sábado, maio 28, 2011

No reino encantado de Thor - REVISTA VEJA - RIO



No reino encantado de Thor

Sofia Cerqueira
REVISTA VEJA RIO

Não bastam os jatinhos, carros espetaculares, roupas de grife, barcos e mansões que fazem parte da rotina vivida pelo filho do homem mais rico do Brasil. Ele agora quer ser também um grande empresário da noite
Fernando Lemos
Thor e seu novo Aston Martin, de 1,3 milhão de reais: paixão por automóveis e pela forma física
Com nome de divindade nórdica e herdeiro de uma fortuna estimada em 30 bilhões de dólares, Thor de Oliveira Fuhrken Batista não é um jovem comum. Primogênito do oitavo homem mais rico do mundo e da eterna rainha do Carnaval, o ex-casal Eike Batista e Luma de Oliveira, o garotão de 19 anos vive em um mundo mais próximo do fantástico reino de Asgard, das lendas escandinavas, do que da planície carioca. Amante da velocidade, tem na garagem um Aston Martin DBS, comprado há um mês por 1,3 milhão de reais. Quando quer badalar nas boates descoladas de São Paulo, embarca em um dos três aviões da frota familiar, entre eles um Gulfstream, capaz de ir até a Europa sem ser reabastecido. Gasta alguns milhares de reais numa noitada e volta para dormir no conforto da mansão onde mora, no Jardim Botânico. Ali, dispõe de facilidades como quadra de tênis oficial, sala de cinema e academia de ginástica. Assim como o deus do trovão, o Thor de carne, osso e músculos cultua a força física e exibe bíceps com 45 centímetros de diâmetro, esculpidos em uma hora e meia diária de malhação. Tal silhueta — e o patrimônio do pai — lhe garante a simpatia das mulheres. Com tantos prazeres ao alcance de um celular, o rapaz poderia simplesmente circular pelo planeta, frequentando os melhores hotéis, restaurantes e festas. Mas ele quer mais.
Quando repousa a cabeça em seus travesseiros de pena de ganso, Thor sonha em repetir o sucesso paterno no mundo dos negócios. A partir deste sábado (28), ele começa a dar forma a tal desejo. Nesse dia, foi agendada uma recepção para 4 000 pessoas no Museu de Arte Moderna, no Centro. Numa espécie de rito de passagem, a celebração marca o início das atividades da empresa BBX, uma sociedade com Mário Bulhões Pedreira, de 27 anos e herdeiro de uma das mais tradicionais famílias de advogados do país. Juntos, eles querem transformar a companhia em um conglomerado no ramo do entretenimento. O primeiro empreendimento, uma filial da franquia espanhola de boates Pacha, terá as portas abertas em outubro, na Gávea. Ao todo, o negócio vai consumir 11,5 milhões de reais em investimentos — metade do valor foi emprestada por Eike. “Eu cresci ouvindo meu pai dizer que o maior orgulho de um homem é ver o filho superá-lo”, conta. “Sempre engolia em seco quando ele dizia isso. Fazer mais do que ele é quase impossível.”
Fábio Guimarães/Extra/Ag. O Globo (luma), WILTON JUNIOR/AG. ESTADO (Thor com eike), (camarote), Arquivo pessoal (restante)
Na piscina com o pai, quando este era conhecido apenas por ser marido de Luma (à dir.); ainda menino com a mãe famosa e ao lado do irmão Olin. Abaixo, no Carnaval de 2007
e, acima, ao lado de Eike, depois de uma reunião de trabalho
Onipresente nas conversas, o pai é, indiscutivelmente, uma grande referência para Thor. Desde menino, ele o acompanha em reuniões e compromissos profissionais para um dia suceder-lhe no comando do império familiar. Quase toda semana, passa pelo menos um dia na sede da EBX, a holding do grupo, na Praia do Flamengo. O rapaz gosta de contar que seu primeiro compromisso de trabalho, digamos, foi em 2000, quando tinha apenas 9 anos. Na ocasião, viajou para o Chile com Eike, que foi vender uma mina de ouro. Recentemente esteve em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, para uma conversa com um xeque que seria dono de uma fortuna de 1 trilhão de dólares, a bordo de um iate de 400 pés. “O que mais me fascina no desejo de Thor de conquistar sua independência financeira é que ele está repetindo a minha história. Mas por vontade própria”, afirma Eike, orgulhoso.
Além da figura paterna, outro ídolo no panteão de Thor é o atualmente encrencado ator Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Califórnia. A reverência não é fruto do desempenho do austríaco em filmes como Conan, o Bárbaro ou Exterminador do Futuro, na política ou nas notórias puladas de cerca, mas sim de seu passado como fisiculturista. O moço é totalmente obcecado pela forma física. Com 1,89 metro de altura e 88 quilos, exibe um índice de gordura corporal de atleta olímpico, ínfimos 4% (para a sua idade, o normal é 14%). No casarão onde mora com Luma e o irmão Olin, de 15 anos, sua maior diversão é se exercitar sob a supervisão de um personal trainer. À mesa, disciplina total. Adepto de um regime um tanto quanto peculiar, ele se alimenta de três em três horas com refeições ricas em proteína. No café da manhã, por exemplo, come frango grelhado com arroz e purê de batata. Suplementos alimentares e medicamentos complementam a dieta. Para monitorar os efeitos de tantas substâncias em seu organismo, realiza exames de sangue a cada dez dias. “Se não estou satisfeito com meu corpo, nem consigo pensar direito.”
Não raro, sua obsessão pelos exercícios e a preocupação excessiva com a estética dão origem a falatórios e fofocas. No fim do ano passado, Thor decidiu mostrar o resultado de tanta malhação a um grupo de colegas e teve a ideia de divulgar no YouTube um vídeo no qual aparecia de sunga fazendo ginástica ao lado de um amigo na academia particular. “Não imaginei que isso fosse repercutir tanto. Só porque tinha uma cena em que eu dava um abraço no meu amigo passaram a insinuar que eu era homossexual”, comenta, ao mesmo tempo em que desdenha dos comentários. “Tenho autoconfiança suficiente.”
