sábado, maio 10, 2014

Privatizaram a petrobras - GUILHERME FIUZA

O GLOBO - 10/05

A maior empresa brasileira pertence, na maioria, a um consórcio de franco-atiradores que prosperaram no governo

Dilma Rousseff falou grosso. Declarou que considera “inadmissível” a privatização da Petrobras. Com toda a bravura do seu gesto, a presidente, infelizmente, está atrasada. A Petrobras já foi privatizada.

A maior empresa brasileira pertence hoje, majoritariamente, a um consórcio de franco-atiradores que prosperaram no seio do governo popular. Se não, vejamos: uma empresa que, numa única transação, transfere a terceiros mais de 500 milhões de dólares, a fundo perdido, de patrimônio público, é uma empresa dos brasileiros?

Poderia ser. Mas, e se essa empresa perde metade do seu valor de mercado sob um governo que asfixia seus preços para mascarar a inflação? Considerando-se que, em tal manobra, essa empresa foi utilizada por um grupo partidário para se perpetuar no poder, ela está servindo aos brasileiros? Quais brasileiros?

E se um grupo de fornecedores e intermediários investigados pela Polícia Federal, com contratos suspeitos com essa empresa, faturou mais de 30 bilhões de reais nos últimos dez anos? Você ainda acha que essa empresa é sua? Tudo bem, talvez você ache que o Land Rover do Silvinho Pereira também é seu. Aliás, agora você tem também o Land Rover do ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa, presente do doleiro Alberto Youssef. Pode escolher com qual dos dois você não levará sua mãe para passear no dia dela.

Segundo a Polícia Federal, o esquema centralizado por Costa, que está preso, funciona desde 2004. Era o segundo ano do governo Lula, e a nova presidente do Conselho de Administração da Petrobras era Dilma Rousseff. Nesses dez anos, floresceram os negócios do doleiro Youssef, regendo uma formidável orquestra de contratos superfaturados, propinas e dinheiro de graça para políticos amigos do povo. Um deles era André Vargas, que o PT de Dilma tirou do anonimato e aninhou na vice-presidência da Câmara dos Deputados, nada menos. O governo popular sabe valorizar um bom engenheiro de prospecção de dólares. O petróleo é deles.

Aí vem a oposição pedir a CPI da Petrobras. Pura inveja. Choro de quem não participou desse bem-sucedido processo de privatização. Muitos não entenderam por que, em meio às revelações sobre lucrativos negócios privados com esse doce de mãe que é a Petrobras, Dilma veio falar que não admite a privatização da empresa. Alguns acharam até que a presidente estivesse esclerosada, respondendo a coisas que ninguém perguntou. Nada disso. Pensando bem, a lógica de Dilma está perfeita: é inadmissível privatizar algo que já foi privatizado.

Lula e Dilma escalaram Renan Calheiros para barrar a CPI da Petrobras, ou, pelo menos, sabotá-la. É a pessoa certa no lugar certo. O presidente do Senado entende dessa matéria de prospecção de vantagens privadas à sombra do Estado (já provou que um eficiente servidor da nação não deixa ex-namorada sem pensão). E o cenário político é o melhor possível para barrar essa tentativa de fuxicar a petrolífera dos companheiros. Os novos manifestantes e revolucionários urbanos, que, segundo se lê por aí, vieram vocalizar um poderoso anseio de mudança, não estão nem aí para a CPI da Petrobras. O governo popular está cozinhando o assunto há dois meses, tranquilo, sem nenhum ninja, mascarado ou tranca-rua para lhe causar nem um sorriso amarelo.

O Brasil está satisfeito com o padrão petista de concubinato estatal (em comunhão de bens). A privatização do Banco do Brasil pelo valerioduto, por exemplo, encheu o PT de dinheiro público e foi saudada pela nação com a reeleição de Lula. A entrega do PAC à conexão Delta-Cachoeira foi chancelada com aprovação recorde a Dilma em 2012. A CPI do Cachoeira, aliás, não levou às ruas um gato pingado com cartolina de protesto. A mulher do bicheiro virou musa, e a farra dos superfaturamentos no Ministério dos Transportes retornou no ano seguinte, nova em folha. A CPI da Copa, que trataria da privatização do BNDES na jogada dos estádios bilionários, foi engavetada pelo Congresso — sem nenhuma alma penada gritando que não vai ter Copa.

É claro que, com todas essas privatizações estatais do governo popular, está ficando difícil fechar as contas públicas (mesmo com a maquiagem contábil). Mas não tem problema. O ministro da criatividade fazendária, Guido Mantega, já anunciou que pode haver um aumento de impostos sobre bens de consumo. Perfeito. O contribuinte precisa ser chamado a completar o caixa, porque os sócios de Youssef não podem morrer de fome.

Agindo assim, o governo Dilma está em consonância com a coqueluche mundial dos progressistas, o best-seller “O capital no século XXI” — obra de mais um autor da bondosa esquerda francesa. Basicamente, ele propõe mais impostos para quem consegue juntar dinheiro. É isso aí. Preservem Youssef, Rousseff e demais companheiros do povo. Como diria Thatcher, o socialismo será eterno enquanto durar o dinheiro dos outros.

