sexta-feira, fevereiro 19, 2010

AUGUSTO NUNES

VEJA ON-LINE

Quem fala mais que leiloeiro só pode chegar ao fim da discurseira com escoriações generalizadas

19 de fevereiro de 2010

Na entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta sexta-feira, o presidente da República esforçou-se para controlar o recordista mundial de improviso em palanque. Mas quem fala mais que leiloeiro, mente tanto quando Dilma Rousseff e se considera o Estadista de Deus não chega ao fim da travessia de mais de duas páginas sem danos severos, escorregões constrangedores e escoriações generalizadas. Confiram alguns dos melhores-piores melhores momentos do falatório, seguidos de observações em negrito:

“Olha, somente quem não conhece a Dilma pode falar uma heresia dessas (a heresia é dizer que a candidata foi escolhida pela fidelidade ao presidente). Ninguém aceita ser vaca de presépio e muito menos eu iria escolher alguém para ser vaca de presépio”.
(Vaca de presépio, como sabem até as vacas de presépio, é gente que concorda com tudo o que o chefe diz, pensa ou imagina. Dilma Rousseff vai mais longe. Além de dizer amém a tudo que ouve do padrinho, além de elogiá-lo no começo, no meio e no fim de cada discurseira, a afilhada resumiu há semanas seu programa de governo: “Vamos seguir o caminho que o presidente Lula nos ensinou”. Na entrevista, o chefe ensinou aos adversários, de graça, a expressão que define com precisão a sucessora que escolheu. Dilma é uma tremenda vaca de presépio.)

“Quando aconteceram todos os problemas que levaram o companheiro José Dirceu a sair do governo (…)”
(”Depois do episódio do mensalão”, poderia ter resumido o entrevistado. Mas o herói brasileiro conhece e protege seu calcanhar de Aquiles. Entre as quase 2.700 palavras ditas por Lula, “mensalão” não aparece uma só vez.)

“Quem me conhece há mais tempo sabe que eu nunca gostei de um segundo mandato”.
(Pena que os entrevistadores não conheçam há mais tempo a metamorfose ambulante. Embora deteste um segundo mandato, Lula elegeu-se em 1975 presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, reelegeu-se em 1978, elegeu-se em 1980 presidente do PT e, graças a sucessivas reeleições, permaneceu no cargo até 1994. Virou presidente de honra do partido, posto que continua a acumular com a presidência da República.)

“Não penso em voltar à presidência”.
(”Presidência da República, certo?”, deveriam ter especificado os jornalistas. Quando formalizar a candidatura ao terceiro mandato em 2014, Lula vai alegar que, ao ouvir a pergunta, supôs que os entrevistadores se referissem à presidência do sindicato. Ou à presidência do PT.)

“O Collor foi eleito senador da República pelo voto livre e direto do povo de Alagoas. (…) Se eu encontrar o Jarbas Vasconcelos amanhã, vou cumprimentá-lo como cumprimentei o Collor. Não pense que vou agir diferente, porque quem está cumprimentando não é o Lula. É o presidente”.
(Na campanha eleitoral de 1989, Fernando Collor referiu-se a Lula como “analfabeto”, “ignorante”, “desqualificado” e “farsante”. No horário gratuito da TV, apresentou ao país uma ex-namorada de Lula que o acusou de ter tentado “assassinar a filha com um aborto”. A declaração publicada pelo Estadãocontém três informações relevantes. Primeira: Lula não vê diferenças entre quem diz essas coisas e um oposicionista como o senador Jarbas Vasconcelos. Segunda: quem é eleito pelo voto direto não tem prontuário. Terceira: Lula e o presidente da República não são a mesma pessoa.)

“O Sarney teve uma postura muito digna em todo esse episódio. Das acusações que vocês publicaram, nenhuma se sustenta juridicamente”.
(Numa só resposta, Lula aprovou o desempenho de José Sarney no Senado, absolveu o homem incomum de todas as acusações e ensinou que, até o julgamento em instância superior, a censura ao Estadão é muito justa. Chefe do Executivo por decisão das urnas, chefe do Legislativo por malandragem da base alugada e chefe do Judiciário por deferência de cinco ministros do Supremo Tribunal Federal, Lula exerceu durante a entrevista, ostensivamente e com muita animação, a presidência dos três Poderes.).

“Eu acho que tem coisa que tem que investigar. E eu quero investigar. (…). Eu quero saber de algumas coisas que que eu não sei e que me pareceram muito estranhas ao longo de todo o processo”.
(Foi assim mesmo, em dilmês perturbado, que Lula tentou explicar por que prometeu “passar a limpo” o caso do mensalão ─ que, neste trecho da entrevista, apelidou de “processo”. Ele não enxerga nada de errado, estranho ou criminoso na ação dos 40 bandidos de estimação denunciados pela Procuradoria Geral da República e a caminho do julgamento pelo STF. Prometeu descobrir tudo depois que deixar a presidência e virar detetive. O Filho do Brasil não matou ninguém de tristeza. A versão piorada do Inspetor Clouzot vai fazer o país sensato morrer de rir.)

“O Irã não é o Iraque e todos nós sabemos que a guerra do Iraque foi uma mentira montada em cima de um país que não tinha as armas químicas que diziam que ele tinha”.
(Releiam a frase e raciocinem comigo. Lula diz que o Iraque foi atacado sem motivos, já que não existiam as armas químicas que serviram de pretexto para a guerra. Certo? Também diz que o Irã não é o Iraque. Certo? Se o Irã não é o Iraque, então o projeto nuclear dos aiatolás existe de verdade, ao contrário das armas químicas. Certo? Se é assim, os leitores ficariam gratos aos entrevistadores se um deles perguntasse ao entrevistado por que, então, apoia o Irã. Ou ao menos avisasse a Lula que achar explicações para a aliança com uma teocracia dirigida por psicopatas complica a cabeça de qualquer um.)

“A Venezuela é uma democracia. (…) O Brasil é uma hiperdemocracia”.
(O que Lula chama de “hiperdemocracia” é um país cujo governo, por não ter conseguido estabelecer o “controle social da mídia”, ainda não fecha emissoras de TV ou jornais independentes. “Democracia” é qualquer regime autoritário, despótico e tirano dirigido por um companheiro.)

Tão revelador quanto o que disse foi o que deixou de dizer. Pela primeira vez neste século, o presidente despejou mais de 2.600 palavras sem mencionar em nenhum momento “Fernando Henrique Cardoso”, “FHC” ou “meu antecessor”. O SuperLula descobriu que é melhor ficar longe da kriptonita.

