terça-feira, fevereiro 22, 2011

CARNAVAL EM NATAL

CACHAÇA AINDA MATA UM CORNO DESSE...
25 DE FEVEREIRO NA AABB NATAL- RN  NÃO PERCAM!



MESAS PELO TELEFONE 3211-4412

TELEVISÃO: ESPORTES NA TV HOJE

7h - ATP 500 de Dubai, tênis, Sportv2
12h - ATP 500 de Dubai, tênis, Sportv2, Bandsports
14h - CSKA Moscou x Paok, Liga Europa, ESPN
14h - ATP 500 de Dubai, tênis, Bandsports
16h45 - Lyon x Real Madrid, Copa dos Campeões, ESPN Brasil, ESPN HD, Esporte Interativo
16h45 - Copenhague x Chelsea, Copa dos Campeões, ESPN
19h15 - Cruzeiro x Guaraní (PAR), Taça Libertadores, Sportv, Bandsports
21h - Phoenix Coyotes x Philadelphia Plyers, Hóquei no gelo, ESPN HD
21h30 - Pinheiros x Vôlei Futuro, Superliga feminina de vôlei, Sportv
21h30 - Emelec x Jorge Wilsterman, Taça Libertadores, Sportv2, Bandsports
23h30 - Rutgers x Louisville, basquete universitário dos EUA, ESPN HD
23h45 - Once Caldas x Libertad, Taça Libertadores, Sportv2, Bandsports

ANCELMO GÓIS

Troca de lâmpada 
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 22/02/11

Há gestões para transferir a Eike Sempre Ele Batista o braço de energia do grupo Bertin, gigante do boi que atravessa um período difícil. O grupo, que também decidiu sair da futura usina Belo Monte, tem 21 projetos térmicos. 

Espaço Leblon... 
Por falar em Eike, foi ele, em parceria com a construtora Concal, quem comprou, em leilão do Rioprevidência, autarquia estadual, o prédio comercial grudado ao Shopping Leblon, no Rio. O Espaço Leblon tem 5.930 m² divididos em cinco andares.

Pânico de avião
Bochecha, o cantor, atrasou em uma hora e meia o voo JJ3416 da TAM (Florianópolis- Rio), sábado passado. Ainda em terra, o avião teve uma pane elétrica e, depois de consertado, seguiu para a pista de decolagem. O artista entrou em pânico e exigiu a volta da aeronave, o que revoltou os demais passageiros. 

A vida no Alemão
A FGV ouviu 1.200 moradores do Morro do Alemão para uma nova rodada da pesquisa em que afere o Índice de Percepção da Presença no Estado em algumas regiões. No Alemão, depois da UPPe do PAC, subiu de 38 para 55 a nota dos moradores para os espaços de lazer na favela.

Antes... 
Na época da pesquisa anterior, em junho de 2009, o Alemão estava conflagrado e dominado por traficantes. A pesquisa de agora foi feita entre 4 e 28 de janeiro. O estudo será divulgado quinta-feira.

Menino do Rio

Aécio Neves, o senador mineiro, estreou na Praia de Ipanema, no fim de semana, a sua... longboard. Trata-se daquele tipo de
prancha alongada, preferida de cinquentões como ele. Não é fofo?

Calma, gente

Acredite. Herson Capri está sofrendo as consequências das maldades de seu personagem, o vilão Cortez, em “Insensato coração”, a novela da TV Globo. É que, no capítulo de sábado, Cortez chamou sua amante, personagem de Natália Rodrigues, de “vadia” e a mandou voltar para Macaé.

Segue...
Desde então, o ator virou assunto na cidade fluminense, que, por coincidência, é terra de sua mulher na vida real. Além de ter sido tema de debate numa rádio local, a sogra e o restante da família de Capri têm sido xingados. 

Mas...
O ator, com razão, não se conforma: — Desde que conheci minha mulher, há 16 anos, vou à Macaé cerca de dez vezes por ano. Tenho um carinho enorme pela cidade.

Ilha de Bom Jesus
Cabral e Paes negociam com o Exército a aquisição da Ilha de Bom Jesus, ao lado do Fundão. Segundo o secretário Júlio Bueno, o objetivo é usar os cerca de 200.000m² para a instalação de centros de pesquisas de dez empresas. 

Segue... 

Os grupos são BG Brasil, Chemtech/Siemens, Dow, Braskem, L’Oréal, Nalco, Techinip, White Martins e Valourec/ Mannesman.
Ancine A ministra Ana de Hollanda indicou Vera Zaverucha para uma diretoria da Ancine. 

Bicho vai pegar
Um bicheirão carioca caiu naquela Operação Guilhotina, que investigou a banda podre da polícia do Rio. Tufão nos quadris Sábado, no Festival Verão no Rio, na Marina da Glória, antes do show de Diogo Nogueira, será exibido o documentário “Mulatas!
Um tufão nos quadris”, de Walmor Pamplona, com roteiro do nosso Aydano André Motta, da turma da coluna. Entre as retratadas no longa, está Jaqueline Faria, do “BBB”. 

Mãos de fada

Um hotel de luxo da Zona Sul do Rio demitiu um massagista acusado por uma hóspede de tentativa de abuso sexual. Muita gente se hospedava ali só por causa de suas massagens milagrosas. Ensaiou-se uma rebelião de hóspedes, e a gerência teve de tornar pública a razão da saída.

ZONA FRANCA
 Nosso Marceu Vieira e Tuninho Galante recebem hoje Elisa Addor e Luíza Dionísio em seu show em homenagem às escolas de samba, no CCC, às 21h. 
 O músico Guilherme Dias Gomes faz tributo a Freddie Hubbard, quinta, na Sala Baden Powell, às 20h.
 Hoje, Cordão do Boitatá comanda baile de pré-carnaval no Rival.
 Abre hoje o I Piatti italiano, na Barra. 
 É de Antonio Kämpffe a foto da Grande Rio publicada aqui ontem.
 Katz Chocolates lança chá da tarde no BarraShopping.
● Hoje Jamilla Barroso relança “Odontologia viva", na Argumento do Leblon.
● A Igal lança a grife Dunhill no Brasil. 
● Alice Granato lança hoje seu site no Instituto Cravo Albin.
● Renaldo Bussiere foi eleito diretor da Anoreg-RJ.

LUIZ GARCIA

Bora, Bora, Bora
Luiz Garcia
O Globo - 22/02/2011

Mandato, diz o infalível Houaiss, é "concessão de poderes para o exercício de uma missão". Mais do que implícito, está óbvio que é indispensável uma relação direta e óbvia entre os poderes e a missão. Se o cidadão recebe, para usar um exemplo simples e humilde, a missão de varrer uma rua, é indispensável que lhe seja concedido o poder de brava e eficientemente empunhar uma vassoura.

