sábado, setembro 18, 2010

MERVAL PEREIRA

Blindando Dilma
Merval Pereira
O GLOBO - 18/09/10



O Palácio do Planalto está agindo rapidamente para se livrar de todos os traços do esquema de tráfico de influência que a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra implantou no principal gabinete do Palácio do Planalto, ao lado do do presidente da República.

Desta vez o presidente Lula pode até mesmo dizer, como costuma, que de nada sabia, já que sua ligação com Erenice era apenas administrativa.

Se tivesse colocado, como queria, Miriam Belchior no lugar de Dilma, teria sido uma indicação pessoal baseada numa relação histórica de luta partidária com o próprio presidente.

Miriam seria uma personagem na política palaciana menos importante do que foi José Dirceu, mas, assim como é difícil imaginar que Dirceu montou o esquema do mensalão sem que Lula fizesse a menor ideia do que estava acontecendo, ficaria também difícil a ele se dissociar das ações de Miriam Belchior, viúva do ex-prefeito assassinado Celso Daniel, a quem Lula reservara papel de destaque no seu primeiro mandato.

Os erros de Erenice, amplamente divulgados e comprovados a cada dia, têm apenas uma ligação política possível, e é com Dilma Rousseff.

Já escrevi aqui que a relação de Dilma com Erenice é a mesma de Lula com Dilma: criador e criatura.

A família de Erenice não atuaria com tamanha desenvoltura em diversas áreas do governo se não tivesse a certeza de que estava segura por laços políticos e, sobretudo, de amizade.

Fica difícil acreditar que, tendo feito tudo o que está relatado nos últimos dias quando era o braço-direito de Dilma na Casa Civil, Erenice Guerra não deixou rastros de sua movimentação e nem dava à sua chefe imediata e amiga informações sobre o que estava fazendo.

Quanto às alegações de que o consultor Rubnei Quícoli, por sua ficha corrida nada exemplar, não teria credibilidade para sustentar as denúncias, é bom lembrar que em todos os casos, em que surgiram os escândalos dos últimos anos, foram justamente pessoas envolvidas nas negociatas que denunciaram seus "cúmplices".

Pedro Collor não se entendeu com o irmão presidente sobre a partilha do butim e denunciou Fernando Collor. Roberto Jefferson sentiu-se traído em seu esquema montado nos Correios e abriu o bico, denunciando o mensalão.

Quando o empresário e consultor Rubnei Quícoli diz que parte da propina que lhe pediram seria alegadamente para financiar a campanha da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República, surge um indício de uso de caixa dois na campanha eleitoral que precisa ser investigado e esclarecido.

Ainda mais porque as demais denúncias feitas acabaram mostrando-se verdadeiras, provocando a saída não apenas da ministra como de vários parentes seus de diversos cargos espalhados pela República.

Ontem, mais um servidor do Palácio do Planalto foi demitido rapidamente. O consultor Rubnei Quícoli apontara em entrevista um tal de Stevan, que descreveu assim: "Ele é um avião, tem uma porta aberta na Casa Civil e outra no BNDES." Em meio às negociações para aprovação de projeto de energia solar no Nordeste - avaliado em R$ 9 bilhões, que não saiu do papel - surgiu Stevan, que seria a ligação do governo com a Capital Consultoria.

Pois não é que existe mesmo o tal de Stevan? Seu sobrenome é Knezevic, e ele trabalhava no Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), órgão subordinado à Casa Civil.

Ele regressou ao seu órgão de origem, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que, digase de passagem, está transformada em um enorme cabide de empregos para os apaniguados do governo, assim como os Correios, a Receita Federal e outras estatais.

O "aparelhamento" do Estado, que tem um caráter político de controle das atividades por membros dos part i d o s e s i n d i c a t o s q u e apoiam o governo, tem também, ou sobretudo, o seu lado mercantilista.

Vários parentes de Erenice passaram por lá, inclusive o filho Israel Guerra. Não é difícil imaginar que os dois, Stevan e Israel, conheceramse na Anac e de lá partiram para as ações de lobby no Palácio do Planalto.

Há outro detalhe interessante no episódio da demissão da ministra Erenice Guerra: ao obrigá-la a sair do Gabinete Civil, o presidente Lula está retirando, pelo menos simbolicamente, seu aval às decisões da candidata Dilma Rousseff.

Se, eleita presidente, Dilma pretendia colocar Erenice no Gabinete Civil, contra a vontade de Lula, que quer naquele lugar o ex-ministro Antônio Palocci, que outras escolhas Dilma fará? Sua capacidade de nomear os principais assessores sai do episódio bastante arranhada, além do que persiste uma estranha sensação de que seu eventual futuro governo, pois a eleição para o Palácio do Planalto e seu entorno é tida como uma fatura já liquidada, começou em clima de crise.

O que a família Guerra não poderia fazer num governo da "madrinha" Dilma?

É impressionante como pessoas de bem aceitam participar de um órgão que não tem a menor influência nas decisões do governo.

Presidida pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal José Paulo Sepúlveda Pertence, a Comissão de Ética Pública decidiu, em meio à crise gerada pela demissão da ministra Erenice Guerra, puni-la com uma advertência porque ela não apresentou documentos com informações sobre a sua evolução patrimonial e relação de parentes ocupando cargos públicos.

Uma punição que deveria ter sido dada em maio, quando expirou o último prazo. E poderia ter evitado que tantos parentes da ministra se espalhassem pelo governo.

A Comissão já havia sofrido uma grande derrota em 2007, quando tentou fazer com que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, deixasse de acumular o ministério com a presidência do PDT.

A queda de braço levou a que a comissão sugerisse a demissão do ministro, e a solução foi encontrada meses depois: Lupi fingiu que se licenciou da presidência, e a Comissão fingiu que havia vencido a disputa.

EDITORIAL - O GLOBO

Escândalo resgata o tema do caixa dois
EDITORIAL
O GLOBO - 18/09/10
A implosão de Erenice Guerra na Casa Civil segue o padrão clássico dos escândalos na política brasileira ao se relacionar, em alguma medida, ao caixa dois de campanha, ao financiamento com dinheiro sujo de atividades partidárias.

