sexta-feira, julho 12, 2013

Perto do povo - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 12/07

O Papa Francisco, veja só, decidiu que não vai utilizar o papamóvel em sua visita ao Brasil.
Serão dois modelos de Jeep Mercedes descobertos, “a fim de permitir maior visibilidade para o Papa”.

Estado laico
O Sindicato da Indústria de Artefatos de Borracha do Estado do Rio entrou com uma ação contra o decreto municipal que declarou feriado no Rio nos dias da visita do Papa Francisco.
O desembargador José Carlos Maldonado de Carvalho, do Órgão Especial do TJ, deve decidir essa parada até a próxima segunda.

O liberal Sérgio Buarque
A “Revista Estudos Políticos” acaba de publicar a entrevista de FH concedida a Pedro Luiz Lima, que faz tese de doutorado sobre a obra intelectual do ex-presidente. 
Lá pelas tantas, FH diz que, num certo sentido, o pensador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) era um liberal.

Fla x Flu ideológico...
O ex-presidente lembra que os anos 1930 foram a década fascista ou comunista. E que, nesse cenário, Sérgio Buarque era o único que apostava na democracia:
— Confesso que acho importante esse lado dele; ele foi o único, numa época de obscurantismo autoritário-totalitário, a não apostar nisso. E era difícil nos anos 30, com Getúlio, no Brasil, e Mussolini, Hitler e Stalin.

De perto
O ensaísta americano John Jeremiah Sullivan, que participou da Flip, estava curioso para ver de perto a onda de protestos pelo país.
Ontem, ele estava na manifestação no Centro do Rio.

Frei Caneca
O poema “Auto do frade”, de João Cabral de Melo Neto, que narra a história de Frei Caneca, líder da Revolução Pernambucana, vai ganhar as telas.
A direção é de Inez Cabral de Melo, filha do poeta. José Dumont fará o papel do líder revolucionário condenado à morte em 1825.

Calma, gente
O projeto de reforma do direito autoral já foi aprovado pelo Congresso e enviado para sanção de Dilma. Mas ainda desperta cizânia entre artistas.

Agora foi a vez de o compositor Abel Silva usar as redes sociais para desancar Roberto Carlos, um dos artistas que foram a Brasília para apoiar a lei que cria um órgão para fiscalizar o Ecad.

Segue...
Diz ele que, “em 50 anos de carreira, Roberto Carlos só se pronunciou sobre política cultural duas vezes, em ambas a favor da censura”. Uma para defender a censura ao filme “Je vous salue, Marie”, de Godard, e que agora sua ida a Brasília era na verdade para apelar “a Dilma pela permanência da proibição da biografia dele”.
É.Pode ser.

O Maraca é nosso
O Flamengo e o Consórcio Maracanã anunciam hoje um acordo para 2013.

Infância perdida
Sabe quantos menores envolvidos com o crime no Rio foram detidos no primeiro semestre deste ano? Três mil.
Todos ligados a algum tipo de delito, que vai desde pequenos furtos a tráfico de drogas. Meu Deus!

No ar
Sérgio Cabral decidiu que não vai mais usar helicóptero entre a Lagoa e o Palácio Guanabara.
Ele vai manter o deslocamento aéreo até Mangaratiba por razões de segurança. A “Veja”, como se sabe, fez uma reportagem acusando Cabral de uso ilegal dos helicópteros oficiais do Estado.

Na palma da mão
A Riotur está lançando um aplicativo para celular com toda a programação da Jornada Mundial da Juventude.
Segundo o secretário Antônio Pedro, o “Guia Rio” está incorporado ao aplicativo, gratuitamente.

Viva dona Wilma!
Júnior, o ex-jogador, reservou um salão no Flamengo, na Gávea, para um festão dia 28 agora. Vai celebrar os 80 anos de dona Wilma, sua mãe. “Sou flamenguista por causa dela.”


A brava nota - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 12/07

RIO DE JANEIRO - Ontem, ao abrir um livro, caiu-me ao colo uma nota de R$ 1 --a velha nota original de um real. Novinha, fazendo "crec", como se tivesse acabado de sair da prensa. Se a guardei ali, deve ter sido por algum motivo, de que já não me lembro. Por motivos estéticos é que não foi --esverdeada, tendo numa face a efígie da República, com seus olhos vazados, e, no verso, um beija-flor alimentando os filhotes, é uma das notas mais feias do currículo da Casa da Moeda.

Não tem data de impressão, mas pode ser um exemplar de 1994, quando o real foi criado --sucedendo, se ainda me lembro, aos cruzeiros e cruzados velhos, novos, com ou sem carimbo e com ou sem zeros, com que tínhamos de viver no tempo da inflação. O real fazia parte de um vasto plano econômico criado no governo Itamar Franco e que, ao contrário dos planos dos governos anteriores, chegou e resolveu.

Dizia-se que, com R$ 1, comprava-se uma dúzia de ovos, suficiente para alimentar uma família por 24 horas. Ou uma galinha inteira, com o que cada brasileiro podia produzir seus próprios ovos e ainda conservar a galinha para um dia de chuva. Ia-se longe com aquela nota --no mínimo, do Leme ao Pontal, ida e volta.

Talvez eu a tivesse guardado para saber quanto valeria no futuro. Pois, se foi por isso, acertei. A brava nota de R$ 1 resistiu bem, mas já perdeu tanto de seu poder que, agora, compra apenas três ovos e, em vez de uma galinha, no máximo quatro asas de frango. E nem existe mais como cédula --seu valor sobrevive somente numa moeda que, hoje, só serve de troco.

Nesta semana, o FMI rebaixou em vários pontos a projeção de crescimento do Brasil em 2013 e alertou para a possibilidade de inflação alta. Acho melhor devolver a nota ao livro --por acaso, uma antiga edição de "A Ilha do Tesouro", da Coleção Terramarear.

Um século para ler um livro integral - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

O Estado de S.Paulo - 12/07

"Uma relação homossexual não é apenas pecaminosa, mas acima de tudo ilegal... Um homossexual, que se dedica a um vício impuro, é um indivíduo repulsivo e aberrante... O homossexualismo é uma enfermidade, uma insanidade, uma impureza, e um caso de interesse médico-legal... A lei criminaliza a "flagrante indecência" entre homens... A sodomia (o termo antigo, derivado da Bíblia, que descrevia o sexo "anormal") era um crime previsto na Lei de Delitos contra a pessoa..."

Estou reproduzindo os discursos do pastor Feliciano à frente da Comissão de Direitos Humanos? Reproduzo os argumentos daquele deputado João Campos que pretendia a cura gay? Estou transcrevendo os pensamentos do Silas Malafaia (é isto mesmo? Ou errei?), mais um zero à esquerda perigoso na Câmara. Estou traduzindo fielmente o pensamento desses homófobos que vivem por aí?

Não. Por mais atuais que pareçam as palavras, a ideologia, a filosofia neste ano de 2013, tudo o que copiei acima, copiei da apresentação do romance O Retrato de Dorian Gray, obra-prima de Oscar Wilde, de 1891. São definições, afirmações, preconceitos, imprecações que vêm do século 19. Leram século 19? Pois é isso. Essas aberrações têm mais de cem anos, vêm de 1895, quando o escritor Oscar Wilde foi processado por homossexualismo e encerrado numa prisão por dois anos e meio.

Nesse meio tempo, o mundo mudou, a humanidade se transformou, o homem foi à Lua, os satélites desceram em Marte, um negro foi eleito presidente dos Estados Unidos, uma mulher foi eleita presidente do Brasil (mas não está adiantando nada), um papa renunciou, o Muro de Berlim caiu, o comunismo sumiu, as esquerdas entraram em colapso, o PT se encalacrou, o Lula fugiu quietinho, o Eike fracassou como empresário, a Rússia afundou, mulher nua todo mundo está cansado de ver em revista, pornografia circula pela tevê aberta, fechada, os traficantes mandam no mundo, o terrorismo está por aí aterrorizando, claro, o povo está nas ruas do Brasil, clamando contra a corrupção que vai do alto de Brasília aos porões do Brasil. E João Campos, Malafaia e Feliciano, evangélicos, bradam contra os gays e o homossexualismo, não perceberam que a Terra se move, continua a se mover... E pur si muove, disse Galileu!

Ah, que momento decifrado pela Editora Globo para lançar esse livro. Um volume chique, oscarwildiano. Acho que ele, refinado, dândi, elegante, culto, esnobe, gostaria de ver essa edição tão caprichada. Quanto a mim, confesso que venho respirando com alívio, nem tudo está perdido, as coisas mudam às vezes para melhor. Essa Biblioteca Azul da Editora Globo está me trazendo de volta a mim mesmo, uma coisa que eu necessitava para não perder o pé inteiramente.

