terça-feira, agosto 18, 2009

AUGUSTO NUNES

VEJA ON-LINE
SEÇÃO » Direto ao Ponto

A verdade faz a tropa de choque bater em retirada

18 de agosto de 2009

Se Dilma Rousseff tivesse admitido que conversou com Lina Vieira, a tropa formada pelo que há de pior no pior Senado de todos os tempos cuidaria do trabalho sujo com a eficácia habitual. Se conseguiram manter Renan Calheiros em liberdade, prolongar a sobrevida de José Sarney, enforcar a CPI da Petrobras nos trabalhos de parto ou infiltrar Paulo Duque no comando do Conselho de Ética, encontrariam um jeito de inverter a realidade, transformar a ministra em voluntária da pátria e reduzir Lina a inimiga da nação.

Ao jurar que o encontro não existiu, fantasia avalizada por Lula no falatório da segunda-feira, Dilma deslocou o bando para um beco com uma saída só: deveriam provar que Lina não disse a verdade. Quem mentiu foi a ministra, renderam-se às evidências, meia hora depois do início da sessão, a ala dos escroques, o bloco dos cafajestes, o grupo dos sabujos e a oficialidade da base alugada. “A mentira não faz parte da minha biografia”, disse na introdução e repetiu no fecho do depoimento a ex-superintendente da Receita Federal.

Franzina, pouco à vontade no território hostil, assustada com a ferocidade dos buldogues de araque, Lina reafirmou o que disse à Folha de S. Paulo. Reiterou que não recorda a data do encontro, mas ofereceu informações que permitiriam a qualquer investigador estagiário reunir provas materiais conclusivas. Seu nome foi anotado na garagem do Planalto. A caminho do gabinete de Dilma, passou por dois funcionários da Casa Civil. “Não sou invisível”, avisou.

Também o comportamento dos atacantes sem rumo evidenciou quem tem razão. Renan nem abriu o bico. Wellington Salgado fez uma pergunta e perdeu a voz. Almeida Lima esqueceu o script. Romero Jucá suspendeu o interrogatório no meio, avisou que o caso estava encerrado, declarou-se vitorioso e bateu em retirada. O pelotão avançado debandou ao perceber que fora encarregado de uma tarefa delirante retomada por Mercadante: deixar claro que Dilma nada fez de errado no encontro que ela garante não ter existido.

Se “durante o suposto encontro” Lina ouviu da ministra o que lhe pareceu uma irregularidade, insistiu o líder do PT, deveria ter denunciado o caso aos superiores. “Como a senhora não fez isso, cometeu crime de prevaricação”, subiu a voz o inquisidor tão dócil quando ouve ordens de Lula e tão valente ao ouvir a verdade de uma mulher só. Terminado o espetáculo da truculência, o Brasil constatou que o jovem senador de 2002 se transformou num velhaco.

Se, como alega Dilma, não houve nenhuma conversa, Lina só prevaricou na imaginação de Mercadante. Se houve, o que foi dito é muito menos relevante que a reincidência da candidata à Presidência. É o quarto assassinato comprovado da verdade em menos de três anos. Sugerir à chefe do Fisco que socorra o filho do senador em apuros é infração grave. Mentir compulsivamente é pecado capital.

“Uma ministra que faltou com a verdade precisa prestar esclarecimentos ao Senado”, colocou as coisas no rumo certo o senador Tasso Jereissati. Se insistir em recusar a acareação, Dilma estará endossando sem ressalvas as revelações constrangedoras. Diferemente de Lina, ela está proibida de afirmar que a mentira não faz parte da sua biografia.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

VINÍCIUS TORRES FREIRE

A prova do pudim dos bancos


Folha de S. Paulo - 18/08/2009



Qual teria sido o resultado dos bancos privados sem a "rede de proteção financeira" oferecida pela banca estatal?

A QUEDA do lucro da Caixa Econômica Federal suscitou ironias da torcida mercadista, assim como o anúncio dos resultados do Banco do Brasil levantara poeira na facção estatista do debate futebolístico sobre o crédito. A rentabilidade da CEF caiu?
Caiu. Mas está na faixa média, maior ainda que a da maioria dos bancos médios e maiores. A inadimplência é, como a do Banco do Brasil, menor que a de bancos privados. Mas, como as carteiras de empréstimos são diferentes, fica difícil comparar médias. Coisa não muito diferente pode se dizer a respeito das médias de "spreads" divulgadas pelos bancos.
Os índices de eficiência estão sujeitos também à mesma crítica etc. etc. Isto não quer dizer que não seja possível comparar resultados. Mas um trimestre ou semestre apenas é pouco para se chegar a uma conclusão, ainda mais quando se trata de meses de crise. A prova do pudim será, como sempre, comê-lo. De quanto será o lucro no final do ano? Qual a relação entre expansão da carteira de crédito e o resultado? Quanto das provisões (reservas para cobrir perdas) irá de fato para o buraco, quanto será revertido? Quanto da fatia de mercado "comprada" pelos bancos públicos voltará à banca privada?
Mesmo que a divisão do bolo do crédito bancário volte ao que era antes do estouro da crise, alguma coisa pode ter mudado, para inverter a enfadonhamente repetida frase do superestimado Lampedusa. O que mudou? 1) Talvez se comprove que a banca estatal pode oferecer "uma rede de proteção financeira" à banca privada durante crises; 2) Executivos da banca privada atribuem boa parte da queda de lucro e de rentabilidade ao aumento da competição e à queda dos juros básicos.
Desde outubro, os bancos estatais foram responsáveis por 83% do aumento do estoque de crédito. Caso a política dos estatais fosse a mesma dos bancos privados, teria havido mais recessão, mais falências, mais desemprego. Mais calotes. O balanço dos bancos privados teria sido pior. Ou seja, não é possível avaliar o resultado privado sem levar em conta a "rede de proteção financeira" da banca estatal, que ajudou a evitar queda maior no PIB e mais calotes.
É possível argumentar que os estatais ofereceram crédito de modo "insustentável". Isto é, o ganho de parte do mercado teria sido artificial no pior sentido: a agressividade estatal em breve redundaria em perdas que anulariam o efeito provisória e ilusoriamente positivo da manutenção do crescimento do crédito no semestre recessivo. É preciso ser um fundamentalista fanático para acreditar nisso.
De qualquer modo, os dados ainda não estão disponíveis. A prova do pudim virá em novembro, no mais tardar fevereiro. Então será possível saber também se os bancos estatais podem ser um fator permanente de aumento da competição (mesmo que menos intensa que nos meses de crise). Vai se saber ainda se era possível baixar juros e taxas sem prejudicar a saúde financeira de um banco. Como o teriam feito os estatais.
Alguma coisa terá acontecido no coração do mercado bancário brasileiro se, no fim do ano, a "rede de proteção financeira" estatal não mostrar rasgos. Ou caso o esforço competitivo dos bancos estatais não lhes cause um infarto financeiro.

