sábado, outubro 04, 2014

Sair do pântano - MIGUEL REALE JÚNIOR

POR UM BRASIL MELHOR, VOTE AÉCIO 45



O ESTADO DE S.PAULO - 04/10


Amanhã se começa a decidir o futuro do Brasil. São 12 anos de governo do PT, que a todo custo pretende permanecer no poder. Lula em discurso recente, segurando os ombros de Dilma, disse pausadamente: "Eles não sabem o que somos capazes de fazer para ter você por mais quatro anos".

Boa parte da sociedade, cerca de 50%, que votará na oposição ao PT, em Marina ou Aécio, no primeiro turno, com certeza teme o que Lula e companheiros possam fazer, mas creio que jamais imaginariam a adoção, na propaganda eleitoral, das táticas desleais próprias do totalitarismo, não sendo admissível que a presidente, com a responsabilidade do cargo, viesse a desinformar a sua população no processo de desconstrução da adversária.

Hitler considerava, como destaca Domenach em conhecido trabalho (La Propagande Politique, Paris, 1950), ter a grande maioria, a massa, disposição a que suas opiniões e seus atos sejam determinados antes pela impressão causada em seus sentidos do que pela reflexão. A tática da propaganda em regime autoritário consiste em alternar terror e exaltação.

O terror infunde-se, como explica em outro trabalho clássico Driencourt (La Propagande, Nouvelle Force Politique, Paris, 1950), pela ligação de situação que a sensibilidade geral aceita integralmente, sem discussão, com uma ideia que se pretende incutir, relacionando-a falsamente com a situação já acolhida. Para a grande maioria, a percepção do papel dos bancos e dos banqueiros é a de explorar os mais fracos e se beneficiar com sua pobreza, refestelando-se com a desgraça alheia para encher as burras (vejam-se juros do cartão de crédito e do cheque especial). A propaganda de Dilma valeu-se dessa posição emocional, aceita sem discussão pela sociedade, e aliou falsamente a proposta de independência do Banco Central a uma liberdade de ação dos bancos comerciais cujo resultado seria o sumiço da comida da mesa dos pobres e a falência da educação, com o desaparecimento dos livros de estudo, ante o sorriso triunfante dos banqueiros.

É evidente a desfaçatez, a desonestidade intelectual, como se o Banco Central, uma autarquia responsável pela definição da política monetária, fosse um banco comercial e sua independência não significasse, como em todos os países desenvolvidos, a garantia de condução da economia e de promoção de estabilidade da moeda, longe dos interesses políticos efêmeros. Pouco importa que Dilma já tenha defendido a autonomia do Banco Central, o que interessa para manter o poder é deslanchar uma artilharia psicológica visando a amedrontar a população, alertando para o desastre da vitória da adversária à qual se atribui, mesmo contra todas as evidências, a instalação do reino dos banqueiros, a desgraça dos pobres com o fim do Bolsa Família. A parcela pensante do eleitorado vê a desgraça em ficar nas mãos de pessoas que mentem descaradamente para assegurar o poder a qualquer custo, como ameaçou Lula.

Hitler, em seu livro Minha Luta, pregava abertamente que a propaganda deve estabelecer o seu nível intelectual segundo a capacidade de compreensão do mais limitado dos seus destinatários. Assim, valeu-se a propaganda dilmista do desconhecimento de boa parte do eleitorado do que seja o Banco Central para unir à proposta de sua autonomia a consequência de plena liberdade dos bancos comerciais, quando a verdade é exatamente o contrário. Sem jamais nenhum candidato ter dito que interromperia o benefício do Bolsa Família, apregoava-se, na propaganda de Dilma, o seu fim iminente com a vitória de Marina ou de Aécio.

Se, de um lado, se cria um clima de terror, de outro se apresenta o Brasil como a Ilha da Fantasia, onde tudo corre às mil maravilhas, com grandes conquistas, num ufanismo graças ao qual se propaga que somos todos felizes e continuaremos felizes se mantivermos Dilma e seu grupo no poder. O cúmulo da exaltação foi a utilização, sem nenhum constrangimento da presidente, da tribuna da ONU na abertura da Assembleia-Geral para falar ao público interno sobre as conquistas do governo Lula e do seu, visando a aparecer nos noticiários televisivos dando a impressão de se constituir numa consagração universal.

Nesta hora de definição, é importante que a decisão seja no sentido de escolher quem possa derrotar Dilma e tenha condições de liderança pessoal para levar à frente a restauração do País nos planos moral e econômico. Marina, por sua trajetória de lutas, pode vir a cumprir esse papel fundamental. E deverá fazê-lo com o apoio do PSDB, tal como sucedeu no governo Itamar Franco, quando esse partido deu respaldo político e massa crítica com a participação de ilustres peessedebistas em órgãos da administração, assegurando governabilidade e condições técnicas para mudar o País, tal como efetivamente mudou com o Plano Real.

O receio de Marina ter sido do PT e ser um PT2 não pode servir de argumento contra a ex-senadora por parte do PSDB, pois todos os seus próceres saíram do PMDB e com ele não mais se identificam, não sendo o PMDB2, muito ao contrário. A origem não indica a linha política atual, a ser apreendida no caminho ora palmilhado, que o programa de Marina revela em muitos temas.

Neste quadro volátil da eleição de amanhã, se Aécio for, por acaso, ao segundo turno contra Dilma, seu passado como governador de Minas o credencia a bem governar o Brasil, mas Marina e o PSB devem se unir ao PSDB, superando os ataques injustos, para compor maioria de sustentação com o PPS de Roberto Freire e o PV, para enfrentar um raivoso PT na oposição. A união é necessária contra a falta total de ética na política, revelada pelas denúncias do conluio da cúpula petista com os "malfeitos" na Petrobrás.