A miragem de Dilma - FERNANDO RODRIGUES

FOLHA DE SP - 10/05

BRASÍLIA - O Datafolha acaba de fazer uma nova sondagem eleitoral e também sobre a popularidade do governo de Dilma Rousseff.

Quando se observa a curva de aprovação de Dilma, nota-se que a petista foi vítima de uma miragem depois dos protestos de rua em junho do ano passado. Sua popularidade caiu de 65% para 30%.

Dilma fez então uma série de movimentos, inclusive alguns que não melhoram em nada sua aprovação popular --como a polêmica proposta de Constituinte exclusiva para a reforma política. Em novembro passado a popularidade da presidente foi a 41%. Era uma miragem. Só que o Planalto enxergou as coisas entrando nos eixos. Nessa crença, mais popularidade viria por decantação.

A avaliação resultou completamente errada. Na realidade, os 30% de junho de 2013 estavam contaminados pelo momento. Passados os protestos, Dilma apenas voltou para onde já estivera na fase pré-marchas. Ocorre que os seus 40% eram corroídos por uma erosão silenciosa.

Feliz com a recuperação postiça de popularidade, Dilma sumiu do mapa. Quando fevereiro chegou, os magos do governo acordaram novamente. As coisas não estavam tão bem assim. No começo de abril, a presidente derrapou para 36% de aprovação. Agora, está em 35%.

Nas últimas semanas, Dilma mergulhou em ações midiáticas. Falou mais com jornalistas, numa abordagem curiosa sobre como se dá o relacionamento de um presidente com a mídia. O contato só existe como um favor ou se há uma crise --quando deveria ser um ato republicano constante de quem exerce o poder.

E qual foi o efeito da investida de marketing? Nulo (ela ficou no mesmo lugar) ou Dilma estaria pior se não tivesse feito nada? Difícil saber.

Uma coisa é certa. As reações da presidente sempre parecem pouco estudadas, tardias e com consequências aquém do que desejariam os seus aliados, dentro e fora do PT.

Dias de ira - ALBERTO DINES

GAZETA DO POVO - PR - 10/05

Espantado com o acúmulo de brutalidades? Quer entender o que está se passando na terra da cordialidade na véspera de converter-se em palco de uma festa global? Então separe, tente diferenciar os tipos de agressão e de agressores. A carga de violência continuará igual, porém a descompactação do fenômeno facilitará a compreensão das partes e do todo.

O que está sendo designado como “manifestação popular” é geralmente uma ação política oportunista, claramente orquestrada para obter ganhos imediatos de autoridades perplexas e atônitas num momento de grande tensão e nervosismo. Chantagem pura. Neste conjunto situam-se as greves inesperadas, intempestivas, fora do calendário, fruto de cisões e disputas entre lideranças sindicais e seus padrinhos políticos.

Foi o caso da greve de ônibus que paralisou o Rio de Janeiro na última quinta-feira. A incrível depredação de 467 ônibus tem a ver com a Operação Anti-UPP em curso, tática de exploração emocional de cada incidente adotada pela grande delinquência – o crime organizado – com o propósito de desmoralizar a política de pacificação das favelas e debilitar a capacidade de reação do sistema de segurança.

Os fins nunca justificam os meios: as reivindicações de trabalhadores não podem sequestrar os direitos da sociedade nem levar a extremos que impliquem destruição das ferramentas de trabalho. É suicídio. A propagação da violência só pode partir daqueles que dela necessitam para ocupar espaços e manter o poder.

Algo diferente são as combinações extremas de insanidade com crueldade, representadas por dois impressionantes assassinatos ocorridos com um dia de diferença, portanto não isolados: no Recife, no Estádio do Arruda, depois de um jogo do Paraná com o Santa Cruz um torcedor jogou dois vasos sanitários contra um arqui-inimigo do Sport que comemorava o empate no meio da torcida paranaense. Uma das latrinas (15 quilos convertidos pela altura de 24 metros em 300) acertou e matou instantaneamente o adepto do Sport.

Não é a primeira vez em que o Esporte-Rei converte-se em cenário de tragédia. Poderá ser a última quando o circo futebolístico perder a sua condição de fomentador de surtos de antropofagia e canibalismo.

Na etapa seguinte do torneio de brutalidades está o linchamento da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, mãe de dois filhos, moradora no balneário do Guarujá, litoral de São Paulo confundida com uma sequestradora de crianças a serviço de uma seita que as imolava para rituais religiosos.

Linchadores formam-se espontaneamente, agregam-se quando o Estado parece débil, quando leis, juízes e tribunais estão desacreditados e onde campeia a impunidade. São ancestrais na Europa os registros de supostos assassinatos rituais, também os castigos através de linchamentos, fogueiras e lapidações. Ocorriam onde a religiosidade era rústica, primária, e tênue o processo civilizatório.

