FOLHA DE SP - 25/10
Alô, Haddad! Só tomando uns mé para engolir mais uma mudança na política das internações de dependentes
Em um mundo ideal, tomates seriam os organismos mais indicados para servir de piloto de testes da indústria farmacêutica. A ritalina, aquele remédio que é dado para crianças hiperativas, só seria receitado em casos em que se faz estritamente necessário, nunca como sossega leão. Que tal?
Nos últimos anos, distúrbios como o TDAH, TOC e a dislexia (dificuldade de aprendizado de leitura que até ontem não era reconhecida por lei e excluía legiões de brasileiros do mercado de trabalho por falta de acesso a diagnóstico e a métodos específicos de alfabetização) e a própria condição de dependente do álcool e de substâncias químicas começaram a ser tratadas à luz do dia. Problema é que em vez de a transparência prevalecer, quem dominou o debate foram a ideologia e o mercantilismo.
Ao contrário do que pensa Myres Cavalcanti, coordenadora de saúde mental da prefeitura, alguns dependentes precisam, sim, de internações prolongadas. São casos extremos, a minoria. Outros, cada caso é um caso, podem ser tratados tranquilamente em ambulatórios e conseguem trabalhar e funcionar em sociedade enquanto são tratados. No AME (Ambulatório Médico Especial) da Vila Maria, em SP, por exemplo, há um programa de acompanhamento de grande sucesso.
Outro modelo, em que o dependente de drogas ou álcool passa o dia, é o do Caps (Centros de Atenção Psicossocial). Além disso, se cada região tivesse um centro de emergência com um par de leitos em cada hospital e um psiquiatra para atender casos de surtos, nós já estaríamos bem munidos, certo, prefeito Haddad? Governador Alckmin? Não seria mais preciso ficar discutindo qual o modelo ideal, se o das internações longas ou curtas, se o encaminhamento para hospitais, ambulatórios ou para a Ilha do Diabo na Guiana Francesa. Cada caso é um caso e deve ser contemplado como tal, se é que a gente quer mesmo resolver e não ficar entrando e saindo de guerrinhas ideológicas.
Em um mundo ideal, e naquele em que o Estado está inclusive disposto a atender mais gente com mais eficiência e por menos dinheiro, estes quatro modelos funcionariam em conjunto a um programa perene de prevenção.
Nesta semana, participei do lançamento da cartilha "Papo em Família" elaborada em conjunto com gente do calibre da nossa Rosely Sayão e dos estúdios da Maurício de Sousa Produções, seguindo as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde e patrocinado pela indústria de bebidas (para quem eu presto serviços na forma de palestras sobre alcoolismo).
Menor não pode consumir álcool porque suas sinapses ainda não estão formadas e, quanto mais cedo ele entrar em contato com a bebida, mais chances terá de desenvolver uma adição. Isso é fato. Como também é fato de que a melhor maneira de convencê-lo de que não pode ingerir álcool é conversando em família desde cedo.
Há uma pesquisa feita entre jovens tapuias indicando que ele confia mais nos pais do que nos amigos. Só que os pais não sabem conversar sobre certos temas mais tênues com seus filhos. Ou não se dão conta de que o exemplo dado em casa vale mais do que um milhão de horas de blablablá. Ou não estão informados de que a conversa sobre a bebida deve começar a partir dos seis anos. Ou que amar é impor limites e não ser um facilitador obsceno. Ou que estabelecer limites não significa moralizar nem a conversa deve ocorrer de cima para baixo. Seja como for, viu, Haddad e Alckmin, educadores, pais, indústria, todo mundo: vamos apressar o passo?
sexta-feira, outubro 25, 2013
Juízo final digital - NELSON MOTTA
O GLOBO - 25/10
A única certeza futura é que nenhuma biografia, por melhor ou pior que seja, vai ser o juízo final do biografado
No debate sobre biografias sou a favor da liberdade e da responsabilidade, mas tenho pensado muito sobre a maior das privacidades, a da dor e do sofrimento humano, que talvez seja mais uma discussão moral do que legal.
Expor as delícias, as conquistas, os gozos, as indecências, os excessos e as vilanias de personagens públicos pode ser discutível, mas quais os limites para a exposição da intimidade de alguém, famoso ou anônimo, na dor de uma perda pessoal, vitimado por uma doença, uma violência, uma humilhação, perenizando seu sofrimento ?
Entre o fato e sua narrativa, não há lei para a medida certa, só a busca da verdade, a honestidade das fontes e pesquisas, a moderação da linguagem.
É inaceitável que a dor das vitimas gere ganhos para criminosos, como o assassino de Daniela Perez. Nos Estados Unidos e na Inglaterra a lei é clara: condenados não podem explorar a sua notoriedade e seu crime, seja em livros, filmes ou documentários. Não há lei brasileira sobre isso.
Em países civilizados, os processos são rápidos, e as indenizações, pesadas, que funcionam como ameaça aos picaretas e estímulo à responsabilidade dos escritores.
Por isso qualquer biografia é censurada previamente, não pelo biografado, mas pelos advogados das editoras, para que tudo que está escrito possa ser provado e demonstrado e nada possa motivar um processo milionário. Tem funcionado até agora, ninguém fala em mudar.
Se a Justiça brasileira é lenta e atrasada, não é adequando a lei ao seu atraso que ela vai melhorar.
Mas na era da internet, mesmo quando um livro ou filme difamatório é tirado de circulação por decisão judicial logo após seu lançamento, já é tarde demais, tudo já está nas nuvens eternas da rede. Não é proibido proibir, é inútil. No capitalismo, resta ao ofendido a reparação em dinheiro, que não paga o sofrimento, mas castiga os malfeitores.
Na sociedade da informação e do espetáculo circulam na rede tantas mentiras, boatos, lendas, calúnias e difamações sobre todo mundo, que a única certeza futura é que nenhuma biografia, por melhor ou pior que seja, vai ser o juízo final do biografado.
A única certeza futura é que nenhuma biografia, por melhor ou pior que seja, vai ser o juízo final do biografado
No debate sobre biografias sou a favor da liberdade e da responsabilidade, mas tenho pensado muito sobre a maior das privacidades, a da dor e do sofrimento humano, que talvez seja mais uma discussão moral do que legal.
Expor as delícias, as conquistas, os gozos, as indecências, os excessos e as vilanias de personagens públicos pode ser discutível, mas quais os limites para a exposição da intimidade de alguém, famoso ou anônimo, na dor de uma perda pessoal, vitimado por uma doença, uma violência, uma humilhação, perenizando seu sofrimento ?
Entre o fato e sua narrativa, não há lei para a medida certa, só a busca da verdade, a honestidade das fontes e pesquisas, a moderação da linguagem.
É inaceitável que a dor das vitimas gere ganhos para criminosos, como o assassino de Daniela Perez. Nos Estados Unidos e na Inglaterra a lei é clara: condenados não podem explorar a sua notoriedade e seu crime, seja em livros, filmes ou documentários. Não há lei brasileira sobre isso.
Em países civilizados, os processos são rápidos, e as indenizações, pesadas, que funcionam como ameaça aos picaretas e estímulo à responsabilidade dos escritores.
Por isso qualquer biografia é censurada previamente, não pelo biografado, mas pelos advogados das editoras, para que tudo que está escrito possa ser provado e demonstrado e nada possa motivar um processo milionário. Tem funcionado até agora, ninguém fala em mudar.
Se a Justiça brasileira é lenta e atrasada, não é adequando a lei ao seu atraso que ela vai melhorar.
Mas na era da internet, mesmo quando um livro ou filme difamatório é tirado de circulação por decisão judicial logo após seu lançamento, já é tarde demais, tudo já está nas nuvens eternas da rede. Não é proibido proibir, é inútil. No capitalismo, resta ao ofendido a reparação em dinheiro, que não paga o sofrimento, mas castiga os malfeitores.
Na sociedade da informação e do espetáculo circulam na rede tantas mentiras, boatos, lendas, calúnias e difamações sobre todo mundo, que a única certeza futura é que nenhuma biografia, por melhor ou pior que seja, vai ser o juízo final do biografado.
Bom dia, Timão! QUÉN, QUÉN! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 25/10
E os corintianos querem soltar os beagles e entregar o Pato pra cobaia. Trocamos 178 beagles por um pato!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Bom dia, Ultimão! Quén, quén! Pato faz cavadinha, erra pênalti e elimina o Corinthians.
Cavadinha com pé de pato? Cavadinha com pé de pato cava a cova do Corinthians. E um leitor me disse que a única cavadinha que corintiano sabe fazer é pra fugir da penitenciária! Rarará!
E os corintianos querem soltar os beagles e entregar o Pato pra cobaia. É verdade. Já tem concentração de corintianos na frente do Instituto Royal. Trocamos 178 beagles por um pato!
E ontem foi dia vinte e quaquatro! E eu acho que o Dida tá esperando até agora a bola que o Pato chutou.
E eu acho que o Pato tá com aquela mão na cara até agora! Máscara da vergonha! Rarará!
E o site tem a foto do Ceni segurando a faixa: "Fica Pato!" Rarará!
E eu já disse que o Pato só fazia gol na filha do Berlusconi! E corintiano tá passando por cada uma. Um amigo meu corintiano foi pra 25 de Março e comprou de um chinês um pó pra ficar invisível. Mas o pó era falso: assim que ele saiu de casa, o vizinho cumprimentou com voz de pato: quén, quén.
E o Pato não fez uma cavadinha, fez uma cagadinha! Rarará! Pato desarranjado!