No caso de parlamentares, pelo menos no Brasil, é facultado o direito ao carro oficial. Presume-se que seja indispensável ao contato com o eleitorado, para melhor servi-lo. Mas, curiosamente - ou confortavelmente para eles -, não há distinção entre a época de sessões deliberativas e os recessos.

Também não se leva em conta, pelo menos no caso da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a distância entre o plenário e o domicílio eleitoral do deputado. Ele pode ter sua base política num bairro próximo do - digamos assim, sem sombra de injusta ironia - local de trabalho, ou num município remoto: todo mês, tem direito a um crédito de 1.150 litros de combustível para o seu Bora. Nunca vi um Bora na vida, mas acredito que seja um tanto maior e mais confortável do que um modesto modelo popular.

O crédito é também inelástico: com a Assembleia funcionando ou em tempo de recesso, o Bora bebe à vontade. E se, por acaso ou distração, o deputado não gasta sua quota de combustível num mês, acumula o crédito para os meses seguintes. É muito útil em época eleitoral. No ano passado, por exemplo, no período pré-eleitoral - quando a Assembleia praticamente entrou em recesso branco - a despesa com combustível foi até maior do que nos meses de trabalho legislativo.

Nada disso é novidade. No Legislativo do Rio como em qualquer outro, inclusive na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, esse tipo de remuneração indireta tem mais a ver com a preservação dos mandatos - ou o conforto pessoal do legislador - do que com o trabalho legislativo propriamente dito.

Um dado curioso é o fato de que na atual legislatura diminuiu o número de deputados do interior do estado. Seria natural que se reduzisse a despesa com a gasolina dos Boras. Não há dados a respeito - mas quem se atreveria a apostar que a Assembleia está gastando menos dinheiro com combustível?

FUDE$%#

CELSO MING

Até a próxima crise
CELSO MING
O ESTADO DE SÃO PAULO- 22/02/11

Foram pobres os resultados da reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do Grupo dos 20 (G-20) realizada sexta-feira e sábado, em Paris. O conflito de interesses prevaleceu sobre a busca de políticas coordenadas de ataque às distorções. Não houve sequer acordo sobre critérios para definição de quais são os grandes desequilíbrios.

O comunicado diz que serão escolhidos indicadores na área da dívida pública, nos déficits orçamentários, nos desequilíbrios comerciais e nas transferências de capitais. Mas, desde logo, não há pista do que pode ser feito pelos governos quando forem estabelecidos esses indicadores.

Durante anos, todos ouvimos de dirigentes, analistas e críticos que a economia mundial, embora cada vez mais globalizada, está bloqueada por grandes distorções. Na primeira grande oportunidade que os líderes das finanças globais tiveram para dar o primeiro passo firme para enfrentá-las, vê-se que não há nenhuma disposição para isso.

Os Estados Unidos, por exemplo, nem sequer reconheceram que inundam os mercados com dólares emitidos do nada, declaradamente porque é preciso garantir a recuperação. Tanto o secretário do Tesouro, Tim Geithner, como o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, repetiram o velho estribilho de que o que é bom para os Estados Unidos é bom para o resto do mundo, na medida em que todos só terão a ganhar quando o sistema produtivo americano estiver reativado.

Ninguém entendeu o que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, queria com a intervenção dos governos nos mercados de alimentos. Não há quem goste de excessiva volatilidade dos preços, mas como evitá-los, se os estoques estão zerados, o consumo está aumentando substancialmente nos países emergentes e as condições climáticas continuam produzindo quebra de safras? Não ficou claro se Sarkozy tinha por objetivo um esforço para recomposição de estoques; se pretendia o controle dos mercados de derivativos com o objetivo de evitar a especulação; se foi apenas para aumentar a transparência desse segmento do mercado "para possíveis intervenções futuras", como saiu no comunicado final do encontro; ou, então, se em última análise queria sinal verde para aumentar os subsídios aos produtores de alimentos na Europa.

De resto, as sugestões para quebrar o atual monopólio do dólar como moeda internacional de reserva não passaram de veleidades. Nenhum passo importante foi dado para a reforma do Sistema Monetário Internacional, em que Sarkozy tanto vinha insistindo.

O ministro Guido Mantega voltou satisfeito. Não prevaleceu nenhuma das propostas preliminares que poderiam prejudicar os atuais interesses do Brasil. Não haverá intervenção nos mercados de alimentos; e não haverá imposição de limites para a formação de reservas externas nem proibição de controles dos fluxos de capital, tal como o governo brasileiro passou a praticar.

Como esta Coluna já avançou em outra oportunidade, a leve recuperação da economia global acabou com o sentido de urgência dos senhores do mundo na busca de decisões conjuntas para a superação das distorções que estão por aí.

O momento é de retorno do regime anterior, de cada um por si. Até a próxima crise.

CONFIRA

Disparada

Os preços do West Texas Intermediate (WTI), a referência do petróleo negociado nos Estados Unidos, saltaram ontem, no pregão eletrônico, nada menos que 6,06%, fechando a US$ 91,42 por barril de 159 litros. Enquanto isso, o tipo Brent, do Mar do Norte, negociado em Londres para entrega futura, chegou a ultrapassar os US$ 108 por barril, mas fechou a US$ 105,74, alta de 3,14% em relação ao fechamento de sexta-feira. O fator de alta são os distúrbios políticos nos países islâmicos, especialmente na Líbia e no Irã, grandes produtores mundiais.

MERVAL PEREIRA

Jabuticaba mista
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 22/02/11
A comissão do Senado que estudará uma proposta de reforma política, composta na maioria por ex-governadores e dois ex-presidentes da República, começa a trabalhar hoje já com uma tendência contra o voto proporcional prevalecendo. Com a disputa entre o voto em lista fechada e o "distritão" colocada na mesa de discussões, o debate receberá já de saída uma sugestão de peso: o senador Aécio Neves (PSDB-MG) propõe uma junção das duas propostas preponderantes para criar uma terceira via, em busca de um consenso que se mostra difícil de alcançar.

Se o "distritão", sistema que parece ter a preferência, é uma espécie de jabuticaba política - só existirá no Brasil se for adotado -, Aécio propõe uma jabuticaba mista, isto é, que o voto em lista fechada seja adotado junto com o "distritão".

O voto em lista fechada, em que o eleitor vota na legenda e o partido faz a lista dos candidatos, tem o apoio do PT, mas é rejeitado pela maioria dos políticos, e também pela opinião pública.

Os políticos, porque temem ficar nas mãos da "ditadura partidária", na qual a direção terá poderes para montar a lista na ordem que lhe aprouver.

Os eleitores, porque rejeitam a possibilidade de não votar diretamente no seu candidato, mas sim em uma lista que não pode ser mexida.