MERVAL PEREIRA

Candidatura em jogo


O Globo - 18/08/2009
Pode parecer estranho o presidente Lula se colocar tão abertamente na defesa da ministra Dilma Rousseff, chegando a desafiar a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira a apresentar provas de que teve realmente o encontro com sua chefe da Casa Civil, no qual teria sido pedido que “agilizasse” a investigação contra o filho do senador José Sarney, o que foi interpretado por Lina como uma orientação para encerrar a investigação. Lula tentou minimizar a discussão, tachando-a de “mexerico”.

Parece estranho, mas não é. O presidente Lula simplesmente joga seus altos índices de popularidade na defesa de sua candidata à sucessão em 2010, que está se tornando com frequência indesejável uma política envolvida com histórias mal contadas.

Desde que, em depoimento no Senado, a ministra Dilma se aproveitou de uma pergunta mal colocada pelo líder do DEM, senador Agripino Maia, e disse que se orgulhava muito de ter mentido enquanto esteve presa, em Porto Alegre, durante a ditadura, porque ajudara a salvar vida de companheiros perseguidos pelos militares, que a questão da mentira a persegue.

Naquela ocasião, ela chegou a se emocionar ao confirmar uma entrevista em que dizia que mentira muito na prisão, e, quase chorando, desmontou o senador oposicionista, que dissera temer que estivéssemos vivendo novamente no Brasil um “estado policialesco” onde a mentira prevalece.

O que era uma tentativa de desestabilizar a ministra foi, ao contrário, um estímulo a que ela exaltasse sua imagem de revolucionária corajosa que, apesar de “barbaramente torturada”, mentira para salvar seus companheiros. Mas, na democracia, discursou a ministra, não havia espaço para mentiras.

De lá para cá, pelo menos dois casos graves antes desse colocaram a ministra em posição delicada, demonstrando que o seu apreço pela democracia e pela verdade pode não passar de retórica.

O caso do dossiê sobre os gastos do governo Fernando Henrique, para rebater investigações oposicionistas sobre os gastos secretos do governo Lula, é típica atitude de autoritarismo.

Denunciada a operação, que confirmava uma afirmação da própria ministra a um grupo de empresários em São Paulo, de que o governo estava recolhendo informações da gestão anterior e que não ficaria parado diante dos ataques, ela se saiu com uma explicação sem pé nem cabeça, dizendo que se tratava apenas de um levantamento de dados, não de um dossiê.

O caso do currículo falso é mais grave, pois a única desculpa que deu foi que não vira o próprio currículo, que estava publicado em sites oficiais do governo e da Petrobras, tendo sido enviado até mesmo para a agência dos Estados Unidos que controla a Bolsa de Valores.

Esse mesmo currículo, informando falsamente que a ministra tinha mestrado e doutorado, fora lido na apresentação do programa “Roda Viva”, da TV Cultura, na presença da própria ministra, que não fez qualquer objeção.

Por isso o caso atual ganha relevância. Não se trata de mero “mexerico”, como quer o presidente Lula. A ser verdade o que a ex-secretária Lina Vieira disse, estamos diante de um crime de servidor público.

Há também um indício de que a ministra Dilma Rousseff tratava pessoalmente da crise em que o presidente do Senado está metido.

Ela esteve na casa do senador José Sarney para orientá-lo a não pedir demissão, num dos momentos mais críticos da crise política, enquanto o presidente Lula estava em viagem ao exterior.

Afinal, como o próprio Sarney e seu grupo apregoam, o que está por trás das denúncias é a eleição de 20
10, em que Dilma desponta como a mais que provável candidata oficial. E o que mais interessa ao Palácio do Planalto é manter o PMDB ao lado da candidatura, dando o vice e os minutos preciosos de televisão.

A ministra Dilma desmente o encontro desde o primeiro momento, com pequenas alterações, e alega que cabe à acusadora provar que o encontro existiu.

Em nenhuma das versões Dilma admite que possa ter havido um mal-entendido entre as duas.

Embora esteja correta, ao dizer que cabe a Lina Vieira provar que fala a verdade, seria muito mais eficaz para o governo, do ponto de vista político, se o Palácio do Planalto divulgasse as imagens dos carros e pessoas que entraram pela garagem do edifício no período mencionado.

Poderia até apresentar o material a um grupo reduzido de deputados e senadores, para manter o sigilo do material. Não liberando as imagens “por questões de segurança”, e nem mesmo emitindo uma nota oficial em que alguém com responsabilidade, como, por exemplo, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Felix, garanta que, revisadas todas as fitas, não foram encontrados registros da presença da ex-secretária no Palácio do Planalto, ficará sempre a dúvida de que não divulgam porque as fitas confirmariam a versão de Lina Vieira.

Do que revelar, ou acrescentar ao que já falou, ou mesmo se retirar alguma coisa, hoje na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, depende a sorte de Dilma Rousseff, que não colheu bons resultados na mais recente pesquisa do Datafolha, que a mostrou parada no mesmo ponto, em empate técnico com Ciro Gomes, que almeja ser o candidato do PSB à sucessão de Lula.

O que torna verossímil a versão da ex-secretária da Receita é que ela é petista, e foi demitida do cargo por motivos que ainda não ficaram claras. Na entrevista à “Folha de S. Paulo” em que relatou o encontro, parece claro que Lina quis se vingar, dando a entender que fora demitida por não ter atendido ao pedido/ordem da ministra toda-poderosa.

Mas a vingança pode também ser a motivação para uma mentira.