Há uma nostalgia, admito, mas fazer o quê? Quando vi A Comédia Humana, quando abri a nova edição de As Relações Perigosas, de Choderlos de Laclos, quando coloquei as mãos no Retrato de Dorian Gray, me vi sentado na sala em penumbra da biblioteca Mário de Andrade de Araraquara, entre os meus 15 e 20 anos. Aquelas estantes saturadas de livros encadernados em vermelho, aquelas lâmpadas baças, aquela mesa imensa, pesada, fizeram parte de um período muito feliz, o de leituras constantes, ininterruptas, contínuas, vorazes. Por que a sala não era clara, iluminada intensamente? As lâmpadas opacas faziam parte de um ritual de recolhimento?

Aquela biblioteca era rica, hoje vejo. Erguia a mão e apanhava qualquer um dos volumes da Coleção Nobel, da Globo de Porto Alegre, da qual descende esta Globo, hoje em São Paulo. Volta a ser a mesma depois de um período de carência, digamos. Naquela sala li Charles Morgan e Somerset Maugham, li Aldous Huxley e Pearl Buck, e tantos outros. Li comédias gregas, ou Ibsen, era vasto o catálogo, que me tirava daquela cidadezinha estreita (para mim), provinciana, limitada. A Nobel me levava ao mundo, explodia limites, cancelava o tempo.

A biblioteca fechava às cinco da tarde, mas nós, aquele grupo reduzido de ensandecidos, podíamos ficar até as seis, com direito ao café do Santo, o contínuo careca e jovial. O prefeito passava e dizia: "Por que não levam os livros para casa?". Levávamos, mas aqueles líamos em casa, à noite; esses eram os livros da tarde.

O Retrato de Dorian Gray tão falado, comentado, proibido, achincalhado, dolorido, sofrido. A edição que nos passou pelas mãos, naqueles anos 50, era pobre, expurgada, censurada, retalhada, nem entendemos direito. Agora, é uma edição integral, 'inexpurgada'. Foi preciso passar mais de um século para que pudéssemos voltar a ler edições integrais, seja a de Oscar Wilde, seja a das Mil e Uma Noites. Pode haver de tudo neste mundo atual, confusão, terrorismo, violência, banalização do sexo e da morte, corrupção, mas há a recuperação de livros fundamentais. Daí esse aprendizado: temos de fazer, aconteça o que acontecer. Podemos ser censurados, proibidos, cortados em trechos, cenas, palavras, mas um dia seremos lidos integralmente. Há que ter essa confiança no futuro e na história.

Edição impecável, primorosa, com pequenas, digamos, iluminuras, como em livros antigos. E o restauro de todas as páginas retiradas do livro por causa dos Felicianos, Campos e Malafaias dinossáuricos e infelizes da Inglaterra do século 19. O livro está inteiro, como Wilde escreveu. Notas - e são centenas - nos conduzem por esse livro corajoso, aberto, libertário. Cedo ou tarde, a obra de arte vence a estupidez, a ignorância, o preconceito, a imbecilidade. Wilde está vivo.


O Rebu - FERNANDA TORRES

FOLHA DE SP - 12/07

Diante da violência do noticiário, a alegria dos figurantes soava mais como uma piada de mau gosto


Eu ia fazer um elogio a Baby do Brasil, cujo show, ao lado do filho, Pedro, é um acontecimento de dimensões míticas. Mas guardei o impacto para o nível cósmico. Sucumbi ao drama terreno.

O quebra-quebra da quinta-feira histórica comia solto na retrospectiva da TV quando foi interrompido pelo intervalo comercial. Um reclame sobre a inclusão social exibia torcedores de verde e amarelo, a pátria de chuteiras tomando as ruas a caminho da Copa das Confederações.

Diante da violência do noticiário, a alegria dos figurantes soava mais como uma piada de mau gosto.

A famosa marca de carro seguiu na mesma linha, convocando a população a tomar as esquinas. Multidões gritavam o gol das telefônicas, todo o planejamento publicitário, realizado com base na cartilha do que feliz é quem tem, desafinava no "Jornal das Dez".

Lembrei de uma aula do Mobral do Millôr Fernandes, onde a professora primária prima por não ensinar coisa nenhuma. A lição termina com um primor de paradoxo sobre o Brasil: "É, enfim, um país do futuro, sendo que esse se aproxima a cada dia que passa".

Passou mais rápido do que eu imaginava.

Um mês antes da Primavera Tropical, eu estava no carro, engarrafada, a caminho não sei do quê, quando os acordes de "O Guarani" anunciaram "A Voz do Brasil". A locutora elencou os tópicos do dia, com destaque para o Bolsa Mobília. Gente humilde agradecia a chance de trocar os móveis e a televisão. A próxima eleição está resolvida, pensei.

Vale-Consumo, emprego em alta, Eike na Forbes e Anderson campeão invicto, não havia motivo para insatisfação, só indícios. Pouco antes da grita, ouvi uma senhora distinta se referir a Mantega como Margarina. Não era um bom sinal. O trocadilho ácido me fez lembrar da descrença jocosa com que tratávamos o Funaro e o Maílson, do ódio que tínhamos da Zélia. Temi o retorno do bicho-papão.

O aparelhamento político das empresas estratégicas, a crise na infraestrutura, o inchaço da máquina governamental, o PIBinho e o retorno do zumbi inflação, até ontem assuntos por demais elitistas, irrelevantes para o perde e ganha do jogo democrático, de repente se tornaram questões mais que urgentes.

A rede de Anonymous as colocou em pauta, atropelando a versão arco-íris dos tradicionais meios de propaganda; públicos e privados.

As agências de publicidade enfrentam, agora, o desafio de substituir a imagem do consumidor ávido por carro, fogão e geladeira, pela do patriota consciente. Terão que moderar o orgulho cívico esportivo com certa dose de engajamento.

A política, tão ligada à propaganda, encara a pressão de, um ano antes da eleição, espelhar a vontade do povo. O problema é que a vontade do povo parece exigir o fim da própria política; ou, pelo menos, da política pela política.

A praça pede mais administração e menos política. A redução dos 39 ministérios, criados para satisfazer alianças partidárias, seria um gesto bem-vindo.

Suspeito do plebiscito redigido a toque de caixa, para ser votado logo e posto em prática já nas próximas eleições. A precipitação tem sido a marca das ações do Planalto.

Nos dias seguintes ao estouro da boiada, aguardei com ansiedade o pronunciamento oficial. Ele veio frio, protocolar. Lamentei que Dilma não tivesse memorizado, ou mesmo redigido, o texto.

A garantia de que estava atenta à voz da nação, e acredito que estivesse, e esteja, esbarrava na leitura pausada e vacilante, no sorriso triste e na falta de convicção do conteúdo da fala. Pareceu discurso de candidato.

Faltou a estadista e sobrou o assessor de marketing.

Se o Congresso insistir em levar a família para passear de jato, temo que algum bufão travestido de Henrique 5º com o discurso do dia de São Crispim bem decorado na boca se aproprie da indignação da plebe e nos arraste para o horror populista.

Sou grata a quem saiu às ruas contra a PEC 37 e espero que as manifestações não sirvam de trampolim para o chavismo endêmico na América Latina.

Aí, vai ser a bancarrota.

Greve! Bloquearam minha sogra! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 12/07

E os políticos no Congresso? Estão trabalhando tanto que já estão com calo no bolso! Rarará!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Predestinado do dia! Greve! Bloqueio de estradas! Adorei o bloqueio das estradas. Minha sogra tava vindo de Campinas. Bloqueada. Levou um block! Rarará!

E eu já sei como melhorar o trânsito em São Paulo. Bloqueia as estradas! Rarará!

E cada sindicalista fala uma coisa. E um fala em cima do outro e um mais alto que o outro. Não tem Sindicato dos Sindicalistas?

E São Paulo continua assim, juntou mais de dez pessoas, já gritam: "Vamos pra Paulista".

Uma amiga mora na Paulista e vai aproveitar o apartamento pra fazer um camarote. Com pulseirinha VIP! Ou então aluga pra Globo. Rarará!

E a passeata dos motoqueiros: "Retrovisor Zero". Eles querem retrovisor zero. Imagine um motoboy tentando passar entre dois carros e dá de cara com dois retrovisores atrapalhando o caminho. PAF! Quebra.

E a saúde? E os dois anos no SUS? Um leitor quer que os políticos sejam obrigados a usar o SUS por dois anos para que também sejam humanizados.

