sexta-feira, maio 21, 2010

NELSON MOTTA

Lula Futebol Clube

Nelson Motta
O Globo - 21/05/2010
 
Como Lula adora metáforas futebolísticas, nada melhor para tentar explicar a um amigo inglês, fanático por futebol mas ignorante de Brasil, como é a política do governo Lula.

Contei que o time entrou em campo com a prata da casa, mas logo reforçou a defesa com vários jogadores comprados de times adversários, como os veteranos Jader e Renan, e o veteraníssimo Ribamar, craques em roubar bolas e parar atacantes com faltas.

O “professor” Lula segue a máxima de Neném Prancha, “jogador tem que ir na bola como quem vai a um prato de comida”, mas não contava com a voracidade dos companheiros. Um dos problemas do time é que, muitas vezes, alguém pede bola sem receber, faz corpo mole e abre o bico. Com a defesa batendo cabeça, Lula perdeu o seu impetuoso armador Delúbio e o volante Silvinho “Land Rover”, que distribuía o jogo na intermediária, expulsos por mão na bola.

E quase tomou uma goleada no primeiro tempo. Foi salvo pelo craque Thomaz Bastos, cérebro do meio de campo, que organizou a defesa, resistiu a todos os ataques e ainda virou o jogo na segunda etapa.

Mas o time voltou insistindo em avançar pelo costado esquerdo da cancha, com o bisonho Tarso no lugar de Thomaz Bastos, que saiu exausto, e com as investidas desastradas do canhotinha Amorim, que levaram várias bolas nas costas e dribles desmoralizantes.

Mas no meio de campo os competentes Meirelles e Palocci mandavam no jogo, chutando com as duas, e impondo seu futebol de resultados, sem jogar para a arquibancada.

Quando perdeu seu capitão, o catimbeiro Dirceu, e depois a revelação do meio-campo, Palocci, que levaram cartão vermelho, Lula improvisou o cabeça de área Rousseff como capitão e os perebas Lobão e Geddel como volantes. E mesmo assim está dando uma goleada. Mas a bola ainda está rolando.

Uma originalidade do time de Lula é que, talvez pela fraqueza dos adversários, quase todos os gols que tomou foram feitos pelos seus próprios defensores, como os pernas de pau Valdebran e Gedimar, no fim do primeiro tempo.

Mas sua maior jogada foi instituir o “Bola Família”, que deu 70% da lotação do estádio para a sua torcida.

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Maitê Proença em Chifrone!
JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SÃO PAULO - 21/05/10

O Ahmadinejad mostrou a pomba da paz. Só que ninguém viu. Ela tava de burca!


B UEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
"Bandido ataca policial a dentadas." Qual a alcunha do meliante? BANGUELA! Rarará! E essa: "Guardar cobra é bobagem", diz ex-presidente do Butantan. Tem muita gente no mundo que não acha. Rarará! E no Datena vi o nome de uma cidade hilário: Bom Jesus do Galho.
E quem nasce lá o que é? Corno! Quem nasceu lá é o marido da Maitê Proença na novela Macarrone. Ela passione o rodo em qualquer um! Maitê Proença em PASSIONE O RODO! Ou Chifrone! Ou Corleone!
O Eramos6 revela como foi fechado o acordo entre Brasil, Turquia e Irã. Trocando figurinhas. O Lula gritou: "Arruma um Cristiano Ronaldo que eu dou um Kaká". E o primeiro-ministro turco: "Pra mim só faltam 12". E o Ahmadinejad Tapado: "Finalmente consegui o Adriano". E o Celso Amouriço: "Droga, tirei argentino repetido". Olha, tirar figurinha de argentino já é ruim. Argentino repetido, então, é uma desgraça!
E os Estados Unidos? Precisam de um inimigo. Toda bicha precisa de um companheiro e todo americano precisa de um inimigo. E as sanções contra o Irã? Armas, chiclete, Coca Zero quente e clipe da Lady Gaga! Já imaginou a Lady Gaga de burca?!
O Ahmadinejad mostrou a pomba da paz. Só que ninguém viu. A pomba tava de burca! E ONU por ONU eu prefiro Honolulu! E Cópula do Mundo: todo ônibus de seleção vai ter uma frase. Escolhida pelos torcedores. Frases do busão. Brasil: "De pensar morreu um Dunga". Coreia do Norte: "Vamos bombar nesse Mundial". Argentina: "Gracias, Dunga".
E continuam chegando sugestões de seleção. Melhores que a seleção do Dunga. Qualquer seleção é melhor que a seleção do Dunga! Fala pro Dunga levar o time do Dique do Tororó, de Salvador, Bahia: Bolão, Fubia e Fubuia. Alan Bique, Preto Véio, Painho e JEGUE JAIME! O jegue pega qualquer bola. Como cantava Luis Gonzaga: "O jegue é nosso irmão". É mole? É mole, mas sobe. Ou, como disse o outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece.
Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. Em Carrancas, Minas, tem uma cachoeira que se chama Racha da Zilda! Mais direto, impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil! E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Excomunguei": companheiro padre que comeu um gay! O lulês é mais fácil que o ingrêis.
Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

GOSTOSAS

BRASIL S/A

Chutando o balde
Antonio Machado

CORREIO BRAZILIENSE - 21/05/10

Europa pisca, especulação ataca, Alemanha reage, euro sobe, e a guerra entre titãs continua


Pelo sexto dia seguido os mercados financeiros globais chutaram o balde na Europa, reagindo crescentemente mal aos esforços da União Europeia para limitar o desastre da virtual insolvência da Grécia, tratada pro forma como crise de liquidez, e salvar a credibilidade do euro. Está difícil: a União Europeia nunca esteve tão desunida.

A sensação é que cada país da zona do euro procura, primeiro, seu conforto em meio ao incêndio que ameaça chegar a outras economias pesadamente endividadas da região, como Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e Inglaterra, e só depois o do conjunto. A solidariedade é pouca, e isso numa região que tenta conviver com velhos rancores.

Mais por eles, depois da 2ª Guerra, é que se partiu para a união — que começou com o livre comércio na região e veio dar em 2002 no euro —, que estritamente por razões econômicas. Velhas rivalidades foram trocadas pela convivência pacífica e solidária, bastando aos sócios, em síntese, cumprir critérios de desempenho fiscal — como deficit público de até 3% do PIB e dívida pública abaixo de 60% do PIB — totalmente superados pelo colapso do crédito no mundo.

A economia alemã, a mais forte, sempre foi a referência do euro e da união econômica. Nada perdeu: na Europa está o maior mercado de suas exportações. Mas desde o salve-se quem puder da grande crise global, que vem do fim de 2007 nos EUA, a região não se preparou em bloco para o tranco. Ao contrário, se viu recebendo os fluxos financeiros de países e investidores desconfiados do dólar.

Não atentou que o processo atrairia a atenção dos aplicadores de curto prazo, cujo negócio é arbitrar diferenças de taxas cambiais e de juros, o que inclui os fundos de hedge, bancos e até mesmo as mesas de títulos e moedas dos bancos centrais, e todos de olho nas contas públicas de cada país. É quando se descobre o que se sabia.

