quarta-feira, julho 01, 2009

UM BOM LUGAR

MORRE VELHO SAFADO!

ESSES SÃO OS VOTOS DO BLOG

EXCREMENTO


ELIO GASPARI

De JohnKennedy@com para Obama@gov


Folha de S. Paulo - 01/07/2009



Reinstale o Zelaya, senão você, como eu, vai ressuscitar a praga do golpismo latino-americano


BARACK,
Não repita meus erros. Rompa com os golpistas de Honduras. Se eles não devolverem a Presidência a Manuel Zelaya, chame de volta nossos 550 militares que servem na base de Soto Cano, suspenda todos os programas de ajuda. Mostre a esse palhaço do Hugo Chávez que os Estados Unidos são os verdadeiros defensores da democracia na América Latina. Só depois de ter chegado aqui é que percebi que fui eu quem disparou o ciclo de golpes latino-americanos dos anos 60 e 70. Acho que foram uns 20. Acabamos invadindo a República Dominicana e quase desembarcamos no Brasil.
Se você quiser saber o dia em que acendemos o pavio, confira: 30 de julho de 1962. Tinham acabado de instalar o sistema de gravação de minhas conversas no Salão Oval e tive uma reunião de meia hora com o Lincoln Gordon, que era embaixador no Rio. Nela, combinamos que a carta do golpe militar entraria no baralho das nossas alternativas para o Brasil.
Eu acabara de amarelar numa crise com os militares peruanos. Duas semanas antes, eles haviam deposto o presidente Manuel Prado, um aristocrata admirável, e cancelado as eleições que escolheriam seu sucessor. Minha reação foi imediata. Rompi relações com os generais, chamei o embaixador a Washington. Fiquei isolado. A Europa se fez de boba, e a OEA rachou. Mandei sinais de paz aos generais e eles marcaram uma eleição para junho de 1963. Acertei? Coisa nenhuma, cinco anos depois, o novo presidente foi derrubado por um general esquerdista. Tiraram-no do palácio vestindo pijama e mandaram-no para o exílio. Um dos argumentos a favor do reconhecimento da junta peruana foi o de que desencorajaríamos os militares brasileiros. Eu achava que o golpe no Brasil poderia vir em três meses.
Numa época em que víamos no Fidel Castro El Gran Satan, incentivamos e toleramos esses generais. Os latino-americanos que acreditaram no compromisso dos Estados Unidos com a democracia foram iludidos.
Faça o que eu não fiz. Mostre que só há um caminho para os golpistas de Honduras: reinstalar Zelaya no palácio. Se você não fizer isso, prepare-se para lidar com o próximo golpe e o próximo general, cada um pior que o outro.
No dia 3 de outubro de 1963, exatamente em Honduras, um coronel (Oswaldo López Arellano, consumado ladravaz) derrubou o presidente Villeda Morales e eu resolvi tentar de novo. Suspendi as relações diplomáticas e cortei a ajuda. O coronel nem se abalou. Previu que em seis meses nós mudaríamos de ideia. Estava certo. Até hoje meu sucessor leva a má fama de ter reconhecido o governo do coronel. É uma injustiça, pois eu tinha planejado fazer isso logo que retornasse da minha viagem a Dallas.
Toda vez que vejo um garoto com uma camiseta do Che Guevara, me dou conta de que o sonho democrático da América Latina foi jogado fora durante o meu governo. Veja o paradoxo: como eles acreditaram numa coisa que não era verdadeira, colocaram fé em algo verdadeiramente falso, o romantismo do Che. Por aqui, só quem o acompanha é o Mao Tsé-tung que, como ele, tem horror a banho. O Ho Chi Minh vira a cara quando o vê e o Stálin diz que ele devia ter feito cinema.
Despeço-me com uma indiscrição: minha mulher calça 40 e adora a Michelle porque ela também tem pés grandes (41).
Com a torcida e o respeito do
John Kennedy

BRASÍLIA - DF

Acordo à mineira

LUIZ AZEDO
Correio Braziliense - 01/07/2009


O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), reiterou ontem que é candidato à Presidência da República, mas não a qualquer preço. “Eu digo que a candidatura presidencial não é um ato unilateral de vontade. A disposição, ela existe, mas é uma construção que pode ocorrer — vamos trabalhar pra que ocorra — e pode eventualmente não ocorrer. O mundo não acaba por causa disso”, disse.

***
Aécio fica no governo de Minas até 30 de março de 2010 e depois passa o cargo para o vice Antônio Anastasia, que deve concorrer à reeleição pelo PSDB. “Jamais uma candidatura pode ser uma imposição de qualquer parte, seja da minha ou seja de quem quer que seja, pois ela se transformará, mesmo que vitoriosa num primeiro momento, apenas numa candidatura e muito dificilmente se transformará numa vitória eleitoral”, advertiu.

***
O governador mineiro avalia que as prévias do PSDB são instrumentos de mobilização e de unidade partidária: “Todos nós teremos compromissos com o seu resultado final, qualquer que seja ele”. Ou seja, Aécio e Serra estão acertados, mas ninguém sabe em que termos. Nem eles.

Boleiros


Estudo preparado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) estima em
R$ 280 bilhões o investimento mínimo para preparar o Brasil para receber a Copa do Mundo de 2014.

Folha seca

Os projetos da Copa-2014 vão do trem de alta velocidade São Paulo-Rio de Janeiro até a construção de dois aeroportos. É ou não é o país do futebol?

