O GLOBO - 30/01/10
O título desta coluna é inspirado em um capítulo do livro “Reforma da Previdência”, do economista Fábio Giambiagi, de 2006, porque o tema continua muito atual. O autor, que acompanha o assunto com olhar de especialista, observa que em 2009 se repetiu o que já ocorrera em 2008: houve redução do número de auxílios-doença concedidos pelo INSS, atenuando a expansão do total de benefícios previdenciários
A redução do auxíliodoença é positiva. Decorre do trabalho da fiscalização do Ministério da Previdência no combate às fraudes, que vem obtendo ótimos resultados. Na primeira metade da década, o número de beneficiados triplicou, passando de 492 mil para 1,49 milhão. A proliferação das irregularidades ganhava contornos alarmantes quando o governo começou a combatêlas, em 2005, na gestão de Nelson Machado no Ministério da Previdência. De lá para cá, o número desses benefícios tem caído ano após ano.
Pelo segundo ano consecutivo, a Previdência se beneficia do combate às irregularidades no âmbito do auxílio-doença para atenuar o ritmo de crescimento dos benefícios. Funciona como uma espécie de “amortecedor temporário”, explica Giambiagi.
Em 2008, o número de benefícios previdenciários, excluindo o auxíliodoença, aumentou 3,7%.
E, em 2009, o crescimento foi de 4%.
Entretanto, como a média anual de auxílios-doença caiu 13,4% em 2008, e 7,4%, em 2009, no final das contas, o crescimento total dos benefícios caiu para 2,7% em 2008 e 3,3% em 2009, respectivamente.
— Era esperado — diz Giambiagi.
O economista conta que quando publicou o livro “Reforma da Previdência”, em 2006, um dos capítulos já destacava a possibilidade de que o êxito do governo no ataque às irregularidades flagrantes que ocorriam com o auxíliodoença causasse a impressão de que o problema previdenciário estava diminuindo.
Não é isso o que está acontecendo. E quando o número de auxílios-doença parar de encolher o problema vai aparecer com mais clareza.
— Em algum momento esse processo será concluído e então a dinâmica do gasto do INSS voltará a ser dada pelo que acontece com o número de aposentados e pensionistas — diz.
Essa tendência já aparece nos balanços do INSS.
— Quem abre os dados observa que a taxa de crescimento do número de aposentados por tempo de contribuição aumentou pelo terceiro ano consecutivo, o que é preocupante — destaca o especialista.
Yes, we can
A Boeing está mais confiante em suas chances de vencer a licitação dos caças depois da visita do ministro da Defesa, Nelson Jobim, à Israel. A lógica é a seguinte: Jobim visitou a empresa IAI (Israel Aerospace Industries), que produz peças do caça F-15, da Boeing, usado por aquele país. Para tentar vencer a disputa com a francesa Dassault (dos caças Rafale) e a sueca SAAB (dos jatos Grippen), a empresa norte-americana ofereceu ao Brasil um modelo de parceria e transferência tecnológica que inclui participação de 50 técnicos da Embraer no desenvolvimento da nova geração dos Super Hornets. O pessoal da Boing acha que o exemplo de parceira com a empresa israelense é tentador e pode contar pontos na decisão do governo brasileiro.
Comércio na rede
A internet está consolidada como ferramenta indispensável às grandes redes de varejo na busca por clientes, como mostram os resultados dessa ofensiva, que está sendo monitorada.
A consultoria Imagem Corporativa mediu a avaliação em blogs, twitter e Orkut e constatou que a Rede Ricardo Eletro foi a mais bem avaliada pelos internautas em dezembro, com 70% de comentários positivos. Em seguida, aparecem Magazine Luiza (68%), Ponto Frio (66%), e Lojas Americanas (46%). Pesou a favor da Ricardo Eletro ter patrocinado times de futebol, diz a pesquisa. A rede Casas Bahia, que aparece em quarto lugar (60%) no ranking geral, é a campeã de comunidades no Orkut. São 733 dedicadas à rede, entre positivas e negativas.
Das redes monitoradas, Ricardo Eletro e Magazine Luiza são as que disponibilizam em seus sites o maior número de links para acesso às redes sociais. A cadeia de lojas de Luiza Trajano também possui blog com podcasts e apresentação virtual de produtos. Quase todas possuem link para o canal corporativo no twitter.
Política na rede
O uso da internet também é peça-chave nas eleições deste ano. Como o número de internautas no país dobrou de 2006 para cá —de 35 milhões para 70 milhões — crescem as discussões para saber que impacto essa ferramenta terá sobre o voto dos eleitores.
Este é o principal tema do painel “Blogs, mídias sociais e política” da Campus Party, evento que discutirá inovação tecnológica, Internet e entretenimento eletrônico, neste sábado, em São Paulo. “Embora ninguém ache que a rede seja capaz de decidir a eleição, está crescendo a capacidade da ferramenta de influenciar o voto dos eleitores. O twitter, por exemplo, colocou os eleitores mais perto de seus candidatos e tem funcionado como um instrumento forte de boca a boca”, afirma o diretor de criação da Talk Interactive, Moriael Paiva, que participará do evento.
COM ALVARO GRIBEL
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