quinta-feira, junho 27, 2013

Menos é mais - LUIS ERLANGER

O GLOBO - 27/06

O Brasil pode e deve sediar eventos - aproveitando a oportunidade para melhorar sua infraestrutura - sem detrimento de educação, saúde, transporte, justiça, segurança, serviços públicos decentes, enfim.

A amplitude da pauta das reivindicações nas ruas (quase que todas legítimas e urgentes) aponta indiretamente para um problema bem maior para a democracia plena, do que cada um em si.

O deputado não me representa; o senador não me representa; o prefeito não me representa; o governador não me representa; a presidente não me representa; os partidos não me representam.

Só que estão todos aí na cena pública, escolhidos dentro das regras legais vigentes, pela via soberana do voto majoritário, livre e, ainda mais, obrigatório.

E não nos representam? Porque a representatividade fica diluída pela profícua indústria partidária.

O Brasil tem registrados uns 30 partidos políticos. Não é à toa que há, mais ou menos, a mesma quantidade de ministérios. Não existem tantas ideologias disponíveis no mercado.

Em que país com democracia moderna e estável o governo está entregue a tamanho sopão de letrinhas?

A cura para este mal já existe e, paradoxalmente, está na Constituição desde 1967, na ditadura. É a chamada cláusula de barreira ou de desempenho.

Todo mundo pode criar seu partido. Mas se a legenda não tiver cinco por cento dos votos na Cidade não elege vereador; no Estado fica sem deputado na Assembleia; no país não tem vaga no Congresso. E, por tabela, não entra no rachuncho das verbas do fundo partidário.

Por uma razão simples: mesmo que haja um fenômeno eleitoral individual na praça, o seu partido não tem expressão local, regional ou nacional. A legenda que escolheu não representa uma parte mínima do eleitorado.

Aí, sim, estaremos falando de representação para valer.

Ninguém está querendo impedir a existência de agremiações que falem por minorias. Nada mais democrático e até desejável. Só que a boa democracia respeita os direitos individuais, só que é conduzida pela maioria.

Por que esse dispositivo não entra em vigor se foi instituído há tanto tempo?

Porque, das dezenas de partidos hoje no Congresso, somente uns sete atenderiam essa exigência. Ficariam de fora legendas da base aliada. Estas falam em cassação. Ora bolas, quem os estaria deixando de fora é o povo.

Estes partidos que se unam com seus assemelhados sob uma mesma sigla em que, efetivamente, uma parcela significativa de eleitores se veja representada. No passado, já dividiram o mesmo teto. Essa movimentação forçaria um alinhamento ideológico e, ufa, vamos passar a votar em ideias, e não em pessoas.

As legendas de aluguel deixariam de ser lucrativas.

Vem sendo adiado é porque, na hora do vamos ver, ninguém quer cortar na própria carne. No STF, prevaleceu a tese do direito de manifestação das minorias. É necessário cargo público para se manifestar? O movimento popular que mexe com o país acaba de provar que não.

E é também um tema de difícil compreensão. Embora quase todos os cartazes remetessem indiretamente a ela, não havia um só pedindo pela cláusula de desempenho. Qual o charme de "CLÁUSULA DE BARREIRA JÁ!"?

Mas voltam a acenar com reforma política, quem sabe?

Claro que há muito mais a fazer para o fortalecimento das instituições e da democracia, mas, com certeza, acabar com a farra das legendas que não nos representam teria um saudável efeito na nossa vida política.

E, como não é uma alternativa excludente: dá-lhe, Neymar!

Qual baderna? - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 27/06

Há muito tempo, a relação do poder público com os cidadãos do Brasil é de descaso e desrespeito


Em agosto de 1792, Maria Antonieta devia achar que os que se juntavam na frente das Tuileries eram baderneiros ignorantes.

Em dezembro de 1773, o governador inglês da província de Massachusetts devia pensar a mesma coisa dos "filhos da liberdade", que se disfarçavam de índios, subiam nos navios, jogavam o chá no mar e não queriam pagar os impostos.

Na época, Samuel Adams explicou que, mesmo se esses homens fossem apenas vândalos descontrolados, eles seriam, de fato, os defensores dos direitos básicos do povo das colônias.

A maioria dos paulistanos (e, suponho, dos brasileiros) pensa como Samuel Adams e deseja que as manifestações continuem, por uma razão que está muito além da tarifa dos ônibus: a relação do poder público com os cidadãos do Brasil é, sistematicamente, há muito tempo, de descaso e desrespeito, se não de abuso.

A escola e a saúde públicas são o destino resignado dos desfavorecidos. A insegurança se tornou uma condição existencial, tanto no espaço público quanto dentro da própria casa de cada um. O atraso da Justiça garante impunidades iníquas.

Claro, nossa arrecadação per capita é menos de um terço da dos EUA, por exemplo. Ou seja, talvez tenhamos os serviços públicos que podemos nos permitir.

Convenhamos, seria mais fácil aceitar essa triste realidade 1) se a corrupção não fosse endêmica e capilar, especialmente na administração pública, 2) se os governantes baixassem o tom ufanista de nossos supostos progressos e sucessos, 3) se a administração pública não fosse cronicamente abusiva e desrespeitosa dos cidadãos e de seus direitos.

Além disso, o dinheiro no Brasil compra uma cidadania VIP, na qual não só escola, saúde e segurança são serviços particulares, mas a própria relação com a administração pública é filtrada por um exército de facilitadores e despachantes.

A sensação de injustiça é exacerbada pela constatação de que muitos representantes procuram ser eleitos para ganhar acesso à dita cidadania VIP. Por isso, hoje, circulam aos borbotões, na internet, propostas de reforma política em que, por exemplo, 1) os membros do Legislativo e do Executivo seriam obrigados a recorrer, para eles mesmos e para seus filhos, aos serviços da educação e da saúde públicas, 2) os congressistas não teriam nenhum regime privilegiado de aposentadoria, 3) os congressistas não poderiam votar o aumento de seus próprios salários etc.

Para piorar, os representantes parecem se preocupar pouco com os compromissos de seu mandato e muito com sua própria permanência nos privilégios do poder. Por isso, por exemplo, eles compõem alianças que desrespeitam e humilham seus próprios eleitores.

Nesse contexto espantoso, é patética a indignação com os "baderneiros" e mesmo com a margem de delinquentes comuns que se agregaram às manifestações.

O poder, quando não é efeito de graça divina, vem dos próprios cidadãos e é condicional: só posso reconhecer e respeitar a autoridade que me reconhece e me respeita. Uma autoridade que me desrespeita merece uma violência equivalente à que ela exerce contra mim.

Além disso, é bom não perder o senso das proporções. "Olhe, olhe!", grita um repórter, enquanto a tela mostra alguém que foge de uma loja saqueada levando algo no ombro. Tudo bem, estou olhando e não estou gostando, mas minha indignação é mais antiga e por saques muito maiores.

Outro repórter pensa nos coitados que perderão o avião, em Cumbica, por causa dos manifestantes que bloqueiam o acesso ao aeroporto. Mas o verdadeiro desrespeito é o de nunca ter construído uma linha de trem entre São Paulo e o maior aeroporto do país.

O ministro Antonio Patriota se declarou indignado com o vandalismo contra o Palácio do Itamaraty. Com um pouco de humor negro, eu poderia suspeitar que os apedrejadores talvez tenham precisado um dia dos serviços de um consulado no exterior. Mas, deixemos. Apenas pergunto: se esses forem vândalos, então o que são, por exemplo, os latifundiários desmatadores da Amazônia?