Bem resolvido, ele realmente não se preocupa com o que falam de sua notória vaidade. Thor não só cuida da aparência de forma sistemática como conversa com desenvoltura sobre o tema. Diariamente, passa no rosto quatro tipos de sabonete e um creme antienvelhecimento. Tingidos por luzes no passado, os cabelos recebem hidratante e, uma vez por ano, queratina, para ficar mais macios. Tem um equipamento de bronzeamento artificial em casa, mas garante só ter entrado ali uma vez. “Meu dermatologista achou que podia ser perigoso. Uso então um spray autobronzeador”, revela. As roupas de grife são trazidas do exterior, à exceção das peças Armani, que compra na loja do Fashion Mall. A cada visita costuma gastar entre 12 000 e 15 000 reais. “Da mesma forma que herdou o espírito de liderança do pai, ele é muito parecido comigo em outros aspectos, como fisicamente. A boca e os olhos são meus”, diz Luma.
O universo por onde Thor gravita é, de fato, um mundo paralelo, onde a lógica tradicional se encontra em suspenso. Sua estreia à frente dos negócios acontece antes mesmo de ele ter concluído o curso superior — a matrícula no 1º ano de economia do Ibmec foi trancada porque ele achou o ritmo muito puxado. Apesar de ser fluente em inglês e alemão e ter estudado em uma das escolas mais tradicionais do Rio, valeu-se de um supletivo para concluir o ensino médio. Ler, definitivamente, não está entre suas preferências. Gosta apenas de textos sobre carros e fisiculturismo. Costuma se informar sobre negócios em um caríssimo serviço on-line fornecido pela agência americana Bloomberg, ao custo de 5 000 dólares mensais. Algo além disso, nem pensar. “Nunca li um livro inteiro”, admite. “Na época da escola, copiava os resumos da internet para fazer as provas.” No entanto, geralmente diz que a falta de aplicação nos estudos é compensada por um aguçado tino para investimentos. “Comprei o Aston Martin com o dinheiro que ganhei na bolsa”, afirma.
Phillipe Lima/Ag. News
A ex-namorada Nicole
Cristina Granato
Tamara, atual namorada (de azul, ao lado de Thor): as mulheres na
vida do solteiro mais cobiçado do país
Rico, bonito e jovem, ele gosta de badalar. Além das escapadas de jatinho para São Paulo, usa os dois helicópteros da família para passar o fim de semana em Angra dos Reis. Lá, dois maravilhosos barcos, um com 68 pés (23 metros) e outro com 115 pés (36 metros), ficam à disposição dos hóspedes. Mão-aberta, muitas vezes banca as despesas dos amigos. “A gente tem uma vida de luxo, sim, mas não esbanjo dinheiro. Conheço gente que torra 60 000 reais numa noite. Eu gasto no máximo 6 000”, declara. Aos companheiros mais próximos e apaixonados por carros como ele, chega a dar presentes como um kit de peças cujo valor ultrapassa 20 000 reais. Mas aprendeu desde pequeno a se manter alerta contra aproveitadores. “Costumo dizer que já nasci com detector de gente interesseira. Sei que, com a fortuna do meu pai, muita gente finge ser minha amiga”, afirma. Por motivo de segurança, não dá um passo fora de casa sem que esteja acompanhado por seus seis guarda-costas.
Fernando Lemos
O sócio Mário Bulhões na empresa BBX
No Brasil, o filho de Eike Batista é a personalidade que mais se aproxima da figura de um príncipe herdeiro. Alguns de seus namoros do passado, como o que manteve com a paranaense Nicole Bahls, uma das apresentadoras do programa Pânico na TV, fizeram a festa dos paparazzi. Hoje mantém um relacionamento discretíssimo com a estudante de relações internacionais Tamara Lobo, de 20 anos. “Ela é a mulher com quem eu quero me casar”, avisa. No início do romance, Thor chegou a se preocupar em não ser mal interpretado. “No dia em que começamos a namorar, dei de presente uma aliança modesta da H.Stern, de 7 000 reais, para ela não achar que eu estava ostentando”, lembra. Em compensação, quando o namoro engrenou de vez, ele trocou a joia por outra, comprada na filial paulistana da Tiffany & Co por 30 000 reais. Tamara, também filha de família abastada, deu-lhe de presente um relógio Breitling, que acabou substituindo o antigo Rolex que nunca saía de seu pulso. Como o amor não tem preço, já reservou uma semana numa suíte de 160 metros quadrados do Hotel Ritz de Londres para comemorar o aniversário dela, em julho. Faz parte do pacote um Rolls-Royce para o casal passear por lá.
Divulgação
projeção gráfica da Pacha que será aberta em outubro na Gávea: investimentos de 11,5 milhões de reais
Sucessor direto de uma estirpe iniciada por seu avô, o engenheiro Eliezer Batista, ex-presidente da Vale e responsável pela transformação da empresa no colosso que é hoje, Thor tem um longo caminho pela frente. Aos que duvidam de sua capacidade ou destreza em gerir negócios, é bom lembrar que Eliezer e Eike também foram considerados aventureiros e até mesmo sonhadores. Os dois criaram empresas sem paralelo no país. Nada impede que o representante da terceira geração, com seu nome de herói escandinavo, seus músculos, sua obstinação e o capital da família, venha a realizar seus próprios feitos. Mas, se malhasse menos e lesse mais, mesmo que fossem apenas biografias de grandes empreendedores, suas chances — e seus poderes — seriam ainda maiores.

