quinta-feira, abril 09, 2009

DIOGO MAINARDI - PODCAST

PODCAST
Diogo Mainardi

9 de abril de 2009
  

Texto integral
O ovo da ANP

Recebi um relatório da Polícia Federal sobre a ANP, a Agência Nacional do Petróleo. Fiz um resumo desse relatório em minha última coluna. Está lá: leia aqui.Refere-se a um dos diretores da ANP, Victor Martins, acusado pelos delegados da PF de comandar um esquema de desvio de dinheiro de royalties do petróleo. Tenho de repetir? Não, não tenho, mas repito mesmo assim, com prazer: Victor Martins é irmão de Franklin Martins. De novo? De novo: Victor Martins é irmão de Franklin Martins.

Passei a semana acompanhando as descobertas da imprensa sobre o assunto. E suas descobertas confirmaram plenamente o que eu relatei em minha coluna. Pode ser útil relembrar os fatos, para ajudar aqueles que se interessarem em seguir os acontecimentos. A gente se distrai com facilidade, como as galinhas. Em pouco tempo, em nosso galinheiro, o assunto já estará esquecido. Mas ainda dá para tentar amolar o dono da granja, cacarejando em sua orelha.

Terça-feira. A denúncia sobre o desvio de dinheiro dos royalties do petróleo, envolvendo a ANP, foi a principal manchete do "Globo". O jornal noticiou que já havia um inquérito no Ministério Público para apurar os fatos.

À noite, o Jornal Nacional deu dois furos. Em primeiro lugar, suas fontes na PF admitiram a existência do relatório revelado por mim, atribuindo-o ao setor de inteligência. Em segundo lugar, o Jornal Nacional descobriu que os dados contidos nesse relatório, como aqueles sobre Victor Martins, haviam sido excluídos do inquérito enviado ao Ministério Público. Onde eles foram parar? Foi o que perguntou o procurador Marcelo Freire.

Na quarta-feira, a "Folha de S. Paulo" confirmou que o relatório com as suspeitas sobre Victor Martins e outros funcionários da ANP havia sido produzido pelo setor de inteligência da PF. Ninguém soube dizer por que ele foi sumariamente engavetado.

Na quinta-feira, o "Globo" reconstruiu mais um episódio citado no relatório da PF. Trata-se do caso de Newton Simão, um assessor de Victor Martins que se desligou da ANP e imediatamente passou a trabalhar para a Petrobonus, uma empresa de consultoria da área de royalties do petróleo.

A "Folha", também na quinta-feira, mostrou a caminho a ser seguido. O relatório engavetado pela PF acusava Victor Martins de ter "ajeitado" uma cobrança de royalties da Petrobras no valor de um bilhão e trezentos milhões de reais. A empresa da qual Victor Martins é sócio com sua mulher teria recebido uma comissão de 20%: 260 milhões de reais. Agora a "Folha" publicou o seguinte: "Por recomendação do diretor da ANP, Victor Martins, a diretoria da agência voltou atrás, em 2007, de uma decisão que havia tomado um ano antes e obrigou a Petrobras a arcar com um pagamento adicional de royalties de R$ 1,3 bilhão".

O valor bate direitinho, a data bate direitinho, os envolvidos batem direitinho. Vou continuar cacarejando até botar um ovo.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

Por quem os juros caem


O Globo - 09/04/2009
 

Parece que a queda dos juros no Brasil é uma questão de vontade, algo entre a política e a moral. Seria mais ou menos assim: os juros não caem porque os banqueiros não deixam e o governo não tem a disposição ou a vontade de forçar a derrubada. Fariam parte desse esquema os diretores do Banco Central, pessoas que estariam a serviço do sistema financeiro, não por dinheiro, mas por identidade profissional.

A substituição do presidente do Banco do Brasil, no contexto de uma operação para forçar a queda dos juros, parece confirmar que o governo Lula pensa mais ou menos assim.

Ocorre que a existência de dois grandes bancos públicos no varejo prejudica a tese. A conspiração teria de começar pelos banqueiros privados, que combinariam entre si o nível das taxas de juros. Essa prática, em si, já é difícil de acontecer. São bancos nacionais e estrangeiros, que disputam mercados, além de uns tentarem comprar outros, mas digamos que ocorra um cartel implícito.

Nenhum banco tomaria a iniciativa de romper o status quo.

Mas não faz sentido imaginar que os diretores do BB e da Caixa Econômica Federal participem da conspiração, especialmente quando o presidente Lula, o chefe deles, declara-se “obsessivo” com a derrubada dos juros.

Acrescente a isso que o Banco Central estuda esse assunto, no detalhe, pelo menos desde 1999, quando divulgou o primeiro documento sobre o spread bancário (a diferença entre o que os bancos pagam pelo dinheiro e quanto cobram do cliente, pessoa física ou jurídica, na ponta).

