sábado, abril 14, 2012

Violência simbólica e assexualidade - SÉRGIO TELLES


O Estado de S.Paulo - 14/04/12


Muito se fala da violência física, do medo de assaltos e agressões por bandidos, da falta de segurança geral, da impossibilidade de confiar numa polícia despreparada para enfrentar o crime minimamente organizado.

Fala-se menos da violência que nos atinge no nível simbólico e que nos faz desacreditar nos valores que deveriam reger a sociedade. Toda vez que no trato da coisa pública os mais comezinhos princípios da compostura e ética são pisoteados, o cidadão sente-se agredido e violentado. É o que ocorre, mais uma vez, com o caso Demóstenes. A impunidade que costuma cercar os protagonistas de tais desmandos é outra permanente agressão e fonte de insegurança para o cidadão, que não se sente protegido pelo Judiciário. No escândalo em pauta, novamente se alega, para invalidá-las, que as provas contra Demóstenes foram obtidas de forma ilegal. Suponho que as escutas telefônicas necessitem de autorização legal para serem realizadas em função da necessidade de proteger a liberdade e a privacidade do cidadão contra abusos do Estado. Em sendo assim, não deveria esse princípio ceder quando o que se evidencia nas provas - mesmo que adquiridas de forma ilícita - aponta para um crime maior? Se alguém grava uma conversa em que um assassino confessa ter matado uma pessoa, essa prova fica invalidada porque a escuta foi obtida de forma ilegal? A quebra da "privacidade" e da "liberdade" do assassino é mais importante do que o assassinato cometido por ele? Que essa obviedade não prevaleça só pode levantar suspeitas em mentes pouco ilustradas como a minha, que desconhecem os elevados circuitos por onde transitam os raciocínios da sábia jurisprudência.

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Houve uma mudança profunda nos costumes sexuais nos últimos 100 anos. De uma situação de extrema pudicícia e repressão, na qual se valorizava a contenção do desejo, chegou-se à atitude oposta, na qual se louva o gozo ininterrupto. No momento, o sexo é onipresente nos meios de comunicação de massa, que o apresentam como item de saúde, de relacionamento pessoal, de identidade, levando a todos se sentirem obrigados a ter uma vida sexual irrealisticamente ativa e de sucesso. Nesse contexto, a assexualidade aparece como uma novidade interessante na contracorrente, motivo da atenção que a mídia americana lhe tem dado, no que a figura inteligente e articulada de David Jay ocupa importante papel.

Um dos elementos exponenciais do movimento Assexualidade, David Jay, de 29 anos, batalha nessa frente desde 2001, quando criou o site Aven - The Asexual Visibility and Education Network -, que se tornou referência para uma comunidade virtual que conta atualmente com 50 mil membros.

Objeto de um documentário (A-sexual) lançado o ano passado, Jay afirma que a assexualidade, ausência de interesse pelo sexo, não deve ser vista como um desvio patológico e sim como uma das modalidades do comportamento sexual, uma orientação como outra qualquer. Insiste em discriminá-la dos quadros clínicos descritos pelo DSM-IV referentes à diminuição da libido ou de aversão ao sexo, bem como a afasta do celibato, que é a voluntária abstenção da prática sexual. Enfatiza que a assexualidade não decorre de repressão ou traumas e abusos sexuais vividos no passado, apoiando-se num estudo inglês segundo o qual 1% da população é assexual.

O site de Jay não só possibilitou o encontro de pessoas isoladas que se viam como doentes, deficitários de uma função vital altamente valorizada socioculturalmente, como lhes deu uma nova identidade. Passaram a se ver como "assexuais", representantes de uma nova modalidade positiva da sexualidade.

O discurso de Jay sobre a assexualidade é político ideológico, desconsidera o saber médico ou psicológico. Isso levanta várias questões. Por um lado, suas ideias não abalam o conhecimento estabelecido, que vê o que ele chama de assexualidade como um sintoma cujas causas podem ser pesquisadas e tratadas. No edifício teórico da psicanálise, a sexualidade ocupa um lugar central e tem uma complexidade que as racionalizações de Jay estão longe de abranger. Isso significa que sua pregação é equivocada. Por esse motivo, apesar do efeito aparentemente positivo trazido pelo conceito de "assexualidade", não é prudente encorajar as pessoas a se verem com "assexuais". Isso poderia fazer com que todos aqueles que se sentem confusos com sua própria sexualidade deixassem de procurar ajuda possível para seus sofrimentos.

Por outro lado, os efeitos de seu discurso nos lembram que os diagnósticos e tratamentos no âmbito do psiquismo transcendem os critérios estritamente médico-psicológicos, pois são atravessados por imposições ideológicas e socioculturais, que influenciam na deliberação do que deve ser considerado como normalidade ou anormalidade. Ou melhor, mostram que não é possível postular a existência de critérios médico-psicológicos puros, pois eles necessariamente refletem a realidade sociocultural na qual estão inseridos. Foi o que provou a luta dos homossexuais ao se organizarem politicamente nos Estados Unidos e exigirem o direito de exercer suas práticas sexuais sem a pecha da patologia. O establishment psiquiátrico cedeu à pressão política e deixou de ver a homossexualidade como doença.

Algo semelhante ocorre atualmente numa área diferente da sexualidade. Um psiquiatra norte-americano afirmou que as teorias psicanalíticas sobre o autismo foram rejeitadas nos Estados Unidos não por serem errôneas e sim pela pressão política exercida pelos pais de autistas, que se sentiam acusados e culpabilizados por ela.

A tensão entre o discurso político-ideológico e o saber médico-psicológico pode radicalizar sempre que cada um deles se arroga a posse da verdade, gerando situações aberrantes como as experiências médicas nos campos de concentração nazistas ou o uso que o totalitarismo faz da psiquiatria, quando o regime impõe o diagnóstico de loucura aos dissidentes.

Discutindo a relação - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 14/04/12


A partir da discussão das crises entre o Legislativo e o Executivo brasileiros registradas na nossa História, num confronto permanente reforçado pelas características parlamentaristas da Constituição de 1988, revisitadas e analisadas por cientistas políticos e historiadores em colunas anteriores, pretendo discutir neste fim de semana e na terça-feira possíveis soluções para equilibrar essa relação entre um Executivo "imperial" e um Legislativo forte.
Para o historiador José Murilo de Carvalho, membro da Academia Brasileira de Letras, o começo mais simples seria pelo lado dos sistemas eleitoral e partidário. "Os males do momento atual são o risco de paralisia decisória e a compra de votos e partidos para evitá-la, isto é, governabilidade e corrupção", diz ele.
Outras abordagens lembradas por José Murilo são a redução da dependência dos estados em relação ao poder central e o maior rigor contra a impunidade. "O que certamente não resolve são apelos à moralidade", ressalta.
Já o cientista político Sérgio Abranches, um estudioso do nosso "presidencialismo de coalizão", designação que ele cunhou, vê como medidas necessárias a proibição de alianças e coligações nas eleições proporcionais; a mudança do cálculo da proporcionalidade, para acabar com as sobras de votos que elegem representantes sem votos; e a descoincidência entre as eleições nacionais - presidente, senadores e deputados federais - das locais - governadores, prefeitos, deputados estaduais e vereadores.
Por sua vez, a cientista política Argelina Figueiredo, do Iesp - Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, não tem problemas com o número de partidos nem com nosso sistema eleitoral. Ela defende duas medidas para fortalecer o Legislativo: a implantação incremental do orçamento mandatório e a redução "não radical" dos cargos de nomeação política.
Mesmo reconhecendo que no Brasil "a posição dominante entre cientistas políticos é pelo voto proporcional por dar margem à manifestação de leque maior de opiniões", José Murilo não está convencido de que precisamos "de mais de 20 partidos para representar grandes correntes de opinião e grandes interesses, durante muito tempo divididas simplesmente entre centro, direita e esquerda, burguesia, operariado, classe média".
Quantos partidos entre nós representam de fato correntes de opinião e interesses coletivos?, pergunta. José Murilo resume em uma pequena fórmula o problema atual das relações Executivo-Legislativo, misturando os seguintes ingredientes: 1. sufrágio universal e eleições confiáveis; 2. partidos competitivos; 3. Congresso mais forte; 4. sistema eleitoral proporcional; 5. regime presidencialista.
"1 leva a 2 que leva a 3. 4 multiplica partidos que, dado 5, dificulta formação de base governista e produz atritos que podem gerar paralisia, evitada por cooptação legal ou ilegal, levando à corrosão da República."
Sérgio Abranches diz que não há soluções imediatas para os problemas estruturais de relacionamento entre Executivo e Legislativo.
Esses problemas, segundo ele, não têm a ver apenas com o imperativo da coalizão de nosso modelo presidencialista, mas com questões estruturais da sociedade brasileira e com o federalismo.
"A heterogeneidade socioeconômica no Brasil produz uma disparidade histórica de visões e interesses entre a Presidência e o Congresso", adverte.
Essas visões distintas são provocadas pela origem de cada voto: o colégio eleitoral do (a) presidente é nacional, a maioria dos eleitores é urbana, classe média e operária, com valores mais associados cosmopolitas, cidadãos mais autônomos, com capacidade pessoal ou coletiva de demandar e cuidar de seus problemas básicos.
Já os parlamentares são, na sua maioria, eleitos por um pequeno número de redutos, com populações ainda dependentes dos favores das redes clientelistas, economias muito especializadas, portanto, com interesses muito mais focalizados e uma visão de mundo muito mais local.
"Essa disparidade é insolúvel e não tem como eliminá-la do sistema político, a não ser com mais desenvolvimento e mais educação, criando situações socioestruturais mais homogêneas", analisa Sérgio Abranches.
Outra fonte de dificuldades nas relações Executivo-Legislativo apontada por Abranches é "a enorme centralização de poder fiscal - tributação e gasto - na União, sob controle praticamente monopolista do Executivo".
Daí, diz ele, a transformação dos parlamentares federais em "despachantes" dos estados, em busca de recursos, liberações e que tais. "Daí, também, a enorme importância das emendas parlamentares."
Subsidiariamente, ele lembra que o poder federal também tem muita influência local via delegacias de vários ministérios, principalmente educação, previdência, trabalho e transportes "áreas de forte atuação clientelista".
A solução, seria, aponta Sérgio Abranches, reduzir o peso da União e descentralizar poderes fiscais e regulatórios para os estados.
Argelina Figueiredo diz que, se compararmos com a Constituição de 46, "certamente na atual há um forte desequilíbrio na relação entre os poderes Legislativo e Executivo no Brasil. O Executivo brasileiro é de fato institucionalmente forte com a Constituição de 1988, e essa é uma herança da legislação autoritária".
Uma mudança radical na relação Executivo-Legislativo, para ela, seria a instituição de um orçamento mandatório. "Talvez o melhor seria sua implantação incremental, mas devendo se aplicar principalmente às emendas individuais, mantido um teto, como é hoje, para cada parlamentar".
Outra medida que afetaria as relações entre os dois poderes, mas que, para Argelina, não deveria ser radical, seria uma diminuição dos cargos de escolha política, "principalmente os que se situam nas camadas mais baixas, que, em princípio, não afetariam a implementação de políticas de governo".
Ela acha, no entanto, que "o barulho é maior do que fenômeno, tendo em vista que 75% dos DAS se aplicam a funcionários de carreira, e os 25% restantes são para altos cargos". (Continua amanhã)