E o Sensacionalista sugere que os médicos usem os dois anos do SUS aprendendo caligrafia.

E o tuiteiro Vagner Chimenes vem com uma novidade: "Agora quem quiser ser BBB vai ter que trabalhar dois anos no SUS". Rarará!

E por que só fazem matéria com médico? E o outro lado? Ninguém pergunta nada pro doente? Eu quero saber o que os doentes acham disso tudo!

E não vou mais entrar em polêmica. Polêmica virou pauta do "TV Fama". Já reparou nas manchetes do TV Fama? Todas começam com "POLÊMICA!". Tipo "Polêmica! Cantor do Camaro Amarelo diz que a ex-Miss Bumbum tem celulite".

"Polêmica! Doutor Hollywood quer passar dois anos trabalhando no SUS de Rodeo Drive". Rarará!

E o Mercadante? Além de clínico geral, virou papagaio de pirata da Dilma, a Grande Chefe Touro Sentado!

E a Dilma continua com sua vida de mãe de santo, só recebe! Recebe índio, sindicalista, prefeito, panicats e ex-BBBs!

E os políticos no Congresso? Estão trabalhando tanto que já estão com calo no bolso! Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

O tombo de Eike Batista, símbolo da era petista - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 12/07


Apontado como o oitavo homem mais rico do mundo até meados do ano passado, com uma fortuna pessoal avaliada em US$ 34,5 bilhões, e incensado pelos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff como exemplo a ser seguido por outros investidores brasileiros, o empresário Eike Batista perdeu nada menos que US$ 30 bilhões em apenas 16 meses e se transformou em sinônimo de risco e prejuízo para os que compraram ações de suas empresas.

As nebulosas relações entre o governo federal e o empresário podem se configurar em um escândalo de corrupção e favorecimento ilícito ainda mais grave que o mensalão. Um relatório apresentado pela agência de classificação de risco Moody’s indica que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF) têm, juntos, 55% dos empréstimos do grupo EBX, de Eike.

Uma análise feita pelo Bank of America/Merryl Linch mostra que a exposição das empresas de Eike no mercado financeiro está concentrada em cinco bancos brasileiros: além de BNDES (R$ 4,888 bilhões) e Caixa (R$ 1,392 bilhão), aparecem os privados Bradesco (R$ 1,252 bilhão), Itaú Unibanco (R$ 1,235 bilhão) e BTG Pactual (R$ 649 milhões). Ao todo, essas instituições somam uma exposição de mais de R$ 9,4 bilhões ao grupo do empresário. A EBX não possui capital aberto e, por isso, não divulga seus balanços, mas há estimativas deque o endividamento do grupo com os bancos atinja o montante de R$ 13 bilhões.

O descalabro não para por aí. Desde 2007, primeiro ano do segundo governo de Lula, o BNDES disponibilizou a Eike Batista a quantia de R$ 10,4 bilhões, e o empresário teria utilizado sua fortuna pessoal como garantia para R$2,3 bilhões em empréstimos. Como se trata de um banco público, com recursos que pertencem à sociedade brasileira, é fundamental que o BNDES esclareça quais foram os critérios utilizados para a aprovação de um aporte tão elevado de dinheiro destinado a empresas que apresentavam alto risco.

Afinal, ao menos desde junho de 2012, quando a petroleira OGX informou que a capacidade de produção de seus poços seria bem menor do que havia sido divulgado aos investidores, todos os projetos de Eike foram colocados em dúvida, culminando no comunicado divulgado pela própria empresa na semana passada dando conta de que pode ter de interromper as atividades em 2014.

Não se pode esquecer, ainda, da influência de Lula em prol dos negócios de Eike. Segundo uma reportagem publicada pela "Veja" em março deste ano, o ex-presidente teria atuado para que o estaleiro Jurong Shipyard, de Cingapura, transferisse o projeto realizado no Porto de Ara-cruz, no Espírito Santo, para se associar ao empreendimento de Eike no Porto de Açu, no Rio de Janeiro.

Curiosamente, o derretimento da credibilidade de Eike se dá concomitantemente à expressiva queda na avaliação positiva do governo Dilma, em um momento em que milhões de brasileiros vão às ruas para cobrar os resultados que não lhes foram entregues nos últimos dez anos de fantasia petista. Não se trata de mera coincidência: os governos do PT tentaram fazer do dono do grupo EBX o perfeito exemplar do que seria um capitalista para chamar de seu. O fracasso de um, portanto, está intrinsecamente ligado ao de outro. Eike Batista é o símbolo de uma era marcada pela fraude.


A terapia do susto - NELSON MOTTA

O GLOBO - 12/07

O governo é vítima de seu excesso de comunicação, contrastado fragorosamente pela realidade das ruas



Estamos vivendo dias de espanto, com Renan Calheiros se tornando o paladino das forças do bem, ávidas para atender prontamente as reivindicações populares, mesmo cortando na carne do Senado, e com o apoio de Sarney! Estamos dependendo da independência, da grandeza, da integridade e do espírito público do PMDB de Henrique Alves e Eduardo Cunha para evitar desastres armados pelos estrategistas do Planalto e apoiados pelo PT e o PCdoB, como o plebiscito de araque. Que fase!

Seguindo orientação de Lula, 25 governadores, 37 ministros, a base parlamentar aliada e os movimentos sociais foram recebidos pela presidente, filmados e fotografados, mas não falaram nada e nem foram consultados nas propostas e decisões do governo, só ouviram em silêncio, remoendo sua raiva, frustração e impotência. Os prefeitos pelo menos vaiaram.

Pela primeira vez na história deste país, prefeitos recebem dinheiro de um governo e vaiam. Mas todo mundo entendeu que eles não querem um jabá, mas negociar democraticamente a distribuição do Fundo de Participação dos Municípios e depender menos do poder imperial de Brasília. Com o povo de suas cidades bufando nos seus cangotes, os prefeitos querem mostrar serviço, como nunca na história deste país.

Quando 81% dos brasileiros avaliam os políticos como “corruptos ou muito corruptos”, para conter sua voracidade, associada a empresários inescrupulosos e funcionários venais, são criados incontáveis mecanismos de controle, e de controle do controle, aumentando o poder da burocracia e atrasando os projetos e investimentos públicos. Criando mais dificuldades para vender novas facilidades, aumentam a corrupção. São mais mãos a serem molhadas, mas o custo é sempre repassado aos consumidores finais: nós.

Mas o presidente do PT atribui as dificuldades do governo a falhas de comunicação, como se o governo não gastasse mais de um bilhão de reais por ano em triunfais campanhas publicitárias de João Santana vendendo o Brasil Maravilha de Lula e Dilma. Pelo contrário, o governo é vítima de seu excesso de comunicação, contrastado fragorosamente pela realidade das ruas.

Corrupção no poder - GILLES LAPOUGE

O Estado de S.Paulo - 12/07

Não é só o Brasil que produz interessantes casos de corrupção. A França também faz o que pode - aliás, nesta arte é dona de um talento especial. Nada de chauvinismo: não vou dizer que os escroques franceses são os melhores do mundo, mas, reconheçamos, tampouco são nulidades.

Para falar deste tema numa crônica esbarramos em dois obstáculos: o primeiro é que essas fraudes são tão complicadas, tão enroladas, concebidas por cérebros tão podres e ao mesmo tempo tão geniais, que é difícil apresentá-las em termos claros a um público estrangeiro, no caso o brasileiro, que não acompanhou o início deste folhetim, dez anos atrás. O segundo inconveniente é que são casos tão numerosos que não se sabe qual escolher. Cada um tem o seu pequeno mérito. Por exemplo, o de Bernard Tapie.

Tapie é um homem fascinante. Filho de um operário, não estudou em universidades. Boa pinta e bem falante, fez um pouco de tudo: foi cantor, ator, proprietário de um grande time de futebol (o Olympique de Marselha), ministro de François Mitterrand, que era socialista, amigo íntimo de Nicolas Sarkozy, que não é nem um pouco socialista. Homem de negócios genial, adquiria empresas falidas, as ressuscitava e revendia.

Uma das suas últimas façanhas data dos anos 80, quando vendeu uma de suas empresas, a Adidas, ao banco Crédit Lyonnais, numa transação não muito clara. Trinta anos mais tarde, em 2008, pouco depois da chegada de Sarkozy ao poder supremo, Tapie recebeu uma indenização fabulosa do Estado, graças a um procedimento exorbitante, uma arbitragem que lhe permitiu receber a soma gigantesca de 405 milhões.

