segunda-feira, fevereiro 09, 2009

ESTUPRO

Americana é presa por estuprar homem

Janice McCarlJanice McCarl estava se sentindo solitária. E então ela aceitou um convite para ir até a casa de um amigo, em Longmont (Colorado), onde aconteceria um churrasco. Só que a americana de 53 anos estava com más intenções. De acordo com o relatório da polícia, Janice teria dopado o pobre anfitrião, de 50 anos. E depois... Bom, depois só Deus sabe o que aconteceu naquela casa. O homem alega que foi estuprado por Janice quando estava fora de si. Ao acordar, ele estava pelado na cama ao lado de Janice, também despida, exibindo um sorriso maroto e acariciando suas nádegas... A americana foi denunciada e acabou atrás das grades.

CAIU FELIPÃO

FELIPÃO foi demitido do Chelsea. Depois do encontro com o Lula pé-frio, o seu time só fez perder.

O IDIOTA


CARLOS ALBERTO SARDENBERG

Os EUA não eram os culpados?

O ESTADO DE S. PAULO - 09/02/09

Os últimos números mostram que a queda na atividade econômica, no último trimestre de 2008, foi extremamente forte nos países ricos da zona do euro e nos asiáticos. Na verdade, muito mais forte que nos EUA.

Quanto ao futuro próximo, análises do FMI sugerem que a recessão será mais profunda nos europeus e asiáticos do que nos EUA. E, finalmente, que os EUA devem se recuperar mais rapidamente que os outros países ricos.

Não era para ser o contrário?

Quando a crise começou, parecia que era "apenas" dos EUA, mais exatamente do modelo de capitalismo americano, mais aberto, menos regulamentado. Governantes dos países da zona do euro e asiáticos, com seus modelos de maior intervenção estatal, apressaram-se em recriminar os colegas americanos. "Parece que os professores estão com alguns problemas", comentou o primeiro-ministro da China. "A era do laissez-faire acabou", decretaram os presidentes do Brasil, Lula, e da França, Nicolas Sarkozy. Ambos diziam que seus países estavam relativamente bem protegidos.

Não era bem assim. A crise avançou, atingiu a todos e mostrou-se mais virulenta ainda fora dos EUA. Mesmo assim, todos continuaram a pôr a culpa no modelo americano, que teria contaminado os demais. É fácil fixar a culpa dos excessos financeiros de Wall Street e da falta de regulamentação pelo governo americano. Até Allan Greenspan acha que algo saiu muito errado com o sistema financeiro.

Mas os problemas não ficam por aí. A crise atingiu a economia real do mundo todo. E como foi isso? Os americanos, de novo - diz, por exemplo, o argumento chinês. É um argumento que traz certo rancor, algo mais ou menos assim: então a China aceita seu papel de exportador na globalização, sacrifica os consumidores nacionais para gerar excedentes de exportação e, quando está tudo funcionando bem, o "grande consumidor" - o americano, é lógico - simplesmente quebra e desaparece dos shoppings?

Lembram-se do varejo de antigamente, pequenas lojas, sempre operadas pelos seus donos? Lembram-se de como o vendedor ficava furioso com o freguês que não comprava nada? É como os chineses - e todos os asiáticos do modelo exportador - parecem estar se sentindo.

Números justificam essa bronca. No último trimestre de 2008, a China cresceu praticamente zero, um desastre para um país acostumado a taxas anuais de expansão acima dos 10%. As exportações caíram pela primeira vez na história moderna. E o Japão, precursor do modelo exportador? No último trimestre do ano passado, o produto caiu a uma taxa anualizada de 10%. Sabem o que é isso, encolher 10%? E as exportações de dezembro foram nada menos que 35% menores do que as do mesmo mês de 2007.

Quase tudo porque os americanos, excessivamente endividados e tendo perdido a riqueza que estava na bolha financeira, reduziram drasticamente os gastos.

Tudo se passa como se os asiáticos tivessem sido obrigados a assumir esse papel. Não foram, é claro. Eles apenas perceberam, muitos anos atrás, que esse era o melhor atalho para crescer rapidamente e, sim, enriquecer. Com aqueles salários baixos? É a justa pergunta.

Mas salários baixos numa fábrica de Barbies ainda era melhor que a miséria da zona rural. E depois, olhando para a frente, sempre havia o exemplo do próprio Japão: começou do mesmo modo, apenas exportador, com salários de fome e, pouco a pouco, à medida que o país ia ganhando dinheiro, foi mudando para um modelo que incluiu salários mais altos, mais consumo, mais bem-estar.

Mas não houve tempo para a China e os demais asiáticos. (Houve, em boa parte, para a Coreia do Sul, que continua exportadora, mas com um padrão de vida mais perto dos ricos.)

Que fazer? Se a recuperação dos EUA e do Ocidente rico e consumidor demorar, a China e os demais terão de começar a mudar o modelo desde já. Em outras palavras, criar mecanismos para aumentar a renda e o consumo internos e tornar a economia mais balanceada. Ou seja, eles precisam aproximar mais seu modelo do... americano! Essa crise é surpreendente todo dia.

Metrô de Serra no PAC de Dilma 

- O governo federal incluiu no PAC um investimento de R$ 1,9 bilhão no Metrô de São Paulo, por entender que se trata de verba federal. Eis os detalhes: R$ 1,6 bilhão corresponde a um empréstimo do BNDES. Como o BNDES é federal - tal é o argumento -, pode-se dizer que se trata de dinheiro de Brasília e, pois, o Metrô pode ser incluído no PAC. Os outros R$ 300 milhões correspondem a um repasse de Brasília à companhia paulista que constrói o metrô. Logo, é PAC de novo.

