, mas não o único pizzaiolo da CPI do Cachoeira. Durante seu funcionamento, o PSDB ajudou o PMDB, e os petistas, a impedir uma investigação profunda da Delta e de suas relações com o governador Sérgio Cabral e os governos estaduais administrados por tucanos, peemedebistas e petistas, com contratos com a empreiteira.

Congestionamento
O Ministério do Esporte está tenso com a manifestação do governador Sérgio Cabral sobre os royalties na segunda-feira. Teme que a Fifa e a imprensa internacional tenham problemas para se deslocar à vistoria das obras do Maracanã.

Costura interna
O líder do PMDB, Henrique Alves (RN), acertou com cinco candidatos a sua sucessão — Danilo Fortes (CE), Marcelo Castro (PI), Eduardo Cunha (RJ), Osmar Terra (RS) e Manoel Junior (PB) — que a eleição do novo líder será em 30 de janeiro.

O EX-MINISTRO Alfredo Nascimento (AM) e o suplente Antonio Carlos (SP) disputam para substituir Blairo Maggi (MT) como líder do PR no Senado.

Inteligência de Alckmin vai mal? - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 23/11


Até entendo o governador minimizar os fatos com a intenção de preservar a população de São Paulo


Até um tailleurzinho de manga três quartos mandei fazer, cren­te de que ia ser convidada para a posse no STF. Se a Dilma abafa com aquela manguinha pelo meio do braço, eu, que tenho seu porte e a mesma postura de leão de chácara, também poderia botar pa­ra quebrar, não?

Mas o tailleur acabou ficando lá, jogado na poltrona do quarto. Joa­quim Batman não me chamou para sua festa, ontem, em Brasília.

Algo me diz que a Soninha Franci­ne, o Luiz Flávio D' Urso e o João Dória, essa gente que está sempre do lado certo, foi lá fazer pose. Não? Bem, então outros foram, a lista de celebridades convidadas era quilo­métrica, que eu fiquei sabendo.

Agora, falando sério, o que eu que­ro saber é: Mano Brown foi? O cria­dor do Museu Afro Brasil, Emanoel Araujo, foi? Duvido. Mes­mo que tivessem sido convidados, teriam tido dificuldades de chegar a Brasília a tempo.

Está duro se locomover em Sam­pa. E não é o trânsito. Anda difícil conviver diariamente com ônibus queimados, toque de recolher (mesmo inexistentes), com uma guerra chamada de silenciosa nos Jardins, mas bem ruidosa na perifa.

Algumas vítimas desse confronto morreram alvejados por grupos de extermínio, outras por vingança contra a Rota, outras na briga entre as polícias Militar e Civil, que já dura quase tanto tempo quanto a dis­puta pela Faixa de Gaza, e tem ain­da aqueles que estão morrendo porque convém aproveitar a oca­sião e encaixar desafetos em qual­quer uma dessas modalidades.

Números: 400 policiais deram baixa, 96 morreram em um mês, um comandante da Rota foi exone­rado durante a eleição e um secre­tário da Segurança foi posto no olho da rua. São dados realmente intri­gantes diante da insistência do go­vernador Geraldo Alckmin de que não há crise na Segurança ou de que o PCC constitua ameaça.

A criminalidade de fato parecia estar sob controle. O desequilíbrio recente deve indicar que o uso da truculência só resolve no curto prazo. Ajuda ter feito uma limpa na corrupção policial? Sem dúvida. Palmas também pelo investimento em informatização (é o mínimo).

Mas o que dizer do basicão? Veja só: estive em Nova York durante o furacão Sandy. Não havia meio de carregar o meu iPhone, e olha que eu circulei em total liberdade, para cima e para baixo, mesmo em locais onde havia luz. Mas o preso no Es­tado de São Paulo consegue carre­gar e ainda dar golpe pelo celular a partir do presídio. É um show!

Os funcionários são corrompí­veis? Que se faça outro tipo de sele­ção, pagando outro salário, dando outro treinamento, com outra fis­calização. Será possível, meu são Joaquim Barbosa da Bat Caverna? Uma coisa tão simples?

Na pior hi­pótese, que se contratem proctolo­gistas 24 horas para cada presídio, sei lá! O que não dá mais é o governo federal priorizar a sua politicagem como a ajuda papo furado prometi­da pelo ministro da Justiça (tem até uma conversa de uma mala de um zilhão de dólares que resolveria o problema do bloqueio do celular) e o nosso governador sempre colocar como prioridade seu projeto políti­co pessoal.

