sábado, janeiro 30, 2010

UMA DOENÇA ESTRANHA

A VAGABUNDA E O ABILOLADO
Marisa perguntou a Luiz Inácio:

- Môôôôr, o que é leptospirose?
E Luiz Inácio respondeu na bucha:

- Copanhêra, é uma doença que ataca os usuário de
lépitópi. É transmitida pela urina do mauze.

GOSTOSAS

RODRIGO MAIA

A base da confiança é a verdade

FOLHA DE SÃO PAULO - 30/01/10


SEM PARTIDOS políticos fortes, não há democracia, não há Estado de Direito e não há liberdade. A democracia representativa que adotamos é partidária, vale dizer: a vontade do povo se manifesta por meio dos partidos, que são as instituições de acesso ao mandato e ao poder. Ninguém disputa eleição sem o atestado de filiação partidária.
O real fortalecimento dos partidos políticos implica uma reforma política estrutural, que inclui a aprovação do voto em lista, o incremento das regras de fidelidade partidária e o financiamento público das campanhas eleitorais. Implica, igualmente, leis mais realistas sobre as doações e as prestações de conta das campanhas eleitorais.
Não dá para tapar o sol com a peneira: temos de ter coragem de reformar o que está mal e melhorar o que é possível para aumentar a confiança da sociedade nas instituições partidárias. Nesse sentido, aliás, as maiorias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal entenderam que é legal a doação das empresas aos partidos, como está previsto, há 14 anos, na lei nº 9.096/95.
No ano passado, quando aprovamos a lei nº 12.034, avaliamos que, enquanto não avançarmos para o financiamento público das campanhas, não há nada de errado na doação feita pelas empresas diretamente aos partidos políticos.
A doação direta fortalece os diretórios estaduais e o partido como um todo, o que deve constituir a máxima prioridade de todos os interessados no avanço da democracia.
Não podemos esquecer, a propósito, que o processo de fortalecimento das agremiações partidárias teve início quando o então PFL (Partido da Frente Liberal) encaminhou consulta ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) perguntando se a titularidade dos mandatos eletivos cabia ao parlamentar ou ao partido político. A resposta do TSE foi a histórica resolução que instituiu a fidelidade partidária, decisão confirmada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Ao determinar que mandatos eletivos pertencem aos partidos, o TSE fez justiça -pouquíssimos deputados teriam condições de se eleger sem os votos das legendas- e, ao mesmo tempo, reconheceu a maturidade das instituições partidárias para assumir responsabilidades no nosso sistema democrático.
Os partidos devem responder pelas doações de campanha que recebem. Além de perfeitamente legais, as doações constam da prestação de contas das agremiações. Isso quer dizer que não há nada de secreto, oculto ou escondido aqui.
As informações prestadas à Justiça Eleitoral são públicas e ficam à disposição da imprensa e dos demais interessados. Se alguém mentir ou agir de forma errada, que responda pela transgressão. A base da confiança é a verdade.
Espero, sinceramente, que o Tribunal Superior Eleitoral continue apostando na capacidade dos partidos políticos de administrar sua contabilidade eleitoral e cumprir seus demais compromissos com a sociedade. Aqui no Democratas, partido que tenho a honra de presidir, temos problemas urgentes para resolver.
É o caso, por exemplo, de reapresentar ao país nossa linha de rumo e de divulgar as propostas concretas que temos para aprofundar a democracia com reforma política ampla, instituições fortes, segurança jurídica, segurança pública, saúde, emprego, preservação ambiental e combate à pobreza.

RODRIGO MAIA é deputado federal pelo DEM-RJ e presidente nacional do seu partido.


Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

CLAUDIO WEBER ABRAMO

Medida salutar

FOLHA DE SÃO PAULO - 30/01/10


É positiva a proposta do TSE que busca restringir as doações ocultas a candidatos?