Há, portanto, uma dimensão técnica do problema, a partir da qual o BC tomou algumas medidas. Mas não importa, para o momento, o teor dessa argumentação técnica. O propósito aqui é mostrar que há duas abordagens nessa história, uma que vai pela política, ética e, claro, pela conspiração, e outra que segue pela teoria econômica. Na primeira, a coisa é simples: o presidente manda, os bancos públicos derrubam os juros e forçam os privados a fazer o mesmo.

Pela abordagem econômica, os juros, na ponta final, só cairão expressivamente depois de realizadas várias reformas microeconômicas (cadastro positivo, garantias jurídicas do crédito, regras que impeçam o devedor de adiar o pagamento por anos a fio, e por aí vai).

Não é simples encaminhar essas reformas. Há dificuldades econômicas e políticas. Já na abordagem política não haveria problemas. O presidente quer e ponto final.

Por que, então, Antonio Francisco de Lima, ontem afastado da presidência do BB, não realizou essa missão, mesmo correndo o risco de perder seu emprego? Não seria razoável supor que talvez não seja tão fácil assim reduzir os juros? Mas não. Em vez dessa hipótese, o governo preferiu pensar que faltou a Lima ou vontade ou competência.

Na sua gestão, Lima conseguiu um belo lucro para o banco — mas parece que esse não é o critério. Vários membros do governo disseram que um banco público não precisa lucrar tanto assim.

O que leva a outro aspecto da história, o de que empresas públicas, aí incluída a Petrobras, por exemplo, há outras funções prioritárias que não a de dar lucro. (A propósito, se for isso, seria preciso explicitar, porque há milhões de pessoas e inclusive fundos de pensão de trabalhadores de estatais comprando as ações dessas empresas para garantir aposentadorias.) Voltando aos juros, o novo presidente do BB, Aldemir Bendine, assumiu com o compromisso de ser bastante agressivo na concessão de crédito.

Quer dizer, emprestar cada vez mais dinheiro, fazer um volume maior de negócios, esperando que isso reduza o custo das operações e, pois, os juros. Isso, sabendo-se que bancos estatais têm custos mais pesados que os privados.

Veremos. Convém lembrar que: 1) a crise do subprime nos EUA começou com a determinação do então presidente Bill Clinton para que as agências hipotecárias fossem mais agressivas nos empréstimos, ou seja, emprestassem mais, a juros menores. Fizeram isso e quebraram, mas depois de deixar anos de glória para Clinton, durante o boom da construção; 2) faz uns dez anos, apenas, que o governo FHC teve de colocar R$ 8 bilhões para salvar o BB, quebrado que estava pela prática de emprestar politicamente.

O IDIOTA

PARA...HIHIHI

PIADAS CURTAS

- Doutor, quando eu era solteira tive que abortar seis vezes.
Agora que casei, não consigo engravidar.
- Seu caso é muito comum: você não reproduz em cativeiro.



- Doutor, tenho tendências suicidas. O que faço?
- Em primeiro lugar, pague a consulta.


- Doutor, sou a esposa do Zé, que sofreu um acidente; como ele está?
- Bem, da cintura para baixo ele não teve nem um arranhão.
- Puxa, que alegria. E da cintura para cima?
- Não sei, ainda não trouxeram essa parte.


Após a cirurgia:
- Doutor, entendo que vocês médicos se vistam de branco.
Mas por que essa luz tão forte?
- Meu filho, eu sou São Pedro.


No psiquiatra:
- Doutor, tenho complexo de feia.
- Que complexo que nada.


- Doutor, o que eu tenho?
- Ainda não sei, mas vamos descobrir na autopsia.


- Meu médico é um incompetente.
Tratou do fígado de minha esposa por vinte anos e ela morreu do coração.
- O meu é muito melhor. Se trata você do fígado, você morre do fígado.


- Doutor, vim aqui para que o senhor me tire os dentes.
- Mas minha senhora, não sou dentista, sou gastroenterologista…
e vejo que a senhora não tem nenhum dente na boca.
- É claro, engoli todos.


Um psicanalista no consultório de outro:
- Doutor, venho ao colega para me aconselhar em um caso impossível.
- De que se trata, colega?
- Estou atendendo um argentino com complexo de inferioridade!


O psiquiatra incentiva o paciente:
- Pode me contar desde o princípio…
- Pois bem, doutor! No princípio eu criei o céu e a terra…


- O psiquiatra para o paciente:
- Meu amigo, eu tenho uma boa e uma má notícia para você. A má é que você tem fortes tendências homossexuais.
- Meu Deus, doutor! E qual e a boa notícia?
- A boa notícia é que acho você um gato


- Sabe como diferenciar o psiquiatra do seu paciente?
- O psiquiatra é aquele que tem a chave do consultório.


O paciente chega ao Psiquiatra tímido, cabisbaixo:
- Doutor, eu tenho dupla personalidade.
- Esquenta não, meu filho. Senta aí e vamos conversar nós quatro…


Paciente chega ao médico e se queixa:
- Doutor, estou com dor aqui do lado direito da barriga
e meus olhos ficaram amarelados!
O médico responde:
- Muito bem, e o sr. bebe?
- Obrigado, eu aceito uma dosezinha!