Na repercussão à mudança de secretário da Segurança, ontem, neste mesmo caderno, os próprios oficiais que ocupam ou ocuparam cargos importantes dentro da polícia lamentaram a escolha do sucessor de Ferreira Pinto, dizendo que ele será um estranho no ninho. Ou se­ja, algo está muito errado e vai levar tempo para se resolver.

Até consigo entender que o gover­nador minimize os acontecimen­tos com a intenção de não alarmar a população. Mas sabe que às vezes tenho impressão de que ele real­mente não tem a menor ideia do que está acontecendo?

A barganha das emendas - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 23/11


Senadores e deputados terão de se apressar, se quiserem aprovar a proposta de lei orçamentária até 22 de dezembro, último dia previsto para funcionamento do Congresso Nacional em 2012. Se perderem o prazo, o governo será forçado a operar sem o Orçamento-Geral da União (OGU) durante alguns meses, com liberdade para realizar certas despesas inadiáveis, como os pagamentos de salários e de juros, mas sem autorização para investir. A preocupação é justificável, porque só na terça-feira, com quase um mês de atraso, a Comissão Mista de Orçamento aprovou o relatório preliminar preparado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR). O prazo originalmente previsto para a aprovação do texto esgotou-se em 24 de outubro. Para conseguir os votos necessários, o governo teve de prometer a liberação de verbas para emendas relativas ao Orçamento deste ano. A pressão partiu principalmente de parlamentares da oposição, mas congressistas da base aliada também participaram do jogo. Em julho, o Executivo havia prometido liberar R$ 5 milhões para emendas de cada parlamentar.

O empenho desse dinheiro será muito mais importante para os objetivos eleitorais dos senadores e deputados interessados do que para a prosperidade nacional e a saúde financeira da União, especialmente numa fase de dificuldades fiscais. Mas considerações como esta são muito raramente levadas em conta nos debates e nas manobras típicas da vida parlamentar. Assim será enquanto os congressistas puderem tratar as finanças federais como fontes de recursos para políticas de interesse paroquial e clientelístico. Seu mandato é federal, mas sua ação é normalmente guiada por uma visão típica de vereadores ou, no máximo, de deputados estaduais.

Não há, quanto a esse ponto, distinção entre oposicionistas e governistas. A diferença está na ação do governo, em geral propenso a liberar verbas principalmente em benefício dos aliados. Como a liberação é discricionária, o grupo governante usa seu poder para beneficiar os amigos, pressionar os recalcitrantes e manter no limbo os adversários.

"Isso está virando uma obra de ficção. Você ilude entidades filantrópicas, prefeitos e ONGs. O parlamentar contempla a emenda, mas ela fica no papel", disse um deputado tucano, criticando o sistema. Mas a frase deixa bem clara a natureza da maior parte das emendas: o objetivo é conseguir dinheiro federal para ações municipais, para entidades beneficentes (muitas vezes de fachada) e para ONGs (frequentemente dirigidas por amigos, aliados políticos e parentes). Esse tipo de emenda resulta normalmente em pulverização de recursos e, portanto, em aplicações ineficientes do ponto de vista das políticas nacionais. A maior parte dessas transferências representa desperdício.

Mas o limite para emendas individuais aumentou seguidamente nos últimos oito anos. Cada parlamentar teve uma cota de R$ 2,5 milhões quando foi discutido o projeto de 2004. No ano passado, cada senador ou deputado pôde usar o valor total de R$ 15 milhões. Esse limite foi mantido para o projeto de 2013, mas dificilmente deixará de ocorrer novo acréscimo no próximo ano.

O limite adotado para o Orçamento deste ano foi 500% maior que o usado para o de 2004, em termos nominais. Se a inflação deste ano ficar em 5,4%, a alta de preços acumulada no período chegará a 60,9%. O aumento real terá correspondido, nesse caso, a 272,9% em oito anos. Graças a isso, cada parlamentar passou a dispor de um valor muito maior para emendas de seu estrito interesse eleitoral. Nenhum benefício para o uso racional e eficiente dos recursos federais resultou, sistematicamente, dessa elevação real do valor das emendas.

De tempos em tempos algum político defende a adoção do orçamento mandatório, usado em democracias mais maduras. Nessas democracias, os parlamentares discutem todo o orçamento e debatem assuntos de gente grande, como as prioridades da ação governamental, a equidade tributária, os planos de longo prazo e as metas fiscais. No Brasil, esses temas são geralmente deixados para o Executivo, assim como a responsabilidade pela defesa do Tesouro. Nessas condições, o orçamento mandatório seria uma imprudência.

