sexta-feira, setembro 28, 2018

A higienização petista - EDITORIAL O ESTADÃO

A higienização petista - EDITORIAL O ESTADÃO

É possível arruinar a democracia por meio de sua desmoralização paulatina e constante, como fez o PT sistematicamente há mais de três décadas
O Estado de S.Paulo - 28 Setembro 2018


O ex-presidente Lula da Silva disse diversas vezes que “sempre” aceitou o resultado das várias eleições que perdeu. “Quando perdi, nunca fui para rua reclamar. Voltava para casa e discutia com minha mulher e com meu partido. Depois, me preparei para disputar uma nova eleição”, declarou em 2016 o demiurgo petista, repetindo pela enésima vez essa fábula na expectativa de enganar os inocentes. Pois Lula e o PT nunca aceitaram o resultado das eleições presidenciais que perderam e jamais enxergaram legitimidade nos presidentes aos quais faziam oposição - basta lembrar que o partido pediu o impeachment de Fernando Collor, de Itamar Franco e de Fernando Henrique, além de liderar uma campanha pela destituição do presidente Michel Temer.

Essa reiterada demonstração do espírito antidemocrático do PT e de Lula precisa ser relembrada no momento em que está em curso uma tentativa de higienizar a trajetória flagrantemente autoritária do partido e de seu líder para, com isso, marcar diferença em relação ao candidato Jair Bolsonaro (PSL). Segundo essa versão imaginosa, somente o truculento ex-capitão representaria uma ameaça real à democracia, enquanto o PT, malgrado seus eventuais arroubos, sempre se pautou pelas “regras do jogo”.

Provas disso, segue a lenda, seriam não somente a alegada disposição de Lula da Silva de aceitar os resultados das eleições que perdeu, como também o suposto comportamento exemplar do partido quando esteve no poder. Segundo se diz, o PT passou 14 anos no poder sem ameaçar a ordem institucional e a Constituição, razão pela qual não haveria nenhum motivo para temer uma ruptura se o lulopetismo voltar ao governo.

Já com Bolsonaro, sustenta essa narrativa, a história é bem outra. O ex-capitão já elogiou o regime militar e os torturadores de presos políticos, além de ter em sua chapa, como vice, um general que admite publicamente a hipótese de que o presidente da República dê um “autogolpe” se houver “anarquia”. Isso bastaria para demonstrar que o País estaria à beira de uma ditadura militar caso Bolsonaro venha a ganhar a eleição, enquanto com o PT esse risco não existiria.

Ora, não é preciso grande esforço para atestar a falácia de tal versão. Ameaças à democracia não se dão somente sob a forma de golpes militares clássicos, como o que Bolsonaro é acusado de estar tramando. É possível arruinar a democracia por meio de sua desmoralização paulatina e constante, como faz o PT sistematicamente há mais de três décadas.

O PT nunca admitiu contestação à sua ideologia. Impôs-se pela arrogância, patrulhando o pensamento e instaurando aquilo que John Stuart Mill, em seu clássico Sobre a Liberdade, chamou de “tirania da opinião e dos sentimentos dominantes”. Para isso, estendeu seus tentáculos sindicais e militantes às universidades e ao mundo artístico, atrelando o debate acadêmico e cultural à doutrina lulopetista. Quando esteve a ponto de ser destruído em razão dos muitos esquemas de corrupção que capitaneou - esquemas que, aliás, são também uma forma de minar a democracia -, o PT renasceu capturando a causa dos chamados movimentos identitários - de luta por reconhecimento de diversas minorias - e a transformou em arma partidária para dividir ainda mais o País. O PT viceja na discórdia radical e insuperável, inviabilizando o debate democrático.

Ademais, o partido não titubeou em fazer campanha sórdida, inclusive internacional, contra o Judiciário, o Congresso e a imprensa, classificando magistrados, parlamentares e veículos de comunicação como “golpistas” - todos, é claro, mancomunados para perseguir o PT. Não bastasse corroer a democracia por dentro, envenenando as relações entre os cidadãos e atacando as instituições, o PT ainda foi capaz de emprestar entusiasmado apoio a ditaduras como a de Cuba e a da Venezuela, sinalizando perigoso apreço por regimes de força tão ou mais violentos que a ditadura militar brasileira, a qual os petistas vivem denunciando.

A ameaça de Bolsonaro se restringe, por ora, a palavras toscas - e isso é muito ruim. Tão ruim quanto o PT, que já pôde demonstrar, na prática e extensivamente, seu espírito antidemocrático.