Quandochega um paciente babando e fazendo sons esquisitos
no consultório do neurologista, ele exclama:
- Ai, meu Deus! O que eu faço?
Já quando chega um paciente babando e fazendo sons esquisitos
no consultório do neurocirurgião, ele exclama:
- Ai, meu Deus! O que foi que eu fiz?


No consultório psiquiátrico:
Paciente:
- Doutor, vou lhe contar um segredo: eu sou um galo!
O psiquiatra resolve aprofundar a anamnese:
- E desde quando o senhor acha que é um galo?
Paciente:
- Ah, desde que eu era um pintinho.


Sabem qual a diferença entre um clínico, um cirurgião-geral,
um psiquiatra e um patologista?
O clínico: Sabe tudo e não resolve nada.
O cirurgião: Não sabe nada mas resolve tudo.
O psiquiatra: Não sabe nada e não resolve nada.
O patologista: Sabe tudo, resolve tudo, mas sempre chega atrasado


O cara sofria de amnésia e procurou o médico:
- Doutor, estou com uma terrível amnésia.
- Desde quando?
- Desde quando, o quê, doutor?


Psiquiatra para o paciente bebum:
- O senhor vai parar de beber cerveja, durante um ano só vai beber leite.
- Outra vez, doutor?
- O que, o senhor já fez esse tratamento?
- Já, durante os primeiros meses da minha vida…

GOSTOSA

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ILIMAR FRANCO

Costurando o PT

Panorama Político 
O Globo - 09/04/2009
 

O presidente Lula teve uma longa conversa com o ministro Patrus Ananias sobre as eleições em Minas Gerais, anteontem à noite, no Palácio da Alvorada.

 

Lula pediu a Patrus que se entendesse com o ex-prefeito Fernando Pimentel, pois era preciso o PT unido para fazer uma aliança regional mais ampla, a fim de dar suporte à campanha da ministra Dilma Rousseff. Parte do encontro contou com o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia.

 

A bancada da causa própria

 

O senador ACM Júnior (DEM-BA) deu um ataque ontem com o presidente da CCJ, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), devido à aprovação, na sua ausência, de parecer dizendo que “não é lícito” parlamentares serem diretores ou controladores de empresas de rádio e televisão. “Como você coloca um projeto desse em votação? Você disse na reunião de líderes que não colocaria nada polêmico”, cobrou ACM Júnior. Irritado, arrematou: “Ele contraria interesses meus, do Tasso [Jereissati], do [José] Sarney, do [José] Agripino e do Wellington Salgado, que é vice-presidente dessa comissão.

 

Nós vamos derrubar isso em plenário”.

 

"Existe uma relação sadomasoquista da imprensa com o Parlamento. A imprensa bate, e o Parlamento fica calado. Parece que está gostando” — Silvio Costa, deputado federal (PMN-PE)

 

A CLAQUE DO CARA. Ao abrir seu depoimento na CPI das Escutas Telefônicas, o delegado Protógenes Queiroz agradeceu “ao povo brasileiro que está aqui”. Havia sete integrantes do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade, ligado ao PSOL, e uma claque com uma blusa em que se lia “Protógenes contra corrupção”. Ele não respondeu sobre a Operação Satiagraha e, ao citar Daniel Dantas, o tratava como “o banqueiro bandido condenado”.

 

Pegou mal

 

Ninguém gostou da declaração de Cristovam Buarque (PDT-DF) sobre a possibilidade de convocação de um plebiscito para decidir sobre o fechamento do Congresso. O presidente do PPS, Roberto Freire, bateu: “É uma asneira golpista”.

 

O alvo

 

O plano do PV para Fernando Gabeira é a candidatura ao Senado, e não ao governo do Rio, como quer o PSDB. Diz seu presidente regional, Alfredo Sirkis: “Não vamos colocar nosso projeto em risco para servir de escada para outros”.

 

O PT está ansioso, o PMDB faz cera

 

Os dois principais aliados do governo Lula estão caminhando num ritmo diferente rumo às eleições de 2010. Onde o PT está no poder, os petistas querem acelerar o processo de entendimento e amarrar as alianças com o PMDB. Enquanto isso, os peemedebistas estão empurrando qualquer acordo para o início do ano que vem. Mas no Rio os petistas dão o troco. Sérgio Cabral quer fechar, Lindberg Farias estica a corda.

 

Tucanos mineiros batendo o bumbo

 

O PSDB de Minas comemorava ontem pesquisa Vox Populi que mostra que José Serra é bem conhecido por 30% e Aécio Neves por 13%. Entre os que conhecem bem Aécio, 44% dizem ter grande chance de votar nele, enquanto 32% dizem o mesmo de Serra. “Temos espaço para crescer. Quanto mais Aécio é conhecido, mais forte fica sua candidatura”, disse o deputado Nárcio Rodrigues (PSDBMG).