Ueba! A novelha da Globo! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 23/11


E o tráfico de mulheres pra Espanha? Sendo que os espanhóis não tão comendo nada, nem perna de mesa!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Piada Pronta: "Justiça investiga prefeito suspeito de beijar mulheres à força". Como é o nome do beijoqueiro? Aldemir Alves LINDO! Rarará!

E a predestinada do século: sabe como se chama a juíza que liberou o casamento gay na Bahia? ANA BARBUDA! Ueba! Liberou para todos os barbudos e barbudas! Ponto pra juíza Barbuda!

E o Corinthians? E o Timão? Adorei o novo patrocínio do Corinthians: Caixa Econômica. E o Itaquerão vai se chamar Caixão?! E eu tenho foto dos corintianos tomando banho de piscina na caixa-d'água e gritando: "Vem pra Caixa você também!". Rarará!

E Brasil X AAAARGHentina? A jogada mais emocionante foi um bocejo! O futebol também tava em greve geral? Esse jogo acabou com a mística de um Brasil X Argentina!

E o Barcos é o azar em pessoa: é argentino, feio e joga no Palmeiras. Rarará! E o novo penteado do Neymar? Pardal que tomou banho em poça de água! Filhotinho de pica-pau! E o goleiro Bruno deixou o Macarrão cozinhando e se picou! E Macarrão enrolou o Bruno! Entregou tudo! Todo Macarrão é assim: basta jogar na água quente que amolece! Rarará!

E Salve-se Jorge? A nova novelha da Globo! A NOVELHA da Inglória Perez! Mistura de Hare Baba com Inshalá! A folha de pagamento inteira da Globo trabalha na novela! O elenco parece lista telefônica! Tem mais personagem que as três temporadas de "Os Mutantes"! Tem vaga pra mim? Também quero ir pra Turquia. A Locória Perez devia abrir uma agência de viagens! E o tráfico de mulheres pra Espanha? Sendo que os espanhóis não tão comendo nada, nem perna de mesa! Rarará!

Gastaram todo o orçamento de viagem da Globo. Em "Avenida Brasil", o mais longe que iam era pro lixão e de carona de caminhão! Precisa tanta gente pra salvar o Jorge? Sendo que o Jorge é a filha da Gretchen, a Sapathamy! Ela é a espada do Salve Jorge! Rarará!

É mole? É mole, mas sobe!

E Brasil e Argentina foi no La Bombonera! Se fosse no Corinthians, seria La Pipoquera! Se fosse no São Paulo seria La Bambinera. E se fosse em qualquer estádio da Copa, seria o La Robalhera! Rarará!

Previsão do tempo para São Paulo: a sexta será de sol com algumas nuvens e 80 baleados. Rarará! Ainda bem que nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

O desastre carcerário brasileiro - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 23/11


Sai governo, entra governo, e a situação do sistema carcerário no Brasil é uma calamidade. Somente agora, depois de dez anos no poder, o PT descobriu que a desumanidade é a regra nas prisões do país. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou a dizer que preferia morrer a ser preso. Curiosamente, essa “descoberta” aconteceu só depois da condenação dos companheiros petistas a penas que os obrigarão a enfrentar cadeia em regime fechado.

Nosso sistema penal apenas reproduz violência e fornece novos recrutas para organizações mafiosas como o PCC, em São Paulo, o Comando Vermelho, no Rio, e outras Brasil afora. Precisamos reformar o sistema, mas o ministro da Justiça age como se não tivesse a ver com o problema. Este é mais um dos trejeitos do PT no poder: eximir-se de suas responsabilidades e criticar o próprio governo como se oposição fosse. Cardozo deveria fazer uma autocrítica e apresentar um plano eficiente para reverter a situação, mas na área da segurança pública, como em tantas outras, a inoperância é a marca registrada da gestão petista.

O sistema prisional afeta diretamente a questão da segurança por ser parte da cadeia do crime organizado, mas o governo Dilma investiu menos de 5% do dinheiro originalmente previsto para o setor. É necessário que mais presídios sejam construídos para diminuir a superlotação das unidades, pois tratar os presos com dignidade é o mínimo que o Estado deveria fazer com aqueles que estão sob sua custódia. Na Câmara, está em tramitação um projeto de lei de minha autoria, já aprovado pelas comissões de Desenvolvimento Urbano e de Segurança Pública, que prevê a transferência de recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) para os municípios que sediam presídios.

