segunda-feira, abril 20, 2009

PARA...HIHIHI

 PORTUGAS

NO CHUVEIRO
Manuel está tomando banho e grita para Maria:
- Ô Maria, me traz um shampoo.
E Maria lhe entrega o shampoo. Logo em seguida, grita novamente:
- Ô Maria, me traz outro shampoo.
- Mas eu já te dei um agorinha mesmo, homem !!!
- É que aqui está dizendo que é para cabelos secos e eu já molhei os meus.

MANOEL JOAQUIM
Manoel Joaquim dos Santos, nascido em Trás-dos-Montes, no extremo bem extremo Leste de Portugal, ganhou seu primeiro lápis de colocar na orelha, quando tinha 2 anos. Aos 15 anos, já no primário, ganhou sua primeira caneta-tinteiro de orelha. Aos 32 anos, descobriu que caneta também servia para escrever.
Hoje, já informatizado, está com orelha de abano, por causa do peso do mouse...

SEGURANÇA
O filho do português chega pro pai e diz:
- Papai, posso ir lá fora ver o eclipse?
- Pode meu filho, mas não chegue muito perto.

MOTIVO
- Por que o banco 24h não deu certo em Portugal?
- Porque dava 23:30 e já tinha uma fila enorme.

EM BOA COMPANHIA
Manoel entra em um bar, abraçado a duas mulheronas maravilhosas.
Aproxima-se do balcão e pede ao garçom:
- Uma coca-cola, por favor.
O garçom pergunta ao Manoel:
- Família ?
Ao que ele responde:
- Não, são putas mesmo... mas estão morrendo de sede

SORTE
O português vê uma máquina de Coca Cola e fica maravilhado.
Coloca uma fichinha e cai uma latinha. Coloca 2 fichinhas e caem 2 latinhas.
Coloca 10 fichas e caem 10 latinhas. Então ele vai ao caixa e pede 50 fichas.
Diz então o caixa:
- Desse jeito o Sr. vai acabar com as minhas fichas.
- Não adianta, eu não paro enquanto estiver ganhando.

BRINCANDO COM O PERIGO
O assaltante aborda o Manoel no meio da rua.
- Pare! - grita.
- Impare! - grita de volta o Manoel estendendo três dedos.
- Mas eu estou te roubando - explica o assaltante.
- Então não brinco mais!

SEGREDOS
O português passava em frente a um chaveiro quando viu uma placa:
'Trocam-se segredos'. Parou abruptamente, entrou na loja, olhou para os lados e cochichou para o balconista:
- Eu sou gay, e você?!

SOCIEDADE
Vocês sabem porque sociedade entre portugueses sempre dá certo?
Porque um rouba do outro e deposita na conta conjunta!

CONFIANÇA
Essa aconteceu num quartel de Lisboa. O Joaquim estava dando guarda quando se aproxima um jipe com um soldado, ele aponta o fuzil para a cabeça do motorista do jipe e pergunta rispidamente:
- Você sabe a senha?
- Sei.
- Tudo bem, pode passar.

CARLOS EDUARDO NOVAES

Morrendo na praia

JORNAL DO BRASIL - 20/04/09

O Emerson chutou com tamanha precisão (cirúrgica) que devia estar se imaginado na área do Flamengo. Fez o gol da vitória dos rubros-negros que venceram com todos os méritos (parabéns, Cuca!). O Flamengo correu mais, esteve mais bem distribuído em campo e dominou como quis aquele espaço onde se ganha jogo: o meio de campo. Desde os primeiros minutos, passeou pela intermediária do Botafogo – um deserto de camisas alvinegras – com a tranquilidade de uma comissão de frente na Sapucaí.

Um time que pretende ser campeão não pode ceder aquele latifúndio todo ao adversário. O Botafogo só conseguia parar o Flamengo com faltas. Em apenas oito minutos de jogo fez quatro faltas na sua intermediária. Estava na cara que, mais cedo ou mais tarde, o Flamengo faria seu primeiro gol. Teve um monte de escanteios a seu favor, ao passo que o Botafogo só foi conseguir o seu primeiro depois dos 30 minutos do segundo tempo. Escanteios que o Maicosuel bate com o vigor de quem cobra um tiro de meta (já repararam?).

Respirei aliviado no intervalo, certo de que Ney Franco faria alguma coisa para tirar a bola da sua defesa. O treinador, no entanto, só estava preocupado com os acertos dos passes e o jogo continuou na mesma toada. Tanto que até o gol – aos 17 minutos do segundo tempo – o Flamengo tinha 62% de posse de bola, diferença impensável para uma decisão. Somente a partir daí o Botafogo chegou um pouquinho mais para frente, mas sem oferecer qualquer perigo.