O "distritão" tem o mérito de valorizar o voto majoritário, elegendo os candidatos mais votados.

Se o primeiro fortalece os partidos de maneira radical, dando às suas direções o poder de escolher a ordem em que cada candidato entrará na lista, o segundo fortalece os candidatos, mas contribui para o enfraquecimento dos partidos.

O ex-governador Aécio Neves acha que justamente por isso seria mais sensato unir as vantagens de cada um para neutralizar suas características prejudiciais.

Também o deputado federal Alfredo Sirkis (RJ), do PV, indicado como o membro titular do partido na comissão da reforma política, está terminando de preparar proposta no mesmo sentido, que considera ser a única que pode reunir "aquele dificílimo consenso sem o qual vamos continuar patinando eternamente".

Tanto Aécio Neves quanto Sirkis acham que o voto distrital misto seria a melhor solução para o sistema eleitoral brasileiro, mas esbarram na impossibilidade de se chegar a um acordo sobre os critérios de divisão dos distritos.

O que dificulta a aprovação de sistemas eleitorais que adotem a divisão dos estados em distritos é o desequilíbrio na representação popular, com um distrito em São Paulo tendo muito mais eleitores do que um de um estado menos populoso. O eleitor dos grandes centros ficaria em desvantagem, seu voto valendo menos do que o do eleitor de um pequeno estado.

Há também o risco de a definição da vontade das maiorias ser uma tarefa difícil com 21 partidos disputando a eleição em um distrito para uma vaga. Haveria a contradição de um sistema majoritário eleger um candidato que tem apenas 15% do eleitorado. Para sanar o problema, a eleição distrital teria que ser disputada em dois turnos, o que complicaria ainda mais.

No entanto, o voto distrital tem, entre suas vantagens, a de abrir ao eleitor a possibilidade de trabalhar contra um candidato, e de fiscalizar o eleito, o que no atual sistema brasileiro simplesmente não existe.

No sistema proporcional de lista aberta que utilizamos, é grande a chance de o eleitor votar em um candidato e ajudar a eleger outro, que pode ser um com o qual ele não concorda e, às vezes, até gostaria de ver fora do Congresso. No de lista fechada, nem mesmo a chance de eleger seu candidato o eleitor terá, correndo o mesmo risco de eleger um outro que não gosta.

Isso porque as coligações partidárias nada têm a ver com o programa dos partidos, mas com o interesse eleitoral imediato.

Por outro lado, o "distritão" torna a vida política brasileira ainda mais personalizada e a busca de coalizões de governabilidade um exercício mais individualizado, o que aprofundaria o fisiologismo.

Segundo Sirkis, o voto proporcional por lista é melhor para fortalecer os partidos, despersonaliza o debate, reforça as perspectivas mais programáticas, "mas não tem chance de ser aprovado, em seu estado puro, porque colide com os interesses da maioria dos políticos, representando uma difícil ruptura com uma cultural político-eleitoral muito arraigada".

Assim como Sirkis, Aécio Neves acha que o voto em lista fechada vai permitir a participação de quadros políticos de alto nível, que não têm popularidade nem esquemas políticos que permitam sua eleição pelo sistema proporcional ou mesmo pelo "distritão".

O nepotismo ou venda de vaga por caciques partidários, defeitos comumente apontados contra o voto em lista fechada, são considerados efeitos colaterais de vida curta, pois nesse tipo de voto a boa imagem do partido seria fundamental.

No "distritão", o efeito principal seria privilegiar aqueles políticos com voto em detrimento dos que se elegem pelo que está sendo chamado de "efeito Tiririca", mas já foi "efeito Enéas", e assim por diante.

Teríamos uma representação por um lado mais vinculada aos partidos e por eles melhor enquadrada programaticamente e, por outro, formada pelos políticos eleitoralmente mais representativos.

O perdedor seria o baixo clero, base do maior atraso político. Na proposta de Aécio Neves, os eleitos pelo voto em lista fechada podem até mesmo ser uma parcela minoritária, entre 30% e 40% dos candidatos, ficando o restante para o voto majoritário do "distritão".

Já Sirkis propõe que as vagas sejam divididas meio a meio entre os dois sistemas. Na eleição parlamentar, os eleitores votariam primeiro no partido e depois, livremente, em um candidato individual.

Nos 50% por voto de lista, haveria uma cláusula de barreira a ser definida, abaixo da qual o partido não teria representação parlamentar.

Os candidatos que se elegessem no "distritão" por um partido que não atingiu os votos mínimos necessários poderiam se unir a um bloco parlamentar existente, ou permanecer avulsos.

Isso diminuiria o número de partidos, eliminando boa parte dos nanicos de aluguel, mas, provavelmente, preservando os ideológicos e programáticos como o PV e o PSOL.

GOSTOSA

ARNALDO JABOR

A alegria é um produto de mercado

ARNALDO JABOR

O Estado de S.Paulo - 22/02/11

Está chegando o carnaval. Antigamente o carnaval vinha aos poucos, com as cigarras e o imenso verão, com as marchinhas de rádio que aprendíamos a cantar. Hoje, o carnaval se anuncia como um prenúncio de calamidade pública, uma "selva de epiléticos", com massas se esmagando para provar nossa felicidade. A alegria natural do brasileiro foi transformada em produto.

Hoje em dia é proibido sofrer. Temos de "funcionar", temos de rir, de gozar, de ser belos, magros, chiques, tesudos, em suma, temos de ter "qualidade total", como os produtos. Para isso, há o Prozac, o Viagra, os "uppers", os "downers", senão nos encostam como mercadorias depreciadas.

O bode pós-moderno vem da insatisfação de estar aquém da felicidade prometida pela propaganda. É impossível ser feliz como nos anúncios de margarina, é impossível ser sexy como nos comerciais de cerveja. Ninguém quer ser "sujeito", com limites, angústias; homens e mulheres querem ser mercadorias sedutoras, como BMWs, Ninjas Kawasaki. E aí, toma choque, toma pílula, toma tarja preta. Só nos resta essa felicidade vagabunda fetichizada em êxtases volúveis, famas de 15 minutos, "fast fucks", "raves" sem rumo.

A infelicidade de hoje é dissimulada pela alegria obrigatória. "A depressão não é comercial", lamentou um costureiro gay à beira do suicídio, mas que tinha de sorrir sempre, para não perder a freguesia.

O mercado nos satisfaz com rapidez sinistra: a voracidade, a tesão, o amor. E pensamos: Eu posso escolher o filme ou música que quiser, mas, nessa aparente liberdade, "quem" me pergunta o que eu quero? A interatividade é uma falsificação da liberdade, pois ignora meu direito de nada querer. Eu não quero nada. Não quero comprar nada, não quero saber nada, quero ficar deprimido em paz.