Enfim, ou saímos do pântano onde viceja o aparelhamento do Estado e a corrupção ou submergimos para um afogamento que desonra.


É preciso mudar. Pelo voto - RUTH DE AQUINO

POR UM BRASIL MELHOR, VOTE AÉCIO 45



REVISTA ÉPOCA


Não é só pelos 20 centavos. Não é só pela Petrobras. Quem vive um dia normal sabe do que o Brasil precisa


Não basta ajoelhar, tem de rezar. Não basta se alfabetizar, tem de ler até o fim. Não basta ler, tem de analisar. Não basta analisar, tem de lembrar. Não basta papaguear slogans, tem de criticar. Não basta crer em marketing, tem de construir um pensamento crítico. Não basta votar, tem de cobrar.

Falta educação política ao eleitor brasileiro. Faltam consciência, razão, atitude. O programa partidário na televisão, que de gratuito não tem nada, é uma idiossincrasia de país subdesenvolvido. Beneficia quem está por cima. É nocivo, antidemocrático e enganador por dar mais tempo na televisão a qualquer partido que esteja no poder. É um bombardeio de telenovelas eleitorais com efeitos especiais e personagens montados.

Às vésperas do voto de 5 de outubro, o eleitor no Brasil parece suscetível à influência das máquinas partidárias, das mentiras e da hipocrisia de candidatos a todos os cargos. É só observar as tendências do mapa nacional eleitoral, com as múmias e os ladrões, vivinhos e populares.

Penso no eleitor maria-vai-com-as-outras, que prefere não se informar direito, por preguiça, desinteresse ou apego a uma sociedade virtual de rapidinhas mentais, em que se curte ou se demole um texto sem passar do primeiro parágrafo. Dedinho para cima, dedinho para baixo. Adeus às sutilezas, elas só fazem perder tempo. Em vez de ler, posso postar o prato de comida de ontem, as travessuras do cachorro, a descrição detalhada de uma cirurgia, compartilhar textos e vídeos falsos, posso ofender quem discorda ou apedrejar o próximo. Poderia dizer que entendo. Mas não compreendo.

Quando vejo que falsidades sem vergonha rendem votos, penso no voto de cabresto. Não falo do povão nem de classes desfavorecidas. Mas da ignorância – do verbo “ignorar”. Quem ignora é facilmente manipulável pelo marketing sem escrúpulo, não importa a classe social ou o tempo de estudo. É assustador o nível de desinformação dos eleitores brasileiros, especialmente dos mais jovens.

O país que vai às urnas para eleger presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual é o mesmo que explodiu nas ruas há um ano. Foram protestos, pacíficos e incendiários, contra a roubalheira institucionalizada nos últimos anos, a farra dos desvios de verba pública, a tragédia do transporte, saúde, segurança e educação, a insatisfação com indicadores sociais e econômicos, a volta da inflação, a alta do custo de vida, as alianças espúrias com corruptos.

Será que é o mesmo Brasil? Escândalos como o da Petrobras derrubam presidentes em países com consciência política. No Japão, alguns governantes e executivos se suicidam quando são flagrados num roubo dessa magnitude. Aqui no Brasil, não faz nem cócegas. Dilma Rousseff, no debate de quinta-feira, disse que “todo mundo comete corrupção”. Eu não cometo corrupção. Você comete? Ouvimos esse discurso há três mandatos do PT, o mesmo partido que desfraldou a bandeira da ética na política.

Não adianta desmascarar os elogios de Dilma a Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras, bandido e atual delator. Todo mundo sabe agora que ele renunciou em 2012 coberto de agradecimentos de Dilma, em ata, “pelos relevantes serviços prestados à companhia no desempenho de suas funções”. Bota relevância nisso.

Por enquanto, Paulo Roberto Costa virou um pária em casa, com tornozeleira eletrônica. Vamos lavar a jato toda a sujeira, afinal ele devolverá quase US$ 26 milhões em contas bancárias no exterior. E lancha, terreno, Range Rover.

Dilma convence o eleitor de que foi ela quem pressionou o Ministério Público e a Polícia Federal a investigar? Daqui a alguns anos, Paulo Roberto se candidata a deputado. O marketing é fácil: o que rouba mas delata, o que rouba mas se arrepende, o que poupa os amigos mais poderosos. Ou então escreve um livro best-seller Como roubei durante oito anos a Petrobras e o Brasil do PT sem que ninguém soubesse.

Não é só pelos 20 centavos. Não é só pela Petrobras. Qualquer um, se vive um dia normal de classe C, se anda de ônibus superlotado, se vai à emergência de um hospital, se tenta abrir um negócio sem despachante, se vai ao supermercado semanalmente, se esconde celular com medo de ser morto, se procura uma creche que não cobre preços extorsivos, se matricula o filho na escola e compra o material, se vai à farmácia, se precisa cuidar dos pais doentes, se convive com os atuais níveis de poluição e péssimo manuseio do lixo, se assiste ao aparelhamento do Poder, sabe hoje que é preciso mudar. Pelo voto.

Um país com medo de ser feliz - PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA

POR UM BRASIL MELHOR, VOTE AÉCIO 45


CORREIO BRAZILIENSE - 04/10
Volta e meia sou tentado a concordar com De Gaulle ou com quem quer que tenha dito que o Brasil não é um país sério. Nos Estados Unidos, uma escuta telefônica clandestina instalada num comitê de um rival político levou à renúncia o então presidente Richard Nixon. Agora, pense aí: e se flagrassem em vídeo, nos EUA ou na Europa, um deputado do partido governista confessando que uma empresa pública foi usada para fazer campanha de um presidente à reeleição? Imagine o tamanho do escândalo e as consequências.
No Brasil, caro leitor, a questão é tratada com escárnio pelos donos do poder. Veja o caso de Minas Gerais. Um deputado estadual do PT foi filmado se vangloriando do uso dos Correios na campanha de Dilma e de Pimentel. Mesmo diante das imagens incontestáveis da fraude, sabe como a presidente da República reagiu ao ser perguntada sobre o flagrante? "Vocês são jornalistas. Vocês acreditam nisso?". Ou seja: ela está sugerindo que, em vez de se ater ao que o vídeo revela, os jornalistas não acreditem no que veem, mas somente no que ela diz.