MANOEL CARLOS - Vida & morte



Vida & morte

MANOEL CARLOS
REVISTA VEJA - RIO

Meus amigos, quando morrem, continuam fazendo aniversário. No meu coração e na minha memória, onde permanecem guardadas as boas lembranças do convívio, dos momentos divertidos e até mesmo das adversidades da vida. Para isso, tenho o auxílio de uma agenda infalível, ou quase, que me devolve o carinho daqueles que se foram para sempre, mas que eu continuo visitando, levado por uma data, um acontecimento único, qualquer coisa assim. E imagino esses meus mortos queridos ainda apagando velinhas e oferecendo fatias de bolo, imitando os que ainda vivem, mas já distantes deste belo e insensato mundo. Não há nada de anormal ou paranormal nesse meu comportamento. Afinal, para que alguma coisa exista para você, basta que você acredite nela.
Alguns dias atrás encontrei nessa agenda o nome do Bráulio Pedroso, que neste ano está fazendo 80 anos. De vida? Não, de vida ele fez apenas 59, pois morreu em 1990. Está fazendo 80 anos na minha memória e certamente na memória dos que o amaram e o amam. Claro que não haverá nenhuma comemoração, e muito provavelmente os jornais não se lembrarão dele. Mas isso não importa. Se uma única pessoa se lembrar, ele já não será um dos muitos esquecidos. E do Bráulio, com certeza, muitos se lembrarão, como eu me lembro.
A agenda me mostra a data em que ele morreu: 15 de agosto. Uma quarta-feira. Vou ao arquivo e encontro lá o que escrevi, na ocasião, para o Jornal da Tarde (SP) e que foi publicado já no dia seguinte, 16 de agosto. Conto que ele trabalhava na sinopse de uma novela que inauguraria uma nova fase na teledramaturgia do SBT.
Bráulio, contava eu, estava entre os poucos que não repetiam ninguém. Nem a si próprio. Ele era repetitivo numa única coisa: em inovar. Foi assim com Beto Rockfeller, que ficou no ar durante um ano, de novembro de 1968 a novembro de 1969. Criava, com Beto, uma nova linguagem narrativa para as novelas, e por isso virou marco histórico. Posso repetir, hoje, o que afirmava naquele dia de 1990: que nem daqui a mil anos se poderá contar a história da telenovela brasileira sem citar o divisor de águas que representou o “bicão” magistralmente interpretado pelo Luiz Gustavo. E lembrava também que, depois de Beto, todas as outras novelas de Bráulio procuraram caminhos próprios e originais, como, por exemplo, O Cafona (1971), O Bofe (1973) e O Rebu (1975). Qualquer pessoa que se lembre de uma dessas histórias há de concordar que nenhuma delas teve semelhança com outras do gênero.
Por fim, eu contava aos leitores do Jornal da Tarde de um almoço que tivemos duas semanas antes daquele 15 de agosto, em que nos lembramos dos bons tempos da nossa juventude, em São Paulo. E relatava que rimos, rimos muito, principalmente de nós mesmos.
E, encerrando a crônica em questão, revelava que no telefonema que ele me deu, na noite anterior, provavelmente uma ou duas horas antes de morrer, me garantiu que a novela que ia começar a escrever, a pedido do Walter Avancini, encerraria sua carreira na televisão. E foi nesse último contato que ouvi dele a frase: “Isso não é meio de vida, Maneco, mas de morte”. Não pensem, por isso, que ele era pessimista nem que, mesmo sem o saber, estava se despedindo da vida com amargura. Não. O Bráulio tinha um grande senso de humor, como prova toda a obra que deixou no teatro e na televisão, assim como mantinha paixão pela vida. Mas, como todo homem inteligente e divertido, cultivava também o humor negro.
***
Terminando de escrever esta crônica sobre o meu amigo Bráulio, 80 anos neste ano, voltei ao livro que estou lendo, As Três Vidas, do português João Tordo. É uma obra admirável, que eu recomendo aos meus possíveis leitores. E, muito a propósito desta crônica, logo na primeira página chama atenção uma epígrafe colocada pelo autor, assinada pelo inglês Douglas Adams, escritor, comediante e pensador original, identificado mais facilmente como autor do Guia do Mochileiro das Galáxias, que pode ser encontrado nas livrarias, numa bela edição da Sextante. Eis o que ele diz: “É curioso que as pessoas usem a expressão vida e morte. A morte não é o contrário da vida, mas sim do nascimento. A vida não tem contrário”.