O ESTADÃO -ENTREVISTA COM LULA

''Eu não iria escolher alguém para ser vaca de presépio''

Vera Rosa, Tânia Monteiro, Rui Nogueira, João Bosco Rabello e Ricardo Gandour

O ESTADO DE SÃO PAULO - 19/02/10


Na véspera de participar do 4.° Congresso Nacional do PT, que amanhã sacramentará a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sua sucessão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou que a herdeira do espólio petista, se eleita, deverá ficar dois mandatos no cargo. Em entrevista ao Estado, Lula negou que tenha escolhido Dilma com planos de voltar ao poder lá na frente, disputando as eleições de 2014.
"Ninguém aceita ser vaca de presépio e muito menos eu iria escolher uma pessoa para ser vaca de presépio", afirmou o presidente. "Todo político que tentou eleger alguém manipulado quebrou a cara." A dez meses da despedida no Palácio do Planalto, Lula disse que o ideal é deixar as "corredeiras da política" seguirem o seu caminho. "Quem foi eleito presidente tem o direito legítimo de ser candidato à reeleição", insistiu. "Eu tive a graça de Deus de governar este país oito anos."
Uma eventual gestão Dilma, no seu diagnóstico, não será mais à esquerda do que seu governo. Ele admite, no entanto, que, no governo, ela vai imprimir "o ritmo dela, o estilo dela". Na sua avaliação, porém, diretrizes do programa de governo de Dilma, que o PT aprovará hoje, podem conter um tom mais teórico do que prático.
"Não há nenhum crime ou equívoco no fato de um partido ter um programa mais progressista do que o governo", argumentou. "O partido, muitas vezes, defende princípios e coisas que o governo não pode defender." Questionado se concorda com a ampliação do papel do Estado na economia, proposta na plataforma de Dilma, Lula abriu um sorriso. "Vou fazer uma brincadeira: o único Estado forte que eu quero é o Estadão", disse, numa referência ao jornal. Mais tarde, no entanto, destacou a importância de investimentos estratégicos por parte do Estado. "Quero criar uma megaempresa de energia no País."
O presidente manifestou preocupação com a divisão da base aliada em Estados como Minas, onde o PT e o PMDB até agora não conseguiram selar uma aliança.
"Imaginar que Dilma possa subir em dois palanques é impossível", comentou. "O que vai acontecer é que em alguns Estados ela não vai poder ir."
Bem-humorado, Lula tomou uma xícara pequena de café e afirmou que Dilma não vai sentir sua falta como cabo eleitoral quando deixar o governo, em março.
"Eu estarei espiritualmente com ela", brincou. Ele defendeu o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deu estocadas no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, falou da chuva em São Paulo, mas poupou o governador José Serra (PSDB), provável adversário de Dilma.
Nem mesmo a língua afiada do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), porém, fez Lula desistir de convencer o antigo aliado a não concorrer à Presidência.
"É preciso provar que o santo Lula está errado", provocou.

Na entrevista ao Estado, em agosto de 2007, perguntamos se o sr. já pensava em lançar uma mulher como candidata à sua sucessão. Sua resposta foi: "No momento em que eu disser isso, uma flecha estará apontada para esse nome, seja ele qual for." Naquela época, o sr. já tinha decidido que seria a ministra Dilma? Quando o sr. decidiu?
Quando aconteceram todos os problemas que levaram o companheiro José Dirceu a sair do governo, eu não tinha dúvida de que a Dilma tinha o perfil para assumir a Casa Civil e ajudar a governar o País. Na Casa Civil ela se transformou na grande coordenadora das políticas do governo. Foi quase uma coisa natural a indicação da Dilma. A dedicação, a capacidade de trabalho e de aprender com facilidade as coisas foram me convencendo que estava nascendo ali mais do que uma simples tecnocrata. Estava nascendo ali uma pessoa com potencial político extraordinário, até porque a vida dela foi uma vida política importante.

Mas a escolha da ministra só ocorreu porque houve um "vazio" no PT, como disse o ex-ministro Tarso Genro, com os principais candidatos à sua cadeira dizimados pela crise do mensalão, não?
Não concordo. Não tinha essa coisa de "principais candidatos". Isso é coisa que alguém inventou.

José Dirceu, Palocci...
Na minha cabeça não tinha "principais candidatos". Estou absolutamente convencido de que ela é hoje a pessoa mais preparada, tanto do ponto de vista de conhecimento do governo quanto da capacidade de gerenciamento do Brasil.

Naquele momento em que sr. chamou a ministra de "mãe do PAC", na Favela da Rocinha (Rio), ali não foi apresentada a vontade prévia para fazer de Dilma a candidata?
S
e foi, foi sem querer. Eu iria lançar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), na verdade, antes da eleição (de 2006). Mas fui orientado a não utilizar o PAC em campanha porque a gente não precisaria dele para ganhar as eleições. Olha o otimismo que reinava no governo! E o PAC surgiu também pelo fato de que eu tinha muito medo do segundo mandato.

Por quê?
Quem me conhece há mais tempo sabe que eu nunca gostei de um segundo mandato. Eu sempre achei que o segundo mandato poderia ser um desastre. Então, eu ficava pensando: se no segundo mandato o presidente não tiver vontade, não tiver disposição, garra e ficar naquela mesmice que foi no primeiro mandato, vai ser uma coisa tão desagradável que é melhor que não tenha.

O sr. está enfrentando isso?
Não porque temos coisas para fazer ainda, de forma excepcional, e acho que o PAC foi a grande obra motivadora do segundo mandato.

O sr. não está desrespeitando a Lei Eleitoral, antecipando a campanha?
Não há nenhum desrespeito à Lei Eleitoral. Agora, o que as pessoas não podem é proibir que um presidente da República inaugure as obras que fez. Ora, qual é o papel da oposição? É criticar as coisas que nós não fizemos. Qual é o nosso papel? Mostrar coisas que nós fizemos e inaugurar.

Mas quem partilha dessa tese diz que o sr. praticamente pede votos para Dilma nas inaugurações...
E
u dizer que vou fazer meu sucessor é o mínimo que espero de mim. A grande obra de um governo é ele fazer seu sucessor. Não faz seu sucessor quem está pensando em voltar quatro anos depois. Aí prefere que ganhe o adversário, o que não é o meu caso.

Há quem diga que o sr. só escolheu a ministra Dilma, cristã nova no PT, com apenas nove anos de filiação ao partido, porque, se eleita, ela será fiel a seu criador. Isso deixaria a porta aberta para o sr. voltar em 2014. O sr. planeja concorrer novamente?
Olha, somente quem não conhece o comportamento das mulheres e somente quem não conhece a Dilma pode falar uma heresia dessas. Ninguém aceita ser vaca de presépio e muito menos eu iria escolher uma pessoa para ser vaca de presépio. Não faz parte da minha vida nem no PT nem na CUT. Eu já tive a graça de Deus de governar este país oito anos. Minha tese é a seguinte: rei morto, rei posto. A Dilma tem de criar o estilo dela, a cara dela e fazer as coisas dela. E a mim cabe, como torcedor da arquibancada, ficar batendo palmas para os acertos dela. E torcendo para que dê certo e faça o melhor. Não existe essa hipótese .

O sr. não pensa mesmo em voltar à Presidência?
Não penso. Quem foi eleito presidente tem o direito legítimo de ser candidato à reeleição. Ponto pacífico. Essa é a prioridade número 1.

O sr. não vai defender a mudança dessa regra, de fim da reeleição com mandato de cinco anos?
Não vou porque quando quis defender ninguém quis. Eu fui defensor da ideia de cinco anos sem reeleição. Hoje, com a minha experiência de presidente, eu queria dizer uma coisa para vocês: ninguém, nenhum presidente da República, num mandato de quatro anos, concluirá uma única obra estruturante no País.

