segunda-feira, fevereiro 28, 2011

GUSTAVO CERBASI

O Estado mostra suas garras
GUSTAVO CERBASI
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/02/11

Se o Brasil quer crescer, o Estado tem de encolher; na teoria, somos ricos; só falta colocar isso em prática


COMPLETADOS dois meses de um governo que se autorrotula como austero, as coisas andam como era de esperar. O debate do momento é sobre a volta da CPMF (o antigo tributo do cheque), supostamente justificada pela necessidade de arrecadação. Nas últimas semanas, o foco das atenções estava na contenção do aumento do salário mínimo e da correção da tabela para desconto do Imposto de Renda na fonte.
Dos debates já encerrados, a conta ficou para o contribuinte. Tanto o simbólico salário mínimo quanto a tabela do IR foram corrigidos abaixo da inflação, diminuindo o poder de consumo da população.
Não seria incoerente, se não vivêssemos um período de recordes na arrecadação de tributos, de formação de reservas e de autonomia dos cidadãos que nunca estiveram tão empregados quanto agora. Este deveria ser o momento de garantir o aumento definitivo do bem-estar da população, mas estamos sendo chicoteados pela incompetência. Agora, não é o caso de debater se a CPMF é justa ou não.
Ela seria justíssima, incidindo proporcionalmente ao volume de riqueza manipulado pelos cidadãos, não fosse a carga tributária geral tão elevada e a aplicação dos recursos tão ineficiente.
Gostaria de pagar 1% de CPMF em lugar dos tributos estaduais e federais que incidem em cascata e que saem muito mais caro. Gostaria de ser tributado em 50% de minha renda se pudesse matricular meu filho em qualquer escola pública sem preocupação, se pudesse ser atendido no SUS (Sistema Único de Saúde) sem risco de morrer na fila ou se pudesse andar em ruas seguras sem me disfarçar por trás das películas ilegais do meu carro.
O pior dessa situação é que não falta dinheiro. Ele sobra, mas é muito mal usado. Aliás, nunca poderá ser bem usado se não houver mudanças profundas na lógica de uso de recursos do Estado.
Empresas públicas e autarquias que ousam ser eficientes em suas contas são punidas com corte das dotações orçamentárias nos anos seguintes. O segredo para o gestor público ter dinheiro é ser ineficiente, gerar deficit, para poder pleitear aumento da mesada. É por isso que, por exemplo, por mais que se enterre dinheiro nos aeroportos, eles sempre serão essa vergonha.
Conversei com pessoas que se sentiram alarmadas ao ouvir dizer que o serviço aeroportuário funcionará com anexos improvisados para a Copa de 2014. Não entendi. Alguma vez os aeroportos deixaram de funcionar de improviso?
Quando o governo alega que está investindo a arrecadação em obras e infraestrutura, ele está abusando de nossa ignorância. Para projetos com prazo definido, o mecanismo de captação recomendado é a emissão de títulos públicos, com prazos de vencimento compatíveis com os prazos de obras -e não faltam investidores interessados em financiar as obras necessárias.
A arrecadação de tributos tem como objetivo custear os gastos do dia a dia do governo, e é aqui que o Brasil mais peca. Falta qualidade, faltam atendimento digno e tecnologia no serviço público, mas o número de servidores não para de crescer.
Onde eles estão? Mal alocados em serviços burocráticos e ineficientes, drenando nossos recursos sem muito agregar ao bem-estar da sociedade. Não defendo a demissão em massa de servidores, mas creio que um enxugamento de funções e a realocação de mão de obra para os serviços realmente necessários à população ajudariam a reduzir a necessidade de tributos.
Estamos sedados pelo hábito de aceitar a ineficiente condução do Estado mas, se o governo realmente se apresenta como austero, o momento é de mudança. A CPMF não é necessária. O aumento do salário mínimo não foi justo. A correção da tabela do IR também não será. Se o Brasil pensa em crescer, está na hora de o Estado encolher.
A sociedade civil está madura o suficiente para administrar bem os recursos que são desperdiçados pela má gestão pública. Na teoria, já somos ricos; só falta colocar isso em prática e lidar inteligentemente com o dinheiro que a economia gera.

LUIZ FELIPE PONDÉ

A ganância da honra

LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SÃO PAULO - 28/02/11

Que Deus me proteja de cair na tentação da ganância da honra. Aristóteles já dizia que a honra é uma virtude pública sedutora, mas impossível para quem a busca por si mesmo.

Sobre isso, revi o grande filme de Stanley Kubrick "Glória Feita de Sangue" (1957). Outro filme que recomendo é "A Cruz de Ferro" (1977), de Sam Peckinpah.

Ambos tratam da relação entre elite (oficiais) e plebe (soldado) -Kubrick na Primeira Guerra Mundial, Exército francês nas trincheiras, Peckinpah na Segunda Guerra, força armada alemã na frente russa.

No primeiro filme, o herói, o coronel Dax (Kirk Douglas), membro da elite francesa, se vê diante de uma trama na qual três de seus soldados são condenados injustamente à corte marcial e ao fuzilamento.

São acusados de covardia quando a missão para a qual tinham sido mandados era impossível. Não foram covardes, ficaram detidos pelas condições insuperáveis da batalha.

Mas a hierarquia queria mesmo era o sangue "do gado" para animar a moral das tropas, mostrando o valor da disciplina. O desprezo do coronel Dax pela elite do Exército é evidente, apesar de ser parte dela. O general em comando apenas queria uma promoção.

Segundo o general, o "povo francês" clamava pela sua dignidade, que deveria ser honrada com o sangue dos "covardes". "Povo francês" aqui nada mais é do que a retórica da opinião pública como instrumento de pressão. Confiar no "povo francês", como em sua elite, soará ridículo neste cenário.

No segundo filme, o herói, cabo Steiner (James Coburn), vindo da plebe, ganha várias cruzes de ferro por coragem sem dar valor a nenhuma delas ("só um pedaço de metal"), enquanto um capitão de família nobre prussiana, Stransky (Maximilian Schell), um covarde oportunista, cria situações para ganhar a cruz de ferro sem correr riscos.

O desprezo do cabo Steiner pela elite é também evidente, mas não é membro dela.

Em ambos os filmes, lembramos da tese do escritor russo Tolstói (em "Guerra e Paz") sobre guerras e batalhas (que fala da vida como um todo): um caos sem ordem, sem sentido, violência gratuita, a partir do qual, após a batalha, "reconstruímos o sentido" a fim de satisfazer qualquer ponto de vista, e, assim, contarmos "a" história.

Nutro profunda simpatia por esta teoria da história de Tolstói.

Os filmes seguem cursos diferentes. De certa forma, o filme de Kubrick vai mais longe do que o de Peckinpah na crítica ao modo como o mundo se organiza (sendo a guerra e o Exército em ambos apenas o cenário ideal para demonstrar suas teses).

Enquanto em "Cruz de Ferro" a coragem tem seu lugar (a medalha, apesar de o corajoso não dar valor a ela), em "Glória Feita de Sangue" a coragem é "invisível" para a hierarquia, que trata o herói Dax como um bobo idealista.

Onde está a coragem neste caso? Está na recusa do herói Dax da promoção que receberia como forma de acomodação ao status quo.

No filme de Peckinpah, ao final, Steiner arrasta o oportunista Stransky para o campo de batalha (já arrasado pelos russos), dizendo: "Vou mostrar a você onde crescem as cruzes de ferro" (isto é, diante do inimigo).