Cana dura


O delegado federal Mauro Spósito (foto) pediu aposentadoria, depois de mais de 30 anos atuando no combate ao narcotráfico. Ele era o coordenador-geral de Operações Especiais de Fronteiras e responsável pela instalação do centro de inteligência da PF em Tabatinga (AM), um dos maiores do país, usado também pelas forças policiais dos países vizinhos.


Degola

Sob fritura no comando da Receita Federal, Lina Vieira partiu para a França no fim de semana em missão oficial na Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em Paris, terra da guilhotina, foi informada da fritura promovida no Palácio do Planalto para substituí-la no cargo.

Queridinho

O senador Gim Argello(PTB-DF) é pato novo no Senado, mas mergulha fundo. Entrou na disputa pelo cargo de ministro das Relações Institucionais, no lugar de José Múcio Monteiro (PTB-PE). Conta que tem o apoio da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).

Galera

Oitenta pessoas, entre parlamentares e assessores, participaram da reunião do colégio de líderes da Câmara, ontem, na Presidência da Câmara. O líder do PSDB, José Aníbal(SP), não gostou de tanto democratismo e sugeriu transferir a discussão para o plenário da Câmara.

Isolado

Irritado com o engavetamento da reforma tributária, o líder do PR e relator da proposta, Sandro Mabel (PR-GO), fez um pedido inusitado, ontem, ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP): levar a matéria ao plenário para retirá-la da pauta após alguns discursos. Temer não o levou a sério.

Curto-circuito


“O governo está dando o silêncio como resposta; depois, não vai reclamar do silêncio do plenário”, desabafou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (foto). O deputado potiguar culpa o Ministério da Fazenda pela não liberação das verbas das emendas parlamentares.


Aparências

Primeiro na linha sucessória no Senado, caso o presidente José Sarney (PMDB-AP) se afaste do cargo, o senador Marconi Perillo (PSDB-GO) pediu à bancada tucana que abaixasse o tom contra o cacique maranhense. Perillo cumpre o roteiro de não deixar transparecer qualquer vontade de assumir o comando do Congresso. Quem pendurou o guizo no pescoço de Sarney foi o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Cautela

Senadores do PMDB aconselham o líder Renan Calheiros (AL) a não insistir em indicar um correligionário à presidência do Conselho de Ética, apesar de o regimento interno do colegiado garantir o posto para a maior bancada da Casa. A tentativa de blindagem ao presidente José Sarney (PMDB-AP) pode desencadear uma nova frente de desgaste para o Senado.

Racha

O Movimento PT, tendência do ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (SP), não fechou com a candidatura do presidente da BR Distribuidora, Eduardo Dutra, ao comando nacional do PT. Ameaça lançar a candidatura do deputado Geraldo Magela (PT-DF).

CELSO MING

Bondades no atacado


O Estado de S. Paulo - 01/07/2009

O governo Lula está vendendo o novo pacote de bondades anunciado segunda-feira como mais uma rodada de sua política anticíclica destinada a compensar ou a reduzir os estragos produzidos pela crise. Mas ele é apenas marginalmente isso.


Trata-se de uma tacada eleitoral que vai custar cerca de R$ 10 bilhões em renúncias tributárias e outras consequências.

Indica, em primeiro lugar, que o governo está desistindo da função eleitoral de duas outras bandeiras anteriormente hasteadas que a crise se encarregou de arriar. São elas o PAC e o pré-sal, que no ano passado estavam sendo preparados para o desfile de campanha. Assim, a pré-candidata Dilma Rousseff já não precisará mais ser apresentada como mãe do PAC. Nem precisa identificar-se com o Brasil do pré-sal, projeto ainda mais atrasado do que as obras do PAC, porque o governo vai adiando a aprovação das novas regras.

Indica, em segundo lugar, que o governo sentiu que precisou reforçar a reaceleração do setor produtivo porque teme alguma recaída na crise justamente às vésperas do processo eleitoral e não quer deixar janelas expostas a pedradas da oposição.

O conteúdo propriamente dito do pacote é questionável, por três principais razões.

Primeira, porque se baseia em subsídios, ou seja, na concessão de favores temporários e não na redução do custo Brasil. Subsídio é o tipo do combustível que em geral não garante sustentabilidade da empreitada. O que acontecerá com o mercado de veículos e de aparelhos domésticos quando acabarem as isenções ou a redução de IPI?

Além disso, a distribuição de subsídios tira argumento do presidente Lula quando ataca os países ricos por práticas desleais semelhantes de competição e de comércio.

Segunda, parte substancial do pacote elegeu o beneficiário errado. A indústria automobilística, por exemplo, comemora pelos jornais seu "melhor ano da história". Enquanto isso, o resto da indústria continua amargando feroz retração da produção. Ontem, o diretor da Fiesp Paulo Francini avisou que toda a indústria paulista vai afundar em queda da produção de 7,5% neste ano. Dá para imaginar o que vai acontecer no resto da indústria, numa paisagem em que as montadoras, o xodó da república sindicalista, vão batendo recordes. E fica a pergunta: se o setor está tinindo, por que presenteá-lo com mais redução de impostos?

Terceira, já há mais do que indícios de que o orçamento público começa a queimar óleo. O resultado das contas públicas de maio foi decepcionante. Apesar dos desmentidos do
ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o superávit primário, o instrumento pelo qual o governo vinha controlando a dívida pública, corre o risco de esvair-se. E a dívida pública voltou a empinar. Em 2008 havia caído a 36% do PIB, deve fechar este ano acima dos 40%, como apontam as últimas projeções do Banco Central.