Acho que a depressão tem grande importância para a sabedoria; sem algum desencanto com a vida, sem um ceticismo crítico, ninguém chega a uma reflexão decente. O bobo alegre não filosofa pois, mesmo para louvar a alegria, é preciso incluir o gosto da tragédia. No pós-guerra, tivemos o existencialismo, a literatura com gênios como Beckett e Camus ou o teatro do absurdo, o homem entre o sim e o não, entre a vida e o nada.

Estava neste ponto do artigo, quando me chegou às mãos um artigo chamado Elogio da Melancolia, de Eric G. Wilson, da Universidade de Wake Forest. Veio a calhar. Com destreza acadêmica, ele aprofunda meus conceitos. Ele escreve:

"Estamos aniquilando a melancolia. Inventaram a ciência da felicidade. Livros de autoajuda, pílulas da alegria, tudo cria um "admirável mundo novo" sem bodes, felicidade sem penas. Isto é perigoso, pois anula uma parte essencial da vida: a tristeza."

Ele continua:

"Não sou contra a alegria em geral, claro... Nem romantizo a depressão clínica, que exige tratamento. Mas, sinto que somos inebriados pela moda americana de felicidade. Podemos crer que estamos levando ótimas vidas livres, quando nos comportamos artificialmente como robôs, caindo no conto dos desgastados comportamentos "felizes", nas convenções do contentamento. Enganados, perdemos o espantoso mistério do cosmo, sua treva luminosa, sua terrível beleza. O sonho americano de felicidade pode ser um pesadelo. O poeta John Keats morreu tuberculoso, em meio a brutais tragédias, mas nunca denunciou a vida. Transformou a desgraça em uma fonte vital de beleza. As coisas são belas, porque morrem - ele clamava. A rosa de porcelana não é tão bela como aquela que desmaia e fenece."

Li também num texto de Adauto Novaes uma citação de Paul Valéry: "O que seria de nós sem o socorro do que não existe? Se uma sociedade elimina tudo que é vago ou irracional para entregar-se ao mensurável e ao verificável, ela poderia sobreviver? (...) tudo o que sabemos e tudo que podemos hoje acabou por opor-se ao que somos. A ordem exige a ação de presença de coisas ausentes".

Ou seja - digo eu -, o que seria de nós sem as coisas vagas com que podemos sonhar?

A resposta a isso eu encontrei num texto de Vargas Llosa publicado no El País: "Palavras como "espírito, ideais, prazer, amor, solidariedade, arte, criação, alma, transcendência" significam ainda alguma coisa? (...) Antes, a razão de ser da cultura era dar resposta a esse tipo de perguntas, porém o que hoje entendemos por cultura está esvaziada por completo de semelhante responsabilidade. Hoje o que chamamos de cultura é um mecanismo que nos permite ignorar assuntos problemáticos; é uma forma de diversão ligeira para o grande público esquecer-se do que é sério, como uma fileira de cocaína ou férias de irrealidade."

Aliás, este é o grande sonho do mercado: a satisfação completa do freguês. No entanto, a melancolia, a consciência do tempo finito é o lugar de onde se contempla a beleza. Há uma conexão entre tristeza, beleza e morte. Só o melancólico cria a arte e pode celebrar a experiência do transitório resplendor da vida. A melancolia, longe de ser uma doença, é quase um convite milagroso para transcender a banalidade cotidiana e imaginar inéditas possibilidades de existência. Sem a melancolia, a terra congelaria num estado fixo. Mas se permitimos que a melancolia floresça no coração, o universo, antes inanimado, ganha vida, subitamente. Regras finitas dissolvem-se diante de infinitas possibilidades. Mas, por que não aceitamos isso? Por que continuamos a desejar o inferno da satisfação total, a felicidade plena?

Por medo. Escondemo-nos atrás de sorrisos tensos porque temos medo de encarar a complexidade do mundo, seu mistério impreciso, suas terríveis belezas. Usamos uma máscara falsa, um disfarce para nos proteger deste abismo da existência. Mas, este abismo é nossa salvação. A aceitação do incompleto é um chamado à vida. A fragmentação é liberdade. É isso aí, bichos - como se dizia em tempos analógicos.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Na ponta do lápis
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/02/11

No almoço privado com os participantes do Fórum de Governadores do Nordeste, ontem, Dilma Rousseff afirmou que só de posse de diagnóstico já encomendado sobre a gestão, as formas de financiamento e o foco dado à saúde pública no país, será possível discutir eventuais fontes alternativas de recursos para a área. Na conversa, a presidente indicou ainda que, sem conhecer detalhadamente a origem e a quantia extra necessária, é embaraçoso justificar aos contribuintes a criação de novo imposto.
Ao Planalto, interessa a articulação dos governadores a respeito do tema. Mas não há consenso sobre a conveniência de se abraçar, por ora, tal custo político.
Rodízio O ministro Alexandre Padilha (Saúde) inaugura um roteiro de conversas entre os parlamentares do PT e integrantes do primeiro escalão do governo Dilma. Hoje, ele será recebido para jantar com deputados e senadores petistas.

Entre nós
 
Orlando Silva (Esporte) será chamado nos próximos dias ao Planalto para explicar as denúncias de fraude envolvendo o programa Segundo Tempo, do ministério. O chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, irá recebê-lo. Apesar do desgaste envolvendo o ministro, há forte disposição no governo para "entender" suas explicações neste caso.

Perdas e danos
 
Num momento turbulento para Orlando Silva, há quem enxergue uma ação, articulada por setores do Planalto e do PCdoB, de "resgate" do deputado federal Aldo Rebelo (SP). Seu desempenho na votação do salário mínimo ganhou elogios no governo.

Regra 3 
O senador Antônio Carlos Valladares (PSB-SE) voltou a ser cotado para o Ministério das Micro e Pequenas Empresas, que deverá ser criado em breve, segundo anúncio feito por Dilma ontem. Se ele for para o primeiro escalão, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, assume vaga no Senado.

Enxaqueca 

Contrariado com o comportamento do deputado Paulinho da Força (PDT-SP) no episódio da votação do salário mínimo, o Planalto já prevê novos embates com o dirigente sindical. O pedetista abraçou o movimento em favor da PEC 300, que estabelece novo piso para os policiais.

Também quero 

Geraldo Alckmin recebe hoje os vereadores do PSDB, que cobram protagonismo na eleição da Executiva paulistana. A bancada expressa insatisfação com a apresentação do secretário Júlio Semeghini (GestãoPública) como nome predileto do governador à presidência do partido.