WALCYR CARRASCO - E a bolsa masculina?



E a bolsa masculina?

WALCYR CARRASCO
REVISTA VEJA -SP


Vou a um encontro formal. Boto paletó e gravata. E começo a encher os bolsos: chaves, celular, caneta, cartões de crédito e de visita, carteira, documentos pessoais e do carro, talão, óculos de sol, lenço, iPod — ninguém é de ferro. Em minutos meu terno estufa. O botão do paletó não fecha por causa do celular. Meu traseiro fica quadrado devido aos documentos acomodados nos bolsos de trás. A calça, por causa do peso, escorrega pela barriga, que salta sobre o cinto! E minha elegância desaparece! Pior: dali a pouco tudo se confunde. Para achar algum desses itens, vasculho o interior de minhas roupas com os dedos. Vou pegar a caneta e retiro as chaves.

O vestuário masculino tornou-se obsoleto, essa é a verdade. As sortudas das mulheres têm as bolsas. A bolsa feminina equivale à caixa-preta do avião. Só se sabe o que há lá dentro após uma investigação minuciosa. São itens variados, que vão de maquiagem a tíquetes de passagens antigas e fotos de entes queridos amassadas. Mas é confortável. A proprietária de uma bolsa enfia o que quiser lá dentro. Resgata quando houver necessidade. Mesmo se for preciso espalhar o conteúdo no sofá. E, em casos extremos, chamar o Corpo de Bombeiros!

A bolsa masculina já esteve em moda. Não me refiro à época dos hippies barbudões com horrendos artefatos de couro cru e sandálias nos pés. Houve um tempo em que homens usavam bolsas elegantes. Recheadas de inutilidades, mas, apesar dessa contradição, úteis. Grandes grifes ainda produzem bolsas masculinas. Poucos as usam.

As pochetes são práticas, mas ganharam fama de cafonas. Confesso: tenho horror! Existe imagem mais brega do que a de um barrigudo com o botão aberto no umbigo e uma pochete estufada no cinto?

Os executivos preferem as pastas. Elas costumam oferecer compartimentos para laptop, documentos variados, bloco de notas, remédios, três ou quatro celulares, enfim... tudo! Tais quais as bolsas femininas, abrigam mistérios. Só são esvaziadas de tempos em tempos, diante de uma ameaça de divórcio, por exemplo. Com frequência, moscas, vespas e até aranhas secas são encontradas entre a papelada.

Pastas são sérias demais. Não combinam com um jeans informal, uma camiseta leve e tênis. E o pior: é muito fácil esquecê-las. Ou vê-las arrebatadas pelas mãos de um larápio. Hoje em dia, perder um laptop ou celular pode se transformar em prejuízo irremediável. Vão embora os contatos comerciais, endereços, enfim... a vida toda!

Alguns preferem mochilas. Executivo de terno e gravata com mochilinha de lona nas costas é uó. Livros, laptop, documentos, perfumes, desodorantes, cuecas limpas e até sujas no caso de viagens rápidas lutam para se acomodar dentro da lona. Eu já imagino: o executivo marca uma reunião com o presidente de um banco para pedir um empréstimo. Vai pegar o laptop para mostrar o projeto. E retira uma cueca, a escova e a pasta de dentes!

Os papas da moda masculina vivem discutindo o número de botões de paletós, a largura das lapelas, se as barras são para dentro ou fora. Redesenham relógios que se tornam cada vez mais inúteis em um mundo onde se veem as horas no celular. Mas ninguém propõe uma solução radical para a roupa do homem.

A volta da bolsa é apenas um item. Enquanto a moda feminina evolui e se transforma a cada ano, a masculina marca passo. Olho as vitrines dos shoppings e tudo é semelhante ao ano passado. Fico pensando: quando algum estilista oferecerá uma mudança radical, capaz de fazer a cabeça de todos nós e tornar o traje masculino realmente prático e confortável?