Mas, olhando bem os dados, a história sai um pouco diferente. O empréstimo do BNDES é mais que antigo. É do início dos anos 90 (governo Fleury!) e vem sendo utilizado pelo governo paulista desde então. Incluir isso no PAC como investimento novo é, no mínimo, forçar a barra. Além disso, se todos os empréstimos da carteira do BNDES devem ser postos como "dinheiro de Brasília", então Lula e a ministra Dilma estão bobeando: o PAC pode ir a trilhões de reais, ficar maior que o plano de Barack Obama.

Finalmente, quanto ao repasse dos R$ 300 milhões, trata-se de uma espécie de devolução. Nas diversas transações entre os governos paulista e federal, ficou uma sobra de R$ 300 milhões a favor de São Paulo. Que foi destinada ao Metrô.

Tudo considerado, na eleição de 2010 haverá o metrô da Dilma e o metrô do Serra. Cada qual tentando convencer o eleitor.

Desde Jesus Cristo

 - O senador republicano Mitch McConnell encontrou uma boa maneira de mostrar que o presidente Obama quer gastar muito dinheiro. Disse: "Se você tivesse começado no dia em que Jesus Cristo nasceu e tivesse gasto US$ 1 milhão por dia, não dava o Plano Obama." Pode fazer as contas: 2008 anos vezes 365 dias dá exatos US$ 732,92 bilhões.

PARA...HIHIHIHI


A FUGA

Uma vez um prisioneiro escapou do presídio, depois de 15 anos enclausurado naquela prisão horrenda. Durante sua fuga, ele encontrou uma casa, arrombou e entrou. Ele deu de cara com um jovem casal paulistano que estava na cama.
Então, ele arrancou o cara da cama, o amarrou numa poltrona e depois amarrou a mulher na cama. Quando ele estava em cima da esposa, o marido o viu o bandido deitar-se sobre a mulher, beijar-lhe a nuca e logo depois, levantar-se e ir ao banheiro.
Enquanto ele estava lá, o marido falou para sua mulher:
- Amor, ouça, esse cara é um prisioneiro, olhe suas roupas! Ele provavelmente passou muito tempo na prisão e há anos não vê uma mulher, por isso te beijou a nuca. Se ele quiser sexo, não resista, não reclame, apenas faça o que ele mandar, deixa que ele se  satisfaça e vá embora nos deixando vivos. Esse cara deve ser perigoso, se ele se zangar, nos mata. Seja forte, amor, eu te amo!
E a mulher respondeu:
- Estou feliz que você pense assim. Com certeza ele não vê uma mulher há anos, mas ele não estava beijando minha nuca. Ele estava cochichando em meu ouvido. Ele me falou que te achou muito sexy e gostoso e perguntou se temos vaselina no banheiro.
Seja forte, amor. Eu também te amo!!!

CARLOS ALBERTO DI FRANCO

Estatuto racista


O Estado de S. Paulo - 09/02/2009
 

 

Em recente entrevista à revista Época, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) teve a coragem de romper o monólogo politicamente correto que tem dominado a tramitação do projeto de lei que cria cotas para negros e índios nas universidades federais.

Segundo o senador goiano, "esse é um projeto com grande potencial de dividir a sociedade brasileira. A partir do momento em que nós jogarmos uns contra os outros e passarmos a rotular aqueles que terão mais direito a frequentar uma universidade pública por causa de raça, nós vamos deixar de ser brasileiros. Seremos negros, pardos, brancos, mamelucos, bugres, mas não seremos mais brasileiros".

O tema é polêmico. Deve, portanto, ser discutido com profundidade e respeito à diversidade de opinião. Não é o que tem acontecido. "O patrulhamento é tanto que muito parlamentar tem medo de arranhar a própria imagem", sublinha Torres. "Muitos têm medo de aparecer em público contra o movimento negro e ser tachados de racistas, embora não sejam."

Está surgindo, de forma acelerada, uma nova "democracia" totalitária e ditatorial, que pretende espoliar milhões de cidadãos do direito fundamental de opinar, elemento essencial da democracia. Se a ditadura politicamente correta constrange senadores da República, não pode, por óbvio, acuar jornalistas e redações. O primeiro mandamento do jornalismo de qualidade é a independência. Não podemos sucumbir às pressões dos lobbies direitistas, esquerdistas, homossexuais ou raciais. O Brasil eliminou a censura. E só há um desvio pior que o controle governamental da informação: a autocensura. Para o jornalismo não há vetos, tabus e proibições. Informar é um dever ético.

Não Somos Racistas: uma reação aos que querem nos transformar numa nação bicolor (Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2006) é o título de um livro do jornalista Ali Kamel. A obra, séria e bem documentada, ilumina o debate. Mostra o outro lado da discussão sobre as políticas compensatórias ou "ações afirmativas" para remir a pobreza que, supostamente, castiga a população negra.

Kamel, diretor-executivo de Jornalismo da Rede Globo de Televisão e ex-aluno do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é uma alma de repórter. Por isso, questiona pretensas unanimidades. Fustigado pela sua intuição jornalística, flagrou um denominador comum nos diversos projetos instituindo cotas raciais: a divisão do Brasil em duas cores, os brancos e os não-brancos, com os não-brancos sendo considerados todos negros. A miscigenação, riqueza maior da nossa cultura, evaporou nos rarefeitos laboratórios dos legisladores.