E de Pato passamos pra tucanos! Olha essa piada pronta: "José Serra usa termo cartel para criticar leilão de Libra". De cartel, os tucanos entendem. Isso que é opinião abalizada!
E mais essa: "Alckmin cria o Dia Estadual do Ovo". Agora, vai. Fundamental importância! Só falta o dia do pinto. Dia Estadual do Pinto. Rarará!
E aí o Alckmin quebra São Paulo e faz um omelete com os ovos! Rarará!
E sabe por que os chineses ganharam o plé-sal? Porque o pré-sal é tão fundo mas tão fundo que eles vão extrair lá da China mesmo. Rarará!
E o Timão virou o Quase Ultimão! Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
O Brasil é Lúdico! Brasileiro escreve tudo errado, mas todo mundo se entende. Olha essa placa numa porteira: "VEDESE AUFASE". E em Salvador um cara botou um cartaz em cima dum sofá: "VEDIS". Deve ser o sofá do Mussum! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E os corintianos querem soltar os beagles e entregar o Pato pra cobaia. Trocamos 178 beagles por um pato!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Bom dia, Ultimão! Quén, quén! Pato faz cavadinha, erra pênalti e elimina o Corinthians.
Cavadinha com pé de pato? Cavadinha com pé de pato cava a cova do Corinthians. E um leitor me disse que a única cavadinha que corintiano sabe fazer é pra fugir da penitenciária! Rarará!
E os corintianos querem soltar os beagles e entregar o Pato pra cobaia. É verdade. Já tem concentração de corintianos na frente do Instituto Royal. Trocamos 178 beagles por um pato!
E ontem foi dia vinte e quaquatro! E eu acho que o Dida tá esperando até agora a bola que o Pato chutou.
E eu acho que o Pato tá com aquela mão na cara até agora! Máscara da vergonha! Rarará!
E o site tem a foto do Ceni segurando a faixa: "Fica Pato!" Rarará!
E eu já disse que o Pato só fazia gol na filha do Berlusconi! E corintiano tá passando por cada uma. Um amigo meu corintiano foi pra 25 de Março e comprou de um chinês um pó pra ficar invisível. Mas o pó era falso: assim que ele saiu de casa, o vizinho cumprimentou com voz de pato: quén, quén.
E o Pato não fez uma cavadinha, fez uma cagadinha! Rarará! Pato desarranjado!
E de Pato passamos pra tucanos! Olha essa piada pronta: "José Serra usa termo cartel para criticar leilão de Libra". De cartel, os tucanos entendem. Isso que é opinião abalizada!
E mais essa: "Alckmin cria o Dia Estadual do Ovo". Agora, vai. Fundamental importância! Só falta o dia do pinto. Dia Estadual do Pinto. Rarará!
E aí o Alckmin quebra São Paulo e faz um omelete com os ovos! Rarará!
E sabe por que os chineses ganharam o plé-sal? Porque o pré-sal é tão fundo mas tão fundo que eles vão extrair lá da China mesmo. Rarará!
E o Timão virou o Quase Ultimão! Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
O Brasil é Lúdico! Brasileiro escreve tudo errado, mas todo mundo se entende. Olha essa placa numa porteira: "VEDESE AUFASE". E em Salvador um cara botou um cartaz em cima dum sofá: "VEDIS". Deve ser o sofá do Mussum! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Não é só no Brasil - LUCAS MENDES
BBC Brasil 24/10
Aeroporto Kennedy, sexta, 5 da tarde. Bela tarde para voar.
Funcionário #1 da companhia aérea, com meu passaporte na mão, entra no computador: "Seu voo é o 3, tem certeza? Seu nome não consta da lista. Vamos ver os outros voos. Hmmm, hmmm, lotado, lotado, lotado. Tem certeza que é dessa companhia e que é hoje?".
Eu começo a duvidar, mas encontro a confirmação no celular. Dois dias antes, lá estão os dados da reserva. Ele volta para o computador.
Rumina e solfeja: "Tentei tudo. Seu nome não consta. Por favor, vá àquele balcão".
Conto meu drama para funcionário #2. Estou ou não estou no voo? Pelo computador, negativo, diz #2.
Mostro a confirmação no celular. Ele chama um superior. Funcionário #3 mexe na tela e descobre que minha reserva está em "Mendes Campos". Tremendo alívio, mas inacreditável. Mendes consta do passaporte. #1, #2 e #3 não sacaram?
Quinze minutos antes da decolagem, depois do estresse na segurança, sou o último a entrar no avião e levo um choque de incredibilidade: cabine vazia. "Estou no voo errado? Este vai pra Londres?". Ia.
Não consegui lembrar quando vi uma cabine vazia. Se soubesse, sapatearia até minha fila de três cadeiras vazias. Comissárias perguntavam se queria mais um copo de vinho. Na classe econômica? Banheiro sem fila? Será que estou sendo filmado para um destes reality shows? Vai aparecer uma equipe e debochar da minha sorte?
Belíssimo voo.
Deixo a maleta e saio do hotel para a máquina de dinheiro mais próxima. Desde a invenção do caixa eletrônica, viajo caixa baixa. A máquina faz o barulho de contar as notas, mas não me entrega dinheiro e, plup, engole meu cartão.
No sábado, o banco britânico dono do caixa eletrônico não tem nenhuma agência aberta em Londres, ninguém atende o telefone. Pela internet, oferecem um chat. Escrevo meu nhenhenhém, mas ninguém responde. Até hoje, sem resposta.
O cartão era de um conhecido banco americano. Funcionário #1 do banco atende, me apresento e ele me saúda com o novo jargão: "Obrigado pela fidelidade de 36 anos". Ouve minha história e consulta o superior #2, que recomenda um unlink para separar meu cartão da minha conta bancária.
Meu cartão não será usado por ninguém até o caixa vomitá-lo de volta. Plano de segunda: ir às 9 da manhã para a agência do banco em Londres pedir ajuda para recuperar o cartão ou pegar umas libras. Ia estragar a manhã. Paciência.
Na agência, a "não" funcionária #3 informa que a agência não pertence ao banco americano e que ela nem é funcionária deste. É apenas uma franquia. O logo, as cores e o modelo bancários são do banco americano, mas a agência não acessa a minha conta, não aceita cheque do banco e tem só um compromisso de cortesia comigo.
Ou seja, eu só estava ali para complicar o dia dela. Chata, seca e eficiente. Depois de 36 anos de fidelidade! Sou o último a saber que é só fachada.
E mais: posso esquecer o cartão. Ela vê aflitos como eu todos os dias e o plástico já foi destruído pelo caixa do banco britânico. Cartão engolido, cartão destruído. Dogma bancário.
O máximo que podia fazer por mim era me colocar no telefone com um funcionário do banco americano que poderia autorizar um adiantamento de emergência de até 500 libras.
Funcionário #4 do banco, do outro lado da linha, gentilíssimo: "Obrigado pelos 36 anos de fidelidade, como posso ajudar?"
E lá vou eu com meu nhenhenhém, máquina maldita, ele pede e dou todos os números e senhas. "No problems". Vai colocar um supervisor na linha, #5, para finalizar. Enquanto isto, a chata seca preenche uma papelada com meus dados num pastão preto.
Funcionário #5 informa que precisa fazer mais umas perguntas. Repito as informações. Ele também agradece, mas as fraudes são frequentes e precisa da aprovação do funcionário da segurança. É para minha proteção, diz #5.
Foram-se paciência e os bons modos. Informei, em voz alta, ao #5 o que achava da não funcionária #3. Os dois podiam ir juntos para o inferno e ele sabia onde enfiar as libras.
"Vou pegar dinheiro com quem sabe fazer isto", citando o nome de uma das maiores operadoras americanas de cartão de crédito. Quando bati o telefone, funcionários e clientes do banco tinham parado as atividades e contemplavam meu piti. Se a porta não fosse giratória teria levado uma porrada.
Funcionário #1 da operadora de cartão de crédito, gentilíssimo. Como posso ajudar? Pergunto onde fica o escritório que dá dinheiro para os clientes em 20 minutos. Basta mostrar o platinado, como prometem no telefone.
"Não existe mais em Londres." Como as agências do outro banco, estão em extinção no mundo. Tudo é por telefone e pela internet. "Pego seus dados, passo um código para seu e-mail e com este código de seis dígitos, o senhor nos chama de volta e finalizamos a transação com uma transferência para a agência de pagamentos mais próxima do seu hotel."
Um saco. Nem o operador de cartão de crédito é mais aquele, mas deve estar certo. Grandes lucros e ações em alta. Vejo o e-mail e ligo de volta com o código. Funcionário #2, uma mulher, me informa que não é nada disso. #1 estava errado. Recomeçamos. Números, senhas. Tudo perfeito, diz ela, mas agora vamos a nosso departamento de segurança. Vai fazer três perguntas e depois volto os detalhes da remessa.
"Você está brincando."
"É para sua segurança."
Funcionário #3 na linha com a #2 na escuta. Primeira pergunta: "Qual o nome do hotel onde ficou hospedado na sua última viagem?"
"Fiz quatro viagens. Como você sabe qual foi minha última? Estive em quatro países. Qual deles?
Ela disse que não podia contar.
Ainda bem. O estresse me deu um branco.
Eu estava sentado num banco de ônibus na Regent Street. Chovia. 500 libras não é mendigagem, mas me sentia um miserável.
Funcionária #2, pergunta 2: "Seu carro ainda é um Sonoma?"
"Nunca tive Sonoma."
Pergunta 3: "Qual era seu carro em 2002?"
Acertei, mas nunca fui buscar o dinheiro.