Pior é constatar que, diante da prova e da versão oficial, há jornalistas que se desmoralizam ao optar pelo engodo chapa-branca. Na hora de escrever os textos, entre as imagens do que de fato ocorreu e o bla-bla-blá palaciano, eles se comportam bovinamente "neutros", dando ao "desmentido" até mais peso do que à verdade. Ou seja: se, nos EUA ou na Europa, uma bobagem como essa poderia derrubar um governo, aqui o escândalo ajuda é a fortalecer e levar à reeleição.

Escandaliza-me o fato de que a corrupção hoje no país seja tratada como uma virtude. O caso da quadrilha que roubava a Petrobras para distribuir com aliados do governo Dilma e Lula é clássico. Quanto mais se descobrem fatos cabeludos da maracutaia, mais crescem as chances de a presidente se reeleger no 1º turno. As pessoas parecem ignorar que os R$ 10 bilhões desviados dos cofres públicos na Operação Lava-Jato, conforme estimativa da PF, poderiam estar sendo investidos em educação e saúde com "padrão Fifa", como cobraram os manifestantes em junho de 2013. Mas o que vemos é cada vez mais dinheiro no poço da corrupção. É como se o brasileiro, de tão desencantado, tivesse medo de voltar a sonhar em ser feliz. Preferisse ser enganado do que sonhar com a possibilidade de um país mais digno e mais justo para todos.

Sem medo do PT - MERVAL PEREIRA

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O GLOBO - 04/10
O debate da Rede Globo de quinta-feira foi o mais acirrado das últimas eleições, e mesmo empolgante em certos momentos. O formato do programa, colocando a cada momento dois concorrentes cara a cara, ajudou muito na sua dinâmica e deu a ele cores novas.

E foi nesse embate olho no olho que um fenômeno ficou explícito: o PT já não mete medo a seus adversários. Seja pela fragilidade da presidente Dilma, tanto nos resultados de seu governo quanto na formulação do seu raciocínio, seja pelos resultados que o partido está obtendo em todo o país, os adversários perderam o medo de se confrontarem com os petistas.

Até mesmo a liderança do ex-presidente Lula está sendo contestada nesta eleição, pois os postes que tentou lançar negaram luz desta vez, seja Alexandre Padilha em São Paulo ou Lindbergh Farias no Rio. Efeito do insucesso dos postes anteriores, a própria Dilma na Presidência e o prefeito paulistano, Fernando Haddad. A trinca de fracassos se fecha com a performance medíocre da ex-chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann, poste de Dilma. Mesmo o provável êxito de Fernando Pimentel em Minas não abafará esses fracassos petistas.

A candidata Marina Silva pôs o dedo na ferida num comentário já com seu tempo esgotado, mas que foi registrado pelos microfones: "A maneira como você fala toda atrapalhada é a maior denunciação..." Era a última chance de Marina, do PSB, e Aécio Neves, do PSDB, firmarem suas posições para uma ampla audiência, em disputa do segundo lugar, e para a presidente Dilma tentar ampliar sua vantagem e fechar a eleição no primeiro turno.

Horas antes, pesquisas do Datafolha e do Ibope mostravam Dilma batendo no seu teto, a poucos pontos da vitória imediata, e os dois rivais em empate técnico, com movimento ascendente do tucano que a pesquisa do Ibope, finda um dia antes da do Datafolha, não captou por inteiro. Provavelmente hoje esse movimento ascensional seja refletido nas últimas pesquisas antes da eleição, já que Aécio saiu-se muito bem no debate.

Ao contrário do que fizeram seus antecessores José Serra e Geraldo Alckmin, nesta campanha Aécio vem defendendo o legado do PSDB sem titubear e, ontem no debate, enfrentado as velhas denúncias do PT contra as privatizações, anunciou a presença do ex-presidente Fernando Henrique na platéia, disse-se honrado com seu apoio e fez ironias com a possibilidade de empresas como as telefônicas ou a Embraer, em vez de privatizadas, ainda pertencerem ao Estado sob o comando do PT:

"Imagine o setor de telefonia, que já funciona tão mal, nas mãos do Estado. A senhora nomeando os dirigentes dessas empresas. Imagine uma Embraer, a grande empresa que compete, hoje, com êxito em outras partes do mundo, nas mãos do PT. Nós fizemos as privatizações de setores importantes. No meu governo, a Petrobras vai ser devolvida aos brasileiros."

Até Luciana Genro, do PSOL, que nestes debates tem feito o papel de metralhadora giratória, também tirou casquinha de Dilma: "Acontece, Dilma, que é o tesoureiro do PT que está envolvido nesse escândalo."

Com a cópia da ata da reunião do Conselho de Administração da Petrobras sobre a saída do diretor Paulo Roberto Costa, preso por corrupção e em processo de delação premiada junto à Justiça, Aécio ressaltou que fora ele quem pedira demissão, e não fora demitido, como afirmava a presidente: "A ata do Conselho da Petrobras diz que o diretor renunciou ao cargo e, pasme, recebe elogios pelos "relevantes serviços" prestados à companhia no desempenho das suas funções. Esse senhor está sendo obrigado a devolver R$ 70 milhões roubados da Petrobras. E o governo do PT o cumprimenta pelos serviços prestados à companhia."