"Certo dia", comenta Kamel, "caiu a ficha: para as estatísticas, negros eram todos aqueles que não eram brancos. (...) Pior: uma nação de brancos e negros onde os brancos oprimem os negros. Outro susto: aquele país não era o meu."

Do espanto nasceu a reflexão. O desvio começa na década de 1950, pela ação da escola de Florestan Fernandes, da qual participava Fernando Henrique Cardoso. Para o autor, FHC presidente foi sempre seguidor do jovem sociólogo Fernando Henrique. Convencido de que a razão da desigualdade é o racismo dos brancos, FHC foi, de fato, o grande mentor das políticas de preferência racial. Lula, com sua obsessão populista, embarcou com tudo na canoa das cotas raciais. O Brasil, como todos vivenciamos, nunca foi um país racista. Tem, infelizmente, pessoas racistas. A cultura nacional, no entanto, sempre foi uma ode à miscigenação. As políticas compensatórias, certamente movidas pela melhor das intenções, produzirão um efeito perverso: despertarão o ódio racial e não conseguirão cauterizar a ferida da desigualdade.

Esgrimindo argumentos convincentes, o jornalista mostra que os desníveis salariais entre brancos e negros não têm fundamento racista: ganham menos sempre os que têm menos escolaridade. "Os mecanismos sociais de exclusão têm como vítimas os pobres, sejam brancos, negros, pardos, amarelos ou índios. E o principal mecanismo de reprodução da pobreza é a educação pública de baixa qualidade." Só investimentos maciços em educação podem erradicar a pobreza. É preciso fugir da miragem do assistencialismo. "Tire o dinheiro do programa social e o pobre voltará a ser pobre, caso tenha saído da pobreza graças ao assistencialismo. E o pior: num país pobre como o nosso, cada centavo que deixa de ir para a educação contribui para a manutenção dos pobres na vida trágica que levam", adverte o autor.

Numa primeira reflexão, nada mais justo do que dar aos negros a oportunidade de ingressar num curso superior. Mas, quando examinamos o tema com profundidade, vemos que não se trata de uma providência tão justa quanto parece. Ao tentar corrigir a injustiça que, historicamente, marcou milhões de brasileiros, cria-se um universitário de segunda classe, que não terá chegado à universidade por seus méritos. Ademais, ao privilegiar etnias, a lei discrimina outros jovens brasileiros pobres que não se enquadram no perfil racial artificialmente desenhado pelo legislador. Oculta-se a verdadeira raiz da injustiça: a baixíssima qualidade do ensino.

Os negros brasileiros não precisam de favor. "Precisam apenas de ter acesso a um ensino básico de qualidade, que lhes permita disputar de igual para igual com gente de toda cor." Impõe-se um debate mais sério. Uma discussão livre das ataduras do patrulhamento ideológico. Afinal, caro leitor, o que está em jogo é a própria identidade cultural do nosso país.

GILBERTO DIMENSTEIN

Professor nota zero

FOLHA DE SÂO PAULO

Dos 241 mil professores que se submeteram à prova da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, 3.000 tiraram zero: não acertaram uma única sobre a matéria que dão ou deveriam dar em sala de aula. Apenas 111, o que é estatisticamente irrelevante, tiraram nota dez. Os números finais ainda não foram tabulados, mas recebo a informação que pelo menos metade dos professores ficaria abaixo de cinco. Essa prova tocou no coração do problema do ensino no Brasil, o resto é detalhe.

Como esperar que um aluno de um professor que tira nota ruim ou mediana possa ter bom desempenho? Impossível. Se fosse para levar a sério a educação, provas desse tipo deveriam ser periódicas em toda a rede (assim como os alunos também são submetidos a provas). Quem não passasse deveria ser afastado para receber um curso de capacitação para tentar se habilitar a voltar para a escola.

A obrigação do poder público é divulgar as listas com as notas para que os pais saibam na mão de quem estão seus filhos. Mas a culpa, vamos reconhecer, não é só do professor. O maior culpado é o poder público que oferece baixos salários e das universidades que não conseguem preparar os docentes. Para completar, os sindicatos preferem proteger a mediocridade e se recusam a apoiar medidas que valorizem o mérito.

O grande desafio brasileiro é atrair os talentos para as escolas públicas --sem isso, seremos sempre uma democracia capenga. Pelo número de professores reprovados na prova, vemos como essa meta está distante.

GOSTOSA


PARA DEGUSTAÇÃO

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EDITORIAL

Polêmica decisão do STF

O Estado de S. Paulo - 09/02/2009
 

 

Por 7 votos contra 4, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o réu condenado a pena de reclusão somente poderá ser preso quando forem esgotadas todas as possibilidades de recurso e o processo for julgado em caráter definitivo pela última instância. Enquanto houver recursos pendentes, o réu condenado ficará em liberdade. 

A decisão, que altera jurisprudência firmada há décadas pelo STF e se aplica automaticamente a todas as pessoas que estão presas e não foram condenadas em última instância, foi tomada durante o julgamento de um habeas-corpus impetrado por um fazendeiro mineiro condenado a sete anos e meio de prisão, por um Tribunal do Júri, por tentativa de homicídio qualificado. Seus advogados alegaram que ele não poderia ser preso enquanto a sentença não fosse confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). 