Enfim, à presidenta Dilma gostaria de dizer: não acredito que os "baderneiros" das últimas semanas tenham envergonhado o Brasil --nem mesmo quando alguns depredaram o patrimônio público. Presidenta, você sabe isto mais e melhor do que muitos de nós: o que envergonha o Brasil é uma outra baderna, bem mais violenta, que dura há 500 anos e que gostaríamos que parasse.

Cadê o De Gaulle? - LUIS FERNANDO VERISSIMO

O GLOBO - 27/06

Uma nação envergonhada dos seus políticos e das suas mazelas está inteira nas ruas


O “Journal du Dimanche” de Paris de domingo trazia uma entrevista com Daniel Cohn-Bendit, um dos lideres da sublevação popular que quase derrubou o governo francês em maio de 1968 e que continua atuando, como ativista e analista político, com o nome que conquistou naquela primavera. Não é mais o irreverente Dani Vermelho de 45 anos atrás, mas ainda é o remanescente mais notório daquela geração que fez o então presidente de Gaulle pensar em largar tudo e se mandar. Só mais tarde ficou-se sabendo como o velho general chegara mesmo perto de renunciar. De Gaulle não era a única causa da revolta que começou com os estudantes e empolgou Paris, mas era um símbolo de tudo que os revoltosos não queriam mais. Se maio de 68 não sabia definir bem seus objetivos, pelo menos tinha um ícone vivo contra o qual concentrar seu fogo. Um conveniente símbolo com dois metros de altura, um nariz dominador e a empáfia correspondente.

A chamada de capa para a entrevista de Cohn-Bendit era “Um perfume de Maio de 68” e a matéria fazia uma comparação mais ou menos óbvia do que acontece no Brasil com o que acontece na Turquia e o que aconteceu nas recentes “primaveras” árabes e em 68 em Paris. Óbvia e inexata. Nos países árabes a rua derrubou ditadores, na Turquia a revolta é, em parte, contra um governo autocrático e inclui, como complicadora, a luta antiga pela hegemonia religiosa. E, diferente do maio de Paris, a combustão instantânea no Brasil ainda não produziu seus Cohn-Bendits nem tem um De Gaulle conveniente como um símbolo que resuma o que se é contra. Ser contra tudo que está errado despersonaliza o protesto. Qual é a cara de tudo que está errado? No Brasil tanta coisa está errada há tanto tempo que qualquer figura, atual ou histórica, serve como símbolo da nossa desarrumação intolerável, na falta de um de Gaulle. Renan Calheiros ou Pedro Álvares Cabral.

Na sua entrevista, forçando um pouco a cronologia, Cohn-Bendit diz que 68 foi o preâmbulo de 81, quando a esquerda chegou ao poder na França. Junho de 2013 será o preâmbulo de exatamente o quê, no Brasil? Aqui a esquerda, ou algo que se define como tal, já está no poder. O que vem agora? O Marx tem uma frase: se uma nação inteira pudesse sentir vergonha, seria como um leão preparando seu bote. Uma nação envergonhada dos seus políticos e das suas mazelas está inteira nas ruas. Resta saber para que lado será o bote desse leão.

Tempos interessantes, tempos interessantes.

Ueba! O Fuleco virou Fudeco! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 27/06

Com dois atos simultâneos, manifestantes sem partido erram de protesto. Tá virando pastelão! Rarará!

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

Pensamento do dia: O dólar sobe e a borracha desce!

E o tuiteiro Fernando Duartina: A sessão da câmara dos deputados ontem parecia igreja de Minas Gerais: cheio de santo pra tudo quanto é lado".

E o Renan Escandalheiros prometendo passe livre pros estudantes? Vamos dar um passe livre pra ele sumir. Passe Livre pro Renan sumir! Rarara.

E o PGN, meu partido da Genitlália Nacional, vai lançar um PEC: PEC 69! PEC na Minha e Balança. Rarara.

E diz que a PEC 37 caiu e enfrentará o Palmeiras na série B!

E o líder do PSDB: "Sergio Guerra se engana e vota a favor da PEC 37". ANTAlógica! O Tiririca votou direitinho. Rarara!

E esse cartaz no Rio: "Família Cabral ferrando a gente desde 1500". Rarara!

E essa de Santa Catarina: "Com dois atos simultâneos, manifestantes sem partido erram de protesto". Tá virando pastelão! Rarara!

E pro próximo discurso a Dilma vai fazer um botoshop: botox com photoshop! Rarara!

E Minas? Antes as lojas em época de Copa enfeitavam as vitrines de verde amarelo, botavam fitas, balões. Agora em BH, as lojas tapam a vitrine com tapume e escrevem ANTI-COPA! Rarara!

E corre na internet uma foto do Feliciano cantando: "Como uma DEEEEEUUUUSA!". Assumiu!

E um amigo disse que o Feliciano quando criança queria ser Spice Girls mas os pais não deixaram. Tá explicado! Tá explicado o recalque!

E na manifestação "Fora Feliciano" passou uma biba com o cartaz: "Libertê! Egalitê! Fraternitê! Vinagrê! BEYONCÉ!". Beyoncê #vemprarua! Vem pra rua, Beyoncê! Rarara! É mole? É mole mas sobe!

O comércio adere às manifestações! Olha a placa na churrascaria Pedra do Guri, Itaim, São Paulo: "PEC 37, Não! Chuleta, Sim! O movimento é sexy!". Rarara. Trocamos uma pec por uma chuleta!

E essa aqui: "AB Vídeos! Nem precisa protestar, já baixamos os custos". Isso!

E vamos repetir de novo: Fifa, vá tomar no fuleco! E o Fuleco virou Fudeco! Rarara.

Nóis sofre mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Vem pra rua, não pra estrada - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - (ONTEM)

Todos estão opinando sobre as manifestações que vêm ocorrendo no país. Tenho pouco a acrescentar: concordo que veio em boa hora esse alerta de que não somos tão acomodados, e ao mesmo tempo lamento que ignorantes promovam a destruição do patrimônio público e privado, desviando a atenção do que realmente importa nesses protestos.

Afora chover no molhado, venho sugerir uma reflexão sobre os locais de agrupamento. A rua sempre foi o lugar ideal para se manifestar: em grandes avenidas e praças, alcança-se o impacto pretendido. Com toda a população por testemunha, saímos a pé em direção à casa da presidente, dos governadores e dos prefeitos para dizer de viva voz que não toleramos mais a corrupção e o alto custo de vida. O trânsito de carros é redirecionado e ninguém perde sua liberdade de ir e vir. É legítimo e eficiente.

Mas interromper rodovias é outra coisa. Compreendo (sem apoiar) que moradores que vivam às margens de uma estrada a interrompam momentaneamente para chamar a atenção para o número excessivo de acidentes e atropelamentos que ali acontecem, exigindo melhor sinalização. É uma reivindicação relacionada diretamente ao local do protesto. Porém, no caso das manifestações de massa que clamam por direitos diversos, interromper as ligações de acesso à cidade é um ato de vandalismo também. É povo x povo. Não faz sentido.

Cidadãos trabalham e estudam em outras localidades, precisam trafegar entre os municípios, cumprir seus compromissos. Pessoas viajam para visitar parentes, realizar cursos, fazer consultas em hospitais: não é justo que fiquem presos por um longo tempo dentro de um veículo sem condições de conforto, higiene e alimentação.