A primeira descoberta é que a economia europeia, muito engessada por pactos sociais e pela política do Estado de bem-estar, seria a que mais sofreria com a crise global. Não é pouca coisa: a Europa, em conjunto, é a maior área econômica do mundo. É lá que está, por exemplo, o maior mercado da China — e ambos são, hoje, os maiores importadores do Brasil, deixando para trás os EUA. O tombo do euro não abalaria apenas a Europa. Mas nem isso serviu para sacudi-los.

Grécia foi o estopim
E aí veio o novo governo da Grécia, em outubro passado, e começa a tragédia europeia. Revela-se que a Grécia fraudara suas contas. A dívida e o deficit eram muito maiores do que se suspeitava.

O mercado se retraiu para os títulos da Grécia, esperando o que levou meses para que se confirmasse: o aval da União Europeia para os papéis de emissão de seus membros. A ajuda enfim aprovada de 110 bilhões de euros supostamente garante todos os vencimentos de papéis da dívida pública grega por três anos. O Banco Central Europeu (BCE) mudou de concepção e passou a comprar papéis. Mas a crise seguiu.

União desunida e lenta
Uma semana depois da decisão de lançar uma boia à Grécia, líderes da UE se reuniram para fazer mais: outro pacote, este de até 750 bilhões de euros, incluindo dinheiro do Fundo Monetário Internacional (FMI), para socorrer outros países do euro. Foi pensado para aliviar a tensão sobre Portugal e Espanha, cujas dívidas caminham para o cadafalso.

Também não bastou para esfriar o caldeirão em que ferve o euro. A Europa já se mostrara como uma união de desunidos, sem lideranças fortes, e lerdos para decidir. O pacotão depende de aprovação dos parlamentos, o que ainda está em curso — e a compra de papéis pelo BCE se faz em conta-gotas como se não houvesse uma emergência.

EUA entram na briga
De mal parada a situação na zona do euro recrudesceu para guerra aberta. O mercado desafiou o euro. “Os especuladores não atacam os fortes, só os fracos”, disse Marc Chandler, diretor do Brothers Harriman, um gestor de fundos dos EUA. E Angela Merkel, chanceler da Alemanha, topou a briga. “Esta é uma luta dos políticos contra os mercados”, disse ela dias atrás. “Estou determinada a vencer.”

Anteontem, Merkel proibiu as operações de vendas a descoberto no mercado futuro. E o mercado cuspiu fogo. As bolsas globais caíram ainda mais, as operações interbancárias encolheram e parceiros de Merkel na Europa reclamaram da decisão unilateral.

A luta continua. Nos mercados, a aposta de que o euro cairá a US$ 1,15 em três meses concentra 36% dos contratos. Mas o euro virou de US$ 1,22 para US$ 1,25, com a ajuda não confirmada do Fed, o BC dos EUA, e de outros países. Nada está certo nesta luta de titãs.

Abutres fazem a festa
Enfrentamentos entre coalizões de financistas e governos até hoje só enriqueceram os abutres. O caso mais notório opôs a Inglaterra a George Soros, então um desconhecido, em 1992, e a libra perdeu. Ficou conhecido como “o homem que quebrou o Banco da Inglaterra”.

No fim de 1998, o BC sustentou a cotação do real, para dar tempo a Fernando Henrique se reeleger, e terminou sem reservas, então da ordem de US$ 62 bilhões. Vieram FMI, a maxidesvalorização do real, juros no espaço e recessão. Nos dois casos, conforme a máxima de Soros, havia uma premissa falsa, a moeda forte, e a presunção dos governos de que poderiam peitar o mercado. A Europa esta assim. Hoje, a coordenação entre os países é maior, mas a globalização financeira se dá em tempo real. Sorte que essa briga não é nossa.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Boletim vermelho 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 21/05/2010

Ao voltar ontem de uma mini cirurgia, Paulo Renato encontrou deitado sobre sua mesa resultado desanimador de concurso da Secretaria da Educação. Tudo bem que quase todas as 10 mil vagas abertas na rede de ensino foram ocupadas. No entanto, dos 261 mil professores inscritos, somente 23% atingiram nota mínima para exercer a função. Para a disciplina de física, das 931 cadeiras vagas, só 304 serão preenchidas.

O secretário, no entanto, tem certeza de que o índice vai mudar. Com a nova política de valorização do trabalho dos mestres e distribuição de bônus.

Bola na rede

Da Assembleia Mundial da Saúde, que terminou ontem em Genebra, José Gomes Temporão traz na mala acordo com Michel Sidibé, da Unaids, braço da ONU para o combate ao HIV.

Embalados pela Copa, lançam campanha internacional de quatro anos contra a doença, com o slogan: "De Soweto ao Rio de Janeiro, dê cartão vermelho à Aids".

Medo de altura

Lideranças do PSDB carioca tentam convencer Serra a fazer um giro por favelas da cidade. "Em 2002, ele subiu o morro só uma vez. Agora, temos a certeza de que ele fará algo mais do que uma simples caminhada", antevê Andrea Gouvêa Vieira, vereadora influente em comunidades carentes do Rio.

Oxente, bichinho

Mickey vai aparecer no Pelourinho disfarçado de nativo. Pelo menos em estampa de roupa e de papelaria. Trata-se de uma ofensiva da Disney para conquistar consumidores do Nordeste, principalmente os das classes C e D.

Artistas locais estão sendo convocados para repaginar o personagem americano.

Força na peruca

Antes de ir para a concentração, Kaká deu tapa nas madeixas, anteontem, no salão de Wanderley Nunes, no shopping Iguatemi. Com direito a uma confusão de fãs tentando invadir o local.

O jeito? Tirar o craque, já aparado, pelos fundos.

Força na peruca 2

Nunes propôs que o jogador fizesse um corte argentino -aquele mullet. Mas o craque não quis de jeito nenhum. "Faz corte brasileiro mesmo que eu prefiro."

Código de barrados

Passaportes azuis, aqueles novos emitidos pela Polícia Federal, têm apresentado problemas no código de barras. A assessoria de imprensa da PF em Brasília diz que "desconhece o caso". Mas fontes do posto policial do aeroporto de Guarulhos confirmaram a falha.

Desceu quadrado

Não teve jeito. O comercial da Brahma com Cafu, em que ele conta seus percalços de infância, foi vetado de vez pelo Conar.

O filme acaba de perder recurso e não pode mais recorrer.

Sonho meu

O sucesso da estreia da série de recitais na Osesp deste ano, com Ewa Kupiec, trouxe à tona um sonho antigo da diretoria da orquestra: construir uma sala para concertos de câmara no 4º andar da Sala São Paulo. Para 700 pessoas.

Para tanto, estão analisando se a concorrência com o complexo cultural da Nova Luz, que será construído em frente à sala, não será fator impeditivo.

Árvores frutíferas

Charlotte Gainsbourg deve vir da França para o Brasil para o lançamento de seu filme A Árvore, escalado para a Mostra Internacional de SP, em outubro. A atriz foi convidada pessoalmente em Cannes pela turma da produtora Pandora Filmes.


NA FRENTE
Juca Ferreira bateu o martelo. Combinou com Gabriela Canavilhas, ministra da Cultura de Portugal, anteontem, de montar no Rio de Janeiro o primeiro Congresso de Cultura dos Países de Língua Portuguesa. Em novembro.

A Euro RSCG venceu concorrência para atender o Banco Votorantim.