 

O Vox Populi ouviu 3.948 pessoas, entre 28 de março e 2 de abril.

 

O SENADO vai fechar com um vidro a tribuna de imprensa do plenário para impedir o acesso dos jornalistas ao cafezinho dos senadores.

 

O COORDENADOR da Ação Empresarial, Jorge Gerdau, vai falar sobre a indústria nacional e o sistema financeiro na Comissão da Crise, presidida pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ), na terça-feira.

 

O GOVERNADOR José Serra chamou o deputado Nárcio Rodrigues (PSDB-MG) para uma conversa na semana passada. Disse que estava preocupado com a luta interna e seus eventuais prejuízos para o partido.

MÓNICA BÉRGAMO

"Que seja infinito, porque ele é o cara"


Folha de S. Paulo - 09/04/2009
 

Depois de soprar as velinhas com o também aniversariante Guido Mantega, 60, ministro da Fazenda, no Centro Cultural Banco do Brasil, a primeira-dama Marisa Letícia ganhou uma festa exclusiva no Palácio da Alvorada em comemoração aos seus 59 anos, anteontem.


Uma banda tocava hits das décadas de 60 e 70 e os ministros transformaram o salão em pista de dança.

 

Até Dilma Rousseff chacoalhou quando o grupo atacou com o hit "Dancin Days", das Frenéticas -aquele do "Abra suas asas / Solte suas feras...".

 


Depois da "parte rock"n"roll", como definiu um convidado, o bloco romântico. Lula e Marisa foram saudados com uma chuva de pétalas de rosa, enquanto um violinista entrou tocando "Eu Sei que Vou te Amar".

 

As flores vermelhas também faziam parte da decoração do salão, junto com dezenas de balões da mesma cor e candelabros com velas.


O governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), subiu ao palco para declamar o "Soneto da Fidelidade", de Vinicius de Moraes: "Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito, porque ele é o cara!". E não largou mais o microfone. Emendou um dueto de canções românticas com o ministro José Múcio (Relações Institucionais). No repertório, "Como É Grande o Meu Amor por Você", de Roberto Carlos.

MUNDO PEQUENO
Protógenes Queiroz e Quércia juntos? Quase. O delegado da Operação Satiagraha contratou Fernando Quércia, que é filho do ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP), para integrar sua equipe de advogados. O pai famoso diz que o filho, um dia desses, contou a ele que "o Protógenes queria entrar para a política".

DELEGADO SINDICAL
E, um dia antes de prestar depoimento à CPI dos Grampos, em Brasília, Protógenes se reuniu com parlamentares que o apoiam na casa do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), da Força Sindical. Que também defende que o delegado seja candidato, "mas não à Presidência da República, e sim a deputado federal". E não pelo PSOL, como tem se falado, mas por um partido "mais robusto". Quem sabe, o próprio PDT.

EXAME
Em exames recentes, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) descobriu que seu aneurisma cerebral cresceu de 6 mm para 6,4 mm.

 


A cirurgia a que se submeterá, no entanto, só deve ser marcada depois do julgamento que decidirá se o atual governador do Maranhão, Jackson Lago, sairá do cargo, sendo substituído por ela.

OS NOMES
Em conversa com o presidente Lula, anteontem, o ministro Juca Ferreira, da Cultura, bateu o martelo: envia em breve para o Congresso o nome dos três novos diretores que o governo está indicando para a Ancine, que regula e fiscaliza o cinema: Glauber Piva, que foi secretário nacional de cultura do PT, Paulo Alcoforado, do DocTV, e Manoel Rangel, que será reconduzido à presidência da agência.

CALDO
Ferreira diz também que recebeu sinal verde de Lula para prosseguir na discussão sobre mudanças na Lei Rouanet. "Ele sabia que haveria resistência às mudanças. Me pediu para ter muita paciência e muito diálogo", diz o ministro.

INFORME JB

 As sucessões que passam por SP

Leandro Mazzini

JORNAL DO BRASIL - 09-04-09

Maior colégio eleitoral do país, sede dos principais partidos rivais e casa do líder absoluto nas pesquisas eleitorais para a Presidência da República, a cidade de São Paulo é passagem obrigatória para conversas que já remetem a 2010. A coluna foi então conversar com expoentes do DEM e do PSDB que mandam na cidade e no estado. E das conversas com o prefeito Gilberto Kassab e o governador em exercício Alberto Goldman (foto), depreendem-se estes cenários, a priori: Kassab jurou ao Informe que será prefeito os quatro anos de mandato. A candidatura de José Serra à Presidência está acertada com a cúpula tucana – Goldman já se prepara para nove meses de mandato de governador. E ainda há um longo caminho para Geraldo Alckmin tentar a sucessão de Serra no estado – o que significa que as pesquisas, neste caso, não vão nortear as decisões do PSDB, mas principalmente será mensurado o poder de aglutinação partidária de cada ator. Ou, em outras palavras, Aloísio Nunes tem chances de sair candidato ao Bandeirantes. Mais bastidores amanhã.