Há idosos ali, doentes, crianças, mulheres grávidas. Sem falar no transporte de carga, que fica impedido de abastecer nossas metrópoles. Interromper uma estrada é criar constrangimento e promover um prejuízo a quem, em vez de se aliar a nós, se torna uma vítima. Ela é penalizada da mesma forma que os donos dos estabelecimentos destruídos por vândalos.

Quando o povo se manifesta, ele faz em nome da liberdade também. A liberdade de escolher quais são suas causas, a liberdade de se unir com quem defende o mesmo que ele e de voltar para casa na hora que quiser, com segurança. A liberdade de gritar palavras de ordem, cantar o hino, levantar cartazes, usar as roupas que melhor traduzem sua indignação ou esperança, enfim, exercer plenamente sua cidadania.

A maioria dos jovens está pensando no seu futuro, mas também construindo um passado: querem, daqui a 20 anos, se orgulhar de terem feito parte disso. Aderem ao movimento para, entre outras coisas, dar um sentido à própria vida. É um objetivo maior e mais nobre do que simplesmente aporrinhar por aporrinhar.

A rua é uma arquibancada democrática. Mas interromper a liberdade de deslocamento do outro é uma tirania que diminui o tamanho do gigante que acordou.


O dia em que a corte ficou nua - CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 27/06

O governo recua, os juristas batem cabeça, as verbas não são usadas, vota-se só por medo


É assustador quando uma garota de 25 anos (Leila Saraiva, do Movimento Passe Livre) constata "um despreparo gigantesco do governo" para tratar de mobilidade urbana, afinal o tema que incendiou originalmente a rua.

Palavra de testemunha ocular, posto que Leila participou da reunião da presidente Dilma Rousseff com o MPL.

Seria um comentário assustador, qualquer que fosse o presidente. Mas torna-se exponencialmente grave quando a mandatária em questão gosta de ser vista como gerente, como técnica.

Pior ainda é que comentário semelhante poderia ser aplicado ao tratamento da questão política, o verdadeiro nó que amarra o país, não só de parte do governo federal, mas de todas as esferas de poder.

É despreparo uma governante lançar solenemente uma proposta --a tal reforma política via processo constituinte exclusivo-- para derrubá-la menos de 24 horas depois, supostamente por ter se convencido de que era inconstitucional. Pode ser, pode não ser, uma vez que juristas, políticos e até ministros do Supremo Tribunal Federal bateram cabeça em torno da inconstitucionalidade da proposta.

Joaquim Barbosa, o chefe do Poder Judiciário, por exemplo, deu todos os sinais, embora em linguagem tortuosa, de que prefere uma constituinte exclusiva, a partir de um argumento irrefutável: o Congresso ordinário já demonstrou à saciedade que não tem a menor vontade de mexer no jogo que beneficia seus membros.

O recuo de Dilma significa que ela deixa a tarefa de "oxigenar o sistema político" nas mãos de quem o poluiu até níveis insuportáveis.

O Congresso deu, aliás, na mesma terça-feira, mais provas de que também é afetado por "gigantesco despreparo". Votou quase por unanimidade o fim da PEC 37, mas não por convicção. Havia ao menos 200 deputados favoráveis a ela, mas todos (menos nove) enfiaram a viola no saco com medo da rua. Ainda bem que o fizeram, mas não pode ser o volume da voz da rua o único elemento para decidir o voto.

Que o Congresso está agindo só para acalmar a massa, à espera de que ela se canse, prova-o o fato de que Renan Calheiros --ele também na mira da rua-- não mencionou entre as medidas que quer votar com urgência a eliminação, por exemplo, dos "auxiliares de embarque" regiamente pagos, à disposição dos congressistas nos aeroportos. É apenas um dos incontáveis privilégios inaceitáveis de que gozam os políticos --e nenhum será tocado se o voto for distrital ou seguir como está, se o financiamento das campanhas for público ou não.

Para fechar o círculo, no mesmo dia em que a presidente anunciava mais verbas para mobilidade urbana, o "Valor Econômico" demonstrava que o programa Mobilidade Urbana-Grandes Cidades, lançado em abril de 2012, não saiu do papel: "De um total de R$ 10,2 bilhões de repasse da União disponíveis a fundo perdido, menos de 7% foram contratados. Ou seja, há R$ 9,5 bilhões parados no Ministério das Cidades".

O "gigantesco despreparo" é, pois, do Estado brasileiro.

Marketing de emboscada - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 27/06

A CBF abre processo hoje contra a fabricante de relógios Technos.
Acusa a empresa de usar em anúncios, sem autorização, elementos ligados à Copa das Confederações.

Calma, gente
Ontem, no hotel da seleção brasileira em BH, ao lado de um cartaz com a inscrição “welcome” (bem-vindo), um manifestante escreveu “to hell” (ao inferno).

Só dá Neymar
Uma pesquisa da LeadPix Survey com 2.400 internautas revela que 42% acham que o craque da Copa das Confederações será Neymar.

E 13% apostam que será o espanhol Iniesta.

Análise de conjuntura
Lula se reuniu estes dias com sua equipe econômica: Antonio Palocci e Nelson Barbosa.

Alô, Paulo Bernardo!
Jornalistas que cobriram os recentes protestos em Brasília descobriram que os celulares com 3G não tinham acesso à internet no alto do... Ministério das Comunicações.

PIB do Papa
A Jornada Mundial da Juventude, em julho, deverá injetar R$ 273,9 milhões no varejo do Rio, segundo estudo que a Confederação Nacional do Comércio divulga hoje.

O setor de supermercados deve ficar com a maior parcela desta conta (40,2%). Em seguida, vêm combustíveis e lubrificantes (11,4%), seguidos de vestuário e calçados (10,5%).

A estrela sobe
O escritor carioca Alberto Mussa está na lista de brasileiros notáveis do “Courrier International”, jornal francês.

Exemplo brasileiro
A revista eletrônica “Inside World Football”, com base na Suíça, diz que a Uefa, a liga de futebol da Europa, está usando os protestos no Brasil para pressionar a Fifa.

Segundo a reportagem, a Uefa acha que os brasileiros estão provando à Fifa que o modelo de negócio da Copa do Mundo está fadado ao fracasso.

Éque...
Diz lá que o peso econômico que cai sobre o país organizador é insustentável daqui para a frente.

Por isso, a já anunciada decisão da Uefa de fazer a Eurocopa de 2020 em 13 cidades diferentes pode ser aplicada em outras edições.

Como se sabe, o campeonato completa 60 anos em 2020.

Campeão de audiência
O jogo entre Brasil e Itália na fase de grupos da Copa das Confederações teve, até agora, a maior audiência da TV.

Cerca de 50,4 milhões de espectadores assistiram ao jogo mundo afora no dia 22.

Por aqui...
No Brasil, foram mais de 10 milhões — a maior audiência do país, na Copa.

Doce ilusão
Esta grande caixa de presentes será instalada no Complexo do Alemão, no Rio, sábado. Depois, vai rodar a cidade.

Quem entra nela encontra depoimentos chocantes de gente que foi traficada. 

É a campanha da Secretaria estadual de Direitos Humanos e da ONG “Stop the traffik” contra o tráfico de pessoas.

Plágio ou paródia?
Sabe as propagandas que a Hortifruti faz com filmes e músicas? Pois bem, a Warner Chappel processou a rede dizendo que algumas, como a que dizia “gosto muito de você, limãozinho”, estariam plagiando seus produtos.

Mas o desembargador Edson Queiroz Scisinio Dias, da 14ª Câmara Cível do Rio, entendeu que paródia não é plágio e recusou a indenização.