Já no filme de Kubrick não há espaço para essa ode última à coragem nas guerras, mas sim algo mais sutil: Dax, observando seus soldados à distância, quando urram num bar diante de uma "cantora" alemã (prisioneira de guerra), percebe como, de uma horda de bárbaros, eles passam à condição de homens tocados pela fragilidade da moça e pela beleza da música que ela canta, em meio às suas lágrimas de medo. Um dos maiores momentos do cinema.

Em ambos, vemos a ruína da ordem do mundo e seus mecanismos de produção da honra (representados pela hierarquia do Exército e seus sistemas oficiais de reconhecimento da coragem e da covardia).

Neste campo devastado, sobra a coragem de um homem solitário (Steiner) e a capacidade de um idealista aristocrático (Dax) de perceber um instante efêmero no qual feras se tornam homens. Ambos impermeáveis à ganância das honras.

Pouco importa a classe social -o que conta, ao final, é a virtude de cada um como modo de ação num mundo sem honra.

PEPINO

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Casa do Sader
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/02/11

Emir Sader fez o que estava a seu alcance para abocanhar o Ministério da Cultura. Ganhou de presente a presidência da Casa de Rui Barbosa. Sader faria menos estrago no Ministério da Pesca. Talvez na Secretaria Nacional de Peixes de Águas Rasas -onde gosta de navegar.

O sociólogo, notório defensor do fuzilamento dos dissidentes cubanos pelo regime castrista, em 2003, é figura periférica no governo Dilma. Sua importância é ainda menor que a do colega do Turismo, aquele que pagou a conta do motel com dinheiro da Câmara.

Mas Sader é um ideólogo. E quer transformar a Casa de Rui Barbosa, reputada fundação de pesquisa histórico-literária, num centro de debates sobre o "Brasil para todos".

Na boa reportagem de Paulo Werneck na Ilustríssima de ontem, Sader usa o slogan do governo Lula para defender que a instituição, séria e com reconhecida vocação documental, deve ser politizada em torno de "grandes temas" do país atual. Quando um intelectual sente falta dos "grandes temas" é bom ficar atento: ou se trata de um gênio ou de Emir Sader.

Sua figura é representativa do que há de pior na esquerda: a convivência do oportunismo rasteiro com o ranço stalinista. "É preciso tratar de ter políticas culturais que consolidem na cabeça das pessoas as razões pelas quais o Brasil está melhor", disse ele ao jornal "O Globo". Sader vê o trabalho intelectual como uma mistura de propaganda do poder e catecismo marxista.

Desço agora a um detalhe da reportagem de ontem, onde mora o diabo (ou o ato falho): "Quem diria que aquele nego baiano tem muito mais articulação do que o Caetano?", diz Sader, supostamente elogiando Gilberto Gil. Inverto a ordem da frase, apenas para lhe dar um "realce", sem alterar nada de seu sentido: "Aquele nego baiano tem muito mais articulação que o Caetano, quem diria?". Quem diria que isso é preconceito de...? O leitor julgue por si.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O que são quatro anos sem radares?

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O Estado de S.Paulo 28/02/11

Os radares, lombadas eletrônicas e pardais das rodovias federais não funcionam há quatro anos. O contrato com a empresa que cuidava disso foi encerrado em 2007 e o novo só começará a ser aplicado em março, se for cumprida a promessa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), um dos órgãos mais cobiçados na partilha de cargos em Brasília. Difícil de acreditar.

Na última sexta-feira, reportagem da rádio CBN revelou que o pessoal do DNIT acha que não há nada de errado nisso. Quatro anos sem contrato? É assim mesmo. Vocês sabem, não é simples fazer uma licitação no Brasil, ainda mais quando se trata de comprar radares para todas as rodovias federais e administrar tudo isso. Uma trabalheira danada.

Os leitores e as leitoras não estão acreditando? Pois foi assim mesmo que o pessoal do DNIT explicou. Como qualquer pessoa que não seja um burocrata de Brasília sabe que quatro anos para instalar radares é um absurdo monumental, o que se pode concluir daí?

Primeiro: o sistema de licitações, contratações e licenças no Brasil ficou tão nonsense que o pessoal do setor também perdeu o juízo.

Segundo: a turma se acostumou com isso. Qualquer pessoa normal colocada na diretoria do DNIT ficaria desesperada com uma demora de quatro anos para fechar um contrato tão importante. Faria o diabo para adiantar isso e, no limite, diante do fracasso, se demitiria.

(Mas alguém se demite por essas coisinhas em Brasília?)

Terceiro: está aí a prova cabal da ineficiência da administração pública e, mais ainda, da administração loteada politicamente.

Essa gestão é centralizada em Brasília, o contrato total chega a quase R$ 1 bilhão. Desperta interesses, cobiças, etc. e tal.

Imaginem o contrário, que as rodovias federais tivessem sido todas privatizadas, em diversos lotes. Os radares passariam a ser responsabilidade de cada concessionária, em uma administração descentralizada e flexível. O DNIT não teria de comprar nada, apenas fiscalizar o cumprimento do contrato de concessão. (Passei outro dia numa rodovia federal privatizada e estava cheia de radares.)

Mas aí não haveria R$ 1 bilhão para gastar nem cargos "bons" para nomear.

Não são apenas radares que estão apagados. Aeroportos e estádios da Copa, por exemplo, estão todos atrasados - e em todos os casos há problemas de licitação, licenças ambientais, fiscalização do TCU e "judicialização" - aquela circunstância em que tudo vai parar nos tribunais, todos rapidíssimos, como se sabe.

A receita para isso é um choque de privatização e uma mudança no ambiente de negócios.

Esquerda ou direita. Reforma da Previdência é igual no mudo todo. Trata-se de fazer com que as pessoas trabalhem mais, contribuam mais e se aposentem com vencimentos menores. Parece que o governo Dilma - ou parte dele - está retomando essa agenda, incluindo idade mínima para aposentadoria do pessoal do setor privado e o fim da aposentadoria integral para funcionários públicos.

Seria uma agenda de esquerda ou de direita? De direita, será a resposta majoritária por aqui, pois se trata, dirão, de limitar direitos e benefícios dos trabalhadores.

Na Espanha, porém, o governo é de esquerda, do Partido Socialista, chefiado por José Luis Rodriguez Zapatero. As duas centrais sindicais também estão na esquerda. Pois governo e centrais firmaram um pacto em torno de uma reforma que aumenta a idade mínima de aposentadoria de 65 para 68 anos e o tempo de contribuição de 35 para 38 anos. A pensão será calculada com base nos salários dos últimos 20 anos (em vez dos atuais 15), o que deve reduzir seu valor.

Como argumentou a esquerda espanhola? Que era preciso salvar o regime previdenciário e garantir a todos uma pensão razoável, um objetivo de justiça social que depende do equilíbrio financeiro do sistema. Até o ano passado, a Previdência espanhola estava no azul: as contribuições pagas pelos trabalhadores ativos eram mais do que suficientes para pagar as aposentadorias. Em 2010, porém, já se registrou um pequeno déficit. E eles estão reagindo antes que esse déficit se transforme em uma bola de neve.

Pode-se acrescentar. A introdução do sistema público de Previdência sempre foi uma agenda da social democracia e do socialismo não revolucionário. Portanto, impedir o colapso dessa política deve ser de esquerda. Não é mesmo? Por outro lado, tudo que limita direito dos trabalhadores deve ser de direita. Certo?

Ideologias à parte, os números indicam que a Previdência brasileira está no caminho do desastre. As duas, a do INSS e a do setor público. No ano passado, o déficit do INSS foi de R$ 44,3 bilhões. Em janeiro de 2011, de R$ 3 bilhões, isso com o salário mínimo a R$ 540, valor vigente desde o início do ano. Com o novo valor de R$ 545, o custo mensal adicional será de R$ 115 milhões; o anual, de R$ 1,5 bilhão.