Depois dos ingressos dos shows de John Pizzarelli se esgotarem em meia hora, o Bourbon Street decidiu: terá apresentação extra, dia 28.

O CCBB encomendou caricaturas dos onze jogadores da Seleção para time de cartunistas como Mauricio de Souza, Ziraldo e Henfil. A mostra Craques do Cartoon na Copa chega em junho.

Roberto Toscano de Almeida, músico brasileiro, é um dos quatro premiados do Toru Takemitsu Composition Award 2010. A ser entregue dia 30 em Tóquio.

Maria Bethânia vai energizar os ingleses. Parte, em julho, para fazer temporada de shows em Londres.

Abre, amanhã, no Memorial da Resistência, a individual de Elifas Andreato, As Cores da Resistência.

De David Letterman, na TV, sobre a Grécia: "Parece cunhado, só dá despesa".

O ESGOTO DO BRASIL

RUY CASTRO

Dilma, vida e obra
RUY CASTRO

FOLHA DE SÃO PAULO - 21/05/10

RIO DE JANEIRO - Quando se trata de escrever uma biografia, há duas maneiras de fazer o serviço: deixar que a vida ilumine a obra do sujeito ou vice-versa. Na verdade, só os livros que se baseiam na vida de uma pessoa podem ser chamados de biografias. Os que privilegiam a obra como um meio de se chegar à vida são, mais precisamente, ensaios biográficos.
Só acredito na primeira opção -entre outras coisas, porque nem sempre a obra reflete a vida de alguém. Já um mergulho na vida desta pessoa poderá revelar inclusive a possibilidade de ela estar tentando se esconder em sua obra.
Uma bela caixa com oito CDs, "Os Anos Dourados de Dolores Duran", organizada por Rodrigo Faour e recém-lançada, prova isso. A suave melancolia que atravessa a obra de Dolores como cantora e compositora fez com que os pósteros a vissem como uma mulher triste e solitária na vida real. Pois nada menos verdadeiro. Ela era alegre e vivaz, cheia de amigos e namorados. Morreu em 1959, aos 29 anos, porque tinha um problema congênito no coração -para o qual não dava bola.
O mesmo para quem se propõe a descrever escritores como Lucio Cardoso e Otto Lara Resende a partir de seus romances. O Lucio boêmio, festeiro e gregário não se confundia com seus personagens sexualmente atormentados, assim como Otto, pragmático, cético e frasista, também não parecia corroído por dúvidas religiosas mortais.
Tudo isso é para advertir os biógrafos de Dilma Rousseff, que não demorarão a pulular. Em sua obra pré-eleitoral, ela às vezes é Norma Bengell; em outras, Nelson Mandela. De manhã, é católica; à tarde, evangélica; à noite, macumbeira. Seu currículo inclui diplomas e créditos de faculdades que não frequentou. Tudo que diz lhe é soprado ao ouvido. Qual é a vida, qual é a obra? Hoje nem Dilma deve saber.

MÔNICA BERGAMO

Clube da esquina 
Mônica Bergamo 

Folha de S.Paulo - 21/05/2010

É grande a incerteza nos meios futebolísticos sobre a probabilidade de os estádios privados de futebol -Morumbi, em São Paulo, Arena da Baixada, em Curitiba, e Beira Rio, em Porto Alegre - apresentarem garantias para obterem financiamento do BNDES e promoverem as reformas necessárias para a Copa de 2014.

O prazo acaba em junho. O São Paulo F.C., por exemplo, pretende apresentar receitas da exploração de camarotes e lojas do estádio para viabilizar a operação.

ESQUINA 2
"Tem uma porrada de coisas aqui [na área de camarotes corporativos, lojas e bar]. No ano passado, a renda disso chegou a R$ 45 milhões", diz Juvenal Juvêncio, presidente do SPFC. O valor está abaixo do que se imagina necessário emprestar para as obras. Juvêncio diz que não vê problema. "Meu orçamento é de R$ 200 milhões, isso aqui não é clube de esquina! E vamos ter 15 anos para pagar [o financiamento do BNDES]."

NÃO É A MOOCA
A praça Cidade de Milão, que tem 22.000 m2 e fica ao lado do parque Ibirapuera, passará por uma grande reforma. As grades serão retiradas e o piso e o passeio do espaço, inaugurado em 1960, trocados pela Secretaria das Subprefeituras.

CARINHO
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) telefonou para o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) para amenizar o estrago das declarações de Marta Suplicy (PT-SP). Há alguns dias, comparando o tratamento que se dava a Dilma Rousseff (PT-RS) e a Gabeira, ambos ex-guerrilheiros, a petista declarou que "esse sim [Gabeira] sequestrou". "Ele disse que tem muito carinho pela Marta. Em algum momento, eles vão dialogar", diz Suplicy.

HOLOFOTE
Para Gabeira, "o episódio está superado, sem ressentimentos. Conversei com o Suplicy e com parlamentares do PT. Não foi nada articulado". Um dos comandantes da campanha petista diz que Marta perdeu uma boa chance de "ficar calada. Ela levantou um tema [Dilma e a guerrilha] que não nos interessa discutir". Marta não foi encontrada para comentar.

ACHEI!
Fernando Henrique Cardoso está descobrindo o mundo árabe. Ele, que quando era presidente jamais visitou um país da região, pediu à Câmara de Comércio Árabe-Brasileira que traduzisse seu livro "Dependência e Desenvolvimento na AL" para distribuir naquela parte do globo. "Ele nos disse que a obra foi traduzida em várias línguas, menos em árabe", diz Salim Schahin, presidente da entidade. Os primeiros 5.000 exemplares devem ser distribuídos no Líbano.

EM COMUM
O fato de não ter visitado os países árabes quando exerceu a Presidência não diferencia FHC de seus antecessores. Schahin ressalta que, antes do presidente Lula (que visitou, entre outros, Síria, Líbano, Emirados Árabes, Egito e Líbia), só dom Pedro 2º colocou os pés na região.

DESPEDIDA
A Câmara, por sinal, prepara homenagem da comunidade árabe ao chanceler brasileiro, Celso Amorim.

OLHO NO SHOW
O cinegrafista americano Ryan Short está no Brasil para filmar o show do grupo Mudhoney hoje, no clube Clash. Ele prepara um documentário sobre a banda de Seattle.

MAIS UMA BOLSA
O governo vai lançar o Bolsa Artista, em parceria com Portugal. O programa vai fomentar o intercâmbio entre os dois países e está sendo negociado pelo ministro Juca Ferreira (Cultura) e sua colega lusa, Gabriela Canavilhas. O valor e a quantidade de bolsas, destinadas a artistas, técnicos e gestores da área, ainda não foi definido.

MÃE DA MALOCA
Eva Wilma volta aos palcos em novembro com "Adoniran, o Musical", espetáculo que conta a vida de Adoniran Barbosa. Ela interpretará a mãe do compositor na peça dirigida por Rubens Ewald Filho.

HOMENS-PLACA
O Palmeiras prepara ofensiva contra a oposição do Verdão, contrária ao projeto da nova Arena Palestra Itália. A diretoria vai distribuir panfletos para sócios e torcedores nos acessos de sua sede, no fim de semana. A apresentação do projeto, para votação no conselho do clube, começa na segunda.