Aquela remediada comunidade no Guarujá é servida pela internet: os covardes linchadores e os insensíveis espectadores fotografaram e postaram cenas do crime. A ira contagiosa, viral, a afunda na Idade Média.

Os cristãos e a política - DOM ODILO P. SCHERER

O ESTADO DE S. PAULO - 10/05

"Estado laico" não pode servir de pretexto para a imposição de um único e oficial pensamento
Em Aparecida (SP), acaba de ser realizada a 52.a assembleia-geral anual da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com a participação de cerca de 350 bispos, vindos de dioceses de todo o Brasil.
Uma extensa pauta de temas foi enfrentada, sobretudo de questões da própria Igreja Católica, além de agradecerem a Deus pela recente canonização de São José de Anchieta. Mas os bispos também refletiram sobre a situação social, política e econômica do Brasil, em vista das relações da Igreja com a sociedade e dos católicos com o ambiente em que vivem e atuam.

Em especial, a CNBB preparou e vai publicar uma reflexão sobre os desafios que os cristãos precisam encarar na sua condição de cidadãos e pessoas de fé. Quem crê também é convidado a agir na vida social em conformidade com as convicções de sua consciência, iluminada pela fé.

O ano eleitoral oferece uma ocasião privilegiada para participar, de forma democrática, da definição dos rumos do Brasil. A mobilização popular já levou à aprovação da Lei da Ficha Limpa, que afasta de candidaturas a cargos eletivos quem deu provas de falta de confiabilidade para assumir cargos de responsabilidade pública. Isso representa um avanço, mas não é suficiente.

Desde junho de 2013 o Brasil assiste a uma série de manifestações de rua que clamam por uma política de melhor qualidade. O "discurso das ruas" pede a atenção prioritária de governantes e legisladores para as verdadeiras necessidades da população; aponta para a superação de certo modo de fazer política, feita de conchavos em função de interesses de parte, ou orientadas à perpetuação no poder - um poder que abandona o bem dos cidadãos e se torna fim em si mesmo.

Os cristãos não se podem eximir de participar consciente e responsavelmente da promoção do bem do País. O povo gosta de esportes, mas está sinalizando que deseja mais do que isso: quer ser tratado com respeito e viver com dignidade. Apesar dos esforços já feitos, ainda há muita precariedade em serviços públicos essenciais e desperdício - quando não o sumiço nos mecanismos da corrupção - de recursos que deveriam ser destinados a dar melhores condições de vida ao povo.

As situações de sofrimento, exclusão social, violência e injustiça em que vivem ainda muitos brasileiros não condizem com a dignidade humana nem dão glória ao nome de Deus. Os cristãos, eleitores e candidatos, precisam sentir-se profundamente interpelados a desempenhar uma cidadania ativa para a definição dos rumos que o Brasil deverá trilhar, orientados, certamente, pelos princípios da justiça, da dignidade humana e da solidariedade social.

Algumas pessoas sentem reações alérgicas ao ouvirem falar em política. Bem ou mal, aprenderam a identificar a política como "coisa ruim", em que as pessoas decentes não se metem. É grave que se tenha chegado a um descrédito popular tamanho em relação à política! E quando a palavra sobre questões políticas vem de representantes da hierarquia da Igreja, inflamam-se ânimos, sempre prontos a reivindicar que o Estado é laico e que religião e política devem permanecer separadas.

A estes últimos, vale lembrar que uma boa interpretação da laicidade do Estado resolve essa polêmica. A Igreja Católica não quer tomar o poder do Estado e também entende que o Estado seja laico, não imponha a religião a ninguém e assegure a todos a liberdade de não crer ou de crer e de expressar publicamente as próprias convicções.

Mas não se pode pretender que os cristãos, como quaisquer outras pessoas de fé, sejam alheios à política e às causas do bem comum. Como cidadãos, e na diversidade de convicções que movem a cidadania, também eles têm o direito de falar e de agir conforme suas convicções, respeitada a ordem pública válida para todos.
O "Estado laico" não pode ser invocado como pretexto para a discriminação religiosa nem para a imposição, sobre a sociedade, de um pensamento oficial e único.

O papa Francisco, na sua Exortação Apostólica Evangdn Gaudium (A Alegria do Evangelho, 2013), fala de maneira incisiva da dimensão social da ação da Igreja (capítulo 4.0). E isso não significa apenas promover obras de assistência social em favor dos desvalidos, sem dúvida necessárias: trata-se de ir às implicações comunitárias e sociais da fé cristã: "No próprio coração do Evangelho aparece a vida comunitária e o compromisso com os outros" (n.° 177).

O Evangelho de Cristo, base para a fé dos cristãos, propõe uma relação pessoal com Deus, mas também pede relações novas e coerentes com o próximo. A resposta de fé e amor a Deus, da parte do homem, "não deveria ser entendida como a mera soma de pequenos gestos pessoais em favor de alguns indivíduos necessitados, uma espécie de "caridade por receita", nem também como uma série de ações destinadas apenas a apaziguar a consciência. A proposta cristã é o Reino de Deus (cf. Lc. 443). Trata-se de amar a Deus, que reina no mundo. Na medida em que ele reinar entre nós, a vida social será um espaço de fraternidade, de justiça, de paz e dignidade para todos. Por isso, tanto o anúncio como a experiência cristã tendem a provocar consequências sociais" (n.° 180).