Tradição do bicho
A Tradição, dissidência da Portela que desfila na Série A, vai reeditar em 2014 o enredo “Sonhar com rei dá leão”, que deu à Beija-Flor seu primeiro título em 1976.

É uma homenagem ao jogo do bicho. O refrão do samba diz: “Sonhar com filharada/É o coelhinho/Com gente teimosa/Na cabeça dá burrinho/E com rapaz todo enfeitado/O resultado, pessoal/É pavão ou é veado.”

Aliás...
Dia destes, um aluno de um colégio chique do Rio, neto de um juiz, disse a um coleguinha, neto de bicheiro:

— Meu avô já prendeu seu avô.

No mais
Que venha a Espanha ou a Itália, de novo.

O plebiscito - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 27/06

A presidente Dilma deve enviar ao Congresso sua proposta de plebiscito sobre reforma política na terça-feira. Dilma gostaria de aprovar o financiamento público e o voto em lista ou algum formato de voto distrital. O plebiscito terá de ser aprovado no Congresso. Os parlamentares vão decidir se o povo só é bom para protestar na rua ou se também tem capacidade para escolher a lei eleitoral.


Os inimigos da reforma política
Os que são contrários às mudanças se movem em duas direções. O líder do PSB, Beto Albuquerque (RS), diz que uma delas é "retirar o protagonismo do povo" e entregar a formulação da proposta ao Congresso e depois submetê-la a referendo. Ele explica: "O Congresso há mais de dez anos não tem maioria para aprovar um projeto." E acrescenta: "Se a população não votar 'sim', será um esforço jogado fora." O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) alerta ainda que quem não quer ver a reforma aprovada vai propor a ampliação dos itens da consulta. "Quanto mais questões tentarem incluir no plebiscito, mais difícil será aprovar sua realização aqui dentro", adverte Miro.

Frase
“Acho que morri e estou no céu. A Câmara rejeitou a PEC 37. O Senado estava cheio, no dia do jogo da Seleção, para tornar corrupção crime hediondo” 

Randolfe Rodrigues Senador (PSOL-AP)

O Solidariedade
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) conseguiu validar as 500 mil assinaturas necessárias para criar o Solidariedade. Na segunda-feira, foi entregue a documentação ao TSE, que ontem publicou o registro provisório. A sigla está constituída em AL, AC, AP, RR, RO, GO, TO, SE e PI. Em sete meses e meio, foram colhidas 900 mil assinaturas.

Os inimigos da reforma política
Os que são contrários às mudanças se movem em duas direções. O líder do PSB, Beto Albuquerque (RS), diz que uma delas é "retirar o protagonismo do povo" e entregar a formulação da proposta ao Congresso e depois submetê-la a referendo. Ele explica: "O Congresso há mais de dez anos não tem maioria para aprovar um projeto." E acrescenta: "Se a população não votar "sim", será um esforço jogado fora." O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) alerta ainda que quem não quer ver a reforma aprovada vai propor a ampliação dos itens da consulta. "Quanto mais questões tentarem incluir no plebiscito, mais difícil será aprovar sua realização aqui dentro", adverte Miro.

O que dá para rir dá para chorar
O governo perdeu. O PT foi contra. A Câmara aprovou que os royalties do petróleo vão para a Educação (75%) e a Saúde (25%). PSDB e DEM votaram com o aprovado. Mas a oposição perdeu. Seu manifesto pregava 100% para a Educação.

Para a plateia
É inócua a rejeição dos R$ 43 milhões para a Telebras garantir a infraestrutura à transmissão da Copa. A decisão foi simbólica, diz a oposição. O dinheiro já foi pago às empresas que executaram o serviço, que está funcionando na Copa das Confederações. Em 2012, quando a autorização foi aprovada no Congresso, a grande polêmica foi sobre a venda de bebidas alcoólicas nos estádios.

A patacoada da moda
O chavismo é um fenômeno próprio da Venezuela, que corresponde às circunstâncias de sua História. Pelo que se sabe, no Brasil, nenhum presidente quis dar golpe, nem a oposição aqui é golpista ou indiferente às mazelas sociais do país.

O outro lado
O governador André Puccinelli (MS) ligou para dizer que, na reunião no Planalto, não teria usado o termo "veado", mas "repressão a "vândalos"". Relatou que sua polícia fez reuniões com líderes sociais para garantir a segurança dos protestos.

Pedido para Gilberto e Gleisi
Os senadores Pedro Simon, Cristovam Buarque, Ana Amélia, Pedro Taques e Randolfe Rodrigues querem se reunir em separado com a presidente Dilma. Alegam que não se sentem representados pelos partidos do governo ou da oposição.


O MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO contesta os números do DEM. Informa que, desde 2011, já foram pagos para obras de mobilidade urbana R$ 5,97 bilhões.

Terapia de grupo - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 27/06

Às voltas com insatisfações no PMDB, Dilma Rousseff foi alvo de seu próprio partido, o PT, em reunião da bancada da Câmara, anteontem. As críticas à presidente e seus ministros foram comandadas por João Paulo Cunha (SP) e Ricardo Berzoini (SP). Na mesma noite, a catarse coletiva levou a bancada a se rebelar contra a orientação do governo e votar o substitutivo de André Figueiredo (PDT-CE) no projeto que destina receita do petróleo para a educação, em vez do texto original.

Diagnóstico No encontro, os petistas mais exaltados elencavam os "erros" da presidente. Segundo eles, Dilma estaria "colhendo os frutos que ela mesma plantou'' ao desacreditar políticos e entidades como a Fifa.

Lá e cá José Genoino (SP) foi apaziguador: disse que a pauta proposta por Dilma após os protestos era "progressista". Cunha, por outro lado, acusou o governo de "conservadorismo" ao ampliar desonerações para o transporte público, o que beneficiaria empresas do setor.

O retorno Em todas as intervenções, havia comparações com o governo Lula, lembrando que, "naquele tempo", as coisas eram "diferentes". Após a reunião, um grão-petista diz que, se for feita uma consulta secreta na bancada hoje, 90% votariam pela volta de Lula em 2014.

Na berlinda Os ministros mais criticados, além de Ideli, foram Paulo Bernardo (Comunicações), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Aloizio Mercadante (Educação) e até a discreta Izabella Teixeira (Meio Ambiente). À exceção de Izabella, todos são filiados ao PT, mesmo partido dos deputados rebelados.

Sujeito oculto Além de Michel Temer, também não foi ouvido antes do anúncio da constituinte exclusiva para a reforma política Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União), outrora presença constante em reuniões reservadas com a presidente.

Ritmo Possível rival de Dilma em 2014, Aécio Neves (PSDB) diz que a petista e os presidentes do Senado e da Câmara devem se inspirar no senador Pinheiro Machado ao responder às ruas: "Nem devagar demais que pareça provocação, nem depressa demais que pareça covardia".

Prato frio 1 Como troco da irritação dos peemedebistas, o Planalto já espera a instalação de uma CPI da Copa na Câmara, com o apoio da sigla. A bancada do PMDB vai debater o tema no dia 2, e a tendência é liberar os deputados para a adesão.

Prato frio 2 Além disso, interlocutores do governo preveem que os aliados derrubem no Congresso o veto de Dilma à lei que fixa gastos públicos obrigatórios com a saúde em 12% das receitas da União, Estados e municípios.

Sem... Servidoras do Congresso se empolgaram com os agentes bonitões da Polícia Legislativa chamados para reforçar a segurança durante o protesto de ontem.

...violência Em reunião do grupo que discutia a estratégia de segurança, um policial perguntou à copeira se tinha café sem açúcar. "Tem sem açúcar, sem pó, sem água'', respondeu a moça.