MODA
Gisele Bündchen tamanho GG 
"Deus me livre, não quero nem ver mulher gorda! A Mega é lugar de mulher bonita", afirma Eli Hadid, dono da agência de modelos Mega.

Sorte das gordinhas que nem todos têm a mesma opinião de Hadid -e que elas começam a ser acolhidas no Brasil. A agência Ford Models inaugurou no fim de abril um núcleo para modelos "plus size" (tamanho grande), que já conta com dez mulheres -sete estrangeiras e três brasileiras. Os manequins variam de 40 a 48.

A carioca Fluvia Lacerda, 29, chamada de "Gisele Bündchen GG" nos EUA, é a estrela da agência e está no Brasil nesta semana para ajudar a divulgar a novidade.
Radicada há 12 anos em Nova York, Fluvia, manequim 48, 1m73, foi descoberta dentro de um ônibus, quando trabalhava como babá, por uma editora de moda. "Ela sugeriu que eu procurasse uma agência especializada em gordinhas. Fui e deu certo", diz.

A modelo afirma que nunca fez dieta -tem o mesmo manequim desde a adolescência- e que sempre foi muito bem resolvida. Mas não revela o peso. "Nunca me peso. Pra mim, isso é apenas um número", diz.

Fluvia, que faz campanhas para grifes nos EUA e na Europa e já saiu em revistas como a americana "Glamour", não revela seu cachê. Com o dinheiro que ganhou em cinco anos de profissão, comprou um apartamento em Nova York, onde vive com o marido e a filha de nove anos. "Não defendo que a mulher fique no sofá comendo batata frita e bolo. Só que ela se respeite como é e se sinta bem com seu corpo. Eu cuido da minha alimentação, gosto de um bom prato de comida. Ando de bicicleta, malho. Não sou sedentária. Só não faço dieta."

CURTO-CIRCUITO
A EXPOSIÇÃO "Tereza D'Amico - Trabalhos 1957-1965" será inaugurada amanhã, a partir das 11h, na Pinacoteca.

A ATRIZ Adriana Birolli, da novela "Viver a Vida", estreia o espetáculo "Manual Prático da Mulher Desesperada", hoje, às 21h30, no teatro Jaraguá. Classificação etária: dez anos.

O CONTADOR de histórias Ilan Brenman e a chef Joana Leis promovem hoje, às 19h45, o evento Degustação de Histórias, na Livraria da Vila da rua Fradique Coutinho. 16 anos.

A BANDA Roupa Nova faz show no dia 2 de julho, no Credicard Hall, para comemorar 30 anos de carreira. 14 anos.

A FESTA "Hollywood", com os DJs da FunHell e Laís Pattak, acontece hoje, às 23h45, no clube Glória. 18 anos.

GOSTOSA

DIÓGENES DEL BEL

É preciso avançar quanto a resíduos sólidos
DIÓGENES DEL BEL
FOLHA DE SÃO PAULO - 21/05/10

A Política Nacional de Resíduos Sólido é projeto de lei ambicioso, mas que, por si só, não traz de imediato nenhum grande avanço


FINALMENTE , depois de 19 anos, o Brasil está próximo de ter uma política pública para tratar da questão dos resíduos sólidos.
O projeto aprovado pela Câmara não é tão progressista e transformador quanto poderia, mas reflete o consenso obtido e merece ser aprovado pelo Senado -se possível, incorporando alguns avanços.
No início do mês, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que, se fosse resumir a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a uma postagem no microblog Twitter, esta seria: "Acabar com os lixões".
Mas é bom esclarecer: políticas públicas não se resumem à edição de leis -elas são formadas pela lei e somadas à gestão pública.
E é aí que reside a fraqueza do Estado brasileiro: 61% dos municípios ainda dão destinação inadequada a 27 milhões de toneladas de resíduos urbanos por ano (48% do total gerado), apesar de lixões e os chamados aterros controlados (os que adotam algumas medidas de mitigação mas não estão adequados à proteção do meio ambiente) já serem considerados crime desde a Política Nacional de Meio Ambiente, de 1981.
A lei existe, mas a aplicação é falha.
A PNRS é projeto de lei ambicioso, mas que, por si só, não traz de imediato nenhum grande avanço em padrões de qualidade ambiental e modelos de gerenciamento de resíduos.
Não avançou, por exemplo, em estabelecer prazos e condições para a armazenagem temporária de resíduos industriais, situação que tem levado à formação de grandes passivos ambientais. É mais indicativo do que determinativo, e mais genérico do que específico.
Sua importância está em promover o alinhamento de diretrizes e em criar o espaço legal e institucional para um grande processo de regulamentação, o qual só trará avanços concretos se vencidas as enormes resistências a medidas mais progressistas.
Para os municípios, responsáveis legais pela gestão dos resíduos urbanos, os grandes desafios continuam sendo universalizar a destinação adequada do lixo urbano, diversificar o uso de tecnologias (reciclagem, compostagem, recuperação energética e aterro sanitário), encerrar os lixões e recuperar as áreas contaminadas.
Para tudo isso, é claro, é necessário obter recursos para investimento e custeio, por repasses de verbas públicas ou cobrança direta dos cidadãos.
As empresas responsáveis pelos resíduos industriais terão que aperfeiçoar o gerenciamento de resíduos e exigir que seus fornecedores e subcontratados façam o mesmo.
Para a reciclagem, o projeto traz as primeiras diretrizes que possibilitarão ampliar seus horizontes para além da mera vantagem econômica, mas só quando forem estabelecidas metas obrigatórias e controles eficientes alcançará regiões e cadeias produtivas nas quais não gera ganhos.
A responsabilidade compartilhada pelos resíduos pós-consumo continua uma incógnita. Apesar do projeto tê-la como eixo inovador, as grandes definições de metas, prazos e modelos de logística reversa foram deixadas para a regulamentação e os acordos setoriais. Será aqui que desembocarão as mesmas divergências que retardaram por anos sua aprovação.
Do ponto de vista da aplicação dessa política pública, um grande desafio para os órgãos ambientais será equipar-se com instrumentos de gestão mais eficientes. Hoje, controle e fiscalização são feitos de modo precário e fragmentado. Seria necessária maior integração de processos e sistemas informatizados, mas o projeto não deu ênfase a isso.
Há ainda o problema da insegurança jurídica, resultante do uso de "conceitos jurídicos indeterminados". Será que todas as autoridades públicas e juízes interpretarão do mesmo modo expressões como "depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação" e "não apresentem outra possibilidade"?
Não é uma questão trivial. Dessas interpretações dependerão atos como conceder ou não uma licença ambiental e julgar legal ou ilegal uma atividade. Isso levará à falta de isonomia entre Estados e municípios.
Quanto à erradicação dos lixões, o projeto é flexível demais. Primeiro, estabelece um prazo longo, de até quatro anos, para os municípios substituírem-nos por aterros sanitários.
Mas, no mesmo artigo, esse prazo é flexibilizado, "conforme condições e necessidades da região".
Em suma, ainda há uma série de ajustes necessários para que a PNRS cumpra seu papel de trazer clareza e servir como fundação para o estabelecimento de um marco regulatório para o setor de resíduos.
DIÓGENES DEL BEL , 53, é diretor-presidente da Abetre (Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos).