Após afirmar que não se pode limitar a religião ao âmbito privado, "apenas para preparar as almas para o céu", o papa conclui: "Ninguém pode nos exigir que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre acontecimentos que interessam aos cidadãos" (n.° 182). Os cristãos têm muito com que contribuir para o convívio social e não devem se omitir nem ser impedidos de participar generosamente dessa tarefa. 

Nem tudo tá dominado - PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA

CORREIO BRAZILIENSE - 10/05
A pouco mais de um mês da Copa, o Brasil vive um suspense: os manifestantes que saíram às ruas em junho passado - e surpreenderam o país ao cobrar uma inusitada pauta de reivindicações - voltarão a protestar durante o Mundial de futebol? Por enquanto, essa interrogação continua um mistério. Os tumultos da última quinta-feira, que ocorreram simultaneamente em oito cidades, trazem a digital de velhos conhecidos do governo petista, como os sem-terra do MST e os sem-teto do MTST.
Resta saber se, nos próximos dias, prevalecerá o conhecido chapa-branquismo, e os dois movimentos se dobrarão à vontade dos petistas no poder; ou se falará mais alto o senso de oportunismo, e eles radicalizarão nos protestos para colher facilidades nas negociações diante de um governo cada vez mais enfraquecido perante a opinião pública.

Nas manifestações iniciais do ano passado, tudo começou com o Movimento Passe Livre, aliado de Fernando Haddad nas eleições para prefeito de São Paulo, cobrando redução nas tarifas de ônibus. Como num passe de mágica, uma multidão sem precedentes decidiu engrossar os protestos. Mas sem se amarrar a pautas específicas de um ou outro partido.

Quem se atreveu a levar bandeiras de partido ou sindicato - militante de aluguel ou não - foi convidado a se retirar das passeatas. Os políticos, de forma geral, a corrupção e os péssimos serviços públicos transformaram-se no foco principal das insatisfações. Ora, se o país era capaz de erguer mega estádios ultramodernos, conforme exigia a Fifa, por que não poderia fazer o mesmo com escolas, hospitais, estradas e transporte público?

A popularidade de Dilma desabou. O Congresso tremeu. Parecia que a Primavera Árabe havia chegado ao Brasil. A violência de black blocs e policiais, porém, afastou o povo das ruas. Agora, a 33 dias da Copa, quem aproveita o momento para chantagear o governo são velhos aliados do PT. Até servidores públicos, com reajustes garantidos, ameaçam paralisar a Esplanada. Pois é: a Copa promete grandes emoções dentro e fora dos gramados.

Inflação se firma como grave problema nacional - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 10/05

O governo ajuda os pessimistas ao não conter a expansão dos gastos em custeio, combustível da elevação de preços, outra marca da administração Dilma



Na falta de boas notícias, o governo pode comemorar que a inflação (IPCA) de abril, de 0,67%, desacelerou em relação ao 0,92% de março, devido a um alívio na pressão dos preços de alimentos e tarifas de transportes. As autoridades que não param de alertar que a inflação dos alimentos é passageira, como em todos os anos, alardearão sua capacidade de análise, embora, infelizmente, a alta de preços esteja bastante disseminada pela economia.

Sempre é bem-vindo um arrefecimento no custo de vida. Mas, em bases anualizadas, o índice ficou em 6,28%. Continua, portanto, próximo do limite legal dos 6,5%, e deve, inclusive, ultrapassá-lo em breve. Isso preocupa dado o histórico de leniência do governo com a inflação. Tanto que o governo Dilma se notabilizará por jamais ter atingido a meta oficial de 4,5%, com dois pontos a mais e a menos de tolerância. Como cortina de fumaça, construiu a interpretação marota de que até 6,5% tudo é “meta”. Equivale a alterar a posição das traves para validar um gol.

Até mesmo um economista do círculo de assessores informais da presidente desenvolveu o raciocínio de que, como a média da inflação brasileira, dos últimos anos, tem sido 6%, não haveria problema em mantê-la neste nível — um dos mais elevados do mundo, ressalvadas as excrescências argentina e venezuelana.

Média, porém, lembra outro economista, é um conceito escorregadio. Pois uma pessoa com a cabeça no forno e os pés no congelador pode ter uma temperatura média na altura do umbigo bastante razoável. Mas não sobreviverá muito tempo.

Sempre vale repetir: é erro crasso deixar a inflação nesta faixa elevada, num num país com mecanismos de indexação bem azeitados. E como o BC parece ensaiar interromper o ciclo de aumento dos juros, as expectativas diante dos preços não melhorarão. Assim, a profecia de uma inflação persistentemente alta se concretizará. Neste ambiente, sem margem para a absorção de choques imprevisíveis — quebra de safras devido a fenômenos climáticos extremos —, o Brasil faz piquenique na borda de vulcão.