Dilema das Américas - MIRIAM LEITÃO


O GLOBO - 14/04/12


Os governantes das Américas estão neste fim de semana na bela Cartagena das Índias, cidade colombiana, aberta para o mar, mas cercada por fortalezas históricas erguidas contra corsários e invasores. Abrir-se ou fechar-se tem sido o dilema dessa relação do Sul com o Norte do continente. Os dois projetos extremos dos últimos tempos - Alba e Alca - falharam. A região está fadada ao centro, ao equilíbrio.
A Alca naufragou no governo George Bush e o Brasil era o copresidente. O governo Lula considerou que seria um risco, uma capitulação ao poderio dos Estados Unidos e bombardeou a proposta sem mesmo negociar. Nunca se saberá até que ponto ela seria mesmo prejudicial aos interesses dos países do Sul, porque nem se chegou a entrar na proposta em si do acordo.
De qualquer maneira, a região conhece bem essa mistura de arrogância e desprezo com que os latino-americanos foram tratados pelo vizinho do Norte. Os detalhes são eloquentes. Tanto o "New York Times" quanto o "Guardian" notaram a falta do jantar de gala para a presidente Dilma. O jornal de Nova York tratou como uma curiosidade, já que destoa com o tratamento dado aos governantes da Coreia do Sul e da Índia. O jornal de Londres criticou os Estados Unidos por não terem entendido ainda a dimensão que o Brasil assumiu nos últimos tempos.
A Alba foi a proposta do outro extremo. Uma associação bolivariana com a intenção de, sob o comando de Hugo Chávez, unir a América espanhola contra os Estados Unidos. Conquistou apoios da Bolívia, Nicarágua e Equador. Mas não prosperou. Tudo em Chávez é mais retórica que concretude. Rafael Correa, do Equador, não confirmou presença na Cúpula, mas os outros da Alba, sim, inclusive o próprio presidente venezuelano, caso receba autorização médica.
No encontro dos líderes empresariais, que ocorrerá paralelamente, a presidente Dilma estará no principal painel dividindo a mesa com o presidente Barack Obama e o presidente Juan Manuel Santos, da Colômbia.
Santos fez um importante movimento em direção ao centro, na Colômbia. Manteve a luta contra as Farc, mas sem as posições extremadas de Álvaro Uribe. Isso permitiu um relacionamento mais fácil com a Venezuela e, agora, a lenta rendição da guerrilha. O país começa assim a entrar em nova fase.
Num momento difícil está o México. Na economia, o país teve um baque com a crise de 2008, nos Estados Unidos. Por ser excessivamente dependente do mercado americano, o PIB do país despencou 5,4% em 2009. A recuperação foi rápida e no ano passado cresceu mais do que o Brasil. Mesmo assim, o México vem perdendo prestígio, como parte da tragédia que está sendo a guerra contra o tráfico. De acordo com a Procuradoria Geral da República (PGR) do México, nos últimos cinco anos morreram no conflito com o narcotráfico mais de 47 mil pessoas, com aumento de 11% em 2011. Não se vê luz no fim do túnel. A imprensa que cobre o tema tem mostrado truculência dos dois lados sobre a população civil.
A Argentina vive um momento de retrocesso também. Esta semana, a presidente Cristina Kirchner voltou suas baterias contra a YPF, ameaçando inclusive a empresa, que pertence à espanhola Repsol, de reestatização. O ministro das Relações Exteriores da Espanha disse que, se as negociações com a Repsol forem suspensas, pode haver uma ruptura nas relações entre Espanha e Argentina. As brigas do governo com as empresas, o excesso de intervenção na economia, a manipulação de índices econômicos fazem o país ser visto como hostil ao investimento.
A violência do México, o estilo de governo da presidente argentina, a crise da Venezuela tornam incertas as perspectivas desses países que estão entre os grandes da América Latina. O Brasil não precisa do enfraquecimento dos outros para se destacar, mas pelo contraste fica ainda mais evidente a força da economia brasileira e a popularidade da chefe de governo.
É desta forma que a presidente Dilma desembarca em Cartagena. O recado antecipado dela foi que esta é a última cúpula sem Cuba. Pode parecer mais um arroubo ideológico, mas a inclusão de Cuba nas instituições que unem os países das Américas é uma antiga posição da política externa brasileira. Além disso, hoje, mais do que nunca, a exclusão de Cuba pode ferir interesse das empresas brasileiras que querem ter negócios na ilha e nos Estados Unidos.
É uma cúpula em que alguns países decisivos estão passando por transição. O presidente Obama continua sendo o favorito na eleição deste ano, mas é o fim de um mandato, que pode ou não se renovar. O presidente Hugo Chávez passará pela primeira eleição em que a oposição está unida. Seu principal inimigo não é a oposição, mas o câncer. Felipe Calderón, do México, chega ao fim do seu mandato impopular e vendo o velho PRI com chances reais de voltar ao poder.
Seria bom se as três Américas conseguissem intensificar as relações econômicas e comerciais, superando menosprezos e mal entendidos que no passado reduziram as chances de integração. De Cartagena se pode ver o mar aberto. Nas fortalezas, o velho arsenal para combater os que vinham do mar. Que nesse encontro os fortes sejam apenas o que são: belos prédios históricos e não símbolos da necessidade de fortalecer defesas contra o mundo exterior.

Brasil nos hemisférios - WALTER CENEVIVA

FOLHA DE SP - 14/04/12


Nosso país tem afirmado a importância do ideal da integração dos povos da América Latina


A visita da presidente Dilma Rousseff ao presidente dos EUA, Barack Obama, foi mais um episódio positivo das relações internacionais do Brasil, mesmo sem trazer grandes novidades. O cancelamento da venda de aviões militares para os Estados Unidos foi mantido, em um dos exemplos nos quais a visita poderia produzir bons frutos. Não produziu, mas o dado é irrelevante. A aquisição de aviões brasileiros tinha todos os contornos próprios de um "doce" oferecido para estimular nossa compra de caças de um fornecedor norte-americano. Predominando a convicção de que esse fornecedor não teria preferência, o "doce" foi recolhido.
Os grandes negócios compõem um dos impulsos das relações internacionais. O Brasil está envolvido, hoje, em dezenas de tratados, convenções e acordos internacionais para os mais variados fins. Neles a valoração comercial tem relevo, embora também estejamos ligados a convenções em favor dos direitos humanos ou para interesses comuns das nações amigas.
Se o leitor quiser certificar-se dessa indicação, pode ler, por exemplo, os arts. 4º e 5º (parágrafos 2º e 4º), 21, parágrafo terceiro, da Carta Magna. Para avaliar os limites aos quais a presidente da República está sujeita, a resposta está no inciso I do art. 49: a competência exclusiva para resolver sobre tratados, acordos ou atos gravosos para o patrimônio nacional é do Congresso.
Não é só. Devemos ter percepção cuidadosa da história antes de 1500, quando Cabral veio confirmar a existência de novas áreas a explorar. Para essa percepção precisamos constatar que o planeta Terra anda hoje na casa dos 7 bilhões de habitantes. Eles estão distribuídos nos hemisférios terrestres ao norte do Equador (90%) e ao sul (10%). Os números disponíveis são inseguros, mas só a China e a Índia, somadas, devem estar entre os 2,5 e 3 bilhões de habitantes.
A verdade histórica ensina que as Américas são preponderante produto europeu. Ingleses e franceses predominam ao norte; espanhóis, portugueses e italianos são mais antigos e mais atuantes do México à Argentina. O Brasil surgiu do controle português, desde o domínio da área conquistada até o idioma oficial (Constituição, art. 13). Fora das Américas, segmentos do mundo civilizado são conhecidos há, pelo menos, 10 mil anos. Compõem o produto social gerado pelo hemisfério norte. Ao sul a história tem 550 anos, dos que saíram das costas do Mediterrâneo e do leste da Ásia.
A divisão dos hemisférios não deve ser causa de desilusão. Nas ex-pressões "Mundo Novo" (ou "Novo Mundo") está a força do sul, em relação à qual o Brasil saltou à frente para assumir a responsabilidade de um dos cinco grandes países do planeta, mas latino-americano. É o que nos convém.
O direito internacional tem o caminho para formalizar a solução. Nosso país tem afirmado a importância do ideal da integração econômica, política, social e cultural dos povos (sim, dos povos) da América Latina na comunhão de seus interesses. O Brasil quer a formação de uma comunidade latino-americana de nações. Qual o caminho? A resposta cabe a todos e a cada brasileiro para consolidar a capacidade de contribuir para o nascimento de uma Terra nova, ou de uma nova Terra, a partir do hemisfério Sul.