Ou, no jargão do inesquecível Delúbio Soares, tesoureiro no PT no não menos inesquecível mensalão: “recursos não contabilizados.” Lembremo-nos que, na enxurrada de relatos sobre a grande família de Erenice e as incursões no território obscuro do lobby do filho da ex-ministra, Israel Guerra, há duas referências ao provável destino político-partidário da propina pedida a empresas em negociação com estatais Na reportagem de “Veja” sobre a intermediação de Israel entre uma empresa aérea de cargas e os Correios, cita-se o pagamento de “compromissos políticos” como justificativa que teria sido dada pelo filho lobista para cobrar uma “taxa de sucesso” sobre o valor do contrato em negociação. Já na reportagem da “Folha de S.Paulo” decisiva para a queda da ministra, o consultor da empresa achacada, Rubnei Quícoli, interlocutor de Israel, conta ter ouvido do filho de Erenice que o dinheiro da propina — ou da “taxa de sucesso” — se destinaria a pagar uma dívida da “dama de ferro”. À época, a mãe de Israel ainda era secretáriaexecutiva da titular da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Pela folha corrida petista e com base no caso dos Correios, pode-se inferir que a tal dívida tinha alguma relação com caixa dois de campanha. Até porque a tentativa da empresa representada por Quícoli de conseguir um empréstimo no BNDES ocorreu a partir do segundo semestre do ano passado, quando o nome de Dilma para ser a candidata petista estava mais do que consolidado.

O mensalão, montado pelo PT com uma tecnologia desenvolvida por Marcos Valério e utilizada pelo PSDB mineiro, é um exemplo de como podem atingir grandes escalas esquemas de desvio de recursos públicos para financiar parlamentares e partidos, à margem da lei.

Tudo somado, é provável que aumentem os clamores por uma reforma política em que esteja em destaque o financiamento público de campanha. A proposta é antiga e sempre ressurge em época de escândalo, quando alguém ou um grupo é surpreendido no ato de desviar dinheiro do contribuinte para as burras ocultas de partidos e/ou políticos. Um esclarecimento: é sempre o erário que arca com o custo da corrupção, pois as “taxas de sucesso” são embutidas nos preços cobrados por bens e serviços fornecidos por meio desses “facilitadores”.

Engana-se, porém, quem propõe acabar com o caixa dois na política por meio da eliminação do dinheiro privado desse circuito.

Se todos os recursos de campanha forem estatizados — parte já é, via fundos partidários e propaganda dita gratuita —, o resultado será o envio de uma fatura dupla ao contribuinte, que pagará via impostos e por meio das “taxas de sucesso”, pois o caixa dois continuará a existir.

As finanças da política são uma dor de cabeça no mundo inteiro. E em vez de se decretar o financiamento público, na vã esperança de que ele venha a substituir os recursos que migram entre lobistas e autoridades corruptas, o melhor a fazer é fortalecer os instrumentos fiscalizadores do Estado, é tratar de acabar com as legendas de aluguel e banir da política os fichas-sujas. Dá bem mais trabalho, mas é o indicado.

QUADRILHA NO PLANALTO

RUTH DE AQUINO

O valete e a dama no jogo do vale-tudo
RUTH DE AQUINO
REVISTA ÉPOCA
Época
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br
Quem tem amigos como Dirceu e Erenice não precisa de inimigos. Na explosiva semana que passou, Dilma Rousseff deve ter reavaliado sua amizade ferrenha por aloprados. Ao menos até 3 de outubro. A Casa Civil foi duas vezes implodida nos mandatos de Lula por amigos íntimos de Dilma: seu antecessor e sua sucessora. Amigos de ideologia, de luta, de confidências e de um projeto petista para o país. Ambos com língua solta e rabo preso.
Foi na Bahia que Dirceu rasgou a fantasia e saiu mais uma vez da clandestinidade a que estava condenado desde seu afastamento do governo, como chefe do mensalão. Para sindicalistas, falou tudo o que pensava, sem perceber a presença da maldita imprensa. Admitiu que a ex-ministra “não é uma liderança que tenha grande expressão popular ou uma raiz histórica”. Comemorou antecipadamente a vitória: “A eleição da Dilma é mais importante do que a eleição do Lula, porque é a eleição do projeto político, do nosso acúmulo de 30 anos, porque a Dilma não se representa”.
Dirceu é aquele valete que sonha ser rei. Enxerga uma oportunidade de ouro para voltar com força e acabar com o “excesso de liberdade de informar” no Brasil. Dirceu não se segura – e nunca vai se segurar. O ex-ministro da Casa Civil se considera um articulador mais realista que a rainha, mas se comporta como bobo da corte. Em sua pregação para os companheiros do setor petroleiro baiano, adulou Lula, “duas vezes maior que o PT”. Apoiou, como mal inevitável, a aliança com o PMDB e seus líderes, Renan Calheiros e José Sarney, os oligarcas que Lula avalizou como homens incomuns. E, agora, conclama os sindicalistas a “ganhar a maioria”.
Com a saída de Lula, Dirceu disse para os sindicalistas que é hora de “transformar de novo o PT numa instituição política”, “abrir para a juventude”, refletir sobre o “movimento socialista internacional”. Em seu discurso, negou que esteja afastado, disse que percorre o país como dirigente petista e apoia Dilma nos palanques estaduais. Falou muitas vezes na primeira pessoa do plural: “temos que reestruturar”, “demos um piso”, “somos o maior interessado”, “somos uma candidatura”, “o pau tá comendo em cima de nós”. Somos quem, afinal, Dilma?
Dirceu levou um puxão de orelhas de Lula. Não percebeu a inconveniência ao ser sincero antes do tempo, num país onde ainda há liberdade para informar. A íntegra da fala de Dirceu foi divulgada na grande mídia, nos blogs, nos sites e nas redes sociais. Ele só não caiu como Erenice porque não tem de onde cair, não ocupa cargo nenhum. Até agora.
A Casa Civil foi implodida por dois amigos de Dilma: Dirceu (o antecessor) e Erenice (a sucessora)
Lula, que tomou posse em 2002 com uma defesa emocionante da ética nas questões públicas, prometendo ser “implacável” contra a corrupção e o suborno, adotou rapidamente o argumento de que “todo mundo faz”. Mas houve momentos – como no mensalão e, agora, a “formação de família” de Erenice Guerra – em que Lula abriu mão dos anéis.
A exemplo do valete, a dama também levou um puxão de orelhas por falar demais. Ao ser acuada por denúncias de tráfico de influência, Erenice chamou o adversário tucano de “aético e derrotado”. Mas não seria essa a tônica do atual governo? Não seria este o recado do Planalto: falar o que dá na telha, atacar quando acusado, jogar palavras no ventilador, meter-se onde não é chamado? Essa parece ser a cartilha de Lula e os subordinados a seguem com muito menos astúcia, carisma e autoridade. Só quem fala de menos é Dilma, que chegou a ficar rouca de tanto se calar. E Palocci, este sim é discreto.
Mais incisivo que Dilma, Lula mandou a dama passear antes que prejudicasse mais sua candidata. Erenice vivia de braços dados com Dilma como duas comadres, especialmente após sucedê-la na Casa Civil. Os escândalos levaram Dilma a rebaixá-la publicamente como “ex-assessora”. E, na demissão, foi elogiada pela candidata: “Ela agiu certo ao se retirar para permitir investigações”. A queda de Erenice (leia maisnão foi atribuída por Dilma a nenhum “malfeito”. Foram-se temporariamente os anéis, ficarão todos os dedos?