A área de segurança como um todo vem sofrendo com a incompetência petista. A União reduziu em 21,26% o investimento no setor em 2011, na comparação com 2010. Os gastos com informação e inteligência caíram 58,38%, enquanto os investimentos em defesa civil registraram queda de 66,05%. O recrudescimento da violência em São Paulo verificado nos últimos meses é um problema gravíssimo e precisa ser combatido de forma urgente e eficiente, mas ao contrário do governo federal, o Estado aumentou os gastos com inteligência em 2011 (36,8% na comparação com 2010) e em defesa civil (1,54%). Somente nos investimentos em ação policial, o aumento foi de 74,34%.

Outra grave questão envolve a execução das penas. Quando presidente do Conselho Nacional de Justiça(CNJ), o ministro Gilmar Mendes criou um mutirão que revelou o descalabro do sistema carcerário no país, que conta com milhares de presos mofando nas cadeias mesmo depois do cumprimento de suas penas. A alusão à precariedade do sistema carcerário também pode ser uma oportunidade para debatermos quais penas devem receber os infratores, como devem ser aplicadas e como ressocializar os condenados. Ao invés de bravatas, a sociedade clama por ações concretas e pelo cumprimento de antigas promessas. Até aqui, o governo federal utilizou essa grave questão da segurança pública como arma eleitoral. Já passou da hora de descer do palanque e trabalhar.

Os donos da bola - NELSON MOTTA


O Estado de S.Paulo - 23/11


Se algum bilionário internacional quisesse fazer um ótimo investimento em esporte profissional e avaliasse diversos mercados, o Brasil seria o país ideal. Pela popularidade do futebol, pela qualidade dos jogadores e a paixão das torcidas, nem seria preciso gastar em propaganda. Com a economia bombando, não haveria mercado melhor, seria impossível não dar certo - a menos que se fizesse como as elites dirigentes que dominam o futebol brasileiro como famiglias mafiosas.

Hoje um time de futebol é um negócio, um grande negócio que não pode se confundir com um clube social recreativo, por total incompatibilidade de atividades, objetivos e recursos. Quem dá dinheiro ao time e valor à marca não são os sócios nem o clube, são os milhões de torcedores que pagam ingresso, compram camisa, boné e pay-per-view, movidos por paixão e fidelidade. Eles é que deveriam eleger o presidente do clube.

É o que farão os "sócios-torcedores" do Fluminense, aplicando uma jogada de sucesso do Barcelona, que tem quase 200 mil associados. Por uma módica mensalidade, eles ganham descontos em ingressos e lojas e acesso aos treinos. E votam! Um gol de placa democrático e empresarial do presidente Peter Siemsen, virando o jogo.

Profundos conhecedores do mundo do futebol, os cronistas Juca Kfouri e Renato Maurício Prado e o técnico Carlos Alberto Parreira publicaram esta semana artigos cabeludos sobre o futebol brasileiro - sem falar em bola, juiz ou jogador. Só sobre negócios, administração e gestão, porque quase todos os clubes são deficitários ou estão quebrados e só sobrevivem às custas de patrocínios. No rico país do futebol.

Por que só no Brasil os times de futebol não podem, ou querem, ser empresas? Aqui os clubes sociais não pagam impostos nem podem ter lucros, só prejuízos, e os presidentes são eleitos por restritos conselhos deliberativos, que elegem os presidentes das federações, que elegem o da CBF, como nas quadrilhas.

Enquanto isso, em Brasília, o deputado Romário tenta viabilizar a CPI da CBF, driblando a "bancada da bola" da Câmara, que bem merece o nome, com duplo sentido.

Sem firulas, sem floreios - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 23/11


BRASÍLIA - Ao assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal, num dia histórico, Joaquim Benedito Barbosa elogiou a "trajetória vitoriosa de um povo que soube (...) entrar no seleto clube das nações respeitáveis".

Pois o país também se orgulha da trajetória vitoriosa de um brasileiro negro, pobre e muito especial que entrou ontem no seleto clube de presidentes da mais alta corte.

Vale aí um reconhecimento a Lula: foi o primeiro operário presidente da República quem nomeou o primeiro negro para o Supremo. O resultado dessa soma é que, apesar de ainda faltar muito, o Brasil se torna cada vez mais uma "nação respeitável".

Se a cerimônia foi emocionante, Joaquim foi simples. Falou pouco, sem arroubos, afetação e provocações -muito menos para fora do Poder Judiciário- e terminou agradecendo aos amigos que vieram da França e dos Estados Unidos especialmente para homenageá-lo.