Hoje, cinco anos mais tarde, a Justiça está se mexendo. Considerando essa "arbitragem" muito estranha, abriu um inquérito contra Tapie por "fraude e formação de quadrilha", e ordenou o confisco de parte dos seus bens. Quais? Suas posses são enormes, uma caverna de Ali Babá.

Até agora, foram confiscados até mesmo vários seguros de vida no valor de 20 milhões, mais 69 milhões sobre o palácio que ele possui em Paris, depois a Villa Mandala ( 48 milhões) em Saint Tropez, adquirida em 2011 com parte da propina da arbitragem, mais seis contas bancárias (de 15 milhões), um outro contrato de seguro de 160 milhões, etc.

A Justiça não deve parar por aí. Mas não há com que se preocupar.

Tapie tem muitas outras joias. Por exemplo, o iate Reborn, de 74 metros de comprimento, adquirido com o dinheiro da arbitragem; três grandes jornais regionais na Provence (sempre a arbitragem). E, na pior das hipóteses, a mulher de Tapie comprou para o filho, o jovem Stéphane, um apartamento em Neuilly (por 1,335 milhão) e uma mansão, sempre em Neuilly, por 15 milhões.

Mas os juízes falaram de "fraude e formação de quadrilha". Portanto, procuremos a quadrilha. E aí, novo imbróglio, porque os membros de uma quadrilha se volatilizam, se escondem, são sempre puros como cordeiros recém-nascidos na pele de raposas velhas. O certo é que foi a quadrilha que decidiu acertar o litígio Tapie/Crédit Lyonnais lançando mão do recurso inverossímil de um "tribunal de arbitragem".

Assim, foram abertos inquéritos contra várias pessoas ao mesmo tempo que Tapie: por exemplo, um alto funcionário do Ministério da Economia, ou ainda um dos três juízes que fingiram não conhecer Tapie - o qual entretanto era seu amigo. E mais alguns outros.

Tubarões. Estes são os peixes grandes, mas os juízes estão no encalço de peixes maiores ainda, verdadeiros tubarões, gente do mais alto escalão, que deu a ordem, em 2008, de solucionar o caso Tapie graças a uma arbitragem, comprada para a causa do ex-ministro. Estamos chegando à cúpula. A pessoa que deu a ordem era na época a ministra das Finanças, Christine Lagarde, hoje diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), cargo no qual sucedera a outro francês, Dominique Strauss Kahn, que caiu de maneira vergonhosa depois de atacar sexualmente uma pobre camareira num hotel de Nova York. Decididamente, a França não tem sorte no FMI.

Christine Lagarde foi ouvida, mas nenhum inquérito foi aberto contra ela. E há muitas outras pessoas ainda: gente que na época estava na Presidência da República, no Palácio do Eliseu, onde acabara de se instalar Nicolas Sarkozy.

Com toda a probabilidade eram estas as pessoas que constituíam a quadrilha de que fala a decisão dos juízes. Mas, para que haja uma quadrilha, é preciso que exista um "chefe", e este não é conhecido. Os juízes vasculharam as agendas de Tapie e constataram que, entre 2007 e 2009, Tapie foi recebido 22 vezes no Eliseu por Sarkozy. Além disso, em julho de 2007, ocorreu uma reunião insólita, no Eliseu, na qual Tapie defendeu sua causa e quase ditou suas ordens a um grupinho de pessoas muito importantes. Foi nesse dia que ficou decidido recorrer à arbitragem.

Interrogado a respeito desta reunião, infelizmente Tapie alegou não se lembrar do fato. Absolutamente nada! E Sarkozy, será que estava lá ou na sala vizinha? Perguntaram a Christine Lagarde se, quando ela ordenou que se recorresse à arbitragem, ela agiu por ordem de Sarkozy. Lagarde respondeu que "não". É possível que a diretora do FMI seja novamente interrogada pelos juízes. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Já ouviu falar no PNE? Pois deveria - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 12/07

É claro que tudo importa quando 50% não têm coleta de esgoto. Mas a minha prioridade ainda é o PNE


Voto distrital com recall? Constituinte específica? Movimentos sociais com CIC e RG? Greves eternas como as neves do Kilimanjaro?

Bem, tudo isso foi antes do início das férias de julho. Bastou começar o recesso escolar e o João Dória abrir oficialmente a temporada de ocupar 30 cm quadrados na calçada da estação de esqui de faz de conta de Campos do Jordão --aquela em que todo mundo torce para acordar em Bariloche, se veste como se morasse a Lapônia e parece pronto para sair esquiando pelas pistas de Aspen, mesmo sabendo que a neve nunca virá-- para a gente esquecer de toda a empolgação contra injustiças sociais, corrupção e a baixa qualidade dos serviços oferecidos.

Está certo que a culpa por tudo o que há de errado não pode ser atribuída apenas a este ou aquele governinho filho de uma égua. Neste pouco mais de mês de manifestações já deu para perceber que existe um quinhão de responsabilidade que cabe a cada um de nós, tenhamos ou não tomado a singela atitude política de deixar de dar bom dia ao porteiro ou passagem no trânsito a quem vem na preferencial.

De 1 milhão nas ruas para a desmobilização quase completa. Paulinho da Força e sua turma não contam. São o equivalente do marketing de si mesmo de um Suplicy cantando "Blowing in the Wind" no plenário.

Mas vamos tirar lição em vez de desanimar. Há um fio condutor na história. Seja do lado das reivindicações, seja das propostas dos governantes, percebe-se falta de propósito na formulação das ideias.

Aberta a temporada de exigências, queremos tudo. Transporte de graça, todos os corruptos no xilindró, remédios de graça, implosão dos estádios da Copa e a amputação dos nove dedos restantes do Lula.

Enquanto isso, no Congresso da vida real, continuam a tramitar projetos que estão lá desde a época dos Croods sem que ninguém dê a mínima. Estamos muito ocupados com a vida social do Sérgio Cabral, com os royalties de um petróleo que eu nunca vi mais gordo e nem sei se vou viver para ver e com a venalidade da Câmara --zzzzzzz...!

Mas tudo isso deveria passar em segundo plano diante de questão maior: educação. Ou a falta que faz.

Em um país que por décadas construiu seu sistema de educação baseado na exclusão da maioria (quem se lembra do famigerado "exame de admissão" que varria 70% dos alunos da escola no 5º ano ginasial?), que sentido tem dar ênfase aos gastos da Copa?

Há mais de dois anos tramita no Congresso o PNE (Plano Nacional de Educação), apresentado pelo MEC, que traça 20 metas para a educação no Brasil para os próximos dez anos. Tudo muito simples, direto, objetivo, claro. E urgente.

Já ouviu falar? Foi para a rua pedir sua aprovação? O plano, importantíssimo, está recebendo a atenção que merece? Óbvio que não. Faz dois anos que ganha uma emenda aqui e outra ali (já passam de 3.000) e continua jogado na gaveta a espera de votação.

É claro que tudo é prioridade num país em que mais de 50% da população não conta com coleta de esgoto. E sabemos que é válido falar sobre médico vindo de Cuba, da China ou de Timbuktu ou sobre violência urbana, arrastão a restaurante da burguesia ou chacina na periferia que aumentaram em razão do tráfico de drogas. Tudo tem importância.

Mas, na minha pauta particular de manifestações, eu priorizo cinco itens: 1) educação; 2) educação; 3) educação; 4) educação e 5) educação. Sem eles, não dá para pensar em nenhuma outra reivindicação.

Contra quem? - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 12/07

Cerca de 80 bloqueios de rodovias, em 18 estados, foram registrados ontem, no Dia Nacional de Lutas com Greve e Mobilizações, organizado pelas centrais sindicais, entre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores (UGT). Nas principais cidades do país, houve passeata com alguns milhares de manifestantes que bloquearam o trânsito. Em algumas delas, o funcionamento de linhas de ônibus, bancos, escolas e metrô foi interrompido por piquetes de sindicalistas. Greve geral, mesmo, como chegou a ser anunciado, não houve.

Comparada ao caráter espontâneo das manifestações das últimas semanas, a resposta das centrais sindicais foi um grande fiasco. Mostrou que os sindicatos foram abduzidos pelo poder político e que sua cúpula também está desgastada. Mesmo dispondo de grandes aparatos sindicais, mantidos muito mais em razão da existência do imposto sindical — um resquício do Estado Novo — do que em razão da participação dos trabalhadores.

Curiosa é a agenda do movimento sindical, que rachou em Brasília por causa da tese do plebiscito já, rejeitada pela maioria das centrais sindicais, mas que levou a CUT a fazer uma manifestação isolada em Brasília, ontem. O Palácio do Planalto vem barrando a aprovação das principais reivindicações pelo Congresso Nacional: a jornada de trabalho de 40 horas semanais, sem redução de salários; o fim do fator previdenciário; os 10% do PIB para a educação; os 10% do Orçamento para a saúde; e o fim dos leilões de petróleo e das privatizações.