GOSTOSA


CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR

JANIO DE FREITAS

Suspeita nuclear


Folha de S. Paulo - 18/08/2009


Há muito está comprovada a insuficiência da garantia de que a França não passará tecnologia nuclear ao Brasil


A SUSPEITA DE que a França passaria em segredo a tecnologia nuclear para um submarino brasileiro, tal como fez para Israel produzir bombas nucleares, emerge como a possibilidade de explicação racional para as estranhíssimas circunstâncias e o custo gigantesco da transação com submarinos que o Brasil negocia na França.
A transferência de tecnologia nuclear fere acordos internacionais, inclusive compromissos com a ONU, tanto por parte de quem proporcione como de quem receba as informações tecno-científicas.
Nem por isso o então presidente De Gaulle deixou de surpreender-se ao descobrir que seu país instruíra os israelenses. Assim como o também presidente Kennedy, com informações de seus serviços secretos, foi ludibriado quando quis ver a central nuclear de Israel: montaram às pressas para mostrar-lhe, confiantes em seu desconhecimento específico, as aparências de uma central para uso civil -e, desde ali, Kennedy e seu governo passaram a defender Israel das acusações de nuclearização transgressora. Estes fatos estão documentados, embora também mantidos em quase segredo pela historiografia e pelo jornalismo.
O Paquistão e a Índia são dois outros exemplos de nuclearização transgressora, o primeiro por intermédio dos Estados Unidos; a outra, da União Soviética depois Rússia.
O acordo básico assinado pelos presidentes Lula e Sarkozy é explícito na afirmação de que os fornecimentos pelos franceses não envolverão transferência de conhecimentos nucleares. Mas há muito está comprovada a insuficiência de tal garantia.
O alarme inicial com o acordo não decorreu, porém, de suspeita nessa linha. Começou com a data de sua assinatura: 23 de dezembro de 2008. Claro que com o mínimo de repercussão e curiosidade, a data foi vista como propósito de manter despercebido um acordo de fins militares neste país que proclama o pacifismo absoluto. Com a nova suspeita, a data passa a ser vista como mais condicionada pela distração natalina exterior.
O acordo, cuja assinatura final está planejada para 7 de setembro, incluirá quatro submarinos da classe Scorpène, ao preço de 1 bilhão de euros cada um. Ou uns R$ 2,7 bilhões cada um no câmbio atual, mas, por certo, bem mais quando o câmbio for reposto em níveis racionais e não especulativos. São submarinos pequenos e simples, de 1,5 tonelada, desprezados para compra em toda a Europa e não usados nem pela própria França.
Essas características conduzem a um aspecto importante da transação. O Scorpène foi descartado pelo alto comando da Marinha, nos estudos concluídos há dois anos, para ampliação da frota brasileira de submersíveis. A escolha recaiu na conveniência, por técnica militar e de engenharia, de acrescentar submarinos da mesma linhagem dos quatro já existentes, construídos no Brasil, consideradas apenas as modificações por inovação. A escolha previu, como conviria ao Brasil, menos da metade do custo, por unidade, previsto no acordo com a França.
O pacote inclui ainda um casco de submarino nuclear -só o casco, com nuclearização a ser criada pelo Brasil daqui a 10 a 20 anos- e a exigência de construção de uma base naval com novo estaleiro (o Arsenal de Marinha já tem) a serem construídos, obrigatoriamente, pela empreiteira Odebrecht e sem licitação. Um pacote de quase 7 bilhões de euros que, no câmbio atual, vão a cerca de R$ 20 bilhões, mas na recuperação do euro irão até não se sabe onde.
A Comissão de Defesa Nacional prevê para hoje a audiência antes marcada para dia 19. A figura central, ministro Nelson Jobim, recusa a ida "por compromissos". Embora a audiência e sua presença estivessem agendadas há um mês e, no dia 26, ele tenha marcada outra audiência na Câmara, mas a porta fechada e sobre as bases da Colômbia para os Estados Unidos, sem questões sobre submarinos. Nem o comandante da Marinha, designado para substituir Jobim hoje, comparecerá. Dispôs-se a falar sobre o submarino nuclear, mas não sobre os quatro convencionais e o restante do pacote francês. A explicação é que não se trata de assunto militar, mas político. O comandante da Marinha integrou o alto comandou que elegeu, para a Armada, submarinos diferentes dos negociados por Nelson Jobim e Lula.
A exigência de base e estaleiros novos, feitos sem licitação por empreiteira de tradições conhecidas, e o preço multiplicado das unidades navais alimentam a suspeita com a possibilidade de divisão, entre os diferentes equipamentos e serviços, de sobrepreço que remunerasse um fornecimento não declarado. E não declarável.

INFORME JB

Pelo poder, todos· contra o PMDB


Jornal do Brasil - 18/08/2009

PTB, PT e PCDOB uniram-se para não deixar o PMDB ganhar mais espaço no Palácio do Planalto – o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), almeja o cargo de ministro das Relações Institucionais. Para tanto, está em andamento uma manobra do trio, em conversas com o presidente Luiz Inicio Lula da Silva. Aos fatos: José Múcio troca o governo pelo TCU. O PTB, neste caso, ganha a vaga no tribunal e abre caminho para Cândido Vacarezza (SP), hoje líder do PT, assumir o ministério. Para o lugar de Vacarezza, Henrique Fontana, líder do Governo na Câmara. E, para barrar a ascensão de Alves e acalmar os comunistas, Aldo Rebelo (SP) substitui Fontana. Agora, só falta aguardarem o sinal de Lula.

Petismo

Com a iminente saída do ministro Tarso Genro da Justiça, no fim do ano - ou mais tardar em fevereiro - cresce no PT a disputa não só pelo cargo mas também pela secretaria executiva, sob o comando de Luís Paulo Barreto, desde os idos da gestão FHC.

Petismo 2

Mais cotado para substituir Tarso é o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP). Será, dizem nas hostes do partido da estrela, a compensação pela futura derrota na campanha pela presidência do PT. A conferir.

Ensaio

Ministra Dilma Rousseff, prepare os ouvidos. O sábado vai ferver em Aracaju, dia de encontro dos governadores José Serra (SP), Aécio Neves (MG) e Téo Vile1a (AL), no encontro regional e temático do PSDB: Desenvolvimento Urbano e Inclusão Social. Palanque certo. Para os três.