Londres, aeroporto de Heathrow, quarta-feira, 8 da manhã.
Funcionário #5 da companhia aérea no computador, com meu passaporte, "ummmmm", bocejão, "ummmm...O sr. tem certeza que está no voo 4 para Nova York?".
P.S.: Preferi não dar os nomes das superempresas, porque, no fim das contas, são todas iguais. Somos apenas números.
Aeroporto Kennedy, sexta, 5 da tarde. Bela tarde para voar.
Funcionário #1 da companhia aérea, com meu passaporte na mão, entra no computador: "Seu voo é o 3, tem certeza? Seu nome não consta da lista. Vamos ver os outros voos. Hmmm, hmmm, lotado, lotado, lotado. Tem certeza que é dessa companhia e que é hoje?".
Eu começo a duvidar, mas encontro a confirmação no celular. Dois dias antes, lá estão os dados da reserva. Ele volta para o computador.
Rumina e solfeja: "Tentei tudo. Seu nome não consta. Por favor, vá àquele balcão".
Conto meu drama para funcionário #2. Estou ou não estou no voo? Pelo computador, negativo, diz #2.
Mostro a confirmação no celular. Ele chama um superior. Funcionário #3 mexe na tela e descobre que minha reserva está em "Mendes Campos". Tremendo alívio, mas inacreditável. Mendes consta do passaporte. #1, #2 e #3 não sacaram?
Quinze minutos antes da decolagem, depois do estresse na segurança, sou o último a entrar no avião e levo um choque de incredibilidade: cabine vazia. "Estou no voo errado? Este vai pra Londres?". Ia.
Não consegui lembrar quando vi uma cabine vazia. Se soubesse, sapatearia até minha fila de três cadeiras vazias. Comissárias perguntavam se queria mais um copo de vinho. Na classe econômica? Banheiro sem fila? Será que estou sendo filmado para um destes reality shows? Vai aparecer uma equipe e debochar da minha sorte?
Belíssimo voo.
Deixo a maleta e saio do hotel para a máquina de dinheiro mais próxima. Desde a invenção do caixa eletrônica, viajo caixa baixa. A máquina faz o barulho de contar as notas, mas não me entrega dinheiro e, plup, engole meu cartão.
No sábado, o banco britânico dono do caixa eletrônico não tem nenhuma agência aberta em Londres, ninguém atende o telefone. Pela internet, oferecem um chat. Escrevo meu nhenhenhém, mas ninguém responde. Até hoje, sem resposta.
O cartão era de um conhecido banco americano. Funcionário #1 do banco atende, me apresento e ele me saúda com o novo jargão: "Obrigado pela fidelidade de 36 anos". Ouve minha história e consulta o superior #2, que recomenda um unlink para separar meu cartão da minha conta bancária.
Meu cartão não será usado por ninguém até o caixa vomitá-lo de volta. Plano de segunda: ir às 9 da manhã para a agência do banco em Londres pedir ajuda para recuperar o cartão ou pegar umas libras. Ia estragar a manhã. Paciência.
Na agência, a "não" funcionária #3 informa que a agência não pertence ao banco americano e que ela nem é funcionária deste. É apenas uma franquia. O logo, as cores e o modelo bancários são do banco americano, mas a agência não acessa a minha conta, não aceita cheque do banco e tem só um compromisso de cortesia comigo.
Ou seja, eu só estava ali para complicar o dia dela. Chata, seca e eficiente. Depois de 36 anos de fidelidade! Sou o último a saber que é só fachada.
E mais: posso esquecer o cartão. Ela vê aflitos como eu todos os dias e o plástico já foi destruído pelo caixa do banco britânico. Cartão engolido, cartão destruído. Dogma bancário.
O máximo que podia fazer por mim era me colocar no telefone com um funcionário do banco americano que poderia autorizar um adiantamento de emergência de até 500 libras.
Funcionário #4 do banco, do outro lado da linha, gentilíssimo: "Obrigado pelos 36 anos de fidelidade, como posso ajudar?"
E lá vou eu com meu nhenhenhém, máquina maldita, ele pede e dou todos os números e senhas. "No problems". Vai colocar um supervisor na linha, #5, para finalizar. Enquanto isto, a chata seca preenche uma papelada com meus dados num pastão preto.
Funcionário #5 informa que precisa fazer mais umas perguntas. Repito as informações. Ele também agradece, mas as fraudes são frequentes e precisa da aprovação do funcionário da segurança. É para minha proteção, diz #5.
Foram-se paciência e os bons modos. Informei, em voz alta, ao #5 o que achava da não funcionária #3. Os dois podiam ir juntos para o inferno e ele sabia onde enfiar as libras.
"Vou pegar dinheiro com quem sabe fazer isto", citando o nome de uma das maiores operadoras americanas de cartão de crédito. Quando bati o telefone, funcionários e clientes do banco tinham parado as atividades e contemplavam meu piti. Se a porta não fosse giratória teria levado uma porrada.
Funcionário #1 da operadora de cartão de crédito, gentilíssimo. Como posso ajudar? Pergunto onde fica o escritório que dá dinheiro para os clientes em 20 minutos. Basta mostrar o platinado, como prometem no telefone.
"Não existe mais em Londres." Como as agências do outro banco, estão em extinção no mundo. Tudo é por telefone e pela internet. "Pego seus dados, passo um código para seu e-mail e com este código de seis dígitos, o senhor nos chama de volta e finalizamos a transação com uma transferência para a agência de pagamentos mais próxima do seu hotel."
Um saco. Nem o operador de cartão de crédito é mais aquele, mas deve estar certo. Grandes lucros e ações em alta. Vejo o e-mail e ligo de volta com o código. Funcionário #2, uma mulher, me informa que não é nada disso. #1 estava errado. Recomeçamos. Números, senhas. Tudo perfeito, diz ela, mas agora vamos a nosso departamento de segurança. Vai fazer três perguntas e depois volto os detalhes da remessa.
"Você está brincando."
"É para sua segurança."
Funcionário #3 na linha com a #2 na escuta. Primeira pergunta: "Qual o nome do hotel onde ficou hospedado na sua última viagem?"
"Fiz quatro viagens. Como você sabe qual foi minha última? Estive em quatro países. Qual deles?
Ela disse que não podia contar.
Ainda bem. O estresse me deu um branco.
Eu estava sentado num banco de ônibus na Regent Street. Chovia. 500 libras não é mendigagem, mas me sentia um miserável.
Funcionária #2, pergunta 2: "Seu carro ainda é um Sonoma?"
"Nunca tive Sonoma."
Pergunta 3: "Qual era seu carro em 2002?"
Acertei, mas nunca fui buscar o dinheiro.
Londres, aeroporto de Heathrow, quarta-feira, 8 da manhã.
Funcionário #5 da companhia aérea no computador, com meu passaporte, "ummmmm", bocejão, "ummmm...O sr. tem certeza que está no voo 4 para Nova York?".
P.S.: Preferi não dar os nomes das superempresas, porque, no fim das contas, são todas iguais. Somos apenas números.
Paris procura uma mulher - GILLES LAPOUGE
O Estado de S.Paulo - 25/10
A França busca uma mulher. Qualquer uma. Primeira condição: ela deve estar morta. Em segundo lugar, deve ter se distinguido a serviço da França e da humanidade. Uma "campeã" que mereceria ou o Prêmio Nobel de Literatura, o de Ciências ou o Prêmio Nobel da Paz. E o que faremos com ela, quando for encontrada? Nós a enterraremos. Não em qualquer lugar, mas no Panteão, o monumento que domina o Quartier Latin, não muito distante da Sorbonne, e está destinado a receber as cinzas dos "grandes homens".
O problema é exatamente esse: os "grandes homens" são quase sempre "grandes homens" e raramente "grandes mulheres". A lei que estabelece a igualdade entre homens e mulheres, que nos esforçamos para aplicar há alguns anos, não é absolutamente respeitada "pelos mortos".
Dos 71 corpos enterrados no Panteão, 69 são de homens. Aleatoriamente, podemos citar Mirabeau, Voltaire, Rousseau, Saint-Exupéry, Alain Fournier, Charles Péguy. Perdidas nessa corte viril, duas mulheres. E uma delas entrou ali às escondidas. Quase como contrabando. Trata-se de Madame Berthelot, que não se distinguiu por nenhuma grande proeza, mas por ser mulher do químico Marcellin Berthelot. E, como o casal jurou jamais se separar, nem mesmo na morte, a república respeitou esse voto e reuniu marido e mulher.
Belo gesto. Um pouco sexista, acham as feministas (e com razão). De fato, foi apenas por ser mulher de um grande homem que a senhora Berthelot teve direito a tal honra. Como se a existência de uma mulher dependesse do marido, de ser a sua sombra.
Felizmente, a outra mulher que está no Panteão deve tal honra a ela mesma. Trata-se da Madame Curie, física genial. Só que o desequilíbrio entre o alvoroço dos homens e a solidão das mulheres é chocante.
Esse é o problema que o presidente François Hollande pretende atacar de frente. E, para isso, nomeou o "Monsieur Panteão", cuja função é encontrar novos candidatos, com a esperança de que o próximo eleito seja uma mulher.
Algumas mulheres entusiasmadas já iniciaram consultas à internet. E foram recolhidas 30 mil propostas. Claro, as mulheres que responderam são, na maior parte, "feministas". Ora, essas mulheres têm um temperamento revolucionário. Não assusta, portanto, que na multidão prevaleça um grande número de mulheres subversivas, violentas e provocantes, pouco conformes à imagem da mulher, companheira e mãe, devota, meiga, respeitosa e, se possível, cristã e burguesa, que foi o modelo nos séculos 19 e 20.