Pela regra aprovada para o mínimo, o salário de 2012 deve ir a R$ 620 reais. O custo ficará em torno de R$ 23 bilhões ao ano, simplesmente a metade do valor atual do déficit.

Não tem a menor viabilidade.

O governo terá de aumentar impostos para financiar isso - e isso numa economia já sobretaxada por uma carga tributária que é a maior entre os países emergentes. Acrescente aí que o déficit do sistema de aposentadoria dos servidores públicos federais passou dos R$ 50 bilhões no ano passado, o que exige mais carga de impostos onerando toda a sociedade.

Não há a menor dúvida, o sistema já está quebrado. E então, aqui no Brasil, reforma da Previdência é de esquerda ou de direita?

GOSTOSAS

ANCELMO GÓIS

Obama no mar
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 28/02/11

Não é certo. Mas Obama, na vinda ao Rio, em março, planeja dar um mergulho no mar. A praia ainda não foi escolhida. Mas, segundo o ministro Carlos Henrique de Abreu, chefe do Departamento dos EUA do Itamaraty, que trabalha com os americanos nos
preparativos da visita, é um sonho antigo do presidente. 

Por falar nisso... 
Com Antonio Patriota no comando do Itamaraty, o diálogo do Brasil com os EUA ficou, digamos, mais informal. Até agora.

Queremos Gal
Caetano Veloso está às voltas com a produção de um novo CD de Gal Costa, que anda um pouco sumida. Seria um disco só com composições do artista.

Presente de grego
A rádio corredor da Petrobras conta que o diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, não gostou de saber que o deputado Eduardo Cunha teria feito declarações a favor de sua permanência no cargo. É que nesta altura do campeonato o apoio do polêmico parlamentar mais prejudica do que ajuda. A conferir. 

No mais

Dos jornais ontem. O GLOBO: “Na era pós-Brizola, PDT vive crise de identidade.” Folha: “Erundina ameaça deixar o PSB se Kassab virar socialista. PDT e PSB são mais dois partidos que se ‘peemedebizam’.” É a geleia geral. 

100 títulos
A portuguesa Babel, que desembarca em São Paulo em março, promete editar aqui mais de cem títulos a cada 12 meses. O Brasil tem sido um bom mercado para a LeYa, outra portuguesa... com certeza.

Arte de falar mal

Mestre em cultura popular, Ariano Suassuna, de 83 anos, levou uma plateia ao delírio na Associação de Delegados de Polícia de Pernambuco ao assumir: — Eu não vou mentir, acho uma hipocrisia quando o cara diz que não fala mal de ninguém. Eu não falo na frente, que é muito inconveniente. Eu espero o cara sair e baixo o pau. É. Pode ser.

A irmã do Rei
Roberto Carlos, enredo da Beija-Flor, vai ter um camarote na Sapucaí. Levará funcionários e amigos próximos e sua irmã, Norma.

Regente titular 
O carioca Carlos Prazeres, de 36 anos, filho do falecido maestro Armando Prazeres, assumiu seu primeiro posto
como regente titular, na Orquestra Sinfônica da Bahia. O concerto de abertura será dia 16, em Salvador.

Rio 40 graus
Wilson Rizolia, secretário de Educação de Sérgio Cabral, pegou a contramão da maioria das empresas neste verão. Determinou que todos os auxiliares próximos trabalhem de... terno e gravata. 

Dá um carguinho?
Beltrame continua firme em seu propósito de evitar nomeações políticas na Polícia. O deputado estadual e ex-delegado Zaqueu Teixeira ouviu um não ao pedido feito à chefe da Polícia Civil, Marta Rocha, para nomear um amigo para uma delegacia de Nova Iguaçu. 

Mãe é mãe

A mãe de um aluno do Colégio Santo Agostinho, unidade Barra, com saudade do filho, não o mandou à escola e, no dia seguinte, justificou a falta na caderneta: “Motivo... saudade.” Em 2010, foram registradas 1.800 faltas. O caso da mãe saudosa foi citado pela direção como exemplo de sinceridade. 

Cidade Jardim
O grupo do shopping paulista Cidade Jardim, especializado em marcas de luxo, quer abrir uma unidade no Leblon, no Rio. 

Saravá, meu pai
Veja como o Brasil é o país da fé. O vereador do Rio Paulo Messina pediu à prefeitura para adiar a demolição de um terreiro de candomblé no Recreio. É que... um médium está deitado para o santo ali e só pode se levantar no fim de semana. Paes concordou. Tá certo.

Para concluir...

Mengooo!

ZONA FRANCA

● Hoje, no Salgueiro, será exibido, com festa, o documentário “Mulatas! Um tufão nos quadris”, do nosso Aydano André Motta.
 Hoje, Zaky Shalom fala das revoluções no Oriente Médio, no Beit Lubavitch do Leblon, com Osias Wurman.
 O Ceat apoia a exposição “Gullar 8 & 80”, no MNBA.
 Miguel Rosetto recebe da Alerj o título de Cidadão do Estado do Rio. A iniciativa é do deputado Robson Leite.
 Terminam dia 15 as inscrições para as ONGs concorrerem ao Troféu Responsabilidade Social Carlos Fernando de Carvalho, da AIB. 
 Quarta, Cristine Gerk lança um livro de poesias na Travessa Ipanema.
 Estão abertas as inscrições do “Atelier de traduction” (cce.puc-rio.br).

DENIS LERRER ROSENFIELD

Luz própria

DENIS LERRER ROSENFIELD

O Estado de S.Paulo - 28/02/11

Passados dois meses do governo Dilma, já é possível uma primeira avaliação, evidentemente preliminar, da nova presidente e de suas medidas. Uma primeira constatação se impõe: ela age com luz própria, abandonando discretamente, mas seguramente, o papel de criatura que lhe estava reservado. As suas diferenças em relação ao governo anterior são visíveis e podem ser classificadas em dois grandes grupos, um de estilo e forma, outro de conteúdo propriamente dito.

No que diz respeito ao primeiro, convém ressaltar as suas raras aparições púbicas, dedicando-se à gestão, o que é certamente a primeira função de um governante. Não mais temos as aparições cotidianas do ex-presidente Lula, que confundia a arte de governar com um palanque eleitoral constante. Esse traço se acentuou nos últimos anos e semanas de seu mandato, como se a ansiedade de ter de deixar o poder lhe atingisse ainda mais. Muitas de suas declarações eram incoerentes e contraditórias. Agora, a mudança de estilo é total, pois a presidente Dilma pesa suas aparições públicas e transmite mensagens por seus assessores e ministros, resguardando a sua própria imagem. Evita conflitos e não traz as brigas para si.

Entende que sua tarefa básica - a de ser a administração - passa por despachos e controle dos ministros, equacionando outro grande problema, o de ministros que agiam em seus domínios próprios como se fossem senhores feudais. Observa-se que os novos (e velhos) ministros agem diferentemente, evitando declarações que destoem do que consideram as concepções da presidente. Na ausência delas, a cautela passou a ser uma virtude.

No que diz respeito ao segundo grupo, há mudanças de conteúdo em curso, embora a nova presidente aja com prudência, para não descontentar o seu mentor. É bem verdade que a mudança de estilo pode ser uma simples mudança de forma, mas ela pode sinalizar também para questões substanciais. Citaria duas que merecem atenção: relações exteriores e ajuste fiscal.