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Apenas cálculo eleitoral
EDITORIAL 
O ESTADO DE SÃO PAULO - 18/09/10


No encontro que tiveram domingo à noite para tratar da revelação de uma pesada operação de traficância na Casa Civil do Planalto, o presidente Lula poderia ter determinado à ainda ministra Erenice Guerra que se licenciasse até o esclarecimento cabal da denúncia que a envolvia por tabela e, diretamente, um de seus filhos, Israel. Por muito menos, afinal, o presidente Itamar Franco afastou o ocupante do mesmo cargo no seu governo, Henrique Hargreaves - para readmiti-lo quando as acusações contra ele não foram comprovadas.

Mas Lula não parece aprender com o exemplo alheio nem com a própria experiência. Com o exemplo, no caso, porque a sua visão da ética pública não é a de princípios, mas a de resultados. E com a experiência porque, ao fim e ao cabo, não precisou pagar o preço devido, fossem outras as circunstâncias e, quem sabe, outro fosse o país, pela relutância em se privar do ministro José Dirceu, também da Casa Civil e pivô do mensalão, e do seu colega da Fazenda, Antonio Palocci, no escândalo da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo.

Erenice Guerra saiu daquela reunião com a cabeça no pescoço não porque o chefe, como diria, se acha "obrigado a acreditar" no que as pessoas lhe falam, e Erenice jurou-lhe por tudo o que é sagrado que era inocente. Mas porque ele avaliou que a reportagem incriminadora da revista Veja não teria o potencial de respingar na candidata Dilma Rousseff - que está para Erenice como Lula está para ela, criadores e criaturas - da mesma forma que não respingaram, a julgar pelas pesquisas, as violações em série do sigilo fiscal de parentes e aliados do opositor José Serra.

Por isso, o que o lulismo se ocupou em fazer nos dias seguintes foi desqualificar o noticiário sobre as movimentações da espaçosa família Guerra pelas pradarias do poder. Nesse exercício de mistificação e cumplicidade, Dilma levou a palma, ao afirmar que tudo se resumia a um "factoide". Sintomaticamente, a soberba de Lula, a certeza de que o seu prestígio garantiria a incolumidade da candidata, desarmou a sua apuradíssima intuição. Ele decidiu manter Erenice no lugar enquanto não surgisse um fato novo que agravasse a crise, mesmo depois de a ministra ter ido além das tamancas ao culpar um "candidato aético e já derrotado" por suas atribulações.

O fato novo não tardou a surgir. Na quinta-feira, a Folha de S.Paulo publicou declarações de um agenciador de negócios, segundo as quais Israel e a sua patota, em troca da obtenção de recursos do BNDES para um bilionário projeto de energia solar, queriam receber R$ 240 mil para acelerar a tramitação do pedido, 5% sobre o valor do financiamento, quando saísse - e, de quebra, um ajutório de R$ 5 milhões para a campanha de Dilma. Decerto achando a conta salgada demais, a firma interessada se recusou a pagar. Por sua vez, o seu agente disparou e-mails para a Casa Civil reclamando das cobranças e fazendo ameaças. Passados mais de 7 meses, falou.

Com incomum rapidez, Lula mandou Erenice se demitir. A segunda denúncia, semelhante à anterior, teria enfim convencido o presidente da responsabilidade da ministra. "Quando a gente está na máquina pública, não tem o direito de errar", proclamou. "E se errar, a gente tem de pagar." Conversa. O que o fez defenestrar Erenice - a quem havia nomeado por insistência de Dilma, quando ela se desincompatibilizou - foi o temor manifestado pela campanha petista, com base em pesquisas, de que desta vez a candidata corria o risco de ser atingida pelos estilhaços das malfeitorias do círculo da amiga em quem apregoava confiar.

A demissão de Erenice não elimina a hipótese. Os episódios expostos aconteceram quando Dilma era ministra e Erenice a sua mais íntima colaboradora. É implausível que ela não lhe tivesse contado nem uma versão sanitizada dessas histórias. Plausível, isso sim, é que Dilma não quisesse saber mais. Como Lula não quis saber detalhes do mensalão para o qual foi alertado duas vezes. A ignorância assumida é um ato de vontade política. Eles olham para o outro lado para não fitar o ambiente propício à corrupção que semearam no Planalto como parte de um projeto de poder.

GOSTOSA

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Aquisição
SONIA RACY
O ESTADO DE SÃO PAULO - 18/09/10

Benjamin Steinbruch arrumou novo foco de interesse.
As participações da Camargo Corrêa e da Votorantim na Usiminas.
Aquisição 2
Voltou a boataria de que o Itaú estaria também com fome de compras. Mais precisamente, o BVA na America Latina.
Pior fica
A Promotoria Eleitoral encaminhou anteontem denúncia contra Tiririca. Ele é acusado de falsidade ideológica por omitir bens da Justiça Eleitoral.
Sacola
Empresários paulistas receberam anteontem cartas do comitê financeiro de Dilma. Pedindo doações e ensinando como fazer. Assinada por José de Filippi Jr. , ex-prefeito de Diadema.
Paz do Senhor
Lula sancionou: 30 de novembro é agora o Dia Nacional do Evangélico.
Providências
Em briga com a Prefeitura pela não construção de um túnel na região do Butantã, moradores preparam revanche. Convocam a população para um show musical, amanhã, no Parque da Providência - local que pode ser destruído caso o projeto saia do papel.
Pó de guaraná
Serra apareceu animadíssimo no jantar da Confederação Israelita do Brasil, anteontem, em Higienópolis. Dia da queda de Erenice Guerra. Disse ali estar com energia para jogar uma partida inteira de futebol.
Senha, por favor
Clonagem de página pessoal é o crime eletrônico mais comum em São Paulo. Segundo pesquisa da Fecomércio, 23,53% dos paulistas foram vítimas deste tipo de ataque virtual.
Linha de chegada
Fôlego em alta no Itaú. Dos 32 mil inscritos na Maratona Pão de Açúcar, que acontece amanhã no Ibirapuera, 3.300 são funcionários do banco. Perde apenas para o próprio Pão de Açúcar, com 3.700 atletas.
Nascer de rir
A gargalhada generalizada na sessão exclusiva do filme De Pernas pro Ar quase fez nascer literalmente um filho. Uma grávida teve múltiplas contrações ao cair na risada com a atuação de Ingrid Guimarães. No Cinemark do Eldorado.
Do bem
A BrazilFoundation, entidade filantrópica que arrecada recursos nos EUA para projetos sociais no Brasil, realizará jantar de gala no Metropolitan Museum of Art, em NY. Precedido de almoço no Cipriani Wall Street para patrocinadores como Itaú, Vale, Grendene, TAM e JHSF.
Do bem 2
Serão três os homenageados: Angela Gutierrez, do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, da Firjan, e Jair Ribeiro, fundador da ONG Parceiros da Educação.
No bastidor
O burburinho na abertura do Centro Ruth Cardoso, anteontem, foi inevitável: a saída de Erenice Guerra corria de boca em boca.