Partido da corrupção - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 14/04/12


Acima de conveniências partidárias, elucidação do caso Cachoeira e julgamento do mensalão são de interesse crucial para toda a sociedade


Foram tão variados e tentaculares os contatos de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com o mundo político que a CPI em torno de seu nome parece ao mesmo tempo ser conveniente para muitos e explosiva para outros tantos.
Sem dúvida, o PT investiu na possibilidade de contribuir para a desagregação de um já combalido partido oposicionista, o DEM, que com o caso Cachoeira foi atingido em uma de suas figuras mais destacadas, o senador Demóstenes Torres, já desfiliado. No PSDB, é o governador Marconi Perillo, de Goiás, quem mais se aproxima de ser colhido no caudal das investigações.
Conviria aos petistas, ainda, lançar uma cortina de fumaça sobre o julgamento do mensalão no STF, previsto para os próximos meses.
A fumaça, todavia, já intoxica personagens do próprio PT, como o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e um assessor do Planalto, Olavo Noleto.
Na Itália, país que acumula vasta experiência histórica com a corrupção e seu combate, conhece-se sob o nome de "partito trasversale" o tipo de agrupamento que, como tudo indica ser o caso do esquema Cachoeira, transita com seu poder de influência por todos os setores políticos, da esquerda à direita.
Transversais, com efeito, foram as atividades do lobista Marcos Valério. Sua fluência no PSDB mineiro precedeu de alguns anos a que demonstrou, com ainda maior audácia, no caso do mensalão.
Oposicionistas e petistas, para nada falar do PMDB, entidade transversal por excelência, têm desse modo motivos para se ocupar, e para se preocupar, com a CPI do caso Cachoeira.
Pouco importa quem sai ganhando ou perdendo com as investigações. A corrupção, como demonstra o noticiário de todos os dias, não discrimina nenhum dos principais partidos brasileiros. Inquirir, revelar, aprofundar os seus meandros interessa a todo cidadão que paga impostos no Brasil.
No cálculo político dos envolvidos, a CPI do caso Cachoeira e o julgamento do mensalão podem certamente servir a conveniências opostas. É o mesmo raciocínio que faz com que, a cada escândalo revelado pela imprensa, os acusados se digam vítimas de preconceitos ideológicos e partidários.
Uma figura de relevo no PT celebrou a CPI como uma oportunidade para desmascarar os autores da "farsa do mensalão". É de outra farsa, entretanto, que se trata: a farsa das supostas vítimas, seja a que partido pertençam, e dos moralistas de tribuna, só ativos quando distantes do poder.
Foram petistas, foram demistas, foram tucanos -estão em toda parte. Que do seu conflito não resulte, como tantas vezes, a mera acomodação, mas o detalhamento da verdade e a punição dos envolvidos. Aspiração que não é de nenhum partido -mas, sim, de toda a sociedade brasileira.

Dilma pede a Lula cautela com CPI do Cachoeira por temer reflexo no governo - JOÃO DOMINGOS


O Estado de S.Paulo - 14/04/12


A presidente Dilma Rousseff reuniu-se ontem por duas horas e quarenta minutos na subsede da Presidência, na Avenida Paulista, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir a ele que tenha cautela ao incentivar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira - que investigará laços de políticos e agentes privados com o contraventor Carlos Augusto Ramos, acusado de comandar uma rede de jogos ilegais. A presidente teme que as investigações respinguem em seu governo.

Ao lado do presidente do PT, Rui Falcão, Lula tem sido um dos principais incentivadores da CPI do Cachoeira. Eles entendem que com a CPI será possível provar que não houve o mensalão - maior escândalo do governo do PT, ocorrido em 2005, em que parlamentares da base aliada votavam a favor de projetos de interesse do Palácio do Planalto em troca de uma remuneração mensal, conforme o relatório da CPI dos Correios.

Embora não tenha se manifestado publicamente sobre a CPI, há informações de bastidores do governo de que Dilma acha que existe uma possibilidade forte de a CPI prejudicar sua administração. A visão é compartilhada por petistas mais comedidos, que temem a utilização da CPI como palco de vingança política.

Essa ideia foi reforçada depois da volta de Dilma dos Estados Unidos. Recados do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e do senador Delcídio Amaral (PT-MS) que chegaram à presidente classificam a CPI como "de alto potencial destrutivo".

"O alcance dessa CPI é inimaginável. Só a empresa Delta Construções (que aparece nas gravações telefônicas feita pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, e recebeu R$ 4,13 bilhões do governo federal por obras do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC) - está presente em quase todo o País, principalmente na construção e reforma de estradas", disse o senador Delcídio. "Eu já fiz vários alertas sobre isso. Estão brincando com fogo", afirmou ainda o senador petista.

Delcídio foi o presidente da CPI dos Correios, que apurou o escândalo do mensalão, e sabe que, uma vez em funcionamento, o desdobramento das investigações é algo incontrolável.

A conversa entre Lula e Dilma teve início às 15h10 e terminou às 17h50. Desta vez, o ex-presidente é que foi se encontrar com Dilma, no gabinete de trabalho da presidente em São Paulo.

Para auxiliares da presidente, ela quis falar com Lula para demonstrar a preocupação com a CPI e com a agitação política que pode ocorrer no Senado, que ainda tem de votar projetos de interesse do governo. Entre eles, a flexibilização da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o que permitirá a mudança no indexador que corrige as dívidas dos Estados com a União.

Conforme bastidores do Planalto, a presidente tem recebido as informações sobre a CPI do Cachoeira sem mudar a expressão do rosto. Não faz comentários, apenas ouve. Os que a conhecem bem já conseguem interpretar a reação. Sempre que se mostra impassível, Dilma está dizendo que não gostou do que ouviu.

Entre os auxiliares mais próximos, Dilma deixou a impressão de que está aborrecida com a forma como o PT está se comportando em relação à CPI.

Primeiro, não concorda que as investigações possam servir para que o partido tente se vingar de uma parte dos meios de comunicação; segundo, acha que a agenda do governo tem caminhos próprios que envolvem acordos com a oposição e não é a mesma do PT; terceiro, não quer paralisar o Congresso.

"A CPI não tem nenhum objetivo de vingança, de acerto de contas. É um instrumento do Congresso para apurar circunstâncias que envolvam agentes políticos, agentes públicos ou privados", disse Rui Falcão ontem, em Belo Horizonte.

COLABORARAM DAIENE CARDOSO e MARCELO PORTELA

Dilma x Lula - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 14/04/12

Pela primeira vez, desde que assumiu a Presidência da República, a presidente Dilma e o ex-presidente Lula estão em rota de colisão. Sem combinar com Dilma, como haviam acertado, Lula entrou em campo para criar a CPI do Carlinhos Cachoeira. A presidente estava atuando soberana na defesa da ética e da moralidade pública, e agora, com a CPI, o Congresso terá a oportunidade de recuperar sua imagem e voltar a ser protagonista.

Sobre o vazamento de inquérito da PF

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro contesta nota publicada ontem aqui. Ele diz: “Advogo junto aos tribunais superiores há mais de 30 anos”; “sempre vi meus clientes serem vítimas de vazamentos criminosos e dirigidos”; “durante mais de 20 dias, presenciamos vazamentos diários, com o insofismável intuito de provocar prejulgamento público” (do senador Demóstenes Torres); “hoje, estou entrando na PGR com uma representação requerendo abertura de inquérito para investigar estes vazamentos”; e “algumas pessoas mais recentemente atingidas pelos vazamentos são minhas clientes em outros procedimentos”.

Os nazistas provocaram o holocausto contra o povo judeu. Mas nós aqui fizemos três holocaustos: contra os índios, contra os negros e, agora, contra as mentes e os corpos das nossas crianças” 
— Cristovam Buarque, senador (PDT-DF)

VARIÁVEL DELTA. 
O governador Sérgio Cabral, na ida a Brasília para o jantar de aniversário do PMDB, conversou com dirigentes nacionais do partido sobre a CPI do Carlinhos Cachoeira. Cabral queria saber da possibilidade de abortar a comissão e ouviu como resposta que a esta altura isso era inviável. Como a construtora Delta tem muitos contratos com o governo estadual, tendo recebido desde 2007 pagamentos de cerca de R$ 1,47 bilhão, seu temor é que a investigação transborde para o Rio.

Turbinado
Assessores da presidente Dilma estão calculando o peso de partidos e líderes na CPI do Carlos Cachoeira. Chegaram à conclusão de que o líder doPMDB, Renan Calheiros (AL), terá o controle sobre sete ou oito votos de um total de 30 membros.

O motivo
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), recusou- se a relatar o caso de Demóstenes Torres (GO) no Conselho de Ética por este ter provocado seu afastamento da presidência do Senado, em 2007, ao acusá-lo de arapongagem.

Mensalão: petistas estão inquietos

Os réus no processo do mensalão, como o ex-ministro José Dirceu, estão inquietos com o rumo que está tomando o julgamento do caso. Eles começam a se preocupar com o perfil dos ministros nomeados pelo expresidente Lula e pela presidente Dilma. Comentam que a maioria dos ministros do STF é permeável ao clamor da opinião pública e citam, como exemplo, a decisão sobre a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa.