JOÃO MELLÃO NETO

Somos mesmo Terceiro Mundo!
JOÃO MELLÃO NETO 
O Estado de S.Paulo - 21/05/10

Quase ninguém se encoraja a abordar esse tema, mas é preciso que seja dito: o papel que o Brasil vem exercendo na diplomacia internacional é visto pelos especialistas como tolo e ingênuo, além de macular a nossa autoimagem de país sério.

Aqui, na América do Sul, onde a nossa maior praga política, o populismo, renasce com força, não somos vistos como uma liderança, como deseja o governo. Quase todos os nossos vizinhos nos encaram como "o primo rico". Ou seja, aquele que tem sempre a obrigação de "pagar a conta".

O Chile - nosso atualmente único colega de subcontinente em condições de chegar ao Primeiro Mundo - nos ignora.

Já a Argentina - que foi realmente uma potência mundial até meados do século passado - vive nos chantageando para que o Mercosul não seja desmantelado. A todo momento o governo platense apresenta uma nova barreira comercial protecionista contra os produtos de exportação brasileiros, sob o enganoso pretexto de estar protegendo a sua economia nacional e seus interesses contra a "falta de simetria econômica" entre as duas nações. Ou seja, o mercado interno brasileiro está - e assim tem de permanecer - escancarado às investidas dos poucos produtos argentinos que têm preço competitivo. Já o mercado argentino está travado por barreiras contra o Brasil. "Muy hermanos" esses nossos vizinhos. Mas os problemas que eles nos criam se resumem a isso. O governo "peronista" de Christina Kirchner não precisa de uma "mãozinha" política do Brasil. Os argentinos são muito orgulhosos e não aceitam favores desse tipo provenientes dos brasileiros.

Com relação à Venezuela, é diferente. Hugo Chávez praticamente comprou a simpatia e a boa vontade dos argentinos. Para tanto se dispôs a assumir razoável parcela da dívida interna argentina. A Venezuela dispõe de recursos suficientes para tais atos de generosidade. Eles provêm do seu petróleo. Com tais divisas disponíveis, o "bolivarianismo" - o novo socialismo latino-americano - está sendo exportado para todo o continente. E, atualmente, os grandes líderes políticos da região são os venezuelanos, e não os brasileiros.

Seria natural que nós usufruíssemos tal condição. Afinal, o Brasil é o maior país do continente latino-americano - tanto em extensão territorial como em população e também em poder econômico. Mas a opção de nossos atuais governantes tem sido a de alimentar a nossa "consciência pesada" com relação aos nossos vizinhos. E eles bem sabem se aproveitar disso.

Evo Morales, na Bolívia, chegou ao poder com um discurso claramente antibrasileiro. Segundo ele, o Brasil, no passado, teria abusado da boa-fé boliviana para comprar o Acre "pelo preço de um cavalo". Como pouca gente, por aqui, conhece bem a História, a versão pegou. E serve, agora, para alimentar nos brasileiros um insuportável sentimento de culpa.

Obviamente, não foi bem assim. E o que estamos pagando à Bolívia como uma forma de compensação tardia tem um preço muito elevado. Compramos o gás natural que eles produzem. O problema é que a nossa produção interna de gás é mais do que suficiente para atender às demandas da economia. O gás proveniente da Bolívia está literalmente sobrando. Mas jamais nos ocorreu suspender o contrato. E os líderes bolivianos vão, para sempre, continuar falando mal da gente.

No Brasil, as nossas esquerdas sempre alimentaram o discurso antiamericano. Ninguém percebe, por aqui, que, para os nossos vizinhos, os grandes imperialistas não são os norte-americanos, mas sim os brasileiros.

O atual governo do Equador, que apregoa ser nacionalista, começou a sua gestão estatizando várias empresas brasileiras. Foi uma atitude que pegou bem por lá. Ainda mais porque os nossos dirigentes aceitaram isso sem reclamar.

Agora, no Paraguai, o ex-bispo "progressista" Fernando Lugo venceu as eleições presidenciais prometendo renegociar o contrato de Itaipu, mais do que decuplicando o preço que o Brasil paga pela sua energia. Ainda não aconteceu nada, mas as nossas autoridades já deram seguidas demonstrações de que a boa vontade brasileira com relação ao pleito é imensa.

O apoio incondicional que o nosso governo tem dado a Hugo Chávez contradiz, na prática, o compromisso brasileiro com a democracia e as suas instituições. O mesmo argumento vale para Cuba. O nosso governo, para tanto, faz vista grossa a todos os atentados aos direitos humanos que por lá ocorrem.

Resultado: não logramos ser líderes de nada, na América Latina. Passamos até por alguns ridículos, como o de Honduras.

O nosso presidente foi convencido a visitar um monte de nações insignificantes da África como forma de se projetar no mundo. Em vão.

A maior cartada do nosso governo foi a suposta intermediação na questão do Irã. Para isso demos guarida institucional ao ditador de lá, quando o resto do mundo evita fazê-lo. O homem é um vira-lata internacional. E o que conseguimos com isso? Nada, além do vexame que protagonizamos nos últimos dias.

Presidente, não seria hora de repensar nossa política externa?

Os seus assessores na área, nos últimos oito anos, têm lhe garantido que tais iniciativas tortuosas serviriam para que obtivéssemos uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Nunca estivemos tão longe disso. As nossas insólitas e erráticas investidas diplomáticas, ao contrário, criaram uma imagem do Brasil como um parceiro pouco confiável.

Presidente, ainda é tempo de botar esses incompetentes na rua!

CAIXA 2, 3, 4.....

MERVAL PEREIRA

Sujou a ficha
Merval Pereira
O GLOBO - 21/05/10

Está mais uma vez nas mãos do Judiciário o aperfeiçoamento de nosso sistema eleitoral, e desta vez a “judicialização” da política se dará por culpa expressa do corporativismo dos congressistas, que deturparam o projeto de lei da Ficha Limpa o mais que puderam, até o último minuto de votação no Senado

O “aperfeiçoamento” final ocorreu apenas no texto, a chamada emenda de redação, segundo a explicação oficial, mas na verdade representa uma tentativa derradeira de distorcer o espírito da lei.

Em busca de “harmonia estilística”, o senador Francisco Dornelles alterou os tempos verbais em alguns artigos da lei, de maneira que as novas regras, que seriam aplicadas aos políticos que “tenham sido condenados”, ficaram valendo apenas para aqueles “que forem condenados”.

Seria muita ingenuidade imaginar que o senador Dornelles, uma das últimas raposas políticas em atuação no Congresso, estivesse preocupado com o estilo legislativo do projeto.

A partir dessas mudanças verbais, abriu-se uma grande discussão jurídica que pode retardar a entrada em vigor da nova lei e, mais que isso, liberar os poucos “fichas-sujas” que eram alcançados por ela da maneira como foi aprovada na Câmara.

Segundo pesquisa da ONG Voto Consciente, apenas cerca de 10% dos atuais parlamentares estariam inelegíveis com a mudança do alcance da lei, de primeira para a segunda instância (condenação por colegiado).

Mesmo assim, já era considerada um avanço da cidadania em relação às disposições em vigor, que exigem condenação em última instância, o chamado “trânsito em julgado”, para tornar inelegível um candidato.