Um dos pontos mais criticados, para não dizer mais detestáveis, do governo anterior foi a conivência com as piores ditaduras do planeta, num desprezo manifesto para com a questão dos direitos humanos. As brincadeiras de péssimo gosto com opositores cubanos e iranianos, alguns à beira da morte, foram o ápice de um processo que em muito contribuiu para macular a imagem externa do País. Hoje, ironicamente, os "amigos" e "irmãos" do presidente Lula estão caindo num salutar efeito dominó nos países árabes e muçulmanos, com seus povos se insurgindo contra seus respectivos tiranos, alguns sanguinários do pior tipo, como Kadafi na Líbia. Quem criticava era porque não entendia nada da política externa brasileira. Os resultados estão à vista, basta perguntar aos povos árabes. Felizmente, a nova presidente não está sendo vítima do oportunismo, pois se levantou contra o apedrejamento das mulheres no Irã, sinalizando concretamente, antes dos levantes árabes, que haveria uma inflexão da política externa brasileira em matéria de direitos humanos.

Outro ponto que merece ser destacado é a sua preocupação com o ajuste fiscal, o que se traduz pelo corte anunciado de R$ 50 bilhões e por uma postura firme na negociação e aprovação do novo salário mínimo. É bem verdade que o corte anunciado não foi ainda detalhado nem se sabe se o atual governo continuará a maquiar suas contas via financiamentos ao BNDES por meio de recursos do Tesouro e outras medidas semelhantes. No entanto, um crédito deve ser dado à nova presidente.

Sobre a negociação do valor do salário mínimo e sua regra de concessão, o novo governo foi firme com centrais sindicais que, no governo anterior, tinham se acostumado a ditar políticas, sendo recebidas no tapete vermelho. Ao não verem mais o tapete estendido, rebelaram-se e alguns dirigentes sindicais chegaram às raias da má educação, num comportamento absolutamente condenável. Alguns não souberam entender a mudança que, no entanto, a médio prazo lhes é muito favorável. O PT agiu com absoluta responsabilidade, atuando como um partido de governo, que não faz oposição a si mesmo. Não houve aqui esquizofrenia, com o partido adotando uma política de responsabilidade fiscal, independentemente de que esta corresponda ou não às suas bandeiras históricas.

Contudo, os tucanos e a oposição em geral deram um triste espetáculo de irresponsabilidade, com prejuízos também institucionais. O que o governo e o PT fizeram foi seguir uma marca do governo Fernando Henrique de responsabilidade fiscal. As oposições, entretanto, que no poder seguiram essa mesma linha, agora, por razões meramente eleitorais, adotaram uma postura infantil, sendo contra para serem simplesmente do contra, nada avançando de substantivo. Não foram politicamente responsáveis. Se tivessem sido, teriam votado com o governo, aperfeiçoando o mecanismo de reajuste, aceitando o valor proposto e abrindo um novo caminho de negociação que tem como valor maior o bem do País.

Se tivessem sido responsáveis, teriam contribuído para um novo panorama institucional. Do ponto de vista das ideias, diria que teriam aberto um campo de "social-democratização", com o PT identificando-se mais com essa concepção e os tucanos agindo consoante concepções que dizem defender. Haveria uma saudável inflexão de ambos os lados. O ganho de um campo por assim dizer "social-democrata", por exemplo, se traduziria por menores concessões que o próprio governo, na ausência de colaboração das oposições, é obrigado a fazer ao fisiologismo e à corrupção. Se houvesse um diálogo baseado em ideias e em efetivas medidas para governar, os grupos que vicejam na defesa de interesses os mais pequenos e mesquinhos não teriam como prosperar. Urge que um novo campo político se instaure entre nós, que reúna partidos da situação e da oposição, visando a criar um ambiente salutar, cujo maior proveito seja o bem público. E a oposição é também por isso responsável.

PROFESSOR DE FILOSOFIA

BRAZIU: O PUTEIRO

ABRAM SZAJMAN

Tira o olho, ministro
ABRAM SZAJMAN
O Estado de S. Paulo - 28/02/2011

Os desafios para que o Brasil possa oferecer à sua juventude uma educação pública universal de qualidade, que possibilite superar a escassez de mão de obra especializada que se verifica na atual conjuntura de crescimento econômico e desemprego residual, apresentam-se tão agigantados quanto o próprio tamanho do País, de sua população e do passado de descaso governamental para com essa questão estratégica em um mundo globalizado. Nossa recente colocação no Pisa, o programa internacional de avaliação do desempenho estudantil, de 53.º lugar, em compreensão da leitura e em ciências, e 57.º, em matemática, na rabeira do universo de 65 países analisados, dá uma amostra do atraso a ser superado.

Apesar disso, o ministro da Educação, Fernando Haddad, parece mais preocupado em investir contra instituições do setor privado, que há décadas compensam a incúria e a omissão do Estado nessa área - caso do Sistema S -, do que em formular políticas públicas viáveis a partir dos imensos recursos materiais e humanos de que dispõe.

Não pode ser classificado senão como factoide o anúncio de que o governo teria descoberto uma "dívida" bilionária dessas entidades, gerada há vários anos, e agora estaria disposto a cobrá-la, exigindo que desviem parte de sua receita para ampliar a oferta de vagas gratuitas no ensino técnico, o que representaria uma arbitrária modificação do público-alvo para os quais foram criadas.

Para que se entenda o absurdo da propositura, basta fazer um breve sumário da história do Sistema S e de sua relação com o governo federal. Criados na década de 1940 por empresários preocupados com a formação e inclusão dos trabalhadores em uma sociedade que deixava de ser agrária para se urbanizar e industrializar, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) - assim como seus congêneres da indústria - são pessoas jurídicas de direito privado, mantidas por meio de porcentual incidente sobre a folha salarial das empresas. Cabe atualmente à Receita Federal, como antes ao INSS, a tarefa de arrecadar as contribuições e repassá-las às entidades, o que faz de maneira remunerada, recebendo para isso 3,5% do total arrecadado.

Diz agora o governo que entre 1999 e 2004, na hora de dividir o bolo arrecadado por meio de uma guia que incluía também recolhimentos destinados ao Estado (no caso o salário-educação), ele próprio teria se confundido nas contas e repassado aos Ss mais do que devia.

Exemplo típico do caótico sistema tributário do País, essa alegada diferença, ainda que existisse, não teria como ser determinada, em razão de sigilo imposto pelo Código Tributário Nacional. Imagine o leitor se, caso não tivesse em casa aquele relógio que marca a energia consumida, a empresa fornecedora um dia lhe apresentasse uma conta exorbitante de anos passados, calculada apenas por marcadores e registros dela mesma. Seria uma situação de contornos kafkianos semelhante à que se coloca.

O cerne da questão, entretanto, não reside em tecnicalidades e, sim, no fato de que esse é o segundo ataque desfechado pelo ministro para abocanhar recursos e tentar intervir na gestão dos Ss. No primeiro, há três anos, seu apetite foi contido pelo então vice-presidente, José Alencar, que, ocupando a Presidência interinamente com a garra admirada por todos os brasileiros, costurou o acordo que gerou os Programas de Gratuidade atualmente mantidos tanto pelo Sesc como pelo Senac de São Paulo, cujos detalhes podem ser conhecidos nos respectivos portais na internet.

É importante que se diga, porém, que o compromisso com a educação é a própria razão de existir dessas entidades e que suas ações, gratuitas ou de preço simbólico, destinadas a complementar pela cultura e pelo esporte a formação de milhões de pessoas, sempre existiram - a única consequência do acordo nesse campo é que agora elas são escrituradas para a conferência de burocratas em Brasília. Todos os valores por elas recebidos, seja qual for o montante ou a época, foram integralmente aplicados na realização de seus objetivos sociais e educacionais.