Em abril de 2007, o relator do habeas-corpus, ministro Eros Grau, acolheu o argumento, lembrando que ele tem fundamento nos dispositivos da Constituição que tratam das garantias fundamentais. O princípio da presunção da inocência, pelo qual "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória", é assegurado pelo inciso LVII do artigo 5º da Carta Magna. Mas, por causa de um pedido de vista do ministro Carlos Alberto Direito, o julgamento foi suspenso e o caso só foi encerrado agora, após uma acirrada polêmica entre os ministros. 

Discordando do relator, Direito lembrou que nem mesmo a Convenção Interamericana dos Direitos Humanos assegura o direito irrestrito dos réus de aguardar o julgamento de seus recursos em liberdade. "Temos criminosos confessos que são condenados em primeiro e segundo graus e não vão para a cadeia porque o volume de recursos não se esgota nunca", disse ele, com apoio dos ministros Joaquim Barbosa, Ellen Gracie e Carmen Antunes Rocha. Invocando a lentidão dos tribunais e o anacronismo da legislação processual penal, os quatro afirmaram que o tratamento benevolente dado a quem já foi condenado pelas instâncias inferiores favorece a impunidade, pois os presos ricos podem contratar advogados para recorrer indefinidamente. 

"O leque de opções que a ordem jurídica oferece ao réu é imenso. As decisões dos juízes de primeiro e segundo graus devem ser levadas a sério. Do contrário seria melhor que todas as decisões fossem tomadas diretamente pelo Supremo. Estamos criando um sistema penal de faz-de-conta. Se tivermos que esperar todos os recursos, o processo jamais chegará ao fim", afirmou Barbosa, depois de citar um caso julgado pelo STF que recebeu cerca de 63 recursos judiciais. "Aguardar que a prisão somente ocorra após o trânsito em julgado é inconcebível. A vencer essa tese, nenhuma prisão será mais feita no Brasil", alertou a ministra Ellen Gracie. 

O que prevaleceu, contudo, foi o voto do relator. "Se não for respeitado o princípio constitucional da presunção da inocência, é melhor sairmos com um porrete na mão, a arrebentar a espinha de quem nos contrariar", disse o ministro Eros Grau. "Cabe ao Poder Judiciário a missão histórica para que o direito à liberdade seja preservado em sua integridade", concordou o ministro Ricardo Lewandowski. 

Esse é um embate em que os dois lados têm razão. Os seis ministros que acompanharam o relator estão certos quando afirmam que não podem decidir contra legem, contrariando o que a Constituição determina expressamente. E os quatro que discordam também estão certos quando lembram que esse entendimento irá propiciar uma libertação massiva de presos de alta periculosidade, principalmente os vinculados ao crime organizado, pondo em risco a segurança pública e desmoralizando as varas criminais de primeira instância e as câmaras criminais de segunda instância. 

Esse é mais um problema decorrente de leis processuais ultrapassadas e de uma Assembleia Constituinte que consagrou, a pretexto de defender direitos individuais, uma norma inteiramente desconectada da realidade brasileira e que, na prática, propicia abusos. Como não podia mudar esse dispositivo, do ponto de vista técnico-jurídico, o STF ficou sem saída e o País agora terá de enfrentar mais essa lamentável consequência da "Constituição-cidadã" de 88.

PARA...HIHIHIHI


MÁQUINA DE LAVAR

Devido à inocência de Tarzan, que viveu sozinho durante muito tempo, Jane lhe dava aulas sobre sexualidade. Explicava-lhe tudo como se fosse uma criança:

- Olha, Tarzan, isso que tens aí entre as tuas pernas, pendurado, é uma roupa suja e isso que tenho aqui entre as minhas pernas é a máquina de lavar.
O que tens que fazer ? Pegar a tua roupa, colocar aqui na lavadora e lavá-la.

Nas 5 noites seguintes Tarzan lavou sua roupa sem parar e quando Jane conseguiu respirar disse:

- Escuta Tarzan, as lavagens de roupa não podem ser tão frequentes porque a máquina de lavar pode quebrar, bem como, a sua roupa pode ficar gasta.
Sugiro que esperes dois ou três dias para de novo lavares tua roupa...

Ao ouvir isso Tarzan ficou decepcionado e ficou 1 mês sem colocar roupa pra lavar.
Já preocupada, Jane lhe disse:

- Tarzan, o que está acontecendo?
- Porque já faz mais de 1 mês que não lavas mais tua roupa na minha lavadora?

E Tarzan respondeu:

- Tarzan aprendeu a lavar na mão!!!

MAURO SANTAYANA

A fé e a política, de Vieira a dom Helder

Coisas da Política
Jornal do Brasil - 09/02/2009
 

As homenagens que se prestam à memória de dom Helder Câmara permitem algumas reflexões sobre a Igreja e o Estado, a fé e a política. Em um de seus grandes sermões, o da última sexta-feira da Quaresma, em 1662, na capela real de Lisboa, o padre Antonio Vieira vai ao Evangelho de João, para lembrar o Conselho formado dos principais sacerdotes e fariseus, contra Jesus. Era um tempo de passagem em Portugal, depois da morte de dom João IV, que se encontrava sob a regência da rainha Leonor, durante a menoridade de Afonso VI – mais tarde rei, depois incapacitado para o trono, por demência, e confinado nos Açores.