NAS DEMOCRACIAS representativas de matriz liberal, como é o caso do Brasil, os mecanismos de financiamento eleitoral operam sob a tensão da disparidade entre o poder econômico de empresas privadas e o de eleitores individuais. Uma vez que existam empresas privadas, é inevitável que elas procurem influenciar a política. O grau com que se permite isso é aspecto central das legislações eleitorais.
A legislação brasileira é muito mais adiantada do que a de diversos países desenvolvidos. Enquanto no Brasil as contas eleitorais são tornadas públicas logo após cada eleição, não são incomuns situações em que a contabilidade só aparece anos depois.
Na Espanha, por exemplo (onde isso é feito pelo Tribunal de Contas), ainda não se conhecem as contas do pleito de 2006, embora alguns de seus detalhes tenham "vazado" alguns dias atrás ("El País", 25/1).
Tais notícias dão conta de que o Partido Popular, no poder, recebeu 3 milhões de euros de doações anônimas naquelas eleições -as últimas em que se permitiram doações eleitorais sem identificação do doador, algo proibido no Brasil há muito tempo.
De um lado, é fundamental que o poder econômico empresarial seja limitado. De outro, é crucial que os financiamentos sejam conhecidos pela opinião pública, para que se torne possível verificar se os atos dos agentes políticos eleitos são influenciados pelas doações que receberam.
Políticos e empresas não gostam disso e usam artifícios diversos para escamotear a informação. Há artifícios legais e ilegais. Um aspecto da legislação brasileira que estimula artifícios legais é o desvinculamento entre as finanças dos partidos e as finanças de comitês e candidatos em eleições.
Desde 2001, a Transparência Brasil tem apontado para presidentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o fato de que tal desvinculamento permite que empresas façam doações a partidos, os quais repassam o dinheiro a candidatos sem que seja explicitado o nexo entre origem e destino. A lacuna foi finalmente reconhecida pelo TSE, que submeteu a audiência pública proposta de normas para a regulamentação do pleito deste ano.
A regulamentação estabelece que, ao realizarem doações a candidatos, os partidos precisarão alocar (completamente ou por rateio) cada montante a créditos identificados. Por exemplo: "R$ 100 mil ao candidato A, dos quais R$ 20 mil são provenientes de doação da empresa X e R$ 80 mil da empresa Y".
A medida é salutar para reduzir os espaços legais para o exercício oculto do poder econômico em eleições. Quanto aos artifícios ilegais, configuram o chamado caixa dois eleitoral (dinheiro originado de sonegação fiscal que é usado por empresas para financiar candidatos por baixo do pano). Alguns imaginam que o caixa dois eleitoral possa ser coibido pela proibição do financiamento privado, fazendo com que as eleições sejam financiadas exclusivamente com recursos públicos.
A proposição de financiamento público exclusivo é afetada por uma deficiência lógica intransponível, a saber, não faz sentido procurar evitar o caixa dois pela proibição do caixa um. Uma vez que o interesse de empresas de influenciar as eleições e o interesse de candidatos de obter financiamentos persistem independentemente de normas legais, o que se conseguiria com a medida seria induzir a migração de parte do financiamento eleitoral do caixa um para o caixa dois.
Na verdade, caixa dois eleitoral só pode existir porque empresas mantêm caixa dois, e isso é um problema de natureza fiscal, não eleitoral. Coíbe-se a contabilidade paralela apertando-se a fiscalização tributária, muito deficiente na maioria dos Estados e na virtual totalidade dos municípios. (Há ainda caixa dois em refúgios fiscais situados no exterior, a respeito dos quais não há nada a fazer senão tornar mais visíveis as transações financeiras internacionais -algo que horroriza bancos, empresas transnacionais e muitos governos.) Por fim, ao se examinarem regras eleitorais, há um, e um só, fator ao qual se deve prestar atenção: em que medida aquilo que se propõe beneficia ou prejudica o eleitor. O resto é secundário. A medida proposta pelo TSE claramente beneficia o eleitor.

CLAUDIO WEBER ABRAMO, matemático, mestre em lógica e filosofia da ciência pela Unicamp, é diretor-executivo da Transparência Brasil, organização dedicada ao combate à corrupção.

JAPA GOSTOSA

MÔNICA BERGAMO

Vocações

FOLHA DE SÃO PAULO - 30/01/10

A Prefeitura do Rio de Janeiro encaminhou ao Itamaraty sua pré-candidatura para sediar em 2020 a Exposição Universal, que neste ano acontece em Xangai e, em 2015, em Milão. Em São Paulo, a Secretaria de Relações Internacionais estrilou: "Não faz sentido. O Rio sediará a Olimpíada, assim como Pequim. São Paulo é a cidade brasileira com o perfil mais "econômico" da Expo", diz o secretário Alfredo Cotait Neto.

VOCAÇÕES 2
Cotait diz que o pleito carioca pode estar atrasando o endosso do Itamaraty à candidatura paulistana para o evento, em que cidades e países exibem projetos locais e nacionais. A Prefeitura do Rio dá de ombros: "A decisão será tomada em 2011 pelo governo federal".

LULATUBE
O Hospital Português, no Recife, diz ter descoberto quem gravou e espalhou as imagens do presidente Lula chegando lá de cadeira de rodas e barriga aparecendo: o funcionário de uma empresa de segurança terceirizada, pela câmera do celular. Diz que está "tomando providências" a respeito.

SELVAFOLIA
A senadora Marina Silva (PV-AC) não deve cumprir o "ritual presidenciável" de pular o Carnaval em camarotes Brasil afora: vai passar o feriado no interior da Amazônia.

ALTERNATIVO
Reclamando de pouca atenção do poder público, os alagados do Jardim Pantanal (zona leste de SP) têm sido amparados por movimentos de esquerda. O grupo Terra Livre - Campo e Cidade tem representantes a postos para ajudar as famílias e conquistar adeptos.

SAMBA DE BRASÍLIA
O governo do Distrito Federal diz que, além da paulistana Tom Maior, recebeu pedidos para patrocinar enredos sobre os 50 anos de Brasília de escolas de samba de Rio, Vitória e Porto Alegre. Optou por injetar R$ 3 milhões na carioca Beija-Flor por "tradição no Carnaval, mobilização junto ao público e quantidade de títulos".

PANGEIA
Vencedor do último Prêmio São Paulo de Literatura, o romance "Galileia" (Alfaguara), de Ronaldo Correia de Brito, teve seus direitos vendidos para a editora argentina Adriana Hidalgo, que já publicou obras de Manuel Bandeira e Caio Fernando Abreu.

CIGANA E AFRICANA
O estilista Walério Araújo vai assinar o figurino da cantora Claudia Leitte e da apresentadora Sabrina Sato no baile de Carnaval da revista "Vogue", no dia 5. Claudia vai usar uma roupa inspirada nas ciganas, e Sabrina, um "look africano".

VIRA-CASACA
Após o lançamento do leilão de Corinthians e Palmeiras em prol de São Luiz do Paraitinga, o ex-jogador Rivellino, ídolo do Timão, pediu, discretamente, uma camisa do rival assinada por todos os atletas do Verdão.