A mata
A organização da Rio+20 decidiu ampliar para dez as mesas do tema Diálogos sobre o Desenvolvimento Sustentável. Ao lado de assuntos tradicionais como energia, água e oceanos, desta vez será criada mesa específica para tratar de florestas.

O ideal

A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), queriam o deputado Henrique Fontana (PT-RS) relator da MP 564, e não um nordestino, o deputado Danilo Forte (PMDB-CE).

REAÇÃO de um senador, num misto de constrangimento e surpresa com a ida de Demóstenes Torres (GO) ao Conselho de Ética: ele passou esse tempo todo no congelador e de repente aparece como um esquimó.

AVALIAÇÃO
 de alguns senadores é que Demóstenes foi arrogante e autista ao aparecer no conselho para se queixar de firulas regimentais.

O PALÁCIO 
do Planalto está atento ao lobby de parlamentares aliados com o objetivo de esquentar os papéis podres do extinto Banco Nacional.

Onde mora o perigo - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 14/04/12

Um dos riscos não calculados pelo governo na CPI do Cachoeira é o de que venha à tona o material da Operação Las Vegas da Polícia Federal. Embrião da Monte Carlo, que levou à prisão de Carlinhos Cachoeira, a Las Vegas é considerada, por autoridades que tiveram acesso a seu conteúdo, "mais letal para agentes políticos".

Também é essa a operação que pode constranger o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Sua assessoria confirmou ontem que ele não pediu diligências à PF quando recebeu o material da Las Vegas, em 2009. A justificativa é que não havia "elementos suficientes para qualquer iniciativa no âmbito do STF".

Polêmico Gurgel optou por engavetar temporariamente o caso. Membros do próprio Ministério Públicocontestam essa decisão em privado. Acham que, com as informações em mãos, o procurador-geral tinha de arquivar, denunciar citados sem foro privilegiado ou pedir abertura de inquérito no STF.

Família O relatório da Las Vegas foi enviado pela PF à subprocuradora-geral Cláudia Sampaio Marques, mulher de Gurgel, e depois "subiu" para ele. Com a paralisação, três anos depois foi deflagrada a Monte Carlo.

Olheiro Giles Azevedo, chefe de gabinete e homem de confiança de Dilma Rousseff, acompanhou reunião de ministros e a cúpula do PT para debater a CPI do Cachoeira na semana passada.

Viral A juventude do DEM espalhou nas redes sociais vídeo de discurso de Demóstenes Torres (GO) nos tempos de mordaz crítico da corrupção. No meio da fala, aparece o Capitão Nascimento, de "Tropa de Elite", questionando: "Você acha que ninguém aqui sabe que você recebe dinheiro do jogo do bicho?".

Zaga Os ex-líderes do governo Romero Jucá (PMDB-RR) e Cândido Vaccarezza (PT-SP), afastados em março, foram escalados para compor a tropa de choque na CPI.

Trégua Depois da novela da escolha dos nomes, os dois responsáveis pelo plano de governo de Fernando Haddad, deputados José de Filippi e Vicente Cândido, fizeram na noite de quinta a primeira reunião conjunta, em clima de paz e amor.

Mais... O prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), enfrenta uma CPI na Câmara por acusações de cobrança de propina de empresas pela autarquia de saneamento municipal, o Semasa.

... CPI As primeiras denúncias foram feitas pelo ex-diretor de licenciamento ambiental da Roberto Tokozumi, que disse que foi ameaçado por membros do esquema por ter se negado a participar. Aidan negou envolvimento nas acusações, mas enfrenta desgaste político.

Esquentou 1 A guerra no PT de Recife chegou aos institutos de pesquisa. Antonio Lavareda, do Ipespe, acusou o economista Alexandre Rands de usar sua empresa, a Datamétrica, para favorecer o irmão, Maurício Rands, na disputa contra o prefeito João da Costa.

Esquentou 2 Lavareda é dono também da agência RGA, que tem contas na prefeitura. O irmão de Maurício Rands respondeu no mesmo tom: "Esse senhor é uma fábrica de maldades. Fez isso com Arraes em 1998 e com Humberto Costa em 2006".

Números Lançado ontem pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, o CNIPE, sistema que reúne dados de todos os tribunais, varas e cartórios judiciais, registrou 8.000 consultas em seis horas.

com SILVIO NAVARRO e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"Meu dentista hoje, lendo o jornal, me cobrou por não ter tido a ideia de apresentar um projeto de lei de tal importância, porque ele sempre sonhou ser chamado de dentisto."

DO SENADOR AÉCIO NEVES (PSDB-MG), ironizando a lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff que obriga instituições de ensino a emitirem diplomas e títulos com a flexão de gênero do agraciado.

contraponto

Sorte grande
 

Presidindo a reunião do Conselho de Ética, o senador Antonio Valadares(PSB-SE) sorteou cinco vezes o nome de um relator para comandar o processo de cassação de Demóstenes Torres, mas todos declinaram.

-Agora vai!, brincou Valadares antes de tirar o sexto nome, do senador Humberto Costa (PT-PE), que topou.

Gim Argello (PTB-DF), um dos que rejeitou o posto, fez questão de se justificar:

-Se fosse bom, não era sorteio. Para ganhar na Mega Sena ninguém me chama!

Ueba! Cem anos de Putanic! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 14/04/12


No Amapá tem um inferninho flutuante e se chama Putanic! Cem anos de Putanic!

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do Planeta da Piada Pronta: "Vodka Iceberg promove evento com sobreviventes do Titanic". E a homenagem aos cem anos do Titanic: Ideli e Demóstenes!
Em "Titanic 3D": Ideli e Demóstenes numa lancha de Santa Catarina ouvindo dupla sertaneja de Goiás e jogando no cassino, quando um grampo fura o navio e vai bater numa cachoeira! Já imaginou a Ideli em 3D? Com o Demóstenes em 3D, cuidado com a carteira! Rarará!
E no Amapá tem um barco que é um inferninho flutuante e se chama Putanic! Cem anos de Putanic! O naufrágio do Putanic!
E a CPI do Cachoeira. CPI Mista: meia muçarela e meia calabresa! Eu conheço quatro expressões pra depor na CPI: "Ah, é!", "Ah, foi?", "Ah, sim" e "Ah, não". "Então, o senhor fez tudo legalmente?". "Ah, é!". "Mas o senhor foi grampeado com o Cachoeira." "Ah, foi?". "Então, o senhor se considera inocente?". "Ah, sim." "Então, o senhor está indiciado". "AH, NÃO!". Rarará!
E outra advertência aos depoentes da CPI: não vá chegar lá e falar que é superamigo e já fez vários negócios com o Cachoeira. Sinceridade dá cadeia. Moral da CPI: sinceridade dá cadeia!
E o Debóchenes diz que é honesto. É, sim, honesto com ele mesmo. E como um careca foi pego pelos grampos? "O senhor tá nos grampos." "Mas eu sou careca!".
E esta: "Massa diz ter achado direção certa do carro". Se ele demorou quatro meses e 20 mil quilômetros pra achar a direção certa, imagine o tempo que vai levar pra achar o acelerador, escondido lá embaixo. Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou, como diz o outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
E o "Titanic 3D"? A loira foi de colete salva-vidas! Em "Titanic 3D", o navio não naufraga. Não é possível que em 3D não enxerguem o iceberg. Ou o comandante esqueceu os óculos 3D! E um casal amigo meu fez a versão Sampa de "Titanic". No meio da enchente, subiram na capota do carro e fizeram a cena de "Titanic". Os dois em cima da capota com os braços abertos! Lindo! Romântico!
E aí uma amiga pegou o marido com outra no restaurante: "Pode me explicar o que é isso?". "AZAR!". Rarará. E em São Bernardo, Goiás, tem um inferninho chamado Recreio do Galo! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

A era da exuberância irracional no uso do petróleo- STEVE LEVIVE


O Estado de S.Paulo - 14/04/12


Nesta era de frequentes acontecimentos surpreendentes que vivemos nos últimos cinco anos, alguns pensadores do setor energético estão alertando para a formação de uma bolha de entusiasmo otimista e irreal em relação ao petróleo americano - uma mudança reconhecida por muitos que, caso se concretize, pode perturbar a geopolítica dos Estados Unidos até o Oriente Médio e além.

Há uma mudança em curso, mas não teremos um novo mundo, diz Dan Pickering, copresidente da Tudor, Pickering Holt, firma de Houston que investe em energia.

O novo modelo de abundância segue a seguinte lógica: os americanos consomem atualmente cerca de 18,5 milhões de barris de petróleo por dia, dos quais cerca de 8,5 milhões são importados. Mas, nos próximos anos, os Estados Unidos terão acesso a outros 10 a 12 milhões de barris diários, obtidos com o petróleo de xisto argiloso (folhelho), com as jazidas canadenses de areia betuminosa, com as reservas das profundezas do Golfo do México e com a produção marítima brasileira. Se tudo isso for somado, e levarmos em conta o declínio no consumo, o que temos não é apenas uma autossuficiência hemisférica, mas também a superação do volume produzido por Arábia Saudita e Rússia, o que faria dos EUA os maiores produtores de petróleo.

Pickering diz que o cálculo é "um sonho otimista" alicerçado numa extrapolação dos dados. Excluído o Brasil, cujos números ele considera difícil precisar, Pickering prevê crescimento na produção americana de petróleo de cerca de 2,5 milhões de barris por dia - até 1,5 milhão obtido do petróleo de folhelho, e 1 milhão de barris vindos do Canadá. Ele diz que, em 2020 e além, os EUA continuarão a importar de fora da América do Norte cerca de 6 milhões de barris por dia.