Então o sr. mudou de ideia...
Mudei de ideia. Veja quanto tempo os tucanos estão governando São Paulo e o Rio Tietê continua do mesmo jeito. É draga dali, tira terra, põe terra. Eu lembro do entusiasmo do Jornal da Tarde quando, em 1982, o banco japonês ofereceu US$ 500 milhões para resolver aquilo. A verdade é que, para desgraça do povo de São Paulo, as enchentes continuam. Eu não culpo o Serra, não culpo o Kassab e nenhum governante. Eu acho que a chuva é demais. No meu apartamento, em São Bernardo, está caindo mais água dentro do que fora. Choveu tanto que vazou. Há dias o meu filho me ligou, às duas horas da manhã, e disse: "Pai, estou com dois baldes de água cheios." Eu fui a São Paulo no dia do aniversário da cidade e disse que o governo federal está disposto a sentar com o governo do Estado, com o prefeito, e discutir uma saída para ver se consegue resolver o problema, que é gravíssimo. Não queremos ficar dizendo: "Ah, é meu adversário, deu enchente, que ótimo". Quem está falando isso para vocês viveu muitas enchentes dentro de casa.

"Quero criar no País uma megaempresa de energia"

Pelas diretrizes do programa do PT, um eventual governo Dilma Rousseff parece que será mais à esquerda que o seu...
Eu ainda não vi o programa, eu sei que tem discussão. Mas conheço bem a Dilma e, como acho que ela deve imprimir o ritmo dela, se ela tomar uma decisão mais à esquerda do que eu, eu tenho que encarar com normalidade. E, se tomar uma posição mais à direita do que eu, tenho que encarar com normalidade. Tenho total confiança na Dilma, de que ela saberá fazer as coisas corretas para este país. Uma mulher que passou a vida que a Dilma passou - e é sem ranço, sem mágoa, sem preconceito - venceu o pior obstáculo.

A experiência de poder distanciou o sr. do pensamento mais utópico do PT, não?
Veja, o PT que chegou ao poder comigo, em 2002, não era mais o PT de 1980, de 1982.

Não era porque houve a Carta ao Povo Brasileiro...
Não é verdade. Num Congresso do PT aparecem 20 teses. Tem gosto para todo mundo. É que nem uma feira de produtos ideológicos. As pessoas compram o que querem e vendem o que querem. O PT, quando chegou à Presidência, tinha aprendido com dezenas de prefeituras, já tínhamos as experiências do governo do Acre, do Rio Grande do Sul, de Mato Grosso do Sul... O PT que chegou ao governo foi o PT maduro. De vez em quando, acho que foi obra de Deus não permitir que eu ganhasse em 1989. Se eu chego em 1989 com a cabeça do jeito que eu pensava, ou eu tinha feito uma revolução no País ou tinha caído no dia seguinte. Acho que Deus disse assim: "Olha, baixinho, você vai perder várias eleições, mas, quando chegar, vai chegar sabendo o que é tango, samba, bolero." O PCI italiano passou três décadas sendo o maior partido comunista do mundo ocidental, mas não passava de 30%. Eu não tinha vocação para isso. E onde eu fui encontrar (a solução)? Na Carta ao Povo Brasileiro e no Zé Alencar. Essa mistura de um sindicalista com um grande empresário e um documento que fosse factível e compreensível pela esquerda e pela direita, pelos ricos e pelos pobres, é que garantiu a minha chegada à Presidência.

Mesmo assim, o sr. teve de funcionar como fator moderador do seu governo em relação ao partido...
E vou continuar sendo. Eu não morri.

Mas a Dilma poderá fazer isso?
Ah, muito. Hipoteticamente, vocês acham que o PSTU ganhará eleição com o discurso dele? Vamos supor que ganhe, acham que governa? Não governa.

As diretrizes do PT, que pregam o fortalecimento do Estado na economia, não atrapalham?
Quero crer que a sabedoria do PT é tão grande que o partido não vai jogar fora a experiência acumulada de ter um governo aprovado por 72% na opinião pública depois de sete anos no poder. Isso é riqueza que nem o mais nervoso trotskista seria capaz de perder.

Os críticos do programa do PT dizem que o Estado precisa ter limites como empreendedor. Por que mais Estado na economia?
Vou fazer uma brincadeira: o único Estado forte que eu quero é o Estadão (risos). Não existe hipótese, na minha cabeça, de você ter um governo que vire um governo gerenciador. O governo tem dois papéis e a crise reforçou a descoberta deste papel. O governo tem, de um lado, de ser o regulador e o fiscalizador; do outro lado, tem de ser o indutor, o provocador do investimento, que discute com o empresário e pergunta por que ele não investe em tal setor.

Por que é preciso ressuscitar empresas estatais para fazer programas como a universalização da banda larga? O governo toca o Luz Para Todos com uma política pública que contrata serviços junto às distribuidoras e não ressuscita a Eletrobrás.
Mas nós estamos ressuscitando a Eletrobrás. O Luz Para Todos só deu certo porque o Estado assumiu. As empresas privadas executam sob a supervisão do governo, que é quem paga.

Não pode fazer a mesma coisa com a banda larga?
Pode. Não temos nenhum problema com a empresa privada que cumpre as metas. Mas tem empresa privada que faz menos do que deveria. Então, eu quero, sim, criar uma megaempresa de energia no País. Quero empresa que seja multinacional, que tenha capacidade de assumir empréstimos lá fora, de fazer obras lá fora e fazer aqui dentro. Se a gente não tiver uma empresa que tenha cacife de dizer "se vocês não forem, eu vou", a gente fica refém das manipulações das poucas empresas que querem disputar o mercado. Então, nós queremos uma Eletrobrás forte, para construir parceria com outras empresas. Não queremos ser donos de nada.

A banda larga precisa de uma Telebrás?
Se as empresas privadas que estão no mercado puderem oferecer banda larga de qualidade nos lugares mais longínquos, a preço acessível, por que não?

Mas precisa de uma Telebrás?
Depende. O governo só vai conseguir fazer uma proposta para a sociedade se tiver um instrumento. Não quero uma nova Telebrás com 3 ou 4 mil funcionários. Quero uma empresa enxuta, que possa propor projetos para o governo. Nosso programa está quase fechado, mais uns 15 dias e posso dizer que tenho um programa de banda larga. Vou chamar todos e quero saber quem vai colocar a última milha ao preço mais baixo. Quem fizer, ganha; quem não fizer, tá fora. Para isso o Estado tem de ter capacidade de barganhar.

O sr. teme que o PSDB venha na campanha com o discurso de gastança, de inchaço da máquina, que o seu governo contratou 100 mil novos servidores?
Vou dar um número, pode anotar aí: cargos comissionados no governo federal, para uma população de 191 milhões de habitantes. Por cada 100 mil habitantes, o governo tem 11 cargos comissionados. O governo de São Paulo tem 31 e a Prefeitura de São Paulo tem 45.

Deixar o governo de Minas para o PMDB de Hélio Costa facilita a vida de Dilma junto à base aliada?
A aliança com o PMDB de Minas independe da candidatura ao governo de Estado. O Hélio Costa tem me dito publicamente que a candidatura dele não é problema. Ele propõe o óbvio, que se faça no momento certo um estudo e veja quem tem mais condições e se apoie esse candidato. Acho que os companheiros de Minas, tanto o Patrus Ananias quanto o Fernando Pimentel se meteram em uma enrascada. Estava tudo indo muito bem até que eles transformaram a disputa entre eles em uma fissura muito ruim para o PT. Como a política é a arte do impossível, quem sabe até março eles conseguem resolver o problema deles.