Agenda O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, quer levar os embargos do mensalão ao plenário da corte na primeira quinzena de agosto. A ideia é avisar os outros ministros com 10 dias de antecedência.

Desapega Servidores do STF estavam em polvorosa ontem com a chegada do novo ministro, Luís Roberto Barroso. O substituto de Carlos Ayres Britto queria usar seu nome completo na corte, e não optar por apenas dois, como manda a tradição.

com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN

tiroteio
"É preciso ter pacto, mas com o dinheiro, porque, hoje, 72% de tudo o que se arrecada no Brasil fica em poder do governo federal."
DO GOVERNADOR DE GOIÁS, MARCONI PERILLO (PSDB), sobre a proposta de pacto feita por Dilma Rousseff para atender às reivindicações dos protestos.

contraponto


Fotógrafo por um dia
Em 2012, o presidenciável tucano Aécio Neves visitou cidades do Nordeste durante as campanhas para prefeituras. Em Maceió, fez caminhada na tradicional rua do Comércio, ao lado do então candidato Rui Palmeira.

Os dois andavam pelo calçadão quando uma jovem se aproximou e pediu uma foto. Aécio imediatamente a abraçou, sorridente, em pose de retrato. A moça, por sua vez, fez algo que desconcertou o ex-governador mineiro. Ela entregou a máquina a Aécio e arrematou:

--O senhor aperta aqui e tira a foto pra mim, que eu quero sair bem juntinho do Rui!

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 27/06

CAMPO EM SERGIPE JÁ RENDERIA ROYALTIES SOCIAIS

Bloco no estado teve comercialidade declarada após 3 de dezembro passado e poderia financiar educação e saúde

Se entrasse em vigor hoje, a lei que destina parte dos royalties à educação e à saúde, teria um campo apto a distribuir recursos à União e ao estado e a municípios de Sergipe. O Projeto de Lei 323-E/2007, aprovado anteontem na Câmara (falta passar pelo Senado e pela presidente Dilma), carimba os repasses de áreas com declarações de comercialidade emitidas a partir de 3 de dezembro do ano passado. Desde essa data, a ANP registrou nove blocos nas bacias de Campos (5), Sergipe (1), Recôncavo (1) e Parnaíba (1). Do total, oito ainda estão em fase de desenvolvimento. Significa que ainda não iniciaram a extração de petróleo ou gás natural. Portanto, não rendem royalties nem participação especial. A única das áreas que já produz é o campo terrestre de Rabo Branco (SE). Em maio, segundo relatório da ANP, a área produziu 940,07 metros cúbicos de petróleo e 147.713 de gás. Em royalties, foram repassados R$ 153,293 mil. É fração ínfima dos R$ 123,837 milhões que a exploração em terra de óleo e gás rendeu ao governo federal, estados e municípios no mês passado. No mar, onde as operações se concentram, só em maio, a produção de óleo e gás rendeu R$ 1,111 bilhão em royalties.

50% DA PETROGAL
A petrolífera de Portugal é a operadora do campo de Rabo Branco (SE). A outra sócia é a Petrobras. A estatal está em outros três campos declarados comerciais desde dezembro; cinco têm a OGX.


QUESTAO DE GOSTO
A Montenapoleone, de decoração, estreia na semana que vem a campanha 2013 com designers internacionais ao lado das criações de que mais gostaram.O italiano Ferruccio Laviani, por exemplo, aparece na poltrona Doda. Foi ideia dos próprios profissionais.

BEM BOM
O PayPal, serviço de pagamento de contas on-line, estreia campanha publicitária semana que vem. O ator Dan Stulbach protagoniza o filme, que será será veiculado em TV fechada a partir de segunda. As cenas foram gravadas na praia de Camburizinho, no litoral Norte de São Paulo. A agência Tribo Interactive assina a campanha.

Hotelaria
O Ibis Botafogo abriu as portas anteontem. Projeto da Accor com a Galwan, o hotel recebeu investimento de R$ 48 milhões. A unidade tem 270 apartamentos e gerou 75 postos de trabalho. Outros oito hotéis da marca estão em fase de implementação na capital fluminense e em Niterói.

Aeroportos
A Secretaria estadual de Transportes assinou ontem com a americana Leigh Fisher o contrato do Plano Aeroviário do Rio. O estudo vai sugerir projetos de modernização de aeroportos e heliportos regionais. Vai custar US$ 485 mil. Quem financia é a USTDA, agência americana de comércio.

Em tempo
A Leigh Fisher fez a modelagem dos terminais de Guarulhos, Viracopos e Brasília para a União.

É seguro 1
Empresas de seguros pagaram R$ 119 bilhões em indenizações em 2012. Foi alta de 17,4% sobre 2011, diz a CNSeg. Preservação de saúde foi a área que mais pesou, com R$ 30,6 bi.

É seguro 2
A XP Seguros amplia atuação à área corporativa. Contratou para o segmento dez profissionais, que chegaram com carteira de R$ 3 milhões. A meta é fechar 2013 com receitas de R$ 7 milhões. São cerca de R$ 80 milhões em prêmios.

Cartaz
A atacadista Caçula bateu recorde de venda de cartolina com a onda de protestos no Rio. Só da filial São Cristóvão saíram 35 mil folhas, de 10 a 15 de junho; e 32 mil, na semana passada. A média habitual é de até 28 mil.

Acesso
BRMalls e Ecia vão construir uma passarela ligando o Shopping Via Brasil, em Irajá, à Avenida Brasil e à Rodovia Presidente Dutra. É investimento de R$ 2 milhões. Fica pronta em novembro.

Expansão
A Apsa, administradora de condomínios, vai atuar também em São Paulo, Curitiba e Brasília. O investimento inicial é de R$ 1 milhão. A empresa já opera no Rio e em Recife, Fortaleza e Salvador.

Quem vai 1
A Florense, de móveis planejados, abriu loja em Fort Lauderdale, na Flórida (EUA). Investiu US$ 500 mil na unidade. Em 2012, o grupo faturou R$ 420 milhões. Tem 60 pontos de venda no Brasil e está presente em dez cidades do exterior, entre elas, Punta del Este, Santiago e Chicago.

Quem vai 2
O Grupo Bazzar participa da Summer Fancy Food, em NY, de domingo até dia 6. Vai lançar linha de sopas prontas na feira gourmet. É projeto de R$ 600 mil. A meta é exportar e elevar a receita em 35% em cinco anos. Vai a mais oito eventos no exterior até 2014.

HISTÓRIA
A foto, de 1942, mostra o Colégio Cruzeiro, na Rua Carlos de Carvalho, no Centro. É uma das imagens do livro “150 anos de História”, sobre a antiga Escola Alemã. O lançamento é amanhã, na Travessa do Leblon. Assinam Karin Scarpa (pesquisa), Carla Bahiense (texto) e Fernanda Rangel (design).

Rock in Rio
Raízen e Volkswagen vão sortear dez carros e 40 ingressos para o Rock in Rio. A promoção é para quem abastecer, ao menos, R$ 50 com Shell V-Power. A ação é parte do investimento de R$ 150 milhões em marketing da Raízen no biênio 2013-14. Já a coleção da Taco para o festival chega às lojas da rede esta semana. A meta é elevar em 30% as vendas.

Em tempo
A parceria da Raízen com o Instituto Ayrton Senna, que reservou parte da venda de combustíveis à entidade,
rendeu o triplo do previsto. Beneficiará 185 mil crianças, em vez de 67 mil. A ação será repetida em 2014.