SONIA ABRÃO
"Éramos fantasmas arrastando correntes"

A apresentadora do "A Tarde é Sua", na Rede TV!, virou "hit" no Twitter depois que o humorista Mauricio Meirelles lançou o tópico #soniaabraofacts (fatos sobre Sonia Abrão). As tiradas são inspiradas nas histórias trágicas mostradas pelo programa:

"Sonia Abrão odeia a esperança porque ela é a última que morre"

"Sonia Abrão usa carro a álcool só pra ter o prazer de ver o carro morrer"

"A Sonia Abrão não gosta de Yakult porque tem lactobacilos vivos"

FOLHA - Ficou sabendo do tópico #soniaabraofacts?
SONIA ABRÃO - Mas mesmo se eu estivesse na Lua eu iria ficar sabendo! O telefone não parou. Meu filho imprimiu tudo e me mostrou.

FOLHA - Você leu o que o Luciano Huck escreveu?
SONIA - Que eu passei o Réveillon em Angra e que vou passar o Carnaval no Haiti, né? Me falaram que o Mion também escreveu.

FOLHA - O Marcos Mion escreveu: "O jogo preferido da Sonia Abrão é aquele decidido por morte súbita".
SONIA - [Gargalhada] Esse eu não vi, mas vi outros engraçados: "Sonia Abrão não faz programa ao vivo. Faz aos mortos". É muito engraçado, não tem jeito. Twitter é assim mesmo. Cada hora eles escolhem um e aí você aguenta. Não é grosseiro, é espirituoso.

FOLHA - Acha que o programa tem muita tragédia?
SONIA - Tem muita tragédia mesmo, mas é o noticiário. A gente andou numa fase muito pesada. No ano passado, então, pelo amor de Deus! Brincávamos que éramos fantasmas arrastando correntes. Agora, temos feito mais matérias de Carnaval, de artistas, para deixar o programa mais leve. Mas aí, de cara, no começo do ano, a gente já pega a Hebe internada. É complicado.
(LÍGIA MESQUITA)

CURTO-CIRCUITO
A PEÇA "Mãos ao Alto, SP!" reestreia hoje, às 21h, no teatro Jardim São Paulo. Classificação etária: 12 anos.
A EXPOSIÇÃO "Brava Gente", de Tide Hellmeister, será inaugurada hoje, às 11h, na Caixa Cultural São Paulo.
A BOATE Pachá realiza hoje, às 23h, o festival Summer Music Culture, com os DJs Paul Van Dyk, Laidback Luke e Anderson Noise. Classificação etária: 18 anos.
O ARTISTA Alberto Nicolau inaugura hoje, às 11h30, o mural "Árvore Subterrânea" na nova estação de metrô Sacomã.
O GRUPO de dança Minik Momdó faz apresentação gratuita amanhã, às 20h, na galeria Olido. Classificação: 18 anos.
O CLUBE A Hebraica realiza a cerimônia do Ano-Novo das Árvores amanhã, às 10h30, com o plantio de árvores no local.

DANIEL BERGAMASCO (interino), com ADRIANA KÜCHLER, DIÓGENES CAMPANHA e LÍGIA MESQUITA

ILIMAR FRANCO

Fumaça branca


O Globo - 30/01/2010
A bancada do DEM na Câmara chegou a um acordo e vai eleger o deputado Paulo Bornhausen (SC) como líder. O deputado Abelardo Lupion (PR) vai retirar sua candidatura. O grupo do presidente da sigla, deputado Rodrigo Maia (RJ), que trava uma queda de braço com o do ex-senador Jorge Bornhausen, resolveu fazer um gesto para tentar unificar o partido às vésperas das eleições.

Divisão dos lucros nas estatais

As centrais sindicais querem incluir as estatais, além das pequenas e médias empresas, na proposta, em debate no governo, pela qual 5% do lucro líquido têm que ser divididos com os trabalhadores. Também querem trocar a palavra “lucro” por “resultado”. “Lucro tem como a empresa maquiar, mas resultado a gente sabe quanto foi”, disse o presidente da Força, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). Outra preocupação é não vincular a divisão do lucro com a negociação salarial. “Não pode ser no mesmo momento da database”, afirmou o presidente da CUT, Arthur Henrique. As centrais aguardam ser chamadas pelo presidente.

Viajar com o presidente Lula é como participar do rali Paris-Dakar. Sabe como é? Se você enxergar água, beba; se tiver comida, coma; e, se aparecer um banheiro, use”

— Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, sobre o ritmo do presidente Lula

MERCADANTE FORA. Apesar de ser citado no PT como a melhor alternativa, devido à resistência de Ciro Gomes, para disputar o governo de São Paulo, o senador Aloizio Mercadante está decidido a disputar a reeleição. Diz que, com a saída dos senadores Tião Viana (AC) e Ideli Salvatti (SC), sua presença é imprescindível na Casa para enfrentar a oposição. “Eu não pude ser ministro por causa disso”, afirmou Mercadante.

Mítico

O que se diz, no núcleo do governo Lula, sobre a volta do ex-ministro José Dirceu ao diretório nacional do PT: ele teve muito poder, hoje tem alguma influência, mas há muita lenda em torno de sua real intervenção política.

Aviso

Embora deixe a porta aberta, nada irrita mais o geralmente cordato governador Aécio Neves (MG) do que tentar convencê-lo a ser o vice do governador José Serra nas eleições presidenciais. Sua vingança costuma ser maligna.