À parte da política, os filhos da ex-primeira dama, Paulo Henrique e Beatriz, vieram às lágrimas de emoção no discurso. Já FHC, esteve calmo durante toda a noite.
Estilo Manhattan
Marisa Monte está em NY e não é só a passeio. Acerta detalhes finais de projeto secreto. Com um diretor criativo brasileiro, xodó de ninguém menos que Madonna.
Tipo importação
Benicio Del Toro já é praticamente um paulistano.
Depois de visitar o MST, em Guararema, jantou em um bar no Itaim com Selton Mello e Fernando Morais. Depois, partiu para uma noitada na Disco, mas, ao que parece, não ficou satisfeito. O ator - que veio participar de comício com Lula e Dilma- ainda está curioso para conhecer mais da vida noturna de SP.

Na frente

A marchinha Marina Presidente Urgente, vídeo de apoio à candidata que mistura frevo com dança contemporânea, já foi assistido por mais de 23 mil pessoas no YouTube. Dirigido por Gisela Moreau, da Sala Crisantempo.
Abrem hoje, no MAM, as mostras de Ernesto Neto Dengo e Raymundo Colares.
Mais de 30 filmes inéditos de Betty Leirner serão exibidos, a partir do dia 30, na Cinemateca e no Instituto Goethe.
O livro São Paulo - Projetos de Urbanização de Favelas será lançado no Museu da Língua Portuguesa. Segunda.
Crescem as chances de Maurício de Sousa assumir uma cadeira na Academia Paulista de Letras.

MÍRIAM LEITÃO

O clarão na noite
Miriam Leitão
O GLOBO - 18/09/10



O fogo chegou de repente. Veio subindo o morro com avidez. Queimou o eucaliptal de um vizinho, avançou estalante sobre a capoeira do outro vizinho e, no meio da noite, se aproximou de um pedaço de mata no qual tenho investido emoções, recursos, tempo e esperança. Foi uma longa batalha noturna de vários braços de amigos, vizinhos e funcionários.

Capoeira, para quem não está acostumado com termos rurais, é uma quase mata, a formação primeira do que poderá vir a ser um dia, se deixada quieta, uma área de regeneração. Essa, do vizinho, tinha algumas árvores mais altas perto da mata da RPPN que mantenho em Minas. Para o fogo passar da copa de uma para a de outra, bastava uma lufada de vento.

E ventava. No chão, o fogo corria veloz com a ajuda do capim seco e se aproximava perigosamente.

A Reserva tem 18 hectares de área preservada, mas a gente vem há vários anos replantando espécies de Mata Atlântica, ao lado, em mais 18 hectares. Com outros pedaços, preservamos ao todo 46 hectares.

Tem sido um sufoco que foi empolgando todo mundo que trabalha lá: aprender o que fazer, o que plantar, achar parceiros, encontrar mudas, plantar na hora certa, torcer pelo tempo certo, proteger da braquiária, com quem as mudas travam luta de vida ou morte.

Ao todo, plantamos 22 mil mudas. As das espécies pioneiras estão altas. Há áreas de regeneração natural.

Os muitos dispersores vão ajudando.

Quanto mais protegemos e refizemos o que um dia foi destruído, mais a terra agradeceu.

Os pássaros voltaram, as águas das nascentes ficaram mais abundantes, mamíferos aparecem: raros, ariscos e belos. A ideia foi, então, saber melhor o tamanho do patrimônio. Chamamos dois ornitólogos do Aves Gerais e eles fizeram um primeiro levantamento promissor. Naquele pedacinho foram detectados em poucos dias de pesquisa 120 espécies: algumas raras, três em extinção, muitas endêmicas da Mata Atlântica. Algumas espécies eram florestais, o que significa que precisam de árvores altas, áreas de recuperação avançada. Todos esses dados atestam a qualidade da matinha que temos protegido em Minas, perto de Santos Dumont.

Mas o fogo veio no meio da noite. Ameaçador. Quem viu não esquece. O clarão era forte, tão forte, que Deo, o primeiro a chegar, nem precisou de lanterna para subir o morro; outros foram chegando de repente. Vizinhos não precisaram ser chamados. Com galhos, facões e algumas técnicas aprendidas iam enfrentando as chamas.

- Parecia uma guerra, a gente estava lutando de um lado e, de repente, olhava e aparecia alguém ao seu lado para ajudar - contou Elmar, meu sobrinho.

Os ornitólogos, que haviam ido lá meses atrás, nos deram um aviso e um presente.

O aviso foi que a gente precisa convencer vizinhos a fazer corredores, para que os pássaros e quaisquer outros seres da fauna possam transitar por espaços maiores. Conseguimos com um deles e vamos levar nossa plantação de mudas nativas até a área que ele tem. O presente foi uma palestra para crianças de uma escola rural próxima.

No dia, fomos todos lá à escola. Montamos o data show com saída de som e eu avisei para as crianças que elas teriam uma aula com Lucas e Luciene, doutores em passarinho. A criançada gostou e surpreendeu: sabia muito, vibrou com os sons, reconheceu vários.

Na noite do incêndio, estava completando um mês que meu sobrinho tinha me alertado para a necessidade de fazer um aceiro: uma espécie de cordão de isolamento, uma área sem vegetação em torno da mata para protegê-la do fogo. Para isso, precisávamos alugar trator de esteira. Custa caro a hora. Com tanto incêndio, a gente decidiu investir: refazer o aceiro, mais largo que o anterior, mais bem feito, caprichado.