Caçador de pipas

A Assembleia do Rio vota hoje projeto de lei do deputado Paulo Ramos (PDT) que cria a Semana Educativa sobre a Arte de Soltar Pipa. Abre até caminho para a instalação de espaços para recreação, uns tais pipódromos.

Rei peão

Nos 50 anos de carreira, o cantor Roberto Carlos abriu mão dos auditórios. Faz show até na arena da festa do Peão em Barretos (SP),dia 23.

Peluso e CNJ

O ministro do STF Cezar Peluso corre o risco de não ser o futuro presidente do Conselho Nacional de Justiça. Passou dos 65 mos e não pode, com a redação atual da Constituição, assumir o cargo.

Tiroteio

O presidente do Cade, o jovem Artur Badin, balança no cargo. Está na mira de setores do governo, por conflitos com os órgãos - que o diga o advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli.

Passe livre

Os advogados do Rio ganharam passe livre para visitar o Fórum. Não vão mais ser vistoriados na entrada - motivo de críticas da classe. A OAB fluminense e o presidente do TJ, desembargador Luiz Zveiter, anunciam hoje o fim da "revista discriminatória".

Lembrete

A Associação Brasileira de Recursos Humanos prorrogou até o dia 31 prazo de inscrição para empresas do estado do Rio participarem da 29ª edição do Prêmio Gestão com Pessoas Luiz Carlos Campos.

BUNDAS EM ABUNDÂNCIA

ELIANE CANTANHÊDE

Circuito vertiginoso


Folha de S. Paulo - 18/08/2009

Quer dizer que, dos três apartamentos dos Sarney na alameda Franca, em São Paulo, dois foram presentes de velhos amigos da família, donos de empreiteira/imobiliária?
Os dois imóveis estão ou não no nome dos Sarney, que moram ou frequentam ambos?
O pagamento foi à vista, com cheques da empresa entregues por uma das suas sócias para os dois vendedores dos imóveis, em momentos diferentes?
Daí a mesma empreiteira mudou de nome e venceu um leilão do Ministério de Minas e Energia para construir duas usinas termelétricas em Tocantins?
Bem, a mesma empresa, além de vencer o leilão, ganhou de brinde um pacote de isenção fiscal do ministro Edison Lobão?
O ministro Edison Lobão não é aquele que foi colocado no MME pelo senador José Sarney?
O projeto passou da tal empresa dos amigos para uma outra, do Maranhão, e acabou nas mãos de uma terceira, também do Maranhão e que tem a Telemar como sócia?
E, no final das contas, a empreiteira que doou os dois apartamentos para os Sarney acabou não construindo usina nenhuma?
Alguém tentou ser muito esperto nessa história contada pelo repórter Rodrigo Rangel. Mas os trouxas, que pagam a conta, começam a ficar espertos também. Segundo o Datafolha de domingo, 74% defendem a saída de Sarney da presidência do Senado. Devem ver bons motivos.
Pagar R$ 12 mil mensais do mordomo com dinheiro do Senado, empregar a parentada e seus namorados sem concurso e estar às voltas com a PF é feio. Mas o que dizer desse circuito apartamentos-leilão-isenção-obras não feitas? Em discurso ontem, Sarney resumiu tudo: ele está sendo acusado de se hospedar na casa do filho em São Paulo, em vez de ser elogiado por economizar o dinheiro do Senado em hotel. Incrível. Definitivamente, ele não é um "cidadão comum".

BRASÍLIA - DF

A volta de Palocci


Correio Braziliense - 18/08/2009




O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conta os dias para o julgamento do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci Filho pelo Supremo Tribunal Federal (STF), previsto para 26 de agosto, no caso da quebra do sigilo do caseiro Francenildo Santos Costa. Caso seja absolvido, como é a expectativa do advogado de defesa, José Roberto Batochio, Lula pretende convocar o petista para o ocupar o lugar do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB), que deve ser indicado para uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU).

***
Palocci manteve intacto o prestígio com o presidente Lula, mas nem por isso tem o seu apoio para ser candidato ao governo de São Paulo, como gostaria e já revelou aos aliados. A resistência ao seu nome na máquina partidária é grande. Lula prefere Palocci no Palácio do Planalto por dois motivos: primeiro, com amplo trânsito na Câmara, facilitaria a vida do atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, que coleciona derrotas no Congresso; segundo, seria um grande articulador da candidatura da ministra Dilma Rousseff perante o mundo empresarial, sobretudo o paulista. Ou seja, quer Palocci ao seu lado até o fim do governo.

Troca


O governador Jaques Wagner confirmou ontem a indicação do engenheiro James Correia, ligado ao PT, para a Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração; e do deputado federal João Leão (PP) para a Secretaria de Infraestrutura. O nome do novo secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação ainda não foi definido, mas deve ser indicado pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT). Três secretários ligados ao PMDB deixaram o governo após o rompimento entre o governador petista e o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima.

Contrabando// Relator da MP 462, o deputado Sandro Mabel (PR-GO) tenta ressuscitar seis propostas que já foram vetadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no bojo de medidas provisórias anteriores. Entre elas, isenção de PIS/PASEP e da Cofins para fabricantes de biodiesel e revisão da dívida previdenciária dos municípios.

Combinado



O ex-governador Germano Rigotto (foto), do PMDB, avisa que pretende definir sua candidatura ao governo do Rio Grande do Sul até dezembro, independentemente dos rumos da crise no governo da tucana Yeda Crusius. O peemedebista avalia que não haverá aliança do PMDB com o PT na disputa pelo governo estadual e garante que entrará em acordo com o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, para que um apoie o outro quando o PMDB escolher seu candidato. “Será aquele que estiver em melhores condições para a disputa.”

Pilatos


O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), pretende manter os senadores petistas Delcídio Amaral (MS) e Ideli Salvatti (SC) como suplentes do Conselho de Ética, sem nomear os titulares. Alinhados com o presidente Lula, juntamente com o senador João Pedro (PT-AM), votarão pelo arquivamento dos processos contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), apesar de a maioria da bancada defender o afastamento do cacique maranhense.

Rebelde



O governador Sérgio Cabral (PMDB) teme levar uma vaia, hoje, na inauguração das obras do PAC no bairro do Cabuçu, em Nova Iguaçu, cidade administrada pelo petista Lindberg Farias (foto). Os dois estarão no mesmo palanque, ao lado do presidente Lula, mas vivem momentos de tensão. Cabral é candidato à reeleição, mas o ex-presidente da UNE se lançou ao Palácio Guanabara. Porém, quem promete estragar a festa é a turma do ex-governador Anthony Garotinho (PR), desafeto de Lula e do governador fluminense.