Entre as eleitas na internet, encontramos Olympe de Gouges, a primeira feminista, também engajada na luta pela emancipação dos "negros", que morreu na guilhotina de Robespierre durante a Revolução Francesa. Uma boa candidata.
Infelizmente, ela não é muito conhecida. Uma outra mulher está bem posicionada. Louise Michel, que é mais conhecida, contudo, nas barricadas de Paris, em 1871, trazia sempre a bandeira negra dos anarquistas. Um pouco molesto para o Panteão.
Há também Simone de Beauvoir, a grande escritora, com certeza. Mas, também ela, tem alguns pequenos inconvenientes: como seu amante Jean-Paul Sarte, Simone era próxima da extrema esquerda. Além disso, recomendava e praticava o amor livre e o sexo em grupo.
Portanto, não é fácil eleger a próxima hóspede do Panteão. Talvez seja por isso que Monsieur Panteão, encarregado dessa escolha delicada, pretenda transportar para lá não uma mulher, mas duas, sem dúvida, para equilibrar as exaltações demoníacas de uma revolucionária com as virtudes silenciosas de uma dama tranquila. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
A França busca uma mulher. Qualquer uma. Primeira condição: ela deve estar morta. Em segundo lugar, deve ter se distinguido a serviço da França e da humanidade. Uma "campeã" que mereceria ou o Prêmio Nobel de Literatura, o de Ciências ou o Prêmio Nobel da Paz. E o que faremos com ela, quando for encontrada? Nós a enterraremos. Não em qualquer lugar, mas no Panteão, o monumento que domina o Quartier Latin, não muito distante da Sorbonne, e está destinado a receber as cinzas dos "grandes homens".
O problema é exatamente esse: os "grandes homens" são quase sempre "grandes homens" e raramente "grandes mulheres". A lei que estabelece a igualdade entre homens e mulheres, que nos esforçamos para aplicar há alguns anos, não é absolutamente respeitada "pelos mortos".
Dos 71 corpos enterrados no Panteão, 69 são de homens. Aleatoriamente, podemos citar Mirabeau, Voltaire, Rousseau, Saint-Exupéry, Alain Fournier, Charles Péguy. Perdidas nessa corte viril, duas mulheres. E uma delas entrou ali às escondidas. Quase como contrabando. Trata-se de Madame Berthelot, que não se distinguiu por nenhuma grande proeza, mas por ser mulher do químico Marcellin Berthelot. E, como o casal jurou jamais se separar, nem mesmo na morte, a república respeitou esse voto e reuniu marido e mulher.
Belo gesto. Um pouco sexista, acham as feministas (e com razão). De fato, foi apenas por ser mulher de um grande homem que a senhora Berthelot teve direito a tal honra. Como se a existência de uma mulher dependesse do marido, de ser a sua sombra.
Felizmente, a outra mulher que está no Panteão deve tal honra a ela mesma. Trata-se da Madame Curie, física genial. Só que o desequilíbrio entre o alvoroço dos homens e a solidão das mulheres é chocante.
Esse é o problema que o presidente François Hollande pretende atacar de frente. E, para isso, nomeou o "Monsieur Panteão", cuja função é encontrar novos candidatos, com a esperança de que o próximo eleito seja uma mulher.
Algumas mulheres entusiasmadas já iniciaram consultas à internet. E foram recolhidas 30 mil propostas. Claro, as mulheres que responderam são, na maior parte, "feministas". Ora, essas mulheres têm um temperamento revolucionário. Não assusta, portanto, que na multidão prevaleça um grande número de mulheres subversivas, violentas e provocantes, pouco conformes à imagem da mulher, companheira e mãe, devota, meiga, respeitosa e, se possível, cristã e burguesa, que foi o modelo nos séculos 19 e 20.
Entre as eleitas na internet, encontramos Olympe de Gouges, a primeira feminista, também engajada na luta pela emancipação dos "negros", que morreu na guilhotina de Robespierre durante a Revolução Francesa. Uma boa candidata.
Infelizmente, ela não é muito conhecida. Uma outra mulher está bem posicionada. Louise Michel, que é mais conhecida, contudo, nas barricadas de Paris, em 1871, trazia sempre a bandeira negra dos anarquistas. Um pouco molesto para o Panteão.
Há também Simone de Beauvoir, a grande escritora, com certeza. Mas, também ela, tem alguns pequenos inconvenientes: como seu amante Jean-Paul Sarte, Simone era próxima da extrema esquerda. Além disso, recomendava e praticava o amor livre e o sexo em grupo.
Portanto, não é fácil eleger a próxima hóspede do Panteão. Talvez seja por isso que Monsieur Panteão, encarregado dessa escolha delicada, pretenda transportar para lá não uma mulher, mas duas, sem dúvida, para equilibrar as exaltações demoníacas de uma revolucionária com as virtudes silenciosas de uma dama tranquila. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
Rio perdeu R$ 26 bi - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 25/10
Por estas contas, no caso de Libra, a mudança do regime de concessão para o sistema de partilha deve gerar, entre 2020 e 2030, um prejuízo em torno de R$ 26 bilhões ao Rio. Já a União receberá a mais R$ 34 bi.
Segue...
Desse total, a tunga do Estado do Rio é estimada em R$ 20 bilhões, e a dos municípios, em R$ 6 bilhões.
Tem culpa eu?
Aliás, Zé Dirceu, em seu blog, acusa a mídia de uma manobra diversionista no caso do leilão de Libra:
— Tentam deslocá-lo para a questão da privatização.
Mas ele omite o chamado “fogo amigo” de gente como Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, por exemplo, que disse que o bônus de R$15 bilhões lembra mais o modelo de FH do que o de Lula.
Calma, gente
Depois de atuarem na segurança do leilão de Libra, os militares já estão de olho em eventuais manifestações no dia 6 de dezembro na Costa do Sauipe, na Bahia.
É que acontecerá lá o sorteio das chaves dos jogos da Copa do Mundo de 2014.
Voto de silêncio
O técnico Felipão, que caiu no trote de um jornalista espanhol e, achando que falava com o presidente do Atlético de Madrid, confirmou que vai convocar o atacante Diego Costa, avisa:
— Daqui para frente não falo com a imprensa da Espanha.
Biografia salva
Após cinco anos, o STJ negou o último recurso contra “Meu nome não é Johnny”, o livro de Guilherme Fiuza.
O autor do processo, Walter de Carvalho, exigia a proibição da obra e uma elevada indenização. Alegava que o livro teria ferido sua privacidade.
Éque...
No livro, Walter é retratado como Alex, um paraplégico, vivido no filme por André di Biase, que fornecia cocaína para João Guilherme Estrela revender na Zona Sul do Rio.
Boa ação
Luis Fernando Verissimo, que ganhou o Prêmio Jabuti na categoria contos, com “Diálogos impossíveis”, após o livro de Sérgio Sant’Anna ser desclassificado, decidiu doar os R$ 3.500 para o Hospital de Câncer Infantil de Porto Alegre.
Ouro Preto 2014
A Comissão de Veneza, órgão internacional consultivo sobre questões constitucionais criado em 1990, vai se reunir em Ouro Preto, MG, em maio de 2014. Nossos representantes são os ministros Joaquim Barbosa e Cármen Lúcia, do STF.
Endereço novo
A Lidador, inaugurada em 1924 na Rua da Assembleia, Centro do Rio, mudou ontem de endereço. Foi para a Rua Buenos Aires.
É que ali, onde foi aberta a primeira loja da rede, será construído um prédio chamado Torre Lidador, de 11 andares. No fim de 2014, quando o prédio estiver pronto, a ideia é que a loja volte a ocupar o seu primeiro endereço no Rio.
O passado condena
Depois de quatro anos de pacificação, o tiroteio na madrugada de ontem no Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, deixou moradores do entorno preocupados com o valor dos imóveis.
Veja só...
Antes da UPP, quando o tráfico mandava na área, um apartamento de 50 metros quadrados na Rua Saint Roman, um dos acessos à favela, custava R$ 120 mil.
Até quarta estava sendo negociado, acredite, por R$ 500 mil.
Mas, ontem, a rua amanheceu como nos velhos tempos, lotada de policiais e com o comércio vizinho de portas fechadas.
Bonde do mal...
Aliás, houve, na tarde de ontem, um princípio de arrastão na Praia do Arpoador, no Rio.
Alguns banhistas saíram correndo temendo pelo pior. Alô, PM!
Linha de camisetas
Luciano Huck inaugura agora em novembro um quiosque, assinado por Ricardo Campos, no NorteShopping, com sua linha de camisetas.
Até então, elas eram vendidas somente pela internet.
Imagina na Copa...
Sabe por quanto está sendo vendido o picolé Magnum, da Kibon, na Praia de Ipanema? R$ 15.
Parece um roubo. E é.
MEIA VOLTA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 25/10
A Estre Ambiental voltou atrás em sua decisão de deixar a Argentina. Depois de meses sem receber e de afirmar que não teria mais condições de seguir no país, o empresário brasileiro Wilson Quintella Filho foi chamado por autoridades de Buenos Aires para negociar. O acordo prevê que a dívida será saldada em várias parcelas.
LONGO PRAZO
A Estre, que faturou R$ 2 bilhões em 2012, atua em toda a cadeia de lixo e é uma das maiores empresas do Brasil na coleta de resíduos sólidos. Tem negócios também nos EUA e em estados como SP, Rio e Paraná. A expectativa da companhia, segundo Quintella, é a de que, passada a turbulência eleitoral, a economia argentina entre em um período de maior estabilidade, "qualquer que seja o presidente eleito".