Foi o que salvou. A luta de todos os voluntários, vizinhos e funcionários e aquela proteção detiveram o fogo no limite da mata.

Andei por lá no fim de semana passado, vi as cicatrizes, árvores carbonizadas, chão calcinado numa área enorme. O preto do chão queimado estancou na beirinha do aceiro. Pássaros, árvores, bichos que habitam aquele lugar foram salvos pela prevenção e pelo esforço coletivo. Foi tão perto que não deixa dúvidas: o melhor é ampliar o aceiro para a área onde a mata está sendo refeita.

Essa é a história do incêndio que foi detido. Outros, milhares, não foram. O balanço deste ano é assustador.

Como já escrevi aqui, depois de ouvir especialistas, a seca não causa o fogo.

Ela apenas permite que ele se alastre. O fogo vem de atitudes criminosas, práticas velhas da agricultura, descuido, incapacidade do governo, leniência, conluio.

Na volta para o Rio, no domingo passado à noite, passamos por focos gigantes de incêndio perto de Matias Barbosa, perto de Petrópolis.

Vários. Eles devastavam área verde, engoliam os pastos, enfumaçavam a estrada, entupiam os pulmões.

O meu pequeno pedaço foi protegido dessa vez. No sábado à noite, havia ido com alguns fotógrafos para o alto do morro. Eles queriam tirar fotos noturnas de umas velhas araucárias.

Foram de carro com equipamento, decidi ir a pé e cheguei primeiro. Antes, pus perneiras para me proteger de eventuais cobras, porque, segundo meu amigo Ailton Krenak, a natureza é como abelha: faz mel e tem ferrão. Lá de cima, na área onde as árvores ainda estão pequenas, vi, sozinha, cair a noite. Escuro breu. De repente, ouvi um barulho do lado, olhei com uma lanterna: uma enorme coruja passou voando, bem rente de mim, me encarando.

A MÃO QUE BALANÇA O BERÇO

ZUENIR VENTURA

Brasília pegando fogo
Zuenir Ventura

O GLOBO - 18/09/10
Com o nariz escorrendo, os olhos lacrimejando e a garganta ressecada, passei em Brasília o seu dia mais quente e seco do ano, anteontem: 31,5ode temperatura, sensação térmica e um sol de quase 40º e umidade relativa do ar de 14%, um clima de deserto.

Não chove há 112 dias e mais de 10% do território do Distrito Federal já foram queimados, mais que o dobro do ano passado. Próximo à Granja do Torto, residência favorita do presidente, uma área de 100 mil metros quadrados está sendo devastada pelas chamas.

O incêndio no Parque Nacional atingiu uma linha de alta tensão e interrompeu o fornecimento de energia. Brasília está pegando fogo - literalmente e não apenas no sentido figurado, como metáfora dos escândalos da quebra de sigilos fiscais na Receita e do tráfico de influência na Casa Civil.

Em conversa com colegas que acompanham de perto a política, ficou a dúvida sobre se o mais recente capítulo - a derrubada de Erenice Guerra do ministério - vai finalmente atingir a candidatura Dilma Rousseff, alterando o resultado das pesquisas.

Até agora, como se sabe, nada colou, a lama escorreu como água pelo presidente e sua protegida. E daqui pra frente? Só as pesquisas da próxima semana podem dar resposta a essa incógnita.

Um desses colegas, uma amiga, não acredita na mudança do quadro eleitoral e, por isso, se mostra mais curiosa para saber o que será de Lula depois de deixar o palácio, quando se abater sobre ele o tédio do vazio do poder. Ela havia estado com o presidente naquela tarde e ele, refestelado numa poltrona com a cabeça jogada pra trás e as mãos cruzadas na nuca, parecia estar se despedindo. A preocupação não era com as novidades do escândalo e muito menos a seca, mas com o final de seu prazo de validade. "Ele é capaz de dizer quantos meses e até quantos dias faltam para passar a faixa presidencial." Ela acha que ele vai ter dificuldade de se adaptar à vida longe do assédio da corte e das pompas palacianas.

Por mais que venha a ser convidado para palestras e até para ocupar algum cargo em uma instituição internacional como a ONU, Lula não é FHC, que retornou a uma atividade que já era a sua antes da presidência.

Para o antigo torneiro mecânico, voltar às origens significa voltar a São Bernardo. Vendo como seu adversário tucano está sendo relegado pelos companheiros de partido, que rejeitam sua colaboração na campanha, Lula pode imaginar que o mesmo ocorrerá a ele daqui a uns anos. É bastante vivido para saber que o gosto do ostracismo é amargo e que existe uma tendência antropofágica que leva as criaturas a devorarem os criadores sempre que estes queiram se meter onde não são mais chamados.

Dilma jamais perdoará Lula por tê-la inventado. 

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Bom conselho
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 18/09/10
 