"O petrolão segue cobrando seu preço - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR

"O petrolão segue cobrando seu preço - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR

Petrobras faz novo acordo bilionário com autoridades americanas, desta vez para encerrar investigações sobre a corrupção instalada pelo PT na estatal

Gazeta do Povo - 27/09


A pilhagem promovida pelo PT na Petrobras ao longo de vários anos continua cobrando seu preço. A estatal anunciou, nesta quinta-feira, um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos para encerrar as disputas judiciais naquele país, como consequência do escândalo de corrupção desvendado pela Lava Jato. O valor total é de US$ 853 milhões, equivalentes a cerca de R$ 3,4 bilhões, que serão divididos entre autoridades norte-americanas e brasileiras: 10% irão para o próprio Departamento de Justiça; outros 10% para a Securities and Exchange Commission (SEC), o órgão que monitora o mercado de ações norte-americano; e 80% comporão um fundo de programas para promoção da transparência e cidadania, monitorado pelo Ministério Público Federal.

O valor será pago ao longo de um ano e se soma a um montante ainda mais vultoso, acertado em janeiro deste ano. Para impedir o julgamento de uma ação coletiva de investidores norte-americanos que foram prejudicados pela destruição do valor de mercado da estatal, a Petrobras concordou em pagar US$ 3 bilhões, que à época equivaliam a quase R$ 10 bilhões, mas ao câmbio de hoje já passam de R$ 12 bilhões. O preço do petrolão, apenas com essas duas multas, supera de longe o valor que a estatal conseguiu recuperar desde o início da Lava Jato (R$ 2,5 bilhões), indicando que a diferença continuará tendo de sair dos cofres da empresa, afetando seu desempenho – o provisionamento dos recursos para o acordo fechado em janeiro, por exemplo, impediu que a estatal tivesse lucro líquido em 2017.


O eleitor brasileiro não pode cometer o erro de devolver a chave do cofre aos que destruíram a Petrobras


As autoridades norte-americanas, ao fechar o acordo, reconhecem “a situação de vítima da Petrobras deste esquema de corrupção”, segundo o comunicado divulgado pela estatal. A empresa, como tal, pode ser vista como vítima, mas a verdade é que seus algozes estavam dentro e acima dela: os diretores escolhidos a dedo pelo governo federal para azeitar a máquina de pilhagem e propina que envolvia os contratos da estatal com as grandes empreiteiras hoje encrencadas na Lava Jato.

E isso porque o Departamento de Justiça estava voltado apenas para a corrupção, deixando de lado todas as outras maneiras usadas pelo petismo para depredar a Petrobras. Houve, por exemplo, a política de preços populista, que fez a empresa ter prejuízos vendendo combustível a valores mais baixos que os de compra. Houve decisões puramente ideológicas, como a da refinaria Abreu e Lima, que seria uma parceria com a Venezuela, mas terminou em um calote de Hugo Chávez, levando a empresa a arcar sozinha com custos muito maiores que o orçamento inicial, e que deixam bem para trás o prejuízo que a Petrobras teve com outra decisão desastrosa, a da compra da refinaria de Pasadena, no Texas.

A muito custo o Brasil conseguiu se livrar das garras petistas e colocar na Petrobras uma administração responsável, capitaneada por Pedro Parente – que deixou a estatal quando o governo Temer voltou a interferir nas políticas de preços da empresa após a greve dos caminhoneiros. A empresa está longe de recuperar o valor de mercado que teve no seu auge, e ainda levará muito tempo até ela se livrar dos altos níveis de endividamento. Seu reerguimento será um trabalho de médio e longo prazo. Isso, claro, se o eleitor brasileiro não cometer o grande erro de devolver a chave do cofre aos mesmos que foram os responsáveis pela destruição da Petrobras."

Ausência de Anitta - GUILHERME FIUZA

Ausência de Anitta - GUILHERME FIUZA

GAZETA DO POVO - PR - 28/09


Circula no Brasil um manifesto em defesa da democracia, e seus signatários mais destacados mostraram que não estão de brincadeira: quando a cantora Anitta resolveu afirmar seu direito à opinião independente, tomou logo um tapa na boca, para deixar de ser abusada.

Anitta não tinha entendido como a banda toca. Democracia sim, querida. Mas a nossa, ok?

Ok. Ela entendeu rápido, até porque tem amor à pele. Todo mundo sabe que mexer com os democratas de porta de cadeia pode ser um problemão. Ou, mais precisamente: pode te transformar em morto-vivo. Vai cantar no banheiro, companheira, onde a acústica é perfeita para quem desafinou o coro da patrulha.

Tudo começou quando Anitta, pressionada a aderir à campanha #EleNão, contra Jair Bolsonaro, declarou que não iria fazer parte de movimento algum. Não era um posicionamento político. Ao contrário: em meio à epidemia de causas e engajamentos de ocasião, ela afirmou o direito do artista de opinar ou não opinar, se envolver ou não se envolver com o que quiser ou não quiser.

De uma simplicidade comovente.