No celular
O BRT Transoeste terá, a partir de agosto, aplicativo para celular com informações em tempo real. Quem criou foi a M2M Solutions.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 27/06

Setor de construção civil diminui postos de trabalho no país em maio
A indústria da construção civil fechou 1.751 vagas em maio no país, o que representa um recuo de 0,05% na comparação com abril, segundo dados da FGV e do SindusCon-SP (sindicato do setor do Estado de São Paulo).

O resultado é bem diferente do registrado no mesmo mês de 2012, quando 17,2 mil postos foram abertos.

"A desaceleração vem desde 2011, mas agora passamos o ponto de inflexão. Isso mostra que a construção civil está praticamente estagnada, acompanhando o cenário nacional, que não é dos melhores", diz Sergio Watanabe, presidente do sindicato.

"Essa estagnação do ritmo de emprego decorre da diminuição dos investimentos no Brasil", acrescenta.

A região Nordeste do país foi a que apresentou pior desempenho, com queda de 0,66% (aproximadamente 4.800 vagas fechadas). No Estado de São Paulo, a retração foi de 0,07%.

Apenas o Sul e o Centro-Oeste apresentaram expansão no número de postos de trabalho, com 0,73% e 0,41% respectivamente.

O setor acredita que o segundo semestre possa ter resultados um pouco melhores, segundo Watanabe.

"Mas sabemos que não será nada espetacular. O nível de emprego não deverá ter um crescimento superior a 3%", afirma.

Nos cinco primeiros meses de 2013, o número de pessoas empregadas na indústria da construção no país cresceu 3,34%, ainda segundo pesquisa do SidusCon e da FGV.

No acumulado dos últimos 12 meses, a elevação é mais tímida, de 0,62%. No mesmo período, no Estado de São Paulo, a alta foi de 0,98%.

CASA PRÓPRIA
A Dudalina, fabricante de camisas que atua também no varejo, abrirá a primeira loja da marca Individual amanhã no shopping Ibirapuera, em São Paulo.

O projeto de expansão da grife inclui mais duas unidades na capital paulista, uma em Porto Alegre e outra em Curitiba até dezembro. A intenção é inaugurar 60 lojas próprias em três anos.

Responsável por 25% do faturamento do grupo, a Individual é uma marca mais popular da Dudalina, vendida principalmente em multimarcas do interior do país.

"Vamos fortalecê-la com a instalação de lojas nas capitais das regiões Sul e Sudeste", afirma a presidente da companhia, Sonia Hess.

A empresa também está em expansão no exterior. Hoje, ela tem apenas uma loja e um showroom em Milão.

"Devemos abrir duas em Moscou, uma segunda na Itália, uma na Áustria e uma na Austrália. Talvez também uma em Londres. Dentro de um ano, deverão ser dez unidades fora do Brasil."

Enquanto o avanço da empresa do mercado nacional será realizado por meio de lojas próprias. No exterior, será por franquias.

"Cada país tem suas regras, facilita se tivermos parceiros locais."

R$ 500 milhões
é o faturamento esperado para este ano

R$ 1 Bilhão
é a meta para 2016

2.300
são os funcionários

74
são as lojas da Dudalina (28 delas são franquias)

6
é o número de fábricas

FAMÍLIA MODERNA
O HSBC anunciará amanhã mudanças em sua política de licenças maternidade e paternidade para funcionários.

Pais solteiros, viúvos ou com união estável homoafetiva que adotarem criança com até oito anos de idade terão direito a 30 dias corridos sem precisar ir ao trabalho.

No caso das mulheres com união homoafetiva, se ambas forem vinculadas ao banco, uma terá direito às condições da licença-maternidade e a outra às da paternidade.

A iniciativa, planejada para o Dia Mundial do Orgulho LGBT, integra ações para valorizar funcionários gays dentro da organização, de acordo com o HSBC.

O Banco do Brasil diz conceder, desde 2009, 30 dias a funcionários solteiros ou com união homoafetiva no momento da adoção.

O Itaú Unibanco informou que, nos casos de adoção, a licença varia de acordo com a idade da criança, chegando a até seis meses quando bebês têm menos de um ano.

O banco não especificou regras envolvendo pais homossexuais.

Anúncio imóvel
Os brasileiros ainda são resistentes à publicidade em dispositivos móveis, segundo uma pesquisa da Nielsen.

Somente 31% dos entrevistados pela empresa de informações aceitam fornecer dados pessoais para receber propagandas customizadas.

Metade deles afirma não se importar com publicidade, desde que possam acessar conteúdo de graça, e 54% preferem clicar em um anúncio que não os direcionem para outros sites.

O Relatório Sobre o Consumidor Móvel de 2013 foi feito em outros nove países e ouviu no Brasil 1.600 usuários de celulares, de 16 a 64 anos.

Novos desafios O economista José Roberto Afonso deixa o BNDES após 29 anos. Afonso vai atuar como consultor em finanças públicas e como pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas.

Plantio... Doze árvores precisam ser plantadas para neutralizar o CO2 de um voo de São Paulo a Pequim, segundo a Tour House, especializada em viagens corporativas.

...aéreo A empresa deve plantar 465 árvores até o fim do ano, equivalente a 92,6 toneladas de gás carbônico.

Saúde O médico e executivo Paulo Marcos Senra de Souza assume nesta semana a presidência da Asap, com mandato até 2015. A entidade reúne 25 empresas para a gestão de saúde dos trabalhadores.

Filial O grupo de consultoria FBM abrirá sua segunda unidade internacional, no Peru. Hoje são sete escritórios no Brasil e um em Hong Kong.

GUIA DE REMUNERAÇÃO
A ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) lançará um guia de salários para servir de referência na área de e-commerce.

"Hoje, quem contrata não sabe quanto pagar e quem se candidata [para vagas abertas] fica prejudicado", diz a vice-presidente da associação, Solange Oliveira.

O manual apresenta uma tabela com estimativas da remuneração para diferentes cargos, de acordo com o porte da empresa e a experiência do profissional.

O cálculo é baseado no cenário americano, com valores transformados em real.

Além-mar - SONIA RACY

O ESTADÃO - 27/06

Ao defender a corrupção como crime hediondo, Dilma pensou não apenas no corrupto, mas também nas empresas corruptoras. Segundo se apurou, seu desejo era puni-las com multa de até 20% do faturamento.

Dois lados
Se Paulo Bernardo é o responsável pela decisão da presidente de propor a Constituinte exclusiva, no Planalto fala-se que as conversas com Michel Temer e Joaquim Barbosa foram decisivas para que ela desse meia-volta.

No começo de 2010, Lula encaminhou um projeto com o mesmo tema ao Congresso.
Foram mais de três anos de tramitação até ser aprovado na Câmara - o PL chegou ao Senado há apenas 15 dias.

O Casino recebeu muito bem a nomeação de William Ury, professor em Harvard, como novo negociador oficial de Abilio Diniz.

Além 2
O líder do PT no Senado, Jossé Pimentel, cogitou apresentar requerimento pedindo que o projeto fosse votado com urgência. Mas re­cuou. Em acordo com os outros líderes, apoiou texto de Pedro Taques, do PDT, considerado "mais amplo" - e que foi aprovado ontem.

Mas que, em nenhum momento, trata das empresas corruptoras.

Olhos abertos. 
Representando Dílma, Marta Suplicy. assina hoje, no Marrocos, tratado internacional da Organização Mundial da Propriedade Intelectual.