Em novembro de 2009, quando a empresa EDRB se aproximou do filho de Erenice Guerra na tentativa de obter um empréstimo no BNDES, a ex-ministra da Casa Civil integrava também o conselho fiscal do banco e o conselho de administração da Chesf, estatal controlada pelo grupo Eletrobras na qual seria viabilizado o projeto de geração de energia solar no Nordeste intermediado pelo consultor Rubnei Quícoli. 
Erenice deixou os dois cargos este ano e foi nomeada por Lula para o conselho de administração do BNDES. Sua demissão não a desvincula automaticamente. Até ontem, figurava na lista de conselheiros. 
Porigens - Vinícius de Oliveira Castro, o primeiro funcionário a deixar a Casa Civil em razão das denúncias de tráfico de influência que acabaram por derrubar Erenice, trabalhou na liderança do PT no Senado em meados de 2005. Chegou ali no período de transição entre os líderes Aloizio Mercadante (SP) e Delcídio Amaral (MS). 
Mistério - A candidata do PT chamou de “terreno na lua” o projeto da empresa de Campinas emparedada pelo lobby do filho de Erenice. Faltou explicar por que então a Casa Civil, à época comandada por Dilma, permitiu que funcionários da Presidência tratassem desse projeto em horário de trabalho e marcassem audiência oficial com a secretária-executiva. 
Fumaça - Lula ainda não bateu o martelo sobre o substituto de Erenice. Mas os sinais são de que o presidente pretende adotar uma solução “realmente caseira”, a saber, nomear alguém que já trabalha na Casa Civil. 
#prontofalei - No comício em Belém, Lula disse que vai à capital paraense desde a década de 80, e que todos os governadores que conheceu até 2006, quando Ana Júlia (PT) foi eleita, são “farinha do mesmo saco”. 
Em tempo - No clube mencionado por Lula se inclui Jader Barbalho (PMDB), hoje líder nas pesquisas para o Senado e cujo apoio é considerado fundamental para a vitória de Ana Júlia num eventual segundo turno. 
Sessão pipoca - Dil ma encontra hoje em Campinas o ator porto-riquenho Benicio Del Toro, que interpretou Che Guevara no cinema. 
Eu não - Instada por Aloizio Mercadante, a direção do PT de São Paulo mandou retirar do site do partido uma foto de Geraldo Alckmin ao lado do candidato a deputado Ney Santos (PSC), suspeito de ligação com o PCC. “Sou contra insinuações desse tipo”, diz o petista.
Suprapartidário - Santos, cuja prisão foi decretada ontem, não associou a imagem apenas à de Alckmin. Em faixas e placas espalhadas pela região de Embu, ele apresenta foto de Dilma e se declara do “time do Lula”. 
Em todas - Ainda que, após a desistência de Orestes Quércia (PMDB), o PSDB tenha aprovado parceria informal com Romeu Tuma (PTB), Aloysio Nunes participa na terça de evento em Itu com o também candidato ao Senado Ricardo Young (PV). Quer o apoio de candidatos verdes à Câmara e à Assembleia. 
Sorria! - Segundo colocado para o Senado no Rio, Lindberg Farias (PT-RJ) não abre mão de tirar fotos com eleitores. O registro é arquivado na seção “Você com Lindberg” de seu site. 
Tiroteio
Alckmin aparece abraçado ao chefão do PCC, candidato a deputado. Isto explica por que a violência em São Paulo se multiplica. É Tiririca: se bobear, pior do que tá ainda fica! 
DE ANTONIO MENTOR, líder do PT na Assembleia, ignorando orientação do partido para evitar exploração eleitoral da foto do tucano com Ney Santos.
Contraponto
Acertando os ponteiros 
Conhecido atrasador, José Serra experimentou do próprio veneno há uma semana, quando esteve em Goiás para fazer campanha junto com o correligionário Marconi Perillo. O candidato ao governo havia feito carreata pela manhã e chegou cerca de 15 minutos atrasado ao aeroporto para recepcionar Serra. 
- Desculpe! Passei em casa para tomar banho... 
Diante de um Perillo esbaforido, Serra brincou: 
- Hoje cheguei antes do governador. Vocês devem reconhecer que é um milagre. Temos que comemorar!

GOSTOSA

ANCELMO GÓIS

Mano é Kaiser
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 18/09/10

Mano Menezes, o técnico da seleção, assim que recebeu uma proposta para ser garotopropaganda da Kaiser, procurou a Brahma, que, afinal, é patrocinadora oficial do time pentacampeão.

Mas não houve acordo.
A hora da Rocinha
A Unidade de Polícia Pacificadora chega à Rocinha em janeiro próximo.

Para tomar conta de nossa mais famosa favela, dia e noite, serão usados cerca de mil soldados, a maioria recém-formados.
Segue...
Aliás, sabe aquele tiroteio entre traficantes da Rocinha e a polícia, mês passado, em São Conrado, perto do Hotel Intercontinental? Com os traficantes no asfalto, o momento era ótimo para ocupar a favela. O problema foi a falta de soldados para manter o policiamento permanente.
Despojamento real
O príncipe Joachim e a princesa Marie da Dinamarca, no Brasil em visita oficial, vieram em avião plebeu, de carreira.

Viajaram com a TAM de Copenhague para cá, fazendo escala em Frankfurt.

Os voos internos no Brasil são em avião de carreira também.
Barba, cabelo e...
Pelo andar das pesquisas em Minas o grupo político ligado a Aécio deve eleger o governador, dois senadores (um deles o próprio ex-governador) e 38 deputados federais (hoje são 27, num total de 53).

A conferir.
No mais
A coluna pode apostar que daqui a seis meses o escândalo da Casa Civil vai estar totalmente esquecido, que Erenice Guerra vai estar com uma bela sinecura em alguma estatal e que os seus parentes também.

É a lógica de Brasília.
Pátria dos piratas
“Nosso lar”, o filme campeão de bilheteria baseado num livro de Chico Xavier, não escapou da pirataria.

Os produtores do longa já até compraram cópias piratas, e garantem que elas são de péssima qualidade, com imagens captadas da tela do cinema.
Mas...
“Nem dá para ficar deprimida de tão ruim que é a cópia.

Dava pra ver a mão do cara de vez em quando entrando na frente da câmera”, diz Iafa Britz, produtora do filme.
Pelé e os mineiros
Pelé autografou uma camisa da seleção brasileira e mandou para os mineiros presos na mina chilena com a seguinte dedicatória: “Queridos irmãos, estou orando por vocês. Pelé”.

A mensagem foi levada para o Chile pelo presidente da Ampla, Marcelo Llévenes.
ZONA FRANCA
Márcia Rubin assina coreografia de Marjorie Estiano no teatro.

Quinta-feira, às 19h, no Sindicato dos Jornalistas do Rio, serão inaugurados o Centro de Memória do Jornalismo e a Sala Joel Silveira. Será lançado ainda o livro “Memória de Repórter”.

João Roberto Kelly, Althay Veloso e Billy Blanco são convidados do Chapéu de Palha na feijoada do Cariocando hoje.

As galeristas Silvia e Juliana Cintra estão na 29ª Bienal de SP, terça.

A Soccerex anuncia o programa da Convenção Global nesta terçafeira, no Copacabana Palace.

A Adma Eventos ganhou o Prêmio Colunista do Ano.

A Caravana Holiday mostra coleções de Cecília Prado, Flô e Paul Ropp.
O bolivariano
Benicio Del Toro, que foi jantar quinta com a classe artística na casa de Luis Carlos Barreto, no Rio, chegou acompanhado do embaixador da Venezuela, Maximilien Arvelaiz.
Festa que segue...
O ator, que hoje se encontra com Dilma e Lula, ganhou de presente, no encontro, uma bandeira do PT das mãos de Morgana Eneile, secretária de Cultura do partido.
Esticada
Del Toro, depois do jantar bem-comportado na casa do Barretão, foi levado por Selton Melo para uma festinha, digamos, mais incrementada, com o pessoal do novíssimo cinema brasileiro.
Pancadão da paz
O Borel, a favela tijucana libertada por uma UPP, participa hoje do Dia Mundial da Paz.