A desistência da pré-candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) facilitaria a vida de Dilma?
O Ciro é um companheiro por quem tenho o mais profundo respeito. Eu já gostava do Ciro e aprendi a respeitá-lo. Um político com caráter. E, portanto, eu não farei nada que possa prejudicar o companheiro Ciro Gomes. Eu pretendo conversar com ele, ver se chegamos à conclusão sobre o melhor caminho.

Ele diz que o "santo Lula" está errado.
É preciso provar que o santo está errado. É por isso que eu quero discutir.

O sr. ainda quer que ele seja candidato ao governo de São Paulo?
Se eu disser agora, a minha conversa ficará prejudicada.

O senador Mercadante pode ser o plano B?
Não sei. Alguém terá de ser candidato.

O Ciro tem dito que a aliança da ministra Dilma com o PMDB é marcada pela frouxidão moral.
Todo mundo conhece o Ciro por essas coisas. Mas acho que ele não disse nada que impeça uma conversa com o presidente.

O que se teme no Temer? Ele é o nome para vice?
O Michel Temer, neste período todo que temos convivido com ele, que ele resolveu ficar na base e foi eleito presidente da Câmara, tem sido um companheiro inestimável. A questão da vice é uma questão a ser tratada entre o PT, a Dilma e o PMDB.

O sr. não teme que Dilma caia nas pesquisas após sair do governo?
Ela vai crescer.

Mas sozinha?
Ela nunca estará sozinha. Eu estarei espiritualmente ao lado dela (risos).

Há quem tenha ficado assustado com a foto do sr. abraçando o Collor, depois de tudo o que passou na campanha de 1989.
O exercício da democracia exige que você faça política em função da realidade que vive. O Collor foi eleito senador pelo voto livre e direto do povo de Alagoas, tanto quanto foi eleito qualquer outro parlamentar. Ele está exercendo uma função institucional e merece da minha parte o mesmo respeito que eu dou ao Pedro Simon, que de vez em quando faz oposição, ao Jarbas Vasconcelos, que faz oposição. Se o Lula for convidado para determinadas coisas, não irá. Mas o presidente tem função institucional. Portanto, cumpre essa função para o bem do País e, até agora, tem dado certo. Fui em uma reunião com a bancada do PT em que eles queriam cassar o Sarney. Eu disse: muito bem, vocês cassam o Sarney e quem vem para o lugar?

O sr. acha que o eleitor entende?
O eleitor entende, pode entender mais. Agora, quem governa é que sabe o tamanho do calo que está no seu pé quando quer aprovar uma coisa no Senado.

O governo depende do Sarney no Senado? O único punido até agora foi o Estado, que está sob censura.
O Sarney foi um homem de uma postura muito digna em todo esse episódio. Das acusações que vocês (o jornal) fizeram contra o Sarney, nenhuma se sustenta juridicamente e o tempo vai provar. O exercício da democracia não permite que a verdade seja absoluta para um lado e toda negativa para o outro lado. Perguntam: você é contra a censura? Eu nasci na política brigando contra a censura. Exerço um governo em que eu duvido que alguém tenha algum resquício de censura. Mas eu não posso censurar que os Poderes exerçam suas funções. Eu não posso censurar a imprensa por exercer a sua função de publicar as coisas, nem posso censurar um tribunal ou uma Justiça por dar uma decisão contrária. Deve ter instância superior, deve ter um órgão para recorrer.

O sr. e o PT lideraram o processo de impeachment de Collor e nada, então, se sustentou juridicamente porque o STF absolveu o ex-presidente. O sr. está dizendo que o jornal não deveria publicar as notícias porque não se sustentariam juridicamente? Os jornais publicam fatos...
Não quero que vocês deixem de publicar nada. Minha crítica é esta: uma coisa é publicar a informação, outra coisa é prejulgar. Muitas vezes as pessoas são prejulgadas. Todos os casos que eu vi do Sarney, de emprego para a neta, daquela coisa, eu ficava lendo e a gente percebia que eram coisas muito frágeis. Você vai tirar um presidente do Senado porque a neta dele ligou para ele pedindo um emprego?

O caso da neta é o corporativismo, o fisiologismo, os atos secretos...
O que eu acho é o seguinte: o DEM governou aquela Casa durante 14 anos e a maioria dos atos secretos era deles. E eles esconderam isso para pedir investigação do outro lado. É uma coisa inusitada na política.

O sr. acha que os fatos do "mensalão do DEM", no Distrito Federal, são fatos inverídicos também?
No DEM tem um agravante: tem gravação, chegaram a gravar gente cheirando dinheiro.

No mensalão do PT tinha uma lista na porta do banco com o registro dos políticos indo pegar a mesada...
Vamos pegar aquela denúncia contra o companheiro Silas Rondeau, que foi ministro das Minas e Energia. De onde se sustenta aquela reportagem dizendo que tinha dinheiro dentro daquele envelope? Como se pode condenar um cara por uma coisa que não era possível provar?

O sr. tem dito, em conversas reservadas, que quando terminar o governo, vai passar a limpo a história do mensalão. O que o sr. quer dizer?
Não é que vou passar a limpo, é que eu acho que tem coisa que tem de investigar. E eu quero investigar. Eu só não vou fazer isso enquanto eu for presidente da República. Mas, quando eu deixar a Presidência, eu quero saber de algumas coisas que eu não sei e que me pareceram muito estranhas ao longo do todo o processo.

Quem o traiu?
Quando eu deixar a Presidência, eu posso falar.

Por que é que o seu governo intercede em favor do governo do Irã?
Porque eu acho que essa coisa está mal resolvida. E o Irã não é o Iraque e todos nós sabemos que a guerra do Iraque foi uma mentira montada em cima de um país que não tinha as armas químicas que diziam que ele tinha. A gente se esqueceu que o cara que fiscalizava as armas químicas era um brasileiro, o embaixador Maurício Bustani, que foi decapitado a pedido do governo americano, para que não dissesse que não havia armas químicas no Iraque.

O sr. continua achando que a Venezuela é uma democracia?
Eu acho que a Venezuela é uma democracia.

E o seu governo aqui é o quê?
É uma hiper-democracia. O meu governo é a essência da democracia.