Tudo para disponibilizar em braile obras protegidas por direitos autorais - sem necessidade de autorização do autor. "Grande vitória para os cegos de todo o mundo", comemorou a ministra.

Apenas oito imortais não foram, convencidos a votar em Fer­nando Henrique Cardoso em eleição que acontece hoje na Academia Brasileira de Letras.

Mas o ex-presidente não tem. com o que se preocupar: conta 31 votos para assumir a cadeira deixada por João de Scantimburgo. Onze a mais do que precisava para vestir o fardão.

Onipresente
Proposta de Emenda à Constituição, pronta para entrar em pauta ná CCJ da Câmara, "estabelece a obrigatoriedade de realização de plebiscito para definição do modo de eleição dos deputados federais, estaduais, do Distrito Federal e vereadores".

Autor? Eduardo Cunha.

DIRETO DO STF
Nenhum sinal de ativistas perto do Supremo na posse de Luís Roberto Barroso, ontem. Ante a inesperada tranqüilidade, apurou- se que o protesto estava desmobilizado. E Joaquim Barbosa devidamente informado.

Em momento "paz e amor", Barroso disse à coluna estar feliz com as manifestações pelo País: "É unia energia do bem e da paz".

O novo ministro leva a Brasília pelo menos dois antigos colaboradores cariocas: Eduardo Mendonça e Tiago Magalhães. Herdará a sala de Carlos Ayres Britto e os 8 mil processos de Barbosa. Antecessor de Barroso, Ayres Britto, que estava na posse, tinha pressa. "Não posso perder o jogo do Brasil", justificou.

A empolgação de Ellen Oléria, vencedora do The Voice Brasil, ao cantar o Hino Nacional durante a cerimônia contrastava com as carrancas de autoridades como Renan Calhei­ros? José Saraey e José Eduardo Cardozo.

Barroso parecia um pouco perdido na hora de deixar a corte. "Como eu saio daqui?", per­guntou a um dos integrantes de seu staff. Já na garagem, foi lembrado de que tem direito a... carro oficial.

LEGIÃO DESFALCADA - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 27/06

O guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá, integrantes da Legião Urbana, estão fora do show "Renato Russo Sinfônico", que homenageará o cantor no sábado, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. A produção do espetáculo diz que os dois foram convidados e até cachê foi discutido com seus respectivos empresários. Mas eles teriam se recusado a participar.

LEGIÃO 2
Villa-Lobos diz que nem sequer recebeu convite. "O [empresário] Lee [Martinez] não trabalha comigo há algum tempo. Questões da ordem de confiança, confiabilidade. Se quisessem realmente falar comigo, teriam me contatado pessoalmente. Não ocorreu", afirma.

LEGIÃO 3
O guitarrista vai além. "Tenho sempre meus dois pés atrás em relação a esse assunto." E continua: "O show é um evento no formato do ultra-mega-pop brasileiro ao qual guardo ressalvas". Já Bonfá confirma o convite, mas diz que não se identifica com o formato do espetáculo.

SOU DA PAZ
E fãs de Renato Russo estão conclamando todos a vestirem camiseta branca no show, no que seria uma "manifestação pacífica contra a corrupção". O espetáculo reunirá artistas como Ivete Sangalo e Zélia Duncan. A imagem do cantor será projetada na forma de holograma.

À ESQUERDA
Setores do PT considerados à esquerda do partido, e descontentes com Dilma Rousseff, acham que o chacoalhão que as ruas deram na presidente foi oportuno. "Ela estava anestesiada, achando que já estava reeleita, administrando o sucesso. Agora está percebendo que o jogo vai ser pesado. Acabou o refresco", diz um parlamentar do PT paulista.

SANGUE DOCE
Uma pessoa morre a cada hora no Estado de São Paulo por complicações do diabetes. Segundo levantamento da secretaria estadual de Saúde, o número de óbitos no ano passado (9.562) caiu 5% em relação a 2011. Mais de 21 mil pessoas foram internadas pelo SUS no Estado, em 2012, por causa da doença. Campanhas de prevenção tentam controlar o avanço.

PASSE LIVRE NO AR
Deu a louca na ponte aérea neste fim de semana de encerramento da Copa das Confederações no Rio. A média de preços das passagens de ida e volta de São Paulo ao Rio é de R$ 2.000. Só um trecho do Rio para Campinas, no domingo à noite, custa R$ 2.211 na Azul; já com chegada em Congonhas, R$ 1.299 na Avianca, R$ 1.046 na Gol e R$ 1.108 na TAM.

PRA FRENTE, BRASIL
Luiz Felipe Scolari foi aplaudido de pé no restaurante Iemanjá, em Salvador, após a vitória do Brasil contra a Itália. Estava com membros da comissão técnica.

MAIS CABELO
Marina Ruy Barbosa (foto ao lado) está surpresa com a comoção em torno da possibilidade de ela raspar ou não o cabelo, ruivo, natural e sem aplique, para a fase em que sua personagem na novela "Amor à Vida" fará quimioterapia. "Isso é secundário. Ficar careca ou não é uma decisão que será tomada no momento certo", diz.

A atriz visitou oncologistas e pacientes com linfoma, o tipo de câncer que Nicole tem na trama da Globo.

MENOS CABELO
Tony Ramos tirou o excesso de pelo no dorso para o longa "Os Últimos Dias de Getúlio", de João Jardim. Para encarnar Getúlio Vargas no cinema, o ator precisa usar um corpete de preenchimento, ganhando o corpanzil do personagem. E o calor debaixo da roupa poderia trazer grande desconforto durante as filmagens, que já estão acontecendo no Rio.

A DISNEY É LOGO ALI
Andrea Guimarães, decoradora de festas de artistas, comemora seu aniversário na Disney, em julho. E está levando vários famosos: Rodrigo Faro, Marcos Mion, Rubens Barrichello, Astrid Fontenelle e Luigi Baricelli.

A DISNEY É LOGO ALI 2
A decoradora alugou dez casas em um condomínio. Vai levar banqueteira e DJ daqui. "A cada dia meus convidados ganharão presentinhos." Andrea nega parceria com alguma marca. "Eu é que estou convidando."

VESTIDAS PARA MATAR
A estilista Patrícia Bonaldi promoveu desfile no Iate Clube de Santos, em Higienópolis, na tarde de anteontem. As atrizes Marina Ruy Barbosa e Mariana Rios, a empresária Iara Jereissati e a consultora de moda Martha Graeff foram conferir.

COLETIVIDADE ARTÍSTICA
A galeria Mendes Wood inaugurou as exposições "Noite Azul Elétrico", com obras de Cao Guimarães, Jac Leirner e Marcia Xavier, entre outros, e "Jardins Desertos", de Gerard Hemsworth. A consultora de arte Patrícia Fainziliber e o artista João Índio compareceram.

TÁ NA MESA A chef brasileira Isa Souza apresenta o "Ruta de los Sabores", da MegaTV, canal hispânico dos EUA; ela está no Brasil para gravar edições especiais do programa nas cidades-sede da Copa de 2014, a começar por SP

CURTO-CIRCUITO
O fotógrafo David Dawson comanda hoje, a partir das 15h, bate-papo e visita orientada à exposição de Lucien Freud, no Masp.

As escolas de direito, economia e administração da FGV iniciam hoje série de debates sobre os temas dos protestos recentes no país.

A brasileira Vanderlan da Silva Bolzani é uma das nove integrantes do conselho científico da L'Oréal.

Cris Guerra autografa hoje "Moda Intuitiva", às 19h, na livraria Saraiva do shopping Higienópolis.