ANCELMO GÓIS - Tudo na moita


Tudo na moita
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 28/05/11

Se algo mudou no governo Dilma foi a nova orientação da Polícia Federal na gestão de Leandro Daiello Coimbra: nada de espetáculo.
Tanto que, dias desses, sem alarde, com um mandado nas mãos, a PF fez busca e apreensão no escritório do irmão de um importante senador. 

E...
Numa ação inédita, a PF entrou no prédio do próprio Ministério da Justiça para prender um funcionário do alto escalão. 

Sem avião

As voadoras não estão gostando nem um pouco do pedido feito à Anac pelo Comitê Organizador da Copa de 14 para o Santos Dumont ficar fechado de 14h às 18h no sábado 30 de julho. É que será nesse dia o sorteio dos grupos das Eliminatórias do Mundial, na Marina da Glória. 

Ruído ao vivo 
A Fifa alega que, como o aeroporto fica bem perto da Marina, o barulho dos aviões atrapalharia a transmissão de TV ao vivo para 208 países. 

Aliás...

Num outro grande evento esportivo, o Aberto de Tênis de Nova York, também são constantes as reclamações por causa da proximidade do Aeroporto La Guardia das quadras do complexo de Flushing Meadows. 

Russo no petróleo

Pela primeira vez, um russo põe o pé no negócio de petróleo aqui, com a entrada da TNK/BP na exploração no Solimões, em parceria com a brasileira HRT 

Mama África
Os 80 anos do acadêmico Alberto da Costa e Silva serão celebrados pela Nova Fronteira. O editor Jorge Carneiro vai produzir um livro com ensaios e depoimentos sobre o poeta, diplomata e especialista em história da África. Merece.

Plano de voo de Lula
Lula viaja segunda para Bahamas, onde faz palestra para empresários mexicanos, e, de lá, segue para Cuba e Venezuela. Quinta, em Caracas, encontrará Hugo Chávez de Cadeia.

Lesão no joelho...
Aliás, segunda, três dias depois do encontro com Lula, Chávez vai a Brasília para se reunir com Dilma. A viagem ao Brasil era para
ser feita no último dia 10. Mas, em cima hora, o venezuelano a cancelou por causa de uma lesão no joelho.

Rádio Corredor
Os padres donos do terreno do Credicard Hall, casa de show paulista administrada pela T4F, estariam pedindo o imóvel de volta. A conferir.

Moda e história
Este retrato de Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, vai sair do Museu Histórico Nacional, no Rio, pela primeira vez. A pintura, de Francisco Pedro do Amaral, fará parte da exposição “Universo tropical”, do Fashion Rio, de 30 de maio a 4 de junho, no Armazém 1 do Pier Mauá.

Seguro de vida

Edmea Barcellos, 83 anos, teve seu seguro de vida cancelado pelo Itaú por falta de pagamento. Mas a idosa alegou que o banco não enviou os boletos. O caso foi parar na Justiça, e a 31a- Vara Cível do Rio condenou o Itaú a pagar R$ 7 mil por danos morais e revalidar o contrato.

Crime e castigo
Segunda, o Órgão Especial do MP do Rio decide se autoriza o procurador Cláudio Lopes a ingressar com ação civil, pedindo a perda do cargo do procurador Elio Fishberg, acusado de falsificar assinatura de colegas. Fishberg está afastado desde 2007, mas ainda recebe o salário de mais de R$ 24 mil. 

Mart’nália na Lapa

Mart’nália, nossa cantora, vai comandar um baile, terça, no Clube dos Democráticos. 

Voz do morro 
Moradores da Ladeira dos Tabajaras, no Rio, estão em campanha para criar uma rádio comunitária.

JORGE BASTOS MORENO - NHENHENHÉM - Abismo


Abismo
JORGE BASTOS MORENO - NHENHENHÉM
O GLOBO - 28/05/11

- Voce acha que eu vou brigar por um ministerio de merda?!
. Mas acontece que... 
. Exijo respeito! Ja nem mais como vice-presidente da Republica, mas como pessoa mesmo!
De um lado, com o viva-voz ligado, o ministro-chefe da Casa Civil da Presidencia da Republica, Antonio Palocci, tendo como testemunhas o ministro da Articulacao Politica, Luiz Sergio, e o lider do governo na Camara, Candido Vaccarezza.
O ministerio de "merda" em questao e o ocupado pelo afilhado politico de Temer Wagner Rossi, o primeiro do PMDB que Palocci ameacou tirar, na conversa. A briga terminou com um pedido formal de desculpas de Palocci e um convite para um cafe no dia seguinte. No cafe, Palocci sugeriu a Temer uma conversa com a presidente Dilma Rousseff. Mas o vice-presidente recusou- se a encontrar com a presidente da Republica. 

Videocassetada
Como consequencia imediata dessa briga, veio o inflamado discurso do lider do PMDB na Camara, Henrique Eduardo Alves.