A bem da verdade, o Botafogo teve duas chances no primeiro tempo e jamais levou qualquer ameaça na etapa final. Aproveitando que seu presidente é dentista, diria que o Botafogo esqueceu a dentadura no vestiário e desse modo não pôde morder o Flamengo. O que se viu foi um jogo de ataque contra defesa.

Depois do gol Ney Franco acordou. E deve ter acordado indisposto, porque tirou o Leo Silva, único jogador que ainda circulava pelo meio de campo e botou um tal de Renato – que, com sua cabeleira, só serviu para abrilhantar a variedade de penteados pelo gramado. Também tirou o Fahel, que nunca deveria ter entrado nem nessa nem em partidas anteriores. Uma vez fez um gol de cabeça contra o Fluminense e nada mais. É lento, não se apresenta para o jogo (a bola parece queimar nos seus pés) e só dá passe lateral (e nem sempre acerta!). O lado esquerdo do Botafogo é de chorar. Thiaguinho, em campo com um cabelo estilo "caminho de rato", é outro que cisca mais que galinha carijó mas não acerta um passe de mais de cinco metros. Ninguém, no entanto, foi pior do que o Reinaldo, um mero figurante que quando perde a bola sai andando com ares de prima-dona (correu atrás de uma única bola, fez falta e recebeu cartão amarelo).

É bom o Botafogo tirar algum coelho da cartola nas finais do campeonato se não quiser virar uma espécie de Osasco do vôlei feminino – que nada, nada e morre na praia. O Osasco perdeu quatro finais seguidas para o Rexona do Bernardinho. Que o Ney Franco – que devia estar cochilando quando nos falamos de madrugada – bote gente naquele meio de campo. O Botafogo ainda não morreu na praia – ainda tem direito a duas braçadas – mas, se continuar nadando desse jeito, é certo que vai afundar que nem o Titanic.

COMBINAÇÃO


INFORME JB

O dia em que Aloizio virou tucano


Jornal do Brasil - 20/04/2009
 

 

 

"A crise é grave", sentenciou o mais importante homem do caixa brasileiro. Foi o que disse o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para uma plateia com metade do PIB nacional. Mas Meirelles engatou a segunda para tranquilizar: "Não há dúvidas de que há sinais de recuperação econômica", com a retomada do crédito, disse, no 8º Fórum Empresarial de Comandatuba (BA). Quem surpreendeu, porém, foi o senador Aloizio Mercadante (PT-SP). Lembrou que o país segue firme, elogiou Lula, "o presidente mais popular que o país já teve", e mandou, para euforia geral: "E muito se deve ao governo anterior, que estabilizou a economia". Se alguém tinha dúvidas da dimensão da crise por aqui, eis a prova de que, na hora do aperto, a ideologia política é uma utopia diante do capitalismo: um petista ferrenho elogiando FHC, para agradar a um ex-tucano que toca o Banco Central do governo do PT.

Claque

Diante de uma plateia praticamente paulista, Aloizio Mercadante foi aplaudido efusivamente, por um minuto, depois de elogiar Fernando Henrique Cardoso.

Claque 2

Henrique Meirelles arrancou gargalhadas ao frear o ritmo do otimismo sobre a recuperação do país: "Muita gente diz, ‘o Brasil hoje é um porto seguro...’ tudo bem, mas vamos devagar...".

Show

O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, metido a cantor e violeiro, deu show para amigos no karaokê do Hotel Transamérica, no sábado à noite, onde acontece o fórum.

Revelação

Aliás, poucos sabem, Múcio era um simples engenheiro recém-formado no Rio, na década de 70, e fez shows com seu violão durante dois anos em barzinhos da capital.

Saia justa

Também no sábado, o cantor Ivan Lins ficou a ver poucos convidados para o seu show de jazz no hotel. Muitos saíram de fininho para bebericar e fumar charutos.

Quatro rodas

Enquanto políticos e empresários desciam de jatinho e boeings fretados no aeroporto de Una, em Comandatuba, o presidente da BrasilPrev, Tarcísio Godoy, patrocinador do evento, preferiu voo de carreira para Ilhéus, e encarou uma hora de táxi para o hotel.

Eu, não!