Uma observação final: não há nada de errado em dar uma demão de tinta eleitoral a políticas econômicas. O povo tem de eleger seus dirigentes pelas opções que fazem e pelo que conseguem realizar em seu benefício. O perigo está em que elas decaiam para o populismo e para alguma forma de vale-tudo.

Entenda

Deu o esperado - A decisão de repetir em 2011 a meta de inflação de 2009 e 2010 (4,5%) já havia sido cantada pelo governo. Como os juros mostram resultado só em prazos de seis a nove meses, é a partir de meados de 2010 que o Banco Central terá de buscar o resultado de 2011.

A opção do governo foi reduzir a probabilidade de que o Banco Central tenha de puxar uma alta dos juros num ano eleitoral.

Explica-se: se a meta ficasse mais apertada, em caso de alta de inflação (é o que se teme globalmente), o Banco Central teria de apertar a política de juros.

GOSTOSA


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CLÓVIS ROSSI

A outra caixa-preta


Folha de S. Paulo - 01/07/2009

Não é apenas a caixa-preta do Airbus da Air France que está perdida. Há bem mais tempo ninguém consegue achar a caixa-preta do sistema financeiro, espalhada pelos Estados Unidos, pela Europa e sabe-se lá por onde mais. Até que acharam pedaços aqui e ali, mas o gerente-geral do BIS (o Banco de Compensações Internacionais, o conglomerado que reúne os 55 bancos centrais mais relevantes do mundo) acaba de confessar que não tem ideia de quando estará consertado o sistema financeiro.
Jaime Caruana, o gerente-geral, afirma que é um trabalho complexo descobrir quanto cada banco perdeu e onde estão todos os chamados ativos tóxicos que entupiram o sistema.
Posso até aceitar que seja um trabalho difícil, mas já passou tempo demais. Se cravarmos fevereiro/ março de 2007 como o início da crise, então chamada modestamente de crise das hipotecas subprime, já se foram dois anos e pico. Se formos condescendentes com a banca e marcarmos 15 de setembro de 2008 (quebra do Lehman Brothers) como o início da crise, ainda assim são nove meses e meio.
Tempo mais que suficiente para parir um filho, mas não para expor a caixa-preta dos bancos? Em plena era da tecnologia da informação? Ao que se saiba não há nenhum computador de banco no fundo do oceano Atlântico.
Detalhe adicional: Caruana diz, como é óbvio, que o conserto dos bancos é pré-condição para que o resto da economia fique de novo de pé de maneira sustentada.
Parêntesis: é bom deixar claro que os bancos brasileiros não parecem ter caixa-preta.
Mas, nos demais casos, enquanto o segredo não é desvendado, o sangue continua vazando: no Reino Unido, a economia teve no primeiro trimestre a maior queda em 50 anos; o Japão registra o maior índice de desemprego dos últimos 46 anos. E a caixa-preta?

FERNANDO CALAZANS

Ainda há tempo

O GLOBO - 01/07/09

Se eu fosse da comissão técnica ou da diretoria de Botafogo e Vasco, estaria mais preocupado do que parecem estar os componentes de um grupo e de outro nos dois clubes. Não que a situação seja desesperadora.
Não é. Ainda não é. Há tempo de sobra para o Botafogo sair da zona de rebaixamento da Série A e para o Vasco entrar na zona dos quatro clubes que subirão para a Primeirona.
No mesmo dia, no mesmo sábado, o último sábado, os dois entraram em campo, cada um em sua competição. Na Série B, o Vasco empatou de 1 a 1 com o fraco time do Figueirense. Foi o quinto jogo sem vitória na Segunda Divisão. Quinto jogo em branco.
Na Série A, em seu bonito estádio do Engenhão, diante de sua torcida, o Botafogo levou uma sova de 4 a 1 do modesto Goiás. Depois disso, chegou à lanterninha do campeonato.
Quer dizer: do jeito que estão no momento, como já lembrei ontem, não só o Vasco prosseguiria na Segunda Divisão como ainda teria a companhia do Botafogo no ano que vem. E os dois, irmanados, fariam o grande clássico da Segunda Divisão do futebol brasileiro.
Mas, se uma campanha e outra não são motivo de preocupação, não está mais aqui quem falou.
Como já escrevi também, há tempo para mudar essa situação. O problema é saber se há time. Isso é que preocupa pelo menos a mim. Os dois são fraquíssimos, são incapazes.

Nesse quesito, o Botafogo parece um pouco mais consciente. Ney Franco não tem culpa, é claro, o Botafogo faz bem em mantê-lo, mas ele precisa ser um pouco mais exigente na escolha de jogadores para seu elenco. Na época do Flamengo, Ney buscava reforços no Ipatinga, lembram-se? Não eram reforços para o Flamengo.
Os que escolheu ou ajudou a escolher no Botafogo tampouco são reforços para o Botafogo. É preciso ser mais exigente e, se o Botafogo não for mais exigente, continuará correndo risco de ser rebaixado.
O Vasco, não consigo entender por quê, respira um ar mais otimista em São Januário, parece que vai tudo bem. Seu técnico Dorival Júnior, assim como Ney Franco, não tem culpa, mas surpreende ao afirmar agora, com convicção, que a volta das vitórias é questão de tempo.