Afirmou Vieira que aquele Conselho servia de exemplo, pelo que havia tido de político e pelo que deveria ter tido de cristão: era necessário fazer alguma coisa contra Jesus, cujos sinais inquietavam. Se não o matassem, viriam os romanos e lhes tomariam toda a nação. Ponderaram ser melhor que um só morresse, do que todos estivessem perdidos. "Dos erros e acertos daquele conselho, diz o orador, determino formar hoje um espelho à nossa corte. Será este espelho de tal maneira político para os cristãos, e de tal modo cristão para os políticos, que se possa ver nele um conselho, e um conselheiro, e também um aconselhado". E fecha o exórdio, ao anunciar que seria bastante claro e rigoroso em seu sermão: "Se for muito liso, e muito claro, isso é ser espelho". O pregador se arriscava, ao afirmar que, naquele episódio bíblico, como políticos, os sacerdotes e fariseus não haviam errado de todo. Três anos mais tarde, ele seria preso pela Inquisição.

Dom Helder Câmara foi sacerdote e político, como fora Vieira, mas provavelmente mais cristão do que o grande pregador, que parecia mais português do que cristão. Relembro encontro que tivemos em Bonn, quando o Brasil se encontrava no pior momento do governo militar. Contou-me que, jovem padre, fora chamado, no mesmo dia, para celebrar a extrema-unção a dois paroquianos agonizantes: um morria de inanição crônica, o outro, de apoplexia, depois de um almoço farto e regado a álcool. "Naquele dia, tomei meu partido". Inúmeros outros sacerdotes, seguindo a Teologia da Libertação, tiveram a mesma posição, no Brasil e em outros países, nas horas em que ser cristão na América Latina era tão perigoso como ser cristão na Palestina sob Tibério, e em Roma sob Nero, ou ser palestino hoje. Lembrar o nome de todos é impossível, tantos foram e tantos continuam lutando contra a injustiça – e este é o caso de dom Arns e dom Pedro Casaldáliga. Alguns chegaram ao martírio na América Latina, e um deles, dom Oscar Romero, marcou o início do reinado de João Paulo II, que – preocupado em derrubar o regime polonês, limitou-se a uma simples mensagem de condolências. Não podia ir além – já estava associado aos norte-americanos.

A Igreja sempre foi política, desde Constantino, mas há épocas em que nela prevalecem sentimentos cristãos, como ocorreu durante o reinado de Roncalli. Sem embargo disso, o atual papa, Bento XVI, está transformando seu predecessor, o cardeal Wojtyla, em homem moderado. Wojtyla não se arriscara a santificar o fundador da Opus dei, não fizera de 400 franquistas beatos, e tomara a decisão de excomungar os seguidores de Lefebvre, em 1988.

De um lado, parece correta a sua posição contra a eutanásia, no caso da jovem italiana. Como político e como cristão, ele está certo em condenar os massacres contra os palestinos. Como cristão e político, tem o dever de voltar atrás de sua decisão, e manter a excomunhão de Richard Williams, que nega o Holocausto. O nazismo atingiu os judeus, mas vitimou também cristãos e comunistas, ciganos e eslavos. Ao negá-lo, suaviza o crime diante da História. O bispo inglês se recusa a admitir seu erro, e diz que vai "pensar no assunto", em entrevista que concedeu a Der Spiegel, e foi conhecida sábado.

Podemos ser cristãos e exercer a política, como têm feito tantos sacerdotes e tantos leigos. Mas, nesse caso, é preciso que o ato político do cristão esteja de acordo com os mandamentos de Cristo, e não conforme as conveniências temporais das igrejas, seja a católica, sejam as outras confissões. O Estado brasileiro é laico. Sendo assim, o ensino de História Natural deve ter como base a ciência, e não a fé, como pretendem alguns. A fé se transmite nos templos, o conhecimento, nas escolas.

MÓNICA BÉRGAMO

O poder jovem


Folha de S. Paulo - 09/02/2009
 

A União Nacional dos Estudantes vai encaminhar representação pedindo que o Ministério Público Federal acione o Estado para que aponte os responsáveis pelo desaparecimento de Honestino Guimarães, que sumiu após ser preso em 1973, durante a ditadura militar. A família do jovem, que na época era presidente da UNE, também vai participar do processo. Eles querem encontrar o corpo e fazer um funeral.

TORTURA 2 
A decisão da UNE deve engrossar a discussão a respeito da Lei de Anistia. A entidade também vai ingressar, como "amicus curiae", na ação em que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) questiona a abrangência da lei e defende que a tortura é crime imprescritível no país.

PALAVRA FINAL
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, despacha para o Brasil na próxima semana Rafael Ramírez, ministro de Energia e Petróleo e presidente da PDVSA, a estatal petrolífera daquele país. Ramírez vem para tentar fechar a negociação com o governo brasileiro em torno da perceria com a Petrobras na refinaria Abreu e Lima, de Pernambuco. Em troca de participar de 40% do negócio, Chávez quer instalar postos de gasolina da PDVSA no Nordeste do país. O governo Lula é contra.

MÃOS DADAS 
O governo brasileiro teme que a entrada da PDVSA na distribuição desestruture o mercado nacional. E já tem pronta uma contraproposta para Chávez: a Venezuela pode distribuir os produtos da refinaria no Nordeste -desde que por meio da BR Distribuidora.

DILMA, UAI
O PT de Minas Gerais vai montar o palco para a candidatura de Dilma Rousseff no sábado, 14. Vai levar a ministra para uma reunião com 130 prefeitos, vices e mais de 500 vereadores do partido. "Estamos armando para ela ser aclamada", diz um dos organizadores.