Tecnicamente, isso não faz de Pickering uma pessoa cuja opinião destoa das demais: a Energy Information Administration (EIA), agência oficial que acompanha o setor, também diz que os EUA continuarão um grande importador nos próximos dez anos; a previsão da EIA é maior do que a de Pickering - 7,5 milhões de barris importados por dia em 2020, o equivalente a 40% da demanda americana.

Mas, na prática, Pickering se transforma em voz dissonante porque, de acordo com as opiniões de diferentes diretores executivos e analistas da indústria, o problema da EIA é a sua lentidão; essas pessoas dizem que as estimativas da EIA para a produção de petróleo obtida do folhelho são muito conservadoras, assim com a agência subestimou o boom na produção americana de gás extraído do folhelho que inundou o mercado e alterou parte do cálculo global dos suprimentos energéticos. (A agência não foi a única a subestimar esse fator.)

Diz Pickering: "Sempre que temos uma mudança numa tendência que já dura 20 anos, as pessoas ficam animadas, e a tendência na produção americana nos últimos 20 anos foi descendente. De repente, temos agora produção significativa. Assim, essa nova tendência é um ponto de partida animador. Mas, quando ouvimos as empresas do petróleo falando no número de poços que pretendem perfurar e no nível de produção que esperam gerar, temos a impressão de que tais empresas analisam as previsões e somam os resultados. Eles se esquecem do declínio natural na produção, e extrapolam de 400 para 1.200 o aumento no número de plataformas de perfuração nos EUA, dizendo: 'Vamos continuar acrescentando plataformas e intensificar a perfuração de poços'. Essa extrapolação é um pouco perigosa".

"Por um lado, temos a animação provocada pela mudança na tendência, algo que considero válido; um novo estágio está sendo desenvolvido, o que também é válido. Mas temos também a tendência de extrapolar, coisa que tem efeitos negativos. Assim, o entusiasmo tem embasamento concreto e vamos crescer muito. Mas a ideia de que viveremos uma situação de autossuficiência não passará de um sonho otimista enquanto não forem implementadas mais mudanças, como uso do gás natural nos veículos." / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

NERVOS DE AÇO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 14/04/12



Estresse no Maracanã: as três empreiteiras que venceram o consórcio para a construção do estádio (Odebrecht, que lidera o grupo, Andrade Gutierrez e Delta) não conseguem se entender direito sobre projetos e valores. Uma delas, a Delta, deve deixar a obra. A Andrade permanece, por enquanto.

NO VERMELHO
Um dos motivos da tensão é o fato de que a construção do novo Maracanã, estimada em mais de R$ 900 milhões, estaria dando prejuízo.

MISSÃO PRESIDENCIAL
O presidente da CBF, José Maria Marin, recebeu em sua casa, em São Paulo, ontem de manhã, o vice-presidente Michel Temer. "Ele se colocou à disposição, visando os preparativos para a Copa. Existe a possibilidade de ele me acompanhar em alguma visita aos Estados [que sediarão os jogos]", diz Marin. Na semana que vem, o dirigente pretende retribuir a cortesia visitando Temer no Palácio do Jaburu, em Brasília.

CHAMA OLÍMPICA
Marin deve ir a Londres para acompanhar, no dia 24, o sorteio das chaves do futebol na Olimpíada. Aproveitará para visitar as instalações que receberão a seleção durante o torneio.

NA LINHA
Além de um jornalista da revista "Veja", profissionais de pelo menos outros dois veículos de imprensa aparecem nos grampos da Operação Monte Carlo. Ou conversam com os arapongas ligados a Carlinhos Cachoeira ou são citados por eles. Os agentes eram fontes de informação de diversos jornalistas de Brasília.

ABRAÇO GRÁTIS
O vereador Floriano Pesaro (PSDB-SP) disparou convites virtuais para sua festa de aniversário, hoje, em um bar de São Paulo. Nele, avisa que os amigos que passarem "só para um abraço (15 minutos)" terão entrada "free". Quem ficar mais tempo do que isso terá que pagar R$ 58 + 10%. Haverá show da banda Bala de Troco.

TUDO CERTO
Sabrina Sato diz que sua saída da RedeTV! com a turma do "Pânico na TV" foi "numa boa".

E que, antes de mudar de emissora, recebeu os salários atrasados.

ROTA ERRADA
O encenador americano Bob Wilson, que era esperado ontem às 11h no Sesc Belenzinho para uma entrevista, chegou ao local às 12h45. Ele saiu do hotel e entrou em um táxi em vez de pegar o carro que o aguardava. Não conseguiu se comunicar com o taxista, e foi levado ao aeroporto de Congonhas. Até descobrirem seu paradeiro, ficou rodando por São Paulo.

DE VOLTA À VIDA
O polonês Júlio Gartner, sobrevivente do Holocausto que mora em São Paulo, está na Europa para refazer seu trajeto por campos de concentração de seu país, da Alemanha e da Áustria e por locais onde se refugiou no pós-guerra. A viagem está sendo filmada para o documentário "Sobrevivi ao Holocausto", sobre sua vida.

VIDA DE EXECUTIVO
Ronaldo Fenômeno será um dos palestrantes do Congresso Brasileiro da Indústria da Comunicação, no dia 29 de maio, em SP. Convidado por Luiz Lara, José Victor Oliva e Dalton Pastore, falará sobre marketing, Copa e Olimpíada.

No baú do Clô

O jornalista Maurício Kubrusly diz para o cinegrafista do "Fantástico" filmar a gravata do estilista Clodovil Hernandes (1937-2009) que seria leiloada logo mais: "Vai ali, vai ali!". Na plateia da Casa 8 Leilões, alguns gritam: "A gravata! A gravata!". Uma senhora admira: "Gente, é linda!". Mulheres sacam os celulares e fotografam a peça. O acessório, de ouro branco, tem 1.095 diamantes.

O grande mistério da semana estava para acabar: quem ficaria com a gravata de Clodovil no leilão de seu acervo organizado, anteontem, pela advogada e testamenteira Maria Hebe de Queiroz. Circula pelo salão o rumor de que a apresentadora Hebe Camargo tem interesse na peça.

O lance, dado pelo arquiteto e designer de joias Luís Pedro Scalise, 44, está em R$ 46 mil. "Vai, vai, vai", ele vibra, sem mexer os lábios. À 1h05, o martelo é batido. Scalise leva a peça.

Ele se levanta, dá entrevistas, pega o iPhone com capa Louis Vuitton de ouro (US$ 500) e liga para a mãe. Clodovil era seu "amigo e cliente", conta. Scalise já tinha comprado cerca de R$ 30 mil em peças na noite, para "eternizar a memória dele na nossa família". Contou que alguns itens ele mesmo havia dado a Clodovil, mas não quis dizer quais.

Ele pretende usar a gravata na inauguração do espaço que afirma ter feito para a Disney na Casa Cor: o quarto de uma princesa do filme "Valente", que estreia em junho.

Celina Guiyotoko, 70, se aproxima de Scalise: "Ai, quero te conhecer. Tenho um anel de bicheiro, sabe aquele de antigamente? Não quer comprar?". Ele responde: "De bicheiro? Meu pai fala que falta pouco para eu ser um".

O designer da gravata é proprietário de uma joalheria tradicional de SP, mas não quer se identificar por segurança. Clodovil era seu cliente e um dia chegou com o desenho do acessório. Apesar de guardar o traço até hoje, o joalheiro resolveu refazer o design. "Quando ele encomendou [há seis anos], achei o máximo da viadagem. Quando ficou pronto, juro por Deus que eu usaria. Minhas filhas querem me matar."

Mais cedo, a empresária Lilian Gonçalves dizia ter ido para comprar a gravata e prometia gastar "uns R$ 100 mil no total". De vestido colado "que eu acho que é Gucci", arrematou o primeiro lote, quatro peças de prata, por
R$ 1.800. E foi embora, alegando mal-estar.

A casa estava entupida, com cerca de 450 pessoas, e acalorada. No início do evento, Mauricio Petiz, presidente do Instituto Clodovil Hernandes, interrompeu o leilão mostrando decisão judicial que impedia a venda de alguns objetos. Houve também briga entre dois participantes -um deles levou um soco.

A socialite Beth Szafir não suportou o tumulto. "Vim porque vi no 'Fantástico' e moro perto daqui. Mas fiquei com medo." Neta de Maria Hebe, Ana Carolina, 11, achou o evento, que arrecadou mais de R$ 372 mil, "mó engraçado". "Tem uns seres que não sei se são homem ou mulher."

Curto-circuito

A ONG Banco de Alimentos promove jantar beneficente no dia 23, no Mangiare, com pratos de Alex Atala e Laurent Suaudeau.

O site Videodressing e a revista "Estilo" promovem hoje bazar com mais de 50 marcas no Jd. Paulistano.

O Senac dará cursos de gastronomia em maio, em parceria com a francesa École Lenôtre.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

Na Bolívia o Brasil põe mão em vespeiro - SERGIO FAUSTO


O Estado de S.Paulo - 14/04/12


Encravada entre os Departamentos de Cochabamba e Beni, a reserva ecológica Territorio Indígena del Parque Nacional Isiboro Sécure encontra-se no centro de uma disputa política de grandes proporções na Bolívia. E o Brasil está envolvido nela.

Conhecido pela sigla Tipnis, o parque nacional é considerado também território original de povos indígenas que ali habitam desde tempos pré-hispânicos. Como tal, conta para sua proteção com mecanismos especiais definidos na Constituição do Estado Plurinacional da Bolívia, entre eles o que exige consulta prévia aos povos originários para qualquer intervenção estatal que possa afetar seus territórios.