Outro lado 1 
O neurocientista Miguel Nicolelis afirma que, sem prejuízo de suas críticas à administração de São Paulo, nas mãos do PSDB, não mudou de opiniões políticas e tampouco reviu suas restrições ao modelo de gestão da ciência no Brasil depois de ter assumido a função, não remunerada, de presidente da Comissão do Futuro do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Outro lado 2 
Nicolelis acrescenta que, quando condenou o uso da pasta como "prêmio de consolação" para quem perdeu a eleição, não emitia juízo de valor sobre Aloizio Mercadante (PT), cujo desempenho como ministro ele diz não ter ainda elementos para avaliar.

Batalha aérea 
Enquanto Luiz Marinho (PT) viaja à Europa em busca de verbas dos fabricantes dos caças do "congelado" FX-2 para São Bernardo, seu opositor Orlando Morando (PSDB) apadrinha compra de helicóptero para a Polícia Ambiental.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

Tiroteio

"Nossa democracia é exótica: o eleitor escolhe seus representantes pelo quociente baseado na votação do partido. Depois, os eleitos escolhem seus partidos na janela de trocas."
DO CIENTISTA POLÍTICO RUBENS FIGUEIREDO, sobre a perspectiva de a janela de mudança partidária estar inserida na reforma política em debate na Câmara.

Contraponto

Esconde-esconde

Candidato derrotado ao governo de Rondônia e agora ex-senador, o tucano Expedito Júnior visitava a Câmara quando, na entrada do plenário, deu de cara com o correligionário Jutahy Júnior e perguntou:
-Você por acaso viu o Sérgio Guerra?
Serrista de todas as horas, o deputado baiano, que critica publicamente a intenção de Guerra de buscar novo mandato na presidência do PSDB, respondeu:
-Não vi, não. Olha, acho que eu não sou o mais indicado para responder isso a você...

SELEÇÃO PARA CARGOS NO GOVERNO

MÔNICA BERGAMO

KATE ENTRE NÓS
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/02/11

O fotógrafo peruano Mario Testino lançou uma agência brasileira de imagem, a Higher & Higher, com festa no bar Número, nos Jardins. Em São Paulo para fazer um editorial de moda, a top inglesa Kate Moss participou do coquetel. As modelos Fernanda Motta e Janaina Olssom também circularam pelo evento.

CAIXA CHEIO
Mesmo com os primeiros sinais de desaceleração, a arrecadação tributária do Estado de SP em janeiro cresceu 8,4%, em termos reais, em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram arrecadados R$ 12 milhões. No indicador de 12 meses, ou indicador de tendência, o crescimento foi de 11,5%.

SOBE E DESCE
Só a receita de IPVA registrou crescimento de 5,2% no comparativo com janeiro de 2010, um valor considerado "satisfatório", já que a atualização da tabela dos valores dos veículos usados, utilizada para lançamento do imposto, registrou queda de 7% em relação à tabela anterior.

TODO CUIDADO

No relatório de arrecadação, os técnicos do governo paulista alertam para as medidas de aperto monetário praticadas pelo Banco Central. O aumento da taxa de juros e restrição ao crédito, visando ao controle da inflação "podem ter impacto negativo sobre a atividade econômica". O que torna "prematuro traçar perspectivas para a arrecadação de 2011".

MAS...

O Clube dos 13 não se sensibilizou com a proposta da TV Globo de considerar o histórico de seu relacionamento, a audiência e outros "valores intangíveis" na hora de escolher a emissora que poderá transmitir os jogos do Brasileirão. "A Globo sempre foi ótima. Mas a concorrência é neutra. Todas as emissoras têm que ser igualadas", diz Ataíde Guerreiro, presidente da comissão de licitação do campeonato.

MARCO ZERO

Fábio Koff, presidente do Clube dos 13, endossa: "Todos [os grupos de comunicação que participarem da concorrência] têm que largar igual". A diretoria da associação se reúne hoje e amanhã para bater o martelo sobre o edital da licitação que cederá a uma TV o direito de transmitir as partidas.

MUITO PEQUENO
Sobre a ameaça de Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, de rachar o Clube dos 13, negociando diretamente com as TVs a transmissão de suas partidas, Koff diz: "Só espero que essa discussão não vire um segundo tempo da minha eleição. Seria muito pequeno". O presidente do Corinthians foi da chapa de oposição a ele na eleição da associação.

SUSTO NO INTERIOR

Três casas do condomínio de alto luxo Quinta da Baroneza, em Bragança Paulista (a 85 km de SP), foram invadidas na sexta. Quatro assaltantes armados com três revólveres invadiram a pé o local, que costuma ser frequentado por personalidades como o governador Geraldo Alckmin. Entraram em casas, renderam moradores e funcionários e roubaram joias e dinheiro. Fugiram a pé.

REFORÇOS
Foi o primeiro assalto em dez anos do condomínio, segundo seu superintendente, Eduardo Eichenberg. A segurança foi reforçada.
IRMANDADE
Lucas, filho de Mick Jagger com Luciana Gimenez, jantou com o irmão Jimmy, que veio a SP se apresentar com sua banda Turbogeist. Eles se encontraram no sábado, no restaurante Kosushi, e receberam telefonemas do pai. Mick brincou com o caçula que "criança não pode ficar até tarde acordada" e que ele não demorasse muito para voltar para casa.

FANTASIA ECO

Fafá de Belém, que desfilará na Beija-Flor no Carnaval, homenageando o cantor Roberto Carlos, optou por usar uma fantasia com material reciclável, que representa as comunidades indígenas da Amazônia. Vestirá um macacão cor da pele com pinturas tribais e um cocar caiapó na cabeça, feito com restos de garrafas PET.

JANTAR ESTRELADO
O superjantar no Sofitel do Rio, anteontem, em prol das vítimas das enchentes na região serrana, não animou os endinheirados cariocas. Os organizadores imaginavam conseguir R$ 250 mil com o evento, preparado por 18 top chefs -entre eles, Alex Atala, Claude Troisgros, Roland Villard, Jun Sakamoto e Bel Coelho. A arrecadação ficou em R$ 52,5 mil -mesmo com a redução do preço do ingresso, de R$ 2.500 para R$ 1.250 por pessoa.

JANTAR ESTRELADO 2
Entre os solidários, poucos nomes conhecidos: a socialite Bethy Lagardère, o editor Marcos da Veiga Pereira e o gestor de fundos de investimento Guilherme Schiller. De SP, os donos do restaurantes japonês Nagayama, Mario, Cecília e Mayumi Nagayama. "Foi uma experiência única", disse Cecília.

NOITE DE FESTIVAL
A banda LCD Soundsystem foi a principal atração do festival No Mondays! na casa Warehouse, na Vila Leopoldina. Na plateia, as apresentadoras Luisa Micheletti e Kika Martinez, e o artista plástico Rick Castro.

CURTO-CIRCUITO

O bistrô Charlô recebe hoje, às 20h30, o enólogo Benjamin Joliveau, da Maison Huet, para degustação de vinhos harmonizados com jantar assinado por Marc Le Dantec.