Pai coruja Reserva

O ex-ministro José Dirceu entrou no Restaurante Piantella como um rei na noite de terça. Acompanhado do filho, Zeca Dirceu, prefeito no interior do Paraná, foi saudado mesa por mesa. E exaltou o herdeiro para cada um.

Depois, Dirceu e o filho jantaram em espaço reservado no segundo andar, onde tradicionalmente se reúne a turma do... Democratas.

Os vices

Quem apareceu também no restaurante, logo em seguida, foram os vices de Dilma Rousseff, Michel Temer e Geddel Vieira Lima. O presidente da Câmara e o ministro da Integração Nacional jantaram juntos.

Mesa pra dois

A apresentadora Ana Maria Braga e o editor Richard Civita, do Grupo Abril, almoçaram juntos ontem no Parigi, nos Jardins, em São Paulo. Pode surgir nova publicação sobre a loura.

Boi no ar

Um dos maiores frigoríficos exportadores da América do Sul, o Bertin planeja cortar na carne: vender alguns de seus 11 aviões. Na frota, três jatos Cessna.

Apagão

Com um presidente da República, 11 ministros, 10 governadores e 50 prefeitos na pista – cada categoria em seus jatos e bimotores – o aeroporto de Montes Claros (MG) lotou e foi paralisado para operações na segunda-feira, quando do evento dos 50 anos da Sudene.

Apagão 2

Um voo da Trip Linhas Aéreas, que partiu de Belo Horizonte com previsão de pousar às 19h30, teve de voltar para a capital. Só aterrissou às 22h30 na cidade do Norte de Minas.

Pressão alta

Ferve o mercado de drogarias com a crise que chegou. A fusão virou o melhor caminho, e grandes aproveitam para crescer. A rede Pacheco, do Rio, comprou as drogarias Descontão e Bifarma, além de outras 10 farmácias em São Paulo. O grupo Drogasil comprou as redes Santa Mônica e Alquimia.

Sou do Rio

Em encontro com o desembargador Siro Darlan, a deputada Alice Tamborindeguy (PSDB-RJ) recebeu a sugestão de entrar com proposta no Legislativo para que sejam criados nas maternidades cartórios que registrem o nascimento das crianças no Rio. O desembargador está preocupado com a falta de estrutura para a população carente.

Fala, Maciel

Autor de projeto que regulamenta o lobby para dar maior transparência à atividade, o senador Marco Maciel (DEM-PE) faz palestra sobre o assunto segunda-feira, em São Paulo, a convite do Secovi-SP, maior sindicato do setor imobiliário da América Latina.

Pajelança

Os líderes do PDT na Câmara e no Senado realizam terça-feira o seminário A crise e o Brasil, no auditório Freitas Nobre, na Câmara, em Brasília. O partido pretende formalizar uma agenda de discurso para o país.

VINÍCIUS TORRES FREIRE

Juros, BB e o BBB de Lula

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/04/09

Aflição politiqueira parece levar o governo a recorrer a mágicas e milagres ineficazes para estimular a economia


LULA COMEÇA a fuçar a caixinha de mágicas & milagres econômicos. Força a barra no Banco do Brasil. Quer o Bolsa Empresário (cortar imposto de quem não demitir). Renegocia dívidas a granel. Quer repetir em regra a fórmula do IPI dos carros. Parece aflição desorientada e politiqueira.
Subsidiar casas para pobres foi boa ideia -basta implementar. Emprestar a empresas dólares das reservas também, assim como garantir o crédito de bancos menores. Inteligente ainda foi colocar mais dinheiro no BNDES. Se houver bom negócio, haverá financiamento barato. Mas a demanda privada cai. Cai a exportação, o desemprego sobe. As fábricas ficam ociosas. Cai, pois, o investimento. Mais obras públicas e concessões de serviços públicos estimulariam algum investimento. Mas o governo não consegue nem tapar buracos em estradas, como o demonstrou outro dia esta Folha.
Reduzir o IPI de carros foi outra boa ideia, mas pontual e emergencial. Evitou pânico maior, mais demissões, o que teria engrossado desnecessariamente a bola de neve recessiva. Mas, em clima de demanda reduzida e desemprego crescente, reduções de tributos tendem a ser cada vez menos eficazes para estimular o consumo.
O recurso a esquisitices é também evidência de que o governo passou seis anos quentando ao sol, comendo banana e coçando a pereba da perna, como a família do poema de Drummond. O "spread" está alto desde o período jurássico. Qual foi o plano organizado do governo para reduzi-lo, até agora?
O governo quer forçar BB e CEF a emprestar mais e a juro menor. Vai dar certo? Primeiro, falta dinheiro na praça. Segundo, a procura das empresas anda devagar -considere o caso do BNDES. Terceiro, desde outubro de 2008, início da crise, a fatia dos bancos públicos no total de crédito subiu. Até então andava em torno de 34%. Agora está em 37%. É uma mudança forte. Os estatais têm mais gás?
O governo imagina que, se BB e CEF emprestarem mais, a custo menor, tiram mercado dos bancos privados, que seriam obrigados a reagir. Os bancos privados já abriram mão de mercado em troca de rentabilidade e de segurança. De quanto teria de ser o avanço de BB e CEF para a banca privada emprestar mais e a custo menor? Os estatais, como qualquer banco, têm fundos limitados e não podem ficar no vermelho. Mas correriam mais risco de "seleção adversa": de dar mais empréstimo a mais gente sem condição de pagá-lo, risco que os bancos privados tentam evitar.
Isto posto, é provável que os bancos privados exagerem no conservadorismo e no "spread". Os estatais podem substituí-los? BB e CEF tinham, em dezembro, uns 32% das operações de crédito dos bancos comerciais -é peso. Mas os estatais atuam pesadamente em setores largados pelo setor privado, como habitação e agropecuária. Logo, é menor o peso dos estatais em outros setores de crédito caro e escasso. Por fim, os bancos não atuam todos nas mesmas áreas. BB e CEF podem baixar custos em áreas que não afetam os privados, o que não teria efeito nos juros.
O novo BB de Lula tem cara de BBB político. E de desespero.