Também Marina foi ao ataque, afirmando que Dilma não cumprira suas promessas de campanha: "A corrupção foi varrida pra baixo do tapete. [...] Você diz que foi o próprio diretor da Petrobras que disse que ia sair porque tinha recebido um recado. Foi negociação premiada. Existe a delação premiada. Houve uma demissão premiada, negociada no seu governo?"

Dilma não encontrou no calhamaço que carrega de um lado para o outro - o formato do debate da Globo deixou mais clara essa dependência - uma explicação razoável para a contradição. Não será surpresa se, em um próximo debate no segundo turno, Aécio ou Marina pedir que Dilma deixe de lado o caderno com as orientações de seu marqueteiro João Santana para responder às perguntas de improviso, no seu peculiar dllmês.

Urnas já consagraram o agro - KÁTIA ABREU

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FOLHA DE SP - 04/10


Nas eleições anteriores candidatos evitavam o agronegócio, mas cenário mudou no pleito deste ano


Seja qual for o desfecho das eleições de amanhã, um grande vencedor emergirá das urnas: o agronegócio. Em todos os pleitos anteriores, os candidatos evitavam os empresários do meio rural. Eram "retrógrados", remanescentes de um Brasil "atrasado, escravagista e cruel", cujo apoio era preciso ocultar.

Nesta eleição, bem ao contrário, o que se viu foram os candidatos cortejando o agronegócio, reconhecendo-o como sustentáculo da economia, responsável por um terço dos empregos formais do país e pelos superavit da balança comercial.

O que mudou? Se antes o setor já exibia a pujança atual, por que só agora está sendo reconhecido? Simples: ação política. Antes, o produtor não via necessidade de agir na cena pública e mostrar o que fazia. Não por indiferença à opinião pública, mas por falta de cultura política. Supunha que seu dever se esgotava na produção.

Nesses termos, tornou-se presa de setores ideológicos, cujo projeto revolucionário almeja estatizar a produção rural. E há nisso toda uma engenharia social: antes de se iniciar o processo de invasões sistemáticas a propriedades produtivas, o setor foi submetido a um processo gramsciano impiedoso de desconstrução de sua imagem.

Difundiam-se notícias negativas, mesmo falsas (sobretudo as falsas), expunha-se o produtor como infrator das leis, explorador de seus empregados. Em, pouco tempo, criou-se o ambiente para legitimar, a título de represália, um vasto repertório de arbitrariedades. Proclamou-se a ideia de uma profunda crise social no campo, em que as populações indígenas foram expulsas de suas terras e o cidadão urbano, alheio à realidade rural --sobretudo o meio universitário-- encheu-se de justa indignação e passou a subscrever manifestos e a aplaudir ações contra quem produzia.

Assim, a crise, que não existia, passou a existir. A violência impôs-se no ambiente rural, indispondo patrões e empregados. Perdeu com isso o país.

Diante de tal cenário, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entidade que representa o setor --de cuja presidência estou licenciada em face das eleições--, decidiu expô-lo. Mostrar o que de fato ocorre e os danos daí advindos não só ao mais moderno setor da economia, mas também ao próprio país.

Isso é política --a política legítima, necessária, indispensável. Quantos documentários, reportagens, manifestos foram divulgados, mostrando o produtor como predador ambiental, contaminador de alimentos, escravagista e coisas do gênero? Ouvimos por anos, em silêncio ou reagindo pontualmente, a essas agressões.

Ao assumir a presidência da CNA, em 2008, dei prioridade à ação política. Nada ficaria sem resposta. Mais que isso: seríamos proativos, não apenas defensivos. Passamos a desfazer a mitologia negativa que nos impuseram e a mostrar, com dados rigorosos, a excelência de nosso trabalho, os avanços tecnológicos que permitem aumentar a produção sem aumentar a área plantada.

Não fosse assim, não teríamos o Código Florestal, vital à segurança jurídica, sem a qual não há investimentos; a área de plantação do país (que é menos de um terço do território) teria sido reduzida e as invasões continuariam sendo aplaudidas.

Hoje, o brasileiro urbano reconhece esse esforço; tem clara noção de que, graças à competente produção rural, paga comida mais barata e de qualidade. Nos últimos anos, o governo federal e o Congresso Nacional vêm dando grande apoio ao setor agrícola e pecuário. Promoveu as concessões privadas para os portos, viabilizou o Código Florestal e deu início às obras de infraestrutura. Há muito por fazer, não há dúvida. Mas criou-se o ambiente necessário para que se faça.

Seja quem for o vencedor, repito, não poderá negligenciar a produção agropecuária. Nem mesmo a candidata que forjou sua carreira hostilizando o agronegócio deixa hoje de reconhecer sua primazia. E essa vitória é, acima de tudo, do país. Vamos às urnas!

Os milagres econômicos da incompetência - ROLF KUNTZ

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O ESTADO DE S.PAULO - 04/10


É preciso acreditar em milagres. Só uma incompetência milagrosa poderia produzir estragos tão prodigiosos na indústria brasileira, no comércio exterior e nos fundamentos econômicos do País em tão pouco tempo.

A soma de exportações e importações ficou em US$ 347,96 bilhões entre janeiro e setembro, valor 2% menor que o de um ano antes, pela média dos dias úteis. Diminuíram tanto as vendas quanto as compras internacionais e mais uma vez o Brasil mostrou ao mundo uma perversa originalidade. Recessão, em outros países, tem normalmente um efeito corretivo. No país da presidente Dilma Rousseff, a inflação anual continua acima de 6%. A balança de mercadorias acumula um déficit de US$ 690 milhões em nove meses. O governo central, segundo os números do Tesouro, só conseguiu de janeiro a agosto um superávit primário de R$ 4,67 bilhões, 87,8% menor que o de igual período de 2013. Para atingir a meta, R$ 80,8 bilhões, a administração central terá de obter em quatro meses um saldo superior a R$ 76 bilhões, 16 vezes o alcançado no dobro desse tempo.