O livro "Crime Improvável", de Luiz Carlos Cardoso, será lançado hoje, das 18h30 às 21h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

JOSÉ SIMÃO

Líbia! Rebelião do bunga bunga! 
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/02/11

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E o Romário, que só dorme nas sessões do Congresso? Vai ter que mudar o nome pra RONCÁRIO! Roncário no Congresso. Rarará!
Tensão no Habib's. Tensão no Oriente Médio! E eu vi o Gaddafi na televisão. Parece uma estátua viva. Um cadáver. Muammar Kadáver. Rarará.
Ele é um misto de Vanderlei Luxemburgo com Reginaldo Rossi. E sabe qual foi o estopim da rebelião no Oriente Médio? Um cara gritou na multidão: "A esfiha do Habib's tá mais barata". BUM! Explodiu o Oriente! Rarará!
E sabe o nome do goleiro do Bragantino que impediu o gol do Rogério Senil? Rafael DEFENDI! E em Lins, no interior de São Paulo, tem um urologista chamado Kleber Piedade. Na hora do toque você grita: "Doutor Kleber, tende PIEDADE!".
E tô adorando os blocos de 2011. Uns advogados de São Paulo se reuniram e vão sair no bloco: Se o Berluscome, nós também queremos comer. É o bloco do bunga bunga.
Adorei que as surubas do Berluscome se chamam "bunga bunga". E adivinha quem ensinou o Berlusconi a fazer bunga bunga? Muammar Gaddafi. Sim, o próprio. É verdade! Rebelião do bunga bunga! Os líbios também querem fazer bunga bunga. Esfiha barata, bunga bunga e internet. Ou seja, tudo que um ser humano precisa pra ser feliz!
E direto do interior de Minas, o bloco: Mubarak, a Rainha do Egito. Rarará. E direto de Ilhéus: CHUPA RINDO! Ou como disse aquela loira; ou chupa ou ri! Rarará!
E já é Carnaval no Nordeste! Quando começou o Carnaval no Nordeste? No dia 22 de abril de 1500! Foi o Seu Cabral. O Cabral descobriu o Brasil de trio elétrico! Foi a Ivete Sangalo que gritou: Carnaval à vista! Rarará!
O Brasileiro é Cordial! Mais uma do Gervásio. Placa na empresa em São Bernardo: "Se eu descobrir quem é o tonto chapado que fica tomando remédio sem precisar, vou fazer esse Bob Marley hipocondríaco tomar um litro de formol e vou enrolar faixa até ele virar uma múmia. Conto com todos. Assinado: Gervásio".
E adorei esse cartaz num boteco em Chapada Diamantina: "Aqui nóis tem cachaça, fumo, rapadura e rapariga".
Ou seja, tudo que um ser humano precisa pra ser feliz. Rarará. Nóis sofre mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

GOSTOSA

JOÃO PEREIRA COUTINHO

A arte da masturbação
JOÃO PEREIRA COUTINHO
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/02/11

"SEJAMOS HONESTOS: o filme "Cisne Negro" promete ser revolucionário. Não na história do cinema. Mas no ensino da dança. A partir de agora, os cursos de dança terão de reformular os seus currículos. Sim, "Improvisação", "Estudos de Movimento" ou "Estudos de Repertório" continuarão a ser importantes.
Mas, na douta filosofia de Darren Aronofsky, diretor do filme, é preciso incluir novas classes. Como "Técnicas de Masturbação", por exemplo. Ou, então, "Dildos e Opiáceos", provavelmente para que os finalistas possam entrar na vida profissional em estado de transe.
Esse, pelo menos, é o entendimento de Thomas (Vincent Cassel), o coreógrafo da companhia de bailado onde Nina (Natalie Portman) vai estrelar uma nova produção do "Lago dos Cisnes".
Mas Nina tem um gravíssimo problema: nunca transou. Tecnicamente, é perfeita; mas o fato de ainda ter o hímen intacto a impede de protagonizar o "cisne negro" com a intensidade perversa que o papel exige.
Felizmente, Thomas tem uma ideia. Não, como seria de esperar, ele mesmo ser voluntário para aliviar Nina da sua trágica deficiência, uma proposta perfeitamente compreensível: quem, em juízo perfeito, nunca teve pensamentos impuros com Natalie Portman, a encarnação terrena mais próxima de um anjo? Não atiro a primeira pedra.
Mas Thomas não tem pensamentos desses; o seu amor à arte suplanta o amor a Nina. E a arte merece que Nina vá para casa e experimente tocar-se no conforto dos lençóis (cor-de-rosa). Em cinema, já assisti a tudo. Até aos filmes de Manoel de Oliveira. Mas a sequência em que Nina se masturba é tão esteticamente grotesca que seria aconselhável distribuir sacos de enjoo nas salas.
Como é evidente, Nina não acaba bem: sexualmente reprimida e com a sanidade se desfazendo, ela não aguentará a competição direta de uma rival, Lily (Mila Kunis). Lily dança bem. Mas, ao contrário de Nina, oferece o serviço completo.
Quando saímos da sala, choramos pelo destino de Nina. E pensamos: "Coitada. Se ela ao menos tivesse transado...".
Eis, em resumo, o filme de Aronofsky, um diretor que, antes de "Cisne Negro", tinha assinado um filme estimável sobre luta livre. Um tema que estava mais ao nível da sua mentalidade.
Acontece que os seres humanos raramente aceitam suas limitações e desejam voar mais alto. Aronofsky tenta. Nunca chega a decolar.
Porque Aronofsky acredita que a "loucura da arte", na feliz sentença de Henry James, pode ser resumida ao clichê expressão/repressão, que domina grande parte das discussões analfabetas do nosso tempo.
Herdeiros de uma sensibilidade romântica abastardada, acreditamos que a arte deve ser "autêntica", e que a "autenticidade" consiste em abrir as comportas da alma, despejar os nossos "sentimentos" e "emoções" na via pública e, por via dessa catarse, nos libertarmos das nossas neuroses pessoais.
Segundo essa doutrina, a arte não é arte, é terapia. Um romance não é um romance, é uma sessão de psicanálise por escrito. E o artista não é um artista, é como um doente mental que vive no asilo psiquiátrico e que pinta, ou escreve, por motivos estritamente terapêuticos, antes da medicação noturna. Visitar grande parte dos nossos museus, dos nossos palcos ou das nossas estantes é tropeçar continuamente nessas alegres pornopopeias.
Tragicamente, Aronofsky e companhia ignoram que a arte não é questão de expressão ou repressão, mas de disciplina e sublimação.
Para retomar as palavras de T.S. Eliot, a criação artística é um exercício de autossacrifício em que, para expressar uma personalidade, é necessário primeiro extinguir a personalidade. E encarar o processo criativo como o momento sacramental em que elevamos o que somos, o que não somos e o que gostaríamos de ter sido a um patamar sublime.
Se a sensibilidade de Aronofsky não estivesse tão próxima de um neandertal, ele teria percebido que, no caso de Nina, era precisamente a sua complexidade feita de repressão e temor, mas também de graciosidade e sede de perfeição, que faria dela uma incomparável artista.
Ao confundir a natureza da arte com a arte da masturbação, tudo que resta de "Cisne Negro" é um ecrã viscoso e sujo. Como um lençol de adolescente".