ZERO-QUILÔMETRO
A ideia é "badalar" a ministra no Estado, onde ela é conhecida por apenas 12% da população, de acordo com pesquisa que circula no partido. A mesma sondagem traz um conforto: a rejeição da ministra, que pouco foi atacada por adversários, é praticamente nula.

CHEQUE
O deputado Vicentinho (PT-SP) sobe hoje de escada os 18 andares da Prefeitura de São Bernardo do Campo. É o pagamento de promessa que ele fez caso o prefeito Luiz Marinho (PT-SP) ganhasse as eleições do ano passado.

EDMAR I RENUNCIA


CASTELO COMEÇA A DESMORONAR

O Deputado  Edmar casteleiro renunciou ontem à noite aos cargos de 2ª vice-presidente e da corregedor da Câmara

MEDIEVAL


INFORME JB

Outros ringues para a base aliada


Jornal do Brasil - 09/02/2009
 

Longe dos holofotes, os cargos na administração indireta têm sido palco de um duro enfrentamento entre PMDB e PT. O jogo de poder pesou, por exemplo, na definição para a vaga em aberto do conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), fez de tudo para emplacar o superintendente de serviços privados da agência, Jarbas Valente. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu ter uma pessoa da confiança do PT no cargo. Chefe de gabinete do ministro do Planejamento, PauloBernardo, João Batista Rezende é a escolha apoiada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. E, ao que consta, só está esperando a publicação de sua nomeação no Diário Oficial.

E tem mais...

Para a disputa não ficar só nos escalões mais baixos, o PT está de olho também em um dos filés do butim peemedebista na Esplanada: o Ministério da Saúde. Já são três os petistas "candidatos" a ocupar a vaga de José Gomes Temporão.

Cena 1

No calor da contagem dos votos, na eleição para a presidência da Câmara, um exaltado deputado do baixo clero pôs-se a comemorar a vitória de Michel Temer (PMDB-SP) gritando palavras de ordem. "Moralidade! Ética! Vamos limpar essa Casa!", berrava o parlamentar, que se esforçava para vencer a multidão e cumprimentar Temer.

Cena 2

Poucos minutos depois, um ainda emocionado Arlindo Chinaglia (PT-SP) cumprimentava os colegas no plenário. O mesmo parlamentar, dessa vez, derreteu-se com o ex-presidente da Câmara. "Meu eterno presidente! A Mesa Diretora não será mais a mesma sem a sua presença..."

Mercosul

Jornais venezuelanos têm destacado que a nova Mesa Diretora do Senado tende a dificultar a entrada daquele país no Mercosul. Sobretudo com José Sarney (PMDB-AP) como presidente da Casa.

Por falar nisso...

A última edição da respeitada revista The Economist não economizou críticas ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A publicação classifica a eleição de Sarney para o comando do Senado como uma "vitória para o semi- feudalismo".

Na ferida

O artigo menciona as altas taxas de mortalidade infantil no Maranhão, a violência na capital São Luís e as cidades que não possuem energia elétrica ou água encanada para falar sobre os efeitos da supremacia da família Sarney no estado.

Acesso restrito

A Brahma reduziu o número de convites para seu badalado camarote na Sapucaí este ano. O espaço já chegou a abrigar 1.500 foliões por noite. Desta vez, serão apenas 600 os privilegiados.

Vip

A organização do camarote 0da "Número 1" jura que a decisão não tem nada a ver com a crise. Eles querem é retomar o clima vip do espaço.

Samba no pé

Quem já garantiu seu lugarzinho entre os foliões da Brahma foi o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP). E bem no domingo, a noite mais badalada no espaço da cervejaria.

FERNANDO RODRIGUES

O primeiro teste na Câmara


Folha de S. Paulo - 09/02/2009
 

Os deputados federais e seu presidente recém-eleito, Michel Temer (PMDB-SP), têm nesta semana seu primeiro grande teste. Devem dar uma solução para o caso de Edmar Moreira (DEM-MG), o corregedor da Casa.
Como bem escreveu ontem na 
Folha Clóvis Rossi, o escândalo não é o castelo jeca-tatu construído pelo empresário do setor de segurança. Gosto não se discute, lamenta-se. O problema são as dezenas de acusações trabalhistas que Edmar Moreira carrega nas costas e o confessado "vício insanável da amizade" a impedi-lo de investigar e punir deputados corruptos.
Edmar Moreira foi eleito na semana passada segundo vice-presidente da Câmara, cargo no qual está também abrigada a corregedoria dos deputados -órgão responsável por investigar e sugerir punição para os corruptos da Casa. A Câmara certamente tem razão de sobra para considerar Edmar Moreira incapacitado para ocupar um cargo de dirigente. Não fossem suas encrencas do presente, bastariam episódios do seu passado para revelar o tipo de caráter e interesses do político mineiro.
Sua carreira como policial militar foi abreviada por intolerância dentro da corporação. O capitão Edmar foi considerado agressivo demais até na PM de Minas Gerais. A vida de empresário prosperou na área de segurança privada -ou seja, explorando o medo da população causado por uma deficiência crônica do Estado brasileiro.
É legítimo uma parcela dos eleitores brasileiros enxergar em Edmar Moreira alguém adequado para estar no Poder Legislativo. Já os deputados federais não precisam tolerá-lo no comando. O acordão já anunciado tira a corregedoria de Edmar e o deixa na segunda vice-presidência. Pode ser uma forma de abafar o caso. Mas igualmente joga ainda mais para baixo a horrenda imagem da Câmara.