A repercussão da lei nos estados e municípios também seria outro benefício conseguido, com o impedimento de vários deputados, vereadores e prefeitos de disputar a reeleição, além de antigos políticos, que não poderiam retornar à vida pública.

A questão é mais grave por que, apesar da modificação no Senado, a lei não retornou à Câmara e foi diretamente para a sanção presidencial.

Esse procedimento, na visão do senador Demóstenes Torres, relator do projeto e favorável a ele, demonstra que não houve alteração de conteúdo no projeto que saiu da Câmara e, portanto, continuam inelegíveis todos aqueles que já estão condenados.

A questão é que essa interpretação jurídica do espírito da lei não resiste à “interpretação gramatical”, como já advertiu o presidente do TSE, ministro do Supremo Ricardo Lewandowski, para quem, pela simples leitura do projeto aprovado no Senado, as restrições só atingem os que forem condenados a partir da vigência da lei.

Essa é uma diferença que vale, por exemplo, a elegibilidade de um Paulo Maluf, para pegarmos um efeito simbólico da nova legislação.

Já há deputados, entre eles o líder do PSOL, Chico Alencar, que defendem que a Mesa da Câmara deve definir como nula a mudança realizada no Senado, fazendo retornar a redação original.

Mesmo aqueles políticos que admitem que a alteração na redação modificou também o sentido da legislação defendem que a lei não pode retroagir para prejudicar ninguém.

Além da interpretação de que a mudança prejudica, sim, a sociedade como um todo para defender a corporação política, existe um fato: o que se aprovou não é uma mudança na legislação atual, mas novas exigências para o acesso à legenda partidária para concorrer às eleições.

O que leva a outra questão em debate, sobre a vigência da lei. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, defende a imediata validade da legislação, já para esta eleição, embora o artigo 16 da Constituição diga que qualquer alteração nas regras do processo eleitoral tem que ser aprovada um ano antes do pleito.

Caberá ao TSE definir quando começa o “processo eleitoral”. Até hoje, toda legislação eleitoral tinha que ser aprovada até setembro do ano anterior à eleição, mas o Tribunal pode definir que o “processo eleitoral” só começa após o registro dos candidatos, cujo prazo final é o começo de julho.

Há também a possibilidade de a nova lei ser interpretada não como parte do processo eleitoral, mas uma “norma material”, o que permitiria sua aplicação ainda este ano, e não apenas a partir da eleição municipal de 2012, como querem muitos.

Todas essas manobras protelatórias só fazem tornar mais verdadeira a frase do deputado Edmar Moreira, hoje PR, que ficou conhecido como o “homem do castelo”, que tinha certeza de que seria absolvido por seus pares, como realmente foi, porque “o Parlamento sofre do vício insanável da amizade”.

Impossível não lembrar Tancredi em Il Gattopardo de Tomaso di Lampedusa: “É preciso mudar, para tudo continuar como está”.

O clima de vale-tudo está tomando conta da chamada pré-campanha eleitoral, e está se refletindo na propaganda gratuita de televisão dos partidos políticos.

Ontem foi a campanha do DEM que foi retirada do ar por fazer propaganda da candidatura do tucano José Serra, o que prenuncia novos atritos com as campanhas do PSDB e do PPS nos próximos dias, a exemplo do que acontec eu com apropaganda partidária do PT, punida pela Justiça Eleitoral.

A propaganda antecipada da candidata Dilma Rousseff também foi alvo de parecer da vice-procuradoraeleitoral Sandra Cureau, que está pedindo uma multa maior para o presidente Lula, para a candidata oficial e para vários dirigentes sindicais por terem feito propaganda eleitoral proibida em ato do sindicato de São Bernardo do Campo.

O jogo eleitoral está parecendo aquelas partidas de futebol em que o juiz não se impõe no início do jogo, deixando faltas sérias se sucederem, e depois não consegue mais controlar os jogadores.

Nesses casos, alguns juízes tentam organizar a bagunça expulsando jogadores.

DORA KRAMER

Ordem do presidente 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 21/05/2010

O cálculo de custo-benefício do programa partidário do PT em figurino francamente eleitoral exibido no dia 13 de maio enquanto o Tribunal Superior Eleitoral se preparava para julgar infração semelhante cometida cinco meses antes foi um ato da responsabilidade exclusiva do presidente Luiz Inácio da Silva.


Um detalhe permanece obscuro: como Lula sabia que o tribunal atrasaria o julgamento, intuição?

Sua decisão teve o apoio de parte do comando político da campanha de Dilma Rousseff, mas não a aprovação prévia da equipe de advogados à qual sequer foi submetido, como é de costume, o conteúdo do programa.

Não é apenas da oposição a avaliação de que naqueles dez minutos houve antecipação do horário eleitoral, cujo início está marcado para 17 de agosto próximo.

Nas internas da campanha do PT se reconhece essa realidade, embora não haja unanimidade quanto à necessidade de se recorrer à prática de infração tão flagrante.

Como as razões de Lula não se discutem, o máximo que se faz nessa altura é justificá-las: ele precisava o quanto antes produzir fatos capazes de fazer Dilma Rousseff subir nas pesquisas para uma situação de empate com o adversário José Serra.

No ponto de vista geral, para empatar o jogo e tentar reiniciar do zero a zero. Sob o aspecto interno da aliança com o PMDB, quanto mais forte Dilma aparecer nas pesquisas menos alta fica a fatura cobrada pelo parceiro.

Um programa sozinho de 10 minutos teria todo esse poder? Não. Mas somado ao pronunciamento de Lula no 1.º de Maio em rede nacional de rádio e televisão, mais as inserções do PT de 30 segundos em canais de televisão aberta nos horários nobres em dias de semana, o efeito final valeu o risco calculado.

Ocorre que nem tudo é benefício nessa vida. Por isso há um grupo no comando da campanha preocupado com os possíveis prejuízos à frente e defensor da tese de que já chega de transgressões.

Com o seguinte raciocínio: se Dilma está bem nas pesquisas, se a campanha deu uma boa aprumada, para que acumular condenações que possam vir a ensejar após o registro das candidaturas uma ação por abuso de poder político?

O ministro Marco Aurélio Mello deixou no ar esse aviso em plena sessão do TSE. Os mais prudentes entenderam que insistir no que até agora deu certo pode não ser mais um risco calculado. Mas um erro de cálculo.

Risco do rito. O ministro dos Esportes, Orlando Silva, alega que a medida provisória com as novas regras para as obras nos aeroportos "simplifica o rito" das licitações previsto na Lei 8.666.

Bom, desde que não facilite a falta de cerimônia no manejo dos recursos. Notadamente os públicos.

Nos Jogos Pan-americanos de 2007 houve monumentais atrasos nos prazos, colossais liberações de verbas, e o custo previsto para R$ 390 milhões ficou em R$ 3,5 bilhões.

O cenário outra vez não tem boa aparência.

O Brasil foi escolhido como sede da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 com antecedência suficiente. Além disso, o Planalto teve no governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, um porta-voz insistente nos últimos quatro anos da urgência de uma solução para os aeroportos.

Chegou a anunciar que o Planalto iniciaria o processo de privatização para ser desautorizado pelos fatos.