Dois governos
O milagre estava por vir. Temer recebeu para um cafe os senadores dissidentes do PMDB que nao votaram na
sua chapa com a Dilma. Cena inedita, nao? Entao vejam mais esta: todo o PMDB . dos dissidentes aos governistas, dos loucos
aos fisiologicos . estara acampado no Jaburu, na segunda a noite. Ferido no brio, o PMDB agora esta pintado para a guerra!

Meus cabelos

Depois da passagem de Lula por aqui, o pais mudou. E radicalmente. O governo Dilma e outro. O PMDB e outro.
O PT e outro. Mas eu continuo o mesmo.

Gabriel é criança-esperança de país melhor
 Dilma recebeu a bancada do PT no Senado no momento em que não só o país, mas o próprio Alvorada também estava completamente bagunçado, de pernas para o ar: o retorno de Gabriel ao lar, depois de semanas afastado da avó dodói.
Como vocês já leram aqui, só duas coisas fazem Gabriel entrar em choro compulsivo: cargo e Geddel. Cargo é o monstro, e Geddel, o bicho-papão. Dilma já tinha interrompido a reunião por duas vezes por causa dos gritos de alegria do netinho, na farra do almoço.
— Desculpem-me, mas não consigo... — falava uma emocionada avó diante das peraltices do Gabriel.
No meio da reunião, o banco onde estava sentado o criticado ministro da Articulação desmorona-se, e a presidente:
— Sai logo, se não você cai!
Na sala ao lado, Gabriel, ouvindo isso, dava pulos de alegria, para a inveja dos críticos de Luiz Sérgio, que não podiam se manifestar.
Os senadores se admiravam com o alto astral do Gabriel, e a avó repetia: “É um bebê alegre!”. Mas só até o senador Wellington Dias ter a infeliz ideia de cobrar cargos. Aí Gabriel virou Gabrielli: chorou copiosamente. Depois de dar uma bronca em Dias, a avó socorreu o neto: “O tio estava brincando!”.

Mãe Dinah

 Quando assumiu, a contragosto, a Casa Civil, Palocci avisou:
— Aqui vou ficar muito exposto. Vou ficar aqui uns seis meses e depois me mando!

Nota cifrada 

 O PT quer Palocci na geladeira. Mas a oposição o quer nos frigoríficos.

Recém-parido
 Do injustiçado e estropiado Aldo Rebelo, ontem à noite, a caminho de casa:
— O parto acabou, mas agora estou de resguardo. 

Muso

 Acusar o ministro Luiz Sérgio de inoperante é fácil, quando se tem um governo fechado, com o cadeado nas mãos do Palocci. Difícil foi derrubar seis requerimentos de CPIs e negociar com a oposição. Em fonte minha ninguém bate. 

Iguais em tudo
 O senador Aécio Neves e o ministro José Eduardo Cardozo são sósias. Na fila quilométrica do lançamento do livro da Míriam
Leitão, o senador me conta: — Ontem, um cara me confundiu com o Zé Eduardo: “Larga mão do Palocci, ele não se salva!”.

Dia seguinte, num banquete para ele, Zé me diz: — Um cara me confundiu com o Aécio: “Larga a mão do Serra, ele vai te dar rasteira”.
Não creio. De verdade, só as previsões.

Festança
 Depois de seis anos de abstinência, a Gegê Produções volta a produzir eventos pela Lei Rouanet. Será a festa de São João, na
Quinta da Boa Vista, no dia 12 de junho. No palco, entre outros, Gil, Caetano, Elba e Dominguinhos. E veja o que Gil fez: visitou
o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha e convidou a banda para tocar baião na festa.

GOSTOSA

ILIMAR FRANCO - Em Marte


Em Marte 
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 28/05/11

O fato de a presidente Dilma ter ficado surpresa, no almoço com senadores do PT, com a informação de que há uma proposta em tramitação no Congresso para restringir as medidas provisórias mostra o caos da articulação política do governo. A matéria já foi até aprovada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, com o apoio do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).

Ninguém se entende
A presidente Dilma cobrou imediatamente explicações do ministro Antonio Palocci (Casa Civil), que também estava no almoço. “Eu só trato de coisas plurais. Isso eu desconheço”, respondeu ele. O ministro Luiz Sérgio (Articulação Política), que participava do encontro, também não sabia de nada. O líder do governo, senador Romero Jucá (PMDBRR), defende-se: “Eu pedi posição do governo o tempo todo
sobre isso e não recebi. Procurei a Secretaria de Relações Institucionais e a Casa Civil”, disse ele, que conseguiu fazer um acordo no Senado para atenuar a proposta original do senador Aécio Neves (PSDB-MG).