Um gaiato parou Davi Barioni, presidente da TAM, na entrada do salão do fórum, ao apontar afobado depois que a palestra de Meirelles havia começado: "E aí, veio de Gol?". "Não, não!", riu o comandante.

Só alegria

Perguntado pela coluna se é candidato ao governo de São Paulo em 2010, Geraldo Alckmin só riu. E como não parou, deixou a suspeita no ar.

Caminho da Índia

O governador da Bahia, Jaques Wagner, voa para a Índia atrás de empresários do setor de mineração. Quer investimentos no setor de base e fomento para fabricação de equipamentos para o estado.

Recado

Os atritos entre os ministros Reinhold Stephanes (Agricultura) e Carlos Minc (Meio Ambiente) não cessaram. Stephanes aproveitou a ausência do petista no evento na Bahia e reforçou: "Só se planta soja em 3% do território nacional", para contrariar a fala de Minc, de que a soja causa desmatamento.

BRASIL S.A

Só discurso não basta


Correio Braziliense - 20/04/2009
 

O governo brasileiro nada tem feito para combater o protecionismo

O governo anunciou, na última quinta-feira, um pacote de socorro ao setor agrícola, tendo como um dos principais alvos os frigoríficos. A ajuda virá por meio de linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em meio ao sufoco enfrentado pelas empresas, a mão estendida pelo setor público dará um bom alívio. Mas, com certeza, não resolverá os problemas enfrentados pelos produtores de carne. 

As dificuldades dos frigoríficos são anteriores ao estouro da crise financeira internacional, em setembro do ano passado. Começaram no fim de 2007, quando a Europa baixou uma série de medidas para frear as exportações brasileiras. Passou a exigir a rastreabilidade do gado, o que todos concordam, e o registro de todas as propriedades produtoras. Essa última medida, no entanto, mostrou-se inviável num país da dimensão do Brasil. 

Desde então, as exportações de carne bovina in natura para a União Europeia despencaram. Em 2007, foram enviadas para aquele mercado 195,2 mil toneladas do produto. No ano passado, as vendas somaram apenas 36,2 mil toneladas e, nos primeiros dois meses de 2009, não passaram de 5 mil. Somente com o encolhimento de 81% nas exportações entre 2007 e 2008, o país perdeu aproximadamente US$ 800 milhões em receitas. 

A situação é tão complicada que Bulgária e Romênia, países que entraram na União Europeia em 2007, simplesmente suspenderam as compras de carne brasileira. Antes, absorviam entre 200 e 400 toneladas de carne a cada ano. 

Reciprocidade 
Abordei esse assunto para fazer um contraponto ao discurso que o presidente Lula tem feito em todos os fóruns internacionais nos quais vem participando: o protecionismo. Apesar de toda a gritaria contra o risco de fechamento de mercados — o que Lula compara a uma droga, que dá alívio imediato, mas logo leva à depressão —, o governo brasileiro nada tem feito para combater essa prática abusiva, como ressalta o presidente no Brasil do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal), Marcus Vinícius Pratini de Moraes. 

Em vez de ficar no discurso, Lula deveria ter baixado sanções a produtos europeus no mesmo valor das perdas de receitas dos exportadores brasileiros. É assim que tende a ser no comércio mundial, a política do toma-lá-dá-cá, da reciprocidade. Certamente, os europeus, que são mestres em impor barreiras tarifárias e não-tarifárias a produtos agrícolas de países em desenvolvimento, pensariam duas vezes antes de punir os produtores brasileiros de carne, aos quais taxam em até 176%, por serem competitivos. 

Portas fechadas 
O que mais assusta é que essas práticas protecionistas estão sendo adotadas bem próximo das nossas fronteiras, mais precisamente no Chile. A despeito de todas as promessas de reabrir seu mercado para a carne brasileira, fechado desde outubro de 2005, quando surgiram os focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul, problema praticamente solucionado, o país vizinho mantém as portas fechadas ao produto. Até essa postura arbitrária, o Chile era o terceiro maior mercado para a carne do Brasil, substituída, em grande parte, pelo produto paraguaio. 

O curioso é que o vinho e o salmão chilenos continuam entrando no Brasil normalmente, sem nenhuma contrapartida. Há alguns meses, o Ministério da Agricultura tentou impor barreiras ao salmão chileno por ter encontrado sinais de um produto prejudicial à saúde. Mas bastaram algumas ingerências do governo de Michelle Bachelet para que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil pedisse o fim das restrições. 

