quinta-feira, dezembro 31, 2009

KENNETH MAXWELL

A década

FOLHA DE SÃO PAULO - 31/12/09


EM SUA REVISÃO sobre a década que se está encerrando, o jornal "Financial Times", nesta semana, incluiu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua lista de 50 "líderes mundiais mais influentes". O jornal também apontou o ex-presidente norte-americano George W. Bush para sua lista de vilões, que ele compartilha com o seu maior rival, o arisco arquiterrorista Osama bin Laden.
Acompanhado de líderes empresariais inovadores como Jeff Bezos, da Amazon.com, e Larry Page e Sergey Brin, do Google, Lula foi escolhido, de acordo com o "Financial Times", porque é "o líder mais popular" na história do Brasil e devido ao seu "charme e capacidade política... bem como pela baixa inflação e pelos programas eficientes de transferência de renda aos mais pobres". Muita gente agora antecipa que o Brasil pode vir a se tornar a quinta maior economia mundial em 2020, o que resultaria em mudança duradoura na ordem internacional.
Lula é indubitavelmente o novo "astro" internacional do momento.
Tanto o diário parisiense "Le Monde" como o jornal espanhol "El País" o escolheram como "homem do ano". Com a aproximação da eleição presidencial no Brasil, no ano que vem, para a escolha do sucessor de Lula pelo povo brasileiro, vale a pena parar por um momento para avaliar o significado dessa euforia e questionar se ela é ou não justificada.
Há, evidentemente, muito a dizer em favor de Lula. O Brasil emergiu fortalecido da atual crise econômica mundial. A economia do país se diversificou, e o Brasil desenvolveu lucrativos relacionamentos internacionais, especialmente com a China. Hoje, 14 das 100 maiores multinacionais emergentes são brasileiras, e grandes empresas, como a Brazil Foods, a JBS-Friboi, a Gerdau e CNS, a Vale, a Odebrecht e a Camargo Corrêa, são capazes de concorrer com força nos mercados internacionais. Em 2010, a expectativa é que o crescimento chegue a 5%.
Restam obstáculos, evidentemente, e eles são bem conhecidos dos brasileiros. O sistema político e judicial é disfuncional, de muitas maneiras. Os desequilíbrios em termos de interesses e de influência política regionais são bem conhecidos, mas difíceis de mudar. Muitos dos integrantes da classe política são venais. A popularidade de Lula pode ou não ser transferível, e só o tempo dirá.
Mas, em termos gerais, o Brasil está prestes a encerrar a primeira década do século 21 em posição muito forte, tanto no âmbito doméstico como no internacional. Boa parte do crédito por essa realização deve ser atribuído ao bom humor, à astúcia política e às escolhas políticas muito cuidadosas do presidente brasileiro.

2010 DO ABILOLADO

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Brincando com fogo

O Estado de S. Paulo - 31/12/2009


Por pouco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não termina o ano imerso numa grave crise militar ? seria a primeira desde a redemocratização, há um quarto de século. O governo petista brincou com fogo ao permitir a edição do decreto que instituiu o Programa Nacional de Direitos Humanos. Esse plano, que reúne 25 diretrizes e mais de 500 propostas e ações nas mais variadas áreas, seria apenas uma coleção de intenções, se não tivesse sido enxertado com algumas medidas que podem solapar os instrumentos que serviram de base para a pacificação da sociedade brasileira, na transição do regime militar para o Estado Democrático de Direito.

A reação dos comandantes militares à tentativa ? mais uma vez patrocinada pelo ministro de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi ? de revogar a Lei da Anistia foi enérgica e recebeu inteiro apoio do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que há tempos vem tentando conter as iniciativas revanchistas de Vannuchi e do ministro da Justiça, Tarso Genro.

As pessoas pouco afeitas aos fatos ligados à repressão política, durante os governos militares, e que somente tomem conhecimento das iniciativas daquela dupla de ministros certamente terão a impressão de que os quartéis, na atualidade, estão cheios de torturadores e as Forças Armadas são dirigidas por liberticidas. Nada mais falso.

Os militares que cometeram abusos, torturaram e mataram durante a repressão há muito deixaram o serviço ativo. Seus nomes e seus feitos são conhecidos, assim como os de suas vítimas. Alguns deles estão sendo processados e o Supremo Tribunal Federal deverá decidir qual o alcance e a abrangência da Lei da Anistia. Esses acontecimentos as lideranças militares veem com "naturalidade institucional", ou seja, não perturbam a rotina castrense.

Muito diferentes são as tentativas de revogar a Lei da Anistia, para punir todo e qualquer agente do Estado que participou da repressão ? e isso não significa necessariamente ter abusado, torturado ou matado ?, mas garantindo a imunidade dos que atentaram contra as leis e a ordem vigentes, mesmo tendo abusado, torturado e matado ? pois a esquerda armada também fez isso.

Para os militares, é ponto de honra que a Lei da Anistia permaneça em vigor, nos termos em que foi aprovada em 1985. Entre outros motivos, porque assim se isola a instituição de uma fase histórica conflituosa, que exigiu que os militares deixassem de lado sua missão profissional tradicional e assumissem os encargos da luta contra a subversão. Isso não se fez sem prejuízos à coesão e à hierarquia das Forças Armadas.

Para a Nação, a manutenção da Lei da Anistia é mais que um ponto de honra. É a garantia de que os acontecimentos daquela época não serão usados como pretexto para que se promova uma nova e mais perniciosa divisão política e ideológica da família brasileira. Aqueles que viveram os acontecimentos de 1964 para cá sabem que a Lei da Anistia foi o marco que permitiu a reconciliação nacional e a redemocratização ? esta completada três anos depois com a nova Constituição ?, sem que houvesse os episódios de autoritarismo e violência que pipocaram durante os processos de abertura na Argentina, Chile, Uruguai e Peru.