Pimenta/ Depende do Ministério do Exército a liberação da venda de spray de pimenta para uso da população civil como arma de autodefesa. O produto já é fabricado no Brasil pela Condor Tecnologias e será lançado na ExpoBrasília, de 25 a 27 de agosto. Nos Estados e Unidos e na França, sprays de pimenta são vendidos em farmácias. As mulheres são as principais compradoras.

Pressão/ Relator do PL do Cade, que discute os limites da atuação das agências reguladoras, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) pressiona a Anatel para avaliar o plano de estabilidade que a Telefonica elaborou e executou após a suspensão das vendas do Speedy, em junho. Segundo o parlamentar, o atraso já causa desemprego no setor em São Paulo.

Estrada/ Atenção, ecologistas: a Câmara realiza audiência pública, hoje, sobre a construção da polêmica BR-156, no Amapá. Participam dos debates os ministros dos Transportes, Alfredo Nascimento, e do Meio Ambiente, Carlos Minc; o presidente do Ibama, Roberto Franco; e o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot.

Devassa


O Tribunal de Contas da União (TCU) sorteou mais 60 municípios que serão incluídos no programa de controle dos gastos de recursos federais. Desde 2003, o órgão já fiscalizou a aplicação de
R$ 17,2 bilhões transferidos pela União às prefeituras.

MÍRIAM LEITÃO

Terreno instável

O GLOBO - 18/08/09

Foi um início de semana típico de crise. O Japão anunciou um inesperado número positivo no segundo trimestre, depois de a Alemanha e a França terem feito o mesmo na semana passada. E o que aconteceu? As bolsas caíram. Isso lembra a todos que o mundo ainda se move em terreno instável. A boa notícia é que o Brasil parece que ficará entre os países com número positivo no segundo trimestre.

O economista José Roberto Mendonça de Barros disse que sua consultoria está prevendo que no dia 10 de setembro o dado divulgado pelo IBGE será de 2% de crescimento do PIB, ainda que isso signifique uma retração de 1,2% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. José Roberto acha que o Brasil está no grupo dos países que saem mais cedo da crise por não ter tido crise bancária.

— Está havendo uma cacofonia na economia internacional.

Alguns países crescendo forte como China, Índia, Indonésia, Vietnã.

Alguns países saindo da recessão e tendo números positivos mais cedo do que se esperava, como Japão, Alemanha e França. Os Estados Unidos com um consumo ainda fraco mas tendo um número positivo do PIB no terceiro trimestre, e outros países muito mal, como a Rússia — explicou.

De qualquer maneira, as bolsas caíram em todo o mundo. Tóquio recuou 3,10%, no pior dia dos últimos cinco meses. Xangai tombou 5,79%, no pior resultado do ano. No Brasil, o Ibovespa recuou 2,5%. A mudança de humor foi provocada pela China. Depois de ver o crescimento do PIB saltar de 6,1%, no primeiro trimestre, para 7,9%, no segundo trimestre, muita gente apostou que haveria uma grande aceleração até o final de 2009. Essa alta do PIB chinês puxaria o crescimento mundial, principalmente dos países vendedores de commodities.

Mas ontem a ficha parece que começou a cair. Apesar de ainda estar com ritmo forte de crescimento — já que 8% de alta não é pouca coisa — a aceleração não será tão forte quanto parece porque o comércio global e principalmente o consumo americano continuam fracos. Ainda na madrugada do Brasil, empresas chinesas já estavam despertadas para o fato de que há vários problemas no país: anunciaram que não enxergavam crescimento robusto nos próximos meses, mas uma manutenção do ritmo atual. O Investimento Estrangeiro Direto na China caiu pelo décimo mês seguido, em julho. As exportações e as importações recuaram pelo nono mês consecutivo.

Há dados muito bons na economia mundial, e há outros preocupantes. Momento de transição ainda. Os piores riscos ficaram para trás, mas nem todos foram ainda superados. O Japão ter 0,9% de crescimento no segundo trimestre é um resultado realmente excelente. Na pesquisa feita pelo “Japan Times” com as 108 maiores empresas do país, 66% disseram que a recuperação começaria no final do ano. Só 12% já acreditavam num resultado positivo.

Além do mais, Japão e Alemanha estão se recuperando mais rápido em parte porque voltaram a exportar e isso é uma boa notícia que vai além das fronteiras das duas máquinas exportadoras. Mesmo assim, há sustos em outras áreas. A China foi puxada em parte por forte investimento das estatais, que pode ter formado uma bolha.

— A grande dúvida é a sustentabilidade da melhora.

O mundo também se pergunta o que vai acontecer quando acabarem os efeitos das medidas de estímulo fiscal — disse José Roberto.

O fato evitou o aprofundamento da recessão com fortes anabolizantes. Manter a forma sem eles é que será o teste definitivo.

Na visão do Departamento de Estudos Econômicos do Bradesco, a decepção com o ritmo de aceleração do crescimento chinês foi um dos fatores que provocaram o dia de realização nas bolsas: “Muitos analistas projetaram crescimento acima de 9% para o PIB chinês em 2009. Mas para que isso aconteça, o país teria que acelerar muito fortemente no segundo semestre.

O que estamos vendo até agora é uma acomodação nesse patamar de 8%. Isso não significa que seja um resultado ruim, mas é uma quebra de expectativa em relação ao que muitos economistas haviam previsto”, disse o Bradesco.

José Roberto acha que a crise mostra que os países que têm mercado interno forte, e que não tinham crise bancária, estão retomando o crescimento mais rapidamente.

O Brasil é um desses. Tanto que depois de dois trimestres ruins, o país colherá um número positivo no segundo trimestre deste ano. E ainda que não cresça em 2009, vai ter, na visão de José Roberto, 4% de crescimento no ano que vem. Vários analistas estão revendo para cima as previsões de alta do PIB de 2010 para o Brasil.

Para José Roberto, uma das boas notícias no mundo é que ninguém está piorando: — Alguns estão crescendo, alguns melhorando e ninguém piorando. Mas países como a Espanha, México e Rússia não vão nada bem — afirmou.

