Renata Lo Prete -
Na opinião de quem conhece bem Paulo Octávio, um dos elementos para entender seus movimentos erráticos desde a prisão de José Roberto Arruda é o receio de que a renúncia ao governo, seguida de eventual intervenção, coloque em risco ao menos parte de seus muitos negócios no Distrito Federal.
Mais especificamente, o governador interino teme que o mandatário da faxina venha a revogar o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal, mina de ouro para as empreiteiras de "PO". Em depoimento à PF, o gravador-geral Durval Barbosa afirmou que cada um dos 19 votos para aprovar o Pdot na Câmara Distrital custou até R$ 420 mil. O Ministério Público do DF tenta anular a votação.
Fluxo de caixa
Além do possível prejuízo aos negócios, preocupa Paulo Octávio a perspectiva de, uma vez fora do cargo, ver seus bens bloqueados pela Justiça.
Reprise. Com a tirada de corpo de Lula e o "perdido" dado por Paulo Octávio, ministros do STF repetiam ontem uma conclusão: "Mais uma vez, jogaram tudo no colo do Supremo".
Agora espera
Mas a Corte não vai se apressar. O presidente Gilmar Mendes voltou a dizer que o processo seguirá seu rito natural. Vários ministros não sabem ao certo como se desenharia na prática a intervenção, dada a "metástase das instituições" no DF.
Sonho meu
Ao justificar para os mais próximos a decisão de não renunciar, "PO" disse ter ouvido que o STF vai soltar Arruda. Seu gesto, portanto, seria desnecessário. Alguns dos presentes discordaram da avaliação.
Impedimento
Sepúlveda Pertence, ex-presidente do STF mencionado como opção para o cargo de interventor no Distrito Federal, é advogado de José Celso Gontijo, empresário que aparece nos vídeos de Durval Barbosa transportando dinheiro que supostamente abasteceu o mensalão.
Fora dessa
O PT-DF fez chegar a Lula pedido para que, em caso de intervenção, o escolhido não seja ligado à sigla.
Em guerra
Acossado pelo correligionário Geraldo Magela, que passou a postular abertamente a candidatura do PT ao governo do DF, Agnelo Queiroz dispara: "Se o Magela romper o acordo segundo o qual seria eu o candidato -e para nós não seria muita surpresa ele fazer isso- vamos para a prévia".
Só para maiores
A determinação do dirigente Valter Pomar de barrar a imprensa nos debates do primeiro dia do congresso do PT virou motivo de piada entre os próprios delegados: "Estamos discutindo a revolução bolivariana, a Quinta Internacional. É melhor mesmo vocês ficarem de fora", brincou o deputado Carlos Zarattini (SP).
Relax
Espalhados pelo centro de convenções, quiosques com cadeiras para massagem ajudam os petistas a relaxar entre um debate e outro.
Com lado 1
A peleja pela secretaria de Comunicação não é a única do congresso. Há quem combata a escolha de Maria do Carmo para vaga na Executiva, sob o argumento de que a prefeita de Betim é próxima demais de Patrus Ananias. O ministro disputa com o ex-prefeito de BH Fernando Pimentel a candidatura do PT ao governo de Minas.
Com lado 2
Por motivo semelhante, a turma do ex-prefeito de Recife João Paulo não quer o ex-ministro Humberto Costa na segunda vice-presidência. Os dois disputam uma vaga para concorrer ao Senado por Pernambuco.
Global
A rede de TV Al Jazeera, do Qatar, está com equipe em Brasília para cobrir o congresso do PT.
Folha, 89
A Folha completa hoje 89 anos.
Tiroteio
"A prioridade oficial é a candidatura Dilma, mas o esporte favorito do PT continua a ser a ocupação de cargos, inclusive no próprio partido."
Contraponto
Embromation
De saída do primeiro dia do congresso do PT, a ministra Dilma Rousseff foi interpelada por um grupo de repórteres. Bombardeada com perguntas sobre a campanha eleitoral e a aclamação de sua candidatura à Presidência, prevista para amanhã, ela saiu pela tangente e se pôs a descrever sua maratona carnavalesco.
-Eu gostei muito!- começou a chefe da Casa Civil, para em seguida elogiar a "diversidade cultural imensa" do Brasil, citando aspectos detalhados de cada uma das festas em Recife, em Salvador e no Rio.
Diante da inesperada palestra, um ouvinte brincou:
-São as "Raízes do Brasil", por Dilma!
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