Enrolando
O ministro do Trabalho, Manoel Dias (foto), saudou as manifestações de ontem: “A pressão é válida, é legítima, a participação do povo na rua é benéfica, porque o país, na medida em que exerce a cidadania e faz um teste de que a nossa democracia está se vigorando, estabelece muitos avanços”, disse. Ele, no entanto, não apoiou nenhuma das reivindicações apresentadas pelas centrais. Sobre a jornada de trabalho de 40 horas, Dias afirmou que é preciso um debate amplo para viabilizar um “grande acordo” sobre o tema.

Desbloqueio
A Justiça Federal em São Paulo concedeu liminar, requerida pela Advocacia-Geral da União (AGU), que proíbe a UGT e a Força Sindical de interromperem o tráfego nas rodovias federais do estado. A liminar tem validade de 15 dias. Está prevista multa de R$ 100 mil por hora de bloqueio.

Ser ou não ser
Ex-líder do governo na Câmara, o petista Cândido Vaccarezza (SP) foi indicado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para presidir a comissão que vai elaborar a reforma política. Ex-líderes de bancada do PT, Paulo Teixeira (SP) e Henrique Fontana (RS) também pleiteiam a posição. Quem está em apuros é o atual líder do partido, José Guimarães (CE), que havia indicado Fontana. O presidente do PT, Rui Falcão, tentará enquadrar Vaccarezza hoje.

Pessimista
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (foto) nunca esteve tão deprimido: avalia que o ambiente político é desfavorável a qualquer revisão das sentenças da Ação Penal 470, o processo do mensalão. Também diz aos amigos que a presidente Dilma Rousseff, para se reeleger, terá que enfrentar pelo menos quatro candidatos competitivos: Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (Rede Sustentabilidade), Eduardo Campos (PSB) e José Serra, que deve trocar o PSDB por outra legenda.

Tentaram
A quarta-feira na Câmara foi mesmo um daqueles dias de vaca estranhar o bezerro. O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o líder da bancada do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), bem que tentaram agradar ao governo, mas acabaram derrotados por 217 votos a 165, numa votação na qual tinham como certa a vitória. O líder do PDT, André Figueiredo (CE), liderou a rebelião na base para evitar a votação do projeto do Senado que destina os royalties de petróleo para a educação (75%) e a saúde (25%), artigo por artigo, como queria o líder do PT, José Guimarães (CE).

Desarticulação
PSDB, PSD, DEM, PSB, PDT, PPS, PV, PRB, PSol, PMN e PEN acompanharam o relator e orientaram contra a votação, artigo por artigo, do projeto do Senado. PT, PMDB, PR, PTdoB, PRP, PP, PTB e PSC ficaram favoráveis ao governo. Votaram contra a orientação do governo 45 deputados da base.

Duas em um // Cresce no Palácio do Planalto a tese de que a Secretaria de Relações Institucionais deve ser absorvida pela Casa Civil, liberando as ministras Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann para fazer as respectivas campanhas em Santa Catarina e no Paraná. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, assumiria a nova pasta.

Troco/ A Força Aérea Brasileira terá 30 dias para informar ao Senado sobre voos realizados por autoridades nos aviões oficiais da Aeronáutica. Presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) comandou a reunião da Mesa Diretora que aprovou o pedido do senador Aloysio Ferreira (PSDB-SP).

Polo/ Em comemoração aos 35 anos do Polo Petroquímico de Camaçari, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que trabalhou por mais de 20 anos no local, lançou um novo plano de expansão e de atrações de novos investimentos do polo, na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb).

Fundo/ A 16ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios terminou ontem. A Carta dos Prefeitos anuncia uma proposta de emenda à Constituição (PEC), a ser apresentada ao Congresso Nacional, para aumentar em 2% os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), composto de 22,5% da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados. A distribuição dos recursos aos municípios é feita de acordo com o número de habitantes.

Contraindicação - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 12/07

Para definir os vetos de Dilma Rousseff ao "Ato Médico", Alexandre Padilha (Saúde) passou a noite em uma tensa negociação por telefone com o Conselho Federal de Medicina. Segundo interlocutores do Planalto, o presidente do CFM, Roberto D'Ávila, teria chegado a sugerir: "Veta tudo!". O ministro levou o recado a Dilma. A sugestão foi vista como uma "provocação'' e "armadilha'' para criar polêmicas com outras categorias, como os enfermeiros, beneficiados pelos vetos.

Tarja preta Piada que corre no Planalto após o segundo revés entre o governo e profissionais da saúde em uma semana: "As receitas dos médicos a partir de agora serão: aspirina, repouso e não vote em Dilma em 2014".

A grande... Além de Michel Temer, a família Sarney também foi tema da conversa entre Dilma e Lula na terça-feira. O petista disse à sucessora que Roseana Sarney é quem mais se queixa de ser maltratada pelo governo.

... família Além disso, a herdeira do clã Sarney acha que o PT do Maranhão se aliará a Flávio Dino (PC do B), seu adversário político, em 2014.

Veja só Temer ligou ontem para Ideli Salvatti para dizer que apoia sua permanência no ministério. O vice-presidente tomou a iniciativa após saber que o Planalto estuda confiar a ele a indicação do substituto da petista na articulação política do governo.

Fora d'água Causou espécie no palácio o pedido de férias de Marcelo Crivella em meio à sucessão de crises enfrentadas pelo governo. O titular da Pesca pediu 15 dias, mas ainda não foi autorizado.

Dois gumes Marina Silva foi questionada sobre o significado do colar com uma flecha que tem usado nas últimas aparições. Disse que uma das extremidades aponta para o alvo, que é a criação da Rede, e a outra para ela mesma, para lembrá-la da responsabilidade que tem.

Non grata 1 O presidente do PT, Rui Falcão, desistiu de participar da mobilização das centrais sindicais ontem em São Paulo após receber recomendação da CUT.

Non grata 2 A entidade aconselhou o partido a ter participação discreta no movimento, pois as críticas ao governo Dilma seriam mais duras do que o esperado. O mal-estar azedou ainda mais o clima entre os petistas e a Força Sindical, presidida pelo deputado Paulinho (PDT).

Do mercado Marco Antonio de Biasi assume hoje interinamente a Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo. Número dois de José Floriano, indicado pelo do PP de Paulo Maluf, Biasi dirigiu empresas do ex-governador Orestes Quércia (PMDB) no setor imobiliário.

Gerentão 1 Geraldo Alckmin (PSDB) alterou o estatuto de duas comissões do governo paulista para ampliar os poderes de seu assessor especial e conselheiro João Carlos Meirelles.

Gerentão 2 Meirelles, que coordenou a campanha presidencial de Alckmin em 2006, passa a integrar o Comitê de Qualidade da Gestão Pública e a presidir a Comissão de Política Salarial.

Enxuga O plano de Alckmin de anunciar nova redução no número de secretarias está em banho-maria, mas o governador trabalha com a hipótese de fundir as pastas de Saneamento e Energia.

Voz da rua O PSDB vai aproveitar as queixas à qualidade dos serviços públicos para realizar ciclo de seminários sobre saúde, educação e mobilidade. Os eventos, organizados pelo Instituto Teotônio Vilela, acontecerão a partir de agosto, em Brasília e em vários Estados.

com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN

tiroteio
"Que o presidente do COI fique frio: pressa temos nós de garantir ao brasileiro, antes de 2016, atendimento adequado no Galeão."
DO MINISTRO DA AVIAÇÃO CIVIL, MOREIRA FRANCO, rebatendo a cobrança feita por Jacques Rogge por reformas no aeroporto internacional do Rio.

contraponto


Não é pelos 95 centavos
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) escolheu a cantina da Câmara como alvo de seus protestos. Na semana passada, pediu no plenário uma auditoria para apurar o aumento dos preços da lanchonete do Anexo 3.

--A xícara de café com leite subiu de R$ 0,75 para R$ 1,70. Mais de 100% de aumento -- reclamou.

Bolsonaro relata que o aumento prejudicou funcionários da Casa, que ganham salários modestos.

--Não queremos fazer uma rebelião, queimar pneus, fechar o corredor das comissões e fazer um movimento para diminuir aqueles preços! -- disse, provocando risos.