Desemprego 
Pois bem, sete dos maiores frigoríficos brasileiros, entre eles o Independência, que destinavam quase 80% da produção de carne para o exterior estão em processo de recuperação judicial — em concordata, para ser mais claro. Demitiram mais de 20 mil trabalhadores logo depois do estouro da crise, quando a situação financeira ficou insustentável diante da escassez de crédito. 

O governo acredita que, com a liberação das linhas de financiamento aos frigoríficos, sanará todas as dificuldades. O auxílio do BNDES resolverá, sim, em parte, os problemas. Mas não há como as empresas sobreviverem apenas do abastecimento do mercado interno, onde o preço das carnes mais nobres, que são exportadas, é até 60% menor. 

“É muito fácil para o governo ficar gritando contra o protecionismo, mas não fazer nada de efetivo para defender os interesses do setor produtivo e garantir acesso a mercados. O protecionismo já está latente e tende a se agravar com a crise financeira mundial”, afirma Pratini de Moraes, que também dirige o frigorífico JBS. “O governo tem de ser mais duro com os países que nos aplicam sanções absurdas. Tem de usar a mesma moeda. Se não fizer isso, vão se repetir em vários setores os mesmos problemas”, ressalta. 

Risco de morte 
O alerta de Pratini é preocupante porque é no setor agrícola, altamente subsidiado pelos países ricos, onde o Brasil e a América Latina são mais competitivos. Os produtos oriundos do campo, por sinal, têm sido, mais uma vez, vitais para a manutenção do superávit da balança comercial brasileira neste ano. Mesmo com todos os estragos provocados pela crise, traduzidos em recessão nas maiores economias do planeta, o consumo de alimentos continua forte. Tanto que os preços dos principais grãos exportados pelo país — soja e milho — voltaram a subir. Portanto, é preciso sair do discurso e partir para o ataque e proteger o país antes que a praga do protecionismo realmente fira de morte nossas maiores vantagens.

NAS ENTRELINHAS

Ensaio sobre a nossa cegueira


Correio Braziliense - 20/04/2009
 


Há um surto de falta de visão em Brasília. O poder não percebe que vem se descolando progressivamente do cidadão médio. E os políticos acreditam que o povo aceitará isso para sempre



 
 
O jornal O Estado de S.Paulo trouxe neste domingo a informação de que aumentaram os casos de cegueira no país. Um explicação é o fim dos mutirões para cirurgia de catarata. Certo dia, um burocrata qualquer decidiu que seria melhor remodelar o sistema, colocando em uma cesta de intervenções cirúrgicas de média complexidade os recursos que antes serviam para pagar as operações de catarata. 

Ah, uma coisa assim absurda deveria trazer duras consequências aos responsáveis. Alguém deveria ser punido. De preferência, quem teve a ideia e a implementou. Seria lógico. Mas se você apostar que nada irá acontecer certamente vai ganhar a aposta. Quem é que se preocupa com os portadores de catarata que não podem pagar uma cirurgia para retomar a visão? O que é o simples cego pobre quando comparado com o burocrata cheio de razão e poder “normatizante”?

É um caso pontual, mas emblemático. Ontem, o Correio exibiu reportagens sobre como o dinheiro dos ministérios é generosamente destinado a organizações supostamente “não governamentais”, comandadas por aliados políticos dos ministros. É difícil arrumar dinheiro público para tornar mais ágeis as operações de catarata nos pobres, mas é fácil mobilizar dinheiro do povo para lubrificar os projetos políticos dos donos do poder. 

Assim como tampouco escasseiam os recursos para que deputados e senadores viajem com suas famílias ao exterior à custa do Tesouro. No que essas viagens ajudam o parlamentar a bem cumprir o mandato? O que tais passeios têm a ver com a tarefa de representar o eleitor no Congresso Nacional? Nada. Uma coisa é usar o dinheiro da cota de passagens aéreas para fazer andar o trabalho político. Outra é torrar o dinheiro dos impostos em atividades de lazer para Suas Excelências. 

E o senador, riquíssimo, que converteu suas passagens e gastou meio milhão de reais com jatinhos? E o outro senador, já morto, cuja viúva obteve do Senado, em dinheiro bem vivo, o saldo das passagens não utilizadas pelo falecido? Para essas coisas não falta verba. Mas se o sujeito é pobre, precisa operar a catarata e agora não tem mais o mutirão, que aguarde sentado. De preferência trancado em casa. Ouvindo rádio e tevê. Pois o governo decidiu combater o “populismo”. 