SEM CENSURA
A Associação Brasileira de Imprensa encaminhou carta a Marcos Mendonça, presidente da Fundação Padre Anchieta (mantenedora da Rádio e TV Cultura), em apoio a Salomão Schwartzman, apresentador da rádio. O documento afirma que causou "espanto" a notícia de que "um conselheiro" [Ivo Herzog] havia pedido que "um jornalista seja banido de seu trabalho por ter feito um comentário sobre a triste realidade da segurança pública dos dias atuais".
QUERER CALAR
Ivo Herzog, conselheiro da fundação e filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura, protestou contra comentários de Schwartzman sobre "a turma dos direitos humanos". "Querer calar um jornalista é algo parecido com o que faziam os censores do regime militar", diz a ABI- SP.
CLÁUSULA PÉTREA
Ivo Herzog diz que não quer calar o jornalista e sim "criticar e levar a debate declarações que não se coadunam com valores da fundação, de defesa da liberdade de expressão, da ética e dos direitos humanos".
VENDE TUDO
O ator e dramaturgo Mário Bortolotto colocou à venda a sua coleção de livros e gibis. Ele está se mudando para um apartamento menor. Vai usar o dinheiro para as "pesadas" prestações do novo imóvel.
Os mais de 300 títulos, entre biografias, obras clássicas e poesia, custam de R$ 5 a R$ 60, cada uma.
HOMENAGEM
O Senado vai condecorar a cantora Fafá de Belém com a medalha Ulysses Guimarães, criada para comemorar os 25 anos da Constituição. José Sarney, Michel Temer, Bernardo Cabral, Nelson Jobim, Fernando Henrique Cardoso e Lula também devem ser homenageados.
LUZ DO SOL
Dois condomínios do Minha Casa, Minha Vida, em Juazeiro (BA), foram autorizados a comercializar energia solar produzida a partir da instalação de módulos sobre os telhados de suas unidades habitacionais. O projeto, parceria da Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal e da empresa Brasil Solair, foi regulamentado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A energia será vendida para a própria CEF. Cada morador deve receber cerca de R$ 90, por mês, na condição de microgerador de energia.
VIDA DE ESCRITOR
O escritor Moacyr Scliar, morto em 2011, ganhará mostra sua vida no Santander Cultural, em Porto Alegre.
Ela será aberta em março de 2014.
UMA DÉCADA DE MODA
O estilista Sandro Barros comemorou dez anos de carreira com desfile anteontem nos jardins da casa de Liana Moraes, sogra de Renata Queiroz de Moraes, sua sócia. A administradora Mariana Auriemo, a advogada Ana Eliza Setúbal, a estudante Johanna Birman e a estilista Isabella Giobbi foram ao evento, que também contou com a presença de Tania Derani e Ruth Malzoni.
CURTO-CIRCUITO
A Cia D'Alma estreia hoje o espetáculo "Doente", no teatro Aliança Francesa, às 21h. 12 anos.
A Biblioteca Latino-Americana realiza hoje ciclo em homenagem aos 90 anos da escritora Lygia Fagundes Telles, às 18h.
O diretor Eduardo Coutinho autografa seu livro amanhã, na livraria Blooks, às 18h.
A culinária cabocla do alto rio Negro é tema do Entre Estantes & Panelas, nesta segunda, no teatro Eva Herz, às 19h30.
LONGO PRAZO
A Estre, que faturou R$ 2 bilhões em 2012, atua em toda a cadeia de lixo e é uma das maiores empresas do Brasil na coleta de resíduos sólidos. Tem negócios também nos EUA e em estados como SP, Rio e Paraná. A expectativa da companhia, segundo Quintella, é a de que, passada a turbulência eleitoral, a economia argentina entre em um período de maior estabilidade, "qualquer que seja o presidente eleito".
SEM CENSURA
A Associação Brasileira de Imprensa encaminhou carta a Marcos Mendonça, presidente da Fundação Padre Anchieta (mantenedora da Rádio e TV Cultura), em apoio a Salomão Schwartzman, apresentador da rádio. O documento afirma que causou "espanto" a notícia de que "um conselheiro" [Ivo Herzog] havia pedido que "um jornalista seja banido de seu trabalho por ter feito um comentário sobre a triste realidade da segurança pública dos dias atuais".
QUERER CALAR
Ivo Herzog, conselheiro da fundação e filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura, protestou contra comentários de Schwartzman sobre "a turma dos direitos humanos". "Querer calar um jornalista é algo parecido com o que faziam os censores do regime militar", diz a ABI- SP.
CLÁUSULA PÉTREA
Ivo Herzog diz que não quer calar o jornalista e sim "criticar e levar a debate declarações que não se coadunam com valores da fundação, de defesa da liberdade de expressão, da ética e dos direitos humanos".
VENDE TUDO
O ator e dramaturgo Mário Bortolotto colocou à venda a sua coleção de livros e gibis. Ele está se mudando para um apartamento menor. Vai usar o dinheiro para as "pesadas" prestações do novo imóvel.
Os mais de 300 títulos, entre biografias, obras clássicas e poesia, custam de R$ 5 a R$ 60, cada uma.
HOMENAGEM
O Senado vai condecorar a cantora Fafá de Belém com a medalha Ulysses Guimarães, criada para comemorar os 25 anos da Constituição. José Sarney, Michel Temer, Bernardo Cabral, Nelson Jobim, Fernando Henrique Cardoso e Lula também devem ser homenageados.
LUZ DO SOL
Dois condomínios do Minha Casa, Minha Vida, em Juazeiro (BA), foram autorizados a comercializar energia solar produzida a partir da instalação de módulos sobre os telhados de suas unidades habitacionais. O projeto, parceria da Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal e da empresa Brasil Solair, foi regulamentado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A energia será vendida para a própria CEF. Cada morador deve receber cerca de R$ 90, por mês, na condição de microgerador de energia.
VIDA DE ESCRITOR
O escritor Moacyr Scliar, morto em 2011, ganhará mostra sua vida no Santander Cultural, em Porto Alegre.
Ela será aberta em março de 2014.
UMA DÉCADA DE MODA
O estilista Sandro Barros comemorou dez anos de carreira com desfile anteontem nos jardins da casa de Liana Moraes, sogra de Renata Queiroz de Moraes, sua sócia. A administradora Mariana Auriemo, a advogada Ana Eliza Setúbal, a estudante Johanna Birman e a estilista Isabella Giobbi foram ao evento, que também contou com a presença de Tania Derani e Ruth Malzoni.
CURTO-CIRCUITO
A Cia D'Alma estreia hoje o espetáculo "Doente", no teatro Aliança Francesa, às 21h. 12 anos.
A Biblioteca Latino-Americana realiza hoje ciclo em homenagem aos 90 anos da escritora Lygia Fagundes Telles, às 18h.
O diretor Eduardo Coutinho autografa seu livro amanhã, na livraria Blooks, às 18h.
A culinária cabocla do alto rio Negro é tema do Entre Estantes & Panelas, nesta segunda, no teatro Eva Herz, às 19h30.
Novos tempos - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 25/10
O governo Dilma vai ampliar sua verba de publicidade destinada à internet no Orçamento de 2014. O planejamento prevê a ampliação para até 15% do valor destinado à propaganda da Secom. O governo segue uma tendência de mercado de migração para a internet. Os protestos de junho, no qual as novas mídias e as redes sociais tiveram grande peso, influenciaram na definição.
Rio. Sucessão. Presidente Dilma.
A direção do PT não quer a presidente Dilma desfilando nos vários palanques à sua disposição no Rio. A ideia em debate é a "presidente fazer o palanque dela e convidar todos os seus aliados a subir" Estariam nessa situação Luiz Fernando Pezão (PMDB), Lindbergh Farias (PT), Marcelo Crivella (PRB) e Anthony Garotinho (PR). O governador Sérgio Cabral foi avisado que o PT não pode retirar sua candidatura, para superar a Síndrome de 1998, quando houve intervenção no estado. E já foi dito ao senador Lindbergh Farias que ele deveria dar graças de ser mantido. Na ótica do comando petista, o mais difícil é garantir sua candidatura e ele não deveria jogar isso fora.
"Querem transformar o PMDB em sublegenda do PT com essa história de palanques duplos. Não vamos aceitar isso"
Danilo Forte
Deputado federal (PMDB-CE)
Vetado
O acordo entre o PT e o PMDB no Espírito Santo faz água. O PT não aceita apoiar o senador Ricardo Ferraço. Sua participação na fuga de Roger Molina, da Bolívia, pesa. O PT quer que o ex-governador Paulo Hartung seja o candidato.
Magri faz escola
Magri faz escola
Ao discursar ontem em audiência pública no Senado, o ministro Guido Mantega (Fazenda) inventou uma nova palavra. Ele afirmou: "A quem beneficia essa retrocessão (sic)?". A pergunta foi seguida de risada geral. Foi imediata a associação com o "imexível" criado pelo ministro do Trabalho no governo Collor Antônio Rogério Magri.
Ressentimento
São muitas as queixas no DEM. Reclama que o candidato Aécio Neves (PSDB) não conversa com o conjunto do partido. E adverte que não basta apenas dialogar com o presidente da legenda, José Agripino (RN), e o prefeito ACM Neto (Salvador).