As MCs Priscilla Nocetti e Bruninha farão a festa com muito funk.
Isso não se faz
Os vizinhos do Rio Sul, coitados, não dormiram na madrugada de ontem.

O shopping fez uma obra que começou por volta de... 1h.
Cena carioca
Ontem, às 11h, uma senhorinha de 90 anos, toda arrumadinha, foi subir no ônibus da linha 136 (Rodoviária-Ipanema) e, acredite, o motorista foi até ela, perguntar onde desceria.

Ao saber que seria na Saara, ele avisou que pararia o ônibus para ajudá-la a descer. Os passageiros aplaudiram a atitude.
ISIS VALVERDE, a linda atriz, em foto e ao vivo, na abertura da exposição Fashion Moments, com retratos de Fernando Torquatto, num shopping da Barra
MARCOS VALLE, o compositor, festeja seu aniversário, na festa-surpresa durante a gravação do “Som Brasil”, em homenagem a ele. A coluna faz coro: Parabéns pra você...
PONTO FINAL
Dado Dolabella, é pena, é outro que confirma o Barão de Itararé, naquela máxima que diz: “De onde menos se espera é daí que não sai nada mesmo”.

JOSÉ ISRAEL VARGAS

Sob o espesso manto da fantasia...
José Israel Vargas
O ESTADO DE SÃO PAULO - 18/09/10



Nosso "oráculo maior" tem repetidamente anunciado para breve os "amanhãs que cantam" como verdade absoluta. Diferentemente de seu homólogo délfico, ocupa-se também do passado, para ele, sempre maldito. Há pouco anunciou, com a ênfase que lhe é peculiar, nossa marcha batida rumo ao Primeiro Mundo para alcançarmos a 4.ª posição entre as economias mais avançadas. Objetivo extremamente louvável, mas não se podem ignorar os inúmeros obstáculos a vencer e que não se rendem a mero falatório peripatético em palcos eleitoreiros.

Proclamou também como "o maior da humanidade" o investimento da Petrobrás no pré-sal; diante disso, são pífios investimentos como os da Nasa, entre outros muitos.

Admitindo o crescimento anual alegado de 7% dos PIBs do Brasil e da China, em relação a 2009, em 2010, adotando-se as taxas de 1% para EUA, Japão, Alemanha, França e Itália, de 4% para a Índia e 3% para a Rússia, pode-se fazer um exercício que mostra que o País ocuparia o 5.º lugar. Adotada, porém, a taxa histórica de nosso crescimento (média anual de 4% durante o regime republicano), o Brasil se colocaria, em 2020, no 5.º ou 6.º lugar, com PIB de US$ 3,141 trilhões. O rendimento per capita para a população, que então alcançará 207 milhões de habitantes (IBGE), ainda nos colocaria abaixo do 50.º lugar. Os objetivos mencionados seriam dificilmente atingidos, a menos que continuemos quase exclusivamente crescentes exportadores de matérias-primas e permaneça congelado em 1% o crescimento dos demais.

Somente a observação e a manipulação, direta ou indireta, da natureza permite conhecer seu comportamento e torna possíveis os imensos benefícios hoje desfrutados. A divisão do trabalho revelou que o desenvolvimento implica mobilização dos fatores de produção: capital, recursos naturais e trabalho - este, sobretudo, na forma de "capital humano". Nossa resposta às aspirações indeclináveis de conforto crescente, saúde, segurança e acesso aos bens culturais foi bem modesta até hoje, comparada, por exemplo, com países que emergiram das imensas destruições do último conflito mundial. Assim, a porcentagem de analfabetos em nosso país alcançava 50% em 1950 e hoje, segundo dados do IBGE, ainda temos 20% de analfabetos funcionais, além de 9,8% de adultos iletrados.

Ao longo de nossa vida republicana partimos de diminuta base de acumulação de capital, decorrente de nosso passado colonial, para finalmente desfrutarmos crescimento do nosso PIB de 4% anuais médios. Valor respeitável, devido a vantagens competitivas dos abundantes recursos naturais e populacionais. Na atual administração, esse crescimento tem sido em média de 4,3% anuais, colocando-a na 21.ª posição, comparada com administrações republicanas passadas. Não cabe, pois, o bordão de presumida "herança maldita"... A menos de também incluir-se nela. A despeito disso, nosso poder de compra por habitante nos situa hoje na 75.ª posição!

Apesar do progresso já realizado, mesmo que tardio, a situação da educação é ainda dramática. Segundo o Academic Ranking of World Universities (2010), a mais prestigiosa de nossas universidades, a USP, foi classificada entre o 101.º e o 150.º lugares, entre as principais instituições de todo o mundo. As cinco outras universidades de melhor classificação interna estão listadas entre a 201.ª e a 400.ª posições, em ordem decrescente.

O ensino fundamental e médio não desfruta melhor situação, segundo O Estado de S. Paulo, com base na avaliação internacional de desempenho de estudantes de 15 anos promovida em 2006 pela OCDE. Participaram 57 países, entre os quais o Brasil. As notas foram atribuídas em seis níveis de desempenho, 1 a 6. Dos alunos brasileiros participantes, 27,9% tiveram notas inferiores a 1, 71,6% alcançaram notas 1 a 4, só 0,5% atingiu nota 5 e nenhum alcançou a nota máxima, 6.

Nos países da OCDE, 56,7% dos estudantes tiveram desempenho acima da média de 500 pontos. No Brasil, apenas 15,2% dos estudantes conseguiram esse resultado, isto é, 84,8% ficaram abaixo da média!

O desenvolvimento pressupõe a capacidade de inovar, gerar e/ou apropriar-se de novas tecnologias, frutos da ciência e da engenharia, logo, da educação, cujo panorama, como se viu acima, é desolador. Não é, pois, surpresa que esse mal também ocorra na inovação, medida em geral pelo número de patentes concedidas. Recente publicação da Organização Mundial da Propriedade Intelectual lança preocupante luz sobre o nosso quadro. O Brasil colocou-se na 33.ª posição, em 2006, quanto ao número de patentes registradas por unidade do PIB, expresso em bilhões de dólares. E é o 23.º em relação ao número de patentes por despesa com investimento em ciência e tecnologia (ano de 2007), na mesma unidade. No Brasil, 90,5% das patentes aqui concedidas provêm do exterior (não residentes), colocando-nos em 13.º lugar entre os países em desenvolvimento. Tais fatos estão seguramente vinculados à baixa participação do setor produtivo nos gastos nacionais com pesquisa e desenvolvimento (P&D), de apenas 6% em 1990, que evoluíram para 30% em 1998 e atingiram hoje cerca de 34%. Nos países industrializados e em alguns emergentes, de mercado aberto, as empresas chegam a despender 60% dos gastos com P&D.