DORA KRAMER

Mudar para conservar

DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 22/02/11

O Senado marcou para hoje o início oficial da discussão da reforma política, que na Câmara só precisa da escolha dos integrantes da comissão extraordinária para começar também a tocar os trabalhos.

Ainda vai se estabelecer uma agenda de assuntos prioritários, mas o que se desenha no horizonte é mais uma vez a discussão de uma pauta voltada para os interesses dos próprios partidos, distante de temas que poderiam de fato alterar a relação entre representantes e representados.

Os mandachuvas do Congresso e os morubixabas com poder de influência sobre as forças políticas mais relevantes ali representadas resolveram que "não adianta" tentar fazer a reforma política ideal.

Por exemplo: nada de mexer no voto obrigatório nem de tentar esmiuçar a proposta do voto distrital (puro ou misto), de modo a explicar o que essas alterações poderiam significar no relacionamento entre o mundo político e a sociedade.

Suas excelências decidiram que o Brasil ainda não está preparado para adotar regras vigentes em democracias mais avançadas e, portanto, tendem a fixar um rol de alterações que na verdade não resolvem o principal: a crise de representatividade que assola a nossa política.

Preferem puxar as brasas para as respectivas sardinhas: uns propondo lista fechada para a eleição de deputado, outros defendendo o financiamento público de campanha, indiferentes à óbvia rejeição que a transferência de mais recursos públicos para os partidos provocará na população, quase todos se interessam pela abertura de uma "janela" para permitir o troca-troca partidário.

São itens bastante familiares, por serem muito repetidos como solução ao que aparentemente não tem remédio. Uma inovação, porém, começa a ganhar corpo e a formar consenso entre um grupo de poderosos: eleição majoritária para deputados.

É o chamado "distritão", uma invenção local pela qual o Estado seria o distrito e os eleitos seriam os mais votados, obedecido o número de vagas disponível em cada um dos Estados.

Argumentam seus defensores que isso acabaria com as coligações proporcionais que tantas deformações provocam na representação e traduziria respeito ao conceito de maioria.

Visto de longe, o argumento até faz sentido. Mas, destrinchado, permite que se chegue a conclusão diferente. Um estudioso do tema e defensor do voto distrital - em que o Estado é dividido em vários territórios eleitorais e neles cada partido apresenta apenas um candidato, criando uma relação direta com o eleitorado do distrito -, o ex-deputado tucano Arnaldo Madeira aponta uma série de defeitos.

O mais grave deles o de representar uma troca de seis por meia dúzia. Madeira fez umas contas e chegou à conclusão de que, se a última eleição tivesse sido feita sob esse critério, dos 70 deputados de São Paulo apenas oito não seriam aqueles hoje com mandato. Ou seja, o perfil da bancada seria quase o mesmo.

Outro defeito: como o deputado seria efetivamente dono pessoal dos votos, a consequência natural seria a perda de importância do partido e o aumento do caráter personalista na política. Bom para a democracia? Certamente contraditório com o conceito de que partidos fortes correspondem a uma democracia fortalecida.

Ademais, nem de longe o distritão permite ao eleitor criar um vínculo com o eleito que dê a ele o sentido de posse do representante existente no sistema distrital clássico, ou até no misto, em que parte dos deputados é eleita pelo distrito e parte pela lista partidária.

A questão principal no centro de toda essa discussão de reforma política é o compromisso (ou falta dele) entre quem vota e quem é votado.

Daí talvez a resistência do Congresso a começar um debate em torno do voto distrital, argumentando com a impossibilidade de ser aprovado. O motivo, desconfia Madeira a partir de sua experiência na política, muito provavelmente está no fato de que isso sim altera a representação, "pois desenvolve a consciência da cidadania".

O que de forma alguma interessa a quem se lixa para a opinião pública, assim passa muito bem obrigado de um mandato para outro.

COM CAMISINHA

REGINA ALVAREZ

Petrobras na mira do MP
REGINA ALVAREZ
O GLOBO - 22/02/11
Procuradoria aponta conflito de interesses em contrato com empresa fornecedora de mão de obra



O Ministério Público do Trabalho do Rio entrará com uma representação junto ao Ministério Público Federal contra a Petrobras por irregularidades na contratação da empresa Bureau Veritas (BV), fornecedora de mão de obra terceirizada à estatal. O MPT identificou conflito de interesses na contratação da empresa, que, além de fornecer mão de obra à estatal, atua como certificadora junto à Agência Nacional de Petróleo (ANP), preparando laudos de serviços nas plataformas.

Os laudos que indicam o conflito de interesses já estão na mesa do procurador Marcelo José Fernandes da Silva, do Ministério Público do Trabalho do Rio.

- Há um conflito de interesses evidente. A ANP usa os técnicos dessa empresa para obter laudos - afirmou o procurador.

Não concursados fiscalizam navios

Novas denúncias encaminhadas ao GLOBO revelam que a Bureau Veritas chamou um engenheiro aposentado da Petrobras para selecionar e treinar os engenheiros contratados como terceirizados que trabalham nas plataformas de petróleo e na fiscalização de navios especiais. Essas embarcações estrangeiras são contratadas pela Petrobras para serviços altamente especializados, com diárias que variam entre US$70 mil e US$250 mil. O fornecimento de mão de obra foi intensificado desde dezembro por exigência da estatal, que usa como justificativa o aumento da demanda.

Os navios realizam serviços diversos, normalmente de apoio às plataformas em alto mar: lançamento de dutos, inspeção de equipamentos submarinos com a utilização de robôs, entre outros. Devido à complexidade das atividades, a contratação desses barcos especiais demora até dois anos para ser concluída.

Já a contratação dos terceirizados tem sido feita a toque de caixa. Segundo denúncias, em Macaé, engenheiros terceirizados foram colocados sozinhos para fiscalizar esses barcos depois de apenas três embarques, enquanto um engenheiro do quadro leva anos para ser treinado e exercer a mesma função, até pouco tempo privativa dos funcionários concursados.

Recentemente, esse engenheiro aposentado, que tem cargo de gerente na Bureau Veritas, entrevistou novos engenheiros que foram treinados e contratados apenas três dias antes do primeiro embarque.