A Carta Econômica Galanto, do economista Dionísio Dias Carneiro, chama a atenção para o fato de que a maior parte da melhora é devido aos estímulos financeiros, mas a recuperação ainda não está sendo puxada pela recuperação do consumo.

É isso. O mundo continua em transição, de uma grave crise, para a recuperação.

No atual momento dessa transição o mundo ainda pisa em terreno instável.

GOSTOSA


CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

PARA....HIHIHIHI

O CRIADOR

DEUS CRIOU O BURRO E DISSE:

Trabalharás incansavelmente de sol a sol, carregando fardo nos lombos.
Comerás capim, não terás inteligência alguma e viverás 60 ANOS.
SERÁS BURRO
O BURRO RESPONDEU:
Serei burro, mas viver 60 ANOS é muito, Senhor.
Dá-me apenas 30 ANOS
Deus lhe deu 30 ANOS.

DEUS CRIOU O CACHORRO E DISSE:

Vigiarás a casa dos homens e serás seu melhor amigo.
Comerás os ossos que ele te jogar e viverás 20 ANOS.
SERÁS CACHORRO
O CACHORRO RESPONDEU:
Senhor, comerei ossos, mas viver 20 ANOS é muito.
Dá-me 10 ANOS.
Deus lhe deu 10 ANOS.

DEUS CRIOU O MACACO E DISSE:

Pularás de galho em galho, fazendo macaquices, serás divertido e viverás
20 ANOS.
SERÁS MACACO
O MACACO RESPONDEU:
Senhor, farei macaquices engraçadas, mas viver 20 ANOS é muito.
Dá-me apenas 10 ANOS.
Deus lhe deu 10 ANOS.

DEUS CRIOU O HOMEM E DISSE:

Serás o único ser racional sobre a face da Terra, usarás tua inteligência
para te sobrepores aos demais animais e à Natureza.
Dominarás o Mundo e viverás 30 ANOS.
O HOMEM RESPONDEU:
Senhor, serei o mais inteligente dos animais, mas viver 30 ANOS é muito
pouco.
Dá-me os 30 ANOS que o BURRO rejeitou, os 10 ANOS que o CACHORRO não quis, e também os 10 ANOS que o MACACO dispensou.

Está bem…
Viverás 30 ANOS como HOMEM.
Casarás e passarás a viver 30 ANOS como BURRO, trabalhando para pagar as contas e carregando fardos. Serás aposentado pelo INSS, vivendo 10 ANOS como CACHORRO, vigiando a casa.
E depois ficarás velho e viverás mais 10 ANOS como MACACO, pulando de casa em casa, de um filho para outro, e fazendo macaquices para divertir os NETOS…


ENVIADA POR HELENA

MARCOS NOBRE

Quiproquó


Folha de S. Paulo - 18/08/2009


JOSÉ SARNEY ficou. E o recado é: político agora só tem de prestar conta do que faz em época de eleição. Não é mais apenas um deputado do baixo clero que "se lixa" para a opinião pública, mas todo o sistema. Incluindo o Executivo, que banca Sarney, e o Judiciário, responsável pela censura imposta ao jornal "O Estado de S. Paulo".
O eleitorado que espere a sua vez. Enquanto isso, pode se contentar com as duas explicações subentendidas que vêm com essa atitude. Primeiro, era necessário parar com a guerra de denúncias, porque, do contrário, iria acabar em punições e muito pouca gente escaparia da degola. Além disso, não há mesmo quadros muito melhores do que os atuais. Em suma, por falta de opção, a grande maioria vai acabar se reelegendo em 2010.
Quem viver verá. Mas o fato é que, nessa batida, a política passou a girar quase que exclusivamente sobre seu próprio eixo. É um registro descolado da vida social, um registro infernal, em que tudo o que se diz e tudo o que se faz serve apenas para outra coisa que não o que se diz e o que se faz. É um mundo de quiproquó.
O próximo círculo do quiproquó é a CPI da Petrobras. A oposição decidiu pôr o foco na estatal porque recebeu informações de conselheiros do Tribunal de Contas da União (onde tem ampla maioria) de que encontrar irregularidades ali seria jogo jogado. Quer também evitar que se repita em 2010 a tática de Lula na eleição de 2006, quando Geraldo Alckmin foi acuado por supostamente querer privatizar a companhia.
E, por fim, pretende provar que o PT colocou a estatal a seu serviço, o que mostraria que o partido não respeita o patrimônio público e é ineficiente ao governar.
O PMDB, como sempre, é de uma simplicidade brutal: instalou a CPI para obrigar o PT a ficar com Sarney. E, mantendo a coerência e as vistas largas que o caracterizam, está sempre à cata de novo material para chantagear o governo. Já o governo fez coincidir a instalação da CPI com o anúncio da decisão -tomada muito tempo antes- de criar uma estatal específica para as jazidas da camada pré-sal.
E deu início a um debate nacional e internacional sobre a exploração das jazidas que consegue ser ainda mais complexo e crucial do que todas as finadas reformas tributárias. A ideia é engolir a CPI, arrastando a discussão mais ampla enquanto ela durar.
O debate mesmo não tem muita importância. Afinal, não se pode nem dizer que estejam jogando para a plateia. O que decidiram oferecer à plateia foi uma algaravia que só faz sentido para quem está de fato se lixando para a plateia.

ISSO NÃO VAI DAR CERTO!