Com administrações cujas contas são auditadas pela Controladoria-Geral da União, Tribunal de Contas da União, Conselhos Deliberativos e Fiscais integrados por representantes do governo federal, em sua maioria, e das centrais sindicais, entidades com o Sesc e o Senac, reconhecidas nacional e internacionalmente por seu padrão de qualidade, não podem mais ficar à mercê do verdadeiro assédio moral de que têm sido vítimas.

Como já disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, torneiro mecânico formado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), "só critica o Sistema S quem nunca precisou dele". Por isso, só nos resta pedir: "Tire seu olhar dos Ss, ministro, e volte-o para o Enem, para o Sisu, para o Fies e para o Pisa. São siglas que merecem muito mais a sua atenção dos que as nossas".

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

''A religião pode ser uma das formas cruéis de opressão'' 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 28/02/2011

Quando Amós Oz recebeu a coluna, em sua casa de veraneio, no subúrbio de Tel-Aviv, os conflitos no mundo árabe ainda estavam apenas esquentando. Entretanto, o escritor israelense - conhecido mundialmente por suas posições pacifistas - manteve, desde o começo, os pés no chão: "Fico entusiasmado com esses jovens, mas não com os que querem substituir uma forma de opressão por outra. A religião pode ser uma das formas mais cruéis de opressão, como ocorre no fundamentalismo do Irã".

A preocupação não é infundada. Israel, país para onde os pais do escritor imigraram na década de 30, antes mesmo de o estado judeu ser criado, está no meio do barril de pólvora que é o Oriente Médio. E apesar de se dizer apreensivo, o escritor guarda certo otimismo: "O Egito substituiu um ditador por uma ditadura militar. Mas há esperança de se constitua algum tipo de democracia", afirma.

O escritor é um sabra - nome de uma planta, áspera por fora e doce por dentro, como são chamados os judeus nascidos em Israel - e vive na cidade de Arad, às bordas do deserto do Negev. Disse, de saída, suas lembranças do Brasil: "Nunca me esquecerei de Paraty" - onde ele foi destaque na Flip de 2007 - e mencionou o encontro que teve com Lula, em 2010: "É uma figura adorável, fez muito pelo Brasil".

Um dos autores mais importantes da atualidade, por sua obra literária e militância a favor da paz, voz rara no conflito entre Israel e a Palestina, Oz não se ilude com utopias: "Quando os povos estiverem genuinamente prontos para um compromisso, que será doloroso para ambos, a paz virá". Quando? "É difícil ser um profeta na terra das profecias. É muita competição", diz, espirituoso.

Como o senhor vê os conflitos no mundo árabe?

É difícil dizer. A era dos ditadores duros, a exemplo do que aconteceu com Mubarak, está chegando ao fim. E isso é muito bom. Quanto ao que virá, alguns querem a democracia, outros um governo religioso.

Para onde pode pender o Egito pós-Mubarak?

Difícil prever. O Egito substituiu uma ditador por uma ditadura militar. Mas há esperança de que se constitua uma democracia. Isso porque existem, no Egito, uma classe média e uma forte sociedade civil. Ambas são precondições para a existência da democracia.

O acordo de paz entre Egito e Israel está ameaçado?

Sempre. Os fanáticos não querem acordo com Israel. Simpatizo com os jovens que buscam a liberdade, mas não com os que querem substituir um tipo de opressão por outra. A religião pode ser uma das formas mais cruéis de opressão, como ocorre no fundamentalismo do Irã.

Um articulista do jornal Haaretz comparou a Irmandade Muçulmana aos partidos religiosos de Israel. O senhor concorda?

Nem todos os religiosos são fanáticos. Muçulmanos ou judeus. Entretanto, acredito que fanáticos são sempre similares.

As mudanças no mundo árabe tornam mais urgente um acordo de paz com os palestinos?

Acredito que um acordo de paz entre Israel e Palestina é urgente. E ninguém irá realizá-lo, senão - e somente - israelenses e palestinos. Temos que conversar e acertar nossas diferenças. O espaço entre as duas posições não é absurdo. Um compromisso pode ser acertado.

O senhor já afirmou que palestinos e judeus são irmãos e filhos do mesmo pai violento, a Europa. A União Europeia teria um papel a cumprir nas negociações?

Árabes e judeus foram, no passado, vítimas da Europa. Os árabes por meio de imperialismo, colonialismo e humilhação. Os judeus pelas perseguições, discriminações e, por fim, o massacre. Duas vítimas do mesmo pai opressor não necessariamente se amam. Muitas vezes enxergam, um no outro, a imagem do pai cruel. Os árabes olham para nós e dizem que somos uma extensão da Europa: colonizadores, tiranos, exploradores. Os judeus olham para os árabes e dizem que eles é quem são como os europeus: problemáticos, nazistas e antissemitas. Isso deixa para a Europa uma grande e pesada responsabilidade de ajudar os dois lados.

Acredita que existe uma condição que torna os dois povos iguais?

Estão todos cansados da guerra. Não falo dos fanáticos, porque esses não cansam nunca. Mas o povo nas ruas de Israel e da Palestina está exausto. E acho isso bom, porque essa fadiga está preparando o solo para um acordo concreto, mas doloroso, para os dois. Acontecerá quando o território for dividido entre israelenses e palestinos. Ambos se sentirão amputados. Mas não há outra alternativa.

Parte do discurso do governo israelense sustenta que o nó do conflito está no Hamas.

O Hamas é uma organização fanática. E é o fanatismo dos dois lados que impede de os acordos caminharem. O Hamas mantém a ideia de que Israel não deve existir. É impossível, até para um moderado como eu, me alinhar com isso. Não posso propor que Israel só exista às segundas, quartas e sextas. O Hamas precisa reconhecer Israel para que se possa negociar.

Em Israel, os judeus deixaram de ser histórica minoria para ser maioria. A mudança de condição não deveria trazer reflexões sobre as minorias do país? E levar a comunidade israelense a tratar os árabes - atual minoria - com humanismo e igualdade?

Essa é, na minha opinião, a grande questão dos judeus: como eles se comportarão como maioria, pela primeira vez em dois mil anos, e que tratamento darão às suas minorias daqui para frente.

Uma das críticas frequentes a Israel é que constitui uma sociedade extremamente bélica. Como avalia o papel do exército israelense?

Temos um exército muito populista. Por ser um serviço obrigatório, a nação é o exército e vice-versa. Quase todos servem. É uma instituição igualitária e informal. Se avaliarmos sua ação nos territórios ocupados, como a Cisjordânia, tenho muitas críticas. Contudo, há um senso comum de dever. O interessante do nosso exército é que não se trata de uma instituição profissional. É extremamente plural. Um homem rico e poderoso na vida civil pode ser recrutado para fazer seus 30 dias de reservista e ficar sob o comando de seu próprio chofer, se este tiver um cargo mais alto.

Assim como o exército, Israel é formado por judeus provenientes de 136 países, que trazem consigo marcas de seus países de origem. Isso faz da convivência conflituosa?

É um país complicado. Todos trazem uma relação de amor e ódio com o país de onde vieram. Somos uma sociedade cosmopolita e relativista. Em termos de valores, é possível encontrar um espectro de tudo que há no mundo. Portanto, argumenta-se, discute-se e briga-se o tempo todo. Se você prometer receber o que vou te dizer com um sorriso, eu afirmo que Israel não é um país, nem uma nação. É uma coleção de grandes discussões e argumentos.

Sua literatura aborda muitos conflitos de famílias. Há quem relacione isso com a história da criação do Estado de Israel. O senhor concorda com a tese?