O calo tucano
O candidato do PSDB, Aécio Neves, tem uma grande dor de cabeça no Rio Grande do Sul. O partido, que venceu por lá nas últimas três eleições presidenciais, teme ser contaminado pela péssima imagem da ex-govemadora Yeda Crusius. Por isso, o PMDB reluta em apoiá-lo e o PP namora com Eduardo Campos (PSB). Yeda não elegeu a filha vereadora em Porto Alegre.
Os comunistas
Tradicional aliado, o PCdoB fez três pedidos ao PT. Ele quer o apoio para as candidaturas de Flávio Dino ao governo do Maranhão, e de Perpétua Almeida (AC) e Inácio Arruda (CE) ao Senado. Perpétua está garantida. Inácio depende.
Os prefeitos querem mais
O prefeito Alexandre Cardoso (Duque de Caxias) organiza movimento para que a presidente Dilma inclua no programa de governo o compromisso de ampliar as receitas dos municípios. Esta era uma das promessas da campanha de 2010.
O governador em exercício de Sergipe, Jackson Barreto, reclamou na cúpula do PMDB que não tem autonomia e que sofre com a patrulha do PT.
Rio. Sucessão. Presidente Dilma.
A direção do PT não quer a presidente Dilma desfilando nos vários palanques à sua disposição no Rio. A ideia em debate é a "presidente fazer o palanque dela e convidar todos os seus aliados a subir" Estariam nessa situação Luiz Fernando Pezão (PMDB), Lindbergh Farias (PT), Marcelo Crivella (PRB) e Anthony Garotinho (PR). O governador Sérgio Cabral foi avisado que o PT não pode retirar sua candidatura, para superar a Síndrome de 1998, quando houve intervenção no estado. E já foi dito ao senador Lindbergh Farias que ele deveria dar graças de ser mantido. Na ótica do comando petista, o mais difícil é garantir sua candidatura e ele não deveria jogar isso fora.
"Querem transformar o PMDB em sublegenda do PT com essa história de palanques duplos. Não vamos aceitar isso"
Danilo Forte
Deputado federal (PMDB-CE)
Vetado
O acordo entre o PT e o PMDB no Espírito Santo faz água. O PT não aceita apoiar o senador Ricardo Ferraço. Sua participação na fuga de Roger Molina, da Bolívia, pesa. O PT quer que o ex-governador Paulo Hartung seja o candidato.
Magri faz escola
Magri faz escola
Ao discursar ontem em audiência pública no Senado, o ministro Guido Mantega (Fazenda) inventou uma nova palavra. Ele afirmou: "A quem beneficia essa retrocessão (sic)?". A pergunta foi seguida de risada geral. Foi imediata a associação com o "imexível" criado pelo ministro do Trabalho no governo Collor Antônio Rogério Magri.
Ressentimento
São muitas as queixas no DEM. Reclama que o candidato Aécio Neves (PSDB) não conversa com o conjunto do partido. E adverte que não basta apenas dialogar com o presidente da legenda, José Agripino (RN), e o prefeito ACM Neto (Salvador).
O calo tucano
O candidato do PSDB, Aécio Neves, tem uma grande dor de cabeça no Rio Grande do Sul. O partido, que venceu por lá nas últimas três eleições presidenciais, teme ser contaminado pela péssima imagem da ex-govemadora Yeda Crusius. Por isso, o PMDB reluta em apoiá-lo e o PP namora com Eduardo Campos (PSB). Yeda não elegeu a filha vereadora em Porto Alegre.
Os comunistas
Tradicional aliado, o PCdoB fez três pedidos ao PT. Ele quer o apoio para as candidaturas de Flávio Dino ao governo do Maranhão, e de Perpétua Almeida (AC) e Inácio Arruda (CE) ao Senado. Perpétua está garantida. Inácio depende.
Os prefeitos querem mais
O prefeito Alexandre Cardoso (Duque de Caxias) organiza movimento para que a presidente Dilma inclua no programa de governo o compromisso de ampliar as receitas dos municípios. Esta era uma das promessas da campanha de 2010.
O governador em exercício de Sergipe, Jackson Barreto, reclamou na cúpula do PMDB que não tem autonomia e que sofre com a patrulha do PT.
Fala que eu te escuto - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 25/10
Preocupada com as movimentações do PMDB para marcar uma pré-convenção da sigla para março, Dilma Rousseff pretende receber isoladamente líderes regionais do partido, como fez esta semana com Jader Barbalho. Para interlocutores do Planalto, a ideia da legenda de discutir antecipadamente a chancela à reeleição da presidente partiu de "rebeldes" da sigla, mas conta com apoio de aliados como Sérgio Cabral e José Sarney, insatisfeitos com o PT nas negociações eleitorais.
Abre alas Ministros do PT receberam sinal verde do Planalto para prometer uma pasta para o PTB na reforma do fim do ano. O mais cotado é Benito Gama, vice-presidente do Banco do Brasil.
Telefone... Lula reclamou com amigos que Aécio Neves (PSDB) foi extremamente pessimista em relação ao Brasil na palestra que fez a investidores em Nova York.
... sem fio Um dos amigos transmitiu o recado ao mineiro, que pediu que o interlocutor respondesse que estava com saudades do ex-presidente e que só foi pessimista em relação ao governo, não ao país. "O PT tem de parar de confundir: uma coisa é o governo, outra é o Brasil."
Campo amigo Aécio vai concentrar sua agenda nas próximas semanas em áreas governadas pelo PSDB. Além de rodar por São Paulo, o mineiro deve ir a Manaus para participar de homenagem ao prefeito Arthur Virgílio e a Goiânia, com Marconi Perillo.
Pelos ares 1 A FAB vai envolver 11 aeronaves na operação para deslocar médicos intercambistas para as cidades onde vão atuar no Mais Médicos. O Ministério da Defesa confirma que é o maior deslocamento humano que a FAB já realizou no país.
Pelos ares 2 Só no fim de semana, sairão voos de Brasília, Vitória e Recife com destino a 16 capitais. Em quatro dias, até 2.149 médicos serão transportados pela FAB.
Aí, não Advogados apontam que pode haver crime eleitoral na propaganda partidária do PT, exibida ontem, que apresentou o depoimento de um médico cubano para promover o Mais Médicos.
A regra é clara O Código Eleitoral veda expressamente a participação de estrangeiros em "atos de propaganda". A pena prevista é de até seis meses de detenção e pagamento de multa.
Controle... João Santana não deve comandar diretamente o marketing eleitoral da campanha de Alexandre Padilha (Saúde) ao governo de São Paulo. O próprio partido reconhece que o melhor é que ele se dedique exclusivamente à reeleição de Dilma.
... remoto O modelo desejado pelo PT é que Santana indique uma equipe de sua confiança para coordenar a comunicação no Estado e supervisione o trabalho. Modelo parecido foi usado na campanha de Patrus Ananias à Prefeitura de Belo Horizonte.
Marinou Eduardo Campos (PSB) lança na próxima quinta-feira um plano para transformar Fernando de Noronha no primeiro território do Brasil com carbono zero. Daniel Cohn-Bendit, político ambientalista europeu que apoiou Marina Silva na eleição de 2010, foi convidado.
Na tela Campos e a mulher, Renata, vão participar do Teleton, programa beneficente exibido pelo SBT. Geraldo Alckmin (PSDB) também confirmou presença.
Cartas na mesa Secretários de Fernando Haddad (PT) recebem hoje o Movimento dos Sem-Teto para discutir a ocupação de terrenos da prefeitura pelo grupo. Se houver despejo, a entidade promete novos atos a partir da semana que vem.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Não aprovamos piso de R$ 950 para agentes de saúde, mas aprovamos R$ 10 mil para médicos cubanos prestarem o mesmo serviço."
DO DEPUTADO LÚCIO VIEIRA LIMA (PMDB-BA), sobre a ação do governo que adiou a votação do projeto que estabelece piso salarial para agentes de saúde.
contraponto
Dose de calmante
Na inauguração de uma enfermaria da Santa Casa de São Paulo, no início do mês, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) lembrou seus tempos de residente no Hospital do Servidor Estadual.
O tucano contou que, durante o curso de anestesia, um colega interpelou o professor com uma série de perguntas. O professor respondeu a todas pacientemente, mas começou a se irritar com a insistência do aluno.
--Ele continuou perguntando e, quando chegou à décima pergunta, o professor respondeu: "Aí você chama um médico de verdade, viu?" --contou Alckmin, rindo.
Preocupada com as movimentações do PMDB para marcar uma pré-convenção da sigla para março, Dilma Rousseff pretende receber isoladamente líderes regionais do partido, como fez esta semana com Jader Barbalho. Para interlocutores do Planalto, a ideia da legenda de discutir antecipadamente a chancela à reeleição da presidente partiu de "rebeldes" da sigla, mas conta com apoio de aliados como Sérgio Cabral e José Sarney, insatisfeitos com o PT nas negociações eleitorais.
Abre alas Ministros do PT receberam sinal verde do Planalto para prometer uma pasta para o PTB na reforma do fim do ano. O mais cotado é Benito Gama, vice-presidente do Banco do Brasil.
Telefone... Lula reclamou com amigos que Aécio Neves (PSDB) foi extremamente pessimista em relação ao Brasil na palestra que fez a investidores em Nova York.
... sem fio Um dos amigos transmitiu o recado ao mineiro, que pediu que o interlocutor respondesse que estava com saudades do ex-presidente e que só foi pessimista em relação ao governo, não ao país. "O PT tem de parar de confundir: uma coisa é o governo, outra é o Brasil."
Campo amigo Aécio vai concentrar sua agenda nas próximas semanas em áreas governadas pelo PSDB. Além de rodar por São Paulo, o mineiro deve ir a Manaus para participar de homenagem ao prefeito Arthur Virgílio e a Goiânia, com Marconi Perillo.