Social em destaque

A mensagem presidencial que será entregue ao Congresso terça-feira, na abertura do ano legislativo, vai destacar o projeto de lei da Consolidação das Leis Sociais, a ser enviado este ano, como uma das principais ações do governo na área social. Dirá que o objetivo é institucionalizar os programas sociais como “políticas de Estado” para garantir que “grandes conquistas” e ações “exitosas” do governo Lula tenham continuidade.

Na Paraíba, PSB quer tirar PT do PMDB

No encontro entre o presidente Lula e o governador Eduardo Campos (PE), com dirigentes do PT e do PSB, os socialistas fizeram apelos para que o PT apoie a candidatura do prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho, ao governo da Paraíba. Campos argumentou com o presidente que se trata da melhor possibilidade para o PSB ampliar o número de governadores.

Hoje são três (CE, PE e RN). O PT é aliado do governador José Maranhão (PMDB), e o PSB está junto com o PSDB.

NÃO É SÓ A MÍDIA que brinca com a agenda de viagens do presidente Lula. No governo, seus ministros dizem que há um programa de “Milhagem FAB”. É assim: a cada dez viagens você folga uma.

O PRESIDENTE da Assembleia do Rio, Jorge Picciani, abriu mão de sua vaga para o Diretório Nacional do PMDB para dar lugar ao ator Milton Gonçalves

O LÍDER do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), vai tomar café da manhã com o presidente americano Barak Obama, quinta-feira, na Casa Branca.

GOSTOSA

CELSO MING

Eles emergem


O Estado de S. Paulo - 30/01/2010
Não é sem esconder certa perplexidade que os dirigentes dos países ricos começam a se voltar para os países emergentes e a avaliá-los com outros olhos.


Antes, preocupavam-se apenas com o risco de quebra de um desses molambentos da América Latina ou da Ásia e o quanto teriam de reservar para cobertura de perdas. Agora, afligem-se quando o crescimento econômico de um desses Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) é alguma coisa menor do que o esperado.

É que a saúde (e não mais a doença) dos emergentes já começa a ficar importante demais para o emprego e para a renda dos países ricos, como ficou claro no encontro de Davos, na Suíça.

A denominação "países emergentes" é tremendamente imprecisa. Há alguns anos o mundo foi arbitrariamente dividido em duas categorias: "desenvolvidos" e "subdesenvolvidos". Depois, ficou entendido que "subdesenvolvido" era politicamente incorreto e deveria ser substituído por "países em desenvolvimento". E, quando se viu que não dá para meter China e Botsuana no mesmo saco, os analistas recorreram ao termo "emergentes" para designar o que entendiam por países mais próximos a serem admitidos ao clube dos avançados.

Assim, com limitações, podemos dizer que está relativamente perto o dia em que os 20 mais importantes países emergentes serão responsáveis permanentes (e não apenas episódicos) pela maior parte do PIB global.

Em apenas oito anos (de 2000 a 2008) os Brics proporcionaram metade do crescimento mundial e, conjuntamente, já exportam mais do que os Estados Unidos. Em dez anos a China será a segunda maior economia do mundo.

Isso começa a passar o recado para os países ricos de que não dá para esnobar os emergentes. Boa parte do faturamento em exportações, das novas oportunidades de investimento e até mesmo das novas fontes de poder global começa a se concentrar nesse grupo.

Enquanto o mundo avançado continua prostrado na recessão, no desemprego, nas dívidas e nos déficits orçamentários, o mundo emergente esbanja energia. Conta com US$ 4,5 trilhões em reservas internacionais.

Foi o grupo menos afetado pela crise e o primeiro a se recuperar. E essa síndrome parece acentuar a percepção já prenunciada por visionários de que este é o momento em que o eixo geopolítico do globo terrestre começa a se deslocar do Ocidente para o Oriente ou, mais precisamente, para a Ásia. Não é nada parecido com o que aconteceu na segunda metade dos anos 50, quando os Estados Unidos ultrapassaram a velha Europa, porque ainda falta muito para um salto desses.

Os emergentes enfrentam mais problemas do que têm soluções a apresentar. O Brasil, que encabeça o acróstico dos Brics, exibe um vigoroso mercado interno e grande capacidade para produzir commodities. Mas ainda não convenceu ninguém de que consegue o almejado crescimento sustentado e seus sucessivos governos se mostraram incapazes de levar as reformas adiante.

A economia russa ainda depende de suas exportações de petróleo e continua refém de um empreendedorismo incipiente eivado de práticas mafiosas.

A China, o mais celebrado dos emergentes, conta com 400 milhões de pessoas marginalizadas. Seu sistema produtivo ainda depende de decisões centralizadas emanadas por tecnocratas e só funciona porque mantém o yuan artificialmente desvalorizado.

E, finalmente, a economia da Índia, respeitada como grande produtora de softwares, ainda está engolfada pela pobreza, pela desigualdade determinada pela sociedade de castas e por uma precária rede de infraestrutura.

Apesar de tudo isso e de tanta coisa mais, a vitalidade dos emergentes impressiona porque está cada vez mais sendo contrastada com a perda de dinamismo dos países ricos.