PAINEL

O tenente Edmar


Folha de S. Paulo - 09/02/2009
 

O deputado Edmar Moreira (DEM-MG) tem um passado tão interessante quanto o seu castelo kitsch-medieval. Um ex-preso político lembra-se dele como o tenente da PM mineira que sempre aparecia de óculos ray-ban no final de 1969 e início de 1970.
Rogério Teixeira, engenheiro ambiental, estava preso na cadeia de Linhares, em Juiz de Fora, acusado de subversão pela ditadura militar. Recorda-se que o tenente Edmar obrigava todos a falar o nome completo e a qual organização pertencia. Chutes na porta da cela e gritos de "levanta comunista" eram comuns. "Ele soltava os cachorros no pátio. Ladravam noite adentro. E as sirenes eram acionadas", diz Rogério. O jovem Edmar também dispararia tiros para o ar.

Sumido
A assessoria de Edmar Moreira informa que o deputado não "está encontrável" para comentar os episódios de 1969 e 1970 e as acusações do ex-preso político. 

Campanha
O PSOL vai propor que o novo corregedor da Câmara seja escolhido por eleição e não por indicação. E defende Luiza Erundina (PSB-SP) para o posto. 

No telhado
Em conversa na semana passada com membros da nova Mesa Diretora, Michel Temer (PMDB-SP) avisou que deve adiar a construção do Anexo 5, novo prédio que abrigaria gabinetes mais amplos para os deputados. Mesmo com dinheiro assegurado pela venda da folha de pagamento para o Banco do Brasil, ele não quer iniciar obras em tempos de crise. 

Milhas 1
O relatório de missões oficiais realizadas pelos sete deputados que compuseram a Mesa Diretora da Câmara até a última segunda mostra que o então primeiro-vice-presidente, Nárcio Rodrigues (PSDB-MG), foi o campeão de viagens ao exterior. Nos dois anos de gestão, foram cinco idas à Europa, com passagem por 15 países. 

Milhas 2
As justificativas de suas viagens são relacionadas a questões ambientais. Entre outras coisas, o deputado relata ter encontrado representantes da Unesco e de ONGs para defender a criação de um centro internacional de recursos hídricos em Frutal (MG), sua terra natal.

Ringue
Carlos Minc (Meio Ambiente) vem cantando vitória numa disputa com mais um ministro, Alfredo Nascimento (Transportes). Diz que impôs condições ambientais à pavimentação da BR-319, na região Norte, que elevarão o valor da obra de R$ 697 milhões para R$ 1,3 bilhão. 

INSS
O Ministério da Previdência deve anunciar hoje que fechou o plano de expandir de 1.110 para 1.830 a atual rede de agências do INSS. A ampliação beneficiaria, até 2010, cidades com mais de 20 mil habitantes. 

Epílogo
O envio ao Supremo do parecer da AGU (Advocacia Geral da União) sobre a Lei de Anistia não deve encerrar a polêmica dentro do governo. Tarso Genro (Justiça) e Paulo Vannucchi (Direitos Humanos), favoráveis ao julgamento de torturadores, querem influenciar os termos da defesa oral que será feita por José Toffoli (AGU). 

Consolo
A nomeação de Ricardo Capelli para uma diretoria no Ministério do Esporte consolida o domínio do PC do B sobre a pasta. Capelli foi candidato a vereador no Rio. 

Tombo
A mensagem presidencial ao Congresso aponta que as exportações do agronegócio para o Irã caíram 40,8% em 2008 na comparação com o ano anterior. 

Promoção
Investigada pelo Ministério Público e pela Polícia Federal sob suspeita de ter concedido liminares para liberar de forma irregular dinheiro a prefeituras, a juíza Angela Catão, de Minas Gerais, é uma das favoritas a assumir vaga de desembargadora no Tribunal Regional da 1ª Região, sediado em Brasília.

Tiroteio 

"Não faz sentido dar um mandato a quem não se elegeu, sobretudo agora que a crise econômica vai reduzir repasses do Fundo de Participação dos Municípios. É tomar dinheiro da Saúde." 
Do deputado 
JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA), contrário à pressão de vereadores para que seja promulgada a emenda à Constituição que aumenta o número de vagas nas Câmaras Municipais do país. 

Contraponto 

Procuradora-geral

Recém-empossado ministro do Tribunal de Contas da União, o ex-senador José Jorge gravava entrevistas na semana passada sobre sua nova atribuição após uma longa trajetória política na oposição ao governo Lula. Já no final da bateria de perguntas, uma jornalista questionou se ele toparia fazer uma "auditoria" nas contas da tradicional festa junina que promove anualmente em Brasília. Jorge rebateu:
-Não! A festa junina sou eu mesmo quem banca!
Ao notar o olhar intrigado da mulher, Maria do Socorro, conhecida por preparar os quitutes da festa, acrescentou:
-Ah... E quem audita é a Socorro....

E AGORA, TARSO?


REVISTA ISTO É

Novo candidato a refugiado

Pierluigi Bragaglia, italiano, acusado de assassinato e outros crimes políticos, luta contra extradição. Só que ele era neofascista. E agora, Tarso?