ELIANE CANTANHÊDE

Jatos e jatinhos

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/04/09

DUBAI - O Brasil tem cerca de 190 milhões de habitantes, um litoral extraordinário, a Amazônia, o Pantanal, rios, cachoeiras, montanhas e um clima invejável o ano inteiro. Mas só atraiu 5 milhões de turistas estrangeiros em 2008.
Já o pequeno, e em certa medida "fake", Dubai, com 1,4 milhão de habitantes, recebeu 10 milhões de turistas de todas as regiões do mundo no ano passado e, com eles, dólares e euros. Teve até de importar mão-de-obra especializada, inclusive competentes jovens brasileiros.
O que Dubai tem que o Brasil não tem? Essa é fácil. Tem decisão política, infraestrutura, planejamento. E não tem sujeira nem violência. O fato de ser uma faixa habitada entre os encantos do deserto e o mar muito azul, com calor todo o ano, ajuda, claro. Mas não chega a ser realmente decisivo. Mais do que as condições naturais, em que jamais poderia competir com o Brasil, pesam as decisões governamentais que tanto faltam no nosso país.
De um lado, o xeque Mohammed al Maktoum preserva a identidade e os direitos básicos dos cidadãos; de outro, investe tudo no turismo e corta impostos. Para começo de conversa, Dubai tem a sua própria companhia aérea, a Emirates, privada, com rotas para todos os continentes. Depois, ele atraiu com terrenos e incentivos as grandes redes hoteleiras do mundo, e os hotéis são fantásticos, para todos os gostos e bolsos. O marketing é a alma do negócio. E do país.
O petróleo, hoje, só responde por 3% a 5% do PIB, contra 20% do turismo. O xeque pode ser o símbolo do passado, com seu regime, seus trajes e suas manias, mas é bem mais moderno do que os políticos brasileiros, em muitos sentidos. No Brasil, os políticos querem jatinhos só para eles próprios voarem por aí.
Em Dubai, o xeque tem lá os seus jatos, mas garante as condições para que os jatos privados (como os recursos, públicos ou não) levem turistas, desenvolvimento e bem-estar para a população. Resultado: não se vê um pobre na rua.

CLÓVIS ROSSI

A casa, a casta, a roupa lavada

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/04/09

SÃO PAULO - A propósito da catarata de escândalos políticos, o leitor Edgard Lopes escreve para perguntar: "Será que esse pessoal não sofreu uma mutação genética que os faz pensar diferente, agir diferente e sentir diferente?".
É possível, Edgard, bem possível. Mas a mutação começou faz tempo e foi tomando formas cada vez mais horrendas. Os políticos transformaram-se em casta, com as exceções de praxe, que são cada vez em menor número.
Onde os seres humanos normais veem o absurdo, os mutantes veem direitos adquiridos. Tome-se o caso dos apartamentos funcionais.
A discussão do momento gira em torno de estabelecer se é mais caro ou mais barato reformar os apartamentos dos pais da pátria e dividi-los para que todos tenham direito a um bom apartamento funcional em vez de gastar dinheiro com o tal auxílio-moradia.
Esse tipo de atalho evidencia o quanto de direito adquirido se sentem detentores os congressistas. Exigem casa, comida e roupa lavada, além de um salário que, para os padrões brasileiros, é bom.
Em vez de discutir reforma x auxílio moradia, o que a sociedade deveria discutir é se seus representantes têm ou não direito a casa, comida e roupa lavada -expressão que estou usando, como é óbvio, para designar o portentoso leque de mordomias de que gozam os congressistas.
Salvo o primeiro escalão da administração pública federal, salvo os governadores, nenhum outro funcionário, público ou privado, têm direito a, por exemplo, moradia. Paga do seu bolso. Ponto.
Por que o congressista é melhor do que os outros? Faz um sacrifício em nome do bem comum? Antes de morrer de rir com minha santa ingenuidade, admita que um ou outro pode até fazer. Mas, ao se candidatar, já sabe disso, e é bem pago para tanto. O resto veio de acréscimo para criar uma casta.