Já nos estados, virou hábito o candidato derrotado a governador assumir o cargo quando o vencedor é cassado pela Justiça Eleitoral. Nada contra as cassações. Que os maus políticos sejam removidos. O problema começa quando os tribunais eleitorais passam a ocupar o lugar do eleitor. O que isso tem a ver com a democracia? Nada. 

Não estou aqui a criticar os tribunais. Eles apenas cumprem a função constitucional de interpretar e fazer valer a legislação. Se a lei diz que o segundo colocado deve assumir o cargo nessas situações, que a lei seja cumprida. O problema está no Congresso Nacional, que assiste passivamente ao absurdo e nada faz. Por que senadores e deputados não votam em regime de urgência uma norma que determine novas eleições quando o titular perde o cargo? Qual é a dificuldade de fazer isso num país de voto eletrônico universal, e cujas campanhas eleitorais acontecem praticamente só na mídia? 

Mas isso significaria ampliar a soberania popular, aumentar o controle do povo sobre os políticos. E a coisa mais difícil de encontrar hoje em dia em Brasília é alguém sinceramente preocupado com o que o povo acha das coisas. Infelizmente, os nossos políticos parecem tomados por um espírito de gafanhoto. Comportam-se como enxames de gafanhotos. Por onde passam, não sobra nada. O normal seria eu escrever aqui “com as honrosas exceções de praxe”. Mas vai que amanhã a tal exceção aparece no noticiário mostrando que não é tão exceção assim? 

Este texto começou tratando de pobres que ficam cegos porque não conseguem se operar de catarata na rede pública. Pensando bem, a doença não é só deles. Há um surto de cegueira em Brasília. O poder não percebe que vem se descolando progressivamente do cidadão médio. Em parte porque não há uma força real a se contrapor – como fazia o PT no passado. Em parte porque os políticos acreditam piamente que o povo aceitará isso para sempre. 

O título da coluna eu tomei emprestado, é claro. Que o Saramago me desculpe, mas não achei um melhor.

ANCELMO GOIS

Mercadante tucanou


O Globo - 20/04/2009
 

O senador Aloizio Mercadante foi aplaudidíssimo no 8º Fórum de Comandatuba, espécie de Ilha de Caras do PIB, organizado pelo empresário João Dória Jr. 

Ele disse que o Brasil se encontra na situação atual, mais estruturado diante da crise, devido ao trabalho do presidente Lula e de... Fernando Henrique Cardoso. 

Meirelles lulou 

Ainda na Ilha da Fantasia, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, fez um discurso, digamos, lulista, ao falar do papel do Estado "como indutor de desenvolvimento".

O pito de Luiza 

No meio dos endinheirados de Comandatuba, um grupo de parlamentares teve que ouvir um puxão de orelha da empresária Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza. 

Ela reclamou sobre a farra de gastos do dinheiro público da Câmara e do Senado.

É muito dinheiro 

A PDVSA garante que, de sua parte, estão superados os problemas e está pronta para assinar o acordo de parceria de 40% na futura Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. 

Mas os venezuelanos desconfiam de que a Petrobras está retardando a oficialização para que a estatal possa sozinha licitar obras e serviços orçados em US$2,5 bilhões. 

Dinamite pura 

A conta é do economista Fábio Giambiagi, especialista em Previdência. 

Caso a Câmara venha a aprovar o projeto do senador Paulo Paim, as mulheres que se aposentarem somando 85 anos entre idade e tempo de contribuição vão ter, no futuro, um aumento real de 40%. 

Para Fábio... 

Em um ano, não pesa muito porque o fluxo de novas aposentadorias é pequeno em relação ao total: "Mas em 30 anos o projeto é dinamite pura."

LAVAGEM


PAINEL

Abadá da Petrobras

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 20/04/09

A Petrobras gastou R$ 854 mil, neste ano, em patrocínio a seis blocos do Carnaval de rua em Salvador. São os mesmos que formavam o Fórum de Entidades Negras da Bahia, intermediário, até o ano passado, de toda a verba da empresa para a folia em Salvador. 
Em 2008, ela repassou R$ 1,2 milhão ao Fórum. O esquema foi alterado porque o Ministério Público baiano apontou irregularidades. À época, o responsável por negociar o patrocínio carnavalesco era o petista Rosemberg Pinto, assessor do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Prefeitos relatam ter sido procurados por Rosemberg com oferta de patrocínio para o São João, em troca do compromisso de contratar determinadas empresas para montar o arraial.