Juntando os cacos - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 12/07

Pressionado pela crise, o vice Michel Temer está conversando com ministros e já recebeu 55 deputados do PMDB. Seu objetivo é azeitar o partido para a volta do recesso. Sua tarefa mais delicada é domar o líder Eduardo Cunha. Temer discorda dos petistas que defendem isolar o líder de seu partido. Temer afirma: “Meu lema é unidade e integração. Não provoco nem propago incêndios”.

Quebrando a louça
A inabilidade política dos petistas é conhecida, mas anteontem, na votação da Lei dos Royalties, eles se superaram. Oposicionistas se divertiam no plenário da Câmara, dizendo que os líderes José Guimarães e Arlindo Chinaglia competiam para assumir a liderança da oposição. Na tribuna, Chinaglia se referiu ao líder do PDT, André Figueiredo, com as palavras “mentira”, “leviano”, “temerário” e “irresponsável”. Como se a vida se resumisse àquela lei. Guimarães escancarou, em fala batizada de “sincericídio”, o fisiologismo que cerca todos os governos. E proclamou: “Quero discutir quem tem cargo no governo e quem não tem cargo. Quem é governo tem ônus e bônus”.

“O Mercadante está cometendo três equívocos perigosos. Está falando demais, se metendo na área dos outros e acha que está muito forte”
Francisco Dornelles Senador do PP, sobre o falante ministro da Educação

Um desastre para o Rio
A Lei dos Royalties aprovada na Câmara, ao atingir contratos já assinados, prejudica as contas públicas do estado. Esses recursos são usados para cobrir o rombo na Previdência, que ficará a descoberto, se eles tiverem outro destino.

Precisa-se de aliados
Mesmo que consiga viabilizar a Rede, a candidatura de Marina Silva ainda vai precisar de alianças para ter maior viabilidade. Essas alianças garantem um tempo de TV maior. O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) trabalha com a atração de seu atual
partido, do PPS, do novato PEN e de partidos de orientação “cristã”, como o evangélico PSC.

De olho nas urnas
Os candidatos do PT, sobretudo aos governos estaduais, são os mais aflitos com a crise que atravessa o governo Dilma. Desesperados, não veem outra alternativa que não seja recorrer ao ‘salvador da pátria’ e sussurrar o “Volta Lula”.

Dilma e a reforma ministerial
Mesmo pressionada para fazer uma reforma ministerial, depois de ouvir o ex-presidente Lula, a presidente Dilma está inclinada a manter o cronograma e mudar só em abril. Seus auxiliares dizem que uma reforma agora colocaria mais um abacaxi no seu colo e que, num quadro de crise, o mais recomendável é dar segurança, para garantir a unidade, a coesão e a ação dos ministros.

Reduzir as campanhas na TV
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), encomendou projeto que reduz o tempo de propaganda eleitoral na TV para 30 dias no primeiro turno e para 15 dias no segundo turno. Sua intenção é aprovar a lei para o pleito de 2014.

Propaganda e renovação
Para o cientista político Jairo Nicolau, a redução dos dias de campanha na TV “não é convergente com o espírito de renovação” das ruas. Avalia que, com menos tempo, as candidaturas novas e dos menos conhecidos são prejudicadas.


MAIS REBELDES. Na votação dos royalties do petróleo, anteontem na Câmara, o PCdoB e o PSC, ambos da base aliada, votaram contra o governo Dilma.


SOBE E DESCE - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 12/07

O setor de cimento começa a se recuperar da queda do primeiro trimestre, quando as vendas caíram quase 2%. Entre maio e junho, elas voltaram a subir, num índice de 4,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

UMBIGO
A exportação, no período de um ano, despencou. Foi uma queda de 62%. Mas o índice tem pouco peso, já que a quase totalidade da produção de cimento é comercializada dentro do Brasil.

QUESTÃO DE HONRA
Advogados mandaram carta para a Globo reclamando de Silvia, uma advogada de família interpretada pela atriz Carol Castro em "Amor à Vida". Na novela, a personagem orienta clientes a mentirem em juízo. Para a Acrimesp (Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo), a postura é "imoral e antiética" e "induz a uma opinião equivocada" sobre os advogados.

QUESTÃO DE HONRA 2
Ademar Gomes, presidente do conselho da Acrimesp, pede que a personagem seja punida. A Globo informa desconhecer a carta. E declara que novelas são obras de ficção sem compromisso com a realidade: "Ao recriar livremente situações que podem ocorrer na vida real, a dramaturgia busca apenas tecer o pano de fundo para suas histórias, sem a intenção de ofender qualquer categoria profissional".

LANCHE FELIZ
Hospedado no Copacabana Palace, no Rio, John Travolta se aventurou pela pérgola do hotel na terça. Cumprimentou a todos com um "hi" (olá). Pediu chá e sanduíche e foi levado para o restaurante Cipriani, onde ficou mais protegido do assédio. No Brasil para gravar um comercial, o ator teve aulas de português. Aprendeu a falar "cachaça" e "brasilizar".

VEM PRA RUA
O projeto que muda a arrecadação de direitos autorais no país, aprovado no Senado, afetará "mais de mil famílias que vão perder seus empregos", diz Marisa Gandelman. Ela é diretora da UBC (União Brasileira de Compositores), que cuida da distribuição de direitos de autores como Gilberto Gil e Chico Buarque. Ao contrário deles, critica a mudança.

VEM PRA RUA 2
"Cinquenta autores [como Gil, Chico, Roberto Carlos e Caetano Veloso] ajudaram a aprovar uma lei que muda a vida de centenas de milhares de outros autores e profissionais", diz Gandelman. Ela critica, entre vários pontos, a decisão de diminuir a taxa que o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) recebe para arrecadar os direitos, de 25% para 15% --o que pode resultar em dispensa de funcionários.

VEM PRA RUA 3
Uma das profissionais que mais entendem de direitos autorais no país, Gandelman diz que a aprovação do projeto "é uma mancha na biografia" dos artistas da MPB que promoveram a ideia. E apoia a decisão dos que discordam de recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para reverter o projeto, como já anunciado pelo compositor Fernando Brant.

RADICAL CHIC
Sensação do surfe mundial, Gabriel Medina, 19, passará a exibir nas pranchas sua própria logomarca.

Ela foi criada pelo publicitário Marcello Serpa, que é sócio da AlmapBBDO e surfista nas horas vagas.

PLANO DE VOO
A Gol lança, até o fim do ano, duas novas rotas: Boston, com voos partindo de São Paulo e do Rio de Janeiro, e Nigéria, com saída a partir de Recife.

A clientela para os EUA viajaria a negócios. A África chama a atenção da empresa pela demanda de comerciantes do continente que vêm ao Brasil fazer compras.

NA TELONA O ator Dionisio Neto começou as filmagens do longa "Classe Média", de sua autoria; ele faz o papel de Amir, dono de bar com síndrome de Peter Pan

TRÊS VEZES ARTE
Na abertura das exposições "Maria Martins: Metamorfoses", "Mitologias por Procuração" e "O corredor e seu Próprio Corredor", anteontem, no Museu de Arte Moderna, em São Paulo, estiveram presentes Millú Villela, presidente do MAM, o secretário estadual José Anibal (Energia) e sua mulher, Edna Pontes, o cenógrafo Guilherme Isnard e as curadoras Tanya Barson e Denise Mattar.

CURTO-CIRCUITO
Roberta Sá faz show hoje e amanhã, às 22h, no Tom Jazz. 14 anos.

O espetáculo "Hotel Fuck: num Dia Quente a Maionese Pode te Matar" vai de hoje a domingo na Galeria Olido. 14 anos.

O Sarau da Vida, com pacientes do oncologista Celso Massumoto, é hoje, às 19h30, no Vanilla Caffé.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 12/07

Centro de teste automotivo é projetado em MG
Uma empresa paulista de soluções industriais planeja implantar em Minas Gerais um centro privado para testes de novos automóveis.

A Partner Parcerias assinou um protocolo de intenções com o governo estadual para tirar do papel o projeto de um campo com 3 milhões de m² em Sete Lagoas (a 73 km de Belo Horizonte).

Montadoras poderiam alugar um espaço com retas, curvas, serras e rampas, tanto no asfalto como em terra e paralelepípedos, e usar laboratórios de análises para veículos leves e pesados.

"O intuito não é fazer só um conjunto de pistas, mas um centro tecnológico de desenvolvimento veicular", diz Luís Jacyntho, dono da Partner.

O orçamento preliminar, segundo ele, chega a R$ 270 milhões. A empresa, que já atua com montadoras, usará recursos próprios e buscará investidores, financiamentos e incentivos do governo mineiro.

A proposta é iniciar as obras ainda neste ano e concluir toda a construção em 2016.