Em outros países, governados de acordo com padrões mais normais, políticas de austeridade, às vezes com efeito recessivo, são usadas para corrigir desajustes. O caso brasileiro é muito diferente. Não houve nenhum esforço de ajuste. A recessão foi apenas mais um produto de uma incompetência de raras proporções, assim como o fiasco econômico dos três anos anteriores.

A condição precária do comércio exterior é um espelho dos erros cometidos pela administração petista a partir de 2003. A política industrial nunca foi mais que um arremedo, com tinturas nacionalistas e desenvolvimentistas, de estratégias típicas de outras eras. Nunca se cuidou de fato da eficiência econômica e do poder de competição. A política foi sempre, nos últimos 12 anos, muito mais voltada para o protecionismo do que para a inovação e a produtividade. A isso se acrescentaram estímulos ao consumo bem maiores que os incentivos ao investimento.

No primeiro trimestre deste ano, o coeficiente de exportação da indústria - proporção entre o valor exportado e o produzido - ficou em 19,8%. Nos primeiros três meses de 2007 ainda estava em 22%. Ao mesmo tempo, a participação dos importados no consumo de bens industriais passou de 17% para 22,5%, embora o Brasil tenha permanecido uma das economias mais fechadas do mundo. Os dados são da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Na virada do século os manufaturados ainda representavam mais de 50% do valor exportado. A proporção caiu pouco a pouco e de janeiro a setembro deste ano ficou em 34,8%. No mesmo período de 2013 estava em 36,9%, com peso um pouco maior, mas também muito baixo para uma economia com a base industrial do Brasil,

O governo tem uma desculpa também para isso, como para uma porção de outros problemas. A explicação, agora, é a crise da Argentina, principal mercado de exportação para os produtores brasileiros de manufaturados. Essa versão foi amplamente reproduzida, quando a imprensa divulgou, na quinta-feira, os números do comércio exterior de setembro. Mas ninguém deveria levar muito a sério essa conversa. A crise argentina até serve para esclarecer uma pequena parte da história - só uma pequena parte.

A indústria brasileira vem perdendo capacidade de exportação há muitos anos. As vendas cresceram durante alguns anos, nesse período, mas os produtores tiveram dificuldades crescentes até para preservar sua participação nos mercados. A valorização do real atrapalhou as vendas. Mas uma parte do desajuste cambial é atribuível à inflação, quase sempre maior que a dos concorrentes.

Empresários sempre reclamaram do câmbio valorizado, mas nunca, ou quase nunca, pediram medidas mais sérias para a estabilização dos preços e, portanto, dos custos internos. Acumulada em três anos, uma diferença anual de três pontos porcentuais de inflação pode virar um desastre cambial. A maior parte das pessoas parece desprezar esse detalhe.

Além disso, há o velho e nunca resolvido problema do custo Brasil, formado por uma enorme coleção de ineficiências de origem estritamente nacional. Não dá para culpar o mundo malvado, nem a perversidade das grandes potências, pelo péssimo sistema tributário, pela escassez de mão de obra eficiente, pelas más condições de transporte ou pela incapacidade gerencial do governo - para citar só um pedaço da lista.

Mas pode-se culpar o governo tanto pela incompetência administrativa quanto por erros graves de estratégia. Durante anos, a administração petista aproveitou a onda internacional de crescimento - e especialmente a expansão chinesa - para aproveitar sem trabalho as vantagens do crescimento econômico e do aumento das exportações. Internamente, a transferência de renda alimentou a expansão do mercado consumidor, mas os formuladores da política se esqueceram de cuidar também do aumento da capacidade de oferta.

Sem atenção a outras oportunidades, o governo aceitou também a transformação do Brasil em fornecedor de matérias-primas para a China e de manufaturados para economias em desenvolvimento, especialmente da vizinhança sul-americana. Foi uma escolha ideológica, apresentada como estratégia inovadora pelos formuladores da diplomacia petista.

Isso explica a vulnerabilidade do País à crise argentina. Ao renegar a política de inserção nos mercados desenvolvidos, o governo deixou à indústria brasileira, até por falta de uma estratégia modernizadora, poucas opções além de jogar na segunda divisão. Mas potências mais competitivas, como a China, podem invadir esse mercado e atropelar os competidores menos eficientes. A indústria brasileira tem perdido espaço também na vizinhança. De milagre em milagre, o Brasil recua à condição de colônia dependente de uma metrópole importadora de matérias-primas.

Depois do show eleitoral - ALBERTO DINES

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GAZETA DO POVO - PR - 04/10


A polarização extravasou as postulações, chegou à gramática e ao protocolo: apoiadores da candidata Dilma Rousseff consideram traição não referir-se a ela como “presidenta” enquanto seus adversários agarram-se à designação que consta na Constituição. A desavença vai além: para alguns, a “desconstrução” do oponente ameaçador é estratégia política válida; para outros, é uma forma velada de fraudar.

Nos últimos dias, diante da exaltação crescente, avulta nova controvérsia: este pleito é, ou não, o mais violento desde a redemocratização? De novo, os mesmos alinhamentos: enquanto os apoiadores da candidatura oficial exibem um clima de normalidade e respeito às regras e bons costumes, eleitores oposicionistas denunciam um escancarado vale-tudo.