Do peito - A contrariedade manifestada por Jaques Wagner (PT-BA) com o noticiário sobre o uso de ONG petista para repassar recursos da Petrobras a prefeituras é diretamente proporcional à proximidade do governador com Rosemberg Pinto, assessor da presidência da empresa.

Partilha - A certeza de que o governo revalidaria o resultado da concorrência de 1983 para construir a usina de Angra 3 ajuda a explicar a serenidade da vencedora, Andrade Gutierrez, enquanto Odebrecht e Camargo Corrêa se pegavam recentemente pelas hidrelétricas do rio Madeira.

De mal a pior - A relação de Tarso Genro com José Sarney, que já era ruim, não vai melhorar com a mais recente declaração do ministro da Justiça, que criticou a ‘judicialização da política’ no dia em que Roseana (PMDB) tomou posse no Maranhão. Sarney, como se sabe, não descansou até que o TSE tirasse Jackson Lago (PDT) do cargo.

Recavido - Dias antes de a Justiça Eleitoral determinar sua saída, Lago, que depois encenou ‘resistência’ no Palácio dos Leões, já designara um grupo de cinco funcionários para cuidar de sua segurança como ex-governador.

Bondade - Na votação da MP 455, que muda regras para a merenda escolar, o DEM vai apresentar destaque aumentando de R$ 0,22 para R$ 0,60 por aluno o subsídio federal a Estados e municípios.

Palavras... - O desgastado diretor-geral Alexandre Gazineo anunciou na quinta-feira aos diretores do Prodasen que um dos mais notórios ‘agaciboys’ do Senado, conhecido como ‘Beleza’, seria nomeado diretor de Suporte Técnico a Usuários do órgão. Ato contínuo, a turma do Prodasen foi até o presidente da Casa, José Sarney, dizer que haveria demissão coletiva caso a nomeação viesse a acontecer.

...ao vento - Sarney alegou não saber de nada e encaminhou os rebelados ao primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI). Como tem feito com frequência, Fortes desautorizou Gazineo. ‘Não haverá nomeação nem demissão sem o meu endosso’, sentenciou o senador.

Boi na linha - Heráclito mandou instalar um cofre na primeira-secretaria para guardar o dossiê de gastos telefônicos de senadores elaborado pelo ex-secretário de Telecomunicações Carlos Muniz, demitido pelo ‘demo’.

Tira-põe - Enquanto anuncia, entre as medidas ‘moralizadoras’, a extinção de uma série de comissões, o Senado cria outras em ritmo semelhante. O ex-chefe-de-gabinete de Garibaldi Alves (PMDB-RN), Florian Madruga, que tinha sido encostado na gráfica em razão da súmula antinepotismo, foi agraciado com a presidência de uma delas.

Tiroteio

De nada adianta reduzir em 20% a cota de passagens sem regulamentar com clareza ou que pode ou não ser feito com elas. É um falso remédio para ver se a imprensa se acalma. 
Do deputado VIC PIRES , (DEM-PA), sobre o arremedo de solução anunciado pela Mesa da Câmara diante da farra com bilhetes aéreos.

Contraponto

Faça como eu digo

Nas eleições presidenciais de 1989, Miguel Arraes (1916-2005) governava Pernambuco pela segunda vez e percorria o Estado em campanha. Seu partido de então, o PMDB, tinha como candidato Ulysses Guimarães. 
Apesar disso, conversando com eleitores certo dia em Petrolândia, Arraes pediu que votassem em Lula (PT). À saída do encontro, o então prefeito da cidade, Francisco Simões (PSB), perguntou ao governador: 
– O senhor me disse que votará no doutor Ulysses e agora pede voto para o Lula? 
Arraes então explicou: 
– Meu filho, você já imaginou se na minha urna não aparecer nenhum voto para o doutor Ulysses?

GEORGE VIDOR

Vida reavaliada


O GLOBO - 20/04/09


O ajuste das finanças públicas foi a viga mestra do processo de recuperação da economia brasileira nos últimos dez anos. O governo Lula teve o mérito de intensificar esse ajuste iniciado por seu antecessor, ainda que tenha sido eleito com um discurso de oposição ao que vinha sendo feito. Mas, efetivamente, tal ajuste é que abriu espaço para a retomada dos investimentos no país. Por isso, agora que as autoridades econômicas anunciam uma redução das metas de superávit primário, os mercados deveriam se mostrar apreensivos, o que, de fato, não está acontecendo. Ou, pelo menos, ainda não.