Para quem ficou na dúvida, até porque anda um pouco difícil mesmo ver as coisas como elas são, aqui vai a confirmação: a funkeira da laje deu uma aula de dignidade à elite cultural brasileira.

Ou seja: enlouqueceu. Não sabe com quem tá se metendo, garota?

Agora já sabe. Em questão de horas, o mundo desabou sobre Anitta – essa doida que declarou que todos são livres para expressar o que quiserem. De onde terá ela tirado essa insanidade? De algum autor iluminista ou de algum para-choque de caminhão?

A real aqui é outra, parceira. É proibido proibir, desde que você não esteja atrapalhando a lenda (e o business) dos progressistas profissionais que mandam no pedaço. Cala a boca já morreu pra quem não falar demais. Ou de menos. Entendeu agora?

Entendeu. Anitta dormiu e acordou outra pessoa. Não precisou nem de lobotomia, recurso extremo que os democratas de porta de cadeia preferem não utilizar. Por si mesma – e pelo amor à sua pele bronzeada – ela reapareceu com um novo vídeo aderindo ao movimento do qual se recusara a participar 24 horas antes. Vai, malandra, que o passado passou – e o futuro é dos obedientes.

A presença de Anitta na luta contra os hipócritas de grife não durou um dia. Agora, como se dizia quando a ditadura calava ou sumia com alguém, Anitta está “ausente”.

O gentil “desafio” à cantora, que lhe oferecia a escolha entre ser frita em fogo lento ou rápido, foi vocalizado por Daniela Mercury – ela mesma a prova viva de que, nos dias de hoje, um artista sem arte só desaparece se quiser. Não tem mais o menor problema se o público não quer te ouvir, porque uma manchete sobre a sua vida sexual te bota no jogo de novo.

Se voltarem a te esquecer, você ameaça grudar numa colega bem-sucedida o selo de homofóbica e racista. Aí é só correr pro abraço.

Daniela e grande elenco de democratas temem que o Brasil caia num regime autoritário. E acharam a maneira de evitar a implantação de uma ditadura amanhã: implantá-la hoje.

O estupro moral e mercadológico de Anitta – impondo a ela o vexame de engolir sumariamente suas palavras em público – é o ato mais representativo dessa corrente da bondade que quer devolver o país a um simpático criminoso preso por corrupção. Lula e sua gangue merecem a chance de roubar um pouco mais o povo sem perder a ternura – e sem tirar um centavo dessa elite libertária que decide, docemente, quem pode dizer o que.

Ao contrário do pronunciamento original de Anitta, que não tinha segundas intenções partidárias ou ideológicas – e por isso mesmo foi abatido a tiros pela patrulha pacifista e humanitária –, o tal manifesto pela democracia é um jeitinho de panfletar para o suplente de presidiário como “salvação progressista contra o autoritarismo”.

De autoritarismo eles entendem – não o da ditadura de meio século atrás, mas a de hoje, liderada aqui do lado pelo companheiro Maduro, cujo regime sanguinário é apoiado velada ou explicitamente pelos signatários mais famosos do manifesto democrático. Se o Lula falou que o chavismo é modelo de democracia, tá falado.

Fica combinado assim: Anitta amordaçada, Lula livre, poste presidente, Dilma na presidência do Senado, Gleisi na presidência da Câmara, Toffoli na presidência do Supremo e você na Venezuela. Não precisa nem comprar passagem."

quinta-feira, setembro 27, 2018

Apelos ao ‘razoável’ - WILLIAM WAACK

Apelos ao ‘razoável’ - WILLIAM WAACK

Talvez seja o momento de lamentar nossa evidente falta de verdadeiras lideranças

O Estado de S. Paulo - 27/09/2018


Não acho que as opções mais prováveis que se colocam diante do eleitor após o primeiro turno – a julgar pelo cenário trazido pelas pesquisas mais recentes, seria o confronto Fernando Haddad versus Jair Bolsonaro – sejam uma escolha de Sofia ou possam ser descritas como dilema do prisioneiro.

A primeira é a horrível situação, descrita no filme com Meryl Streep sobre a rampa de seleção em Auschwitz, em que qualquer escolha implica uma tragédia. O segundo é uma adaptação da Teoria dos Jogos, segundo a qual escolhas individuais visando exclusivamente a interesse próprio (nesse contexto, o voto anti-Bolsonaro ou o voto anti-PT) acabam produzindo um resultado coletivo pior para cada indivíduo.

Acho que a questão essencial neste momento é tentar entender a natureza do fenômeno que enfrentamos na próxima votação – duas posturas radicalmente opostas, antagônicas e, a julgar pelo palavreado em curso, irreconciliáveis. Trata-se de ocorrência efêmera, típica de polarização em disputa eleitoral, ou, ao contrário, de uma profunda transformação da política brasileira caracterizada, antes de mais nada, pelo “esfarelamento” do que se poderia descrever como “centro”, “moderação” ou “equilíbrio”?