GOSTOSA


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PAINEL

O Marcelo do grampo


RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/04/09

Objeto de muita especulação quando foi deflagrada a Operação Castelo de Areia, a identidade do personagem ‘Marcelo’, que aparece nos grampos da Polícia Federal cobrando de um diretor da Camargo Corrêa ‘aquela tulipa’ para campanhas políticas, sempre esteve clara para um pequeno círculo de entendidos. Trata-se de Marcelo Bisordi, também diretor da construtora. Nessa mesma conversa, Bisordi diz ao interlocutor que a doação não seria ‘por dentro’.
Em Brasília, ele costuma circular com Guilherme Cunha Costa, lobista que presta serviços formalmente à Camargo, mas na prática também à Fiesp. Bisordi é homem da Camargo no projeto da usina de Jirau.

Mimos - Guilherme Cunha Costa costuma colocar veículos à disposição de deputados e senadores, notadamente durante viagens a São Paulo. Diárias em bons hotéis são outro conforto oferecido a parlamentares pelo lobista.

Eterno retorno - Do deputado Fernando Ferro (PT-PE), na tribuna, sobre o fato de FHC ter dito que já venceu Lula duas vezes: ‘Sugiro ao PSDB que o coloque para disputar agora, já que ele é tão competitivo. Podemos propor um terceiro mandato para o Lula fazer essa revanche’.

Currículo - Eni Teixeira Catramby, mulher do consultor da Camargo Antonio Carlos Portugal, atua no cerimonial da Casa Civil. Funcionária de carreira, fazia o mesmo em Minas e Energia quando o ministro era Rodolpho Tourinho, durante o governo FHC.

Liga - O empresariado deve comparecer em peso à posse do deputado José Otavio Germano (PP-RS), terça-feira, na presidência da Frente Parlamentar da Infraestrutura. Augusto Nardes, ministro do TCU e muito amigo de Germano, confirmou presença.

Na carne - Na visita das centrais sindicais ao Planalto, Dilma Rousseff manifestou especial preocupação com o setor frigorífico, que vem numa escalada de demissões.

Rolo - Lula chegou ao encontro com as centrais reclamando de um radialista pernambucano que troca de relógio com o presidente toda vez que o encontra. Rindo, os visitantes sugeriram cuidado com a Comissão de Ética Pública.

Pelo cansaço - Demorou seis meses a campanha do ministro Guido Mantega (Fazenda), no ouvido de Lula, para derrubar Lima Neto da presidência do Banco do Brasil.

Cabide - Contratada pela Gráfica do Senado, a empresa terceirizada Steel Serviços Auxiliares, que abriga parentes de servidores da Casa, também possui contratos com a União na Aneel, na gerência do Ministério da Fazenda na Bahia e na regional do Dnit em Sergipe. A maior bolada recebida até agora foi R$ 590 milhões da Aneel.

Multiuso - A baiana Stell, cujo contrato com o Senado prevê R$ 6,7 milhões, é registrada na Receita com o nome fantasia Detetiza. O serviço no Legislativo é cumprir tarefas de paginação e impressão.

Aperto 1 - A Palma Engenharia Ltda., contratada por R$ 30 milhões para fazer parte da polêmica reforma dos apartamentos da Câmara, teve de pedir empréstimo de R$ 1 milhão ao Bic Banco para não paralisar as obras. O acordo foi selado diante do diretor da Câmara, Sérgio Sampaio, e do quarto secretário, Nelson Marquezelli (PTB-SP).

Aperto 2 - O caso da Palma repete o padrão em que uma empresa apresenta preço muito baixo para vencer uma licitação, mas depois não consegue prestar o serviço. O banco aceitou conceder empréstimo mediante garantia de que o que a empresa recebesse da Câmara seria repassado para amortizar a dívida. A empresa cearense já recebeu R$ 9,6 mi da Casa.

Tiroteio

É a lógica arrogante das empreiteiras, para as quais a preservação do meio ambiente não tem importância. Vale apenas o aspecto financeiro.
De MÁRIO MANTOVANI , diretor da ONG SOS Mata Atlântica, sobre afirmação do gerente de Gestão Ambiental da Dersa, Marcelo Barbosa, segundo quem ‘a natureza é a responsável pelas mortes’ de animais na região das obras do trecho sul do Rodoanel.

Contraponto

A bela e a fera

Transcorria a sessão do Senado que acabou convertida num longo desagravo a Tasso Jereissati (PSDB-CE), após reportagem sobre o usou de sua verba indenizatória para fretamento de jatinhos. A dada altura, Pedro Simon (PMDB-RS) resolveu furar a fila de oradores solidários:
-Deixemos a senadora Patrícia Saboya (PDT-CE) para o fim. A mais bonita é sempre a última!
Em seguida discursou Heráclito Fortes (DEM-PI), que, ao encerrar, devolveu a palavra a Tasso. O tucano anunciou que então era a vez de Patrícia, e Fortes emendou:
-Ah! Acho que agora eu entendi o critério dos oradores: fala um feio e depois um bonito!