FERNANDO RODRIGUES

Zumbis

FOLHA DE SÃO PAULO - 30/01/10

BRASÍLIA - Itamar Franco anunciou nesta semana sua pretensão de ser candidato ao Senado por Minas Gerais. Não será o primeiro ex-presidente a voltar para a política disputando uma eleição.
José Sarney saiu da Presidência e mudou seu domicílio eleitoral do Maranhão para o Amapá. Desde 1990, elege-se sucessivamente senador com o voto dos amapaenses. Fernando Collor enfrentou o oblívio com seu banimento eleitoral depois do impeachment, em 1992. Mas voltou como senador eleito por Alagoas, em 2006.
Essas carreiras eleitorais pós-Planalto são exemplos acabados de atraso institucional. Há algo errado quando um país não sabe o que fazer com seus ex-presidentes. Em breve haverá mais um. Lula já é citado como candidato a um terceiro mandato na disputa de 2014.
Fernando Henrique Cardoso absteve-se da política eleitoral, embora sua saída tenha ficado longe da perfeição. Quando estava no poder, o tucano fez uma reunião com grandes empresas no Alvorada e pediu apoio financeiro para sua futura ONG, o instituto FHC.
Ao anunciar sua decisão de concorrer ao Senado, Itamar Franco volta a escancarar o problema. Ele já foi nomeado embaixador sem ter nenhum interesse em diplomacia externa. Mais recentemente, ocupou uma sinecura no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais.
Outro dia, num esforço para ajudar o Haiti, devastado pelo terremoto, apareceram juntos os ex-presidentes dos EUA Bill Clinton e George W. Bush -adversários na política norte-americana. No Brasil, nunca houve uma reunião de ex-ocupantes do Palácio do Planalto em momentos de necessidade.
Não é fácil encontrar uma saída institucional. Mas deixar como está seria desistir de aprimorar o modelo de democracia no país. Não faz sentido ex-presidentes vagando como zumbis à caça de ocupação depois de terem comandado o país.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

RUY CASTRO

À solta nas ruas

FOLHA DE SÃO PAULO - 30/01/10

RIO DE JANEIRO - Todo ano, a 6 de janeiro, Dia de Reis, assim que minha vizinha retira de sua porta a decoração de Natal -dois sininhos prateados e uma coroa de azevinho amarrada com fita vermelha-, aplico à minha a de Carnaval: um saco de filó com confete e serpentina e uma pavorosa máscara de clóvis, tudo comprado na Casa Turuna. Eu e a vizinha nos entendemos: respeito sua opção religiosa, e ela, minha opção pagã.
Daí que, até março, a trilha sonora deste apartamento varia pouco. São marchinhas dos anos 1930 a 1960 e sambas de Carnaval (dos mais nobres, como "Agora é Cinza", de Bide e Marçal, aos mais fuleiros, como "Oba!", do Bafo da Onça) e um ou outro samba-enredo, gênero este que deve ser apreciado com moderação. Amigos de visita, em seus delírios, imaginam sentir no ar um aroma de Rodo Metálico.
O Carnaval já está à solta no Rio, e o impecável site Bafafá On Line relaciona mais de 40 eventos só neste fim de semana, entre rodas de samba, saídas de bandas, ensaios de blocos, bailes à fantasia, concurso de marchinhas e um dilúvio de feijoada quase equivalente à quantidade de chuva em São Paulo. Uma novidade é a volta do Cacique de Ramos e do dito Bafo da Onça, os dois grandes blocos de embalo, esteios do Carnaval carioca desde que Oscar Niemeyer usava chuca-chuca.
Falando em blocos, este ano estou na dúvida entre seguir o Spanta Neném, na Lagoa, o Xupa Mas Não Baba, em Laranjeiras, ou o Perereca Imperial, em São Cristóvão. E não vejo a hora de me postar na fila do gargarejo diante do palanque do rancho Flor do Sereno, em Copacabana, ouvindo aqueles sons de 1920, que são o lirismo e a eternidade do Carnaval.
Parece um milagre, mas, depois de décadas condenado ao Sambódromo e aos aparelhos de TV, o Carnaval está de volta, e para valer, às ruas do Rio.

NAS ENTRELINHAS

A onda de Dilma

Denise Rothenburg

CORREIO BRAZILIENSE

Numa regra de três simples, Lula está para Dilma como José Dirceu esteve para Lula em 2002. Será o estrategista e o coordenador da campanha


A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, começa a se sentir mais à vontade no papel de pré-candidata do PT à sucessão de Lula. E essa mudança de comportamento não se deu apenas em relação às declarações e ao discurso de ontem, durante a inauguração de um gasoduto em Jacutinga, no extremo sul de Minas Gerais. Depois do evento, em entrevista, ela soltou a voz: disse que se “gostaria muito” de ser escolhida como a sucessora de Lula. Até aqui, Dilma sempre dizia que era cedo para tratar de eleição.

O fato de Dilma ter falado abertamente da sua vontade de suceder Lula só veio reforçar o que ela tem feito ao longo dos últimos dias. Quando não está em viagem ao lado do presidente Lula, a ministra já passa boa parte do tempo cuidando da transição de sua equipe na Casa Civil para o grupo de campanha. Uma das maiores preocupações é de que os serviços de acompanhamento dos programas do atual governo não sejam interrompidos quando parte de seus assessores deixarem seus postos para integrar o staff de campanha.

Já está certo que ela irá levar Giles Carniconde Azevedo, o secretário-executivo adjunto da Casa Civil. Ele ficou no comando quando Dilma estava de férias no final do ano passado. Agora, irá para compor o grupo de campanha que cuidará do projeto de governo. As questões administrativas da Casa Civil estão cada vez mais nas mãos da secretária-executiva, Erenice Guerra, advogada que acompanha Dilma desde os tempos do Ministério de Minas e Energia e tem toda a memória dos trabalhos da Casa Civil.