Tendo pela segunda hipótese. Em primeiro lugar, não é nada novo o fenômeno da resistência ao lulopetismo, que é a expressão do que há de retrógrado e atrasado na política brasileira, resistência que levou ao impeachment de Dilma Rousseff e a resultados de eleições como as municipais de São Paulo de 2016. Em segundo lugar, em oposição à ferocidade como o lulopetismo se dedicou (em parte com dinheiro público desviado, como hoje sabemos) a destruir seus adversários políticos, encarados sempre como “inimigos do povo”, cresceu um vigoroso movimento pendular contrário, com capilaridade, abrangência e características próprias de uma “guerra cultural” (ou seja, de afirmação ou negação de valores).

No meio desse movimento foram apanhadas elites pensantes que, à falta de um projeto de País razoavelmente desenhado, e em dúvida sobre as próprias ideias, parecem pregar a um deserto de ouvintes – e que se sentem “órfãos” de representação – os valores democráticos, harmonia, estabilidade, coesão de princípios e o que mais pareça bonito, socialmente responsável e capaz de arrancar aplausos de gente “razoável”.

Neste momento difícil da política, as bandeiras “moderadas” ou “centristas” (não confundir com “Centrão”) realmente parecem empunhadas por quem, perdoem a expressão chula, se veste de freira num bordel.

É óbvio que as pessoas “razoáveis” estão à mercê de uma onda que parece ter demonstrado seu tamanho (o candidato Jair Bolsonaro estacionado na ponta das pesquisas de intenção de voto), mas que está muito distante ainda de dizer para onde eventualmente nos levará.

Diante dessa onda, é claro que gente “razoável”, com convicções políticas “razoáveis” e disposta a entendimento entre “razoáveis”, lamenta que se tivesse deixado pela metade reformas de Estado, que se tivesse defendido timidamente o que parecia fazer parte “firme” de seu ideário econômico mais “liberal”, que, em busca do que é “pop”, se tivesse dado tanta crença a marqueteiros e que se esquecesse das estratégias políticas de maior alcance.

Dignos apelos ao que se possa considerar “razoável” não surtiram nem me parece que surtirão efeitos a curto prazo. Talvez seja o momento histórico em que mais se deva lamentar nossa evidente falta de verdadeiras lideranças.

quarta-feira, setembro 26, 2018

ONDE ESTAVAM?



“onde estavam essas personalidades artísticas enquanto o PT roubava?”
William Waack

Pinochmann - ALEXANDRE SCHWARTSMAN

Pinochmann - ALEXANDRE SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 26/09

Por excesso de competição, não posso afirmar que Pochmann é o pior economista


Não posso ainda afirmar que Marcio Pochmann seja o pior economista do Brasil, mais por excesso de competição do que por falta de esforço, mas garanto que ganha fácil o título de mais desonesto.

Não me entendam mal. Não se trata aqui de usar a velha falácia "ad hominem", qual seja, tentar desmerecer o argumento pelas falhas de seu autor, mas sim apontar as falhas do autor pelas carências, no caso gritante, de seus argumentos.

A questão no fundo é simples. Pochmann afirmou que um imposto de 1% sobre grandes fortunas eliminaria o déficit previsto para 2019, R$ 139 bilhões, conforme o Orçamento para o ano que vem.

Isto requereria que grandes fortunas montassem a R$ 13,9 trilhões; todavia, segundo os dados da Receita Federal, o conjunto total de bens e direitos declarados pelos pouco mais de 27 milhões de contribuintes que preencheram o formulário do Imposto de Renda atingia R$ 8 trilhões.

Posto de outra forma, nem tributando todos os declarantes de IR a proposta de Pochmann chegaria perto de resolver o enorme desequilíbrio fiscal do país.

Confrontado à simples aritmética, Pochmann pôs em prática um enorme arsenal de desonestidade, sem jamais enfrentar a questão.

Começa atribuindo a desordem fiscal ao atual governo. Em que pesem decisões equivocadas, como levar adiante a proposta de reajuste do funcionalismo gestada no governo Rousseff, não é preciso mais do que saber contar para perceber a falsidade do argumento.

Quando Dilma assumiu o superávit do governo federal era (a preços de hoje) de R$ 126 bilhões; quando saiu o déficit superava R$ 170 bilhões, deterioração da ordem de R$ 300 bilhões. Primeira mentira.

A segunda é mais sutil, mas não menos desonesta. Pochmann faz malabarismos para mostrar que a dívida do governo não subiu no período Dilma, utilizando-se para tanto do conceito de dívida líquida, que deduz da dívida total as reservas internacionais de posse do BC.

Ocorre que, quando o dólar se encarece as reservas se apreciam, fenômeno que reduz a dívida líquida. Todavia, isto não reflete de forma alguma o desempenho fiscal do país, apenas a valorização do dólar.