A R2O Filmes exibe o trailer do documentário "Invasão Corinthiana" em festa hoje, nos Jardins.

A designer Serpui Marie lança linha de sapatos na loja da alameda Jaú, às 18h.

A conta vai para o povo - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 27/06

As pessoas estão certas na sua bronca: pagam caro (nas tarifas e nos impostos) por serviços ruins



Que tal um aumento de 15% na conta de luz a partir da semana que vem? Pois é o que os consumidores do Paraná deveriam pagar se o reajuste não tivesse sido cancelado pelo governador do estado, Beto Richa. A rigor, ele não poderia fazer isso, mesmo sendo uma estatal-estadual a principal distribuidora de energia, a Copel. A empresa é pública, tem ações negociadas na Bovespa e o reajuste foi determinado pela Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel, conforme a estrita regra do jogo. Mas, sabe como é, 15% na conta de luz quando os manifestantes contra as tarifas de ônibus nem voltaram para casa? Conversa daqui e dali, todo mundo quebrou o galho. A Aneel não poderia revogar a nova tarifa, mas topou suspender seu "efeito financeiro", eufemismo para cobrança. A empresa, cujas ações despencaram quando saiu essa notícia, garantiu ao mercado que será ressarcida de algum modo, não sabendo quando, nem como.

Acontece que os custos da Copel efetivamente subiram — e não por culpa dela. A inflação fez uma parte do estrago, mas o custo maior veio da compra de energia mais cara. Foi o seguinte: choveu pouco, os reservatórios das hidrelétricas ficaram em níveis muito baixos e o Operador Nacional do Sistema, órgão federal que administra o setor, mandou ligar as usinas térmicas, movidas a carvão, diesel e gás, cujo produto é mais caro.

Em resumo, por causa da seca, a energia elétrica ficou mais cara no Brasil — e isso logo depois de a presidente Dilma ter feito a maior propaganda com a redução que havia imposto nas contas de luz. Deu a maior confusão, uma sucessão de prejuízos: as hidrelétricas não puderam gerar, mas tinham que entregar energia, por contrato; distribuidoras tiveram que pagar mais caro. A conta deveria ir para os consumidores, mas a presidente não queria. Assim, inicialmente, arrumaram um arranjo financeiro, com prejuízos para geradoras e distribuidoras, mas uma hora a conta deveria ser passada aos consumidores finais, empresas e residências.

Era agora. Além da Copel, nada menos que 17 distribuidoras, divididas por 13 estados, têm reajustes agendados no calendário oficial da Aneel para julho e agosto. (A Light, só em 7 de novembro). O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, estatal federal que planeja o setor, Mauricio Tomalsquim, disse que não há orientação do governo para suspender os aumentos tarifários. Ou seja, a Aneel continuaria a formalizar os reajustes.

Mas ninguém acredita que serão aplicados, ainda mais depois do precedente da Copel. Caímos assim em um caso clássico: tarifas congeladas por razões políticas, mas custos em alta por causa da inflação e de falhas do sistema. Se continuar assim, a consequência também é clássica: param os investimentos e o serviço piora.

Os governos — federal e estaduais — podem assumir parte da conta, deixando de recolher os impostos. O maior imposto na conta de luz é o ICMS, estadual. (Nada menos que 29% no Paraná, por exemplo).

Acontece que os governos também estão sob pressão popular para, numa ponta, aumentar gasto em transporte, educação e saúde, e na outra, reduzir impostos.

Muita gente acha que basta eliminar a corrupção e lucros excessivos das empresas para que todos os objetivos sejam alcançados. Infelizmente não é assim. Há corrupção, certamente, e deve haver gorduras em muitas tarifas de diversos setores, mas o problema maior é a falta de investimentos e de produtividade. Ou seja, é preciso colocar dinheiro novo em todo o setor de infraestrutura.

O governo federal e muitos estaduais decidiram-se pelas privatizações exatamente em busca de capital e eficiência. Mas é claro que o setor privado vai agora pensar muito antes de entrar em qualquer negócio, considerando a pressão popular e política contras as tarifas — a receita do setor.

Eis a difícil situação em que estamos nos metendo. As pessoas estão certas na sua bronca: pagam caro (nas tarifas e nos impostos) por serviços ruins. Não aconteceu por acaso, mas por anos de gestão pública ruim — com gastos elevados em custeio, pessoal e previdência e muito baixos em investimentos, sem abertura de espaço para o investimento privado.

Acrescente a inflação que o governo federal deixou escapar, e para o problema ficar completo só falta o festival de gastos que o Congresso está preparando. Derrubar tarifas é politicamente inevitável. Mas do jeito que está sendo feito, vai levar a mais déficit público, juros maiores, mais inflação e menos crescimento. Ou seja, a conta vai de novo para o povo.

O fator câmbio - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 27/06

A disparada da cotação da moeda estrangeira no câmbio interno passou a ser um dos maiores focos de inflação. Falta saber o tamanho dessa conta, que, afinal, será repassada para os brasileiros.

Um dólar mais caro, é fácil entender, aumenta em reais os preços dos produtos importados e as dívidas em moeda estrangeira. Mas há um número considerável de itens aqui produzidos e também consumidos internamente que são cotados em dólares. São, em geral, as commodities, mercadorias cujos preços são formados em dólares no mercado internacional, como soja, milho, café, alumínio, cobre e fertilizantes.

Sempre tem gente que estranha explicações de que os preços dos ovos e da carne de frango ou de porco estejam subindo em consequência da alta do dólar. No entanto, frango e porco são organismos vivos que transformam proteína vegetal (soja e milho, principais componentes das rações animais) em proteína animal. Como soja e milho são commodities cotadas em dólares na Bolsa de Chicago, lá vai o câmbio para os preços da omelete, do frango assado e da linguiça.

Nos últimos anos aumentou a dependência brasileira dos importados. Em vez de produzir aqui dentro, a indústria achou mais conveniente intensificar a importação de máquinas, componentes, peças, capital de giro e tantas coisas mais. A Zona Franca de Manaus, por exemplo, não passa hoje de uma zona de processamento de importações. Limita-se quase exclusivamente a montar aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos e motocicletas a partir de peças, chips e componentes importados, pagos em dólar. O impacto da alta do dólar sobre o custo do produto final será inevitável, tanto mais quanto maior for a dependência de fornecimentos externos.

O cálculo do impacto da oscilação do câmbio nos preços, aquilo que naquela linguagem empolada os economistas chamam de pass-through (repasse) é um exercício complicado, sempre sujeito a erros. Hoje, os analistas tendem a concluir que cada dez pontos porcentuais de alta ou baixa do dólar no câmbio interno produz 0,70 ponto porcentual de inflação mais alta ou mais baixa ao longo de um tempo.

Quando roda seus computadores para definir o tamanho dos juros básicos para empurrar a inflação para dentro da meta, o Banco Central tem de avaliar qual o impacto do câmbio na formação dos preços da economia. No Relatório de Inflação do primeiro trimestre, editado em março, o Banco Central trabalhou com um câmbio médio, em 2013, de R$ 1,95 e projetara uma inflação para o ano de 5,7%. Na última Ata do Copom, já havia revisto esse número para R$ 2,05. De lá para cá, o câmbio deu uma esticada de 8,3% e ainda não se estabilizou, fator que complica as novas projeções.

Hoje sai nova edição do Relatório de Inflação em que se espera que o Banco Central organize com mais clareza todos esses números que, por sua vez, devem definir a dosagem da alta dos juros, que tende a ficar próxima dos 10% ao ano no final de 2013.