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

Todos os olhos na economia americana


FOLHA DE SÃO PAULO - 19/02/2010



Somente ao fim da primeira metade do ano é que poderemos ter um quadro mais claro nos Estados Unidos

ESTAMOS completando o segundo mês do ano e os mercados financeiros continuam pisando em ovos. Até os analistas confiantes em um cenário mais positivo estão com suas barbas de molho. Embora sejam cada vez mais sólidos os sinais de recuperação no mundo emergente, os receios de uma recidiva nos países do rico G3 têm temperado o otimismo dos que acreditam nessa nova divisão do mundo.
O chamado descolamento ficou ainda mais forte depois da crise fiscal que tomou conta da Europa. Até agora o motivo principal para sustentar a tese do mundo que cresce a duas velocidades era a dinâmica diferenciada do consumo entre os dois blocos. Nas nações emergentes, ainda há um espaço enorme para acomodar novos consumidores ao mercado; já no mundo rico, a estagnação da renda e do emprego, ao lado dos excessos do endividamento dos últimos anos, cria um quadro sombrio para a nova década.
A crise fiscal da Grécia chamou a atenção para o gigantesco obstáculo a ser enfrentado pelas nações ricas para voltar a crescer a taxas elevadas. A combinação do esforço fiscal para superar a crise bancária com a perda de arrecadação durante a recessão que se seguiu fez com que o endividamento dos países do G3 atingisse níveis perigosos. A necessidade de reduzir esse endividamento ao longo da próxima década vai exigir um aumento significativo da poupança pública, o que limitará o crescimento econômico.
Os mercados temem que não haja condições políticas para que os governos desses países façam o arrocho fiscal necessário para reduzir o endividamento. Os custos sociais de um ajuste da natureza e da intensidade que serão exigidas para satisfazer as expectativas dos investidores em títulos públicos serão certamente superiores ao que imaginam os lideres políticos dessas nações. Nos países mais frágeis e de menor coesão social, poderemos ter momentos de muita tensão pela frente.
Sabemos hoje que a consolidação de um mundo emergente, que se expande a uma velocidade muito maior do que as economias ricas, pressupõe que não ocorra nessas economias uma nova crise de crescimento. E o medo desse novo mergulho na recessão não está afastado, principalmente em relação à Europa. Por isso a recuperação da economia americana passou a ser ainda mais importante para as economias do mundo emergente. Se ela voltar a crescer de forma sustentável -algo como 2,5% ao ano neste início de década-, é provável que a fraqueza europeia e japonesa possa ser revertida. Nesse caso, o mundo emergente terá condição de continuar a crescer a taxas elevadas.
Por isso, todos os olhos estão focados nos dados econômicos que são divulgados quase que diariamente nos EUA. Tenho uma visão positiva -que divido com a equipe de economistas da Quest- em relação a essa questão. Os gastos dos consumidores americanos estão sendo superiores às expectativas mais pessimistas, e as empresas de maior porte têm apresentado resultados bem acima dos esperados pelos analistas. Ainda existem importantes segmentos do tecido produtivo americano que não estão funcionando normalmente, mas há sinais de que podem começar a melhorar a partir do verão no hemisfério Norte.
Em minha opinião, somente ao fim da primeira metade do ano é que poderemos ter um quadro mais claro nos EUA. Até lá os mercados continuarão divididos entre canarinhos e urubus.

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 67, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso).

OTÁVIO LEITE

Abaixo os impostos sobre a música!

O Globo - 19/02/2010



Muito se tem falado sobre crise. Em sentido amplo.

Crescimento econômico abalado, desemprego, instabilidades etc. Ao mesmo tempo muito se tem ouvido sobre medidas que visam a combater depressões pontuais. Vide as desonerações de tributos no setor automotivo, nas linhas branca e azul de equipamentos e utilidades domésticas, construção civil, nos setores de exportação etc.

Mas há um segmento de formidável potencial econômico, que representa em si incalculável valor cultural: a indústria da música brasileira, que vive um delicado e preocupante momento, a se agravar a cada instante.

Urge socorrê-la.

O diagnóstico é simples. As pessoas prosseguem ouvindo e cultivando música, mas por outro lado o “mercado oficial” vem sendo cruelmente dominado pela perversa informalidade e pelo câncer da pirataria. Não é de hoje que assistimos as quedas abruptas nas vendas de CDs, concomitante ao crescimento exponencial dos downloads não remunerados. Curiosamente, mercê da convergência digital, vimos avançar o campo da telefonia como mercado de música.

Esta é a equação a que se submetem milhares de brasileiros (conhecidos e anônimos) que atuam e procuram se sustentar como profissionais da música. E que hoje, basicamente, sobrevivem de shows.

Por entender que se trata de um produto de profundo valor cultural — a MPB —, é que propusemos, ao lado de diversos deputados e que representam todas as regiões do país, a chamada PEC da Música (98/07). A ideia consiste em classificar a música produzida no Brasil como imune a qualquer imposto. Implantar na Constituição o mesmo tratamento que foi concedido ao livro. O que faz sentido, pois se equivalem em importância para a nação.

Avançamos na tramitação. Foram dois anos e meio de profundos debates, estudos, inúmeras audiências públicas (para as quais estiveram dezenas e dezenas de artistas, músicos , gravadoras, produtores independentes e profissionais da música em geral ). Todos do mesmo lado. Em uníssono, conclamando o Congresso a fazer algo diante desta galopante decadência.

Chegamos a fazer uma ressalva no texto, para dissipar as preocupações do Amazonas de que as fábricas (hoje são apenas seis) pudessem ser estimuladas a se transferirem de Manaus para outra região do país. Enfim, tudo pronto para votar. Com acordo de liderança e aquiescência do presidente Michel Temer, para tal.

Eis que o governo, através de suas lideranças — possuem maioria — , freou a votação e reivindicou “um tempo” para o Ministério da Fazenda examinar os impactos da proposta.

Junto ao ministro Guido Mantega estivemos, deputados de governo e da oposição (a bandeira é suprapartidária), artistas e profissionais a fim de sensibilizá-lo para a causa. Concebe mos alternativas. Aguardamos o seu pronunciamento.

O que nos interessa é adotar procedimentos que permitam a queda do preço na venda ao consumidor final.

Seja para os CDs e DVDs (até quando existirão?), seja nas vendas pela internet que, se não tributadas, podem migrar para a formalidade justamente remuneradas a um preço convidativo; seja para extinguir os tributos nas músicas adquiridas no âmbito da telefonia e em qualquer outro meio digital por vir.

O fundamental é que as pessoas possam, cada vez mais, consumir música. Para todos os gostos. Acarretando dinamização e aquecimento do mercado da indústria fonográfica , gerando mais emprego, renda e, sobretudo, promovendo o fortalecimento de um bem maior: a cultura nacional .

Todos ao “front” na Câmara dos Deputados ! A ideia é classificar a música popular brasileira como imune a impostos

UM PUTEIRO CHAMADO BRASIL

NEGÓCIOS e Cia

Troca suja no combustível

O GLOBO - 19/02/10


A alta ininterrupta dos preços do álcool combustível no varejo desde julho de 2009 já influencia o comportamento do consumidor.
Um cruzamento das estatísticas de inflação do IBGE com os números da venda de etanol (veja o gráfico) pelas distribuidoras evidencia que a expansão do consumo do combustível perdeu fôlego com a escalada dos preços na bomba.
A demanda por álcool, que avançava num ritmo próximo de 30% no primeiro semestre de 2009, chegou a dezembro crescendo 23,9% sobre o mesmo mês do ano anterior. Ao mesmo tempo, a venda de gasolina — cujos preços chegaram a registrar deflação em setembro — diminuiu gradualmente o ritmo de queda. Em dezembro, chegou a haver crescimento de 0,9% sobre o mesmo mês de 2008. É sinal de que os donos de carro flex estão optando pelo combustível fóssil, em detrimento da opção renovável.
Bom para o bolso, mas péssimo para o meio ambiente.