A medida correta de endividamento fiscal é a dívida bruta, que saltou de 52% para 67% do PIB no período Dilma (e, em julho deste ano, atingiu 77% do PIB).

Em outras palavras, o avanço do endividamento do governo foi muito maior com Dilma, fato escamoteado por Pochmann. Segunda mentira.

De passagem, Pochmann menciona que o desemprego subiu de 8,4% para 11,7%, sem se dignar a esclarecer a qual período se refere.

Já eu noto que o desemprego (ajustado à sazonalidade) era pouco inferior a 8% quando Dilma assumiu, 11% quando foi impedida e hoje se encontra na casa de 12% (depois de bater em 13% no início de 2017), ou seja, o grande salto ocorreu precisamente no governo Rousseff. Terceira mentira.

Pochmann conclui seu artigo agora afirmando que, além da taxação de grandes fortunas, seriam necessárias também a reformulação do imposto sobre heranças e taxação de dividendos para fechar as contas.

Não admite que errou e também não mostra de onde tirou a estimativa do "potencial arrecadatório" equivalente a 1,5% do PIB. Quarta mentira (e um tanto a mais de mistificação).

Quando afirmarem que o pragmatismo há de prevalecer caso Fernando Haddad se eleja presidente, lembrem-se que Pinochmann, o economista mais desonesto do país, é também o coordenador de seu programa econômico.

aschwartsman@gmail.com

Alexandre Schwartsman

Consultor, ex-diretor do Banco Central (2003-2006). É doutor pela Universidade da Califórnia em Berkeley.

segunda-feira, setembro 24, 2018

A morte do amadurecimento - LUIZ FELIPE PONDÉ


A morte do amadurecimento - LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 24/09
O mundo marcha para o retardamento mental como opção pedagógica
Um amigo de meu filho, de 35 anos, me contou que numa reunião com professores e pais, na escola de seu filho de sete anos (escola esta frequentada por ele, assim como pelos meus filhos até o vestibular), um pai cobrou que na nota fosse levado em conta o conteúdo “dentro das possibilidades do seu filho”. Há uma recusa ao amadurecimento no ar.
Na mesma escola, anos atrás, numa reunião dessas, ouvi uma mãe cobrar da escola que “heroínas femininas fossem usadas em sala de aula para que as meninas fossem empoderadas”, e, da mesma mãe, “que a escola deveria dar mais atenção à África do que à história romana, grega, hebraica e mesopotâmica”. 
Pensei como deveria ser um saco, para uma professora, depois de um dia inteiro de aulas, ter que aturar pais metendo o bedelho no que não entendem e, literalmente, enchendo o saco.
Sim, o mundo está bem chato. O sapiens está saturado de ruídos. Espécie pré-histórica, evoluída num cenário do alto do Paleolítico, em meio à preponderância do silêncio, agora, com iPhones na mão, assola o mundo com opiniões. Falam muito da destruição do ambiente; temo que o sapiens se destrua falando demais.
Exemplos dessa pedagogia contra o amadurecimento já estão na universidade. E logo estarão nas empresas. Pais e psicólogos atacarão o RH das empresas com ameaças de processos jurídicos, como já ensaiam nas escolas e universidades, porque essas empresas não estarão levando em conta a “economia da autoestima” de seus filhos estagiários. 
Exagero? Não exagero. O mundo marcha a passos largos para o retardamento mental como uma opção pedagógica. Frase insensível à vulnerabilidade das pessoas?
Há um culto da vulnerabilidade por aí. Pais e profissionais cada vez mais fazem pressão para que as instituições de ensino relativizem normas de avaliação em nome de ficar “dentro das possibilidades” de seus filhos.
Entre as várias hipóteses possíveis, julgo que a raiva reprimida de ter que perder tempo, dinheiro e saúde cuidando dos filhos faz com que muitos pais exagerem nas provas de “amor e cuidado” com eles, exigindo que o resto do mundo os ame, como eles mesmos não são capazes.
Exagero? Talvez um pouco, mas não muito. Lanço mão de uma tática argumentativa chamada hipérbole (quando você exagera num argumento para defender uma hipótese que está aquém da afirmação exagerada), por causa do desespero que dá ver os pais destruírem a vida dos filhos fazendo deles zumbis adictos de formas institucionais de distribuição de autoestima. 
Fala-se muito de educação, mas ela já foi para o saco há muito tempo. A fúria de fazer o mundo melhor nos destruirá a todos. O esvaziamento dos vínculos familiares pressiona o Estado e as escolas para cumprir o papel de pais narcisistas e de saco cheio. Aliás, todo mundo está de saco cheio, o Sapiens não se aguenta mais. Uma espécie pré-histórica perdida na redes.
Entre 1990 e 2010, o termo “estudantes vulneráveis” passou de 55 referências para 1.136. De 2015 a 2016 houve  1.407 referências ao mesmo termo. A fonte é LexisNexis Database. Quem a cita é o sociólogo Frank Furedi, no seu mais novo livro, “What’s Happened To The University? A Sociological Exploration of its Infantilisation” (o que aconteceu com a universidade? Uma exploração sociológica de sua infantilização, ed. Routledge, 214 págs.), sem tradução no Brasil. Proponho a leitura para pais, professores e pesquisadores do assunto.
A conclusão do autor, que se dedica a esse campo, no mínimo, desde 2004, quando publicou seu “Therapy Culture” (cultura da terapia), também sem tradução no Brasil, é que ao optarmos por uma narrativa da vulnerabilidade, optamos por estudantes infantis. 
Numa linguagem exagerada, estamos criando uma sociedade de inseguros afetivos e cognitivos. Os idiotas da tecnologia acham que porque existem crianças de três anos que mexem em iPads, elas são mais inteligentes. Numa espécie de lamarckismo para idiotas, pensam que, como os pais usam muito iPads, os filhos nascem sabendo mexer neles.
Furedi devia ser leitura obrigatória para quem pede para a escola levar em conta, na avaliação, as possibilidades do filho. E o pior é que esse pai se acha o máximo. Um dos efeitos colaterais da maior escolaridade é que a pessoa fica menos cuidadosa em assuntos que não domina. Fiéis às bobagens fragmentadas que leem, enviesadas por modinhas do Face, esses pais jogam o amadurecimento dos filhos no lixo.
Luiz Felipe Pondé
Escritor e ensaísta, autor de “Dez Mandamentos” e “Marketing Existencial”. É doutor em filosofia pela USP.

