Procuram-se um pacto e um pato
FOLHA DE SÃO PAULO - 19/02/10
BRASÍLIA - O governador interino, Paulo Octávio, fingiu que foi, mas não foi. Ele, porém, vai acabar indo -para a renúncia, que já está até escrita. Trata-se de uma questão de mais dia, menos dia, enquanto Lula tenta articular uma saída viável para a crise de Brasília.
Paulo Octávio andava em busca de "um pacto" para ter apoio político do governo federal, da Câmara Legislativa, dos partidos, da população e, assim, conseguir um mínimo de governabilidade por 11 meses. Era um sonho de verão.
E Lula está ainda em busca de "um pacto" para comprometer o Judiciário, o Legislativo, os partidos e até a oposição ao seu governo numa saída para a falta do governador (na cadeia), do governador interino (em vias de renúncia), do presidente da Câmara Legislativa (que não escapa) e do presidente do Tribunal de Justiça local (que não quer).
Tudo depende da votação da intervenção pelo Supremo. Enquanto ela não vem, Lula não quer meter a mão nessa cumbuca. Mas, pelo sim, pelo não, já procura discretamente, além de um pacto, um pato para ser eventualmente interventor. Os nomes circulam, e o importante é traçar o perfil.
Um interventor na capital da República teria de preencher vários atributos e alguns vácuos: ter ficha limpa, autoridade, sólido conhecimento jurídico, apoio do governo federal e da base aliada e transitar bem pela oposição. Além de não ser candidato a nada em outubro.
Parece se encaixar como uma luva em Nelson Jobim, que seria o homem certo na hora certa, já que fartamente testado em crises e já disposto a deixar o Ministério da Defesa ainda no primeiro semestre. O problema é que Jobim não tem vocação para pato. Prefere sugerir o advogado e político Sigmaringa Seixas, ex-tucano, agora petista. A questão, aí, é de autoridade.
O fato é que o GDF ruiu, e não tem mais jeito nem milagre. Ninguém quer a intervenção, mas vai acabar sendo ela ou ela.
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