"Ninguém deseja crucificar o ministro Palocci” — José Agripino, senador (RN) e presidente do DEM, defendendo que ele dê explicações ao Congresso

EM CRISE. A bancada do PDT na Câmara está em crise com seu líder, o deputado Giovanni Queiroz (PA). Ele orientou o PDT a votar a favor da anistia para desmatadores, mas a maioria da bancada votou contra. O mesmo aconteceu na votação do salário mínimo. No Código Florestal, Queiroz desafiou o ministro Carlos Lupi (Trabalho), na foto, que tentou enquadrar a bancada. "Ele fez um apelo e telefonou para tantos deputados. Tenho certeza de que vamos perdoá-lo. Ele não conhece (a matéria) e não sabe o que está pedindo", afirmou o líder, na tribuna.

Só pensam naquilo
Na disputa por espaço na Executiva do PSDB, tanto o grupo do senador Aécio Neves (MG) quanto o do ex-governador José Serra (SP)
usavam o mesmo argumento, mas com sinais contrários: que não dá para resolver 2014 em 2011.

Anticlímax
A esta altura do campeonato, com a oposição esfacelada, um tucano comentou o impasse entre Aécio Neves e José Serra, que durava
até a véspera da convenção nacional do PSDB, hoje: “Seria cômico se não fosse trágico.”

Pimentel x Palocci
O senador Clésio Andrade (PR-MG), que chegou a assinar o requerimento de criação de uma CPI para investigar o ministro Antonio Palocci (Casa Civil), é aliado do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento). Anteontem o senador retirou a assinatura. Os dois
ministros disputam ascendência sobre a presidente Dilma Rousseff e poder dentro do PT.

Mantido
Apesar das turbulências com o PMDB, a presidente Dilma mantém a intenção de nomear o deputad o Mendes Ribeiro (PMDB-RS) para a liderança do governo no Congresso. Os dois são amigos. O PT do Senado queria esse cargo.

Gafe
Em um voo para Brasília, nesta semana, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) entregou ao ministro Gilmar Mendes, do STF, um parecer
do jurista Dalmo Dallari a favor de Cesare Battisti. Dallari é um dos maiores desafetos de Gilmar.

 TELEBRÁS. O ministro Paulo Bernardo (Comunicações) convidou o secretário-executivo da pasta, Cezar Alvarez, para assumir a presidência da Telebrás no lugar de Rogério Santanna. 
 O RETORNO. O ex-ministro Ciro Gomes voltou à vida partidária. Participou anteontem da reunião da Executiva do PSB.
● O EX-DEPUTADO Julião Amin (PDT-MA), que não conseguiu se reeleger, foi nomeado assessor especial do ministro Carlos Lupi (Trabalho).

ANNA RAMALHO - Falta do que fazer


Falta do que fazer
ANNA RAMALHO

JORNAL DO BRASIL - 28/05/11

A bancada evangélica convocou suas igrejas afiliadas para organizar caravanas de crentes para um ato público, quarta-feira, em Brasília. Todos, claro, de Bíblia na mão e no coro contra o chamado kit gay (só o modo como chamam já é puro preconceito).

A estimativa é de 100 mil almas na Esplanada dos Ministérios. É mole? 

Maior cochilo

A imigração espanhola marcou bobeira. Vive detendo brasileiros decentes, mas pobres, e deixou escapar o vice-prefeito de Campinas, Demétrio Vilagra, que, como tantos petistas paulistas, encheu as burras de dinheiro. O homem só foi detido na saída, depois de ter gastado uma boa graninha circulando pela bela Espanha.

Lembrando o poeta

Em jantar para poucos, ontem, no Oro, Antonio Banderas – um super fã de Vinicius de Moraes – ganhou de sua viúva, Gilda de Queiroz Mattoso, um livro sobre o poeta editado pelo Instituto Cravo Albin. Ela aproveitou para escrever em espanhol no livro o Soneto para Vinicius, feito por Pablo Neruda.

Em volta da mesa


Banderas tomou conhecimento de Vinicius via Orfeu Negro , o filme de Marcel Camus. Representando a classe cinematográfica no regabofe, Renata e Cacá Diegues também comeram as delícias de Felipe Bronze, ao lado de Vanessa da Matta e seu cabelão.

Forfait
Andaram para o Banderas: Fernanda Torres e Andrucha Waddington, Regina Casé e Estevão Ciavatta. Deviam estar doentes para esnobar uma BLT fina dessas.

Também quero

As mulheres estão loucas atrás do pai de santo de Melanie Grifitth. Banderas – cujo único pecado é ser baixinho - fala nela o tempo todo.

No mais...


Está mais do que na hora do guapo voltar pra casa. Já deu, né, não?

Dura lex

O site Americanas.com foi proibido pela desembargadora Helda Lima Meireles, da 5ª câmara Cível do TJ/RJ, de fazer vendas para clientes do Rio após uma denúncia do Ministério Público. A principal acusação é que a loja não vem cumprindo os prazos de entrega.

Nó da madeira


Elba Ramalho foi multada em R$ 1 mil pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, depois de ter cortado duas árvores do jardim de sua casa no Joá. O trololó deu-se a partir de uma denúncia anônima.