Minas foi responsável por 25% da produção automotiva brasileira em 2012, segundo a Anfavea (associação do setor) e conta com fábricas da Fiat, da Iveco e da Mercedez-Benz.

Para Jacyntho, porém, o local também deve ser procurado por montadoras de fora.

"A demanda é muito grande. Hoje, muitas empresas enviam veículos para suas matrizes estrangeiras, por não terem estrutura específica."

A empresa diz que a região de Sete Lagoas já é usada para testes em campos menores e apresenta clima adequado.

QUEDA PORTUÁRIA
O porto de Vitória caiu no ranking de maiores movimentações de cargas no país no primeiro trimestre de 2013, segundo dados recém-divulgados pela Antaq (agência de transportes aquaviários).

Com uma queda de 41% em comparação com o mesmo período de 2012, o porto deixou o nono lugar e foi para a 13ª colocação.

Três motivos explicam o cenário, de acordo com a Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo, responsável pela administração).

"A crise europeia afeta muito a nossa atividade, porque o Estado é muito dependente desse mercado", diz o diretor de infraestrutura e operações, Hugo Amboss Merçon.

O porto também está em obras desde 2012, com a ampliação do cais comercial e serviços de dragagem, o que reduziu parte das operações.

Merçon aponta ainda a extinção pelo Senado, no ano passado, de um fundo que apoiava empresas do Estado com operações exteriores.

"Temos observado nos últimos anos um crescimento muito grande da movimentação da indústria e do gás. Por isso, mesmo com a queda, nossa receita financeira tem ficado no mesmo patamar."

FROTA NOVA
A Viação Catarinense, do grupo JCA, fará um aporte de R$ 52 milhões para comprar 110 ônibus novos. Com o investimento, a companhia deverá reduzir a idade média de sua frota de 7,7 anos para 2,2.

"Quanto mais carros novos temos, menos problemas de manutenção aparecem. E ainda conseguimos elevar a satisfação do cliente", diz o diretor-executivo da empresa, Marcelo Pierobon.

Cálculos da viação mostram que o gasto com manutenção de um ônibus novo é de R$ 0,04 por quilômetro rodado. Com um veículo de cerca de dez anos, chega a R$ 0,20.

"Isso sem falar em mão de obra, estamos considerando apenas as peças."

A Catarinense deve ter uma queda no ritmo de crescimento neste ano devido ao pouco número de feriados, segundo Pierobon.

"Quem viaja com a gente é mais por lazer. Trazemos pessoas para o litoral de Santa Catarina."

A expectativa é que a expansão fique entre 6% e 7%, dependendo dos reajustes nos preços das passagens autorizados pelo governo. Em 2012, a alta foi de 12%.

Ajuda... O Sebrae-MG, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, o Instituto Euvaldo Lodi e a Fapemig (fundação de amparo à pesquisa) vão retomar o Programa Inventiva, que fornece suporte financeiro a micro e pequenas empresas.

...mineira O objetivo é transformar protótipos em produtos que possam ser comercializados. A previsão é que 15 projetos sejam apoiados até o final de 2014, com uma média de R$ 40 mil para cada um.

Pé... A marca de calçados Democrata se prepara para inaugurar no segundo semestre quatro lojas nas cidades de Quito (Equador), Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), Assunção e Ciudad del Este (Paraguai).

...sul-americano Já há uma loja localizada em Quito e outra em Buenos Aires --no Brasil, são 20 licenciadas. O plano da empresa é chegar nos próximos anos aos mercados chileno e uruguaio.

Conversa digital A Embratel fez parceria com a PromonLogicalis, provedora de tecnologia da informação, para oferecer serviços de telepresença em Full HD. O alvo são empresas com filiais distantes.

Saudável A eWave do Brasil, multinacional israelense com soluções em tecnologia, vai criar uma unidade de negócios na área da saúde. Em 2012, o faturamento no país foi de R$ 30 milhões.

FÉRIAS NOS RESORTS
As agências de viagens são usadas por 44% dos hóspedes de resorts como principal canal para reservas, de acordo com pesquisa da associação brasileira do setor.

Em seguida aparecem as compras feitas por meio de telefone e e-mail do hotel (32% dos clientes), sites na internet (18%) e agências de viagens on-line (6%).

A pesquisa, contratada pela Resorts Brasil e realizada pela Guest Associados, ouviu 2.953 turistas durante o período de alta temporada.

Com 16% das respostas dos entrevistados, as praias aparecem como principal atrativo para quem opta por esse tipo de hospedagem.

21%
dos entrevistados já estiveram em mais de cinco resorts

54%
dos ouvidos afirmaram que viajam com crianças

VISITA INGLESA
O inglês Lloyd Dorfman, fundador e chairman da Travelex, uma das maiores empresas de câmbio do mundo, está no Brasil para conhecer as principais lojas da Confidence Câmbio.

Em 2011, a Travelex comprou 49% da empresa brasileira. O restante será adquirido no próximo ano. Após a transação ser finalizada, a Confidence deverá representar 12% do faturamento da companhia inglesa.

"O Brasil nos dá uma plataforma para desenvolvermos nossos negócios na América Latina", diz Lloyd, sem especificar quais são os países onde a empresa deve investir. "Entraremos nos outros países com uma combinação de negócios próprios e aquisições."

Dilma sem fronteiras - MÔNICA BAUMGARTEN DE BOLLE

ESTADÃO - 12/07

Passadas duas semanas da grande mobilização do dia 20 de junho, ainda que não tenhamos um diagnóstico único e preciso sobre o que levou mais de um milhão de pessoas às ruas na simbólica quinta-feira, é possível afirmar com contundência: Dilma não tem fronteiras. Em resposta às demandas da sociedade, exerce o direito de ingerência que acredita que o seu status de chefe da Nação lhe confere. Depois da atabalhoada proposta de convocar uma Assembleia Constituinte de caráter exclusivo, transmutada na proposta de um plebiscito para a reforma política, deu uma trégua à ingerência sobre o poder legislativo para influenciar diretamente a formação dos médicos brasileiros. Em resposta aos clamores da população por melhorias na saúde, lançou o controvertido programa Mais Médicos, que obriga a todos os estudantes de medicina, de universidades públicas ou privadas, a passar dois anos trabalhando para o SUS como precondição para receber o diploma.

A ideia poderia até ser interessante, não fosse por dois, digamos, detalhes. Primeiramente, uma mudança de regras no processo de formação de profissionais de uma área tão importante quanto a da saúde não pode simplesmente ser imposta. Tem de ser discutida com a sociedade, os profissionais e as entidades do setor. A imposição sem debate induz a toda sorte de incentivos perversos, até mesmo o de que menos pessoas procurem cursos de medicina daqui para a frente. Nesse caso, Mais Médicos rapidamente se transformaria em "Menos Médicos". Em segundo lugar, se é aceitável que estudantes de medicina de universidades públicas retribuam o investimento feito pelo Estado em sua educação servindo ao público, isso não é verdade para aqueles que ingressam na profissão oriundos de faculdades privadas. Nesse caso, o sujeito pagou de seu próprio bolso para se formar e o Estado não pode ter o poder de interferir na escolha de como empregar seu conhecimento.

Imaginem se o Estado tivesse o direito de ingerência para "fins humanitários", emulando toscamente os Médicos Sem Fronteiras, em todas as profissões. Economistas só poderiam obter seus diplomas depois de passar dois anos trabalhando na Caixa, no Banco do Brasil ou no BNDES. Advogados só poderiam exercer a profissão depois de servir, por dois anos, à polícia ou aos Ministérios Públicos das diversas esferas de governo - afinal, o povo pediu mais segurança, mais agilidade nos processos judiciais, exigiu o combate à corrupção. Qualquer indivíduo com formação universitária seria forçado a passar dois anos lecionando alguma disciplina - de preferência português, matemática e ciências - no ensino fundamental das redes públicas, pois o povo quer melhorias na educação.

Não é preciso pensar muito para chegar à conclusão de que esse tipo de "solução pragmática" resvalaria na distopia dos regimes centralizadores que faliram mundo afora. É apenas uma questão de incentivos incorretamente desenhados. Simples assim. No limite, teríamos cada vez menos alunos com formação universitária para que pudessem reconquistar sua liberdade de escolha.

Não há mágica. Se a economia estiver funcionando bem, se o Estado limitar seu escopo de atuação sobre decisões privadas e se preocupar em gerir bem os recursos do governo, proporcionando um ambiente de estabilidade macroeconômica, ele irá gerar mais receitas. Com mais receitas, mais racionalidade econômica e melhorias na alocação de recursos, o Estado pode remunerar adequadamente e contratar mais professores, advogados e, quiçá, melhores economistas. Pode até atrair "mais médicos".