DORA KRAMER

Impunidade parlamentar


O ESTADO DE SÃO PAULO -09/04/09


Com todo o respeito que não anda a merecer a instituição, muito do que vem sendo revelado sobre os meios e modos adotados nas internas do Congresso só por concessão é definido como “irregularidade”. Há crimes claros, apropriação de recursos públicos, fraudes para obtenção de vantagem financeira, roubo, em português castiço.

Não existe outra designação possível para o ato de embolsar dinheiro indevido. Receber auxílio-moradia sem “morar”, transferir ao público o pagamento de contas telefônicas particulares, contratar serviços de auditoria para engavetá-los sem usar – como já fizeram a Câmara e o Senado com estudos sobre redução de gastos feitos pela Fundação Getúlio Vargas –, apresentar notas fiscais de despesas inexistentes, ganhar salário sem trabalhar, tudo isso, na essência, configura usurpação.

Pelas leis vigentes no país para todos os cidadãos, ilícito passível de pena de prisão.

No Congresso, contudo, recebem outras denominações: irregularidades, erros, equívocos. Todos passíveis de perdão, mediante anistia, justificativa burocrática amoldada às regras da corporação, pagamento da dívida em questão, demissão do elo mais fraco ou irremediavelmente apodrecido ou simplesmente por um acordo tácito de esquecimento geral.

A presunção é a da inocência mesmo quando o réu é confesso e pego em flagrante. Descobriu-se que a empregada doméstica era paga como assessora parlamentar? Demita-se a moça. A filha do senador gastou R$ 14 mil com celular do Senado? O pai acerta as contas e não se fala no assunto. O diretor foi pego com um dossiê sobre contas telefônicas astronômicas? Puna-se o potencial chantagista ou, pior, informante da imprensa.

A verba indenizatória precisa de limites? Criem-se limites, mas com muito cuidado para que não causem desconforto a suas excelências. Se a restrição for considerada excessiva, revoguem-se as restrições.

Como agora. A Mesa Diretora da Câmara proibiu o uso da verba com despesas de alimentação e contratação de consultorias, bem como vetou a distribuição das passagens aéreas destinadas aos deputados. Quando suas excelências reclamaram, a Mesa voltou atrás e deixou as proibições para lá.

No Congresso nada obriga ninguém a coisa alguma. A vontade dos parlamentares se sobrepõe a qualquer princípio, regra ou valor. Trata-se, portanto, de uma falácia que o Parlamento é um Poder transparente fiscalizado pela sociedade. É, sim, um Poder vulnerável, obscuro, que funciona de costas para a nação, pintando e bordando à revelia de tudo, de todos e das balizas do estado de direito.

Verba no Supremo

Autor da ação popular que em 2007 conseguiu suspender por uma semana o pagamento da verba indenizatória de deputados e senadores, o advogado e ex-deputado federal João Cunha vai recorrer ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal.

Há dois anos, o Tribunal Regional Federal de Brasília revogou a decisão alegando que a suspensão do pagamento do extra “causaria comoção pública e impediria o exercício das atividades parlamentares”.

Em janeiro último, João Cunha apresentou um recurso ao próprio TRF pedindo que o tribunal deixe patente naquela decisão o fato de que a verba indenizatória descumpre legislação federal, pois nasceu de ato da Mesa e não de lei aprovada e sancionada, como reza a Constituição.

Até agora o tribunal não se manifestou.

Cumbuca

O governador José Serra, a cúpula do PSDB e o comando do DEM resolveram tirar, de cima do fim da reeleição para presidente, governador e prefeito, a mão que abençoava a proposta. Aprovada no fim do ano passado na Comissão de Constituição e Justiça, a emenda institui mandato único de cinco anos. O recuo no apoio a um projeto que era comum ao PSDB e ao PT – com o aval direto de Serra e Lula – foi geral.

O ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia, um entusiasta da ideia, prometera nomear a comissão especial para analisar a emenda e não o fez. O sucessor, Michel Temer, outro fã incondicional do fim da reeleição, tampouco fez menção de levar o assunto adiante.

Os motivos da desistência não estão claros, mas é possível detectar indícios. Da parte dos petistas, o arrefecimento do ânimo coincidiu com o convencimento de que a tese de um terceiro mandato para Lula não tinha chance de prosperar.

No tocante aos tucanos, o interesse da maioria era propiciar um entendimento interno, já que o candidato de 2010, se eleito, não poderia concorrer a novo mandato, apressando, assim, a entrada em cena do próximo na fila de espera.

A desistência referida em cálculo de custo-benefício comprova que o motivo da defesa do fim da reeleição não era uma questão de princípio, como alegavam as excelências, mas de conveniência pura.