No jantar com jornalistas, há poucos dias, a presidente Dilma defendeu a leniência com a inflação em nome da manutenção dos empregos. É clássico este equívoco entre "desenvolvimentistas". Ora, inflação elevada corrói o salário do trabalhador e ainda cria zona de incertezas à frente dos empresários. Estes recuam nos investimentos, e, assim, criam menos empregos. A inflação perturba o sistema produtivo e, por isso, impede a economia de crescer a taxas mais elevadas, como acontece no Brasil. Do que resulta, também, menos empregos. Já se assistiu a este filme no país, mas a memória nacional é curta.

O governo também ajuda os pessimistas com a inflação ao não conter a expansão dos gastos em custeio, combustível da elevação de preços, outra marca do governo Dilma: no primeiro trimestre, a arrecadação subiu 10,6%, e as despesas, 15%.

Tribunais de contas mais eficazes - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR

GAZETA DO POVO - PR - 10/05

Aparelhamento político é um dos empecilhos para que os TCs do país possam fiscalizar de forma mais eficiente o uso do dinheiro público


Será que os tribunais de contas estão conseguindo desempenhar o seu papel de fiscalizar o uso do dinheiro público? Para a Transparência Brasil, ONG dedicada prioritariamente ao combate à corrupção, a resposta é negativa. Conforme mostrou reportagem da Gazeta do Povo do último domingo, segundo pesquisa realizada pela ONG, 62% dos conselheiros e ministros responsáveis pelo julgamento das contas públicas são ex-políticos, 17% respondem na Justiça pela prática de irregularidades e pelo menos 15% deles têm algum grau de parentesco com políticos dos seus respectivos estados. No caso específico do Paraná, o índice de ex-políticos ocupando cargos de conselheiros é ainda maior, chegando a 85% das vagas.

O custo de manutenção dos tribunais de contas também assusta. No conjunto dos 27 estados e do Distrito Federal, incluindo-se também o Tribunal de Contas da União, são gastos anualmente nada menos de R$ 7,2 bilhões. Só o TC paranaense usa quase R$ 340 milhões por ano, o que corresponde a 60% do orçamento destinado à Assembleia Legislativa, da qual ele é apêndice auxiliar.

Nos estados, aos conselheiros, eleitos pelas assembleias legislativas e nomeados pelos governadores, cabe fiscalizar a correta aplicação dos recursos públicos nas esferas estadual e municipal. Em caso de constatação de irregularidades, sejam meramente contábeis, desobediência a disposições legais ou de desvio criminoso de verbas orçamentárias, os tribunais de contas têm o poder de desaprovar as contas e aplicar as sanções previstas na legislação. Em tese, portanto, são importantes instituições de proteção da sociedade contra os maus administradores. Sua ação efetiva pode, senão acabar, ao menos diminuir sensivelmente os casos de mau uso do dinheiro público.

Entretanto, conforme o mesmo estudo da Transparência Brasil, os tribunais parecem feitos exatamente para não cumprir suas elevadas funções, tal a teia de compromissos políticos e parenterais que enreda os conselheiros com os governantes de plantão. É justamente o aparelhamento políticos dos tribunais que seria o principal empecilho para a sua atuação eficaz. Nas palavras da coordenadora-geral da ONG e uma das autoras do trabalho, Natália Paiva, “se você nomeia parentes, ex-subalternos e aliados políticos, é evidente que você tem menos chances de ter suas contas desaprovadas. Isso é um aparelhamento feito com o objetivo de neutralizar o poder fiscalizatório desses órgãos”.

Uma das evidências do baixo desempenho dos tribunais estaduais é o índice de cobrança das multas aplicadas. Desse fenômeno não escapa nem mesmo o Tribunal de Contas da União, que entre 2008 e 2010 contabilizou em tão-somente 8,3% o número de penalidades aplicadas, embora ninguém duvide de que a taxa de corrupção e de má aplicação de recursos públicos se situe em patamar incomensuravelmente maior.

Se a raiz desse problema, como defende o estudo, está no generalizado aparelhamento dos tribunais, o que, infelizmente, os torna menos eficazes no cumprimento de suas prerrogativas, talvez seja a hora de se pensar na mudança dos critérios de preenchimentos das vagas de conselheiros, de modo a torná-los verdadeiramente infensos à influência dos fiscalizados. Uma das propostas – aliás, já em trâmite no Congresso – é a que defende que o acesso às cobiçadas cadeiras só se dê mediante concurso público. Seria uma maneira mais razoável de escolher aqueles que têm papel fundamental para garantir o bom uso do dinheiro público.