A pendência remonta a abril de 2013, quando Eduardo Campos ensaiava os primeiros passos como candidato independente da base aliada e a presidente Dilma, em uma visita oficial à Paraíba, ofereceu uma de suas preciosidades retóricas: “Podemos fazer o diabo quando é hora de eleição, mas quando se está no exercício do mandato, temos de nos respeitar, pois fomos eleitos pelo voto direto”.

O que significava exatamente “fazer o diabo”? Um friforó (free for all), no melhor estilo western? Porventura não estava no pleno exercício do seu mandato ao metralhar, ou desconstruir, a candidata que a ameaçava? O que significa hoje “fazer o diabo”?

Águas passadas: ano e meio depois, na véspera do renhido primeiro turno (que alguns esperam ser o único), vale a pena refletir sobre o nível de ensandecimento do confronto sucessório. Parte dessa exaltação decorre da explosiva mistura de religião com política que agora alcança uma veemência próxima do fanatismo. Outra parte vem da forte sensação de instabilidade fomentada pela renitente inflação, com o seu poder de ressuscitar fantasmas ainda não aposentados.

Impossível ignorar o terceiro componente da atual fervura, representado pelas revelações sobre os escândalos na Petrobras. Os sucessivos e crescentes espantos com o nível da corrupção nacional não se comparam ao impacto causado pelas denúncias e delações na empresa-símbolo nacional.

O corruptômetro atingiu seu limite máximo e, associado à simultânea descoberta do esquema de propinas no alto comando das tropas de elite da PM do Rio (outra entidade-símbolo), traz a roubalheira para perto da insegurança pessoal e alimenta uma indignação já não apenas cívica ou moral.

A candidata-presidente terá de agir com uma energia ainda não exibida nesses quase quatro anos de mandato. E isso já no day after, a próxima segunda-feira. Como no Brasil o candidato à reeleição não é obrigado a licenciar-se (o que seria uma boa solução – para isso existe o cargo de vice-presidente), alguma coisa impactante e consensual precisará ser feita além das “providências cabíveis”.

O espírito de junho de 2013 não foi desativado. Ao contrário, está em ponto de ebulição. O debate entre os candidatos na última quinta-feira, aparentemente civilizado, foi um show de enganações montado pelo conjunto de gênios do marketing político. Prodígio de virtualidade. Não revela o que há de real na fatigada sociedade cordial.

Corrupção eleitoral - CRISTOVAM BUARQUE

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O GLOBO - 04/10

Fraude pela mentira é grave porque perverte a própria democracia


O Brasil descobriu o quanto o seu sistema político-administrativo é corrupto no comportamento de seus dirigentes. Não percebeu ainda as outras formas de corrupção que este sistema carrega.

Mesmo quando um político ou administrador não desvia dinheiro para sua conta pessoal, ele está sendo corrupto quando desperdiça recursos, beneficia apenas privilegiados, depreda o meio ambiente, aumenta a violência, provoca escassez ou inflação. Esta é uma forma discreta, às vezes mais grave, de corrupção, pelo seu tamanho e duração nos impactos negativos dos resultados. Por exemplo, em um tempo em que a população não tem água potável, nem tratamento de esgoto e as escolas estão degradadas, é corrupção construir prédios públicos suntuosos, mesmo sem apropriação privada do dinheiro público.

Outra corrupção política é a velha fraude eleitoral que foi praticada no Brasil ao longo da história. As urnas eletrônicas permitem imaginar que esta corrupção foi eliminada, pelo menos até quando algum hacker for capaz de manipular os dados eleitorais. Se esta corrupção parece superada no momento, a atual eleição tem sido exemplo de outra corrupção eleitoral pelo sistemático uso de marketing com mentiras para desconstruir imagens de oponentes. É a corrupção do tipo Joseph Goebbels.

O debate e o enfrentamento de ideias são características fundamentais da democracia. Seria extremamente positivo um debate sério sobre o impacto da autonomia do Banco Central: se esta é uma forma de proteger a moeda ou, ao contrário, de entregá-la à voracidade do sistema financeiro. Mas uma forma de corrupção eleitoral é repetir, até virar verdade na opinião do eleitor, que a autonomia do Banco Central seria a forma encontrada por uma candidata para tirar comida da mesa dos pobres e enriquecer os ricos banqueiros. Dizer que um candidato vai desfazer programas sociais que estão previstos no próprio programa do candidato também é uma forma de corrupção.

A fraude pela mentira é grave porque perverte a própria democracia, graças aos truques de marketing que transformam mentiras em verdades. A fraude corrompe por meio do desconhecimento que o eleitor tem da realidade e pela dificuldade de analisar os discursos no curto período eleitoral. Nas últimas semanas, o candidato Aécio acusou Marina de ser o mesmo que o PT, a candidata Dilma acusou Marina de ser igual ao PSDB e o eleitor acreditou nas duas afirmações, mesmo que uma anule a outra.

Ninguém pode criar regras para impedir a mentira nas campanhas. A única maneira de abortar a corrupção eleitoral da mentira é educar o eleitor. Eis a maior das corrupções da política no Brasil: o desprezo à educação de nossas crianças e, consequentemente, à da população. A esperteza praticada pelo político é a mãe da corrupção, o pai é o desconhecimento do eleitor. Talvez, por isso, a esperteza não trabalhe para eliminar o desconhecimento.