Se tivesse que definir meu trabalho em uma só palavra, eu diria: famílias. Em duas: famílias infelizes. Em três, seria preciso ler todos os meus livros. (risos) Escrevo sobre a família porque acho a instituição mais trágica e cômica do universo. São relações misteriosas, excitantes e paradoxais.

E o que mais o fascina nesse universo familiar?

Essa instituição: mãe, pai e filhos, mesmo com todas suas falhas, contradições e tragédias, perdura por toda história. Já ouvimos tantas profecias sobre a morte da família. E ainda assim, resiste. No Irã com os aiatolás, no Greenwich Village de NY, no Brasil, em Israel, em todo lugar.

No livro De Amor e Trevas, o senhor diz que alguns israelenses quiseram acabar com o iídiche. Não acha que isso seja uma perda para a cultura judaica?

Sim. Lamento muito o declínio do iídiche. Mas não houve alternativa. Havia aqui judeus do Norte da África e do Oriente Médio que não falavam iídiche. Então o hebraico foi recuperado. Renasceu como língua falada. Não por ideologia, mas por necessidade.

Como?

O hebraico ficou morto durante 17 séculos. Era usado em rezas, com propósito ritualístico, e na sinagoga. Nunca na vida cotidiana. Seu renascimento é o resultado do encontro em Jerusalém, há não mais do que 120 anos, de judeus asquenazes da Europa - que falavam iídiche, polonês, russo - e dos judeus sefarditas do Oriente, que falavam árabe, ladino, persa. A única forma de se alugar um quarto ou se comprar pão era usar o hebraico. Posso te dizer o momento exato em que o hebraico se tornou uma língua viva. Foi quando, pela primeira vez, um garoto disse para uma menina "eu te amo" em hebraico. E hoje, todos os dias, eles fazem cirurgias, voam de jatos, constroem satélites... tudo em hebraico.

E como é escrever em uma língua ainda em plena construção?

É um grande desafio. Um poeta ou um escritor em hebraico tem o poder de criar. Podemos inventar novas formas, palavras. E se tiver sorte, pode acontecer o que aconteceu comigo. Uma das palavras que eu inventei voltou para mim por um taxista que não tinha ideia que era eu, o pai orgulhoso e criador daquela palavra.

Qual era a palavra?

Em Israel, há 40 anos, uma peça de Eugène Ionesco sobre oportunismo, Rinoceronte, fez muito sucesso. No palco, a cada dez minutos, um ator se transformava em um rinoceronte. A peça, logicamente, foi apresentada em hebraico e foi muito popular. Já existia a palavra rinoceronte e eu inventei o verbo "rinocerontizar". Hoje a palavra está nos jornais, na TV, em todos os cantos e esse taxista, falando sobre algum político me soltou essa.

O senhor já afirmou que os israelenses são todos personagens de Fellini. Por quê?

A sociedade israelense é muito passional. Argumenta, debate e discute o tempo todo. As pessoas dizem o que pensam sem nenhum senso de pudor. Todo mundo grita e ninguém se ouve. Isso é um filme de Fellini. Carregamos também o outro lado da moeda: somos o país do sentimento de culpa. A culpa foi inventada originalmente pelos judeus, em Jerusalém, há 2 mil anos. Depois, foi propagandeado e muito bem exportado pelos cristãos para o resto do mundo. Entretanto, a culpa é uma invenção judaica. E como judeu, eu devo dizer que me sinto muito culpado pela culpa ter sido inventada pelos judeus. (risos)

Há uma frase brincalhona de Woody Allen que diz ser mais fácil encontrar Deus do que um encanador num fim de semana. O que acha disso?

Nesse país, Deus está em toda esquina. Existe uma síndrome psiquiátrica chamada síndrome de Jerusalém. Alguns estrangeiros depois de alguns dias na cidade, de repente tiram suas roupas, sobem nas pedras e começam a profetizar. Esse país é lotado de simbolismos, sinais sagrados, religiões. Isso é, de uma certa maneira, muito perigoso para a sanidade das pessoas. É um passo do fanatismo. Jerusalém tem sido um ímã para os fanáticos de todas as religiões.

Érico Verissimo disse, em visita a Israel, que toda religião é uma forma de poesia e vice-versa. Concorda com ele?

Religiões podem ser muito poéticas. Jesus foi, na minha opinião, um grande poeta. Não há contradição entre poesia e religião. O que, às vezes, é uma contradição entre religião e senso comum.

Está crescendo o número de brasileiros jovens que fazem aliá - emigram para Israel. O que lhe parece essa opção?

Essa sociedade é uma das mais interessantes do mundo. Cada individuo aqui pode fazer a diferença. No Brasil, vocês são muitos. Aqui cada pessoa é uma parte importante do país. Independente da linha política ou das ideias. É um país novo, ainda está sendo modelado. E é um grande desafio participar da construção de um novo país, não acha? Eu, que vi o nascimento de Israel, quando converso com americanos, digo que ser um israelense da minha idade é a mesma coisa que ser um americano de 358 anos.

O senhor já afirmou que Israel é um sonho e que todo sonho carrega uma carga de frustração. Isso se aplica ao governo Obama nos EUA?

Quando Obama foi eleito evocou expectativas messiânicas. Esperavam que ele fosse andar sobre as águas. Há frustrações em virtude das expectativas irreais. E Israel é a terra que compila a história das grandes expectativas.

O que acha que as próximas gerações de Israel poderão fazer pelo país?

Há um provérbio árabe que diz: "Não se bate palma com uma única mão". Quando ambos povos estiverem genuinamente prontos para um compromisso e as lideranças tiverem a coragem de fazer os esforços necessários, a paz virá. Mas não sei dizer quando. É difícil ser um profeta na terra das profecias. É muita competição.

GOSTOSA

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Setor da construção espera edificar 2,1 bi de m2 para habitação até 2020
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/02/11

Até 2020, o Brasil terá de construir 2,1 bilhões de metros quadrados de edificações -o equivalente a mais de três vezes a área de Cingapura-, segundo a Abramat (associação da indústria de material de construção).
O volume seria capaz de suprir uma necessidade habitacional de 20 milhões de novas moradias entre 2009 e 2020, de acordo com a entidade, que baseou seus cálculos em projetos de residências de 105 m2 em média de área total.
O tamanho dos números alerta o mercado não só pela quantidade de terrenos que serão demandados, cerca de 900 milhões de metros quadrados, mas também pela capacidade da mão de obra, com 2,7 milhões de postos de trabalho adicionais.
"O governo tem ajudado a desenvolver a economia com programas de construção, como o PAC e o Minha Casa. Mas, para mantermos, é preciso ter competitividade", afirma Melvyn Fox, presidente da Abramat, que lista carga tributária e concorrência chinesa como fatores preocupantes.
A pressão sobre os custos de terra e trabalho pode inibir investimentos.
A indústria de material de construção tem hoje utilização de cerca de 87% de sua capacidade instalada.
"É alto, mas não chega a preocupar, se o nível de indústrias investindo na ampliação da capacidade for alto", diz Fox.
Os números fazem parte de um estudo da Abramat sobre competitividade do país no setor, que será levado ao governo no final de março.

INGLÊS EXPANDIDO

A marca de escolas de idiomas Fisk vai expandir sua rede com 50 novas unidades franqueadas neste ano no Brasil.
A empresa também está em negociação de contratos para ampliar a sua presença no exterior, onde já atua em países como Paraguai, Argentina, Estados Unidos, Japão e Angola.
"Mas o foco agora é o Brasil. O mercado está aquecido e deve aumentar", diz Bruno Caravati, CEO da Fisk.
Para atender a demanda crescente por ensino de inglês, impulsionada pela proximidade da Copa, a empresa desenvolveu cursos de tradução e intérprete.
Com cerca de mil escolas, 93 delas no exterior, a Fisk faturou R$ 700 milhões no ano passado.
Para este ano, a estimativa é de um crescimento de aproximadamente 20%, de acordo com Caravati.