A disputa política em torno do Tipnis expõe as contradições internas do governo de Evo Morales, que chegou ao poder na crista de dois movimentos profundos que sacudiram a sociedade boliviana desde os anos 1990 e terminaram por redesenhar radicalmente o mapa político do país na primeira década do deste século: o nacionalismo estatal-desenvolvimentista, de um lado, e o indigenismo, com tintas ambientalistas, de outro (ambos flertando com o exercício direto da soberania popular, via referendos).

O presidente que usou e abusou de expedientes pouco democráticos para aprovar uma Constituição reconhecendo direitos diferenciados aos povos originais da Bolívia é o mesmo que tomou, ao arrepio da Lei Maior, a decisão unilateral de ordenar a construção de uma rodovia de aproximadamente 300 quilômetros entre as cidades de Villa Tunari, em Cochabamba, e San Ignacio de Moxos, em Beni, sem considerar que havia o Tipnis no meio do caminho e sem explicar convincentemente os benefícios econômicos e sociais da obra. Nem preocupação ambiental nem respeito aos direitos ancestrais, muito menos consulta direta ao povo.

A decisão de Morales provocou reação de um amplo leque de forças, incluindo não apenas ambientalistas, dentro e fora do país, e os habitantes do Tipnis, mas também organizações indígenas da região oriental da Bolívia, além de ex-integrantes de seu partido, agora organizados no Movimiento Sin Medo. Quebrou-se a momentânea unidade que levou o presidente a eleger-se duas vezes, com maioria absoluta dos votos. Tornou-se evidente que seu projeto de poder se assenta não no heterogêneo conjunto dos povos originários, mas na maioria quíchua e aimara do ocidente boliviano (o Altiplano Andino) e nos produtores de folha de coca da região do Chapare, perto de Cochabamba, zona de plantio ilegal, cuja produção abastece o tráfico de drogas, em tese favorecido pela construção da rodovia. Além, é claro, das Forças Armadas, que Morales soube cooptar com prebendas e benefícios.

No final do ano passado, depois de uma longa marcha em protesto contra a construção da rodovia, organizações indígenas do oriente boliviano foram recebidas com flores em La Paz por milhares de pessoas que saíram às ruas para se solidarizarem com os manifestantes. Pouco antes de chegar à capital, integrantes da marcha foram duramente reprimidos pela polícia e pelo Exército. Na defensiva, Morales teve de recuar e se viu forçado a promulgar uma lei declarando o Tipnis "intangível". Mas o presidente não desistiu. Está empenhado em ganhar um referendo marcado para maio, em que votarão os habitantes da região diretamente afetada, questão controversa, entre outras razões, porque nos últimos anos se avolumaram invasões do parque por cocaleros do Chapare. Acusam Morales de estar comprando apoios com distribuição de benefícios a comunidades específicas para ganhar o referendo. Uma nova marcha de protesto está marcada para 20 de abril.

Nesse cenário politicamente carregado, a imagem do Brasil tem sofrido grande desgaste. É que a construção da rodovia está a cargo da empreiteira brasileira OAS e grande parte do financiamento da obra provém do BNDES (US$ 330 milhões, num total de US$ 440 milhões, uma enormidade para a Bolívia). Há acusações de toda sorte, desde superfaturamento da obra até sua suposta imposição ao governo boliviano para atender ao interesse brasileiro de obter uma saída para os portos chilenos no Pacífico. No ambiente conturbado que se formou, pouco importa a veracidade das acusações. Todas elas conspiram para reforçar a percepção de que o Brasil atua como potência imperial na Bolívia, imagem que tem profundas raízes históricas. Pouco importa também, depois do leite derramado, ter o BNDES congelado o financiamento do trecho que corta o Tipnis e dito que o descongelamento só virá se respeitadas condições ambientais suficientes. Na terça-feira, surgiu um fato novo, mas não surpreendente: Morales anunciou a anulação dos contratos firmados com a OAS para a construção da rodovia, na tentativa de desarmar a marcha de 20 de abril.

O imbróglio deve nos servir de lição. A decisão de financiar a obra com dinheiro do BNDES foi tomada por Lula em acordo direto com Morales. Ao BNDES incumbiu-se o financiamento da obra. À OAS, sua execução, em substituição a outra empreiteira brasileira, a Queiroz Galvão, a qual o governo boliviano acusava de não cumprimento do contrato - como agora faz com a OAS. Que o Brasil se estava metendo num vespeiro era mais do que óbvio. Assim como é clara imprudência nos lançarmos eventualmente à construção de uma hidrelétrica num afluente boliviano do Rio Madeira, promessa de Lula para que Morales aceitasse a construção de Jirau e Santo Antônio, do lado brasileiro do mesmo rio, não obstante os riscos ambientais para a Bolívia.

A lição a tirar é que voluntarismo político e apetite empresarial não fazem boa política externa. Não é fácil operar numa região em que alguns governos se comportam de maneira especialmente idiossincrática. Por isso mesmo, maior prudência e melhor compreensão das dinâmicas políticas locais não fariam mal algum ao Brasil.

Badulaques chineses - HÉLIO SCHWARTSMAN


FOLHA DE SP - 14/04/12

SÃO PAULO - Nesse debate sobre a possível desindustrialização do Brasil está faltando um pouco da concretude do consumidor. Exceto pelos muito, muito, mas muito liberais mesmo, acho que todo mundo concorda pelo menos em princípio que é desejável que o país mantenha indústrias. Mas até que ponto esse objetivo deve ser perseguido?

Não podemos perder de vista os interesses dos 190 milhões de brasileiros que, sem prejuízo de outras funções, são também consumidores.

Se os chineses conseguem produzir uma série de badulaques com mais qualidade e a menor preço do que nossos compatriotas, é razoável privar o consumidor local de usufruir dos ganhos de produtividade obtidos pela indústria chinesa? Milhares de brasileiros já disseram o que pensam, ao viajar para Miami e voltar com as malas abarrotadas com tudo o que carregue uma etiqueta de preço.

A discussão se estende para outros campos. Não tenho nada contra o cinema brasileiro, tampouco o coloco num pedestal. Quando o filme é bom, pago o ingresso com prazer. Mas não gosto da ideia de políticos de Brasília aumentarem minha já elevada mensalidade de TV a cabo criando leis que estabelecem cotas para a produção nacional.

A verdade é que leis de incentivo, subsídios, impostos de importação e barreiras são uma faca de dois gumes. Se usados com sabedoria, podem dar aquele empurrãozinho que faltava para que um setor supere dificuldades iniciais ou transitórias e se estabeleça por conta própria.

O problema é que essas ferramentas quase nunca são usadas com sabedoria, resultando no mais das vezes num incentivo para a ineficiência. Os mais velhos hão de lembrar-se da malfadada reserva de mercado para a informática, que enriqueceu uns poucos e atrasou em alguns anos o desenvolvimento do Brasil. Quem sempre paga a conta é o consumidor e o contribuinte, que, não por acaso, são a mesma pessoa.

Santo Sudário - Jesus ressuscitou? - DOM ODILO P. SCHERER


O Estado de S.Paulo - 14/04/12


Os cristãos acabaram de celebrar a sua Páscoa, proclamando mais uma vez: Jesus Cristo, Filho de Deus, que viveu humanamente e historicamente na Terra, depois de ser condenado à morte na cruz e sepultado, ressuscitou dentre os mortos e vive na glória divina.

Faz sentido que, no contexto da Páscoa, o Santo Sudário, guardado e venerado em Turim, na Itália, tenha sido objeto de notícia. Só para lembrar: na cripta da Catedral da Sé está exposta e acessível à visitação uma cópia do Santo Sudário.

O estudioso inglês Thomas de Wesselow publicou um estudo recente que reabre a discussão sobre a originalidade e a autenticidade do Santo Sudário. No tempo de Jesus, o sudário era um pano, como se fosse um lençol, com o qual se cobria, ou envolvia, o corpo do falecido, depositado no sepulcro. Foi o que fizeram com Jesus, depois de sua morte na cruz: "Depositaram seu corpo, envolto num lençol, num túmulo escavado na rocha" (cf. Mt 27,59-60).

Ao lençol mortuário de Jesus faz referência novamente o relato do túmulo vazio. Pedro entrou no túmulo e constatou que estava vazio, "viu apenas os lençóis" (Lc 24,12). São João relata que Pedro viu no chão, dentro do túmulo, "as faixas de linho" que haviam coberto o corpo de Jesus (cf. Jo 20,6). Seria o mesmo lençol mortuário. E fala ainda de um outro pano, que havia coberto a cabeça de Jesus e se achava enrolado, num lugar à parte.

No Santo Sudário de Turim, venerado como se fosse aquele mesmo lençol mortuário de Jesus, aparecem impressas, como em negativo fotográfico, os traços do rosto e do corpo de um homem morto, com marcas de torturas e violência muito semelhantes, se não idênticas, àquelas impostas a Jesus, conforme descritas nos relatos da Paixão nos Evangelhos. A Igreja Católica, embora tenha grande respeito pela suposta relíquia do sudário de Jesus, nunca empenhou sua autoridade na afirmação da autenticidade do Santo Sudário de Turim.

A origem e a identidade desse sudário foram e continuam a ser objeto de estudos e pesquisas científicas, cujas conclusões ora afirmam que a peça é uma falsificação muito habilidosa de época medieval, ora desmentem esses argumentos, reabrindo a discussão e a hipótese de que possa mesmo ser o sudário original, o que envolveu o corpo de Jesus morto. A discussão científica e histórica é interessante. No entanto, exagera o estudioso inglês, como outros já o fizeram, ao afirmar que o Santo Sudário seria a prova mais cabal da ressurreição de Jesus, à disposição dos apóstolos e dos primeiros cristãos; e seria até mesmo o trunfo mais importante para explicar a extraordinária difusão da fé cristã dos primeiros tempos do cristianismo.