Citou também um por um os muitos irmãos e dispensou formalidades para se dirigir à dona Benedita, uma das principais estrelas da festa. Simplesmente sorriu e agradeceu à "minha mãezinha". Soaria piegas se fosse qualquer outro, mas combinou à perfeição com o espírito da solenidade e com a origem do novo presidente do Supremo.

Joaquim, aliás, ensinou que os juízes não têm mais como se distanciar da sociedade e devem, sim, afastar-se das "múltiplas e nocivas influências" para garantir que a justiça seja feita: "Justiça que falha impacta diretamente a vida do cidadão".

Ao enfatizar o enorme "deficit de Justiça entre nós", defendeu o "direito à igualdade" e um Judiciário "sem firulas, sem floreios, sem rapapés".

Por falar nisso, o jovem Joaquim passou em todas as provas do Instituto Rio Branco, mas foi reprovado na entrevista oral. Muito estranho. O Itamaraty perdeu um grande diplomata, o Judiciário ganhou um grande ministro. Votos para que seja um ótimo presidente do Supremo.

Sem confrontos diretos - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 23/11


O julgamento do mensalão pairou sobre a cerimônia de posse do ministro Joaquim Barbosa na presidência do Supremo Tribunal Federal como uma nuvem que a qualquer momento poderia produzir chuvas e trovoadas, mas não houve por parte dele nenhuma palavra mais agressiva, e nem uma mera referência, mesmo indireta, ao processo que relata.

Coube ao presidente da OAB, e depois ao ministro Luiz Fux, tratarem do assunto. Fux de maneira até mais incisiva que Ophir Cavalcante, embora sem citar diretamente o caso. Os raros petistas na plateia, a cara de poucos amigos com que tanto a presidente Dilma quanto o presidente da Câmara, Marco Maia, entraram no plenário, tudo colaborava para um ambiente de suspense que acabou tendo um anticlímax próprio das democracias maduras.

O ambiente era favorável a manifestações contra a corrupção, e Ophir chamou de histórico o julgamento da ação penal 470, que“fixou em cada cidadã e cidadão a consciência de que ninguém está acima da lei” e representou significativos avanços, inclusive de transparência do Judiciário, com as transmissões ao vivo da TV Justiça. Foi muito aplaudido quando afirmou que “quem infringe a lei deve responder por seus atos”

Já Fux, escolhido por Joaquim para fazer a saudação oficial e a quem submeteu seu discurso, foi direto ao responder às críticas ao Supremo provocadas pelas condenações dos mensaleiros:“Nós, os juízes, não tememos nada nem ninguém,(...) pouco importa se a campanha é dirigida contra o tribunal como um todo ou contra um de seus membros”

Ele se referiu especificamente às críticas de “instâncias políticas”, sempre “abastecidas pelo roteiro de certos nichos acadêmicos”, de que o STF estaria se arvorando em atribuições “próprias dos canais de legítima expressão da vontade popular, característica que seria reservada apenas aos Poderes compostos por mandatários eleitos”. Para Fux, o que os críticos chamam de “judicialização da política” é uma nova atuação do Judiciário, “amoldada às novas exigências sociais”.

A História demonstrou, disse no discurso, em experiências liberais e regimes autoritários, que Legislativo e Executivo não foram capazes, sozinhos, de assegurar o respeito aos direitos que compõem o substrato mínimo, o propósito e a condição da democracia. “Se a função da Constituição é reger e limitar o funcionamento do jogo político, é de bom alvitre conferir a um órgão não composto de agentes politicamente eleitos a função de velar pela observância das normas constitucionais”.

O discurso de Fux foi uma defesa de papel mais ativo do Judiciário “na solução de questões controversas como reflexo de uma nova configuração da democracia, que já não mais se baseia apenas no primado da maioria e no jogo político desenfreado”. Nesse sentido, “apresenta-se a Corte como mais um catalisador de aspirações e interesses relevantes, sendo que seu peculiar modo de enfrentamento das questões polêmicas, técnico, imparcial e motivado, estimula aqueles que não concordam com determinada orientação a aceitá-la e cumpri- la — trata-se, portanto, de legitimidade democrática”.