Inflação ainda requer cautela - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 10/05
Ninguém, muito menos o governo, deve se entusiasmar com a inflação de abril. Os preços dos alimentos subiram menos do que em março, mas ainda pesam muito no orçamento da maioria das famílias, especialmente nas de média e baixa renda. Subiram 1,19% em média, com forte contribuição de produtos que ainda passam por temporada de baixa oferta, como as batatas.
De qualquer modo, foi a desaceleração da corrida dos preços da comida e dos transportes que influenciou o aumento menos explosivo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a medida oficial de inflação, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ele tinha assustado até mesmo os mais pessimistas, com uma alta de 0,92% em março. Em abril ficou em 0,67%.

É bem menor, mas ajuda pouco para diminuir a preocupação que ainda se deve ter com o índice acumulado, o que realmente conta. No ano, incluindo os números de abril, o IPCA teve variação de 2,86%; em 12 meses, de 6,28%. Está perigosamente perto do teto de 6,5% e longe demais do centro (4,5%) da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional para 2014.

Quanto mais altos forem os índices nos primeiros meses, mais difícil fica o cumprimento da meta no fim do ano. Em 2014, para que a alta dos preços não ultrapasse o teto - o que seria uma sinalização muito negativa para os agentes econômicos nacionais e para o mercado internacional de crédito - será preciso que, ao longo dos próximos sete ou oito meses, o IPCA tenha evolução bem mais contida do que a do primeiro quadrimestre.

Essa não parece ser a tendência, pois nada garante que a desaceleração dos aumentos em abril será mantida. Pelo contrário. Há uma coleção de indicadores que recomendam manter o otimismo na gaveta. O principal deles é o efeito em cascata do aumento das tarifas de energia elétrica. Como o governo não conseguiu tirar do papel em tempo hábil o aumento da oferta de geração hidrelétrica (para o que colaboraram a tumultuada mudança na vigência das concessões e a precipitada redução das tarifas em 2012), a escassez de chuva tem causado estragos.

Em vez de adotar medidas de contenção do consumo de energia, o governo estimulou a compra de eletrodomésticos e manteve um discurso de que tudo corria bem no setor elétrico. Para bancar essa fantasia até depois das eleições, foi preciso manter ligadas por mais tempo que o de costume as usinas térmicas. A energia gerada por elas é muito mais cara, e o custo disso alimenta a inflação.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já autorizou aumentos de tarifa que vão do dobro ao triplo da inflação do ano passado (5,91%). Como os aumentos não foram concedidos todos de uma vez, só uma pequena parte do impacto foi registrada em abril. A partir de maio, todas as cadeias produtivas afetadas pela conta de luz vão influir na formação do IPCA.

Só há razão, portanto, para que o governo não se deixe envolver pelas pressões do calendário eleitoral e segure o gasto público. Se não fizer isso, vai deixar o Banco Central sozinho na luta contra a inflação e, portanto, sem mais alternativa que a indesejável elevação dos juros.

Delícias do poder - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S. PAULO - 10/05
O poder tem suas vantagens. Em 2013 o PT bateu novo recorde de arrecadação de doações de empresas privadas, chegando a quase R$ 80 milhões. É uma marca particularmente notável pelo fato de não ter sido um ano eleitoral, em que as doações se destinam, basicamente, ao custeio das atividades partidárias. Segundo revelou o jornal Valor, com base na prestação anual de contas apresentada pela legenda de Lula & Cia. ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2013 essas doações foram 57,3% maiores do que no primeiro ano do governo Dilma Rousseff (2011).
Os principais doadores do PT- geralmente os mesmos que dão dinheiro para todas as outras legendas partidárias - são empreiteiras de obras públicas e grandes empresas que dependem fortemente da boa vontade do poder público para o desenvolvimento de seus negócios. Isso evidencia, desde logo, a distorção representada pela indevida influência que a força do dinheiro empresarial passa a ter na política e, consequentemente, na administração pública, a partir do instante em que as corporações fazem "doações" aos partidos.

Justiça seja feita, essa distorção - que o STF está na iminência de erradicar - não é uma invenção do PT. Há mais de uma década no poder, a companheirada que não quer largar o osso só fez "aperfeiçoar" a distorção, enquanto jura devoção à exclusividade do financiamento público.

Mas não deixa de ser muito revelador de seu verdadeiro propósito -a permanência no poder a qualquer custo - os petistas se deixarem tranquilamente financiar pela elite que tão ferozmente combatem. Afinal, quem são os donos das maiores empresas do País? E bota elite nisso, porque 74,3% das doações de empresas recebidas pelo Diretório Nacional do PT no ano passado (RS 59,27 milhões) saíram do bolso de um grupo de apenas 10 delas. À frente desse grupo está uma empreiteira que contribuiu com generosos RS 12,3 milhões, despesa contabilizada que representa apenas 2% dos mais de RS 590 milhões que faturou em contratos com o governo federal em 2013.

A lógica desse processo de financiamento partidário - que transforma governantes e aspirantes a essa condição em reféns do poder econômico - por si só demonstra que o modelo é incompatível com os fundamentos de uma sociedade democrática, na qual o voto de cada cidadão é o único instrumento legítimo para a eleição de mandatários. Empresas não votam. E seu objetivo é, primeiro, o lucro e, depois, a maximização do lucro - o que não é nenhum pecado ou demérito no capitalismo.