Perdido em seu processo indecisório, o governo agora apresenta como saída de emergência o afrouxamento das exigências nas obras por meio de MP.

Com isso dá margem a desconfiança. Uma, a Infraero foi freguesa da malha fina do Tribunal de Contas. Outra porque o governo manifestou em mais de uma ocasião seu desagrado com o rigor da Lei de Licitações 8.666, agora posta de lado.

Cigana. O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, obrigado pela Justiça a devolver ao erário R$ 164,7 mil e condenado à perda dos direitos políticos por oito anos, terá de esperar mais um pouco antes de ver confirmada a previsão de que as denúncias contra ele virariam "piadas de salão".

GOSTOSA

MÍRIAM LEITÃO

Do euro ao ouro 
Miriam Leitão 

O Globo - 21/05/2010

Há um indicador que deixa bastante claro como a crise atual é um prolongamento das anteriores: o preço do ouro. Considerado o refúgio mais seguro dos investidores em épocas de crise, ele não para de bater recordes e este ano já vale 35% a mais do que na época da quebra do banco americano Lehman Brothers. Desta vez, a crise na Europa derrete o euro e fortalece o ouro.

De 2005 para cá, o preço do ouro teve valorização de 136%, saltando de US$ 517 a onça para US$ 1.222. Somente nos últimos 12 meses, o reajuste passa de 30%. O economista Nathan Blanche, da Tendências consultoria, explica que a escalada do ouro teve início a partir de um desequilíbrio na economia americana. O período dos juros baixos, entre 2001 a 2004, promoveu inflação nos EUA, que iniciou a corrida ao ouro, por volta de 2005 (vejam no gráfico). Como consequência da alta dos juros para combater a inflação, surgiu a crise das hipotecas subprime, em 2007, levando a uma nova escalada do metal: em dois anos, o ouro saltou de US$ 517 a onça para US$ 834, uma valorização de 60%. A partir daí, houve uma crise atrás da outra: a quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008; a recessão mundial, logo após; e a crise fiscal na Europa, que se agrava.

— O que estamos vendo é um acumulo de crises com impacto direto na cotação do ouro. Com o aumento da aversão ao risco, os investidores buscam o ouro para se proteger. Como a produção do metal no mundo permaneceu praticamente estável, os preços reagem fortemente para cima — explicou Nathan.

A piora da crise fiscal na Europa levou o ouro a bater recorde histórico dia 14, cotado a US$ 1.249 a onça. O Bank of America estima que a cotação pode atingir US$ 1.500 se a situação piorar.

Entre os principais compradores do metal estão bancos centrais de países emergentes, que procuram diversificar suas reservas comprando ouro.

O euro, ao contrário, acumula queda de 13% em relação ao dólar desde janeiro.

Esta semana, a moeda chegou a ser negociada no preço mais baixo dos últimos quatro anos, após o anúncio do governo alemão de proibir as vendas a descoberto (vejam a queda da moeda no gráfico).

O enfraquecimento do euro conta com a desconfiança de bancos centrais, como mostrou o “Wall Street Journal”.

Os BCs da Coreia do Sul e Rússia informaram que venderam ou deixaram de comprar euro nos últimos meses para diversificar a composição das reservas.

O administrador de investimentos Fábio Colombo explica que não só o euro, mas as moedas em geral têm vivido momentos de incerteza, e que nas crises o recomendável é a diversificação de portfólio.

Isso se aplica também aos Banco Centrais.

— Se você for olhar bem, todos os países estão endividados por causa do socorro ao sistema financeiro, inclusive os Estados Unidos.

Isso é um estímulo à compra de ativos mais seguros, como o ouro, que é considerado um ativo anticrise — explicou.

No caso do euro, o enfraquecimento é crítico, e crescem as discussões sobre sua sustentabilidade.

Há cerca de um mês, os economistas sequer cogitavam essa hipótese, mas agora, já não se sabe o que seria pior: o fim abrupto da moeda ou sua morte lenta.

“É difícil julgar o que seria pior para a economia mundial.

O risco de uma ruptura desordenada do regime monetário europeu certamente traria efeitos desastrosos para a recuperação global em andamento, razão para que muitos não queiram sequer contemplá-la. Por outro lado, a morte lenta e sofrida do euro exacerba a volatilidade dos mercados, prejudica os alinhamentos cambiais e dificulta o planejamento das empresas, restringindo o investimento”, escreveu a economista Monica de Bolle, da Galanto Consultoria, em seu blog.

PAINEL DA FOLHA

Formiguinhas
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 21/05/10

Na tentativa de consolidar o patamar até aqui alcançado por Dilma Rousseff nas pesquisas, o PT pretende reforçar em junho, último mês da chamada pré-campanha, uma agenda voltada a envolver prefeitos, vereadores e deputados na alavancagem da candidata.
A ideia é utilizar esse exército -formado em boa medida por gente que neste ano não estará ocupada com a própria eleição- para chegar às praças mais distantes, onde, de acordo com as pesquisas, é maior a parcela dos que ainda não identificam Dilma como a candidata de Lula. A estratégia foi discutida na reunião da petista com prefeitos aliados que participaram da marcha a Brasília, encerrada ontem.


Braços cruzados. Durante a marcha, os prefeitos fizeram lobby intenso pela regulamentação da emenda 29, que, entre outros pontos, recria a CPMF com o nome de CSS. Em sintonia com seus cabos eleitorais, um grupo expressivo de deputados se comprometeu a obstruir a pauta da Câmara para forçar a inclusão da matéria na pauta.
Não é comigo. Em discurso ontem na marcha, Lula incitou: "Por que a emenda 29 não passa? Não é porque o presidente da República não quer. Quando eu sair daqui, perguntem ao presidente da Câmara por que (os deputados) não querem, por que não passa? É uma vergonha!".
Circuito forró. Dilma irá aos festejos juninos do Nordeste. No roteiro, Caruaru, Campina Grande e Aracaju.
Parem as máquinas. As aprovações do projeto da "ficha limpa" e do reajuste dos aposentados, depois de longo período de paralisia do Senado, abalado por escândalos em série, fez com que o site oficial festejasse ontem em manchete: "Aprovações históricas mobilizam o Senado".
Liberou 1. O "aprova geral" que tomou conta do Senado na noite de quarta quase permitiu a votação, a toque de caixa, do projeto que eleva em cerca de 30% o salário dos funcionários. Isso apesar de uma reforma administrativa ainda estar em tramitação.
Liberou 2. Na Câmara, por pouco não foi bem sucedida a pressão para aprovar a legalização dos bingos.
Viveiro. Mesmo sem uma palavra final de Osmar Dias (PDT) sobre disputar o governo aliado ao PT ou o Senado em consórcio com o PSDB, corre solta no Paraná a conversa de que ele já negocia com o tucano Euclides Scalco a vaga de primeiro suplente. Em tempo: Scalco não se bica com o correligionário Beto Richa, cabeça da chapa.
Termômetro 1. Pesquisa encomendada pelo PT nacional dá 27% de intenção de voto à petista Ana Júlia, que busca se reeleger governadora do Pará. Jader Barbalho (PMDB) registra 23%, e Simão Jatene (PSDB), 22%.
Termômetro 2. Nas simulações de segundo turno, Ana Júlia empata, dentro da margem de erro de 2,5 pontos percentuais, tanto com Jader (41% ela, 40% ele) como com Jatene (41% a 38%). O PT quer demonstrar a viabilidade eleitoral da governadora na tentativa de convencer o peemedebista a sair e apoiá-la.
Biodiversidade. Pré-candidato ao governo de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT emplacou o aliado Valteci Ribeiro de Castro Júnior, também conhecido como Mineiro, na chefia de gabinete do Ministério da Pesca. Trata-se de um feito, pois a pasta é reduto dos petistas de Santa Catarina.
Seletivo. Deputados e senadores obedecem apenas em parte ao artigo da LDO que os obriga a publicar na internet nomes, cargos e tabela de remuneração de seus funcionários. A Câmara divulgou listas de efetivos, comissionados e respectivos salários, mas omitiu a identidade dos terceirizados. O Senado fez ainda menos: publicou somente os nomes dos servidores de carreira e de livre provimento.