Quanto à equipe de campanha, a intenção dos petistas hoje é dispensar um comando político amplo na equipe que ficará com a ministra, o que foge à regra das campanhas presidenciais anteriores do PT, sempre repleta de partidários e aliados no primeiro plano. Dilma contará com a presença do deputado Antonio Palocci (PT-SP) e do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, pelo menos uma vez por semana, quando não estiverem cuidando das campanhas em seus respectivos estados. E, é claro, a do presidente do PT, José Eduardo Dutra.

A tarefa de coordenação será exercida basicamente pelo presidente Lula, que hoje já cumpre esse papel. Numa regra de três simples, Lula está para Dilma como José Dirceu esteve para Lula em 2002. Será o estrategista e o coordenador da campanha. Dirceu, em 2002, foi o responsável por vários acordos eleitorais que fizeram o PT ampliar o seu espectro da esquerda e vencer a eleição. É o que Lula tentará fazer com a sua ministra.

Os petistas citam João Santana como “consolidado e sacramentado” na posição de número um do marketing. Ele fez a campanha que garantiu a reeleição do presidente Lula e, desde o ano passado, grava todos os programas pilotos com a ministra. Duda Mendonça — apesar dos encontros com a candidata no mês passado, envio de material para análise e até mesmo a torcida de alguns — está fora desse páreo.

Já estão definidos até mesmo os ministros de Lula que farão a ponte entre governo e a candidata. São eles: Franklin Martins, da Comunicação; Alexandre Padilha, de Relações Institucionais e, ainda, o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. Os três, aliás, participam inclusive de quase todas as conversas do comando informal da pré-campanha.

A turma do governo encerra esse período pré-carnavalesco tão animada que arrisca até mesmo apostar que, mais na frente, no final de março, Ciro Gomes deixará de ser candidato a presidente da República para ingressar na nau petista que tentará conquistar mais quatro anos no comando do Planalto. Até porque Lula não quer saber de dois candidatos do governo e o nome escolhido foi Dilma. Se Ciro quiser insistir terá que ser por um viés oposicionista e isso, pelo cenário de hoje, ele não fará. Até porque o PSB tem um portifólio de candidatos a governador que esperam contar com o apoio do PT.

A aposta é sinal de que o partido irá cada vez mais pressionar Lula para que tire o oxigênio de Ciro, de forma a encorpar a candidatura da ministra. Não será surpresa se, quando o presidente estiver de volta na segunda-feira, houver apelos do PT para que ele chame o PTB e o PP para uma conversa do tipo olho no olho em relação à candidata do Planalto.

Afinal, por mais que Dilma esteja mais à vontade e aplicada no sentido de mesclar um futuro projeto de governo num discurso de energia — ela ontem, em Jacutinga, falou do PAC-2 e de enchentes — ainda é Lula quem faz os contatos políticos. Enquanto Dilma não substituir de vez o terninho de ministra pela roupa mais leve de candidata, o presidente é quem tem a popularidade — que é o que costuma atrair aliados — para aproximar os partidos da campanha. Está sendo assim com o PMDB, com o PSB. Foi assim também com o PDT. O almoço só ocorreu depois que já estava tudo certo e sacramentado pelo presidente Lula. E assim será até que o jeito mais à vontade que Dilma demonstrou ontem em Jacutinga — e tem demonstrado em encontros mais reservados — seja parte do dia a dia da candidata. Por isso, neste período, embora ela esteja bem mais solta do que há um ano, não dá para Lula descuidar da pressão.

GOSTOSA

ROLF KUNTZ

Brasil falha na defesa da democracia, diz economista

O ESTADO DE SÃO PAULO - 30/01/2010

Ex-economista-chefe do BID diz que Brasil 'empurrou' Colômbia para os EUA ao se aproximar da Venezuela


Maior economia da América Latina, o Brasil tem falhado em usar seu peso para defender a democracia na região, segundo o economista Ricardo Hausmann, professor de Harvard, ex-economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ex-ministro do Planejamento da Venezuela (99-93). Moderador dos debates num almoço organizado para discussão das perspectivas brasileiras, Hausmann proporcionou com sua cobrança a grande surpresa do encontro. O Brasil está na moda e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro premiado pelo Fórum Econômico Mundial com o título de Estadista Global.

O almoço, marcado para depois da premiação, poderia ter sido um perfeito evento promocional, se o mestre de cerimônias se limitasse a levantar a bola para as autoridades brasileiras chutarem. Ele cumpriu esse papel no começo da reunião. Deu as deixas para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, falarem sobre o desempenho brasileiro durante a crise internacional e sobre as mudanças ocorridas no País nos últimos sete anos. Nem tudo saiu barato: pressionado por uma pergunta de Hausmann, o ministro da Fazenda elogiou o trabalho do governo anterior no controle da inflação e na elaboração da Lei de Responsabilidade Fiscal.

"O Brasil", disse Mantega, "teve um bom presidente antes de Lula." Mas acrescentou, como era previsível, uma lista de realizações a partir de 2003, como a elevação do superávit primário, a expansão econômica mais veloz e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Não faltou o confronto: a economia cresceu em média 2,5% no período de Fernando Henrique Cardoso e 4,2% na era Lula.

O almoço poderia ter continuado nesse ritmo se Hausmann não resolvesse enveredar pela política. Quando a Venezuela fechou a fronteira com a Colômbia, disse Hausmann, o Brasil mandou uma missão empresarial para ocupar o mercado antes suprido pelos colombianos. Quando a Colômbia anunciou um acordo militar com os EUA, Lula convocou uma reunião da Unasul.