Diante do pedido de demissão do ministro da Defesa e dos três comandantes militares, o presidente Lula recuou. Pediu ao ministro Nelson Jobim que garantisse aos comandantes das três Forças que o Palácio do Planalto não será porta-voz de medidas que levem à revogação da Lei da Anistia. Mas o mais absurdo é que o presidente da República argumentou que não tinha conhecimento do inteiro teor do Programa Nacional de Direitos Humanos ? daí prometer rever a parte do decreto que causou descontentamento e adiar o envio ao Congresso do projeto de lei de criação da comissão encarregada de investigar os abusos cometidos durante a ditadura.

O programa, de fato, é caudaloso. Inclui de medidas que permitiriam à polícia invadir dependências das Forças Armadas, "para identificar e preservar locais de tortura", até a regulamentação da taxação de grandes fortunas ? o que quer que isso tenha a ver com direitos humanos. Por isso mesmo, o dever do presidente da República era não apenas conhecer o cartapácio, como determinar a seus assessores o expurgo dos excessos ideológicos que lá estão registrados.

BUNDAS EM aBUNDÂncia 2


MUITAS BUNDAS EM 2010


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JANIO DE FREITAS

Por trás da coincidência

FOLHA DE SÃO PAULO - 31/12/09


Episódio da semana passada aparece em vários jornais no mesmo dia; a coincidência foi produzida antes disso


UM EPISÓDIO que seria do início da semana passada aparece, de repente, em vários jornais no mesmo dia (ontem), em versões não exatamente iguais, mas, todas, de igual gravidade: uma crise entre as Forças Armadas, por seus comandos e seu original ministro, e o presidente Lula.
Certeza imediata: nem coincidência casual das iniciativas jornalísticas, nem ação combinada dos jornalistas. Coincidência produzida antes da etapa jornalística, sem dúvida. O que é até comum quando há fontes de informação explicitadas ou, se não, em notícias que ficam mais ou menos nos limites convencionais. Nunca em notícia de óbvia gravidade e risco de efeitos deletérios, a ponto de levar os jornais que a divulgaram à cautela de não lhes dar o destaque mancheteiro que seu teor poderia justificar.
O ministro Nelson Jobim fica muito bem na lealdade aos comandantes e ao conjunto das Forças Armadas, acompanhando-os na recusa a conviverem com o Plano Nacional de Direitos Humanos decretado pelo presidente da República no dia 21. Apesar de não ficar tão bem na lealdade ao presidente. Por justiça, Nelson Jobim até fica credenciado para um aval dos militares, por exemplo, na composição de uma chapa eleitoral, ou algo assim importante.
Mas o presidente não ficou e não está bem, nesse caso. A rigor, está mal, mesmo. No mínimo, porque contestado e posto sob pressão para alguma forma de recuo -cada versão é, para ele, pior do que a anterior. Nem é isso, porém, o que mais interessa.
Na(s) fonte(s) da coincidência fabricada e no teor de suas informações há um propósito de agitação política, seguindo a mais inconveniente das receitas conhecidas: com a inclusão das Forças Armadas. É bastante claro que, em discordância da área militar com partes do Plano de Direitos Humanos, como se esperava que houvesse, os pontos problemáticos podiam ser discutidos em normalidade com Lula e outros. Seja, porém, pelo que narra a coincidência fabricada, seja pela contestação incumbida ao ministro Tarso Genro, comprova-se que não houve a conduta normal, em termos funcionais, e exigida pelo regime democrático.
Tanto no teor do que foi passado a jornalistas, como na busca de difusão desse teor pelo uso simultâneo de vários jornais, sempre realçado o sentido de uma crise entre as Forças Armadas e Lula, o propósito de agitação se evidencia com uma indagação implícita: a que e a quem interessa, nestas alturas em que se encaminha um processo eleitoral sob o prestígio imenso de Lula; o Brasil desvia-se para entendimentos internacionais sem mais obediência às regras do Ocidente, e tantos interesses internos e externos se inquietam com as transições, também externas e internas, em curso ou possíveis?
Os desdobramentos imediatos talvez não respondam, é mesmo improvável que o façam. E, pior, Lula não é o tipo que avança em procurá-las. Mas que há resposta, há.

Ano novo
Que 2010 distribua a sorte com mais equidade entre todos.

EUGÊNIO BUCCI

Feliz ano-novo, segundo a novela

O ESTADO DE SÃO PAULO - 31/12/09


De todas as mensagens de feliz ano-novo que inundam a televisão nestes dias de festas, a mais persistente é a que nos chega todas as noites ao fim dos capítulos da novela Viver a Vida (Rede Globo, 21 horas). Terminado o episódio, entra em cena o depoimento de alguém da vida real, com a sua própria história de vida. São pequenas histórias de superação, como ficou na moda dizer, que servem para corroborar o tema central da ficção.

Viver a Vida, escrita por Manoel Carlos, gira em torno do drama de Luciana (interpretada por Aline Moraes), cuja carreira de modelo profissional é interrompida por um acidente que a deixa tetraplégica. De um dia para o outro, ela passa a conviver com limitações físicas severas e precisa se reprogramar, ou, em outras palavras, precisa superar sua tragédia se quiser reencontrar o caminho da felicidade. A superação é o mote central da novela: é a ideia de superação que orienta o percurso de todos os personagens. Cada um a seu modo, eles tentam vencer seus limites. Para a namorada do médico o desafio é se curar do alcoolismo. Para a garçonete bonita que vive na casa do dono do restaurante o obstáculo é vencer os fantasmas do passado e as consequências dos erros que cometeu. Para outros a principal barreira é aceitar uma crueldade do destino caprichoso e encontrar um modo de seguir adiante.

Aí é que entram as pessoas reais que dão seus depoimentos ao final dos capítulos. Todas elas narram episódios traumáticos por que passaram e contam como, em meio a adversidades, tiveram de reinventar a vida. A mensagem é sempre a mesma: viver é superar e superar-se. Assim, por meio dos depoimentos, a realidade entra em cena para dizer que a ficção está certa.