Nó da madeira 2


Curiosamente, a cantora havia chamado a Defesa Civil para verificar o estado das árvores dias antes e ficara constatado que elas precisavam ser podadas. A cantora, com medo que uma queda repentina causasse algum acidente com suas filhas pequenas, resolveu dar cabo das árvores.

Nó da madeira 3


Depois da denúncia anônima, a Secretaria de Meio Ambiente foi ao local e verificou que a cantora, apesar de ter chamado a Defesa Civil, não tinha pedido licença ambiental para o abate, daí a autuação.

Nem pensar


A propósito da nota Perdeu o lugar, publicada aqui ontem, o vereador Paulo Messina (PV) assume que pediu a cabeça de André Motta Lima, diretor da Rio TV Câmara, mas chia com o resto.

Diga lá, vereador

– Posso aceitar que xinguem minha família, pisem nos meus calos, me batam, mas me acusar de virar a casaca para PMDB não dá.

O Neymar fala?


Os clientes da Nextel andam incomodados com a falta de sinal da operadora em vários bairros do Rio. A chamada área de sombra parece que só aumenta na operadora em que o Neymar se dá tão bem. 

Reencontro

Amigos famosos de Gal Costa lotaram o lounge Sesc no Fashion Business, anteontem, para assistir ao show da cantora que há 5 anos não se apresentava no Rio. Entre uma canção e outra, a sugestão à colega Zélia Duncan:

– Você tem que adotar uma criança!

Presente na plateia, Glória Maria logo apoiou a ideia. 

Senhora dupla


Desde que mudou-se para a Bahia , Gal vem preparando o CD com canções compostas por Caetano Veloso exclusivamente para ela. Já são 11 canções prontas e ainda vem mais por aí. Caetano também é o produtor do disco.

Raspadinhas


O DJ Marcelinho da Lua apresenta hoje, no Leviano, na Lapa, o projeto “Tranquilo Sound System".

A Mise en Place ministrará segunda-feira, o curso ABC da Cozinha voltado para o público interessado em transformar receitas básicas em requintadas. 

A grife Datskat, de Beth Piquet e Mah Petrus, desfila também segunda-feira, no Cais do Porto a coleção de verão Alegria, Alegria. 

Júlio Brant e Alexandre Moro fazem palestras a partir de segunda-feira, durante o "Grupo de Estudos da Sociedade de Odontologia Sistêmica", no Hotel Everest Ipanema.

ZUENIR VENTURA - Purgatório astral


Purgatório astral 
ZUENIR VENTURA
O GLOBO - 28/05/11

Após uma aprovação quase consensual - com 100 dias de governo, ela obteve impressionantes 70% de aceitação -, Dilma parece estar entrando, senão num inferno astral, pelo menos num purgatório. Acabou a lua de mel e no lugar surgiram dificuldades que se somaram formando uma crise séria. Sua base de apoio rachou, a imprensa não lhe dá mais trégua e ela passou a ser cobrada por aqueles que até outro dia aplaudiam suas atitudes firmes e independentes. Em poucas semanas, sofreu vários reveses: a traição do PMDB e de parte do PT, com a consequente derrota para os desmatadores na Câmara dos Deputados, e a capitulação diante de religiosos como Garotinho no caso do kit anti-homofobia, cuja distribuição foi suspensa. Sem falar na crise maior, mãe de todas as outras, a da rápida evolução patrimonial de Palocci, considerada suspeita.

Qualquer que seja o desfecho, o braço direito dela, o homem forte de seu governo sai da trapalhada em que se meteu fragilizado e desgastado. Nunca será o mesmo politicamente, as sequelas são inevitáveis. Conversando esta semana em SP com um amigo do chefe da Casa Civil, ele me disse: "Todo mundo gosta do Palocci. Menos ele." Só assim se explicaria a reincidência no erro. O traumático episódio do caseiro parece não ter ensinado nada a ele. Em outro plano, é uma compulsão parecida com a de Strauss-Kahn: mesmo sabendo que vão fazer besteira, fazem.

O reaparecimento de Lula para assumir a articulação política do governo deve atenuar a crise. Resultado dessa intervenção branca já seria a entrevista de Dilma anteontem defendendo o seu chefe da Casa Civil, e a explicação deste para colegas de partido. Porém, a intromissão do ex-presidente tem efeitos colaterais como enfraquecer a imagem da presidente, fazendo ressurgir em cena a versão que alimentou os adversários na campanha: que ela seria um genérico de seu tutor, uma espécie de "laranja", através do qual ele continuaria governando à distância. A partir do episódio de agora, não seria tão à distância assim.

Para recuperar o prestígio dos primeiros meses de governo, Dilma tem que voltar a agir com coragem e por conta própria. Em outras palavras, precisa deixar o purgatório e retornar ao paraíso.

Como disse alguém com muita graça, o comunista Aldo Rebelo vai poder substituir na bandeira do PCdoB, seu partido (e de Jandira Feghali), a foice e o martelo pela motosserra.