Alan Rodrigues

Nos próximos dias, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá sobre uma solicitação da Corte de Roma que pede pela extradição de outro cidadão italiano que nos anos 1980 pegou em armas e tomou de assalto as ruas do seu país bradando por mudanças políticas. Trata-se de Pierluigi Bragaglia, 49 anos, um exterrorista que fugiu da Itália, em 1982, condenado a 12 anos de prisão por subversão, assalto, roubo a bancos e associação a grupo armado. Procurado há mais de duas décadas pela Interpol pelos quatro cantos do planeta, Bragaglia foi encontrado pela Polícia Federal (PF) em julho do ano passado vivendo em Ilhabela, litoral paulista, distante 210 quilômetros da capital. Casado, pai de dois filhos, o ex-militante vivia com a identidade falsa e ganhava a vida como proprietário de uma pousada e uma distribuidora de bebidas na cidade. Há sete meses no cárcere, Bragaglia terá seu futuro definido pelo ministro do STF Cezar Peluso, o mesmo togado que decidirá o caso de Cesare Battisti.

A justificativa italiana para o pedido de extradição de Bragaglia fundamenta-se nas mesmas argumentações do caso Battisti, ou seja, ele é um ex-terrorista e como criminoso político, julgado e condenado em seu país, deverá voltar para pagar sua pena. O caso de Bragaglia, que poderá chegar às mãos do ministro da Justiça, Tarso Genro, tem ingredientes que poderão elevar a temperatura dos debates no Brasil e no Exterior por um único detalhe: ao contrário de seu conterrâneo esquerdista, Bragaglia foi um árduo integrante da direita italiana; um neofascista de verdade. Ex-militante do NAR (Núcleo Armado Revolucionário), o mais radical grupo da extrema direita italiana que atuou entre 1977 e 1981, Bragaglia e seu agrupamento inspiravam- se no criador do fascismo, Benito Mussollini (1883-1945). A organização em quatro anos foi responsável por ações que resultaram em 128 mortes. Em depoimento de mais de quatro horas à PF, ele confirma a participação em diversos crimes políticos, mas nega o envolvimento com qualquer “crime de sangue”. Assustado, Bragaglia tem medo de que a repercussão do caso Battisti reflita negativamente em seu julgamento.

Nascido rico em Roma, em 1960, ele abraçou a militância política ainda muito jovem rebelando-se contra a ordem econômica e social e o Estado. O ex-militante neofascista admitiu no interrogatório que lutou pela reconstituição do partido fascista na Itália, disse que participou dos assaltos ao Banco di Roma – ação que rendeu aos cofres da organização clandestina 56 milhões de liras – e à Embaixada da Arábia Saudita, operação na qual seu grupo roubou armas e munições para o arsenal guerrilheiro. Bragaglia nega que esteve presente à ação que matou dois “carabinieri” em Roma, em 1981, conforme acusação da Interpol. Ele nega também que seja um terrorista. “Apenas participei de um grupo de extrema direita”, disse. Mas admitiu aos policiais brasileiros que, de fato, aos 17 anos, empunhava armas em assaltos para arrecadar fundos para a organização. “Cometi os crimes por causa das circunstâncias políticas da época, motivado por razões ideológicas”, disse. Nos quatro anos de atuação do NAR, a organização foi responsável por ações que resultaram em 33 mortos, sem contar o atentado contra a estação de trem de Bologna, em 1980, que deixou 85 mortos e mais de 200 feridos. O NAR tinha estreitas ligações com diversas organizações criminosas. Em maio de 1985, um tribunal condenou 53 integrantes do grupo por atividades terroristas.

Em 1982, diante do cerco montado pela polícia na caça aos terroristas, Bragaglia, segundo ele mesmo, “com medo de morrer”, fugiu da Itália para a Venezuela. De pois de dois anos, descobriu que estava sendo monitorado pelo serviço secreto italiano, fugiu para o Brasil com documentos falsos e desembarcou em São Paulo como o venezuelano Paolo Luigi Rossini Lugo. Alternando a vida clan destina entre a capital e o litoral paulista, em 1986, o italiano fixou-se definitivamente no litoral como recepcionista de um camping. Logo depois, Bragaglia se casou com a paulista Salete e reiniciou a vida clandestina como um pequeno empresário do turismo. Pacato cidadão, tido na ilha como um bom vizinho, Bragaglia não resistiu à prisão no dia 3 de julho, quando almoçava em uma padaria.

Durante três meses, os policiais italianos monitoraram os telefones da mãe de Bragaglia, Lílian Kosmac, e conseguiram localizá-lo. “Não foi fácil encontrá-lo, pois a única foto dele existente tinha mais de 25 anos”, conta um dos policiais que participaram da operação e pede anonimato. Na prisão, Bragaglia tem dito a amigos que está muito preocupado com seu futuro, diante da proporção que tomou o caso Battisti. “Quero que meu caso seja analisado tecnicamente pela Justiça”, diz aos interlocutores na cadeia. A estratégia de seus advogados é provar que os crimes estão todos prescritos. “Há crimes que ele cometeu quando ainda era menor de 18 anos e que a lei brasileira não permite punição”, argumenta seu advogado, Roberto Barroso. Como o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que concedeu asilo a Battisti por questões técnicas, os advogados de Bragaglia esperam o mesmo tratamento, caso entrem com pedido de asilo político para seu cliente. E agora, Tarso?

SEM CUSPE


SEGUNDA NOS JORNAIS

Folha: Desemprego atinge 31% dos lares de SP

 

Globo: Deputado dono de castelo renuncia

 

Estadão: Empresas privadas cortam R$ 10 bi em obras de base

 

JB: Guerra contra terra ilegal na Amazônia

 

Correio: Gastança do Senado está longe do fim

 

Valor: Crimes digitais prosperam com crise econômica global

 

Gazeta Mercantil: Nova lei altera balanço das concessionárias