O Bom Colesterol e o Mau Colesterol

CLÓVIS ROSSI

A roleta rola de novo


Folha de S. Paulo - 18/08/2009

A economia japonesa cresceu 0,9% no segundo trimestre na comparação com o período imediatamente anterior, o que significa o fim da pior recessão desde a Segunda Guerra (1939/45). Logo, a Bolsa japonesa subiu poderosamente, puxando consigo as Bolsas asiáticas, certo?
Errado, muito errado. Foi exatamente o inverso: a Bolsa japonesa recuou 3,1%, enquanto a de Xangai, na China, desabava (caiu perto de 6% -ou, exatamente, 5,8%).
Qual é a explicação para essa aparente contradição? Nenhuma que realmente se aproveite. Agências de notícias e os on-line da vida correm atrás dos suspeitos de sempre, os chamados analistas de mercado, que chutam o que lhes vem à cabeça, o que acabará sendo reproduzido sem a menor hesitação nos jornais do dia seguinte.
Parecem oráculos, embora digam, por exemplo, que o problema são "persistentes desconfianças" em relação à situação da economia chinesa, por mais que, nas semanas anteriores, os tais analistas (de repente os mesmos de agora) babassem na gravata diante do vigor do crescimento da China.
Se as dúvidas são "persistentes", como explicar as espetaculares altas nas Bolsas de quase todo o mundo, inclusive China e Japão, nas semanas anteriores?
Lembro que o segundo trimestre terminou em junho. Estamos na metade de agosto. Portanto, o Japão já saiu da recessão faz mês e meio, a China já voltou ao crescimento gordo faz mês e meio. Só agora desconfia-se da solidez da economia chinesa e da continuidade da recuperação japonesa?
Amanhã ou depois, as Bolsas asiáticas subirão de novo, e os "analistas" (de repente os mesmos) arquivarão ao menos por algum tempo as "persistentes desconfianças", sejam quais forem.
Depois reclamam quando se diz que os mercados não passam de um grande cassinão.

PAINEL DA FOLHA

Lina e o calendário

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 18/08/09

Em seu depoimento de hoje à CCJ do Senado, a ex-secretária da Receita Federal Lina Mara Vieira deve se concentrar em precisar a data ou pelo menos o intervalo de tempo no qual ocorreram os encontros que afirma ter mantido com Erenice Guerra e, depois, com Dilma Rousseff, que teria lhe pedido para apressar investigação sobre empresas da família Sarney.
A oposição espera que ela forneça as datas de cada uma das reuniões, para que possam ser confrontadas com os registros de entrada de visitantes no Palácio do Planalto. Já os governistas tentarão desconstruir a credibilidade de Lina, caracterizando-a ora como incompetente, ora como vingativa ou desequilibrada.

Acompanhada - Lina chegou ontem pela manhã a Brasília. Viajou com o marido.

Chutando o balde - Vice-presidente da CCJ, Wellington Salgado (PMDB-MG) chama Lina de ‘Protógenes da Receita’: ‘Daqui a pouco ela é candidata’, afirma o cabeludo senador, que não irá ao depoimento. ‘Para tratar de diz-que-diz, é melhor chupar uma manga no quintal com com minha mãe e minha tia, que eu me divirto mais.’

Maioria... - José Sarney (PMDB-AP) e aliados, aí incluído o Palácio do Planalto, passaram semanas a repetir que a crise no Senado ‘não chega ao povão’. O novo Datafolha, porém, mostra que os escândalos são conhecidos por 68% na faixa que recebe até dois salários mínimos.

...absoluta - Nesse mesmo segmento, 67% defendem o afastamento temporário ou definitivo de Sarney da presidência do Senado.

Tal e qual - Como Sarney, que ontem discursou contra a ‘prática nazista’ da qual seria vítima, o então presidente do Senado Renan Calheiros dizia, em setembro de 2007: ‘Jornalismo como este é nazismo. Mentiras para sustentar campanha persecutória’.

Resta um - Senadores que ouviram o desabafo de Sarney ontem no plenário sentiram falta de alguma explicação sobre por que sua família usa o terceiro apartamento no prédio da alameda Franca, sobre o qual ele nada declarou.

Nem um pio - Também foi notado que, em sua nova explicação, Sarney não disse palavra sobre o fato de o ex-diretor de Recursos Humanos Ralph Siqueira ter afirmado que o presidente sabia da existência dos atos secretos.

Barriga cheia - Petistas que defendem a opção Ciro Gomes (PSB) para vice na chapa de Dilma Rousseff argumentam que, depois do apoio dado por Lula ao encrencado Sarney, o PMDB teria de se dar por satisfeito e não reclamar essa vaga.

Pilha - Opinião quase consensual sobre o Datafolha: se a pesquisa nacional animou Ciro, o levantamento sobre a sucessão paulista fez o mesmo por Marta Suplicy (PT).

Domicílio - Ainda que venha a disputar a Presidência, e não o Palácio dos Bandeirantes, Ciro está inclinado a transferir seu título de eleitor do Ceará para São Paulo.

Tour - A Vale levará Ana Júlia (PT) ao Rio de Janeiro para conhecer a CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico). Quer mostrar à governadora as etapas e a complexidade da obra. Ela reivindica uma siderúrgica da empresa no Pará.

Empurra - Advogados de Yeda Crusius (PSDB) tentam a todo custo alterar a ordem dos depoimentos das testemunhas à Justiça no processo criminal da Operação Rodin. O objetivo é impedir que a governadora fale amanhã em Porto Alegre. Syua defesa teme conflito de versões quando começarem as oitivas da nova CPI na Assembleia.

Emergente - O PTB de Gim Argelo chegará a oito senadores. O ‘demo’ Jayme Campos (MT), que sempre flertou com a base aliada, vai se licenciar e dar lugar ao segundo suplente, o neopetebista Osvaldo Sobrinho. Argelo planeja filiar ainda outros dois senadores. O assédio inclui o PMDB, planeta em torno do qual o PTB orbita no Senado.

Tiroteio

Se o presidente quer mesmo chegar à verdade do episódio, poderia começar cedendo as fitas de vídeo da segurança do Palácio do Planalto.
Do senador JOSÉ AGRIPINO (DEM-RN), sobre o desafio feito por Lula a Lina Vieira; segundo ele, a ex-secretária da Receita tem de mostrar sua agenda para provar que se encontrou com Dilma Rousseff.

Contraponto

Ninguém me quer

No dia da famosa sessão em que Renan Calheiros subiu à tribuna e abriu fogo contra os adversários, monopolizando as atenções no Senado, Romero Jucá apareceu desanimado no cafezinho anexo ao plenário, depois de apresentar em PowerPoint seu plano de trabalho como relator da CPI da Petrobras.
- A que ponto chegamos! - desabafou, enquanto perguntava pelos sabores disponíveis de suco.
- Acerola, maracujá.. - foi recitando o garçom.
- Maracujá, é esse mesmo que eu quero! E pensar que eu caprichei tanto naquele PowerPoint.