Há aí algumas suposições, que não condizem com os fatos. No início do cristianismo, fora do contexto da ressurreição de Jesus, ninguém mais se refere ao lençol mortuário que cobriu o seu corpo; ao longo de muitos séculos, não há referência a algum suposto lugar onde o sudário estaria guardado, ou seria venerado pelos fiéis. Esse silêncio eloquente ainda não permite concluir pela falsidade do sudário de Turim, mas permite concluir que, por mais preciosa relíquia que fosse, ele não serviu como prova da ressurreição de Jesus, nem teve papel importante na propagação da fé cristã.

O que foi determinante mesmo para a afirmação da ressurreição de Jesus dentre os mortos foram os encontros do próprio Jesus, vivo, com os discípulos, após a sua morte. Diversos desses encontros aparecem relatados no Novo Testamento e foram tão surpreendentes que mudaram de maneira radical a vida desses homens: antes, medrosos e inconstantes na sua adesão a Jesus Cristo e suas palavras; depois, corajosos e determinados a afirmar o que tinham visto e ouvido. E diziam, sem titubeios: Jesus está vivo e veio ao nosso encontro; nós o vimos e estivemos com ele após a sua morte!

No racionalismo moderno, autores famosos afirmaram que os apóstolos eram pessoas ingênuas e influenciáveis, que tiveram alucinações coletivas e imaginavam ver Jesus diante deles; os relatos sobre a ressurreição de Jesus nada mais seriam do que construções literárias, até bem feitas, para transmitir determinados ensinamentos. Mas tudo não passaria de fantasia... Essas teorias são recicladas constantemente, ainda hoje. Há uma tendência, até compreensível, a nos considerarmos mais inteligentes e espertos que nossos antepassados...

No entanto, é só ler com atenção os Evangelhos e os demais textos do Novo Testamento para concluir que, desde o início, a afirmação da ressurreição de Jesus não foi nada tranquila. Os próprios apóstolos, aos quais Jesus se manifestou vivo após a sua morte, não quiseram crer no que viam e tinham diante de si; céticos e incrédulos, resistiram a aceitar, sendo, por isso, censurados por Jesus, pela dureza de seus corações, "porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado" (cf. Mc 16,14). Tomé é o exemplo desse ceticismo: só vendo e tocando pessoalmente em Jesus ele se dispunha a crer. Tudo menos homens crédulos e ingênuos...

Mas, uma vez convencidos da ressurreição de Jesus, eles a proclamaram com firmeza; não temeram afirmar que Jesus está vivo, até mesmo diante das próprias autoridades que haviam tramado a sua morte (cf. At 4,10). Nem as ameaças de prisão, tortura e até de martírio os fizeram calar essa verdade, para eles, inegável: "Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos" (At 4,20).

É preciso dizer, no entanto: a ressurreição de Jesus não é questão de ciência, no sentido corrente. É questão de fé, resultante do firme testemunho dos apóstolos, que a Igreja proclama há 2 mil anos, sem interrupção. Isso, sim, pode ser constatado cientificamente. E significa muito!

O consumo, bem à frente - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 14/04/12


O consumo interno é a lebre; a atividade produtiva, a tartaruga. A diferença de ritmo não se deve apenas ao investimento insatisfatório.

O IBGE mostrou que, em fevereiro, as vendas no varejo cresceram 9,6% comparadas com as de fevereiro de 2011 e 6,7% no período de 12 meses terminado em fevereiro (veja o gráfico). São números deflacionados. Refletem, portanto, evolução física.

Enquanto isso, o PIB segue bem atrás. O governo gostaria que, neste ano, avançasse mais do que 4,0%. E o Banco Central diz que não conseguirá mais do que 3,5%. No entanto, o arrasto de 2011 (quando o PIB avançou apenas 2,7%) parece ser o fator que segue contendo a produção interna.

Há dias, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, vem repetindo que a hora não é mais de puxar pelo consumo, mas de focar o investimento. Com isso, identifica um problema que tem atormentado o governo: o setor produtivo brasileiro vem sendo incapaz de acompanhar o aumento interno da renda.

A situação tende a desequilibrar as contas externas, à medida que o mercado interno se vê obrigado a se suprir cada vez mais de importações de mercadorias e alguns serviços (transportes, seguros, viagens, etc.). Por isso o rombo em Conta Corrente aumenta e tende a crescer. Foi de 1,5% do PIB em 2009; passou a 2,1%, em 2011; e tende a ser de 2,6%, em 2012.

O discurso oficial, de que o déficit cresce porque a indústria não investe e que, assim, não tem condições de suprir a demanda por bens de consumo, está truncado. A indústria não investe por não ter condições de competir com o importado, em consequência do altíssimo custo Brasil - e, para quem preferir, acontece também por causa do câmbio excessivamente valorizado que o governo não vai conseguir puxar para R$ 2,20 por dólar.

O problema é mais profundo. A falta de investimento também é consequência da insuficiência de poupança que, por outro lado, provém da política do governo, que privilegia o consumo em detrimento do investimento. Por trás disso está o entendimento (equivocado) de que basta criar demanda para que o investimento corra atrás. Já se vê que não é assim.

É postura diferente da que ocorre na Ásia. A maioria dos tigres asiáticos, fortes concorrentes do Brasil, poupa mais de um terço do que produz. A China, campeã do mundo, chega a 51% do PIB. Enquanto isso, o Brasil não poupa mais do que 16%. Essa naniquice está na base do baixo desempenho produtivo e da incapacidade do governo de determinar políticas.

Mas, afinal, como poupar mais? Sem focar nesse efeito, durante este governo Dilma a sociedade brasileira acaba de tomar decisão historicamente importante. O Fundo de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp) começará a criar um bolão de poupança que só se transformará em consumo dentro de 30 anos. Iniciativas assim deverão ser multiplicadas pelas administrações estaduais e municipais. Isso não resolve tudo e é ainda pouco, mas pode ser o começo de uma virada também aí se o governo mudasse a atual postura consumista.

Competitividade x protecionismo - KÁTIA ABREU


FOLHA DE SP - 14/04/12

A indústria não é a vítima isolada das terríveis características estruturais da economia brasileira

A IMAGINAÇÃO dos brasileiros tem um longo caso de amor com a indústria. Desde o século 19, progresso e industrialização são perfeitos sinônimos entre nós, e as políticas governamentais, da crise dos anos 1930 até hoje, tratam a indústria como o filho mais sensível e mais querido.

Essa identificação tem razões históricas, pois desde a Revolução Industrial até os anos 1960, os países mais ricos eram os líderes na produção industrial.

No entanto, já na segunda metade do século passado, a vanguarda do desenvolvimento passou para as chamadas sociedades pós-industriais, nas quais os setores de serviços modernos de comunicação, processamento da informação, ensino e pesquisa é que passaram a dar dinamismo às economias.

Cada vez mais, a produção industrial perde participação na formação da renda em todo o mundo, e não apenas no Brasil.

De acordo com dados de uma entidade da Organização das Nações Unidas, a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) mundial caiu de 27% em 1970 para 16% em 2010. No Brasil, tem mantido sua participação na produção industrial global, que era de 1,7% em 2000 e permaneceu nesse nível em 2010. A indústria brasileira tem ainda uma participação de 15% no PIB, relação que a coloca dentro da média mundial.

Essas observações são necessárias para que situemos, no contexto devido, os clamores sobre a desindustrialização do Brasil e as previsões de que estaríamos "regredindo" para o estágio primitivo de uma economia agrário-exportadora, como se o moderno agronegócio brasileiro fosse a mesma coisa que a velha monocultura exportadora de café, que sustentou o país do fim do século 19 até meados do século 20.

Esse é, claramente, um discurso dirigido ao Estado, e pretende servir de base a políticas especiais de proteção a setores que estão perdendo ou nunca tiveram competitividade.

Um fator importante a ser observado é a queda da produtividade da mão de obra na indústria (-0,8%), enquanto na agricultura cresceu 4,3%, entre 2000 e 2009 (Ibre/FGV). Essa foi uma solução encontrada pelo agronegócio para enfrentar o câmbio apreciado. Outro grave fator é o custo unitário do trabalho (CUT), que teve aumento de 150% em relação ao resto do mundo, não só pela apreciação do real mas também pelo forte aumento do salário real.

As dificuldades de produzir no Brasil são evidentes. Isso é verdade para todos e não somente para alguns. Nossa taxa de juros tem sido, por décadas, a mais alta do planeta, e os custos efetivos do crédito para as empresas não têm paralelo no mundo.

A carga tributária que incide sobre as empresas e as pessoas só se compara às velhas economias da Europa Ocidental. Nossa infraestrutura é precaríssima, em virtude do baixo investimento público e dos preconceitos ideológicos, que limitam a participação da empresa privada e do capital internacional.

O grau de formação educacional da população é muito baixo em comparação aos 50 principais países do mundo. Toda a economia brasileira tem uma natural dificuldade de competir com o resto do mundo.

O que se deve extrair dessa realidade não é que alguns setores mais vulneráveis devam ser tratados de modo especial, para não serem afetados pela concorrência.

A indústria brasileira sempre foi protegida da competição externa e a pouca liberdade comercial que existe data de apenas 20 anos atrás. Anos de reserva de mercado para os bens de informática não produziram nada de valioso para a população, somente atraso.

A indústria não é a vítima isolada das terríveis características estruturais da economia brasileira. A cruzada contra os problemas da competitividade precisa ser uma tarefa coletiva e deve se aprofundar na raiz dos problemas.