sexta-feira, setembro 21, 2018

Um país na margem de erro - GUILHERME FIUZA

Um país na margem de erro - GUILHERME FIUZA

GAZETA DO POVO - PR - 21/10


"Brasileiro confia tanto em pesquisa que nem dá para entender por que ainda tem eleição. Votar pra quê? Chega de intermediários.

Há mais de ano o Brasil sabe que Lula está no segundo turno. Como ele sabe? As pesquisas disseram. E não disseram uma vez, nem duas. Gritaram, reiteraram, vaticinaram sempre que o noticiário policial dava uma trégua ao ex-presidente.

O segundo turno de Lula hoje é o do carcereiro que toma conta dele à noite, mas não tem problema. Ele envia um representante, com procuração e tudo, para tomar conta do que é dele. O triplex do Guarujá, o sítio de Atibaia, a cobertura de São Bernardo e a fortuna incomensurável para pagar advogados milionários por anos a fio não são de Lula. O que é dele, e ninguém tasca, é o lugar cativo no pódio dos institutos de pesquisa.

A estratégia de trazer o comandante do maior assalto da história para o centro da eleição que deveria ser o seu funeral político não é um incidente. Como já escrito – mas não custa repetir ao eleitorado distraído – é uma estratégia. E uma estratégia tosca.

O Brasil viu – mas para variar não enxergou – a construção dessa lenda surrealista: Lula, o PT e sua quadrilha representam, na sucessão de 2018, “a salvação progressista contra o autoritarismo”. Contando ninguém acredita.

Uma imensa maioria de formadores de opinião e personagens influentes da elite branca (aquela mesma do refrão petista) vive de lamber esse herói bandido, fingindo defender o povo – esse mesmo povo roubado até as calças pelo meliante idolatrado por eles. Ou melhor: idolatrado de mentira, porque a única idolatria dessa elite afetada e gulosa é por grana, poder e aquele verniz revolucionário que rende até umas almas carentes em mesa de bar.

Então, aí está: a estratégia funcionou e os cafetões da ética imaginária conseguiram – milagre – chegar às portas da eleição defendendo sem um pingo de inibição o PT, exatamente o maior estuprador da ética que a história já conheceu.

Pode ser doloroso, mas é preciso constatar: a possível presença do PT no segundo turno será a canalhice brasileira saindo do armário. Sem meios tons.

Se o Brasil estivesse levando uma vida saudável, estaria agora dando continuidade à exumação da Era PT – e tomando as devidas providências para jamais errar de novo tão gravemente. Mas a margem de erro por aqui é um latifúndio – o país mora no erro, e eventualmente passa férias fora dele, como um marginal.

Tradução: o insistente culto ao fantasma petista fermentou as assombrações antipetistas – e o Brasil deixou de se olhar no espelho para ficar perseguindo morto-vivo com crucifixo na mão.

Fora desse fetiche mórbido, dessa tara masturbatória pelo falso dilema esquerda x direita, a reconstrução do Brasil parou. A saída quase heroica da recessão, com redução dos juros e da inflação, reforma trabalhista e recuperação da Petrobras – nada disso existe no planeta eleitoral de 2018.