Educação sem base - CORREIO BRAZILIENSE

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CORREIO BRAZILIENSE - 04/10
A educação básica no Brasil é mantida, em grande parte, pelo Fundo de Financiamento da Educação Básica (Fundeb), que garante o investimento mínimo anual, por aluno, em R$ 2.022,51 (referência 2013). O Fundeb - regulamentado pela Lei nº 11.494/07 - é voltado, exclusivamente, para a escola pública estadual. Ali se concentram os custos mais elevados pela natureza do planejamento didático e pela duração das séries de cada grupo de estudo. Há sete anos, os recursos foram ampliados em 22% em relação às antigas complementações financeiras para as escolas.
O dinheiro repassado pelo Fundeb tem peso substantivo nas regiões Norte e Nordeste, nas quais as unidades escolares funcionam aquém dos parâmetros médios aferidos pelos municípios de áreas mais desenvolvidas do país, como mostra o Índice de Desenvolvimento Básico da Educação (Ideb). Mas o reforço financeiro federal não foi capaz de influir na qualidade do ensino das redes públicas estaduais, o que demonstra que dispor de recursos financeiros é de medular importância, mas, caso eles não sejam bem gerenciados, a qualidade fica sempre a desejar.

Certo é que as transferências evoluíram de R$ 2,9 bilhões em 2007 para R$ 9,2 bilhões em 2013. Além do expressivo suporte liberado anualmente pela União aos estados, o fundo dispõe de outros meios para suplementar despesas das redes públicas. No ano passado, foram R$ 116 bilhões, destinados ao pagamento da complementação de salários de professores, compra de equipamentos e manutenção da merenda e do transporte escolares.

Levantamento da Controladoria-Geral da União (CGU) realizado em 2013 em 120 municípios revelou que em 73% deles houve desvio de verbas. O setor da educação no país está quase sempre envolvido por escândalos, quase nunca apurados. Constata-se, pois, que os estados não conseguiram melhorar a qualidade do ensino básico, como avalia o Ideb. O Ministério da Educação admite que há necessidade de aumentar o acompanhamento do emprego dos recursos liberados aos estados e municípios.

Caso fosse bem administrada, boa parte da verba do Fundeb poderia até formar reserva para a ampliação das atividades. Contudo, são raros os gestores comprometidos com a melhoria da merenda ofertada aos alunos, com o aprimoramento do transporte escolar e das condições das escolas. Que os novos governantes - presidente e governadores - reflitam e monitorem o dinheiro do Fundeb desde a saída de Brasília até o emprego nas cidades. Do contrário, o Brasil continuará a conviver com educação carregada de estatística, porém, sem o resultado proativo que se deseja para ela.

O preço da pressa - EDITORIAL O ESTADÃO

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O ESTADO DE S.PAULO - 04/10

Foi decepcionante para o governo o resultado financeiro do novo leilão de internet por telefonia celular móvel de quarta geração (4G). Muito mais interessado no dinheiro que poderia arrecadar com a concessão desses serviços do que nos efetivos benefícios que eles poderão trazer para o usuário - conexão bem mais rápida, ampliação da área de cobertura, economia, entre outros -, o governo receberá pouco mais de 60% dos R$ 8,2 bilhões que esperava obter caso todos os seis lotes oferecidos fossem arrematados com ágio expressivo.

Contrariando o interesse e a disposição das operadoras, o Ministério das Comunicações forçou a rápida realização do leilão, para apropriar-se dos resultados ainda este ano e, assim, evitar a deterioração mais aguda das contas públicas. Uma grande operadora desistiu de participar do leilão, não houve disputa pelos lotes leiloados (por isso o ágio foi próximo de zero) e dois lotes ficaram sem nenhuma oferta. O governo pagou por sua avidez.

A pressa, determinada pela necessidade de fazer caixa para ampliar o superávit primário - economia necessária para o pagamento dos juros da dívida -, prejudicou o Tesouro. O Ministério da Fazenda tem afirmado que conta com outras fontes de recursos para alcançar o resultado primário prometido para este ano, de R$ 80,8 bilhões, embora até agosto tenha acumulado apenas R$ 4,67 bilhões - ou seja, nos quatro últimos meses do ano terá de apresentar um resultado positivo de R$ 76,13 bilhões.

Embora as principais operadoras considerassem o momento inadequado para a realização de investimentos vultosos, como os que serão exigidos, o governo insistiu no leilão da faixa de 700 megahertz (MHz) da telefonia móvel, dividida em seis lotes, cujo preço mínimo total era de R$ 7,7 bilhões. O governo esperava ágio de 6,5% sobre esse preço (o ágio nos quatro lotes arrematados ficou em 0,65%, apenas um décimo do esperado).

Para tentar mostrar que não havia riscos para o êxito do leilão, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, garantia há meses que as quatro grandes operadoras do País participariam da disputa e que pelo menos dois grandes grupos do exterior, que ainda não atuam no Brasil, tinham interesse nos lotes a serem leiloados. Não foi o que se viu no leilão.

Apenas três operadoras nacionais (Claro, TIM e Vivo) e uma regional (Algar) ofereceram lances. Às voltas com problemas societários, a quarta operadora (Oi) nem se inscreveu para participar da disputa. Com a ausência desta operadora, não houve interessados para dois lotes. Um deles abrangia dois municípios do Paraná, mas o outro compreendia todo o território nacional excluídos a área do outro lote não arrematado e os 87 municípios incluídos no lote adquirido pela operadora regional.

O leilão rendeu R$ 5,851 bilhões, mas, desse valor, o governo deverá descontar R$ 874,4 milhões, que é sua parte no custo de R$ 3,6 bilhões da chamada "limpeza" da faixa de 700 MHz, isto é, a retirada dessa faixa dos canais de TV analógicos que hoje a ocupam e a compra de equipamentos para que essas emissoras transmitam em outra frequência, digital. Assim, com o novo leilão do G4 o governo arrecadou R$ 4,98 bilhões líquidos, ou 39% menos do que pretendia obter.