VOO INALTERADO
A mudança nas tarifas de pouso dos aeroportos brasileiros, anunciada pela Infraero, terá pouco impacto no transporte aéreo de carga.
Segundo a Gollog, serviço de cargas da Gol, o aumento representa menos de 1% do custo de suas operações.
A Azul Cargo afirma que não deixará de atender cidades por causa das tarifas.
TAM Cargo e ABSA não se pronunciaram sobre o tema.
É cedo para ver resultados, diz Walter Devito, da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística.
"Vamos sentir os efeitos de acordo com o repasse ou não do valor pelas companhias aéreas", afirma.
As novas tarifas, que variam de acordo com o aeroporto e o horário, entram em vigor a partir de 14 de março.

PORTAS EXCLUSIVAS

O Bradesco Saúde Concièrge acaba de inaugurar uma sala de atendimento no Hospital do Coração, em SP.
Essa é a quarta sala da seguradora na cidade, apenas para clientes de planos executivos elegíveis da Bradesco Saúde Concièrge na capital.
As outras salas foram criadas nos hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, além da unidade no Itaim (zona oeste) do centro de medicina diagnóstica Fleury.
"A ideia é estar mais próximo dos clientes", diz o presidente da Bradesco Saúde e da Mediservice, Marcio Coriolano. Segundo o executivo, 93% dos clientes são do segmento corporativo.

ROTEIRO DE INVESTIMENTO
O BNDES prorrogou até o dia 30 de abril o prazo de inscrição no processo seletivo de gestores de um fundo de investimento (Funcine) voltado para a capitalização e gestão de empresas do setor audiovisual.
Os interessados terão 46 dias a mais para preparar as propostas. O prazo original era até 15 de março.
O gestor terá a responsabilidade de estruturar o Funcine e atrair investidores para compor seu capital.
O BNDES aportará até R$ 30 milhões, limitados a 70% do patrimônio comprometido do fundo.
Os Funcines são fundos regulamentados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e pela Ancine (Agência Nacional do Cinema).
Os investimentos podem ser destinados a todos os segmentos envolvidos no processo de produção cinematográfica ou de televisão: fornecedores, distribuidores, exibidores e produtores.

Novos... A Sanrio Brasil assumiu as operações de licenciamento da multinacional, dona da marca Hello Kitty, no México e na América Central. O controle era feito, até então, pela Sanrio EUA.

...mercados 
Com a mudança, a subsidiária brasileira controla todos os negócios da marca na América Latina, que representa cerca de 10% do mercado mundial da Sanrio. Em 2010, a venda de produtos licenciados da empresa movimentou US$ 5 bilhões.

De volta 
A advogada Cíntia Guimarães voltou a ser sócia do escritório Tozzini Freire, para atuar nas áreas de investimento estrangeiro, fusões e aquisições.

Mulheres... Entre os executivos de empresas de segurança privada em São Paulo, 30% são mulheres.

...no comando 
Há cinco anos, a quantidade de mulheres na profissão era inexpressiva, segundo o levantamento feito pelo sindicato do setor.

Posse 
O professor da FEA USP Keyler Carvalho Rocha assumirá a presidência do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças.

Expansão 
A marca de objetos de decoração Imaginarium, que tem 78 lojas e 12 quiosques, quer abrir 20 franquias e alcançar faturamento de R$ 104 milhões em 2011.

Cobre... 
A balança comercial da indústria de produtos de cobre registrou no ano passado saldo negativo de US$ 374,8 milhões, de acordo com levantamento do Sindicel (Sindicato dos Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos do Estado de São Paulo).

...negativo 

No ano passado, o valor das importações no setor ultrapassou US$ 944 milhões. As compras devem crescer em 2011 para condutores em alumínio e fios esmaltados. Em 2009, o deficit foi de US$ 159,6 milhões, conforme o sindicato. A balança é negativa desde outubro de 2008.

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION e ANDRÉA MACIEL

GEORGE VIDOR

Canteiros de obras
GEORGE VIDOR
O GLOBO - 28/02/11
Ainda que esteja sub judice, a primeira ordem de serviço para a montagem dos canteiros de obras da futura usina hidrelétrica paraense de Belo Monte, na chamada "volta" do Rio Xingu na verdade se limita aos acessos. Uma estrada estadual e outras vicinais serão recuperadas, alargadas e reforçadas de imediato para a passagem de caminhões pesados, tratores e grandes equipamentos.

O canteiro que ficará junto à primeira barragem de Belo Monte se situará a 60 quilômetros da cidade de Altamira. A partir dessa barragem, que terá oito quilômetros de extensão (onde haverá também uma hidrelétrica capacitada a gerar 230 megawatts), o rio será parcialmente desviado por dois canais adutores até a casa de força principal, cujas turbinas poderão gerar 11 mil megawatts no momento de maior vazão do Xingu. Os tubos que conduzirão a água represada aos rotores dessas turbinas terão 18 metros de diâmetro (tamanho equivalente a prédios de seis andares). Ou seja, serão imensos.

A obra toda pode se estender por sete anos. O consórcio construtor chegará a contratar 22 mil pessoas no pico dos trabalhos (outros 60 mil empregos indiretos devem ser criados por Belo Monte durante a construção). O consórcio, formado por dez construtoras sob liderança da Andrade Gutierrez, se propõe a treinar o máximo de mão de obra local. Face à realidade da região, serão recrutadas também pessoas analfabetas (com o compromisso de alfabetizá-las enquanto durar a obra).

Belo Monte não será apenas um aproveitamento hidrelétrico. É um projeto que tem no seu orçamento R$3,3 bilhões para investimento na infraestrutura da região. O trecho da rodovia federal Transamazônica que vai de Belo Monte a Altamira, por exemplo, será asfaltado. Muitos agricultores poderão ser reassentados em áreas mais bem servidas por transporte. As autoridades do setor consideram que o Incra está diante de boa oportunidade para reorganizar a ocupação fundiária nas áreas vizinhas aos dois canais adutores. A região foi colonizada na época da abertura da Transamazônica, com uma filosofia que não se coaduna com as preocupações de sustentabilidade que se tem hoje. A produção agropecuária local não é suficiente para abastecer os canteiros de obras de Belo Monte (serão consumidos seis toneladas de carne por dia; por isso, vários alimentos terão de ser inicialmente levados de outras regiões até lá, para não encarecer os produtos consumidos pela população residente). Havendo excedentes, a preferência será dada a fornecedores do Pará.

A terra que for removida dos canais adutores será usada nas margens, como paredes de contenção, ou em diversos minidiques que contribuirão para o represamento da água. Nesse sentido, o projeto se parece com a obra da hidrelétrica de Simplício, no Rio Paraíba do Sul, na divisa do Estado do Rio e MInas Gerais.

O Índice de Desenvolvimento Humano de cada localidade sob influência direta de Belo Monte foi previamente calculado - por sinal, baixíssimo -para se avaliar a evolução do IDH da região durante a obra. Altamira tem cerca de 86 mil habitantes, a maioria sem carteira assinada. A obra em si nem começou e o movimento na cidade já aumentou, motivando uma companhia aérea a manter voos regulares, partindo de Belo Horizonte, com escala em Brasília, até Altamira.