Quem vai tocar isso adiante? Quem vai segurar o leme da economia com a perícia de Ilan Goldfajn, o presidente do Banco Central que nos salvou do populismo monetário de Dilma e seus aloprados?

A resposta contém o disparate: um desses aloprados (que tinha o leme nas mãos na hora do naufrágio), o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa foi expulso da campanha de Haddad, o gato (ligação clandestina no poste) – banido por outro náufrago ainda mais aloprado que ele, o economista Marcio Pochmann. Ou seja: a possível reencarnação petista no Planalto está nas mãos dessa militância pré-histórica que se fantasia de autoridade acadêmica para perpetrar panfletos que fariam Nicolás Maduro dizer “menos, companheiro”.

Adivinhe se esse tema aparece na campanha presidencial?

Adivinhou, seu danado. O Brasil está lá, boiando na margem de erro, lendo pesquisa e brincando de jogar pôquer com o 7 de outubro. Nem sabe quem é o economista do Haddad. Ou melhor: nem sabe quem é o Haddad – porque aquele ministro da Educação tricampeão de fraudes no Enem, que não sabia nem aplicar uma prova e mandava escrever “nós pega o peixe”, sumiu de cena. Não existe mais também o prefeito escorraçado ainda no primeiro turno por inépcia.

Esse Haddad aí é outro: é o super-homem das pesquisas, que voa por cima de todo mundo com a criptonita do Lula e faz a imprensa companheira lutar por uma foto dele com a camisa aberta e a grife do presidiário explodindo no peitoral.

Vai nessa, Brasil. As pesquisas colecionam erros clamorosos em todas as eleições, mas dessa vez talvez até acertem, porque num país exilado na margem de erro qualquer chute é gol – mesmo no campeonato dos detentos."

quarta-feira, setembro 19, 2018

Governar é tão ou mais difícil que se eleger - MAÍLSON DA NÓBREGA

Governar é tão ou mais difícil que se eleger - MAÍLSON DA NÓBREGA

FOLHA DE SP - 19/09

Desafio é negociar sem sucumbir ao baixo clero


No Brasil, não basta ganhar as eleições presidenciais. O vencedor precisa formar e coordenar uma coalizão. Seu partido elegerá no máximo 70/75 deputados, mas necessitará de no mínimo 308 votos para aprovar emendas constitucionais. A proporção é semelhante no Senado.

A renovação do Congresso será muito pequena. O padrão mental e os costumes de sempre continuarão a ditar a forma como serão feitas as negociações. Grande parte manterá a dependência do voto de corporações e de interesses paroquiais.

Construir a maioria não será suficiente, pois ela se forma em cada votação relevante. O presidente precisa ter, além de liderança e legitimidade, habilidades para articular o apoio a seus projetos essenciais, caso a caso.

No presidencialismo de coalizão, que implica o compartilhamento do poder, o chefe do governo assume o papel de coordenador do jogo político. Compartilhar é distribuir postos ministeriais.

O presidente tem uma cota pessoal, que compreende pelo menos a Fazenda, o Planejamento e a Casa Civil. Os demais ministros são indicados pelos partidos da coalizão. É assim em países onde o vencedor não tem a maioria no Parlamento.

Formar o ministério é obra de engenharia política. É preciso demonstrar perícia e arte para contemplar aliados, regiões do país, mulheres e representantes de segmentos econômicos e sociais.

A promessa de um presidenciável de anunciar o ministério antes de se eleger revela sério desconhecimento do processo. Tampouco faz sentido recusar escolhas por indicações políticas. Ou governar com os melhores. Nem sempre é possível escolher.

Nomear um superministro da Economia pela fusão de ministérios, sem extinguir suas funções, não faz sentido. A ideia de que esse ministro terá carta branca desconhece que é o presidente quem governa e que as decisões básicas são do Congresso. Enfeixar tanto poder nas mãos de uma única pessoa vai criar conflitos e ineficiências.

Há três recursos de poder para exercer a coordenação. Primeiro, nomeações para os cargos de ministro e para posições do segundo escalão. Segundo, liberação de emendas parlamentares. Terceiro, habilidade pessoal. Impossível fugir dessa realidade.

O terceiro é o mais relevante. Pressupõe alta inteligência emocional, equilíbrio, paciência, capacidade de articulação, entender a relação com o Congresso, um bom auxiliar da coordenação política e a arte de lidar com os parlamentares.

É preciso identificar formadores de opinião, quem é mais confiável e os que merecem atenção e prestígio. Há que saber quem convidar para viagens e para recepções palacianas. Um quê de encanto é crucial. Tudo isso requer experiência. Não se faz um líder político eficaz da noite para o dia.

Negociar com base em princípios só será possível (e olhe lá) quando tivermos partidos programáticos, não hoje.

A forma atual de negociar constitui uma das regras do jogo, mas pode ser fatal o uso da corrupção para aliciar apoios.

É necessário saber transmitir mensagens e obter apoio da opinião pública para o programa de reformas, pois isso reforça a capacidade de articulação política. Presidentes impopulares perdem o poder de agenda.

Por último, o baixo clero sabe que a democracia funciona no plenário, isto é, a vontade da maioria prevalece. O baixo clero é maioria e pode vetar reformas. O desafio é negociar sem sucumbir à vontade desse grupo, que costuma andar de braços com o corporativismo e a irresponsabilidade fiscal.

Em resumo, como disse Tom Jobim (1927-1994), "o Brasil não é para principiantes".

Maílson da Nóbrega

Ex-ministro da Fazenda (1988-1990, governo Sarney) e sócio da Tendências Consultoria

Era uma vez... - ALEXANDRE SCHWARTSMAN

Era uma vez... - ALEXANDRE SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 19/09

É preciso agir contra grupos de interesse que não aceitam perder 'meias-entradas'


Em entrevista recente ao Pravda, perdão Valor Econômico, Armínio Fraga argumenta que a situação econômica atual é ainda pior do que a enfrentada há 16 anos, durante a eleição de 2002.

Concordo plenamente, porém, noto que, se isto for mesmo verdade, há o que explicar do ponto de vista dos preços no mercado financeiro.

É fato que o dólar anda na casa de R$ 4,15-4,20, pouco acima do observado lá atrás, mas, ajustando o valor à diferença entre a inflação brasileira e a americana, o dólar na média de outubro de 2002 seria equivalente a algo perto de R$ 6,50, bem mais caro do que agora.

Da mesma forma, o risco país (o tanto a mais de juros que o Brasil precisa pagar comparado aos EUA) anda alto, na casa de 3,0-3,5% ao ano; em 2002, todavia, chegava a impensáveis 24% ao ano.

Por fim, também ajustada à inflação, a Bolsa hoje vale praticamente três vezes mais do que no pior momento daquela crise.

Em suma, pela ótica fria dos preços de mercado a coisa não parece tão feia quanto Armínio e eu (entre tantos) acreditamos.

Houve, é bom dizer, melhora em algumas fragilidades importantes.

Quase metade de tudo o que governo devia à época (algo como R$ 1,3 trilhão de R$ 3 trilhões a preços de hoje) era denominada em moeda estrangeira, principalmente dólares.

Assim, qualquer balançada no dólar, não muito diferente da que observamos recentemente, tinha efeitos negativos que realimentavam o problema: com o dólar mais caro a dívida crescia, o que aumentava a percepção acerca da nossa incapacidade para manter os pagamentos em dia, levando à fuga adicional de capitais e nova pressão sobre o dólar.

Hoje, em contraste, o governo tem mais dólares do que deve, ou seja, ganha quando o dólar sobe, quebrando o círculo vicioso anterior.

Algo parecido se passa com o setor privado: graças aos investimentos externos, o encarecimento do dólar não gera receio de que a dívida externa das empresas brasileiras em seu conjunto se torne impagável (ao contrário do que ocorre com, por exemplo, a Turquia).

Como os mecanismos de realimentação da crise via dólar e dívida não mais estão presentes, o dólar não explode, nem o risco país, e o balanço mais saudável das empresas transparece em um mercado acionário mais forte do que o daquela época.

Apesar disso, as contas públicas pioraram muito.

Em 2002 o setor público apresentava superávit primário ao redor de R$ 130 bilhões (a preços de hoje); prevê-se agora déficit de R$ 159 bilhões neste ano e R$ 139 bilhões no próximo.

O gasto federal, corrigido pela inflação, era então pouco superior a R$ 600 bilhões; hoje supera R$ 1,3 trilhão, dos quais o governo controla efetivamente menos do que 10%.

Já a dívida pública (usando a definição existente em 2002) equivalia a 65% do PIB (Produto Interno Bruto) e vinha em trajetória decrescente; hoje ultrapassa 85% do PIB e cresce desde o fim de 2013.

Naquele momento, portanto, bastou que o novo governo mantivesse a política econômica do anterior para que as coisas se acalmassem.

Hoje, porém, a tarefa é bem mais difícil: não se trata de manter o que existe, mas reformá-lo profundamente contra a ação de grupos de interesse que não aceitam serem privados de suas meias-entradas.

O mundo político, contudo, não se mostrou à altura da tarefa. Se persistirmos no erro, é até possível que os preços no mercado financeiro não voltem aos patamares de 2002, mas não tenham dúvidas de que teremos muita saudade dos preços de 2018.

Alexandre Schwartsman

Consultor, ex-diretor do Banco Central (2003-2006). É doutor pela Universidade da Califórnia em Berkeley.