GOSTOSA


CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR

ARNALDO JABOR

O universo é muito chato

O GLOBO - 18/08/09

Vamos combinar: o universo é chato pra cacete. Telescópios não param de olhar e só veem a mesma coisa: energia virando matéria e vice-versa, buracos negros, galáxias aos bilhões, explosões sem fim e nem uma colherzinha de chá de "sentido", nada. Quanto mais se procura, menos se acha. Isso acontece porque, por trás de "achar", há a ideia de que "algo" ele será. Ou seja, o universo não é o que é, mas sim outra coisa que não sabemos. Não dá nem para dizer "é", pois o que significa essa palavrinha? O universo não é redutível a um sentido. Ao pensar, com tempo e espaço, já estamos "criando" sentido, fazendo o mistério caber em nosso parco entendimento. Que significam nossas palavras e conceitos? São gemidos diante de algo inatingível, pois não há o que atingir. Kant é imbatível.

Hoje, estou "filosófico" porque fico olhando as galáxias de um livro que ganhei para esquecer os horrores da política dos micróbios que nos assolam. De um lado, a galáxia de 13 bilhões de anos-luz; do outro, os três porquinhos senadores. E, se Sarney é escritor, por que não posso ser filósofo? Pois li também (adoro) textos como o "universo elegante", sobre a teoria das cordas; não entendi nada, mas li também sobre Big Bang e Big Crunch e ouso dizer que acredito no Big Crunch. Agora, provou-se que o universo tem massa, mesmo no vácuo, pois ele é preenchido por "neutrinos", mínima partícula elementar que tem massa e pode atravessar "milhões de milhas de chumbo sem ser notado; ele deve ser a matéria escura que enche o universo todo", gemem os cientistas, cegos de tanta evidência misteriosa.

E foi então, senhores, que eu tive a iluminação: Big Crunch não é nome de sanduíche do McDonald’s. É o destino do universo.

Por segundos, entendi o infinito, como o personagem de Borges no "Aleph"!

Pois aqui vai, então, o sentido da vida. O neutrino é um dos tijolos do universo. O neutrino foi descoberto quando alguns cientistas viram perplexos que as partículas que emanavam de um material radiativo não voavam em todas as direções, sem rumo, mas seguiam uma trilha clara, numa direção dada, como se fossem desviados por algo. Esse algo só podia ser uma cama de partículas misteriosíssimas, a que se deu o nome de "neutrino". Se existe uma partícula com massa criando a matéria escura do universo, desfaz-se uma antiquíssima noção, que é a de "sim" e a de "não". Melhor dizendo, se os espaços siderais estão preenchidos, é sinal de que não há o "nada". Nada não há. A ideia de "nada" e de "tudo" é uma ideia de viventes. Como você vai morrer, o seu cérebro se programa para imaginar que "há" uma coisa e "não há" outra. De que há o "cheio" e o "vazio", de que há o vivo e o morto. Ideia de viventes. Muito bem, se a matéria escura está em tudo, há um aterrorizante "continuum" que nos liga a todos, os seres "em si" e os seres "para si" - coisas e homens. Pelo pouco que sei, acho que a pessoa que andou mais perto da verdade foi Spinoza com sua ideia de "substância" e depois Nietzsche, com a recusa a dar aos pensantes qualquer superioridade em relação a um rato ou uma pedra.
Se, com o neutrino, tudo está preenchido, deduz-se que o universo não está se expandindo na direção de um outro lugar. Não há "outro lugar". O universo está se expandindo em relação a si mesmo, para um dia chegar a si mesmo, se bem que não houve "ponto de partida", pois não houve "partida". O tal Big Bang faz parte simultaneamente do Big Crunch, o colapso do universo sobre si mesmo, recomeçando eternamente.

A filosofia moderna celebrou o fim do sujeito, mas agora estamos perto do fim do "objeto". Portanto, não há objeto porque só pode haver sujeito e objeto se houver intervalo, vazios, diferença. Não há.

Quando Descartes falou: "Penso, logo existo", estava dizendo: "Penso, logo penso que existo." Descartes estava apenas inventando o "sujeito", ou melhor, inventando o francês, aquele sujeito em dúvida com uma "baguete" de pão debaixo do braço.

Estamos todos mergulhados num caldo de cultura infinito, onde parece que boiamos; apenas "parece", pois somos também o caldo onde boiamos. A mosca e a sopa são a mesma coisa.
Mas a ciência acha que chegaremos a um fim, a uma espécie de "revelação", como se, seguindo a "estrada de tijolo amarelo" chegássemos a Deus ou, pelo menos, ao Mágico de Oz. A ciência vai colapsar sobre si mesma, como o universo. E não só não encontraremos ninguém, como tampouco o nada, porque o "nada" não há, nem "ninguém" não há.

Nada se definirá, nem energia nem matéria, pois são a mesma coisa, uma se bombeando para dentro da outra, numa trepada eterna de desmanches e recomposições. Assim, a física moderna tira-nos qualquer esperança de encontrarmos uma resposta, o que pode ser até o início de uma nova arte de ser.

Se não vamos chegar a nada, não temos de descobrir resposta para nada. Não porque Deus não "exista". Deus existe, sim; ou melhor, Deus existe, não como coisa a ser "atingida". Deus, senhores, é esse eterno oscilar (arghhh!) entre matéria e energia, entre os quarks mais remotos e as grandes galáxias. Há uma correspondência "ôntica" (perdão...) entre as estrelas e nosso sistema de vida e morte, de "sim" e "não". Nada "ex-iste", no sentido de estar fora de algo - ("ex-sistere" - estar em pé, do lado de fora) Fora de quê, saiu "de dentro" de onde?

Em verdade vos digo, ó raríssimos leitores, que Deus existe, mas não é pai. É tão órfão quanto nós, um Deus-matéria, órfão de si mesmo. A única coisa que nos resta é a grande paz da ausência de esperança. A razão humana devia parar de querer atingir um "futuro".

A razão tinha de ser um Big Crunch, mordendo o próprio rabo, voltada para dentro, para nós, os homens, para nosso prazer e saúde. Portanto, já que o Brasil político não anda, já que o PMDB teve o Big Crunch, que Lula se acha Deus, eu fundo aqui, ó incréus, um novo panteísmo pós-moderno, um panteísmo materialista, com um Deus que não "ex-iste". O Brasil é a prova do Big Crunch!

Somos todos iguais - parte de Deus. Esse é o sentido da vida.