Cara presidente Dilma, não queremos lhe dar o direito de ingerência, não pretendemos lhe conceder o privilégio de interferir nas decisões privadas. A prerrogativa do direito de ingerência pertence aos Médicos Sem Fronteiras, a maior organização global sem fins lucrativos para a área de saúde, que se vale da ação legítima de violar soberanias para promover a ajuda humanitária. Que tipo de "ajuda humanitária" as reações mal formuladas proporcionam ao País?

Quando melhorar... - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 12/07

Terça-feira, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, garantia que, "em cinco ou seis meses, quando a economia melhorar", a presidente Dilma terá voltado a desfrutar do prestígio junto à população e do apoio político perdido nos últimos meses.

É uma afirmação que se baseia em pressupostos e condicionantes que convém examinar. Fica reconhecido que a perda de chão político sob os pés da presidente Dilma não se deveu a súbitas mudanças de estado de espírito de uma população temperamental, mas aos desarranjos da economia, que se espera agora seja consertada. Não é difícil de identificar os dois principais: a escalada da inflação e o crescimento econômico insatisfatório. Mas há outros: os rombos crescentes nas contas externas, uma indústria que sofre de atrofia nas pernas e, principalmente, a condução deficiente das contas públicas (política fiscal).

Esse reconhecimento implícito dentro do governo não deixa de ser novidade. Até agora, nossas autoridades não identificavam nenhum problema grave. A inflação, por exemplo, era coisa temporária, causada por fatores externos e de reversão garantida. Com alguma paciência, logo viria a convergência, mais ou menos espontânea, para a meta.

O diagnóstico oficial para o PIB fraco era da mesma ordem. A crise externa e a recessão dos países ricos haviam encurtado o mercado para o produto brasileiro, mas, logo depois da primeira curva, viria aí o "pibão grandão", de nada menos de 4,0% a 4,5% ao ano (algumas áreas do governo projetavam até 5,0%), que tiraria as diferenças. Afora isso, os números do pleno emprego e do consumo interno robusto passavam atestado de saúde da economia.

Não basta o reconhecimento do ministro, e do governo, de que alguma coisa desandou. É preciso entender por quê. E, outra vez, o governo não parece interessado no diagnóstico.

Parece óbvio que ela se deveu às aplicações experimentalistas de política macroeconômica adotadas pelo governo Dilma. Foi a tal Matriz de Política Econômica, que se baseou na derrubada dos juros sem fundamentação técnica suficiente (meta dos juros em substituição à meta de inflação), na adoção de uma política orçamentária flácida, em nome da necessidade de adotar critérios anticíclicos (mais despesa em tempos de produção mais baixa) e no incentivo ao consumo sem correspondência na capacidade de oferta da economia.

Isso significa que, para garantir a virada, não basta submeter a economia a alguns ajustes de circunstância e incentivar os puxadinhos de sempre. É preciso mais.

É um equívoco, por exemplo, afirmar que a política fiscal do governo Dilma seja um descalabro. Apesar dos problemas, não é. Ela é apenas insuficientemente rigorosa para assegurar os objetivos pretendidos. Por isso, também, é a mãe das distorções. Menos rigor na administração das contas públicas estufa o consumo, abre rombo nas contas externas e exige um esforço excessivo da política monetária (política de juros) para controlar a inflação.

Tudo isso também provoca deterioração da credibilidade do governo, retrai os investimentos e leva o consumidor a atitudes bem mais conservadoras na administração do seu orçamento doméstico. A redução do apoio à presidente Dilma é consequência de tudo isso.

Já foi dito algumas vezes nesta Coluna que dá, sim, para reverter a situação adversa para o governo. Mas não custa repetir. A melhor sugestão nesse sentido foi manifestada pelo ex-ministro Delfim Netto. Para ele, o choque de credibilidade que mudaria muita coisa depende de que o governo federal assuma o compromisso formal de perseguir e atingir, em três ou quatro anos, o déficit nominal zero na condução das contas públicas. Com isso, receitas e despesas (incluídas as dos juros da dívida) do governo se equilibrariam, a dívida cairia em relação ao PIB e os investimentos voltariam a fluir.

Como não há nada de novo na administração da economia - a não ser a atuação mais realista do Banco Central a partir de abril -, também não dá para contar com que, em apenas cinco ou seis meses, melhore o desempenho da economia, como quer o ministro Gilberto Carvalho.

Os ruídos da resposta - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 12/07

A ideia inicial do governo era, no Dia Nacional de Lutas, mostrar que ainda tem controle sobre as ruas, através das centrais sindicais que, direta ou indiretamente, estão ligadas a ele. Mas o balanço é melancólico. Houve confusão, mas não adesão popular. Não foi uma demonstração de força do trabalhismo oficial, e vários lemas foram até hostis ao governo.

O governo pensou que estrelas seriam lustradas, bandeiras, sacudidas, e o PT e os partidos da coalizão governamental exibiriam controle majoritário no movimento social organizado. Mas foi uma manifestação bem mais vazia do que imaginaram, e os interesses defendidos foram diversificados. Os médicos que protestaram mostraram sua discordância em relação às últimas propostas para o setor, como a contratação de médicos estrangeiros e os dois anos obrigatórios de serviço ao SUS. Os professores querem mais dinheiro para educação. Os portuários querem aumento salarial e reivindicam pontos que não foram contemplados na Lei dos Portos.

Houve bandeiras diversas, nenhuma defendendo o governo da posição enfraquecida em que se encontra. Não foi o que Brasília sonhou que fosse, no primeiro momento.

As próprias centrais sindicais, mesmo todas juntas, como CUT, CGT, Força Sindical, entre outras menos votadas e representativas, mostraram que não conseguiram fazer sombra à força da participação espontânea, quando ela irrompeu em junho. O movimento, quando aconteceu, deixou as centrais confusas. Achavam que tinham o monopólio de levar manifestantes para as ruas e foram surpreendidas. O movimento de ontem foi convocado para mostrar que elas ainda sabem como encher avenidas com seus seguidores.

O que mais impressionou no Dia Nacional de Lutas foi o uso abusivo do que é cada vez mais comum nos últimos tempos: bloqueio de rodovia como ato de protesto. Isso, seja qual for o motivo da reivindicação, cria uma série de problemas para o país, limita o direito de ir e vir, afeta o escoamento do abastecimento de produtos, que é majoritariamente rodoviário. E, como se viu ontem, virou a forma mais comum de protesto.

Várias categorias têm antigas reivindicações e ontem foram falar dessas lutas específicas, algumas com maior ou menor grau de viabilidade. As Centrais apresentaram o que as tem unido há muito tempo: fim do fator previdenciário e a redução da jornada sem redução do salário, fim da terceirização.

Ficando em apenas urna dessas bandeiras: o fator previdenciário foi uma solução temporária, enquanto o governo não conseguia fazer uma reforma da previdência que torne toda essa questão mais racional. Os brasileiros têm uma expectativa de vida maior, mas relutam em seguir o que acontece em outros países do mundo, que é adiar a aposentadoria e estabelecer a idade mínima. O fator previdenciário foi uma gambiarra feita para contornar essa incapacidade. Deveria terminar, desde que o país, antes, mudasse a previdência. Mas até uma pequena e justa mudança que foi defendida tempos atrás já está arquivada: a de que viúvas jovens não herdem o valor integral da aposentadoria, principalmente na Previdência Pública. Nos outros países, isso é diferenciado: o percentual do que herdam depende da idade, de ter ou não filhos pequenos, do nível de renda. Do jeito que é no Brasil, tem se multiplicado o caso de idosos que deixam sua aposentadoria para pessoas mais jovens através de vários estratagemas. O déficit previdenciário já é alto demais, a população está envelhecendo. Nos outros países, já foram abolidas regras que aprofundam o déficit no Brasil.

Até a mais governista das centrais, a CUT, tinha críticas a fazer. As críticas foram ao Banco Central e à elevação dos juros, que definiram como uma "excrescência".

O Dia Nacional de Lutas acabou sendo um mosaico de reivindicações — algumas justas, outras inviáveis, algumas corporativas, outras ideológicas — mas não foi demonstração de força do governo sobre o movimento social organizado. Não foi sequer demonstração de força das centrais sindicais sobre os trabalhadores.

Houve adesão, o dia esteve longe de ser normal, trabalhadores foram para as ruas, muitas categorias se manifestaram, mas a mobilização esteve abaixo do que os próprios sindicatos tinham imaginado. Enquanto isso, o governo continua enrolado na sua incapacidade de dar uma resposta à insatisfação que espontaneamente apareceu nas ruas de junho.