A razão para essa aparente tranquilidade é que, ao refazer as contas, os analistas financeiros não estão projetando uma deterioração da dívida pública. Os analistas não chegam a endossar o cenário otimista que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, traçou ao apresentar as premissas em que a equipe econômica se baseou para reduzir (ou sacramentar algo que seria consumado de qualquer maneira) as metas de superávit primário. Mas também não acenderam luzes amarelas. O governo trabalha com a expectativa que o Produto Interno Bruto cresça 2% e o déficit público total não passe de 2,1% do PIB em 2009. Se tal cenário se concretizar podemos soltar foguetes, já que, nesse caso, a relação dívida pública/PIB se manteria ao fim de 2009 no mesmo patamar de dezembro do ano passado. E em 2010 haveria condições de esse porcentual voltar a diminuir.

Qual a equação capaz de possibilitar uma redução do superávit primário simultaneamente a uma queda do déficit público e à estabilização da dívida? A resposta parece estar na expectativa que os ministérios da Fazenda e do Planejamento têm em relação à trajetória das taxas básicas de juros a partir da reunião do Comitê de Politica Monetária (Copom) na semana que vem. Um corte de um ponto percentual na Taxa Selic em abril e mais outro de meio ponto em junho ou julho certamente aumentarão a chance de o cenário otimista do governo se materializar.

Esse jogo precisa ser definido antes que o calendário político-eleitoral do país comece a atropelar o quadro econômico.

* * * * * *

A crise atingiu em cheio o setor de papel e celulose no mundo todo e o Brasil não ficou imune, embora em situação mais confortável que a dos principais concorrentes. O Brasil exporta mais de 70% da celulose e 20% do papel que produz. Os maiores importadores da celulose brasileira estão nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, e, no caso do papel, na América Latina. Em volume, os embarques de celulose já estão se recuperando, mas os preços caíram, e a perda de receita foi da ordem de 8% nos primeiros meses do ano (nas exportações de papel, a redução chegou a 25%). O principal problema para as vendas externas é a dificuldades de obtenção de crédito em moeda estrangeira.

Ainda assim, a percepção do setor é que o Brasil sairá da crise mais fortalecido no mercado internacional. Praticamente toda a produção brasileira usa como matéria-prima madeira de florestas plantadas. O país domina a tecnologia da clonagem de árvores apropriadas para a fabricação tanto de celulose quanto de papel. São árvores de crescimento muito rápido (que precisam ser plantadas de forma intercalada com florestas de espécies nativas), que levam o setor a se destacar no esforço para a captura de carbono na atmosfera. Ou seja, para cada 1 de emissão pelas indústrias e transporte de produtos, captura-se 3. nquanto no exterior fábricas estão fechando, por causa da queda das cotações internacionais, no Brasil os projetos de expansão e instalação de novas indústrias foram apenas postergados ou tiveram seus cronogramas ajustados ao ritmo projetado de crescimento futuro da demanda. Este ano, com uma capacidade de produção de mais de 13 milhões de toneladas, o Brasil deverá ocupar a quarta posição entre os fabricantes mundiais de celulose, atrás dos Estados Unidos, do Canadá e da China (quando os projetos de expansão forem concretizados, o país ocupará o terceiro lugar).

No papel, a situação não é tão confortável. Embora a indústria tenha condições de atender a quase toda a demanda doméstica, as importações são relevantes (chegando a atingir 50% do consumo doméstico de papel de imprimir e escrever). Segundo a presidente executiva da Bracelpa (entidade que representa as empresas do setor), Elizabeth de Carvalhaes, há concorrência desleal nessa área. Grandes quantidades de papel são importadas como produto isento de impostos — destinado à impressão de livros e revistas — mas acabam tendo outro destino. O Brasil também é grande importador de papel de imprensa. Só há um fornecedor nacional (que é uma empresa norueguesa), que se queixa da falta de condições para compensar os créditos tributários que acumula no processo de fabricação.

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A região de Barra de Guaratiba, no Rio, além de concentrar grande número de restaurantes (das chamadas tias) especializados em peixes e frutos do mar, já é hoje o segundo polo produtor de plantas ornamentais, atrás somente da Holambra, em São Paulo. Há cerca de 300 produtores, que se dedicaram ao ramo induzidos pelo exemplo do Sítio Roberto Burle Marx.