A estatal estaria também usando engenheiros e técnicos concursados em funções administrativas, enquanto amplia o uso de terceirizados em áreas estratégicas.

Estatal diz que pessoal é gabaritado

Em resposta às perguntas do GLOBO sobre o uso de fiscais terceirizados nos serviços submarinos da Petrobras, a intensificação desses serviços desde dezembro com a justificativa dos gerentes de que é preciso atender à demanda crescente e a contratação de aposentados pelas empresas terceirizadas, a Petrobras respondeu que "é referência mundial em exploração marítima e cumpre integralmente as decisões dos órgãos de controle de suas plataformas, utilizando as melhores práticas internacionais de segurança, meio ambiente e saúde". Conforme já informado anteriormente ao GLOBO, disse que "as empresas prestadoras de serviço contratadas pela Petrobras precisam dispor em seus quadros de pessoal especializado e gabaritado para as tarefas a serem desempenhadas, com observância aos conselhos de classe e profissões regulamentadas".

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Falta de profissionais para navios deve piorar em 2013
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/02/11

A carência de profissionais qualificados no Brasil, já comentada em áreas como engenharia, ciências contábeis e tecnologia, deve expor nos próximos anos a escassez de mão de obra para tripular embarcações.
A frota de navegação aumentará devido à tendência de desconcentração do sistema rodoviário e ao avanço dos outros modais, diz Roberto Galli, vice-presidente do Syndarma (sindicato de empresas de navegação).
O pré-sal é outro motivador do aumento na demanda por trabalhadores para atracar navios e desembarcar cargas.
Entre 2013 e 2016, o Brasil enfrentará um deficit de mais de mil oficiais da marinha mercante, segundo estudo do Syndarma.
Cerca de 50 novas embarcações entraram em operação em 2010 no país. O número sobe para quase 80 em 2012, nos cálculos do estudo.
A formação acadêmica dos profissionais exige qualificação que pode levar de seis meses a um ano para o início do estágio a bordo. "A Marinha criou programas complementares de formação para acelerar e resolver", diz.
A possibilidade de que o governo atenda pedidos do setor e flexibilize a exigência mínima de trabalhadores brasileiros pode amenizar a questão, segundo Galli.
A Unidade de Construção Naval da OSX no Estado do Rio, por exemplo, que pode começar a ser construída em maio, deve gerar 10 mil vagas na operação, de acordo com a empresa.

PELO CELULAR
O Banco do Brasil vai lançar, no dia 28, um cartão inédito que oferece bônus para celular.
Com o cartão de crédito Ourocard, 100% do valor da anuidade e 5% do valor da fatura retornarão em crédito pré-pago no celular.
Se o cartão for internacional, além da anuidade, 7% de todo o valor da compra reverte em bônus, segundo Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente do Banco do Brasil.
Se o celular for da Claro, vale tanto para pré-pago quanto para pós-pago. Se for da Oi e da Vivo, de início, só vale para pré-pagos.
"A tendência é que isso seja uniformizado e que, em breve, valha para pré e pós", diz Caffarelli. O serviço já existia para conta corrente, mas também será comercializado em separado.
A anuidade do cartão doméstico será de R$ 66, que podem ser ser pagos em 12 mensalidades de R$ 5,50.

VOLTA ÀS ORIGENS
Empresas voltaram a produzir esquadrias de alumínio dentro de obras de grande porte para diminuir custos.
A medida era usada há 20 anos, afirma Carlos Alberto Camargo, vice-presidente da Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário).
Metade dos sócios da associação nacional dos produtores do setor utiliza a técnica.
"Antecipamos o envio de material e deixamos funcionários à disposição das construtoras", diz Adnei Fernandes, diretor da Epros, empresa que oferece o serviço.

DOURADO

O Shopping Cidade Jardim promoveu uma expansão em suas instalações em abril de 2010 e já planeja a próxima, ainda para este ano. "Uma das novidades será uma "golden store" da Louis Vuitton, com 1.200 m2", afirma José Auriemo, presidente da JHSF.
A companhia também deve lançar outros fundos imobiliários, no rastro dos já existentes. Um dos fundos, em parceria com o Banco do Brasil e o Banco Votorantim, valorizou 4,94% desde o início da negociação das cotas na BM&FBovespa, em dezembro, e 18,29%, só em janeiro.
O fundo foi estruturado a partir da venda de treze andares de uma das torres do Cidade Jardim Corporate Center. Outro produto, em parceria com o Credit Suisse Hedging Griffo, criado em outubro, teve valorização de 6% do lançamento até meados de fevereiro.
"São interessantes para o investidor porque não há incidência de I.R.", diz.
O grupo também tem planos na área residencial. O Parque Catarina, a 50 km de SP, terá bairros em uma área de 7 milhões de m2. "Cerca de 70% do empreendimento será voltado para primeira moradia", afirma.

Universidades... O empresário Eike Batista, presidente do Grupo EBX, foi convidado para dar palestra sobre economia brasileira nas universidades de Columbia, Harvard, Cornell, London Business e Wharton.

...atrás de Eike 
Em 2010, Batista participou de eventos em universidades brasileiras, como Faap e FGV, e foi a encontro de dois dias em Aspen com cinquenta dos principais empresários do mundo.

Tributário
 
A International Bar Association realiza até amanhã, no Rio de Janeiro, evento sobre aspectos fiscais e infraestrutura brasileira para empresas e executivos estrangeiros que pretendam aumentar os investimentos no país.

Nova ligação 
A companhia aérea uruguaia Pluna criará a sua quinta rota no Brasil e fará, a partir do dia 28 de março, cinco voos semanais entre as capitais Brasília e Montevidéu.

FORÇA DOS NOVATOS
Os países que entraram na União Europeia entre 2004 e 2007 cresceram quatro vezes mais que os membros antigos do grupo nos últimos cinco anos, de acordo com a consultoria EIU (Economist Intelligence Unit).
Desde 2006, o aumento anual do PIB de 11 dos 12 novos integrantes da UE foi, em média, de 2,98%. Já os 15 países restantes no bloco cresceram 0,7%.
Nesse período, o organismo teve um crescimento médio de 0,88% ao ano.
Um dos motivos para esse resultado é a crise que obrigou Irlanda e Grécia a pedir empréstimos bilionários.
Portugal deve pedir resgate financeiro neste ano, segundo a consultoria, que também destaca a possibilidade de a Espanha seguir o mesmo caminho até 2012.
A recuperação dos novos membros também foi mais rápida do que a dos demais. No ano que vem, eles crescerão 3,4%, ou o dobro da UE, mostra previsão da EIU.
Malta foi o único país que ficou de fora do estudo da consultoria britânica.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION e ANDRÉA MACIEL