Mas ele teve a sabedoria de elogiar a atuação de Dilma, a quem agradeceu pela indicação ao STF. Também o procurador-geral, Roberto Gurgel, encontrou espaço no discurso para criticar a emenda constitucional já aprovada na comissão especial da Câmara que retira do Ministério Público o poder de investigação, dizendo que ela ajuda a impunidade. Destacou que só três países adotam a restrição, e não disse, mas deixou subentendido, que, se a alteração já vigorasse, o caso do mensalão provavelmente não teria sido exitoso.

O discurso de Joaquim tratou de questões mais objetivas: a incapacidade da Justiça de atender a todos com igualdade, a morosidade dos processos, o sentimento de que nem todos são iguais perante a lei. Para Joaquim, a cidadania só se manifesta quando se une à igualdade à Justiça. A referência mais direta que fez às injunções políticas foi quando disse que é preciso acabar com a necessidade de se ter apoio político para juízes progredirem na carreira.

Ele defendeu que os juízes saiam das torres de marfim e tratem das questões cotidianas que afetam a população. Pode-se dizer que o novo presidente do Supremo, por sua fama de agressividade, transferiu para seu escolhido para saudá-lo a tarefa de responder aos ataques e defender a atuação mais ativa que pretende imprimir à sua gestão.

Inflamável - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 23/11

O Planalto demonstrou a dirigentes do PT preocupação com o potencial explosivo de atos em desagravo aos condenados no mensalão, como o de hoje, em Osasco, comandado por João Paulo Cunha. O governo teme que o evento, para o qual foram convidados José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino, seja visto como "afronta ao STF". Assessores próximos de Dilma Rousseff recomendam a petistas que se atenham a discursos de análise eleitoral, sem ataques aos ministros.

Juízo final Aliados advertem que manifestações beligerantes sobre o julgamento podem aumentar a pena do deputado, ainda indefinida.

Climão Durante a posse de Joaquim Barbosa no Supremo, ontem, o orador Luiz Fux agradeceu a Dilma Rousseff "pela vez primeira" sua indicação para a corte. A presidente franziu o semblante. Não esboçou sorriso.

Melhor não Em trecho suprimido de sua fala, Fux escrevera: "O céu não é de brigadeiro, mas o voo é de condor. Caminho sem volta rumo à elevação da auto-estima do povo brasileiro. Senhor presidente: nós também podemos! Yes, we also can!".

Dois pesos Ao cumprimentar Barbosa, Dilma se limitou a um protocolar aperto de mãos. Já o vice Ricardo Lewandowski mereceu um sorriso e dois beijinhos.

Corporativo A OAB entende que qualquer veto à advocacia de filhos de ministros em tribunais superiores, como Barbosa deseja propor ao CNJ, será um "ataque ao livre exercício da atividade" se não estiver sob a forma de lei.

Fica assim O PMDB não pedirá ao relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), a derrubada do indiciamento de Fernando Cavendish. O partido acha que a única janela seria a improvável rejeição total do relatório.

Trânsito Poupado na CPI, Luiz Antônio Pagot, ex-Dnit, foi ontem à Casa Civil. Pediu audiência com a direção da Associação dos Terminais Portuários do Tapajós.

Agenda da Copa Dilma bateu o martelo: irá às reinaugurações dos estádios Castelão, em Fortaleza, dia 16 de dezembro, e Mineirão, em Belo Horizonte, dia 21.

Café... Aécio Neves fez gesto de aproximação com Geraldo Alckmin e convenceu a ala mineira da bancada do PSDB na Câmara a abrir mão da liderança para apoiar Carlos Sampaio (SP).

... com leite O deputado é considerado o mais aecista dos paulistas, o que mostra que, mesmo afagando Alckmin, o pré-candidato tucano à Presidência não abriu mão de manter o controle sobre a bancada peessedebista.

Malha fina Licenciada para assumir o Ministério da Cultura, Marta Suplicy encaminhará ofício hoje à Mesa do Senado informando que pagará o IR sobre 14º e 15º salários. A petista quer evitar que o ônus fique com a Casa.

À flor... Sucessor de Antonio Ferreira Pinto na Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella entrou em choque com o ex-secretário em janeiro. À ocasião, Ferreira Pinto chamou de "oportunista e pirotécnica" ação do Ministério Público contra a operação na cracolândia.

... da pele Então procurador-geral de Justiça, Grella reagiu às críticas cobrando "serenidade, seriedade e trabalho conjunto" no combate ao crime. Agora, comandará a ação policial no centro.

Visitas à Folha Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica/Vivo, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Ediana Balleroni, diretora executiva de Comunicação Corporativa.