Tendo forçado a realização do leilão nas atuais circunstâncias, o ministro Paulo Bernardo acabou reconhecendo que as coisas não saíram como ele esperava. "Do ponto de vista do Tesouro, é negativo que a arrecadação tenha sido menor. Do ponto de vista do Ministério (das Comunicações), não vamos desenvolver o setor como queríamos", admitiu.

No leilão de 4G na frequência de 2,5 gigahertz (GHZ), em junho de 2012, o governo obteve R$ 2,93 bilhões. O ágio em alguns lotes chegou a 67%. Agora, com espectro de frequência mais amplo, as operadoras terão mais capacidade para oferecer serviços de internet de banda larga móvel, por meio de smartphones e tablets. E a um custo menor, pois a faixa de 700 MHz permite maior cobertura com menos antenas. Os serviços nessa frequência serão oferecidos a partir de 2019.


COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

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“Nossa ideia é instalar uma operação Granero em Brasília”
Walter Feldman (PSB) imaginando uma fila de caminhões de mudança de petistas


DELATOR PODE ADERIR à ‘PROTEÇÃO DE TESTEMUNHA’

São tão graves as revelações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que seu acordo de “delação premiada” com o Ministério Público Federal prevê seu ingresso “imediato” no “programa federal de proteção ao depoente especial”. Isso foi incluído no acordo para garantir sua segurança, de sua mulher, de duas filhas e genros, caso qualquer um venha a ser ameaçado seriamente pelos delatados.

NA MÃO DO ESTADO

Caberá ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e à Justiça Federal do Paraná garantir a segurança de Costa e sua família.

SE HOUVER AMEAÇA

O pedido para ingressar no programa de proteção a testemunhas pode ser feito pelo próprio Paulo Roberto ou seus advogados.

COM PASSAPORTES

Pelo acordo, o Ministério Público Federal se compromete a ajudar a liberar os passaportes de Paulo Roberto Costa e família, após 1 ano de prisão domiciliar.

DELATOR SEM DELAÇÃO

O acordo de delação premiada deixa explícito que nem o próprio delator terá cópias dos depoimentos e provas que cedeu ao MPF.

CHANCELER AMEAÇA RETALIAR DIPLOMATAS ANTIDILMA

O ministro Luiz Figueiredo (Relações Exteriores) adora alimentar sua birra contra diplomatas, na maioria jovens, que se expressam em suas páginas pessoais no Facebook criticando o atual governo ou apoiando a oposição. Em jantar recente com diplomatas na embaixada do Brasil em Washington, ele se queixou de novo desses colegas e disse textualmente: se Dilma ganhar, não poderia “aproveitar esse pessoal”.

CHAVISMO LIGHT

A perspectiva de reeleição de Dilma provoca nervosismo no Itamaraty, ante os indícios de que o País caminha para um certo “chavismo light”.

TIRO NO PÉ

O tal “chavismo light”, advertem experientes diplomatas, comprometeria a capacidade do Itamaraty de implementar políticas de Estado.

‘REGULAÇÃO’ FASCISTA

A guinada de Dilma se une à “regulação da mídia” – fantasia petista de inspiração fascista – que ela prometeu a blogueiros que a bajulam.

DUDA COM SKAF

Já assediado para eventual segundo turno das eleições presidenciais, o marqueteiro Duda Mendonça avisa: seu compromisso é com Paulo Skaf, candidato do PMDB ao governo de São Paulo.

GANHOU O DEBATE

Os tucanos ficaram animados com pesquisas até de outros partidos indicando que Aécio Neves foi o candidato de melhor desempenho, no debate promovido quinta-feira (2) pela Rede Globo.

PROBLEMA DELA

Candidato a vice de Marina Silva, o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) afirmou que a ordem é “partir para cima”: “Quem tem que responder a perguntas é Dilma, especialmente sobre corrupção”.

RUSSOMANNO DE SAIAS

O PSDB tem esperança de que Marina sofra o mesmo fenômeno de Celso Russomanno (PRB) nas eleições de 2012 para prefeito de São Paulo: após o boom inicial, nem sequer conseguiu ir ao 2º turno.

PESOS E MEDIDAS

Luizianne Lins (PT) tem um motivo a mais para trabalhar por Eunício Oliveira (PMDB), candidato a governador. O suplente dele é Waldemir Catanho, carne e unha com a ex-prefeita de Fortaleza.

DERROTA É A CHANCE

Vítima da omissão do nosso governo, e mantido 452 dias em cubículo na embaixada do Brasil em La Paz, o ex-senador Roger Pinto Molina vê numa derrota de Dilma a chance de, finalmente, obter refúgio político.

MARINA SABE

“Com Marina ou Aécio, seria mais fácil resolver a situação”, diz Molina. Por ser do Acre, Marina conhece o problema do narcotráfico e das perseguições políticas contra a oposição boliviana.

SALADA ELEITORAL

Apesar de pertencerem a grupos rivais, pesquisas apontam que Gastão Vieira (PMDB), que se descolou do clã Sarney, tem grande chance de ser eleito ao Senado ao lado de Flávio Dino (PCdoB) ao governo.

OLHANDO BEM...

...se fosse mais nova, poder-se-ia dizer que a candidata a presidente Luciana Genro (PSOL) foi separada do zagueiro David Luiz no berço.


PODER SEM PUDOR

OOOPS, ERREI!

Em junho de 1991, deputado tucano, o desligado José Serra visitava Washington e foi almoçar na casa do embaixador Marcílio Marques Moreira. Desceu do táxi, bateu à porta e entrou. A empregada, cucaracha, avisou que o embaixador ainda não havia chegado. À vontade, Serra disparou telefonemas por conta da embaixada e, após folhear livros e mexer em papéis, descobriu meia hora depois que entrara na casa vizinha, do embaixador da Bolívia.