Em que ele se basearia para fazer afirmação de tal ousadia? O time é tão fraco quanto o Botafogo — ou mais. Seu incompreensível otimismo — e de outros vascaínos no clube — parece se relacionar com os nomes de Carlos Alberto e Léo Lima, o que dá impressão de brincadeira.
Não é possível que profissionais do futebol acreditem nisso.
Ainda há tempo, sim. Mas a primeira providência, que já se faz urgente, é tomar consciência de que, com esses times, Botafogo e Vasco podem sair dessa situação — ou não podem.
O ano será de incertezas, de sofrimento em sofrimento até o fim. E sem saber como acabará o filme.

Assim como no caso de Vasco e Botafogo, tudo pode acontecer no futebol mundial, nivelado como está.
O Brasil pode ser campeão do mundo no ano que vem? Pode, claro. E a Espanha pode ser eliminada pelos EUA, por exemplo? Claro que pode. A Itália pode ser eliminada na primeira fase da competição? Pode.
Mas, por outro lado, pode ser campeã do mundo também, não pode? Pode, quem vai dizer que a Itália não pode ser campeã mundial?
E o Brasil, que pode ser campeão do mundo, não pode ser eliminado, digamos, num jogo com a África do Sul? Pode.
A Copa das Confederações, entre outras competições mais recentes, mostrou que tudo pode acontecer — e tem acontecido. Por favor, não me venham falar em grandes seleções.

GOSTOSAS


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PAINEL DA FOLHA

Medidas extremas

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 01/07/09

Com José Sarney (PMDB-AP) em agonia, seus principais operadores, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Gim Argello (PTB-DF), apostavam ontem na divisão interna e nas fragilidades do PSDB na tentativa de garantir alguma sobrevida ao presidente do Senado.
A divisão ficou evidente em plenário, com o bate-boca entre Sérgio Guerra (PE) e Marconi Perillo (GO), mas já se mostrava no desconforto com a situação do líder, Arthur Virgílio (AM), que por questões pessoais só sossegará quando defenestrar Sarney, enquanto muitos na bancada acham mais importante investir na CPI da Petrobras. Em dado momento, Renan e Gim acenaram com a instalação imediata da comissão em troca de um prazo para o presidente.

Na mira - Em privado, os tucanos não escondem o temor diante da possível ascensão de Perillo, hoje vice-presidente, ao comando do Senado. Receiam dossiês sobre seus dois mandatos no governo de Goiás. Renan Calheiros colecionou material durante seu processo de cassação.

02 - Perillo pediu para sair do Conselho de Ética. Sente-se impedido de votar o pedido de afastamento de Sarney.

Os russos - Enquanto Gim e Renan negociavam o início da CPI da Petrobras em troca de algum refresco para Sarney, Aloizio Mercadante (PT-SP) dizia que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Quarentena - Descoberto um caso de gripe H1N1 na Câmara, virou piada no Senado dizer que José Sarney arranjou um bom pretexto para antecipar o recesso.

Pedágio - O presidente da Confederação Nacional dos Transportes, Clésio Andrade, tem telefonado a senadores de vários partidos pedindo que retirem assinaturas do requerimento da CPI do Dnit.

Vida real - Pesquisa realizada pelo DataSenado em 81 municípios do país perguntou se os entrevistados conheciam alguém que já tivesse sido beneficiado por alguma lei. 93% responderam ‘sim’ com relação ao seguro-desemprego; 46% disseram o mesmo a respeito do Código de Defesa do Consumidor.

Duda & Skaf - Duda Mendonça, marqueteiro de Lula na eleição de 2002 que caiu em desgraça no mensalão, foi contratado por Paulo Skaf para cuidar da imagem da Fiesp.

O que você acha? - Uma das últimas consultas feitas por Lula antes de indicar o novo procurador-geral da República foi a Sepúlveda Pertence. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, hoje à frente do Conselho de Ética Pública da Presidência, elogiou os três nomes da lista, mas deixou clara sua preferência por Wagner Gonçalves.

Então tá - Gonçalves, argumentou Pertence, seria o mais independente em relação aos Poderes e o que mais defenderia as prerrogativas dos procuradores. Lula agradeceu a opinião. E disse que escolheria Roberto Gurgel.

Andar de cima - O Conselho Nacional de Justiça avisou a TJs, TRFs e TRTs que passará a realizar suas correições também em gabinetes de desembargadores. O CNJ considera que, em muitos casos, estão aí os gargalos de morosidade dos tribunais.

Barrados - Entre os quatro deputados que tiveram emendas à medida provisória 464 vetadas pelo presidente da Câmara porque totalmente alheias ao assunto da MP, dois pertencem à ‘elite’ da Casa: Odair Cunha (PT-MG) é membro da Mesa Diretora, e Hugo Leal (RJ), líder do PSC.

Enviado especial - O governo da Líbia destacou funcionário do Ministério das Comunicações para observar a entrevista de Lula às agências Efe e Reuters, ontem em Trípoli. O ‘infiltrado’, porém, acabou ficando fora da sala.

Tiroteio

Em vez de pedir socorro ao Agaciel, Arthur Virgílio poderia ter feito um empréstimo consignado com o Zogbhi ou mesmo com o neto do Sarney.
Do deputado DOMINGOS DUTRA (PT-MA), sobre o dinheiro enviado pelo então diretor-geral do Senado para que o tucano pagasse uma conta de hotel em Paris.

Contraponto

Inteiramente grátis

A comissão de representação do Brasil no Parlamento do Mercosul reuniu-se na semana passada para discutir a doação de três aviões T-27 Tucano ao Paraguai. O relator, Geraldo Mesquita (PMDB-AC), defendia a proposta.
- Ela tem especial importância diante da necessidade de combater atividades ilícitas- justificou o senador.
A senadora Marisa Serrano (PSDB-GO) também defendeu a ideia, o que levou o deputado Doutor Rosinha (PT-PR) a fazer um aparte para provocar a oposição:
- Acho ótimo a gente doar tucanos ao Paraguai. Podíamos aproveitar e mandar a bordo uns ‘demos’ também!

A ARROGÂNCIA DE GABRIELLI

EDITORIAL

O Estado de S. Paulo - 01/07/2009

Surpreendeu pelo tom agressivo e até arrogante a entrevista que o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, concedeu aos repórteres Irany Tereza e Nicola Pamplona, publicada domingo pelo Estado. Não é de seu temperamento reagir publicamente com irritação. Na entrevista, porém, Gabrielli, além de afirmar que "nós estamos preparados para um vale-tudo" no caso de a CPI criada no Senado para apurar denúncias de irregularidades na Petrobrás vir a ser instalada e começar a cumprir o papel que lhe cabe - o que parece cada vez mais improvável dados o fogo cerrado do governo para esvaziá-la e as vacilações da oposição para fazê-la avançar -, disse não ter dúvidas de que está em operação um esquema na imprensa para a criação de "fatos artificiais" com o objetivo de atacar a direção da empresa.

Num ponto, de fato, a atuação da empresa vem sendo criticada praticamente desde sua criação. Ela nunca deixou claros os critérios que utiliza para fixar os seus preços. Por ser sistematicamente mantida longe do conhecimento público, a política de preços da Petrobrás transformou-se numa "caixa-preta". Essa crítica continua válida. Mas a "campanha da imprensa" contra a Petrobrás é produto fabricado pela imaginação de Gabrielli, ao que tudo indica, acionada pelo temor do que uma nova CPI poderia revelar.

Em seu modo de interpretar o trabalho da mídia, o presidente da Petrobrás entende que os principais veículos de comunicação do País - este jornal está entre os citados por ele - participam de uma espécie de ciranda, por meio da qual parlamentares da oposição alimentam a imprensa com denúncias e, depois, reproduzem as acusações no Congresso. Nos últimos meses, segundo ele, a imprensa vem sistematicamente publicando, no fim de semana, uma acusação bombástica contra a Petrobrás; na segunda-feira, publica a declaração de um parlamentar que reproduz a denúncia e pede que o assunto seja discutido numa CPI.

A verdade é que a Petrobrás, por sua história, suas realizações, seu corpo técnico, sua importância, sempre mereceu cobertura isenta dos veículos de comunicação do País que nunca lhe pouparam elogios que realmente mereça.

Seu peso na economia brasileira e nas finanças do governo fica nítido no relatório do Banco Central sobre as contas do setor público. Em razão da decisão do governo de retirar a Petrobrás do cálculo do superávit primário - para lhe dar mais liberdade de investir -, o resultado de maio ficou em R$ 1,12 bilhão, bem inferior ao valor esperado pelos analistas do mercado financeiro, de cerca de R$ 4,5 bilhões incluindo os resultados da empresa.

Nesta página, há cerca de um mês, se mostrou a grande diferença entre a gestão da estatal venezuelana PDVSA, à beira do colapso financeiro por causa de seu uso desabusado para o financiamento da política populista do presidente Hugo Chávez, e a da Petrobrás, que, desde sempre, tem conseguido rechaçar as tentativas de governos de colocá-la a serviço dos seus interesses políticos.

Há dias, houve problemas no seu relacionamento com a mídia, mas por sua própria culpa. A Petrobrás tentou entravar o trabalho da imprensa com a decisão - felizmente revista - de divulgar em seu blog a correspondência eletrônica trocada com jornalistas que buscavam informações, antes de sua publicação pelo veículo interessado. Além disso, se "campanha" contra ela houver, tem todas as condições de enfrentá-la, pois dispõe em seu quadro de pessoal de grande número de jornalistas.

Gabrielli disse na entrevista que a Petrobrás está pronta para responder a todas as questões levantadas no requerimento para a constituição da CPI, entre as quais possíveis irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nos contratos de construção de plataformas, indícios (também apontados pelo TCU) de superfaturamento na construção da Refinaria Abreu Lima e denúncias de emprego de artifícios contábeis que resultaram na redução de R$ 4,3 bilhões no recolhimento de tributos.

Mas não são dúvidas deste tipo que estão intrigando a opinião pública, mas sim aquilo que permite perguntar se o zelo da administração Gabrielli em relação aos interesses políticos do governo não é o mesmo de administrações anteriores.

BONS CUMPANHERO


AROEIRA

ANCELMO GÓIS

LÁ É MAIS SEGURO

O GLOBO - 01/07/09

Mangabeira Unger deixou o governo por não conseguir prorrogar sua licença como professor de Harvard. A universidade dos EUA também recusou, no passado, um pedido igual de Lawrence Summers, que foi secretário de Tesouro de Clinton.
Summers pediu demissão na esperança de, após deixar o governo, ser recontratado por Harvard. Unger não quis arriscar.
ALIÁS...
Summers voltou à Harvard e ainda virou seu presidente.
Só que renunciaria ao posto em 2006, depois de dizer, numa reunião, que a fraca presença de mulheres nas ciências poderia derivar, quem sabe?, de uma falta de “aptidão intrínseca” do gênero. Mas aí é outra história.
FAZ SENTIDO
A Secretaria de Assistência Médica do Senado enviou mensagem aos funcionários, convidando para uma sessão de meditação e relaxamento amanhã em seu auditório.
LOTAÇÃO ESGOTADA
Roberto Carlos deve fazer um show extra no Maracanã, dia 12 de julho, um domingo. É que os 60 mil ingressos para o dia 11 esgotaram.
NO MAIS
Certas atitudes marcam uma biografia. Ontem, a senadora Ideli Salvatti, outrora combativa oposicionista do PT, foi à tribuna defender, a mando do Planalto, a permanência de Sarney na presidência do Senado.
Como Lula ensinou há tempos num comício com Jader Barbalho, foi uma “aula de pós-graduação em sociologia”. Ah, tá.
TWITTER “FICA SARNEY”
Criaram no Twitter, a rede dos miniblogs onde todo mundo agora está, um movimento “Fica, Sarney”.
Mas é piada. Ontem, o gaiato postou: “Vamos organizar a passeata Fica Sarney! Cervejada grátis. Põe na conta do Senado!”
A CONTA DA FESTA
O Ano da França no Brasil está custando aos contribuintes franceses uns 15 milhões.
A dinheirama chega aqui por meio do Culturesfrance, entidade financiada pelo governo francês e por um comitê de 18 empresas, boa parte delas com negócios no Brasil ou de olho em contratos.
ALIÁS...
Duas dessas empresas têm especial interesse aqui na área de defesa: DCNS (de sistemas navais) e Dassault (fabricante dos aviões Mirage).
O estaleiro DCNS, por exemplo, já fechou um contrato para a construção de quatro submarinos. Já a Dassault está de olho na renovação da frota da FAB.
QUEM TEM... TEM
Por causa da gripe suína, João Barone, o baterista dos Paralamas do Sucesso, cancelou viagem de oito dias que faria com a família a Ushuaia, na Argentina.
JUÍZES SEM FRONTEIRAS
Veja como o território livre da internet democratizou as relações também institucionais. Circulou ontem na rede internacional de juízes informes de magistrados do país sobre a situação de Honduras. “Aqui seguimos na resistência, estamos fazendo um chamado em nível nacional e ao exterior e solicitando que se façam ações em nível internacional para rechaçar este golpe de Estado ao presidente hondurenho”, afirma o comunicado.
JOGANDO EM CASA
Lula, que é corintiano roxo, nesta viagem para a Líbia vai passar dois dias se sentindo em casa. Pela sua agenda, o presidente se hospedaria ontem às 21 horas no Hotel Corínthia, em Trípoli.

TOSTÃO

Dois gols na frente não é tudo

JORNAL DO BRASIL- 01/07/09

A melhor maneira de uma equipe tirar uma desvantagem de dois gols é arriscar, marcar por pressão, fazer um blitz, desde o início, sem afobação. Se Inter e Grêmio fizerem um gol primeiro, vão incendiar seus torcedores, jogadores e podem ainda desestabilizar Corinthians e Cruzeiro.

Inter e Grêmio correrão também grandes riscos de levar um gol primeiro, no contra-ataque. Aí, terminam suas esperanças. O mais comum nesse tipo de confronto é a equipe que tem a vantagem se classificar ou ser campeã e ainda vencer a partida.

Com Ramires, o Cruzeiro vai ficar muito mais forte no contra-ataque. O Corinthians possui também dois jogadores rápidos, Dentinho e Jorge Henrique, capazes de marcar e de chegar ao ataque. Além disso, o “gordinho” Ronaldo ainda costuma chegar primeiro que o zagueiro, como no segundo gol contra o Inter, no Pacaembu.

Para evitar a pressão, Corinthians e Cruzeiro não podem recuar tanto nem perder demais a posse de bola.

O Brasil tinha também a desvantagem de dois gols e venceu os EUA. Além da enorme superioridade técnica, que não é o caso dos dois jogos no Brasil, os americanos, ao colocar oito jogadores, no segundo tempo, quase dentro da área, facilitaram a virada. Contra a Espanha, fizeram o mesmo. Como ganharam, por acaso, o técnico foi elogiado e repetiu o erro.

Dunga também errou, e acabou acertando, contra a África do Sul, quando colocou Daniel Alves, todo torto pela esquerda, no lugar de André Santos. Para bater faltas, como era a intenção de Dunga, ele poderia entrar em outra posição, como na de Ramires, que atuava mal. Foi Ramires que sofreu a falta que resultou em gol. É a lógica do futebol. O errado é que está certo.

Dunga acertou muito mais que errou. Além de ter Kaká, excelentes jogadores em quase todas as posições, um excepcional contra-ataque e eficientes jogadas aéreas, o Brasil mostrou, no segundo tempo com os EUA, e em outros momentos da competição, que é capaz de trocar passes e de envolver o adversário. Quando foi preciso, Gilberto Silva e Felipe Melo, mesmo com pouco talento, chegaram mais à frente.

Ao voltar da África do Sul, Gilberto Silva, uma pessoa especial, disse, sem nenhuma ironia, que aprendeu com as críticas.

Há coisas para melhorar. Falta um grande jogador no meio de campo e na lateral-esquerda. Isso não depende de Dunga. Esses jogadores não existem. Não há também um único reserva à altura de Kaká, Robinho e Luís Fabiano.

Mesmo cometendo vários erros individuais, Robinho é imprescindível. Com sua movimentação, ele confunde toda a defesa e facilita bastante para os companheiros. Ainda bem que Dunga não foi na onda de barrá-lo.

Depois de ser muito criticado, Dunga passou a ser exaltado. Parreira foi também muito elogiado após a Copa das Confederações de 2005. Se o Brasil voltar a jogar mal, vão dizer novamente que Dunga não tem condições de dirigir a seleção. De ótimo, os técnicos passam rapidamente a péssimos, como se ganhassem e perdessem as partidas e como se pudessem melhorar ou piorar tanto em pouco tempo.

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DORA KRAMER

Pior é impossível

O ESTADO DE SÃO PAULO - 01/07/09

Se o senador José Sarney não resistir à gradativa perda de apoio no Senado, será o quarto presidente da Casa a sair de cena por conduta imprópria no período de oito anos. Se resistir, ainda assim continua integrando a estatística na condição de quarto presidente do Senado a ter sua conduta questionada publicamente em oito anos. Na média, o Senado produz um escândalo a cada dois anos com o presidente no papel de protagonista.
Não houvesse outro motivo, só os números já indicariam a necessidade de uma revisão urgente de procedimentos no Parlamento, mas também no Poder Executivo. Se a promíscua lógica de compra e venda que preside a relação do Congresso com os governantes não mudar, não adiantam cassações, renúncias, sindicâncias, demissões, reformas administrativas, porque a dinâmica do funcionamento será a mesma: o Legislativo ajoelhado diante do Executivo e ambos de costas para a sociedade.
Enquanto não se restabelecer a relação correta de hierarquia no sistema representativo, as maiorias parlamentares continuarão a considerar mais importante obedecer ao governo que lhes assegura benesses que se submeter aos ditames dos eleitores que lhes proporcionam o mandato.
Quem se lixa para a opinião pública é também quem não vê mal em ignorar as leis do País, normas éticas óbvias, regras de convivência adotadas em qualquer ambiente, para adotar um código próprio de comportamento, cujo principal parâmetro é o conforto de seus signatários.
Os desmandos, sejam eles os da Câmara ou do Senado, só acontecem porque todos, com raríssimas exceções, se consideram pessoas incomuns - naquele sentido consagrado recentemente pelo presidente Luiz Inácio da Silva - com direito a assento em classe especial. Não incorporam o conceito dos deveres impostos pela representação.
Isso fica claríssimo nas repetidas invocações ao passado do senador José Sarney e aos serviços já prestados por ele à nação. Manifestações que invertem a escala dos valores. É justamente o conjunto da obra extensa o que obriga Sarney a saber que não pode praticar nepotismo, que o neto com negócios no Senado significa tráfico de influência sim, que não pode usar funcionários do Senado para tomar conta de suas propriedades no Maranhão, enfim, quem pode o mais, pode o menos.
Quem não adota princípios básicos de correção, muito menos respeita regras mais elaboradas. Isso vale para José Sarney ou qualquer outro integrante dos Poderes da República. Deputado, senador, magistrado, ministro, presidente da República.
A compreensão e a mudança dessa realidade, no entanto, é processo que leva tempo. As crises de conduta se repetem, ora mordem os calcanhares do Legislativo, ora do Executivo, mais raramente do Judiciário.
A anterior não tem o efeito didático necessário para evitar a crise seguinte. Simplesmente porque ninguém se mexe de verdade para dar combate às causas, o que leva à suspeita de que a situação de alguma forma seja cômoda, causando desconforto apenas quando estouram as denúncias.
Nessa hora, a preocupação é com a administração dos efeitos do escândalo. Quando os ânimos de acalmam, tudo passa e fica esquecido até que a nova onda volte fortalecida pelo peso do entulho acumulado.
O exemplo mais evidente é a eleição de José Sarney para presidente do Senado sob a inspiração de um ex-presidente que havia sido há dois anos a causa de outra crise. Só uma instituição completamente alheia às consequências de seus atos pode encarar com a naturalidade que o Senado encarou o fato de Renan Calheiros patrocinar a eleição de Sarney com o explícito objetivo de retomar o poder perdido.
Quando aceitou essa regra do jogo o Senado - inclusive os opositores de Sarney na disputa, porque não expuseram o principal motivo da inadequação da candidatura - assumiu um risco alto. Expôs à opinião pública sua completa indiferença à imagem que se faria de uma Casa que aceitava a influência de alguém que fora obrigado a deixar a presidência porque o Senado se envergonhava de sua figura. Mas não se importava, viu-se logo depois, em conviver com seu poder desde que exercido às escondidas.
Nas crises anteriores envolvendo presidentes, o Senado optou por resolver a conjuntura e manter intacta a estrutura. Desta vez, como as denúncias alcançaram exatamente a estrutura construída a poder dos mais variados vícios, apresenta-se a chance de se fazer a travessia.
Fica incompleta, se limitada ao Senado. Mas é preciso começar o serviço. O senador Arthur Virgílio deu o primeiro passo queimando suas caravelas da tribuna, mas não obteve respaldo. Seu partido, o PSDB, o DEM e os outros que pedem o afastamento de Sarney, adotaram a moderação típica de quem vê na saída conveniente lenitivo.
O PMDB se fecha na trincheira da defesa de um poder nessa altura inexistente, escorado no presidente da República, e o PT, tarefeiro do Planalto, discursa em prol da faxina e bate continência à sujeira.