com LETÍCIA SANDER e DANIELA LIMA
Tiroteio 
Parece que Serra já sente os efeitos da TPPPE: "Tensão Pré e Pós Pesquisa Eleitoral". 

Do deputado MAURÍCIO RANDS (PT-PE), sobre a irritação manifestada pelo tucano diante de um repórter da Rádio Nacional, emissora estatal, que lhe perguntou se pretendia acabar com o Bolsa Família. 
Contraponto 
O bardo O líder do governo na Assembleia paulista, Vaz de Lima, surpreendeu a todos, durante a recente votação do projeto que institui plano de carreira para os servidores do Tribunal de Justiça, ao declamar os versos iniciais do "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias:
-Minha terra tem palmeiras/ Onde canta o sabiá/ As aves que aqui gorjeiam/ Não gorjeiam como lá....
Diante do espanto da plateia, o tucano se explicou:
-Aqui, os deputados petistas exigem recursos ilimitados para atender aos servidores. Enquanto isso, em Brasília, o governo do PT ataca o projeto de aumento para os funcionários da Justiça Federal, dizendo que é inconstitucional, que não há receita orçamentária prevista...

TIRO AO ALVO

ELIANE CANTANHÊDE

Impasse
ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SÃO PAULO - 21/05/10

BRASÍLIA - Enquanto o Brasil bate de frente com os EUA, uma sensação se consolida mundo afora: com ou sem o acordo mediado pelo Brasil, com ou sem as sanções engendradas pelos EUA, o regime da dupla Kamenei-Ahmadinejad vai acabar fabricando a bomba atômica. E seja o que Deus quiser.
Pelo acordo, o Irã enriquece levemente uma parte do seu urânio, envia para a Turquia e recebe de volta para uso civil. Isso significa que o Irã decidiu parar de enriquecer o resto de seu urânio e de se habilitar a ter a bomba? Improvável.
Já as sanções articuladas no Conselho de Segurança da ONU pelos EUA preveem controle de financiamentos e transações bancárias, além de venda e trânsito de armas.
E daí? É suficiente para amedrontar os iranianos? Ou, ao contrário, só irá justificar um aprofundamento das pesquisas nucleares?
Ao entrar e ir tão fundo nas negociações com o Irã, o Brasil busca um (abstrato) protagonismo internacional e uma (concreta) cadeira permanente no Conselho de Segurança, ora tateando, ora extrapolando limites. O resultado é que o país está no foco da tensão internacional -e se contrapondo à maior potência. Os EUA ficaram de um lado, o Brasil, do outro.
Aliás, não deixa de ser curiosa a pressa dos americanos. O acordo foi num dia e, já no dia seguinte, os EUA lideravam a reunião do Conselho pró-sanções. Soou como uma certa "dor de cotovelo" pela capacidade de ação brasileira, junto com um: "Ponha-se no seu lugar!".
O desequilíbrio é enorme. Segundo balanço da França, só 3 dos 15 países do Conselho (com assentos permanentes ou rotativos) são contra as sanções: Brasil, Turquia e Líbano. Todos os demais fecharam com os EUA, pró-sanções, enquanto o Irã parece dar de ombros.
O Brasil, pois, ganha tanto os holofotes como o risco de perder feio.
Ao tentar evitar o isolamento do Irã, pode estar se isolando junto com ele. Típico abraço de afogados.

ANCELMO GÓIS

TOMA LÁ, DÁ CÁ 
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 21/05/10

O deputado Jorge Picciani, presidente da Assembleia do Rio, decidiu arquivar o projeto de criação do Tribunal de Contas dos Municípios.
A razão, alega, foi o grande número de deputados candidatos às vagas de conselheiros, que só aprovariam o projeto se ganhassem algo em troca. É. Pode ser.

FATOR IRà
O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, desembarca terça no Brasil.
A Turquia é, como se sabe, parceira de Lula na sociedade protetora do Irã.

ALÔ, AQUI É O ZÉ 
José Eduardo Dutra, presidente do PT, saciou a curiosidade da coluna, que perguntou por que ele usou um orelhão, quarta, em Brasília, e guardou o celular:
– Na verdade, o celular estava era quebrado. Aliás, descobri o quanto nos tornamos dependentes desta porcaria. Sem telefone e sem agenda, não sabia nem o número da mulher. Agora que o telefone tem memória, parece que descartamos a nossa.

CHICOTES UFANISTAS
Um grupo de motéis do Rio encomendou a uma fábrica de Resende, RJ, uma série de brindes eróticos, tudo verde e amarelo, para distribuir aos hóspedes durante a Copa.

PAPO DE BOTEQUIM 
Do grande pianista Arthur Moreira Lima numa mesa de boteco em que se discutiam preferências entre mestres da música, como Brahms e Chopin:
– No momento, eu prefiro um chopinho.
Faz sentido.

NO MAIS
A coluna não quer ser estraga prazer. Mas um projeto como este Ficha Limpa, destinado a moralizar a política, que não atinge o colecionador de escândalos Paulo Maluf pode ser tudo, menos moralizador.
Com todo o respeito.

O CORAÇÃO DE IVETE
Ivete Sangalo acaba de gravar uma música para o CD do grupo sul-africano Mango Grooves, que será lançado em junho no Brasil, pela EMI.
Batizada aqui de Cada coração, a canção fala da vibração e do sonho das torcidas às vésperas da Copa da África.

CALMA, GENTE 
A turma do Pânico na TV, que faz graça com a cara alheia, teve de correr na marcha contra a homofobia, em Brasília.
Alguns travestis não gostaram das piadas de duplo sentido e partiram para cima dos engraçadinhos, que correram entre vaias e empurrões.

DILMA FOI À LUA 
Manchete do site de “notícias” bizarras www.sensacionalista.virgula.uol.com.br, sobre a declaração de Lula, que comparou Dilma a Mandela: “Quando o homem chegou à Lua, Dilma estava lá para recebê-lo, diz Lula”.

ATÉ OUTRO DIA, MUSEU 
O Flamengo quer renegociar o seu contrato com a Olympikus.
A empresa prometeu dar uns R$ 8 milhões para a construção do museu do clube. Agora, a presidente Patrícia Amorim prefere receber o dinheiro vivo.

SAUDADE
Francisco Gros, o economista carioca que morreu ontem aos 67 anos, foi um servidor público exemplar. Exerceu vários cargos com competência e honradez.