É uma questão de pragmatismo, respondeu o empresário Luiz Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Lula. Elogiou o presidente por seu apoio à exportação - "agiu como um homem de negócios" - e acabou chegando ao ponto mais delicado: "A Venezuela compra do Brasil US$ 5 bilhões por ano. Que fazer?"

"O Brasil é signatário de uma Carta que o obriga a defender a democracia", observou Hausmann. O Brasil, disse ele depois ao Estado, poderia ter feito um trabalho mais importante em defesa da democracia, na região, se a sua ação internacional fosse baseada em princípios e não no pragmatismo descrito pelo ex-ministro Furlan. O governo Lula, segundo o economista, deu à Colômbia um motivo para considerar o Brasil não confiável e uma razão a mais para se aproximar dos EUA.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Exportador precisa de estímulo, diz Mantega

FOLHA DE SÃO PAULO - 30/01/2010

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem à Folha que o setor exportador necessita de medidas de estímulos, mesmo apesar da alta de cerca de 8% do dólar em relação ao real neste mês.
"A concorrência internacional se intensificou, o que reduz o preço para o exportador", afirmou o ministro, que participa do Fórum Econômico Mundial, na Suíça.
Mantega não quis adiantar quais seriam as medidas de um eventual pacote. Segundo ele, o governo está fazendo uma análise de exportações, iniciada antes da desvalorização do real.
Redução de tributos é uma das queixas de exportadoras citadas pelo ministro.
Com relação à elevação do dólar, quando indagado se ficara contente com a desvalorização da moeda doméstica, Mantega disse que ficou satisfeito "com o rumo que tomou".
"Não tenho patamar ideal. Acredito que [a alta do dólar] reflete o aumento do deficit em conta-corrente", afirmou.
O fluxo de recursos para o Brasil será mais moderado neste ano. Para o ministro, demorou, mas o mercado percebeu o problema fiscal.
O crescimento econômico deverá ser puxado neste ano pelos investimentos, que devem avançar entre 15% e 20%, segundo Mantega. O ministro citou projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano, entre 6% e 6,5%, consideradas por ele como muito otimistas. Mantega afirma estimar um crescimento menor, entre 5% e 5,5%.

Governo britânico vetou compra do Lehman, diz Paulson em livro
A trajetória do banco norte-americano Lehman Brothers, que quebrou em setembro de 2008 e detonou o agravamento da crise global, poderia ter tido um outro rumo, se o governo britânico não tivesse vetado a venda da instituição para o Barclays.
É o que conta o ex-secretário do Tesouro dos EUA Henry Paulson em seu livro de memórias "On the Brink" (À Beira, em tradução livre), que chega às livrarias americanas depois de amanhã.
Naqueles atribulados dias de setembro, o Barclays negociava a compra do Lehman Brothers. Havia urgência, mas as autoridades britânicas exigiam que os acionistas aprovassem o negócio. Só a autorização do governo do Reino Unido poderia derrubar a exigência, mas ele deixou claro que não o faria, temendo os efeitos da aquisição no sistema financeiro do país. No dia seguinte, o Lehman quebrou.

CILINDRADAS
O ex-piloto de motovelocidade Alexandre Barros aposta no potencial do mercado brasileiro de motociclismo. Ele está inaugurando uma escola de pilotagem em São Paulo e ampliando a sua grife de artigos e acessórios. O curso, que terá início em março, no autódromo de Interlagos, irá focar em técnicas de condução e segurança. Cada módulo do curso, voltado para motos acima de 250 cilindradas, tem duração de um dia e custa de R$ 3.500 a R$ 4.500. "O curso irá preencher uma deficiência que existe nesse mercado", diz Barros. A Four, grife do piloto de acessórios e vestuário, está lançando a sua nova linha, que deve chegar ao mercado nos próximos meses. Barros também está trazendo ao Brasil três novas marcas de produtos para a categoria: as italianas Valter Moto, de acessórios para motocicleta, e Starlane, de produtos eletrônicos, e a inglesa Action Cameras. "Esses produtos irão atender a demanda desse público exigente."

SENTIMENTO EM QUEDA
Depois de ganhar fôlego a partir de abril de 2009, o sentimento dos economistas voltou a apontar pessimismo neste mês, segundo o ISE (Índice de Sentimento dos Economistas), da Fecomercio SP. Os atuais níveis de gastos públicos, taxa de câmbio e inflação foram os fatores que pressionaram para baixo a avaliação dos especialistas sobre a economia. Abaixo de cem pontos, o índice aponta pessimismo. "Os aspectos avaliados pelo ISE, que mede a confiança dos economistas, são diferentes dos fatores que influenciam o índice de confiança do consumidor. Não são só renda e emprego que importam. Para os economistas, o nível dos gastos públicos, principalmente, está preocupante", diz Guilherme Dietze, da Fecomercio.


com
JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e ÁLVARO FAGUNDES

HOLOFOTE

REVISTA VEJA
Panorama

Holofote

Uma conta de 7 bilhões

Andersen Barbosa/F. Press


O governo pensou ter obtido em agosto a maior vitória no campo das finanças públicas na década, depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu que os exportadores haviam perdido o direito ao crédito-prêmio do imposto sobre produtos industrializados, um benefício que os ressarcia desse tributo e foi extinto em 1983. Se eles tivessem vencido a briga, os cofres oficiais seriam sangrados em 70 bilhões de reais. Na semana passada, as tradings resolveram ressuscitar a disputa. Elas acreditam que não foram afetadas pela sentença e recorrerão à Justiça para reaver 7 bilhões de reais. O grupo foi reunido pelo consultor Roberto Gianetti da Fonseca.