O lastro de "vida real" reforça a identidade do público com a trama fictícia, com uma autoridade praticamente inquestionável. Às vezes, ele já vem embutido na própria obra. Em 1982, por exemplo, um autor estreante, Marcelo Rubens Paiva, comoveu o País com um best-seller que era, ele mesmo, um depoimento de vida real. Explicitamente autobiográfico, Feliz Ano Velho relatava, sem meias palavras, como o autor-protagonista reaprendeu a viver numa cadeira de rodas e venceu. Agora, na TV, o sofrimento da modelo Luciana é fictício, mas os "personagens reais", com suas falas na primeira pessoa, conferem à ficção o mesmo lastro de realidade. Aconteça o que acontecer, nós temos de acreditar que o novo ano será mais feliz que o ano velho. É disso que Luciana e todos aqueles depoimentos de final de capítulo nos tentam convencer.

O diálogo entre ficção e realidade vem-se aperfeiçoando velozmente na indústria do entretenimento, com resultados cada vez mais potentes. O mesmo recurso - inserir falas de gente como a gente no fecho de cada episódio - já foi testado pelo próprio Manoel Carlos numa novela anterior, Páginas da Vida, de 2006. Agora, porém, o procedimento mostra-se mais certeiro. A sintonia entre as falas das personagens fictícias e o discurso das pessoas reais é tão bem calibrada que parece que a realidade começou a falar a língua da ficção. A tal ponto que cabe perguntar: é a realidade que inspira a ficção ou a ficção que ordena a realidade?

À primeira vista, fica no telespectador a impressão de que a novela apenas toma por base as tragédias anônimas para transformá-las numa peça ficcional de grande força. No entanto, à medida que se vão sucedendo os depoimentos, noite após noite, outra percepção ganha corpo: a de que os relatos das diversas pessoas reais parecem reeditar um texto mais ou menos igual. Aquelas pessoas nunca conversaram entre si, mas, é estranho, elas falam o mesmo texto: a minha vida transcorria normalmente, veio uma fatalidade, eu não me entreguei, lutei, e hoje sou mais feliz do que antes.

De onde vem esse texto único? Já sabemos que todos os melodramas se parecem: moça pobre, príncipe encantado, vilões, o bem contra o mal, o paraíso do amor eterno, etc. Sabemos também que a saga do herói dá a estrutura narrativa, com poucas adaptações, das novelas de TV e dos filmes de Hollywood. Mas agora estamos vendo algo de sutilmente novo: gente de carne e osso que, ao falar de sua trajetória individual, reproduz a narrativa do melodrama. Isso não invalida a verdade que esses relatos nos transmitem, nem reduz o seu valor, ou sua autenticidade, mas deveria fazer-nos pensar.

Será que, sem as categorias narrativas do entretenimento, nós teríamos os recursos linguísticos para descrever as nossas próprias subjetividades? Será que, sem buscar as imagens da ficção, seríamos capazes de dizer quem somos, ou como nos vemos? É bem provável que não. E antes que alguém se apresse a dizer que desde sempre o humano se apoia nos mitos para se compreender e para se comunicar, é preciso lembrar que, na nossa era, os mitos não vêm mais da religião ou da literatura, nem mesmo da arte propriamente dita, mas da indústria que promove a diversão. A novela, assim como retrata o nosso tempo, sintetiza a linguagem pela qual aprendemos a dizer quem somos. Não estamos mais na era da chamada indústria cultural: estamos na era em que cada sujeito anônimo, ao falar de si, fala as narrativas da indústria cultural, que, por sua vez, vai se abastecer exatamente dessas muitas falas. E a isso muitos vêm chamando, inadvertidamente, profusão de individualidades. Ora, como falar em profusão de individualidades se as individualidades se copiam umas às outras em escala industrial?

Fora tudo isso, que o novo ano seja melhor que o ano velho. E que sejamos felizes, mesmo sabendo que, na vida real, ser feliz nada mais é que a ilusão de nos darmos bem no melodrama que, precariamente, inventamos para nós mesmos.

Eugênio Bucci, jornalista, é professor da ECA-USP

LEVANDO NA RADIOLA

ARI CUNHA

Top Esporte 2009


Correio Braziliense - 31/12/2009


Vôlei do Brasil aparece com sucesso nas quadras universais. Tanto o feminino quanto o masculino mostraram o poder de equipe dos brasileiros. Nossos técnicos são responsáveis pelo sucesso de incutir na mentalidade dos jogadores que o esporte só pode ser equipe. Foi assim que ganhamos os campeonatos internacionais, com os aplausos de gerações. No Top Volley 2009, vitória de 3 sets a 0 da equipe feminina de vôlei do Rio de Janeiro contra Racing Cannes, da França. Durante as festas apareceram os jogos de vôlei nas terras onde o inverno é forte. Elo perfeito de entendimento. Banco do Brasil, Caixa Econômica e empresas particulares, com destaque para o Bradesco, e nacionais nas transmissões locais foram responsáveis pelas transmissões de TV. Já o futebol, para atividades de fim de ano. Marta sobressai como a melhor futebolista do planeta.


A frase que foi pronunciada

“ Dilma no lugar do Lula seria o mesmo que Marlene Mattos apresentando o Show da Xuxa.”

José Simão usando a crueldade de sua língua sem medo de ser ferida



Haja gente
Funai também entra na festa das nomeações funcionais que cresceu neste fim de ano 130% deste 2002. A contratação atual chega a 3.185 funcionários com salário entre R$ 2.500 e R$ 6 mil.

Satisfações
Índio não vai ganhar apito. Vai absorver gordos salários. Ainda estão sem educação e saúde. Pelo menos a estrada está sendo aberta. Ao lado, índios vizinhos invadem o norte do Brasil e realizam chacinas com funcionários e indígenas brasileiros na possessão livre de Paramaribo.