Para superar nosso atraso torna-se indispensável: 1) Melhorar radicalmente o ensino básico, incluindo salário digno para seus professores; 2) aumentar a participação de P&D de 1,4% para 2%, pelo menos; 3) investir na formação de nossos engenheiros - segundo dados em entrevista à CBN, ingressam anualmente nas escolas de engenharia 130 mil alunos e se formam a cada ano apenas 30 mil, dos quais cerca de 20 mil teriam formação insuficiente; 4) reclassificar, por mérito, instituições universitárias, pela abolição do Regime Jurídico Único, que enquadra seus servidores.

Eis um programa mínimo de trabalho para que o próximo presidente comece a romper o espesso manto da fantasia!

*JOSÉ ISRAEL VARGAS FOI MINISTRO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

CLÁUDIO HUMBERTO

“Já foi detectada pela comissão uma falta ética da ex-autoridade”
FÁBIO COUTINHO, DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, EXPLICANDO A “CENSURA” A ERENICE

PAPEL DE COMPADRE DE LULA NA CRISE INTRIGA O MP 
O Ministério Público Federal está intrigado com a proximidade do advogado Ricardo Teixeira, compadre do presidente Lula, nos vários negócios que resultaram nas denúncias de tráfico de influência envolvendo a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra e seu filho lobista, Israel Guerra. Teixeira foi quem indicou o atual diretor de Operações dos Correios, Arthur Rodrigues, personagem da crise.

PONTA DO VÉU 
Primeiro, Veja revelou tráfico de influência na Casa Civil para a MTA (empresa aérea) ganhar um contrato de R$ 59,8 milhões nos Correios.

BATOM NA CUECA 
Arthur Rodrigues deixou a empresa aérea MTA com a filha e assumiu a diretoria de Operações dos Correios por indicação de Roberto Teixeira.

COMPADRE DO REI 
O compadre de Lula tem livre acesso à Casa Civil do Planalto, desde os tempos de Dilma Rousseff e Erenice Guerra. Nem se faz anunciar.

VELHA PRAGA 
Não é novidade a lambança política por bons negócios nos Correios. Basta reler a CPMI, de 2005. Mudam só nomes, empresas e lobistas. 

NAS ‘ASAS’ DE ERENICE NA CHESF E NO BNDES 
O “avião com porta aberta na Casa Civil e outra no BNDES” - como definiu o consultor Rubnei Quícoli – ficou sem “asas”: o advogado Stevan Knezevic pediu demissão da Casa Civil, no rastro de sua “madrinha” Erenice Guerra. Ela era conselheira do BNDES e também da Chesf, onde estaria “um pleito” de Quícoli. A empresa do Nordeste é uma das maiores geradoras e transmissoras de energia do País.

BENGALA 
Lula disse ontem confiar “cegamente” em Dilma. Ele também confiou “cegamente” em Dirceu, Gushiken, Freud Godoy, Lorenzetti...

VITRINE 
O governo Lula tem mesmo que se orgulhar do programa Bolsa Família: estão aí Erenice e seus parentes que não nos deixam mentir. 

CIRANDA DE PEDRA 
O governo já tem um álibi para explicar o escândalo das duas “mulheres de ferro” da Casa Civil: foi a iraniana Sakineh quem armou tudo. 
crime antigo O jornalista Joelmir Beting, âncora do telejornal da Band, disse que o escândalo na Casa Civil é a reincidência de um velho crime de autoridades governamentais – o de formação de família.

FAÇA O QUE DIGO 
O governo Lula atormentou os servidores, forçando-os a declarar suas relações de parentesco com outros funcionários. Só ontem a Comissão de Ética do governo descobriu que a ex-ministra Erenice Guerra está entre os poucos que sonegaram essas informações ao próprio governo.

FACTÓIDE INÚTIL 
A “censura” da Comissão de Ética da Presidência, anunciada ontem, é tão tardia quanto inútil. A sanção está prevista no decreto 6.029/07, mas só para quem exerce função pública. Não é mais o caso da ex-ministra.

FREI VAI À FORRA 
Até Frei Beto, ex-aspone de Lula, saiu das sombras e atacou Erenice Guerra. Por quê? Por delegação de Lula, foi ela quem “operou” a dispersão do Planalto da turma de José Dirceu, da qual ele fazia parte.

DIÁSPORA ALAGOANA 
Os alagoanos que emigraram para Brasília e São Paulo se deram bem: saíram do Estado que registra a mais baixa esperança de vida (67,6 anos) para onde a expectativa é a maior: 75,8 anos. Dados do IBGE.

ESSE PEDRO ÁLVARES... 
Como a coisa está preta, Lula foi a Belém tentar salvar a petista Ana Júlia Carepa, que tem 40% de rejeição no eleitorado. Não poupou nem os descobridores, dizendo que “eles” (oposição) governaram o País por 500 anos. E que não se pode culpar Ana Júlia por tudo de ruim. Anrã.

ABUSO DE PODER 
O Batalhão de Trânsito da PM, tão ausente das ruas do DF, cometeu o abuso de bloquear o estacionamento público do Centro Empresarial Brasil 21, ontem, em Brasília, para uso de evento policial de peritos em crimes cibernéticos. Quem exerceu o direito de estacionar foi multado.

SEU FUNÉREO 
O prefeito Luiz Marinho (PT), que em 2008 aprontou uma quizumba tributária com a falecida, 
foi à missa de 7º dia da mãe do ministro Ricardo Lewandowsy, em São Bernardo. Deve ter até chorado, coitado. 

SUCESSÃO 
Primeiro, comissão de 6%, depois Comissão de Ética, aí quem sabe, teremos Erenice Guerra na comissão de frente de escola de samba...

PODER SEM PUDOR
DENTES SACRIFICADOS 
No governo Geisel, o ministro Mário Henrique Simonsen levou o assessor Ary Pinto para uma reunião, em Nova York, com o ministro da Fazenda do Irã. Ary pediu uísque, irritando o iraniano, um muçulmano radical. Tempos depois, o mesmo Ary foi portador do acordo negociado naquela ocasião, para ser assinado. O iraniano o recebeu com crescente má vontade, até que, chamou o brasileiro de “desgraçado”. Ary fumava seu cachimbo, para manter-se calmo. Mas, ofendido, cravou os dentes no cachimbo com muita força. Exagerou: ao retirá-lo da boca, sua dentadura veio junto.