PODCAST Diogo Mainardi 9 de abril de 2009 |
Texto integral
Passei a semana acompanhando as descobertas da imprensa sobre o assunto. E suas descobertas confirmaram plenamente o que eu relatei em minha coluna. Pode ser útil relembrar os fatos, para ajudar aqueles que se interessarem em seguir os acontecimentos. A gente se distrai com facilidade, como as galinhas. Em pouco tempo, em nosso galinheiro, o assunto já estará esquecido. Mas ainda dá para tentar amolar o dono da granja, cacarejando em sua orelha. Terça-feira. A denúncia sobre o desvio de dinheiro dos royalties do petróleo, envolvendo a ANP, foi a principal manchete do "Globo". O jornal noticiou que já havia um inquérito no Ministério Público para apurar os fatos. À noite, o Jornal Nacional deu dois furos. Em primeiro lugar, suas fontes na PF admitiram a existência do relatório revelado por mim, atribuindo-o ao setor de inteligência. Em segundo lugar, o Jornal Nacional descobriu que os dados contidos nesse relatório, como aqueles sobre Victor Martins, haviam sido excluídos do inquérito enviado ao Ministério Público. Onde eles foram parar? Foi o que perguntou o procurador Marcelo Freire. Na quarta-feira, a "Folha de S. Paulo" confirmou que o relatório com as suspeitas sobre Victor Martins e outros funcionários da ANP havia sido produzido pelo setor de inteligência da PF. Ninguém soube dizer por que ele foi sumariamente engavetado. Na quinta-feira, o "Globo" reconstruiu mais um episódio citado no relatório da PF. Trata-se do caso de Newton Simão, um assessor de Victor Martins que se desligou da ANP e imediatamente passou a trabalhar para a Petrobonus, uma empresa de consultoria da área de royalties do petróleo. A "Folha", também na quinta-feira, mostrou a caminho a ser seguido. O relatório engavetado pela PF acusava Victor Martins de ter "ajeitado" uma cobrança de royalties da Petrobras no valor de um bilhão e trezentos milhões de reais. A empresa da qual Victor Martins é sócio com sua mulher teria recebido uma comissão de 20%: 260 milhões de reais. Agora a "Folha" publicou o seguinte: "Por recomendação do diretor da ANP, Victor Martins, a diretoria da agência voltou atrás, em 2007, de uma decisão que havia tomado um ano antes e obrigou a Petrobras a arcar com um pagamento adicional de royalties de R$ 1,3 bilhão". O valor bate direitinho, a data bate direitinho, os envolvidos batem direitinho. Vou continuar cacarejando até botar um ovo. |