Aviação
Líbano Barroso, presidente da TAM, destampou a panela de pressão que é o sucesso da companhia. Venda de passagens até 48 meses com destino em branco. Só o fato de ser integrada à Star Airlines abre com oportunidades de ofertas e voos
a 170 países.

Paz no ministério
Minc e Lobão haviam se desentendido no comportamento dos ministérios. Foi troca de ofensas entre os dois com razão. Presidente Lula usou a bondade natalina e os ministros voltaram a se entender maravilhosamente. Lobão desfez acusações a Minc e vice-versa. Os ressentimentos foram guardados na caixa-preta do coração.

Casamento gay
Argentina se responsabiliza pelo primeiro casamento oficial de dois homens. O fato ocorreu na frieza da cidade de Usuhuaia. Pombinhos abriram as portas para os demais que desejam se unir.

Único é da Aeronáutica
Coronel Fitipaldi conheceu Getulio ainda jovem. Firmaram amizade. Vindo do Rio Grande do Sul, Fitipaldi ficou comandando avião para o presidente. Quando chegou o movimento de 1964, Fitipaldi foi passado para a reserva ex-ofício. Até hoje luta para receber o posto de volta e a Comissão dos atingidos não tocou uma penada.

Perigo
Operadoras de celular colocam a vida de pilotos de helicópteros em risco.
O DF tem milhares de torres espalhadas, a maioria sem sinalização ou iluminação. O caso merece solução antes que aconteça a tragédia prevista.

Sufoco
Um voo de helicóptero mostra a devastação do cerrado. Mesmo em lugares com assentamentos há anos, não há preocupação em arborizar. As árvores tornam o ambiente mais agradável e seguro.
Uma campanha resolveria a questão.

Inferno
Questão de aquecimento global é séria. Na década de 70, ao meio dia, o calor em Brasília era de 22º. Hoje são 10 graus a mais. É possível imaginar em 30 anos o que acontecerá.

História de Brasília

Depois de construir toda Brasília, o sr. Israel Pinheiro está enfrentando uma situação das piores perante sua obra. É que está organizando uma firma particular e não encontra um lugar para se instalar, reclamando a todos os seus amigos dos altos preços dos imóveis no Distrito Federal. (Publicado em 21/2/1961)

UM BOM CONSELHO

EDITORIAL - O GLOBO

Revanchismo

O GLOBO - 31/12/09

A conhecida ambiguidade do presidente Lula deriva de uma característica da montagem do seu governo, uma estrutura sem unidade, composta de capitanias hereditárias, sob controle de agrupamentos políticos de tendências disparatadas.

Há segmentos sob as ordens de conservadores, existem áreas doadas a organizações ditas sociais, e cargos influentes cedidos a egressos da luta armada dos tempos da ditadura. Daí a proverbial ambiguidade de Lula, obrigado a adotar um discurso multifacetado, para contentar a todos. Ou pelo menos continuar de pé sobre esta geleia político-ideológica.

Mas nem sempre Lula consegue reproduzir o chinês de circo que tenta manter pratos rodando na ponta de varetas de bambu. O grave caso da proposta do Programa Nacional de Direitos Humanos, razão do pedido de demissão do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e dos chefes militares, significa que o presidente não conseguiu concluir com êxito mais este número de equilibrismo. Pediu a todos para ficar e embarcou rumo a alguns dias de descanso na Bahia — se é que isto será possível — , deixando em Brasília o embrião de uma crise militar, risco que se pensava fazer parte do passado. O problema era previsível, pois há algum tempo um desses núcleos do governo, o de esquerda, tenta rever a Lei da Anistia.

Autoridades de primeiro escalão, Paulo Vanucchi, ministro da Secretaria de Direitos Humanos, e Tarso Genro, ministro da Justiça, estão na linha de frente da operação.

E, ao assinar o decreto do tal programa, encaminhado a ele por Vanucchi, Lula avalizou a pressão do grupo pela revisão da anistia, em nome da punição de torturadores etc. Com razão, Jobim e os comandantes Enzo Peri (Exército), Júlio Moura Neto (Marinha) e Juniti Saito (Aeronáutica) colocaram os cargos à disposição.

Reabrir a questão é recriar uma zona de turbulência já superada pela sociedade brasileira. Por ter sido a anistia recíproca — para militares e militantes — , se, por um delírio, resolverem revê-la, os crimes cometidos por guerrilheiros, alguns hoje em cargos elevados na República, também precisarão ser reexaminados.

Nessa discussão não cabe fazer comparações com outros países latino-americanos, onde a anistia foi forjada com o objetivo de livrar da Justiça apenas um lado, os militares. No Brasil, ao contrário, a Lei da Anistia surgiu de uma negociação do regime com a oposição, para facilitar a caminhada de volta à democracia. Cabe agora ao presidente Lula fugir das usuais contemporizações com falanges do governo, dar um basta a essas reiteradas tentativas de revanchismo, e, como prometeu a Jobim, rever o decreto.

Não há alternativa.

ELIANE CANTANHÊDE

Não viu, não leu, mas assinou


Folha de S. Paulo - 31/12/2009

Lula faz na crise com as Forças Armadas o que fez no caos aéreo: empurra com a barriga. Sem condições de decidir entre Jobim e os militares, de um lado, e Dilma, Tarso Genro e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), de outro, ele simplesmente não decide. Foi para a Bahia e deixou a confusão no ar, até os ventos do novo ano.
Depois de lançar o terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos, com ex-militantes de esquerda emocionados e Dilma chorando, Lula não tem ambiente político para revogar trechos do texto, como exigem Jobim e militares.
Eles reclamam que são parte diretamente interessada e que todas as suas sugestões foram ignoradas, produzindo um texto "desequilibrado" -que cobra todas as responsabilidades da área militar da ditadura e nenhuma dos seus opositores, entre eles os próprios Dilma, Tarso e Vannuchi. Como se a guerra continuasse, mas com um lado só armado. E não é o lado militar.
Cobrado por Jobim, Lula disse o de sempre: assinou o decreto, mas não viu, não leu e não sabia de nada.
Andava muito ocupado com Copenhague. Mas, como é contra revanchismo, tomaria uma atitude. Lula disse e Jobim reproduziu para os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica, que entenderam como uma decisão de mudar o texto. Entenderam errado. Lula não vai revogar uma vírgula, só pretende esvaziar os tópicos críticos na implementação do plano.
O seguro morreu de velho, e um oficial adverte que "intenções são intenções, e o que vale é o que está escrito". Ou seja, o plano.
O risco é que, na hipótese de vitória de Dilma em 2010, em vez de negociarem com Lula e tendo o marechal Jobim como ministro, os militares vão ter que engolir a "ex-guerrilheira" (como dizem), tendo um petista qualquer na Defesa.
Lula viajou, mas a crise continua.
No mínimo, a crise de desconfiança de lado a lado, com Jobim louco para jogar o quepe e tirar a farda.