Pelos ares 1 A FAB vai envolver 11 aeronaves na operação para deslocar médicos intercambistas para as cidades onde vão atuar no Mais Médicos. O Ministério da Defesa confirma que é o maior deslocamento humano que a FAB já realizou no país.
Pelos ares 2 Só no fim de semana, sairão voos de Brasília, Vitória e Recife com destino a 16 capitais. Em quatro dias, até 2.149 médicos serão transportados pela FAB.
Aí, não Advogados apontam que pode haver crime eleitoral na propaganda partidária do PT, exibida ontem, que apresentou o depoimento de um médico cubano para promover o Mais Médicos.
A regra é clara O Código Eleitoral veda expressamente a participação de estrangeiros em "atos de propaganda". A pena prevista é de até seis meses de detenção e pagamento de multa.
Controle... João Santana não deve comandar diretamente o marketing eleitoral da campanha de Alexandre Padilha (Saúde) ao governo de São Paulo. O próprio partido reconhece que o melhor é que ele se dedique exclusivamente à reeleição de Dilma.
... remoto O modelo desejado pelo PT é que Santana indique uma equipe de sua confiança para coordenar a comunicação no Estado e supervisione o trabalho. Modelo parecido foi usado na campanha de Patrus Ananias à Prefeitura de Belo Horizonte.
Marinou Eduardo Campos (PSB) lança na próxima quinta-feira um plano para transformar Fernando de Noronha no primeiro território do Brasil com carbono zero. Daniel Cohn-Bendit, político ambientalista europeu que apoiou Marina Silva na eleição de 2010, foi convidado.
Na tela Campos e a mulher, Renata, vão participar do Teleton, programa beneficente exibido pelo SBT. Geraldo Alckmin (PSDB) também confirmou presença.
Cartas na mesa Secretários de Fernando Haddad (PT) recebem hoje o Movimento dos Sem-Teto para discutir a ocupação de terrenos da prefeitura pelo grupo. Se houver despejo, a entidade promete novos atos a partir da semana que vem.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"Não aprovamos piso de R$ 950 para agentes de saúde, mas aprovamos R$ 10 mil para médicos cubanos prestarem o mesmo serviço."
DO DEPUTADO LÚCIO VIEIRA LIMA (PMDB-BA), sobre a ação do governo que adiou a votação do projeto que estabelece piso salarial para agentes de saúde.
contraponto
Dose de calmante
Na inauguração de uma enfermaria da Santa Casa de São Paulo, no início do mês, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) lembrou seus tempos de residente no Hospital do Servidor Estadual.
O tucano contou que, durante o curso de anestesia, um colega interpelou o professor com uma série de perguntas. O professor respondeu a todas pacientemente, mas começou a se irritar com a insistência do aluno.
--Ele continuou perguntando e, quando chegou à décima pergunta, o professor respondeu: "Aí você chama um médico de verdade, viu?" --contou Alckmin, rindo.
A campanha das sombras - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 25/10
Os principais prováveis adversários da presidente Dilma Rousseff na disputa presidencial de 2014 passam por um momento em que a classe política, de um modo geral, tem dúvidas sobre as respectivas candidaturas, especialmente, por causa das pesquisas pré-eleitorais. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, tem a sombra da popular Marina Silva, que hoje aparece mais do que ele. Com a Rede tratando de impor um programa ao partido, sob pena de não embalar a campanha, tem-se a impressão de que Marina delibera e direciona. Daí, a ampliação da pressão da Rede para inverter a chapa, muitos dizem, será um pulo. No PSDB, o senador Aécio Neves vê o paulista José Serra se movimentando para não sair das pesquisas e tentar usar isso como trunfo para virar candidato em 2014.
Dilma Rousseff passou por esse problema, com o saudosismo de uma parcela expressiva do PT a pregar a volta de Lula. Agora, com a presidente revigorada nas pesquisas, esse movimento arrefece. Aécio e Eduardo, entretanto, ainda têm muito surfe até vencer essa onda. Embora tenham maioria nos respectivos partidos, o fato de Marina e Serra continuarem “na ativa” leva muitos na política a esperar um pouco mais antes de escolher um caminho definitivo para 2014. E, pelo andar da carruagem, assim será até o carnaval.
Prioridade eleitoral
Depois do pronunciamento sobre o leilão do pré-sal, o programa do PT ontem foi dedicado a segurar a parte da pirâmide social que garantiu a vitória do partido, com atenção especial aos mais pobres, beneficiados diretos do Bolsa Família e do Mais Médicos.
Novo fantasma
Em 2006, Lula assombrou o eleitor dizendo que a oposição privatizaria tudo. Em 2010, foi a vez de dizer que só Dilma seguraria os programas governamentais. Agora, caberá a Lula aterrorizar o eleitor ao dizer que os oposicionistas batem no Bolsa Família. Embora todos os adversários tenham dito que o Bolsa Família veio para ficar, está dado o novo mote para tentar segurar o eleitorado.
Contabilidade
Dos 25 deputados do Democratas, 20 fecharam apoio ao lançamento da candidatura do deputado Ronaldo Caiado à Presidência da República. Só falta combinar com a direção do partido e com quem pode financiar a maratona. É aí que mora o perigo.
Dois irmãos, uma vaga
Não está afastada a hipótese de uma guerra fraticida pelo posto de senador no Paraná. Álvaro Dias será candidato pelo PSDB ao lado do governador Beto Richa, candidato à reeleição. Osmar Dias deve concorrer a um mandato na chapa da ministra Gleisi Hoffmann ao governo estadual.
Rede balança
Integrantes do partido virtual da ex-senadora Marina Silva têm dito que ela, ao seguir para o PSB, fez tudo o que não pregou: decidiu praticamente sozinha, não consultou a Rede Solidariedade. Para alguns, foi ainda mais pragmática que o PMDB. Isso estará presente nos bastidores da reunião de segunda-feira, em São Paulo, quando representantes dos socialistas e dos integrantes da Rede vão formatar o programa.
Sexto sentido/ Olhando para trás, muita gente no Planalto entende hoje algumas insistências da presidente Dilma. Quando o governador Eduardo Campos ainda era aliado do Planalto, Gleisi Hoffmann não queria ir ao Congresso falar sobre a lei de portos. Achava que isso deveria ser tarefa do então ministro da área, Leônidas Cristino. Dilma, então, mandou e soltou essa: “Tem que ir. Vai deixar o Galeguinho solto?”
O sono é sagrado/ Exaustos depois de horas de sessão ontem, os deputados combinaram que alguém iria ao microfone reclamar do presidente Henrique Alves (PMDB-RN). Diante da dúvida, Chiquinho Escórcio (foto) se apresentou. “Uma questão de ordem! Isso aqui já deixou de ser Ordem do Dia. Virou Ordem da meia-noite!” Diante da desordem geral, começa hoje uma campanha para retomada das votações às 16h e não às 20h como tem ocorrido.
A pauta é divina/ A correria de Henrique Eduardo Alves com as votações faz sentido. Na semana que vem, o marco civil da internet passa a trancar a pauta da Câmara. O tema é tão polêmico que nada mais deve sair do papel ao longo da última semana de outubro.
Só rezando!/ Ao sair de um encontro com empresários do setor de laticínios na Câmara, o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) ouviu deles a seguinte frase: “Taí o futuro governador de Minas!” E respondeu: “Deus te ouça”. Um outro empresário completou: “Deus e o Aécio!”. “Essa dupla é imbatível”, comentou a excelência. Em tempo: os mineiros andam mais ansiosos por conta da indefinição do candidato a governador.
Dilma Rousseff passou por esse problema, com o saudosismo de uma parcela expressiva do PT a pregar a volta de Lula. Agora, com a presidente revigorada nas pesquisas, esse movimento arrefece. Aécio e Eduardo, entretanto, ainda têm muito surfe até vencer essa onda. Embora tenham maioria nos respectivos partidos, o fato de Marina e Serra continuarem “na ativa” leva muitos na política a esperar um pouco mais antes de escolher um caminho definitivo para 2014. E, pelo andar da carruagem, assim será até o carnaval.
Prioridade eleitoral
Depois do pronunciamento sobre o leilão do pré-sal, o programa do PT ontem foi dedicado a segurar a parte da pirâmide social que garantiu a vitória do partido, com atenção especial aos mais pobres, beneficiados diretos do Bolsa Família e do Mais Médicos.
Novo fantasma
Em 2006, Lula assombrou o eleitor dizendo que a oposição privatizaria tudo. Em 2010, foi a vez de dizer que só Dilma seguraria os programas governamentais. Agora, caberá a Lula aterrorizar o eleitor ao dizer que os oposicionistas batem no Bolsa Família. Embora todos os adversários tenham dito que o Bolsa Família veio para ficar, está dado o novo mote para tentar segurar o eleitorado.
Contabilidade
Dos 25 deputados do Democratas, 20 fecharam apoio ao lançamento da candidatura do deputado Ronaldo Caiado à Presidência da República. Só falta combinar com a direção do partido e com quem pode financiar a maratona. É aí que mora o perigo.
Dois irmãos, uma vaga
Não está afastada a hipótese de uma guerra fraticida pelo posto de senador no Paraná. Álvaro Dias será candidato pelo PSDB ao lado do governador Beto Richa, candidato à reeleição. Osmar Dias deve concorrer a um mandato na chapa da ministra Gleisi Hoffmann ao governo estadual.