Em expansão

A carioca Safecon, de fôrmas, andaimes e escoramentos, está abrindo uma divisão de engenharia de acesso. A subsidiária vai orientar empresas sobre a melhor opção de acesso para operações de manutenção ou montagem de equipamentos. “Nesses projetos, a locação de equipamentos equivale a 30% do custo. O restante fica com a engenharia, que é o que também faremos agora”, diz o diretor Marcelo Corrêa. À frente da nova divisão está Manoel Júnior, ex-SH, uma das gigantes do setor. A estimativa é elevar em 50% o faturamento mensal do grupo até dezembro. A Safecon vai investir R$ 1 milhão em equipamentos, elevando em 30% a capacidade de locação. Ampliará também o número de funcionários. A previsão é de que a Safecon Engenharia chegue a cem este ano, mais que o triplo da atual equipe. Para garantir a expansão física, o grupo fechou com a Codin a compra de terreno de 17 mil m² em Xerém, perto da Reduc e do Arco Metropolitano. “Nossa sede hoje, em Duque de Caxias, tem 1.500m². Em Xerém, teremos espaço para crescer e boa localização para atender a demanda do Comperj e de Itaguaí”, diz.

Emergentes

A SWISS RE quer expandir negócios em países emergentes, disse George Quinn, diretor financeiro da resseguradora. Em 2009, os prêmios de vida e saúde da Swiss Re, por causa da crise, caíram 4%, para US$ 9,9 bi.

Alívio

A AKZO Nobel, maior fabricante mundial de tintas, reduziu seu prejuízo para C 60 milhões no quarto trimestre do ano passado, ante perda de C 1,51 bilhão em igual período de 2008. As vendas caíram em 7%, para C3,31 bilhões.

PAC 2
Em reunião anteontem com o presidente Lula e os colegas Dilma Rousseff (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Planejamento), o ministro Guido Mantega deu sinal verde ao PAC 2. O titular da Fazenda garantiu que o pacote de obras é compatível com o cumprimento das metas fiscais. As medidas saem em fins de março.

Curto circuito 1
É pesado o clima entre Furnas e Ampla. A estatal nega que o blecaute em seis cidades do Rio de Janeiro na terça-feira de carnaval tenha sido causado por problemas na subestação de Adrianópolis (RJ). A unidade teria sido afetada por perturbação no sistema da distribuidora em Magé.

Curto circuito 2
A Ampla avisa que a origem da pane ainda está sendo investigada. Na subestação de Magé, haveria equipamentos tanto da distribuidora fluminense quanto da estatal.
Semana que vem, sai o relatório que indicará quais deles provocaram o desarme.

Na capa
O Promef, programa de modernização da frota da Transpetro, é capa da revista britânica “Fairplay”, especializada no mercado naval. A publicação destaca o êxito do modelo de “estaleiro virtual”, que viabilizou o Atlântico Sul (PE). Fala também da reação da siderurgia local à importação de aço pela estatal.

Saúde privada
O consórcio Salvador Saúde, de SMA Empreendimentos e Facility, entrega semana que vem a proposta financeira na concorrência do Hospital do Subúrbio, em Salvador. O contrato de gestão, de dez anos, beira R$ 1 bilhão. Será o 1ohospital público do Brasil a usar o modelo PPP. O consórcio Dalkia & Promédica também está na disputa.

Oportunidade
A italiana TC Shingle planeja dobrar de tamanho no Brasil em 2010. A fabricante de telhas asfálticas vai chegar ao Nordeste, além de trazer novas linhas, como a dos isolantes acústicos. Juvenal Rolim, CEO, prevê que o país ganhará a 1afábrica em 2012.
Será base de exportações para a América Latina.

Sem ‘roaming`
A Bizcel, de telefonia celular internacional, vai entrar na briga pelas empresas que trabalharão na Copa da África. Promete pacotes com chips, celulares e placas 3G com tarifas até 80% menores que as cobradas pelas brasileiras. Quer driblar o roaming com uso da rede de operadoras internacionais.

Espanhóis

Estudo da Prime Time Sport mostra que Real Madri e Barcelona foram os clubes de maior renda na temporada 2008/2009. O Real continua líder, com C 407 milhões. O Manchester United (C 317 milhões) caiu da 2apara a 4aposição.
O Barcelona (C 385 milhões) passou a 2o, seguido do Arsenal (C 357 milhões).

Ritmo acelerado

É evidente nos números do Caged a aceleração da retomada do emprego formal no país. E também no Rio. Em janeiro, o saldo de vagas acumulado em 12 meses cresceu quase um ponto percentual sobre o resultado de dezembro. Na capital fluminense, a taxa saiu de +2,82% no último mês de 2009 para +3,5% (veja o gráfico). Pelo que se viu nas últimas semanas, é provável que o verão e a folia tenham gerado ainda mais postos.
Só que boa parte deles não aparece no Caged, porque se refere a trabalho sem carteira assinada ou autônomo.

Guanabara
A petroleira BG Brasil vai investir R$ 800 mil na Baía de Guanabara. A partir de março, bóias com emissores de sinal por satélite (derivadores) estudarão as correntes. A ideia é ajudar na coleta de lixo flutuante. O equipamento será monitorado por alunos do Projeto Grael, que também avaliarão a qualidade da água. Os dados poderão ser acompanhados via internet.

Coleta
A parceria ColaCola/Comlurb de coleta seletiva recolheu 10,47 toneladas de recicláveis no Sambódromo no carnaval. Foi mais que o dobro de 2009. A ação envolveu 60 catadores.

Moedas
O Espaço Gilson Martins vendeu mais de 300 peças na Sapucaí. O porta-níquel “I love Rio” foi destaque.

LIVRE MERCADO
A FIAMMETTA criou cartão de fidelidade. Espera ampliar em 7% o número de clientes e em 6% o faturamento anual.
A VIMOSO, de móveis em fibras naturais, vai lançar coleção no Abup Móvel Show (SP) semana que vem. Estima vender 40% mais em 2010.
A TASK Sistemas vai implementar o ponto eletrônico e o controle de acesso dos funcionários do Inca. Vai confeccionar 13 mil crachás em PVC biodegradável.

NAS ENTRELINHAS

Cuide de si ou seja tutelado

Alon Feuerwerker
Correio Braziliense - 19/02/2010

A palavra-chave é “confiança”. A senha para a normalização política do GDF é a restauração desse quesito. Qualquer outro caminho tenderá a ser ilusório, temporário


Há uma maneira de evitar a intervenção federal na capital do país: é o sistema político local ser capaz de produzir uma solução institucional aceitável. E o que seria “aceitável”? Uma alternativa de poder que consiga a confiança das sociedades brasileira e brasiliense para bem gerir o orçamento do DF. É disso que se trata.

Está evidente que a saída política da crise não pode se limitar ao “mais do mesmo”. Como tem sido afirmado e reafirmado aqui desde a eclosão das revelações da Caixa de Pandora, não haverá solução sem remover do tecido político todo traço de suspeita. A Justiça e a política têm mesmo ritmos diferentes. Na primeira, a passagem do tempo ajuda a reduzir a influência das paixões. O que é bom. Na segunda, a velocidade do juízo é determinada unicamente pela força dos antagonistas, dada a regra do jogo. O que é um fato.