A cidade e as demais vilas não conseguirão abrigar todos trabalhadores que vierem de fora. E mesmo muitos dos que forem recrutados lá precisarão ser alojados temporariamente em abrigos infláveis, que têm o aspecto de casulos brancos gigantes. Esses alojamentos contam com refrigeração, pois nem os caboclos amazônicos acostumados às altas temperaturas da região iriam conseguir dormir ali.

Se a experiência de Belo Monte for bem-sucedida, como é esperado, a visão sobre as hidrelétricas na Amazônia mudará radicalmente nos próximos anos. Para melhor. Não faltarão fiscais voluntários, de todas as partes do Brasil e do mundo, para acompanhar o andamento da obra.

Vale e Votorantim são fortes candidatas (há outros grupos também no páreo) a substituir em Belo Monte o grupo Bertin no consórcio Norte Energia, entrando na categoria de autoprodutores. Ambas haviam desistido no leilão para a concessão da hidrelétrica. Se confirmada a troca, terão direito a 400 megawatts de energia firme (para se ter uma idéia do que isso representa, Manaus consome cerca de 600 megawatts, em média).

Por causa de Belo Monte, a Votorantim construirá uma fábrica de cimento na região. Algumas matérias primas e grande parte dos grandes equipamentos a serem usados na obra seguirão de Belém até perto de Belo Monte por via fluvial. As balsas vão ancorar em um pequeno porto já existente no Rio Xingu (a jusante - abaixo - da futura hidrelétrica), que terá de ser ampliado e reforçado.

Outra obra grandiosa do setor elétrico que está em execução no Pará é a linha de transmissão que interligará o sistema nacional (SIN) a Manaus, hoje isolada e dependente de energia de origem térmica. Na travessia do Rio Trombetas, próximo a Oriximiná, as torres de sustentação dos cabos de altíssima tensão, em cada uma das margens, terão 250 metros. Nem nas linhas de transmissão de Itaipu as torres chegam a essa altura. Um potente guindaste, importado da Itália, puxará os cabos até o alto das torres (cujas fundações estão em fase de conclusão).

Na quarta-feira os juros básicos vão subir. Se confirmada a expectativa de alta de 0,5 ponto percentual, a Taxa Selic chegará a 11,75% ao ano, aproximando-se da faixa que ela começa a provocar estragos mais sérios. É aquela situação do se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, pois uma inflação na faixa de 6% também é espoleta para um monte de problemas na economia.

DILMA CABEÇA OCA

MÔNICA BERGAMO

ZÉ MAYER DAS SETE
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/02/11

No ar em "Ti-Ti-Ti" e destaque de um ensaio na próxima edição da "Tpm", Caio Castro tem sido chamado de o "Zé Mayer da novela das 19h" porque seu personagem, Edgar, se envolve com várias mulheres da trama. À revista, ele diz que decidiu tentar os primeiros testes para ser ator porque não estava fazendo nada.

PONTO FINAL
Volta à pauta amanhã um dos processos mais polêmicos que já tramitaram no CNJ (Conselho Nacional de Justiça): o pedido de afastamento de Luiz Zveiter da presidência do Tribunal Regional Eleitoral do Rio, e a abertura de um processo disciplinar administrativo contra ele por ter supostamente beneficiado uma empreiteira cliente do escritório de advocacia de seus familiares. A relatora do processo, Eliana Calmon, acatou as denúncias.

SEPARADO

A defesa de Zveiter, um dos magistrados mais célebres do Rio, alega que o escritório dos familiares dele não atuava no processo em que a empreiteira, a Cyrella, tinha interesse, embora tivesse trabalhado em outros casos envolvendo a construtora. Por isso, pedem o arquivamento da reclamação.

SUFOCO
Em outra ação em que era questionado por ter aparecido num vídeo apoiando a candidatura de seu irmão, Sergio Zveiter, a deputado, no ano passado, Luiz Zveiter venceu no CNJ com placar apertado: 8 a 7.

POR PARTES
O governo estuda "fatiar" o projeto de regulação da mídia, cujo primeiro esboço foi feito pelo ex-ministro Franklin Martins ainda no mandato de Lula. Desta forma, avalia que pode diminuir as resistências à proposta, evitando que vários setores eventualmente contrariados se juntem para atacar qualquer possibilidade de mudança em suas áreas.

MEIO DESLIGADA
Hebe Camargo perguntou a Dilma Rousseff, na entrevista que vai ao ar em seu novo programa, no dia 15, se a presidente é vaidosa. "Até que sou", disse Dilma. Mas um pouco destraída. Por exemplo, muitas vezes ela coloca o brinco numa orelha -e se esquece de colocar na outra. Hebe caiu na risada.

MAIS FORTE
As duas conversaram também sobre a luta contra o câncer -ambas passaram por tratamento entre 2009 e 2010. Concordaram que, depois que ficaram carecas pela quimioterapia, o cabelo voltou a crescer bem mais forte.

PAI DE SANTOS

Antes de o Palmeiras optar por ficar no Clube dos 13, negociando seus direitos de TV, o presidente do clube, Arnaldo Tirone, disse que iria "aguardar o que o Santos vai fazer". Queria se certificar de que o racha iria adiante ou se era só um rompante do corintiano Andres Sanchez.

DÍVIDA PAGA

O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), esclarece que a dívida de IPTU de sua mãe, Karolina Zofia Lewandowska, com a Prefeitura de São Bernardo era irrisória -cerca de R$ 100. E ocorreu por motivos alheios à vontade dela: Karolina emprestava uma pequena casa a uma senhora que, há anos, se esqueceu de pagar a conta num determinado mês.

CURTO-CIRCUITO

O filme "Lope" tem pré-estreia, hoje, às 21h, no Cinemark Iguatemi. 14 anos.

A francesa Maeva Gatineu é a nova produtora-executiva internacional da Movie & Art.

Adriane Galisteu e Deborah Bloch estarão no camarote Devassa da Sapucaí.

A peça "Quanto Tempo da Vida Eu Levo para Ser Feliz" estreia na sexta, no CCBB do Rio. Classificação: 14 anos.

OLHA A XÊPA

O arquiteto Mauricio Arruda começou a desenhar móveis porque "era difícil achar peças brasileiras contemporâneas para os meus projetos." Entre seus trabalhos premiados está a linha José, com peças de madeira e caixas de plástico, inspiradas nas feiras livres. Recentemente, ele deu um workshop na Suécia, na fábrica da rede Ikea de lojas de decoração.

UMBILICAL
Em meio à polêmica do Clube dos 13, Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo, faz pouco da sondagem do Corinthians a Kaká. "Ele nasceu na área social do São Paulo. Começou a jogar lá logo depois de mamar. Tem um amor, uma coisa absurda pelo clube." O mandatário tricolor afirma também que o meia "não vai voltar ainda" porque tem "um contrato poderoso" com o clube espanhol Real Madrid.

SPA DEBUTANTE

A editora Planeta, que relançará parte da obra de Mario Prata, vai colocar no mercado, em março, uma nova versão de "Diário de um Magro", com novo subtítulo - "15 Dias num Spa" virou "15 Anos no Spa", referência ao tempo entre as duas edições.

O livro terá desenhos e esboços inéditos do cartunista Paulo Caruso.

CHUVA DE ARROZ

A apresentadora Luisa Mell marcou a data de seu casamento com o empresário Gilberto Zaborowsky. Será no dia 19 de novembro, na Casa Fasano.

À BEIRA-MAR
O artista Carlos Vergara, os empresários Rodolfo Medina, do Rock in Rio, Eloysa Simão, do Fashion Business, e Luiz Calainho escolheram os candidatos ao Prêmio Atitude Carioca, no hotel Fasano do Rio.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY