sábado, março 06, 2010

TUTTY VASQUES

Hola, que tal?


O ESTADO DE SÃO PAULO - 06/03/10



Se ficasse no ar até a Copa do Mundo - a novela tem final previsto para maio -, Viver a Vida acabaria com um coadjuvante no papel de protagonista. Seria o grand finale de Maradona, o argentino bom caráter que vem conquistando o Brasil e mais espaço no folhetim. 

E não seria de admirar se a audiência do horário nobre da Globo adotasse a Argentina como seu segundo time na África do Sul.

Maradona é um encanto! Homem gentil, desarmado, sem malícias, sonhador, terno, quase bobo de tão bom. Manoel Carlos reuniu nele todas as qualidades que o brasileiro médio - tipo que vê novela, sabe? - jamais apontaria num argentino. Poderia não dar certo na TV não fosse seu intérprete, Mario Jose Paz, tudo isso que muita gente diz que só existe em novela: um argentino gente boa pra caramba. Talvez vire série no ano que vem, com o mesmo título desta coluna! 
ALTO RISCO

A Fiel está preocupada: Ronaldo Fenômeno será juiz na "prova do anjo" deste sábado no Big Brother Brasil. Já pensou se ele se machuca?!
GOLPE BAIXO

Corre em Brasília o boato de que o lançamento da candidatura José Serra vai cair no 1.º de abril. Deve ter dedo do Ciro Gomes nisso, né não?!
Outra pessoa

Entreouvido num boteco vizinho do STF após decisão dos ministros contrária ao pedido de habeas corpus para José Roberto Arruda: "E o Gilmar Mendes, hein? Faz tempo que não solta ninguém importante, né não?"
Ah, bom!

Tem explicação a queda de rendimento do futebol de Adriano. O Imperador está com saudades da Itália! O que não quer dizer que ele não esteja feliz na favela. Ou não!
Faz sentido

Corre na internet a versão de que Soninha Francine posou quase nua só para protestar contra a tal "doação oculta" nas campanhas. Eu não acredito, embora a causa seja boa!
Azar o deles

A fitinha do Senhor do Bonfim, última moda em Paris, já é apontada na Bahia como grande responsável pela derrota vexatória da França para a Espanha em pleno Stade de France, onde o Brasil tomou de 3 a 0 dos donos da casa na final da Copa de 1998, lembra?
Renascimento

Quem achou que o futebol de Robinho tinha acabado quebrou a cara. Ele só não estava jogando nada no Manchester City, ao que tudo indica, porque não estava a fim!
Olha a boca!

Já ganhou apelido na Paraíba a proibição de xingar quem quer que seja nos estádios de futebol: "Lei Filha de Uma Égua"!

ANO CHINÊS


Para os chineses, 2009 foi o ano do BOI e
 este ano é o do TIGRE.
 Sortudos são eles que, a cada ano, trocam de
 animal.
 Nós estamos há 7 anos com o mesmo
 jumento...
 E corremos o perigo de trocar por uma
 égua...
ENVIADO POR APOLO

JAPA GOSTOSA

BRASIL S/A

Ardis do lulismo


ANTONIO MACHADO


CORREIO BRAZILIENSE - 06/03/10

Governo espera críticas de Serra para assombrar que, com ele, a estabilidade econômica corre risco

Nem que seja para tripudiar, o presidente Lula não abre mão de fazer a “confrontação programática e de realizações” entre o seu governo e o de Fernando Henrique, como voltou a cutucar na sexta-feira. É para o “povo poder escolher com muito mais sabedoria” o sucessor, alegou. Que nada. É para se exibir. Ele não é candidato.

Do alto de sua popularidade, acima de 70% segundo as pesquisas, o que ele mandar a sua candidata Dilma Rousseff vai acatar — e, ao fazê-lo, tornando a eleição plebiscitária, como Lula deseja, ela só vai poder apresentar-se em 2011, caso se eleja, e aí será tarde para o eleitor avaliar o voto. A artimanha de Lula pode funcionar.

A expectativa do lado governista é que a oposição tente empinar a sua candidatura criticando a execução da política econômica, além de tentar fugir de qualquer jeito do tema das privatizações, pouco importa que todas tenham sido mantidas por Lula. O que vale mais é a percepção de que elas estigmatizaram o governo FHC.

Se o adversário tucano de Dilma, provavelmente o governador José Serra, acusar o golpe, Lula marcará uma segunda cruz em sua agenda de campanha. Por preferência política, é difícil que Serra caia na armadilha. Se o fizer, será por pressão de seus apoiadores fora do mundo da política partidária, que é mais propensa ao pragmatismo.

Lula construiu um roteiro com três pontos cardeais para alavancar sua candidata. O primeiro ele já considera realizado: transformar a sua sucessão numa eleição plebiscitária. A segunda é afixar na testa do adversário a bandana de privatista, como fez em 2006 com Geraldo Alckmin, que amarelou. Alckmin, hoje pré-candidato tucano à sucessão de Serra em São Paulo, titubeou diante de Lula.

O início da desconstrução da imagem do ex-presidente começou com essa rata tucana no segundo turno da eleição de 2006. Ela mostrou a Lula a fragilidade programática do PSDB, que já cedera fácil no primeiro governo petista a paternidade dos programas sociais.

No segundo mandato de Lula, até o DNA do Plano Real, obra máxima de economistas do PSDB — e, por ironia, lançado com a desconfiança de Serra em 1994 —, ficou turvado diante não só da estabilidade da economia, mas do próprio crescimento econômico. Hoje, atribuem-se aos sortilégios do governo Lula os bons resultados da economia.

Até a descoberta do pré-sal, resultado de investimentos seriados da Petrobras a partir da década de 1970 — especialmente, depois do fim do monopólio da exploração e lançamento dos contratos de risco no governo FHC —, é associada a Lula e a mais ninguém.
Quem cala, consente

Não há o que culpá-lo: o pré-sal, a recessão breve, a expansão da economia e a sensação de bem-estar social são realidades concretas de seu governo. Problema é da oposição, que não soube reivindicar em tempo a sua parte nesta obra ao passar de vidraça a estilingue.

Ficará ainda mais fácil para Lula, se emplacar sua terceira meta eleitoral: convencer o eleitor de que, não votando em Dilma, os programas que ele aprova, como o Bolsa Família e as obras do PAC, estarão ameaçados. Serra terá de defendê-los e fazer mais: provar que boa parte dessas realizações é vento, e que ele fará melhor.
Refém de sua imagem

O problema para o PSDB se vier com Serra e não com o governador Aécio Neves na cabeça de chapa é o viés economicista grudado à sua imagem. Serra, como candidato, poderá ser percebido como potencial ministro da Fazenda de um hipotético governo Dilma, se der vazão a seu instinto e sair a dizer o que está mal na política econômica.

Ele reconhece problemas de atualização da política cambial, como economistas que o assessoram começaram a revelar, sobretudo com a enorme transparência dada pelo Banco Central aos movimentos com o dólar. É como dar milho na boca de especulador, sugerem. O regime de metas de inflação também, provavelmente, teria ajustes, mas com certeza seria revisitada a operacionalidade da dívida pública.
Tucanos engaiolados

A campanha de Dilma, isto é, Lula, só espera a divulgação dessas ideias serristas para dizer que a estabilidade econômica, pilar da alta aprovação do governo, estaria, veja só, ameaçada com o PSDB.

Incrível é que não haja essa suspeita no QG de Serra. Muito mais safo, Aécio, assumidamente pós-Lula, jamais cairia nesse ardil.

E o que é provável? Com Dilma eleita, parte dessas críticas seja implantada com nova moldura, para o embaraço do PSDB e de sua ala próxima aos mercados e distante da vertente, digamos, progressista do tucanato. Seria divertido, se o nosso não estivesse em jogo.

PARA HIHIHI



TERAPIA DE CASAL

Uma mulher chegou em casa e disse para o marido:
- Zé, lembra das enxaquecas que eu costumava ter toda vez que nós íamos fazer amor? Estou curada.
- Não tem mais dor de cabeça?!?!
O marido perguntou espantado.
A esposa respondeu:
- Minha amiga Margarete me indicou um terapeuta que me hipnotizou. O médico me disse para ir para frente do espelho, me olhar bem no espelho e repetir para mim mesma. Não tenho mais dor de cabeça. Não tenho mais dor de cabeça. Não tenho mais dor de cabeça.. Fiz isso e a dor de cabeça parece que sumiu.
- O marido respondeu: Mas que maravilha!
Então a esposa falou para o marido.
- Nos últimos anos você NÃO anda muito interessado em sexo. Por que você não vai ao terapeuta e tenta ver se ele te ajuda a ter interesse em sexo novamente?
O marido concordou, marcou uma consulta e alguns dias depois estava todo fogoso para uma noite de amor com a esposa… Então foi correndo para casa e entrou arrancando as roupas e arrastando a esposa para o quarto. Colocou a esposa na cama e disse para ela:
- Não se mova que eu já volto..
Ele foi ao banheiro e voltou logo depois, pulou na cama e fez amor de maneira muito apaixonada como nunca tinha feito com a esposa antes.
A esposa falou:
- Zé, foi maravilhoso!
O marido disse novamente para a esposa.
- Não saia dai que eu volto logo.
Foi ao banheiro e a segunda vez foi muito melhor que a primeira.
A mulher sentou-se na cama, a cabeça girando em êxtase com a experiência.
O Marido disse outra vez:
- Não saia dai que eu volto logo.
Foi ao banheiro…
Desta vez a esposa foi silenciosamente atrás dele
e quando chegou lá o marido olhava para o espelho e dizia:
- Não é minha esposa.
- Não é minha esposa.
- Não é minha esposa.
- Não é minha esposa…
O velório do Zé será amanhã na capela 13 do cemitério Campo da Esperança!


ENVIADA POR APOLO

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


Shoppings esperam alta de 7% nas vendas no 1º trimestre


FOLHA DE SÃO PAULO - 06/03/10




Com os bons resultados da liquidação de verão, que termina na primeira quinzena de março, a Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping) prevê que as vendas desse segmento do varejo apresentem crescimento de aproximadamente 7% no primeiro trimestre deste ano -período que é normalmente desfavorável- em relação a 2009.
"No ano passado, o país estava em plena crise nesta época, o que deixa a base de comparação fraca; mesmo assim, o atual desempenho é bastante positivo", comemora Nabil Sahyoun, presidente da entidade.
É principalmente à melhora das condições da economia brasileira, com aumento do emprego e da renda, que os lojistas creditam a alta no faturamento nos três primeiros meses do ano.
Para 2010 todo, a projeção da Alshop é de expansão de cerca de 15% nas vendas. A abertura de novos empreendimentos deve ajudar o segmento a atingir tal objetivo: enquanto em 2009 foram inaugurados 22 shopping centers no país, neste ano devem ser 44.
A região Sudeste continuará concentrando os lançamentos, porém com mais destaque para as cidades do interior dos Estados com mais de 150 mil habitantes, já que as capitais se encontram saturadas.
Brasil lidera otimismo em setor imobiliário
Os brasileiros são os mais otimistas com o mercado imobiliário neste trimestre, segundo levantamento do órgão britânico Royal Institution of Chartered Surveyors, realizado com profissionais do setor em 25 países.
A pesquisa mostra que os brasileiros são os que esperam a maior queda no número de arresto de residências ou de propriedades que são colocadas à venda pelo credor -ou seja, casos em que o proprietário não consegue manter o pagamento em dia.
Em somente outros cinco países, existe expectativa otimista para o setor, que continua a sofrer os efeitos da crise econômica global.
Na outra ponta do levantamento, os profissionais de Estados Unidos e Japão são os que esperam a maior alta na venda de imóveis por dificuldades financeiras.
O ritmo de avanço de entrada no mercado desse tipo de imóvel está se desacelerando no mundo, mas pode voltar a subir quando os países elevarem os juros, o que vai tornar o crédito mais caro, aponta a pesquisa.
OVO À BRASILEIRA

A Lindt no Brasil não quer ser só o "chocolate de quem volta de viagens internacionais". Para atingir a meta de crescimento de 30% com a Páscoa, a empresa abandonou o estilo europeu de outros anos -era uma metade de ovo que vinha deitado em uma cestinha coberto de bombons- para trazer um ovo à brasileira. A marca cresceu 10% em 2009. Neste ano, a empresa vai investir em distribuição e novos produtos, como a linha "Petits Desserts" (Pequenas Sobremesas), de mousse de chocolate. "O Brasil é o principal país para a empresa na América Latina, excetuando o México, e é um dos mais importantes no ranking, sem contar Europa e EUA. Sobe a cada ano", diz Camila Corsini, que está à frente da marca no Brasil.
NOS TRILHOS

A Vale está colocando em teste um novo simulador de trens que reproduzirá, em imagens tridimensionais, as quatro ferrovias da empresa no país. O software, desenvolvido em parceria com a USP, será usado para o treinamento de maquinistas. Na avaliação da empresa, ele aumenta a segurança da operação e diminui o desgaste dos trens, pois permite que os funcionários tenham compreensão mais ampla do funcionamento. Ademais, o sistema oferece a possibilidade de treinamento, sem riscos, da condução em situações adversas. "É possível fazer o maquinista passar por dificuldades que, na prática, levaria anos para enfrentar", afirma Gustavo Mucci, gerente-geral de inovação e desenvolvimento ferroviário da Vale. Em cada simulação, são reproduzidas características como a aderência da roda aos trilhos e a eficiência de frenagem do veículo. Além dos R$ 2,5 milhões já investidos no projeto, a empresa prevê aporte de mais R$ 1 milhão para o desenvolvimento de módulos com grau de dificuldade maior.


com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, DENYSE GODOY, ÁLVARO FAGUNDES eDENISE MENCHEN

GILLES LAPOUGE


Alemães se esqueceram de propor a venda de Zeus

O ESTADO DE SÃO PAULO -  06/03/2010



O primeiro-ministro grego, George Papandreou, esteve em Berlim, onde se reuniu com Angela Merkel. O foco da conversa foi a a crise financeira grega. Mas Papandreou teve o cuidado de dizer que não veio mendigar mais dinheiro.

O que esperava era uma "clara manifestação de solidariedade". Essa moderação da Grécia é positiva: a Alemanha não está nem um pouco disposta a tapar os enormes buracos do orçamento de Atenas com a boa moeda alemã.

Foi um dia tranquilizador para a Grécia, já que conseguiu levantar facilmente 5 bilhões nos mercados financeiros. Uma boa notícia. Primeiro para os próximos desembolsos que o país terá que fazer. E também porque isso indica que o plano de austeridade elaborado por Papandreou impressionou favoravelmente os investidores.

Mas, nada de ilusões: essa operação bem sucedida custou muito caro, pois os juros que ela deve pagar são exorbitantes, a taxa de 6,385%, uma grande diferença em relação aos 3% cobrados da Alemanha (a referência do mercado). O empréstimo levantado pelos gregos é perverso: ele alivia Atenas no momento, mas prenuncia "dias sombrios", quando chegar a hora de resgatar a dívida.

Mais grave ainda: o plano de austeridade estabelecido por Papandreou será bem sucedido? Esse plano já provoca duras reações da população grega. Na manhã de sexta-feira a cidade de Atenas era um enorme engarrafamento. Os transportes públicos paralisados. Os aviões no solo, as ruas invadidas por manifestantes furiosos, escolas fechadas. E já se anuncia um segundo dia de greve dentro de oito dias. Essa radicalização do povo faz pairar uma dúvida sobre o plano Papandreou. E, portanto, sobre a capacidade da Grécia para sair do buraco sem ajuda da Europa.

O que explica a viagem de Papandreou a Berlim, que deverá passar também por Paris e Washington.

Na Alemanha, Angela Merkel talvez se veja tentada a fazer um esforço. Mas seus aliados liberais do partido FDP, que estão no governo, e a opinião pública, resmungam. "O governo alemão não dará um centavo à Grécia", disse com arrogância o ministro da Economia Rainer Brüderle.

A França, embora menos rígida do que a Alemanha, adotou a mesma posição. "Uma ajuda da França e da Alemanha não está nos planos", disse Christine Lagarde, ministra francesa da Economia.

A opinião pública alemã se colocou contra Atenas. O jornal Bild (12 milhões de leitores) deu a palavra a dois deputados alemães. E eles deram uma ideia: a Grécia possui três mil ilhas, das quais 87 são pouco povoadas. "Vendam as ilhas, seus gregos falidos", disseram, deixando subentender que os ricos alemães, tão ávidos de mar e sol, ficariam felizes em comprar algumas ilhotas do mar Egeu.

Aliás é uma antiga tentação dos alemães: ajudar os países pobres, comprando suas belezas. Há 15 anos, dois deputados alemães também quiseram ajudar a Espanha, que na época estava em dificuldades, com compra, em troca, da ilha Maiorca. Mas o negócio não prosseguiu.

O Bild teve uma outra ideia. A Grécia não tem somente ilhas em quantidade. Junto com o Egito e a Itália, ela possui o patrimônio histórico-cultural mais fabuloso do Ocidente. Por que não acrescentar a algumas ilhas uma ou duas maravilhas da arquitetura grega, por exemplo a Acrópole? Isso poderia render "um bom dinheiro" - 100 bilhões, segundo o Bild.

Mas como estabelecer um "preço justo"? A lei da oferta e da procura se aplica ao Partenon, à Acrópole? E a Delfos? E por que não comprar também alguns deuses gregos? Um Zeus, quanto deve custar? E uma Vênus? Poderiam comprar também comprar Homero, Platão ou Aristóteles? E um concerto de Orfeu e Eurídice? Ou, melhor ainda, uma profecia da Sibila de Apolônio, que poderia assim prever quando a crise mundial terá fim.

O Bild não é assim tão guloso. Ele se contentou em propor a compra da Acrópole, a fortaleza edificada no segundo milênio antes de Jesus Cristo e que se tornou depois o centro religioso de Atenas. Mas, será que os dois deputados alemães sabem que, nessa Acrópole está um altar consagrado "ao deus desconhecido"? São Paulo, quando passou por Atenas ficou intrigado com esse deus desconhecido. E disse que esse deus, perdido no meio do Panteão grego onde formigam os deuses, era esse "Deus único" do qual ele vinha justamente anunciar seu reinado. Os deputados alemães que desejam comprar as ilhas gregas não fixaram um preço para esse "altar do deus desconhecido".

TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

 *Gilles Lapouge é correspondente em Paris 

DIETA

ARI CUNHA

Sofrimento no Chile


CORREIO BRAZILIENSE - 06/03/10
Concepción foi atingida por outro terremoto. A cidade já estava sofrida. Aumentou a dor com as notícias de ontem. A Marinha brasileira havia mandado avião da FAB levar para o Chile hospital de campanha com médicos e auxiliares. Deverá chegar hoje a Concepción, cidade escolhida pelas dificuldades do povo sem trabalho nem assistência. O hospital de emergência tem leitos para doentes vítimas de várias dificuldades. É higienizado com sistema próprio e montado em barracas. O número de atendimentos por dia pode ter extravasado em virtude do último tremor. Mas são pessoas que conhecem dificuldades e aptas a emergências. A ajuda brasileira chega na hora exata para atender a população chilena nesta hora difícil.

A frase que não foi pronunciada
“Consciência sã, mente sã.”
» Versão brasileira



Nevasca

» 
Nova York ficou ilhada. Faltou energia elétrica. Mais de um milhão de estudantes sem escolas. Faz muito tempo que NYC não recebe tanta neve. Setenta mil pessoas deixaram de comparecer ao trabalho pela dificuldade de vencer tanta neve. Os carros pararam e alguns usaram correntes.
Traficantes

» 
Favela da Maré, no Rio, sob espreita da polícia. Lanchas percorrem local onde desovam cargas de tóxico. São transportadas por barcos clandestinos seguidos de segurança. Com a aproximação da Polícia, os bandidos tomam veículos mais rápidos. Assim muitas cargas de tóxico são presas.
Dilma de fora

» 
Convidada a falar na Comissão de Direitos Humanos, na última hora a candidata à presidência foi substituída pelo ministro Paulo Vannuchi sob protestos do Senado. O autor da façanha foi Romero Jucá. Senador Arthur Virgilio protestou e ameaça ir ao Supremo com o argumento de “violação frontal do dispositivo da Constituição”. Dias antes, o senador Aloizio Mercadante havia protestado no Senado contra a convocação da ministra Dilma Rousseff.
Futebol

» 
Estados falam em união. Desejam que partidas de futebol sejam realizadas durante o dia e não às 11h da noite, como tem acontecido. É simples a razão. Futebol é a alegria dos pobres. Um trabalhador não pode sair de um jogo pela madrugada e ir para o trabalho cansado com dificuldades de transporte. Patrocínio também precisa ser humanizado.
Celso Amorim

» 
Desempenho formidável do chanceler brasileiro Celso Amorim na recepção à secretária Hillary Clinton, dos Estados Unidos. Desinibidos, os dois responderam às ponderações e perguntas dos jornalistas. A chanceler dos Estados Unidos comparou com simpatia: “Eu nunca pensei que a argúcia dos jornalistas brasileiros fosse igual à dos americanos”. Amorim, mesmo não concordando com alguns desejos dos EUA, usou do respeito à visitante para se opor ao pensamento norte-americano.
Buzina

» 
Com movimento de Brasília neste fim de semana, a identificação dos automóveis foi fácil. Um cidadão ia passar pelo marco zero da cidade e outro pensou primeiro. O forte da buzina era de revolta. Era carro de um paulista, acostumado ao sofrimento no trânsito de sua terra.
Iceberg

» 
Massa de gelo maior do que São Paulo desprendeu-se da montanha e navega a baixa velocidade. Seu perigo é maior porque altera as correntes marinhas. Anos atrás, quando a Arábia Saudita estava se organizando como país rico, comprou um iceberg e o rebocou até seu litoral quente. Engenheiros retiravam água pura para necessidades do país. Custou caro, porém atendeu.
Pelo menos

» 
Depois de mais de três séculos, a entrada da primavera em Brasília comemorará um minuto em 21 de abril. A natureza não se rende, mas cumpre o dever do tempo. O presente da natureza à cidade está garantido.
Alcântara

» 
Enquanto o Brasil investe R$ 353 milhões em política espacial, a Rússia reserva R$ 2 bilhões em 2010. A base de Alcântara era reconhecida internacionalmente pelos profissionais que nela trabalhavam e pela localização diferenciada. Só para ter uma ideia da falta de investimento na política espacial, depois do acidente com o VLS1, em agosto de 2003, 80% da área reservada à base foi destinada aos quilombolas com o aval do Incra.


História de Brasília
Não são tão más, quanto se pensa, as relações entre Marinha e Aeronáutica. Basta que se atente para o fato de o aniversário do brigadeiro Moss, ontem decorrido, ter sido anunciado apenas pelo Ministério da Marinha, enquanto o da Aeronáutica nenhuma nota a respeito distribuiu à imprensa. Parabéns pelo entrosamento entre ministérios e pelo natalício, também. (Publicado em 26/2/1961)

CARTA AO LEITOR - REVISTA VEJA


REVISTA VEJA
Carta ao Leitor

O pré-mensalão do PT

Manoel Marques
A repórter Laura Diniz:acesso exclusivo ao inquérito sobre o caso Bancoop, um ensaio local para o mensalão federal

A repórter Laura Diniz, de 28 anos, é uma das jornalistas mais aguerridas de VEJA. Como se diz no jargão da redação da revista, é daquelas profissionais que "não largam o osso". Há seis meses ela acompanha as investigações do Ministério Público paulista sobre a Bancoop, a cooperativa habitacional dos bancários de São Paulo. Esse caso vinha sendo esquadrinhado pelo promotor José Carlos Blat desde junho de 2007. Ele envolve desvio de dinheiro dos cooperados e de fundos de pensão de empresas estatais injetado na cooperativa. Os recursos originalmente destinados à aquisição de casas próprias para os cooperados foram desviados de forma cruel e criminosa. Diversas particularidades dão ao episódio a dimensão de escândalo político nacional. Uma delas é a participação nas malfeitorias de homens do dinheiro do PT. Eles foram agentes ativos dos crimes de desvio das verbas da Bancoop e seu carreamento para financiar campanhas eleitorais do partido.
Como mostra a reportagem que começa na página 70, o inquérito indica que parte dos recursos desviados ilegalmente abasteceu a campanha presidencial de Lula em 2002. Outra parte foi para os cofres de empresas pertencentes aos companheiros. É possível, ainda, que uma porção da bolada apreendida com os famosos "aloprados" - aquela que seria utilizada para pagar o dossiê fajuto contra José Serra em 2006 - tenha sua origem nos cofres da Bancoop.
Para o Ministério Público, o esquema traz digitais amadorísticas, pré-mensalão, antes de os petistas "profissionalizarem" seu caixa dois com a ajuda do notório Marcos Valério. Às vésperas de uma eleição presidencial das mais decisivas para os rumos do país, em relação à qual o Tribunal Superior Eleitoral acaba de dar mais transparência às contribuições financeiras para as campanhas, é espantoso constatar que pessoas apontadas no inquérito como suspeitas do desvio de dinheiro da Bancoop continuem a ocupar lugar de destaque nos escalões do PT. Entre elas estão Ricardo Berzoini, ex-presidente do partido, e João Vaccari, escolhido pelo presidente Lula para ser tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff. É de perguntar se, com personagens dessa estirpe à solta e em cargos decisivos no campo petista, existe a mínima possibilidade de a campanha presidencial de 2010 ser financiada de maneira limpa.

PAINEL DA FOLHA


Tudo em aberto

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 06/03/10


Pouca gente acredita que a decisão de manter José Roberto Arruda preso, tomada anteontem pelo STF, venha a ter alguma influência sobre a definição da Corte a respeito de eventual intervenção no Distrito Federal. No Planalto e no Judiciário, avalia-se que, a esta altura, isso dependerá mais da condução do processo de impeachment pela Câmara e do comportamento do governador interino, Wilson Lima (PR).
Embora a perspectiva de intervenção seja rejeitada por partidos de A a Z e pelo empresariado local, além de não ter maioria no Supremo, há quem ache que esse quadro pode mudar, pois a classe política ainda não deu mostras de entender a necessidade de solução de "entendimento nacional" para o impasse no DF.


Desperdício. No Planalto, é grande a insatisfação com o PT do Distrito Federal. No entender do governo, o partido tinha tudo para crescer na crise, mas, em vez disso, "entrou numa briga pequena" para decidir se o candidato a governador será Agnelo Queiroz ou Geraldo Magela. Entre os dois, Lula prefere Agnelo.
#*!&@!!! Depois de tentar, sem sucesso, obter uma cópia do inquérito que o investiga em troca de assinar a notificação da abertura do processo de impeachment, Arruda soltou os cachorros contra o procurador da Câmara Legislativa, Fernando Nazaré.
Nem aí. O advogado José Gerardo Grossi, que renunciou à defesa de Arruda no fim de fevereiro, foi visto quinta à noite no Beirute, tradicional bar de Brasília, enquanto o Supremo decidia manter preso seu ex-cliente.
Só ele 1. A cúpula do PT deixou claro, em reunião ontem do Diretório Nacional, que tudo fará para evitar prévias nos Estados, mas muitos acreditam que apenas a interferência de Lula pode conter as disputas internas por candidaturas ao Senado, sobretudo no Rio e em Pernambuco.
Só ele 2. Como o presidente não dá sinais de pretender enfiar a mão nas várias cumbucas, as prévias nesses Estados vão se desenhando inevitáveis. Há quem tema que elas estimulem uma espécie de "efeito dominó", levando outros Estados onde há insatisfeitos a recorrer às prévias.
Raízes. Um exemplo é a Bahia, onde o governador Jaques Wagner descontentou os petistas ao tentar preencher as duas vagas da chapa ao Senado com ex-carlistas, o senador César Borges (PR) e o conselheiro do Tribunal de Contas Otto Alencar, por ora sem partido.
Apoteose. O desfile de Lula com Dilma por São Paulo neste mês, que incluirá eventos na capital e na Baixada Santista, terminará no dia 31 com visita a obras do PAC em Guarulhos, maior cidade administrada pelo PT no Estado.
Radical. De Lula, reclamando que os flashes não ficariam voltados para ele na inauguração, ontem, de um projeto de irrigação em Juazeiro (BA): "Eu vou ter que pular lá no meio da água, ficar todo encharcado e fazer o discurso de cima de uma prancha".
Eu fui. Na contramão da ausência de José Alencar, dos quatro ministros mineiros e de quase todas as lideranças parlamentares do PT na sessão solene do Congresso em homenagem aos cem anos de nascimento de Tancredo Neves, o senador Eduardo Suplicy registra que estava presente e fez pronunciamento.
Eu não fui. Sem prejuízo de suas resistências à candidatura presidencial de Marina Silva, o ministro Juca Ferreira (Cultura) informa que não participou da reunião da Executiva do PV, anteontem, nem designou alguém para falar em seu nome no encontro.
Visita à Folha. Guido Mantega, ministro da Fazenda, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Ricardo Moraes e Ramiro Alves, assessores.

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER
Tiroteio 
Não bastasse o governo ter de maquiar o PAC, agora querem maquiar também a candidata. 

Do deputado PAULO BORNHAUSEN (DEM-SC), sobre a ideia de deixar "mais mineiro" o sotaque de Dilma Rousseff, que nasceu no Estado, segundo maior colégio eleitoral do país, mas construiu sua vida pública no Rio Grande do Sul.
Contraponto 
Arquivo confidencial Hillary Clinton já estava de saída do gabinete de Lula, na quarta-feira passada, quando o presidente resolveu perguntar à secretária de Estado dos EUA:
-Depois do Brasil, a senhora ainda visitará algum outro país antes de voltar aos Estados Unidos?
Brincando, Hillary respondeu que dali seguiria direto para São Paulo. Lula aproveitou a deixa:
-Se conversar com o Fernando Henrique, não acredite no que ele lhe falar sobre a Dilma...
Hillary riu e respondeu:
-O senhor pode ficar tranquilo, presidente, eu sei bem como são os políticos...

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO


REVISTA VEJA
Roberto Pompeu de Toledo

No terremoto, e fora de casa

"Funcionários do hotel aconselham a entrar. Há rumores 
de arrastões na rua. Tensão no grupo. Que é pior, numa
hora dessas: assalto ou um teto sobre a cabeça?"

O terremoto começa dentro da gente. Sensação de tremor, náusea. "Que estará ocorrendo comigo?", perguntava-se a professora e crítica literária Marisa Lajolo, uma das integrantes da delegação brasileira no congresso de literatura infantil que ocorria em Santiago do Chile. Era a noite de sexta para sábado. Da cama Marisa via o campanário da Igreja de Santo Antonio, enquadrada na janela do hotel em que se hospedava. De repente, as luzes do campanário se apagaram. Foi um dos primeiros sinais de que... Não, não é comigo. Alguma coisa está acontecendo no mundo exterior.
O relato de Marisa Lajolo ao colunista mostra como vão se sucedendo os dados até construir na mente sonolenta a consciência do terremoto. Barulhos estranhos no teto. Na parede. Como pode um barulho na parede? Barulho de vidro se quebrando, será um copo? Um barulhão enorme no banheiro. Marisa abre a porta e vê os hóspedes descendo pelas escadas. O hotel possui sistema próprio de geração de energia e as luzes estão acesas. Isso contribui para que a retirada se dê sem pânico. Ela veste uma roupa e enrola um lençol por cima. O barulhão no banheiro, saberá depois, era dos azulejos descolando-se das paredes e despencando no chão.
Os neófitos em terremotos pagam pela inexperiência. Marisa aprenderá que demorou a sair da cama. Enquanto ainda não é possível abandonar o prédio, deve-se procurar abrigo sob o batente de uma porta. No próximo terremoto, ela será mais expedita. Enfim na rua, abraços emocionados. Ao se reverem, o grupo brasileiro e os demais conhecidos do congresso sentem o alívio de se saberem vivos e bem. A terra ainda treme, são os repiques secundários do terremoto. Mas o que agora chama mais atenção são as contínuas trombadas de automóveis. Os semáforos não funcionam, e os motoristas estão nervosos e apressados. Os barulhos das trombadas, somados aos outros barulhos ouvidos durante a noite, consolidarão em Marisa a impressão de que, da experiência de ter vivido um terremoto, lhe ficará sobretudo a memória auditiva.
Na rua, e, pelo sim, pelo não, a boa distância do prédio, muitas pessoas ainda vestem pijama. Marisa não, mas guarda como resquício da cama o lençol enrolado no corpo. Transcorre um tempo e os funcionários do hotel, sempre gentis, sempre prestativos, aconselham a passar para dentro. Há rumores de arrastões ocorrendo nas ruas. Tensão no grupo. Que é pior, numa hora dessas: assalto ou um teto sobre a cabeça? Acaba-se acatando o conselho dos funcionários. Eles devem saber o que fazem. No saguão do hotel aglomera-se uma pequena multidão, grande parte de pijama. Aos poucos as pessoas vão criando coragem para subir, rápido, e pegar suas coisas. O prédio parece firme e a terra, mais calma. O hotel vai mais tarde acomodar os hóspedes nos andares mais baixos. Não é a normalidade ainda, longe disso, mas é um começo de.
No Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, os chilenos espalham-se pelas poltronas, pelo chão, sobre as esteiras ociosas dos guichês de check-in. Eles esperam a reabertura do aeroporto de Santiago. A foto publicada na Folha de S.Paulo mostra os bilhetes que colaram na parede: "Tenemos hambre y frío", "Help", "Lula, ayúdanos", "Piñera, llévanos a Chile". Eles se constituem num paradoxal tipo de vítima do terremoto: o dos apanhados fora dele. Nenhum teto lhes caiu em cima, mas encontram-se sob o peso de ter sido surpreendidos em lugar distinto do exigido pela hora. A preocupação central são os parentes, os amigos, mas não é só. A pátria como um todo, nessa circunstância, dói e faz falta.
Os brasileiros no Chile, igualmente impedidos de fazer a viagem de volta, viviam a situação inversa de ser apanhados em apuros longe de casa. Os professores do congresso de literatura são pessoas acostumadas às viagens, vários já viveram no exterior, mas essa não é situação para padecer em plaga estrangeira. A terra já não treme, estão bem tratados no hotel, não falta comida, até banho não falta, mas as horas passam devagar e vazias. Enfim, na noite de segunda para terça-feira, um avião da FAB os resgata, a eles e outros brasileiros. A alegria da repatriação domina o grupo. Marisa, cujos ouvidos ainda ecoavam os sons da noite do terremoto, é recompensada pela "voz brasileira e tranquila" do comandante que os recebeu a bordo. Mais um pouco, e a alegria vira euforia. Até a Embraer é aplaudida, pela fabricação da aeronave que os transporta. Belos aviões tem fabricado essa tal de Embraer.

RUY CASTRO

Rapaz de bem


FOLHA DE SÃO PAULO - 06/03/10

RIO DE JANEIRO - Em dezembro, Leny Andrade e Alayde Costa fizeram um show em homenagem a Johnny Alf no teatro Ginástico. Foram duas horas de amor, em que Leny e Alayde falaram de Johnny e cantaram seus clássicos e canções obscuras. Todos sabiam que sua saúde estava por um fio, mas não se pronunciou a palavra morte.
Não era necessário. Ali se tratava de celebrar a música, a beleza, o talento, a vida. Fazia-se por Johnny Alf o que deveria ter sido feito com frequência e em todos os anos: promover recitais, concertos e canjas com seus sambas - "Ilusão à Toa", "Rapaz de Bem", "Céu e Mar", "O Que é Amar", "Disa", "Fim de Semana em Eldorado", "Nós", "Eu e a Brisa" e muitos outros.
Mas não aconteceu assim, e Johnny morreu sem a consagração que bafejou em vida vários de seus contemporâneos, como Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Baden Powell. Duas opiniões meio correntes acham que isso se deu por "racismo" (Johnny era negro) ou por Johnny ter trocado o Rio por São Paulo nos anos 50, antes da explosão da bossa nova (que ele ajudara a construir).
Será? Dolores Duran, o saxofonista Paulo Moura, Jorge Ben, Gilberto Gil e o próprio Baden não eram arianos, e isso não os impediu de vencer na bossa nova. E quem também saiu do Rio antes de o movimento explodir foi João Donato. Que se mudou até para mais longe: Los Angeles, onde ficou 13 anos. Pois Donato voltou em 1972, reassumiu sua cátedra e hoje é maior do que nunca.
Johnny não se sentia com uma cátedra a retomar. Por modéstia, dispensava tudo o que lhe ofereciam. Nas entrevistas, falava mais de suas admirações (Tom, entre elas) do que de si próprio. Não pedia nada para si. Era completo com sua arte. Quem fracassou fomos nós, que não soubemos dizer ao mundo o artista que tínhamos à mão.

DIOGO MAINARDI


REVISTA VEJA
Diogo Mainardi

Yabadabadoo

"Depois de passar meses e meses na pedreira, o PSDB, 
como Fred Flintstone, escorregou pelo rabo do dinossauro, 
montou em seu carro pré-histórico e se pôs em marcha. 
Serra é o candidato"

– Serra.
– Como é que é?
– O candidato é ele.
– Quem?
– José Serra.
– José Serra é o candidato?
– José Serra é o candidato a presidente pelo PSDB.
– Decidido?
– Decidido.
– Certeza?
– Certeza.
– Posso espalhar?
– Pode.
– Yabadabadoo.
Depois de passar meses e meses na pedreira, o PSDB, como Fred Flintstone, escorregou pelo rabo do dinossauro, montou em seu carro pré-histórico e – yabadabadoo – finalmente se pôs em marcha.
De hoje em diante, tudo muda. Aquela repórter da Folha de S.Paulo, que na semana passada estava pronta para anunciar que José Serra desistiria da disputa e que foi desmentida por seus próprios colegas, terá de arrumar outro jeito de colaborar com o PT. Ao contrário do que pretendia a imprensa pautada e manipulada por Franklin Martins, José Serra decidiu candidatar-se. Mais do que isso: José Serra, insolentemente, decidiu eleger-se presidente da República. De fato, ele acredita que pode eleger-se presidente da República sem o consentimento de Lula. E, se nas últimas semanas os jornais só discutiram o papel de Aécio Neves na campanha, agora o foco passa a ser outro, infinitamente menos aborrecido: o que José Serra poderá propor ao eleitorado para conseguir derrotar Dilma Rousseff, ou Senhora Pedregulho, a candidata de Lula.
O PSDB é lento para engrenar, como o carro pré-histórico de Fred Flintstone. Por isso, o anúncio da candidatura presidencial de José Serra, com fanfarra e fogos de artifício, só ocorrerá nos próximos dias. Mas ele ocorrerá.
– Quando?
– Quando o quê?
– Quando José Serra pretende anunciar sua candidatura?
– A data é o que menos importa. O que importa é que ele já decidiu.
– Aécio Neves será seu companheiro de chapa?
– Aposto que sim. Mas isso é para depois. Maio ou junho. O fato, agora, é que o PSDB tem um nome.
– Ele?
– Ele mesmo.
– Jura?
– Juro.
– Ele ainda pode recuar?
– De maneira nenhuma.
– Serra?
– Serra.