Fabio Arruda Mortara, presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica, visitou ontem a Folha. Estava com Levi Ceregato, presidente da Abigraf São Paulo, Igor Archipovas, gerente de marketing, e Ricardo Viveiros, assessor de imprensa.

com FÁBIO ZAMBELI e BRENO COSTA

tiroteio

"O relator se sentiu tão poderoso que se antecipou ao fim do mundo com milhares de páginas que somente servirão à reciclagem."

DO LÍDER DO PSDB NA CÂMARA, BRUNO ARAÚJO (PE), sobre o alcance do relatório apresentado por Odair Cunha (PT-MG) à CPI do Cachoeira.

contraponto

Mãos vazias

Senadores do bloco PR-PTB-PSC aguardavam na antessala de Dilma Rousseff, anteontem, quando seriam recebidos em audiência. Demitido pela presidente no ano passado, e desde então líder de um movimento de rebeldia ao Planalto no Senado, Alfredo Nascimento (PR-AM) disse aos colegas:

-Fiquem satisfeitos se ela desejar um feliz Natal e um próspero Ano Novo!

Missão cumprida - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 23/11


O desrespeito do cidadão Luiz Inácio da Silva pelo Congresso ficou conhecido quando qualificou a Casa como reduto de "300 picaretas". Faz quase 20 anos.

Sua indiferença pelo Legislativo já ficara patente na atuação displicente e inexpressiva passagem como deputado constituinte.

Quando Lula ganhou a eleição para presidente, logo ficou claro que além do desdém havia o intento de investir na desqualificação do Parlamento. Fazê-lo servil, enquadrá-lo de vez ao molde da presumida vigarice.

Não é conjectura, é fato: foi a partir de 2003 que o chamado baixo clero passou a assumir posição de destaque, a dominar os postos importantes, a assumir posições estratégicas.

Era uma massa até então quase incógnita, em sua maioria bastante maleável às investidas do Executivo e disposta a fazer do mandato um negócio lucrativo.

Note-se que na época o encarregado de fazer a "ponte" entre o Parlamento e o Planalto era ninguém menos que Waldomiro Diniz, o braço direito de José Dirceu na Casa Civil, cujos métodos ficariam conhecidos quando apareceu um vídeo onde extorquia o bicheiro Carlos Cachoeira.

A maneira como seria tratado o Congresso era perceptível no tom das lideranças petistas recentemente investidas no poder, quando a conversa era a formação da base governista.

Não se falava em compra financeira de apoio tal como se viu depois quando Roberto Jefferson rompeu a lei da Omertà e denunciou o mensalão, mas se dizia abertamente que a cooptação seria fácil agora que estavam na posse do aparelho de Estado.

Uma das consequências dessa inflexão ladeira abaixo foi o isolamento gradativo e por vezes voluntário, de deputados e senadores de boa biografia, com nome a zelar e atuação legislativa relevante.

Ao longo dos dois mandatos de Lula o Parlamento "caiu" na mesma proporção em que a figura do presidente se sobressaiu, em franca evidência de desequilíbrio entre Poderes.

Com o patrocínio da CPI que se encerra em grau inédito de desmoralização, cujo sentido vexativo não será eliminado com um remendo no relatório final, o ex-presidente conseguiu completar sua obra e cumprir o vaticínio sobre os "300 picaretas".

Não que não existam. Existem e pela degeneração do desempenho é possível que seja esse o número aproximado. Mas o Congresso não é só isso e disso dá notícia outra época em que ali a regra era a atividade política. As transações condenáveis se não chegavam a ser exceção, ao menos ficavam relegadas a um segundo plano.

Embora quem não acompanhe de perto o Parlamento seja cético quanto a isso, as coisas por lá já foram muito diferentes. E se foram melhores podem voltar a ser.

Cabe ao Poder Legislativo compreender a gravidade da derrocada nesse poço que parece não ter fundo, reunir as parcas forças ali ainda existentes e de alguma maneira reagir para o bem da saúde democrática.

Supremacia. Consistente, firme, autônomo, convicto de seus valores. Assim pareceu o novo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, em seu discurso sem enfeites.

Defendeu uma Justiça que não tarde, não falhe e preserve a independência do juiz. Assim como ele.

Celebrá-lo pelo quesito cor da pele é olhar só a parte de fora de uma obra sólida.

Desfeita. Se com o semblante fechado a presidente Dilma Rousseff quis demonstrar contrariedade em relação ao ministro Joaquim Barbosa, conseguiu destacar-se pela deselegância em momento de homenagem.