CLÁUDIO HUMBERTO

“Não me preocupa, não me aflige e não me atemoriza”
GOVERNADOR AÉCIO NEVES (PSDB), SOBRE A EVOLUÇÃO DE DILMA ROUSSEFF EM PESQUISAS ELEITORAIS

SARNEY NÃO COGITA LICENÇA OU RENÚNCIA
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não cogitou até agora, em qualquer das conversas com seus aliados, as hipóteses de licença ou renúncia do cargo. Aparentando muita tranquilidade, ele está seguro de que o apoio que lhe resta no Senado é suficiente para enfrentar a crise sem maiores consequências. Ontem, enquanto alguns tucanos bradavam por sua renúncia, outros, em particular, prestavam-lhe
reverência.
MOEDA DE TROCA
Os tucanos Sérgio Guerra e Álvaro Dias, em reunião privada, indicaram a Sarney a porta de saída de sua crise: a instalação da CPI da Petrobras.
AMIGO DA ONÇA
Para Lula, “faça o que digo, não o que faço”: mandou o PT ficar ao lado de Sarney, mas se picou para longe, a Líbia do ditador Mamuar Kadafi.
EM NOME DO PAI
Recuperada de cirurgia, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, está em Brasília, ao lado do pai. Volta ao cargo na próxima
semana.
TUDO BEM
Passa bem o senador Pedro Simon (PMDB-RS) após uma cirurgia de emergência, em Brasília, para a retirada do apêndice.
PSDB QUER TIRAR ATÉ TUCANO DO PODER
O esquema montado pelos senadores tucanos Sérgio Guerra (PE) e Arthur Virgílio (AM) para botar o presidente da Casa, José Sarney (PMDB), para escanteio pressupunha a criação de uma comissão especial para analisar a crise que também deixaria o 1º vice-presidente da Casa, o tucano Marconi Perillo (GO), de fora da direção do Senado. Por isso Perillo defendeu a Mesa e disse ser capaz de “debelar a crise”.
BRIGA INTERNA
O 1º secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), também se mostrou indignado com a proposta do PSDB: “Só por cima do meu
cadáver”.
BEM ACOMPANHADO...
O ditador aposentado Fidel Castro, que nomeou seu irmão sucessor, sem eleição, reapareceu em artigo condenando o “golpe” em Honduras.
...NA DERROTA
Derrotadíssima na eleição de domingo, a presidente argentina Cristina Kirchner acompanhará o deposto Manuel Zelaya na volta a Honduras.
VOZES DO ATRASO
A CUT e sindicatos pelegos ligados ao PT listam hoje os supostos riscos, para os servidores, da exposição na internet dos gastos do governo do DF (controlado pelo DEM), incluindo salários. A ideia deles é que os contribuintes continuem pagando a dolorosa sem ver a discriminação.
PIAUIENSE “MARVADO”
Rum com Coca-Cola dá nisso: após um evento de arqueologia em São Raimundo Nonato, o governador petista do Piauí, Wellington Dias, falou dos conterrâneos para o vice Wilson Martins (PSB): “O que Sarney esperava de secretários do Senado como Heráclito Fortes e Mão Santa”?
APROVADO
Pesquisa realizada após o “escândalo” sobre suposta compra de votos de vereadores mostra que a aprovação do prefeito de Curitiba (PR), Beto Richa (PSDB), continua nas alturas: 85%.
A MESMA PRAÇA, O MESMO BANCO...
Depois de FHC “esqueçam o que eu disse” e Lula “eu não sabia”, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, vira o “não é bem isso”: negou na ONU querer um terceiro mandato, mudando a Constituição.
PRESTÍGIO INTOCÁVEL
Além do apoio da maioria dos colegas, contou pontos na escolha de Roberto Gurgel como procurador-geral da República o peso do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, amigo do peito do presidente Lula.
VOA, LULA, VOA
O Air Force 51 vai gastar ainda mais combustível. No fim do mês, Lula vai a Assunção para visitar Fernando “Papa Tudo” Lugo e reiterar que o tratado de Itaipu é inegociável. No dia 10, vai à reunião do G-8 na Itália.
ABUSO DE PODER
Um procurador da República no Rio de Janeiro, Edson Abdon Filho, investigou por três anos o laboratório Sanofi-Aventis sem ouvir seus dirigentes, segundo os advogados. E fez a Justiça bloquear R$ 100 milhões das contas do laboratório. O procurador seria alvo de denúncias de abuso de poder.
ENCANTO AMAZÔNICO
A Vara do Trabalho de Tefé (AM) só reabre nesta segunda (6), após funcionários serem presos por exploração sexual infantil. Com prisão preventiva decretada, o juiz Antônio Carlos Branquinho sumiu.
PENSANDO BEM...
no Senado não tem árvore genealógica, mas fisiológica.

PODER SEM PUDOR
OBRA FARAÔNICA
Em campanha para deputado estadual em São Paulo, Paulo Teixeira (PT) só conseguiu chegar à distante Tapiratiba após as 23 horas.
– Qual é a sua plataforma? – perguntou um eleitor, cansado de esperar.
– Fazer uma ponte entre Tapiratiba e o Palácio dos Bandeirantes – explicou, referindo-se à necessidade de aproximar o governo estadual do município.
O eleitor ficou indignado:
– Essa obra vai custar uma fortuna!

BONS CUMPANHERO

QUARTA NOS JORNAIS

- Globo: DEM, PSDB e PDT pedem saída e só PT salva Sarney


- Folha: ONU condena golpe em Honduras


- Estadão: Sarney perde aliados, mas PMDB e PT reafirmam apoio


- Correio: Guerra aberta na saúde


- Valor: Brasil estuda retaliação comercial à Argentina


- Jornal do Commercio: Livros no lixo