BLOGUEIRO EM FÉRIAS


MURILO NA PRAIA

PAINEL DA FOLHA

Fazer o quê?

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 31/12/09


Na tentativa de amenizar a revolta de Nelson Jobim (Defesa) e dos comandantes militares com o Programa Nacional de Direitos Humanos do ministro Paulo Vannuchi, Lula tem procurado convencê-los de que o texto polêmico é, na verdade, fruto de conferência realizada sobre o tema, e não uma decisão de governo.
No lançamento do programa, em 21 de dezembro, o presidente já havia feito um esforço para acalmar os descontentes, sugerindo que nem tudo o que está escrito será mantido. Em seu discurso, disse que "vamos tentar trabalhar outra vez, transformar em projeto de lei aquilo que for projeto de lei, mandar para o Congresso debater".


Detalhes. Ainda no discurso, revelador da linha tênue em que caminhava naquele dia, Lula observou que "não é fácil fazer um documento como este", pois "os interesses pelas palavras são enormes" e "as vírgulas ganham dimensão extraordinária".

Prorrogação. Quem conhece o presidente diz que esse não é um dos que temas que mais o mobilizam. O que explica, em parte, o fato de ele só ter entrado na história com a polêmica já instaurada.

Controle aéreo. FAB e Itamaraty se estranharam sobre o envio de aeronave para resgatar brasileiros no Suriname. A FAB queria levar jornalistas no voo. Mas o secretário-geral e chanceler interino, Antonio Patriota, vetou.

Forcinha. Jaques Wagner (PT) preparou uma lista para mostrar a Lula, tão logo ele chegue de folga à Bahia, com empresas que poderiam investir no Estado e gerariam empregos em ano eleitoral.

Na tela. A Secretaria de Comunicação do Planalto abriu concurso para seleção de projetos voltados à produção de séries de TV que abordem a temática: "histórias de um Brasil que dá certo".

Carteirinha. O senador Tião Viana conseguiu uma sessão vip da cinebiografia de Lula, com estreia prevista para amanhã, num cinema do Acre, somente para filiados ao diretório local do PT.

Porcos 1. Na contramão da fala de Lula, segundo quem "não se pode deixar de dar comida a um porco porque não gosta do dono do porco", os números da CGU mostram que municípios administrados pelo PT "comeram melhor" em 2009.

Porcos 2. Entre as maiores cidades do país, a campeã em verbas federais foi Nova Iguaçu (RJ), de Lindberg Farias (PT): R$ 22 por habitante, contra R$ 10 de Duque de Caxias, que tem população similar, mas é do PSDB. São Paulo, do DEM, conseguiu R$ 2,25. Já Guarulhos, do PT, R$ 7,57.

Alma do negócio. Quem percorreu as principais avenidas de Maceió notou a profusão de placas com propagandas do Minha Casa, Minha Vida, instaladas no final do ano.

Renda. O PAC da Copa, que será anunciado em janeiro, prevê R$ 8 bi para o Ministério das Cidades. São recursos que ficarão sob a rubrica de mobilidade urbana. No caso, corredores expressos e VLT (veículo leve sob pneus).

Arena. No apagar das luzes, o Congresso deu aval à destinação de R$ 40 mi para erguer uma vila olímpica que será usada nos jogos mundiais militares, em 2011, no Rio.

Prioridades. Deputados e senadores também endossaram o pagamento de R$ 30 mi à UNE a título de indenização pela destruição de sua sede no Rio durante o regime militar.

Nós. Fernando Haddad (Educação) prometeu entregar até março proposta de reforma na administração dos 42 hospitais universitários. A ideia é transformá-los em fundações de direito privado.
com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Isso só confirma o que eles proclamam: o Exército é o mesmo. Parece que não mudou nada com a redemocratização."
De CRIMÉIA ALICE DE ALMEIDA, integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos, sobre a pressão de militares para que Lula reveja trechos do terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos.

Contraponto

Corpo a corpo


Pré-candidato ao governo gaúcho, Tarso Genro (Justiça) se reuniu com Lula no Palácio da Alvorada, ontem, para discutir o lançamento do programa Bolsa Olímpica. Ao sair, mandou que parasse o carro e perguntou na portaria:
-Onde estão os jornalistas?
Os assessores informaram o ministro que só havia fotógrafos e cinegrafistas, para quem ele improvisou uma entrevista. Mas, para que Tarso não perdesse a viagem, um assistente sugeriu:
-Tem uns turistas ali que gostariam de dar uma palavrinha com o senhor...
O ministro aceitou a ideia na hora.

ROLF KUNTZ

As promessas do porqueiro


O Estado de S. Paulo - 31/12/2009

O presidente Lula promete não fazer distinção entre pocilgas. Atolado na campanha, ele faz um discurso de comício e ao mesmo tempo se apresenta como o governante acima das facções, ou, para seguir seu critério, o porqueiro supremo e imparcial. Não haverá, segundo ele, tratamento diferenciado para esta ou aquela porcada, municipal ou estadual, pouco importando as vinculações partidárias. "Você não pode deixar de dar comida para um porco porque você não gosta do dono do porco", disse o presidente na terça-feira, ao inaugurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na periferia de São Bernardo do Campo.

O dono dos porcos locais, neste caso, é um petista, o prefeito Luiz Marinho, eleito, segundo Lula, graças à competência de Deus para escrever certo por linhas tortas. Antes de Marinho, disse o presidente, o PT perdia eleições por ser metido a besta e recusar alianças. Agora isso acabou. Alguém poderia levantar a mão e perguntar: por que discutir um assunto interno do PT na inauguração de uma unidade médica? A festa não é para todos? Os suínos não são todos iguais? Mas a mistura de assuntos - inauguração de um equipamento público, elogio a Marinho, crítica ao PT metido a besta e defesa das alianças - é esclarecedora. Serve como radiografia da cabeça presidencial. Mostra como ali se misturam, na maior promiscuidade, o público e o partidário, as questões de governo e os interesses meramente eleitorais. A distinção entre essas questões talvez tenha tido alguma importância para Lula, em algum momento. Mas deixou de ser mandatória há muito tempo. É apenas lembrada, como elemento de oratória, quando ele afirma, como em São Bernardo, a obrigação de cuidar de todos os porcos, sejam quais forem os donos.

Lula aproveitou a ocasião para acusar o ex-prefeito William Dib de haver recusado ajuda federal. O ex-prefeito desmentiu essa afirmação, por meio de sua assessoria, segundo a Folha de S.Paulo. Mas o risco de ser contestado não parece inibir o presidente em sua permanente campanha eleitoral. Se inibisse, ele não insistiria na promessa de lançar em breve o PAC 2, a segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento. Esse lançamento servirá, presumivelmente, para vincular o próximo ocupante do Palácio do Planalto a um roteiro de obras transformadoras - um legado irrecusável de um governo redentor. Melhor, ainda, se a candidata de Lula vencer a eleição. Nesse caso, a continuidade será assegurada mais facilmente, mas nem por isso terá sido inútil cuidar desde já da segunda etapa do PAC.

Mas para que um PAC 2, se o primeiro mal deslanchou? Em 32 meses, desde o lançamento, apenas 1.229 obras foram concluídas, segundo levantamento da organização Contas Abertas, com base em relatórios estaduais apresentados pelo comitê gestor do programa. Esse número corresponde a 9,8% do total de empreendimentos. Estão em execução 3.576 obras, 28,6% do conjunto. O resto, 61,6%, ainda está no papel, isto é, em contratação, em licitação ou em "ação preparatória".

Boa parte das obras emperradas corresponde a projetos de saneamento e habitação. Se essas obras forem excluídas do cálculo, a parcela das concluídas aumentará para 30,6%. Nesse caso, 30,2% estarão em execução e 59,8% ainda estarão no papel. Os números ficam um pouco menos feios, mas nem por isso o PAC se transforma num sucesso.

Pode-se olhar o cenário de mais de um ângulo e o resultado geral é o mesmo: o governo terá de correr muito e de exibir uma eficiência nunca demonstrada até agora para concluir em 2010 uma parcela significativa do PAC. Isso é altamente improvável, e a ideia de lançamento de um PAC 2 continua sendo, acima de tudo, um artifício de campanha. Boa parte do eleitorado jamais saberá desses números. Isso será uma vantagem para Lula e sua candidata. Essa vantagem será garantida, em boa parte, pela espantosa incompetência da oposição.

Mas Lula, é preciso reconhecer, tem conseguido vender sua imagem e suas versões dos fatos também no exterior. Tornou-se de uma hora para outra um defensor do ambiente e foi aplaudido em Copenhague como um dos governantes mais comprometidos com o controle das mudanças climáticas. Apresentou um impressionante montante de investimentos em projetos favoráveis à preservação. A maior parte desses projetos é de usinas hidrelétricas - soluções de política energética perfeitamente óbvias num país como o Brasil, seja qual for a política ambiental. Mas quem se importa com fatos?

BUNDAS EM aBUNDÂncia


MUITAS BUNDAS EM 2010

Meu amigo JAMIR, também blogueiro, enviou-me uma "RUMA" DE BUNDAS GOSTOSAS.
Segundo as boas línguas, sua esposa teria vetado a publicação no seu blog, daí ele está usando o meu como laranja.

VALEU JAMIR

CLÓVIS ROSSI

Votos para 2010, talvez inúteis

FOLHA DE SÃO PAULO - 31/12/09



SÃO PAULO - Os votos para 2010, obviamente pensando em um ano eleitoral, nem são meus mas de Delfim Netto, em recente artigo para esta Folha. Delfim leva a vantagem de ter sido um ícone da direita durante seus tempos de czar da economia na ditadura, agora transformado em conselheiro de um presidente originalmente de esquerda, embora adernado à direita desde que chegou ao poder.
Escreveu Delfim: "A eleição de 2010 não pode se fazer em torno das pobres alternativas de, ou voltar ao passado, ou dar continuidade a Lula. A discussão precisa incorporar os horizontes do século 21 e a superação dos problemas que certamente restarão do seu governo".
Um dos problemas, no varejo, foi capturado por João Carlos Magalhães, o enviado da Folha ao Suriname. Uma legítima filha do Brasil, ela também uma Silva, de nome Maria Raimunda, escapou do conflito com os locais e reclamou que, "no Brasil só querem saber de quem tem instrução (...) Aqui, tiro até R$ 2.000 [por mês]. Lá [no Brasil], não era nem metade".
Não é mais aceitável que muitos Silvas da oitava potência do mundo continuem preferindo todos os perigos da clandestinidade, em um ponto perdido do fim do mundo, ao seu próprio país.
No atacado, tampouco é aceitável que a oitava potência do mundo, mesmo após o mais longo ciclo de crescimento de sua história recente, continue no 75º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano.
Para não falar do 75º lugar também no índice de percepção de corrupção, o que não pode ser mera coincidência, ou nos vergonhosos resultados dos estudantes brasileiros em todas as medições comparativas internacionais.
Para os que não se conformam com tudo isso, votos de um 2010 que traga o Brasil ao século 21. Aos que se conformam -e parecem ser maioria-, votos de um pouco mais de ambição.

ANCELMO GÓIS

SINAL DE RETOMADA

O GLOBO - 31/12/09


O consumo nacional de energia elétrica em novembro – 34.078 GWh – foi o maior desde outubro de 2008.
A conta é da Empresa de Pesquisa Energética.
CASO MÉDICO
Lula ontem, antes de embarcar para o réveillon na Bahia, ligou para a produtora Paula Barreto.
Queria saber notícias do irmão dela Fábio Barreto, diretor do filme Lula, o Filho do Brasil, que sofreu um grave acidente de carro na noite de 21 de dezembro.
SUPER-LULA
Aliás, o filme de Lula, que estreia amanhã nos cinemas brasileiros, foi tema de reportagem da revista Time.
A matéria chama o presidente brasileiro, veja só, de super-herói.
MAIS, ROSA, MAIS
O tarólogo e vidente João Rosa fez ontem, no programa de Ana Maria Braga, previsões para 2010. Uma delas é que haverá um escândalo político.
Pai Gois de Oxalá, o maior babalorixá de Frei Paulo, acha que seu colega está sendo modesto.
XIXI NA PISCINA
Um em cada quatro brasileiros (exatos 22%) admite já ter feito xixi... Na piscina.
A pesquisa foi realizada pela Campanha Piscina Limpa, da Abiclor, a associação que reúne fabricantes de álcalis, cloro e derivados.
DIÁRIO DE JUSTIÇA
O juiz da 28 Vara Criminal do Rio, André Ramos, condenou Adalmir e Almir Faga, os sócios da Editora Centauro, a prestação de serviços à comunidade.
Eles são acusados de cometer crime de racismo por publicar e distribuir o livro Os protocolos de Sião, considerado antissemita pela Justiça. Cabe recurso.
DE VOLTA AO RIO
A Justiça Federal devolveu ao Rio, ontem, o traficante Roberto Vieira, um dos detentos transferidos para o presídio federal de Campo Grande, em outubro, depois que facínoras derrubaram um helicóptero da PM, no Morro dos Macacos.
Ele ganhou o benefício do regime semiaberto.
OS DESAFINADOS
As tribos de Ipanema estão felizes da vida com a nova estação da Praça General Osório.
Mas tem gente reclamando porque, com o metrô, vieram peruanos (ou seriam bolivianos? ou paraguaios?), a caráter, tocando músicas típicas com instrumentos de sopro desafinados.
REPOUSO DO GUERREIRO
Ronaldo Fenômeno passa uns dias em sua casa em Angra.
SAMBA DO AVIÃO
Ontem, no voo da TAM, Rio-Fortaleza, um músico da banda de Zeca Pagodinho, que anima o réveillon cearense, teve de entregar sua garrafinha de cachaça à aeromoça (que a devolveu no desembarque. Normas da casa.
Tudo amistoso. Um dos sambistas foi cantarolando a bordo: “Entrega, entrega, por favor/ Entrega a Ypioca que a receita é do doutor”. Feliz ano-novo!

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

LUIS FERNANDO VERISSIMO

O futuro do GPS

O GLOBO - 31/12/09


Ainda não me refiz da primeira vez que vi um GPS funcionando. GPS, já sabia todo o mundo menos eu, quer dizer Sistema de Posicionamento Global, em inglês. É um aparelho que mostra onde estamos numa telinha e diz como chegar onde queremos ir. Diz, literalmente. O danado do aparelho não apenas fala como é poliglota: você pode escolher a língua com a qual será guiado. Durante a Copa do Mundo na Alemanha, que foi quando conheci o engenho mágico, éramos orientados por uma simpática portuguesa que não nos deixava confundir ingang com aufgang, chamava rotatória de “rotunda” e nunca nos falhou. Nem comecei a tentar compreender como a visão de um satélite estacionado sobre nossas cabeças chegava no carro e se transformava em voz com sotaque português. Eu ainda não sei bem como funciona grampeador.
Mas posso imaginar como será o futuro do GPS. É provável que um dia ele assuma o volante e dispense o motorista, eliminando uma etapa no processo de dar direções e só usando sua voz para gritar com as crianças no banco de trás. E não é impossível que, com o tempo, surja uma espécie de GPS moral, um sistema de orientação não para veículos mas para gente, que mostre o caminho a ser seguido, os desvios éticos a serem evitados e a melhor saída para qualquer “rotunda” de incertezas que possa nos comprometer. O aparelho não seria maior do que um celular que cada um carregaria no bolso ou na bolsa.
Porque a verdade é que todos os nossos antigos sistemas de orientação – o religioso, o familiar, o jurídico, o filosófico – falharam, somos uma geração à deriva, sem giroscópio. Com o aperfeiçoamento do GPS seríamos guiados por uma entidade superior que tudo vê e tudo sabe, um satélite estacionário sem nenhuma dúvida sobre o que é certo e o que é errado e o que nos convém. Bastaria levar o aparelho ao ouvido e escutar
seus conselhos. Na voz que escolheríamos.
VOTO
(Da série “Poesia numa
hora dessas?!”)

Só pra fugir
do clichê:
liz novo
ano fe!