Há ainda certa diferença entre os julgamentos políticos no Executivo e no Legislativo. E, neste, entre situações que envolvam parlamentares com poder para ordenar grandes despesas, ou não. A mesma acusação contra um deputado qualquer e contra o presidente da Câmara ganha dinâmicas bastante diferentes, se se tratar de mau uso do dinheiro público. É razoável. Todos são inocentes até prova em contrário, mas a remoção do ordenador de despesas funciona como uma “liminar” da comunidade para impedir danos irreversíveis ao interesse geral.

E quanto maior o poder de quem está no alvo mais rapidamente a sociedade procura livrar-se dele.

Alguns enxergam a possível intervenção federal no DF como inaceitável regressão política, a volta a um estágio de minoridade. E não deixaria de ser. Mas convenhamos que o argumento não é suficiente para sensibilizar. Quem não sabe cuidar de si mesmo acabará, um dia, sendo tutelado. É ótimo que haja eleições marcadas para outubro, que está logo aí. Será a oportunidade para uma renovação nascida das urnas, o único caminho democrático para soluções definitivas.

Mas e até lá? Quem vai deter a caneta do milionário orçamento do GDF? Quem vai tocar as providências práticas para o sucesso desta sede da Copa do Mundo de 2014? Sem falar no aniversário de meio século da fundação, a esta altura já bastante comprometido.

A palavra-chave aqui, como está no primeiro parágrafo desta coluna, é “confiança”. A senha para a normalização política do GDF é a restauração desse quesito. Qualquer outro caminho tenderá a ser ilusório, temporário. Poderá oferecer alívio imediato, apenas para o problema reaparecer mais adiante. Multiplicado, potencializado.

Segundo turno
Defendi aqui que o único número realmente importante nas pesquisas eleitorais a esta altura é o de um eventual segundo turno entre os candidatos do PT e do PSDB.

Claro que subestimar Marina Silva (PV) seria um erro, mas o realismo indica hoje a polarização entre tucanos e petistas no primeiro e no possível segundo turnos. Daí que as atenções voltem-se para a diferença entre os dois nesse cenário.

Em eleição majoritária não basta ter muito voto, é preciso ter mais do que o adversário. A ascensão de Dilma Rousseff vem sendo festejada no PT, mas, nas conversas sinceras, petistas manifestam algum desconforto com o fato de o nome do PSDB estar, até agora, e sempre segundo eles, administrando a vantagem na polarização.

O PT acompanhará as próximas pesquisas com lupa. O partido quer Dilma Rousseff como o Luiz Inácio Lula da Silva de 2002 e 2006, não como o das três tentativas anteriores. Duas providências práticas já se desenham no petismo: cuidar para que a candidatura não abandone o centro e zelar para que o PSDB resolva mal, ou não resolva, a tensão entre São Paulo e Minas Gerais.

Bolsa-esmola
A propósito da coluna de ontem, Eduardo Graeff, assessor do então presidente Fernando Henrique Cardoso, escreve para negar que o PSDB seja autor da expressão “bolsa-esmola”. E afirma que “o primeiro a falar em `esmola` foi o PT, rimando com a bolsa-escola de FHC”. Graeff manda um link para comprovar sua afirmação: www.eagora.org.br/arquivo/quem-inventou-bolsa-esmola/.
Está registrado.

ARI CUNHA

Devolveu o dinheiro público, está livre

CORREIO BRAZILIENSE - 19/02/10


Roubou do governo, vai preso. Na prisão, devolvendo o dinheiro, o roubo passa a não ser crime. A pessoa é libertada com a ficha suja. Falta jurista entendido em leis que encontre solução. O senador Pedro Simon lembrou casos de sumiço do dinheiro público. Precisa de lei que defenda o erário. Nós pagamos impostos que nos esfacelam, e os sabidos ficam com dinheiro rindo do povo e do governo. Culpabilidade não serve sem dinheiro devolvido. Falta lei forte e o dinheiro de volta. O mundo está tão pequeno e a Justiça longe da realidade. Atualizar a lei, em caso de roubo do dinheiro público, vale. Seja qual for o posto de quem enriquece. Inclusive dentro do poder.

A frase que foi pronunciada

"Consciência é como vesícula, a gente só se preocupa com ela quando dói."
» Saudoso Stanislaw Ponte Preta


Pirataria

» Transporte pirata ronda Brasília em todos os quadrantes. No carnaval, a fiscalização às vezes é benfazeja. Uma Kombi caindo aos pedaços, quebrada, suja e desconfortável arrebanhava passageiros a R$ 2 reais até a Rodoviária. Não quebrou, mas podia ter matado os passageiros e motorista de responsabilidade duvidosa.

Etanol

» O Brasil perde com a falta de etanol, que abarrota os depósitos. Lembrando que essa indústria vem do tempo da escravidão, vale a pena entrar na Bovespa para manter estoques em dia. EUA preferem o milho, dois terços da produção agrícola americana. O cereal serve para tudo e, agora, para combustível.

Comissão de verdade

» Otaciano Nogueira, analista político, mostrou na televisão o que sabe da vida. Domina fatos da política, economia e atualidades. Seu falar é uma aula para quem presta atenção, analisa e entende o pensar.

Preços

» Um quilo de café em pó é vendido ao preço de R$ 6. O mesmo peso em açúcar vale R$ 10. Isso vem de longe, quando no balcão o cidadão enchia a xícara de açúcar, derramava a metade e sorvia o café doce demais.

Carnaval

» Novidade de Momo foi o bloco dos sujos na Papuda. Ninguém quer ficar lá, nem pensou antes de operar o malfeito. O ministro Marco Aurélio de Melo não tem pressa no caso de Brasília. O registro ao final da liminar que negou o habeas corpus dizia: "Indefiro a liminar. Outrora houve dias natalinos. Hoje avizinha-se a festa pagã do carnaval. Que não se repita a autofagia". Respondendo à imprensa, disse que o processo não tem capa, mas conteúdo.

100

» Carmen Oliveira, da Secretaria dos Direitos Humanos, levanta um dado interessante. Em sete anos, mais de 2,4 milhões de atendimentos no Disque 100. Crianças e adolescentes são molestados na maioria das ocorrências por pessoas conhecidas.

Novidade

» Ponto de Cultura é um projeto interessante. Nasce onde as manifestações criativas da comunidade já existem. Estimula a tradição e potencializa a arte para a autossustentação. A ideia, como toda iniciativa simples, nasceu da sociedade e obteve o aval do Ministério da Cultura. Chegou à Universidade de Berkeley, na Califórnia. A professora Candace Slater esteve no Brasil para conhecer a iniciativa, que já conquistou outros países, como a Itália e países do Mercosul.

Legião da má vontade

» No dia 23, entidades que participaram da coleta de assinaturas contra os políticos com pendências judiciais serão recebidos em audiência pública na Câmara dos Deputados. Índio da Costa, do DEM, acha que o assunto é muito intenso para ser votado com pressa. A resistência não é só dos parlamentares para votar a matéria. É dos partidos. Se os próprios partidos não permitissem a filiação de ficha suja, mais de meio caminho estaria andado.

Correios PAC

» O novo sistema aceita encomendas em envelopes. É só deixar aberto antes de entregar na agência. Assim o atendente confere e passa a fita adesiva com a tarja dos Correios. O gerente Luiz Bezerra adverte que o envelope deve ser reforçado para que não haja danos pelo percurso.