RUY CASTRO

Acredite se quiser

FOLHA DE SÃO PAULO - 20/04/09

RIO DE JANEIRO - Deu nos jornais e na TV por esses dias. Um cirurgião russo, Vladimir Kamashev, abriu o pulmão de Artyom Sidorkim, 28 anos, para extirpar-lhe um tumor cancerígeno -tudo levava a crer que era um tumor cancerígeno. Em vez disso, encontrou um broto de pinheiro crescendo fuleiro e pimpão no pulmão do rapaz, e já medindo 5 centímetros.
O médico diria depois: "Tive de piscar três vezes para ter certeza de que não estava vendo coisas". Enquanto piscava três vezes, o cientista deduziu que Sidorkim inalara uma semente que lhe fora parar no pulmão, começara a germinar e se tornaria um robusto pinheiro dentro do seu organismo se não fosse removido. O que os botânicos não entendem é como isso pode ter acontecido sem o concurso da luz solar -e, de fato, uma das partes do corpo humano onde menos bate sol é o interior do pulmão.
Em Nairóbi, no Quênia, o camponês Ben Nyaumbe pisou distraído numa cobra de 4 metros de comprimento -uma píton. Ela o capturou, levou-o para cima de uma árvore e dedicou-se por três horas a tentar espremê-lo até asfixiá-lo, triturar-lhe os ossos e engoli-lo. Nyaumbe retaliou mordendo a cobra, para grande espanto desta. Finalmente, ele conseguiu tirar o celular do bolso, discar e pedir ajuda. Enquanto esperava, envolveu a cabeça do bicho com a camisa, o que o salvou.
A píton foi capturada e levada viva para um aposento do prédio da reserva florestal, do qual fugiu -segundo os policiais, passando por baixo da porta- de volta para a selva. Ainda não está claro como uma cobra capaz de engolir um homem pode passar por baixo da porta.
Sempre gostei dessas histórias. Nos anos 50, elas saíam muito numa coluna de jornal chamada "Acredite Se Quiser", do cartunista Ripley, e em comédias de Abbott & Costello. Eu acreditava em todas.

FERNANDO RODRIGUES

A maior aliança do Ocidente

FOLHA DE SÃO PAULO - 20/04/09

BRASÍLIA - Três fatores devem ser considerados a respeito da candidatura oficial do governo para suceder Lula em 2010: 1) o fim da verticalização; 2) Aécio Neves em conflito com José Serra e 3) os efeitos da crise econômica sobre a popularidade do presidente.
Em 2002 e em 2006, vigorou o sistema conhecido como verticalização. Os partidos com candidato a presidente ou apoiando algum concorrente ao Planalto só podiam, nos Estados, fazer alianças iguais à do plano federal. Outra opção seria ficar sozinho nas disputas estaduais. Agora, vale tudo.
A verticalização acabou. Era uma ótima desculpa para partidos governistas enrolarem o Planalto. Apesar de ocupar um ministério, o político dizia ao presidente de turno: "Sinto muito, mas não posso fazer coligação federal porque fico engessado no meu Estado". Agora, esse argumento não cola mais.
Além do PT, estão na Esplanada lulista PC do B, PDT, PMDB, PP, PR, PRB, PSB, PTB e PV. Como esses partidos convencerão Lula a deixá-los com os cargos de ministro sem dar o tempo de TV para Dilma Rousseff fazer campanha?
Política não se faz apenas com régua e compasso, mas são reais as chances de Dilma formar uma das maiores alianças do Ocidente, como no slogan da velha Arena.
Esses cerca de 70% do tempo de TV para a candidata de Lula tornam ainda mais dramática a situação de José Serra. Se o tucano paulista for o candidato e não convencer Aécio Neves a apoiá-lo, Minas Gerais vira terra de ninguém. Como o mineiro tem dito que não pode ser vice "numa chapa que vai perder", o PSDB tem um pepino enorme nas mãos.
Por fim, os efeitos da crise econômica podem limar parte da popularidade de Lula. Por enquanto, tem sido pequena a queda. Mas ninguém sabe como será daqui a um ano. Essa é a possível janela para Serra -algo para lá de incerto.

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SEGUNDA NOS JORNAIS

Globo: Presidente do BC critica ‘otimismo exagerado’

 

Folha: Lula gasta com pessoal o que poupa com juros

 

Estado: América Latina recebe bem "Doutrina Obama"

 

JB: Sangria nos cofres públicos do MT

 

Correio: O IPI caiu. Os preços ainda não

 

Valor: Mercado à vista pode ditar preço do minério de ferro

 

Gazeta Mercantil: Pressão sobre fornecedores vai aumentar

 

Estado de Minas: Bancos fazem de tudo para fisgar aposentados

 

Jornal do Commercio: Tetra e invicto