CLÁUDIO HUMBERTO

“Dói (não ser chamado de pai), mas quer saber? Ele está em casa”
DAVID GOLDMAN, NAS PRIMEIRAS FESTAS COM O FILHO SEAN, EM CINCO ANOS

2009: COMEÇOU COM “O CARA” E TERMINOU EM “M...”
Não deu outro, só Lula. Com 51 ideias, viagens, discursos, palavrinhas e palavrões, “o cara” desbancou este ano não só o primeiro presidente negro da América, como as “estrelas” que competiram com o “filho do Brasil”. Foi duro superá-lo na disputa dos troféus, que a coluna entrega todo ano aos que em 2009 lutaram por merecer. Mas os coadjuvantes também não fizeram feio. Capricharam na merda. E como.
TROFÉU PRÉ-SAL
Foi Dilma de manhã, de tarde e de noite, na chuva, rua, na fazenda ou numa casinha de sapê. Dura de engolir, a candidata de Lula ganha um saquinho de pré-sal grosso para ver que bicho vai dar nas pesquisas.
PRÊMIO BIRUTA DE AEROPORTO
Era “irrevogável” como a decisão de renunciar do senador petista Mercadante. Mas a coluna mudou de ideia. Dará o troféu ao ministro Tarso Genro, pela peremptória atitude de proteger o terrorista Battisti.
TROFÉU PENICO DE BARRO
É bem grande, para comportar a sujeira da turma do governador Arruda em meias, bolsos, calças e bolsas. Será entregue via Sedex: é grande o risco de o público lançar o prêmio nos homenageados, à la Berlusconi.
PRÊMIO VASSOURA DE OURO
Saiu caro o troféu, além da casa, comida e roupa lavada para os “hóspedes” Manuel Zelaya e Cesare Battisti. Após a cerimônia atrás da porta, montarão nela para a Terra do Nunca, onde vive Michael Jackson.
“OS BONS COMPANHEIROS”
Sarney, Lula, Collor e Cia ganham aqueles célebres três macaquinhos de louça que não veem, não ouvem e não falam. Não viram, não ouviram nem falaram nada do que fizeram uns aos outros nos verões passados.
TROFÉU VELA APAGADA
O prêmio sobrou do apagão de novembro: Dilma, Lobão e assessores vão segurá-la para lembrar o sofrimento de milhões de brasileiros, a quem Dilma garantiu que não ia faltar luz. Não acompanha fósforos.
PRÊMIO PINÓQUIO
É tão falso como o título de “doutora” o nariz grande que a ministra Dilma vai receber, por jurar que não pediu nada à ex-secretária da Receita.
TROFÉU ENGOV
Um pré-sal de frutas para o presidente Lula, que não lê porque “dá azia”. E mais, muito mais, para o distinto público, que não digeriu muito bem a companhia de Judas no governo e a m... dita aos quatro ventos.
PRÊMIO COROA DE LATA
A pompa e circunstância exigem que o deputado Edmar Moreira, dono de um castelo construído com o suor do rosto, receba o prêmio sentado no troninho, diante dos pares da Câmara que salvaram seu reino mineiro.
LATA DE FERMENTO
Seria um iogurte que vale por um bifinho, mas o ministro Mantega ganha mesmo é o pó mágico para fazer o “pibinho” de 1,3% crescer.
TROFÉU MELANCIA DE PLÁSTICO
Os kits também com apito, corneta e nariz de palhaço, serão entregues ao chanceler Amorim, ao aspone top-top Garcia e a Hugo Chávez, pelas trapalhadas sob os holofotes mundiais. Ao ministro Minc, colete extra.
PRÊMIO FRANGO DE MACUMBA
É um despacho completo, com vela preta, farofa de dendê, fitas e cachaça, muita cachaça, para colocar diante do Planalto quando o porralouca Ahmadinejad for recebido outra vez por Lula.
OSCAR DE EFEITOS ESPECIAIS
Quem leva o maior prêmio do cinema, na categoria pornô, é um tal Durval Barbosa, que com uma câmera não sei onde e uma boa ideia de jerico na cabeça, deixou o governo de Brasília com as calças na mão.
TROFÉU SMILES
Lula bateu todos os recordes de esquentar cadeira no Air Force 51: três meses fora do País. Divide o prêmio com os deputados e senadores que viajaram na moita com nossa grana, que ainda não aterrissou no Erário.
PRÊMIO CHUPETA DE OURO
O presidente Lugo merece, pela dedicação à causa do crescimento demográfico no Paraguai e da valorização da camisinha, que ele esqueceu de usar quando era bispo. A filharada agradece, amém.
TROFÉU A GRANDE FAMÍLIA
A coluna reservou duas fileiras na plateia, caso os parentes do senador Sarney e de outros ilustres parlamentares apareçam para receber o prêmio: pirulitos, para chuparem se as boquinhas sumirem de vez.
JOÃO BOBO
O governador tucano José Serra leva o boneco de prêmio: pode empurrar, mas ele só balança a candidatura à presidência. E volta.
TROFÉU ÓLEO DE PEROBA
O filme Lula, o filho do Brasil, ganha disparado na disputa pelo título de obra-prima da cara-de-pau. A oposição também não fez feio, deixando Lula brilhar em todas as cenas, tanto de censura livre como as X-Rated.
PRÊMIO LEXOTAN
Não, não vai para o senador Suplicy. Do prêmio precisamos todos, para enfrentar a corrida maluca que se aproxima. Um 2010,10!

PODER SEM PUDOR
MISSÃO CUMPRIDA
Dom Távora era o conservador arcebispo de Aracaju quando redigiu uma carta atacando a candidatura de Luís Garcia (UDN) ao governo de Sergipe, em 1958, por ser ele apoiado por comunistas, e ordenou que o texto fosse lido durante as missas. Mas desconfiou que Filadelfo, pároco de Laranjeiras ligado à UDN, não o obedeceria. Mandou um espião à sua missa. Ao retornar da missão, o homenzinho contou:
– Ler, ele leu. Mas houve um problema: traduziu tudo para o latim....

FELIZ ANO VELHO!

QUINTA NOS JORNAIS

- O Globo: Bolsa brasileira tem a maior alta do mundo após a crise

- Folha: Bolsa de SP tem maior valorização do mundo

- Estadão: Bovespa sobe 120,9% e lidera ranking global

- JB: Rio se prepara para começar 2010 com o pé direito

- Correio: Após alívio, gripe suína volta a assustar o país