Queira o bom senso que a presidente não tenha escolhido a fisionomia zangada pelo mesmo critério que o deputado Odair Cunha escolheu os indiciados no relatório da CPI: para dar uma satisfação a Lula.

VOO LIVRE - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 23/11


De janeiro a outubro deste ano, os aeroportos do Brasil registraram 71,1 milhões de desembarques domésticos contra 65,6 milhões no mesmo período em 2011, um crescimento de 8,4%.

VOO LIVRE 2

O ministro do Turismo, Gastão Vieira, recebeu projeções indicando que, até o fim do ano, serão mais de 84 milhões de desembarques domésticos. No ano passado o total ficou em 79 milhões.

BOCA FECHADA

Na reta final do mensalão e em meio à confusão criada pela CPI do Cachoeira, Lula orientou os principais personagens, do PT e do julgamento, a se calarem. Ele também permanece quieto, até segunda ordem.

BOCA 2

O presidente do PT, Rui Falcão, apoia e é um dos transmissores da mensagem do silêncio.

JOÃO

O ex-ministro José Dirceu e José Genoino devem comparecer hoje à plenária organizada em Osasco por outro réu do mensalão, João Paulo Cunha, para "prestar contas" de seu mandato como deputado federal. O evento deve ser fechado à imprensa.

TORPEDO

A bancada de vereadores que foi eleita pelo PMDB está bombardeando Mariana Pinotti, cotada para assumir uma pasta social na administração Fernando Haddad em SP. Candidata a vice-prefeita na chapa de Gabriel Chalita, ela é o nome da preferência da equipe de transição do prefeito eleito.

SÓ NO SALGADINHO

O cantor country Alan Jackson, que se apresenta amanhã em rodeio em Americana (SP), não quis saber de carne. Pediu para seu camarim pacotes de batata chips e de tortilhas. Para temperar, duas garrafas de molho salsa e um pote de queijo cheddar.

REGINA NO ESPELHO

A mostra "Espelho da Arte - A Atriz e Seu Tempo", sobre a carreira de Regina Duarte, foi aberta anteontem. A atriz Tuna Dwek e a dançarina Vivi Al Fatna foram ao Liceu de Artes e Ofícios de SP conferir.

SAÚDE

A Folha lançou anteontem a coleção "O Mundo da Cerveja", com 12 livros escritos por Eduardo Viotti. A someliére de cerveja Cilene Saorin, o cervejeiro Giba Tarantino e Fábio Baracho, da Ambev, foram à Cervejaria Nacional, em SP.

PONTEIO

O cantor Edu Lobo deve comemorar seus 70 anos de idade -e 50 de carreira- com um grande show no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 2013. Depois, a ideia é que ele faça uma turnê por outras nove cidades. Para as apresentações, foi autorizado a captar R$ 1,55 milhão via Lei Rouanet.

CLIMA ÁRIDO

O Capital Inicial viajou nesta semana para o Chile. O grupo liderado por Dinho Ouro Preto gravou no deserto do Atacama o clipe de "O Lado Escuro da Lua", música que integra o novo CD, "Saturno". A direção é de Fernando "Del" Reginato.

PA-RA-BÉNS

Uma das canções do novo álbum de Caetano Veloso, "Abraçaço", que será lançado no mês que vem, foi feita pelo cantor em parceria com o diretor Mauro Lima, do filme "Meu Nome Não É Johnny". A letra de "Parabéns" diz: "Tudo megabom, gigabom, terabom/ Tudo tudo megabom, gigabom, terabom/ Uma alegria excelsa pra você/ No paraíso astral que começa ê".

CORDAS DE MINAS

O músico mineiro Beto Guedes, que participou do Clube da Esquina, agora também faz guitarras. Montou uma para uso próprio, está terminando outra para Maria Gadu e já tem Samuel Rosa, do Skank, na fila de espera. Cada instrumento custa por volta de R$ 6.000.

CURTO-CIRCUITO

Marcelo Camelo, ex-Los Hermanos, apresenta o show "Toque Dela" nos dias 7, 8 e 9 de dezembro no Sesc Vila Mariana. Classificação: 12 anos.

A inglesa Jesuton faz show, hoje, às 22h, no Tom Jazz. 14 anos.

A designer Jacqueline Terpins lança coleção, hoje, no Pacaembu.

A festa Sony INNER multi.art acontece hoje na The Week, às 23h. 18 anos.

O restaurateur Marcelo Fernandes, que está em viagem pelo Japão, falará a 60 empresários daquele país na semana que vem