A receita total do diretório nacional do PT em 2013, ainda segundo a prestação de contas apresentada ao TSE, foi de RS 170 milhões. Depois dos RS 79,7 milhões em doações de empresas (57,3% do total), a segunda maior parcela é constituída pelos recursos públicos provenientes do Fundo Partidário: R$ 58 milhões (34%). E ainda R$ 32 milhões (18,8%) em contribuições de filiados que ocupam cargos na administração pública. As doações de pessoas físicas foram de apenas RS 2,9 mil, equivalentes a menos de 0,05% da receita total.

A aparente má notícia é que, daqueles RS 170 milhões, o saldo remanescente para o ano eleitoral de 2014 foi de modesto R$ 1,6 milhão. Isso deveria preocupar a cúpula do partido, que terá de enfrentar milionários compromissos financeiros na campanha eleitoral deste ano. Financiar candidaturas ao Planalto, ao Congresso, às governanças e assembleias estaduais, com os requintes tecnológicos determinados pelos marqueteiros, demanda recursos astronômicos. Mas a elite política não está preocupada com isso. A máquina arrecadadora petista - e a dos demais partidos também - tem um longo, ameno e proveitoso convívio com a elite que é dona do dinheiro.

Fique também tranquilo o cidadão-contribuinte. No final, será ele o verdadeiro financiador das campanhas políticas milionárias, pois as obras públicas que forem feitas e os serviços que forem prestados certamente virão generosamente majorados para proporcionar o reembolso daquilo que, para uns, é financiamento de uma atividade cívica, mas, para outros, é um investimento altamente lucrativo.

Disputa de incertezas - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 10/05

Forte desejo por mudanças, registrado em pesquisa do Datafolha, ainda não se incorpora nas candidaturas à Presidência da República


Feitas as ressalvas de praxe --tudo pode mudar depois da Copa e do horário eleitoral--, os resultados da última pesquisa Datafolha acrescentam alguma nitidez aos prognósticos quanto à disputa pela Presidência da República.

Restam poucas dúvidas, mesmo entre os adeptos de Dilma Rousseff, de que a eleição terá um segundo turno. No quadro mais provável, a petista tem 37% das intenções de voto; os demais candidatos, somados, chegam a 38%.

A notícia já vinha sendo assimilada pelos estrategistas de campanha pelo menos desde a queda de popularidade da presidente após as manifestações de junho passado. Chega a ser paradoxalmente auspicioso, do ponto de vista do Planalto, que não se tenha aprofundado o descrédito de Dilma.

Numa conjuntura escassa em boas notícias, a popularidade da petista se manteve praticamente estável entre os primeiros dias de abril, quando se fez o levantamento anterior, e esta semana: passou dos 36% de "ótimo" e "bom" naquela ocasião para os 35% de agora --dentro da margem de erro.

O impacto das revelações sobre a Petrobras --a depender do que venha a ser descoberto por uma ainda frágil CPI-- parece provisoriamente absorvido. Tem a contrabalançá-lo, ademais, a adoção, pelos petistas, de conduta mais incisiva nas relações públicas.

Aumentou, com efeito, a disposição presidencial para apresentar-se em ocasiões amenas. Ao mesmo tempo, o encontro nacional de seu partido teve efeito decisivo para suspender especulações em torno de uma possível substituição de Dilma por Lula, seu sempre popular mentor.

Se os dados do Datafolha não se mostram ruins para Dilma, dada a atual conjuntura, revelam-se bastante bons para Aécio Neves. O candidato do PSDB se destaca de Eduardo Campos (PSB) por uma diferença de nove pontos percentuais, alcançando 20% das preferências do eleitorado (eram 16% na pesquisa de abril).

O fenômeno coincide com sua maior exposição na propaganda e no noticiário; no Senado, Aécio soube aproveitar os ruinosos contratos da Petrobras para fortalecer-se como alternativa à situação.

Ainda assim, o desejo de mudança presente em 74% dos entrevistados não se reflete numa adesão às propostas, de resto vagas ou desconhecidas, da oposição. Basta notar que, para 38% do eleitorado, ninguém menos do que Lula seria o nome mais indicado para alterar os rumos do governo.

Um oposicionismo à procura de oposicionistas, um situacionismo pouco satisfeito com a situação, estes parecem ser os sentimentos prevalecentes no eleitorado.

Não espanta que, como nunca, a inclinação para votar nulo ou em branco se verifique na população. O sufrágio obrigatório, combinado com a propaganda eleitoral, sustenta em boa medida a esperança de candidatos que, por si próprios, não chegam a empolgar ninguém.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

“É o sujo falando do mal lavado”
Eduardo Campos, sobre trocas de acusações de PT e PSDB na crise do setor elétrico


FRETES SÃO COBIÇADOS POR POLÍTICOS NA PETROBRAS

A Polícia Federal investiga o que seria uma das principais fontes de propina para políticos na Petrobras e sua subsidiária Transpetro: intermediadores (“shipbrokers”) de fretamento de navios, tanqueiros etc. A intermediação do “aluguel” de embarcações pela estatal rende entre 1% e 5% (até US$ 15 mil) por dia de contratos que podem durar 20 anos, se o fretamento é por toda vida útil do navio, o que é habitual.