História de Brasília

Volta-se, novamente, a falar sobre o Núcleo Bandeirante. Os próprios comerciantes estão vendo que é impossível a permanência ali. As invasões tomaram conta de tudo, é insuportável a sujeira. As condições de vida são precárias. (Publicado em 25/2/1961)

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Esquerda festiva

FOLHA DE SÃO PAULO - 19/02/10



BRASÍLIA - Bem ao lado da entrada principal do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, onde se realiza o 4º Congresso Nacional do PT, há um imenso banner, em que se lê: "Por um verdadeiro governo do PT: 1. 40 horas e estabilidade no emprego; 2. petróleo 100% estatal; 3. fim do superavit primário; 4. retirada das tropas do Haiti; 5. candidatos próprios a governador".
Parece coisa para assustar criancinha. E é. Quem assina o cartaz é a corrente "O Trabalho", residual no partido. Seu candidato obteve 1% na eleição interna em 2009. Basta cruzar a porta para constatar que o "verdadeiro PT" está em outra.
O ambiente dessa esquerda que chegou ao poder parece, mais do que nunca, festivo. A começar pela decoração: o carpete vermelho (menos socialista do que hollywoodiano) contrasta com painéis, flâmulas feitas de retalhos penduradas pelo teto, bonecos de pano coloridos, representando em tamanho real tipos brasileiros.
Na área das "mulheres do PT", criou-se um espaço recreativo em torno de uma mesa redonda, onde as pessoas eram convidadas a pintar e bordar -literalmente.
Visualmente, o congresso do PT parece evocar as festas juninas, o São João de raízes nordestinas, o Brasil do interior, em contraponto à folia litorânea do Carnaval. A estética nacional-popular soa como homenagem involuntária a Lula.
Afora os bonecos de pano, José Dirceu, bastante magro, era a figura mais disponível no primeiro dia do congresso. Onde havia um bolinho de gente, lá estava ele, concedendo mais uma entrevista "da planície".
Para aliviar a tensão de 1.350 delegados, o PT contratou a empresa "Novo Ser: Massagem Terapêutica", que espalhou cadeiras pelo ambiente, prometendo à clientela "uma vida mais suave". Como ainda não existe bolsa-massagem, os preços variam de R$ 10 a R$ 30.
O PT que aclamará amanhã Dilma Rousseff busca sobreviver ao lulismo. Mas, mesmo a contragosto, sabe que ainda depende quase exclusivamente de Lula para ser feliz.

ELIANE CANTANHÊDE

Procuram-se um pacto e um pato

FOLHA DE SÃO PAULO - 19/02/10


BRASÍLIA - O governador interino, Paulo Octávio, fingiu que foi, mas não foi. Ele, porém, vai acabar indo -para a renúncia, que já está até escrita. Trata-se de uma questão de mais dia, menos dia, enquanto Lula tenta articular uma saída viável para a crise de Brasília.
Paulo Octávio andava em busca de "um pacto" para ter apoio político do governo federal, da Câmara Legislativa, dos partidos, da população e, assim, conseguir um mínimo de governabilidade por 11 meses. Era um sonho de verão.
E Lula está ainda em busca de "um pacto" para comprometer o Judiciário, o Legislativo, os partidos e até a oposição ao seu governo numa saída para a falta do governador (na cadeia), do governador interino (em vias de renúncia), do presidente da Câmara Legislativa (que não escapa) e do presidente do Tribunal de Justiça local (que não quer).
Tudo depende da votação da intervenção pelo Supremo. Enquanto ela não vem, Lula não quer meter a mão nessa cumbuca. Mas, pelo sim, pelo não, já procura discretamente, além de um pacto, um pato para ser eventualmente interventor. Os nomes circulam, e o importante é traçar o perfil.
Um interventor na capital da República teria de preencher vários atributos e alguns vácuos: ter ficha limpa, autoridade, sólido conhecimento jurídico, apoio do governo federal e da base aliada e transitar bem pela oposição. Além de não ser candidato a nada em outubro.
Parece se encaixar como uma luva em Nelson Jobim, que seria o homem certo na hora certa, já que fartamente testado em crises e já disposto a deixar o Ministério da Defesa ainda no primeiro semestre. O problema é que Jobim não tem vocação para pato. Prefere sugerir o advogado e político Sigmaringa Seixas, ex-tucano, agora petista. A questão, aí, é de autoridade.
O fato é que o GDF ruiu, e não tem mais jeito nem milagre. Ninguém quer a intervenção, mas vai acabar sendo ela ou ela.

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Falta muito pra Copa?!

FOLHA DE SÃO PAULO - 19/02/10


E as travas? As travecas do Gala Gay! Um monte de silicone com voz de Pato Donald! Rarará!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Ueba! Olha a declaração da Paris Hilton: "Adorei o Rio, adorei o Brasil, mas agora tenho que voltar pra trabalhar". Rarará! A Paris Hilton é um chiclé de bola com cartão de crédito. E diz que a Madonna escorregou e caiu no camarote. E o Jesus gritou: levanta-te e anda. E "Like a Virgin".
E nos camarotes deviam distribuir menos camisinha e mais desodorante! Celebridade não devia suar! E acabou o "reboleixo, xon, xon"! E agora, o que a gente vai fazer até a Copa? Preguiça! Já imaginou declarar o Imposto de Renda depois do Carnaval? Declaro seis garrafas de uísque, uma dúzia de lança, três abadás e um mamãe-sacode! Acabou o "rebolation", o "fornication" e a "enrabation". OU como disse o outro: acabou o "rebolation" e entrou o "pentelhation" do meu chefe!
E a Dilma dançando com os garis? A vassoura é pra varrer ou pra voar? Pra voar! E o Serra tava mais animado que urubu gripado! E eu acho que o único brasileiro que trabalha o ano inteiro é motorista de trio elétrico na Bahia! Tem um trio que tocou em Campinas e, na hora de voltar pra Salvador, entalou no túnel. É verdade! Não queria voltar pra trabalhar!
E as travas? As travecas do Gala Gay! Um monte de silicone com voz de Pato Donald. A Turma de Milaano! Todas trabalham e moram em Milaaano. Onde você mora? Milaano. O que faz? Dou show em Milaaaano! E em Milão cabe tanta traveca? E a turma do "Pânico" perguntava: "Você é destra ou canhota"? A traveca: "Sou normal". Você é destra ou canhota? Sou do Ceará! Pior,silicone não é biodegradável. OU seja, traveca não é biodegradável!
E eu já disse que a Madonna virou bambu. Tá tão brasileira que um amigo meu encontrou com ela na fila do pãozinho do Compre Bem de Itaquera! E eu tenho a "Melô do Arruda na Papuda": "Com o Arruda na prisão/ Comecei a acreditar/ Que se essa moda pega/ O Brasil pode mudar/ É só construir cadeia/ Proibir cueca e meia/ E o Gilmar não soltar!". É mole? É mole, mas sobe! Antitucanês Reloaded, a Missão.
Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. É que em Ubatuba tem uma academia chamada A Toca da Maromba. Deve ser pros bofes do "BBB"! Mais direto impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Encosto": companheira Dilma subindo nas pesquisas. O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!