A Ryanair no Brasil

Divulgação


A companhia aérea irlandesa Ryanair, que revolucionou o setor ao oferecer passagens baratas em troca do mínimo de serviços aos viajantes, está de olho no mercado nacional. Há vinte dias, seus dirigentes reuniram-se com a Webjet, de Guilherme Paulus. Disseram-se interessados em comprar parte da empresa brasileira. O interesse animou Paulus. A Ryanair avisou que retomará as conversas depois da promulgação da lei que estenderá de 20% para 49% o teto para que estrangeiros participem de empresas aéreas nacionais. A mudança está prevista para março.

Washington Post candango

Antonnio Henriques


Em 2009, o grupo português Ongoing, de Nuno Vasconcellos, lançou em São Paulo o jornal Brasil Econômico. Agora, planeja abrir um novo título em Brasília. O plano é fazer uma publicação destinada ao público geral, para concorrer com oCorreio Braziliense e o Jornal de Brasília. Os portugueses informaram ao governo que querem criar uma espécie de Washington Post brasileiro – que, aliás, se chamaria Brasília Post. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu acompanha a operação – e sabe-se lá o que isso significa. Quer dizer, sabe-se, sim.

Uma fase acre para o PT

Cristiano Mariz


O Ministério Público Federal virou-se contra os dirigentes petistas do Acre. Candidato ao governo local, o senador Tião Viana foi denunciado por propaganda eleitoral fora de época. O ex-governador Jorge Viana, seu irmão, foi envolvido em uma ação mais cabeluda. Os procuradores apontam irregularidades na compra de um helicóptero feita pelo atual governador, Binho Marques. Ele teria pago 2 milhões de reais a mais pelo aparelho, que é fabricado pela Helibras, empresa presidida por Jorge Viana, seu padrinho político.

78% de torcedores

Oscar Cabral


Nada menos do que 78% dos brasileiros adultos dizem torcer por um time de futebol e 49% compraram algum objeto relacionado ao clube do coração em 2009. Os números constam de uma pesquisa inédita encomendada pela CBF para aferir sua imagem e a de seus dirigentes junto à população. Chega a 72% a proporção dos entrevistados que apontam espontaneamente a CBF como o órgão que regula o esporte no país. A avaliação positiva da instituição chega a 52% e a negativa a 22%. Já o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, é aprovado por 53% e rejeitado por 28% dos entrevistados.

Pânico na política potiguar

Tiago Queiroz/AE


O deputado potiguar Fábio Faria (PMN) tem um cabo eleitoral de peso. Desde o fim do ano passado, sua namorada, a apresentadora Sabrina Sato, participa das viagens e comícios que ele faz no interior do Rio Grande do Norte. Filha e neta de vereadores da paulista Penápolis, Sabrina é desenvolta. Desce do palanque, conversa com a população e realça a imagem de galã de Faria, o mais votado em seu estado, em 2006. Os correligionários do moço acham que o apoio de Sabrina lhe renderá milhares de votos. O deputado só não contava com que ela passasse a pensar em se lançar também na política.


EDITORIAL - O GLOBO

Lado negativo


O Globo - 30/01/2010
A entrega do prêmio de Estadista Global do ano de 2009 ao presidente Lula pelo Fórum Econômico Mundial, que se reuniu esta semana em Davos, na Suíça, contribuiu para que a trajetória do Brasil se destacasse nas discussões nesse importante encontro de líderes empresariais, políticos, acadêmicos e renomados analistas financeiros.

O desempenho da economia brasileira durante a crise, assim como os avanços sociais alcançados pelo país, motivaram elogios. Mas, como é característico do Fórum, também foram feitas críticas e algumas observações que servem de alerta para a correção de rumos.

Conhecido por sua visão cáustica a respeito das perspectivas da economia mundial, a ponto de às vezes ser chamado de “dr. Apocalipse”, Nouriel Roubini, que leva no currículo a previsão da crise financeira mundial, falou sobre o Brasil na abertura do Fórum, declarando-se otimista quando ao futuro do país.

Mas disse esperar que o próximo presidente promova reformas estruturais que Lula deixou de fazer.

Roubini tem uma opinião ácida sobre o papel que os sistemas financeiros vêm exercendo no mundo.

Portanto, sua crítica não pode ser rotulada como “neoliberal”. E exatamente o lado negativo que apontou sobre o Brasil foi o fato de o tamanho do governo e da burocracia ser muito grande. “Há excessiva distorção em taxação, e vocês (brasileiros) precisam de investimentos em infraestrutura, numa combinação de investimentos públicos e privados”, frisou. Está correto.

Trata-se de uma questão tão evidente que o próprio governo já nem tenta mais esconder. Para se atingir os objetivos da política fiscal em 2009, o Ministério da Fazenda precisou recorrer a artifícios, contabilizando receitas ainda não totalmente asseguradas e retirando dos gastos certas despesas que talvez não deveriam ser enquadradas no PPI (Projeto Piloto de Investimentos).

Como agora é necessário olhar para a frente, em 20
10 o país não pode correr o risco de repetir, de forma alguma, o desempenho das contas públicas do ano passado. A redução da dívida estatal como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) é peça fundamental para que a economia consiga equacionar seus problemas.

Como afirmou muito bem Roubini, o Brasil precisa ampliar seus investimentos em infraestrutura, e isso não será possível sem que o Estado contenha o ímpeto ao avançar sobre a poupança doméstica e torne o país mais dependente de financiamentos externos. Reduzir o déficit público em 20
10 precisa ser uma das prioridades da política econômica.