É HABITUAL

Uma comissão de praxe, a “address comission”, é estipulada pelo fretador (a Petrobras) e é paga em fatura oficial ao shipbroker.

VALORES

A Petrobras opta pelo frete, já que um navio-tanque de grande porte (Very Large Crude Carrier) custa no mínimo US$ 100 milhões.

RENTABILIDADE

O frete de apenas um navio-tanque (tanqueiro), por 20 anos, pode render US$ 70 milhões aos intermediadores (shipbrokers) do negócio.

DUPLO

Por levar o negócio ao estaleiro, o shipbroker recebe comissão da empresa, estipulada em adendo, além da comissão da Petrobras.

RENAN ARTICULA PARA MANTER O COMANDO DO SENADO

Conhecido por sua célebre esperteza política, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), antecipou-se aos fatos e já encomendou pesquisa do Ibope em todos os estados para saber os candidatos mais fortes ao Senado. A pesquisa permitirá ao cacique mapear os possíveis eleitores, em seu projeto de manter-se à frente do comando do Senado em 2015, agora que lançou Renan Filho ao governo de Alagoas.

ASSUNTO ENCERRADO

Aécio Neves (MG) e Eduardo Campos (PE) liberaram PSDB e PSB a apoiar a candidatura de Henrique Alves (PMDB) ao governo potiguar.

DESEMBARCANDO

O PSD de Gilberto Kassab enfrenta dificuldades para manter o acordo com o PT pela reeleição de Dilma.

São dez diretórios contra a aliança.

BAHIA NO TST

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) coleta assinaturas apoiando a desembargadora Luiza Lombar ao Tribunal Superior do Trabalho.

SEM ANALFABETOS

Foi um dia histórico para os brasilienses, ontem. O Distrito Federal é a primeira unidade da Federação a receber o selo Território Livre de Analfabetismo. No DF, mais de 98% da população são alfabetizados.

SUB COM SUB

Após o escândalo da espionagem americana a autoridades e empresas brasileiras, a presidente Dilma esperneou, cancelou visita de Estado e exigiu desculpas. Agora o clima esfriou e ela se reunirá com o vice dos EUA, Joe Biden, na Copa. Alguns falam em “encontro de iguais”.

ENGANA QUE GOSTAM

Lula prometeu ajudar a infraestrutura de Gana, durante o Fórum Econômico Mundial da África, na Nigéria, mas não usou seu “prestígio” para apelar à libertação de 200 meninas sequestradas por uma seita.

VIAGEM ARRISCADA

Ignora-se o que Jorge Viana (PT-AC) fará com outros senadores no final do mês em Taiwan, inimiga da China, e sem relação oficial com o governo brasileiro. Além de esquisito, isso não dá sorte. Ex-presidente do PL, Valdemar Costa Neto foi lá em 2005. E acabou na Papuda.

CONSTRANGEDOR

O presidente Carlos Lupi (PDT) e o ministro Manoel Dias (Trabalho) saíram com cara de tacho da homenagem a Getúlio Vargas na terça, onde o ator Tony Ramos, a estrela do evento, não deu as caras.

VIŠE DOKTORI

O Ministério da Saúde acaba de aceitar no “Mais Médicos” um bósnio, o dr. Ahmed Shehada. Ele ao menos já aprendeu que o programa do governo brasileiro, em sua língua, é chamado de “Više Doktori”.

MANCADA

O programa do PCdoB no rádio e na TV errou o nome de sua principal estrela. Produzido pelo publicitário Marcelo Brandão e dirigido pelo secretário nacional do partido, José Reinaldo Carvalho, o programa chamou de Aldo “Rabelo” (e não Rebelo) o ministro do Esporte.

FEBRE BRASILEIRA

O secretário-geral Jerôme Valcke, que encheu as burras da Fifa, agora critica o despreparo do Brasil na Copa, tirando o corpo fora. O francês deve ter sido contaminado pela conhecida síndrome lulista “não sabia”.

MORE NURSES

A Inglaterra admitiu um deficit de 20 mil enfermeiros em seu Serviço de Saúde (NHS). Poderiam criar por lá um programa “Mais Enfermeiros”.


PODER SEM PUDOR

PONTARIA BRASILEIRA

Era praxe a realização anual de exercícios da Armada, com seus encouraçados e cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul, a que assistiam o presidente da República e a imprensa. No governo Epitácio Pessoa, ocorreu aquele azar de não acertarem nos alvos móveis, mas assim mesmo o ministro perguntou ao presidente o que achara daquela demonstração. Epitácio Pessoa foi sincero:

- Amanhã mesmo contrato uma missão estrangeira para ensinar os senhores a fazer pontaria.