Políticas especiais para alguns setores implicam deterioração das contas públicas e não trazem a garantia de sobrevivência de longo prazo para os setores favorecidos.

E, pior do que isso, parecem sugerir que desistimos de enfrentar os problemas reais, que atingem a todos nós.

Indústria, desenvolvimento e democracia - JOSÉ LUIZ ALQUÉRES


O ESTADÃO - 14/04/12


Por que não havia democracia no Antigo Egito e não há na Rússia ou na China (velhas ou novas) e na Venezuela? Porque em países patrimonialistas, onde a estrutura de produção é altamente concentrada numa só mão (a do Estado), a classe ou o grupo que toma o poder simplesmente o reparte entre os seus membros e nele se perpetua.

Na América Latina, esse é um fenômeno favorecido na origem por fortes culturas autóctones, como a dos astecas e a dos incas, depois continuado pelo regime colonialista, baseado na extração mineral e em algumas poucas culturas agiícolas, e hoje pelos governos populistas que aqui proliferam.

No mundo inteiro, o patrimonialismo leva à concentração de riquezas em poucas mãos, ao despotismo, à corrupção e ao atraso da sociedade. Por isso os processos de modernização das sociedades sempre têm estado associados ao desenvolvimento da indústria e do comércio, que, incentivando a iniciativa, a criatividade e a liberdade de empreender, fortalecem as sociedades democráticas e livres. Não é por acaso que Atenas, líder comercial do Mediterrâneo, inventou a democracia.

Também não é por acaso a situação de relativa singularidade, em relação a seus vizinhos na América Latina, que desfrutam o Brasil, o Chile e, mais recentemente, a Colômbia. Tal situação decorre de terem estes países uma iniciativa privada razoavelmente estrutura da e uma economia mais aberta e menos unidependente.

Devemos essa conquista a uma forte, porém pouco estudada, vertente empresarial do nosso povo - recentemente reabilitada por Jorge Caldeira em sua História do Brasil por Empreendedores - e aos enormes esforços governamentais e privados para criar uma indústria local, especialmente desenvolvidos no governo JK, nos primeiros anos do regime militar e, posteriormente, refrescados pelas privatizações dos presidentes Fernando Collor de Melo a Dilma Rousseff.

O segmento industrial, pouco expressivo no início do século 20, desenvolveu- se a ponto de representar quase 30% do nosso Produto Interno Bruto( PIB). Com ele, o emprego, a tecnologia, a pesquisa, a ciência, os sindicatos, a classe trabalhadora e as bases da multiplicidade de interesses pessoais, profissionais e empresariais fortaleceram, em sua diversidade, a dura reconquista da democracia pelo povo brasileiro.

Isso,porém, está em pleno retrocesso. Políticas incorretas voltam a nos levar a ter a indústria representando apenas 15% do PIB - por efeito de educação deficiente; logística ineficaz; preços de energia elevados; burocracia governamental inepta; legislação trabalhista retrógrada e contrária ao interesse do trabalhador; carga tributária injusta; e taxa de câmbio estupidamente sobrevalorizada. Em suma, por causa de uma baixa inovação e baixa competitividade.

E isso ocorre num país que, pela facilidade de se abastecer competitivamente de todos os componentes das cadeias produtivas, não tem desculpa alguma-salvo a da ignorância ou curta visão - para se deixar ficar para trás novamente. Estudos recentes de Regis Bonelli, consultor e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no Rio de Janeiro, apontam para que algo na faixa de 22% de participação da indústria no PIB seria o razoável.

O déficit de US$90 bilhões na balança comercial do segmento industrial expressa o desmonte de vários setores industriais por falta de isonomia na competição com o exterior. Significa dizer que voltamos a ser uma fazenda exportadora de produtos de baixo valor agregado. Que não voltemos a ser a correspondente expressão política: um regime centralizador, autoritário, repressor das liberdades e da democracia. Para isso, a reação tem de começar pelo fortalecimento da atividade empresarial moderna e privada, tarefa que requer uma atuação muito mais proativa das associações empresariais e da sociedade.

CLAUDIO HUMBERTO

“Lutaremos para que outros Marcelos não morram impunemente”
Flávio Dino, da Embratur, sobre o indiciamento da médica pela morte do seu filho 

VACCAREZZA É O PREFERIDO PARA A RELATORIA DA CPI

O nome preferido de todos os líderes da base aliada para assumir a relatoria da CPI do Cachoeira é o deputado Candido Vaccarezza (PT-SP), ex-líder do governo na Câmara. Além do respeito de todos, os colegas o consideram injustiçado no episódio em que a presidente Dilma resolveu trocar os líderes do governo na Câmara e no Senado. Político experiente, leal ao PT “lulista”, não será o relator se não quiser.

OUVINDO O CHEFE

Vaccarezza visitará o amigo Lula segunda (16), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Conversarão sobre a relatoria da CPI. 

DEFINIÇÃO

O líder da bancada, senador Gim Argello (DF), já definiu: o senador Fernando Collor (PTB-AL) será um dos dois representantes do PTB na CPI.

MINORIA MESMO

A oposição indicará apenas três dos quinze senadores que vão fazer parte da CPI do Cachoeira. O PMDB e o PT indicarão cinco, cada.

SOBREVIDA

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) acredita em “sobrevida” de Demóstenes Torres se tiver apoio do PMDB, “mas ele vai ter de se humilhar”. 

MP PODE PEDIR A APOSENTADORIA DE DEMÓSTENES

Na hipótese de cassação de mandato e suspensão dos direitos civis do senador Demóstenes Torres (GO) pelo Supremo Tribunal Federal, o colégio dos procuradores do Ministério Público de Goiás avalia recorrer à Justiça para condená-lo a aposentadoria compulsória do cargo de procurador-geral de Justiça de Goiás. Ele está licenciado desde 2001, quando disputou pela primeira vez uma vaga para o Senado, pelo PFL.

ICEBERG

O senador Demóstenes ganhou o apelido de “Titanic” no Senado: é que o naufrágio do gigante “insubmersível” faz 100 anos amanhã (15).

TÁ FEIA A COISA

A GOL nivelou sua qualidade por baixo, com a Webjet, que adquiriu na bacia das almas, e agora cobra pelos lanches vagabundos que serve.

MÃOS AO ALTO

Executivos estrangeiros estão mais seguros na Colômbia que no Brasil, diz a pesquisa anual do Latin Secutity Index. Está em 19° no total. 

LONGE DE LANCHAS

De um ministro bem-humorado, aconselhando a colega Ideli Salvatti: “Se eu fosse você iria esfriar a cabeça em Santa Catarina, neste fim de semana, passeando de lancha...” Resposta: “É ruim, hein?”.

TE CONHEÇO?

Apesar de não constar doação da empreiteira à sua campanha, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), teme danos à imagem, pela amizade com o dono da Delta, Fernando Cavendish. 

CALOR POTIGUAR

Mistério: Márcio Thomaz Bastos tem indo a Mossoró para visitar o seu cliente Carlos Cachoeira, que o STJ manteve preso? Ou manda algum assistente para enfrentar o calor tórrido de 40 graus à sombra? 

ESTRATÉGIA TUCANA

O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), acertou durante almoço com parlamentares, esta semana, que o partido vai atirar no escândalo do mensalão. Quer evitar que CPI de Cachoeira desvie as atenções. 

TOM MENOR

Com a catarata de denúncias contra quase todos os partidos e cargos, a ordem no PT é “baixar a bola” do entusiasmo pelo “tudo ou nada”. Pelo menos nas redes sociais, os mais inflamados esfriam o tom. 

TOQUE DE BOLA

Na quarta, a família Lewandowski foi destaque. Em Brasília, o carioca Ricardo Lewandowski ofereceu voto bem fundamentado contra aborto de anencéfalos. Na Alemanha, um gol de calcanhar do polonês Robert Lewandowski garantiu a vitória do Borussia Dortmund sobre o Bayern. 

SEM PIADAS

Não se deve fazer piadinhas sobre os fracassos atômicos da Coreia do Norte diante da ex-senadora Emília Fernandes (PT-RS), do grupo de brasileiros ilustres que admiram o regime de Pyongyang. Ela fica brava.

À LUZ DO DIA

Após o fim de semana no Rio, a trabalho, um médico precisou voltar no primeiro avião para Brasília, segunda (9). No Santos Dumont, às 6h da matina, cobraram-lhe na Avianca R$ 1.800 (só um trecho). Ele pensou que era assalto e, cumprindo as recomendações, não reagiu, pagou.

PENSANDO BEM...

...Tiradentes não será o único enforcado no próximo 21 de abril. 


PODER SEM PUDOR

SEPARADOS PELA LÍNGUA

Recém-filiado ao PTB e derrotado para vereador na capital gaúcha, Cristophen Goulart, neto do ex-presidente João Goulart, alfinetou a prima, num encontro em Porto Alegre:

– Se meu avô Jango estivesse vivo, não estaria no PDT porque era o partido de Brizola.

A deputada estadual Juliana Brizola (PDT-RS) retrucou, incorporando o “espírito” do avô:

– Não posso dizer em que partido meu tio-avô Jango estaria, mas com certeza não seria no partido do Roberto Jefferson.

SÁBADO NOS JORNAIS


Globo: No Rio, BB e Caixa não estão preparados para reduzir juro
Folha: Por novo Código Florestal, Planalto cede a ruralistas
Estadão: Dilma pede a Lula cautela com CPI do Cachoeira
Correio: Demóstenes ofereceu ajuda do MP de Goiás a Cachoeira
Estado de Minas: Queda de braço por juros mais baixos
Jornal do Commercio: Pernambuco se livra da termelétrica suja
Zero Hora: Concursos em Xeque