Rede balança
Integrantes do partido virtual da ex-senadora Marina Silva têm dito que ela, ao seguir para o PSB, fez tudo o que não pregou: decidiu praticamente sozinha, não consultou a Rede Solidariedade. Para alguns, foi ainda mais pragmática que o PMDB. Isso estará presente nos bastidores da reunião de segunda-feira, em São Paulo, quando representantes dos socialistas e dos integrantes da Rede vão formatar o programa.
Sexto sentido/ Olhando para trás, muita gente no Planalto entende hoje algumas insistências da presidente Dilma. Quando o governador Eduardo Campos ainda era aliado do Planalto, Gleisi Hoffmann não queria ir ao Congresso falar sobre a lei de portos. Achava que isso deveria ser tarefa do então ministro da área, Leônidas Cristino. Dilma, então, mandou e soltou essa: “Tem que ir. Vai deixar o Galeguinho solto?”
O sono é sagrado/ Exaustos depois de horas de sessão ontem, os deputados combinaram que alguém iria ao microfone reclamar do presidente Henrique Alves (PMDB-RN). Diante da dúvida, Chiquinho Escórcio (foto) se apresentou. “Uma questão de ordem! Isso aqui já deixou de ser Ordem do Dia. Virou Ordem da meia-noite!” Diante da desordem geral, começa hoje uma campanha para retomada das votações às 16h e não às 20h como tem ocorrido.
A pauta é divina/ A correria de Henrique Eduardo Alves com as votações faz sentido. Na semana que vem, o marco civil da internet passa a trancar a pauta da Câmara. O tema é tão polêmico que nada mais deve sair do papel ao longo da última semana de outubro.
Só rezando!/ Ao sair de um encontro com empresários do setor de laticínios na Câmara, o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) ouviu deles a seguinte frase: “Taí o futuro governador de Minas!” E respondeu: “Deus te ouça”. Um outro empresário completou: “Deus e o Aécio!”. “Essa dupla é imbatível”, comentou a excelência. Em tempo: os mineiros andam mais ansiosos por conta da indefinição do candidato a governador.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 25/10
Grupo cearense terá nova fábrica de bebidas no NE
O grupo Edson Queiroz, dono das marcas de água mineral Indaiá e Minalba, vai construir uma nova fábrica de bebidas em Horizonte (CE), na região metropolitana de Fortaleza.
O empreendimento terá investimento de aproximadamente R$ 100 milhões.
A nova planta vai fabricar mercadorias da linha Indaiá, marca que é mais forte no Nordeste. Além de água, serão produzidos sucos e refrigerantes.
Hoje, a companhia já tem outras três plantas de bebidas. Ao todo, são 21 fontes de água mineral distribuídas por 15 Estados.
"A fábrica vai ampliar em 30% a capacidade de produção exclusivamente da Indaiá", afirma Antonio Gomes Vidal, executivo que comanda o segmento de bebidas no grupo Edson Queiroz.
A planta também vai reduzir os custos de transporte, pois abastecerá Estados do Norte do país com mercadorias que hoje são levadas de outra fábrica mais distante, na Paraíba.
"Água mineral em garrafas descartáveis, por exemplo, será envasada na nova unidade do Ceará e distribuída para toda a região Norte", diz.
No Sudeste, a marca Minalba é mais conhecida, segundo o executivo. Não haverá mudança nessa região, pois os produtos da linha são feitos em Campos do Jordão, no interior paulista.
Só o segmento de bebidas da companhia nordestina emprega cerca de 3.000 pessoas, de acordo com Vidal.
O número chega a 16 mil quando incluídas as demais operações do grupo --gás de cozinha, eletrodomésticos, empresas de comunicação, entre outras áreas.
Cresce a taxa de ociosidade em condomínios logísticos de SP
O mercado de condomínios logísticos de São Paulo fechou o primeiro semestre com uma taxa de vacância de 18,95%, um pequeno aumento em relação a 2012, segundo a empresa de consultoria e administração Herzog.
No final do ano passado, o índice era de 18,26%.
Levantamento da Cushman & Wakefield, por sua vez, apontou a taxa de imóveis vagos em 17,6% no terceiro trimestre deste ano.
O início da operação de novos empreendimentos no Estado é a principal causa para a elevação da ociosidade, de acordo com a Herzog.
"Quando há uma entrada de volume significativo no mercado, como foi em 2012 e no primeiro semestre deste ano, é natural que haja um incremento na vacância", diz Simone Santos, da empresa.
"A perspectiva era de que essa taxa ficasse perto dos 10%, que foi o percentual registrado até 2011. Mas o aumento ainda não é um desastre, o mercado esta estável."
O preço médio da locação de condomínios logísticos também oscilou pouco, de R$ 22,95 o metro quadrado no fim de 2012 para R$ 22,92 no primeiro semestre deste ano.
Na capital, onde a taxa de imóveis vagos é a mais baixa (5,4%), o valor médio da locação chegou a R$ 25,76 o m².
PERTO DO RODOANEL
A Retha Imóveis, que tem 18 condomínios logísticos no Estado de São Paulo, apresenta hoje uma taxa de vacância em torno dos 10%.
A grande maioria dos galpões da empresa estão localizados próximos ao Rodoanel.
"Nessa região, a procura é maior. Os [condomínios] que estão mais distante de São Paulo sofrem mais", afirma Marino Mário da Silva, dono da companhia.
Os empreendimentos ao redor de Campinas estão entre os que mais têm espaços vazios, segundo o empresário.
"Houve uma grande quantidade de lançamentos naquela região e agora existe uma dificuldade para os galpões novos serem ocupados."
A taxa de vacância começou a aumentar em 2012, ainda de acordo com Silva, e se intensificou neste ano. "Isso deve começar a mudar em 2014", afirma.
PLANETA SOBRE RODAS
O Oriente Médio e o Sudeste Asiático têm potencial para superar Brasil e Rússia, respectivamente, na venda de carros novos, de acordo com estudo do BCG (Boston Consulting Group).
As duas regiões são apontadas como promissoras para a indústria automobilística --as demais são o norte da África e os países andinos.
No Oriente Médio, o mercado poderá atingir 5,8 milhões de carros novos vendidos em 2020 --acima dos 5,2 milhões de negócios estimados para o Brasil para o mesmo ano.
A consultoria projeta que, no Sudeste Asiático, o grupo de dez países liderado por Tailândia, Indonésia e Malásia poderá chegar a 4,6 milhões de vendas em 2020.
O montante supera a estimativa feita para a Rússia, que é de 4,4 milhões de automóveis no mesmo ano.
Livros... O direito privado é tema do novo livro do ministro do Superior Tribunal de Justiça Luis Felipe Salomão. A publicação, "O Direito Privado: Teoria e Prática", será lançada no dia 5 de novembro em Brasília.
...no STJ No mesmo dia, o ministro Rogerio Schietti lança a segunda edição de "Garantias Processuais nos Recursos Criminais", que trata de escrita nos modelos processuais, entre outros pontos.
Gelado A sorveteria DriDri, com sede na Inglaterra, terá sua primeira unidade no Brasil, em São Paulo, a partir de novembro. O projeto prevê a instalação de 15 lojas da marca em cinco anos.
Para revender Metade dos compradores de imóveis de um dormitório no centro de São Paulo e na região próxima à avenida Paulista são investidores, de acordo com pesquisa do grupo Hubert.
PARA A COPA
A Desenvolve SP, agência de desenvolvimento paulista, recebeu a solicitação de R$ 170 milhões em financiamentos para candidatos a centros de treinamento de seleções para a Copa de 2014.
Foram 24 pedidos de empresas do setor hoteleiro para aplicar em reformas e construção de unidades e seis de prefeituras para a criação de centros esportivos.
Do total, R$ 125 milhões devem ser destinados somente ao setor privado, e o restante aos municípios candidatos.
Os projetos precisam ser concluídos antes do mundial.
A linha de investimento esportivo, criada pela agência para financiar obras para o megaevento, tem taxa de juros subsidiada pelo governo do Estado de 2% ao ano, atualizada pelo IPC-Fipe.
O prazo para quitar o financiamento é de até dez anos.
Grupo cearense terá nova fábrica de bebidas no NE
O grupo Edson Queiroz, dono das marcas de água mineral Indaiá e Minalba, vai construir uma nova fábrica de bebidas em Horizonte (CE), na região metropolitana de Fortaleza.
O empreendimento terá investimento de aproximadamente R$ 100 milhões.
A nova planta vai fabricar mercadorias da linha Indaiá, marca que é mais forte no Nordeste. Além de água, serão produzidos sucos e refrigerantes.
Hoje, a companhia já tem outras três plantas de bebidas. Ao todo, são 21 fontes de água mineral distribuídas por 15 Estados.
"A fábrica vai ampliar em 30% a capacidade de produção exclusivamente da Indaiá", afirma Antonio Gomes Vidal, executivo que comanda o segmento de bebidas no grupo Edson Queiroz.
A planta também vai reduzir os custos de transporte, pois abastecerá Estados do Norte do país com mercadorias que hoje são levadas de outra fábrica mais distante, na Paraíba.
"Água mineral em garrafas descartáveis, por exemplo, será envasada na nova unidade do Ceará e distribuída para toda a região Norte", diz.
No Sudeste, a marca Minalba é mais conhecida, segundo o executivo. Não haverá mudança nessa região, pois os produtos da linha são feitos em Campos do Jordão, no interior paulista.
Só o segmento de bebidas da companhia nordestina emprega cerca de 3.000 pessoas, de acordo com Vidal.
O número chega a 16 mil quando incluídas as demais operações do grupo --gás de cozinha, eletrodomésticos, empresas de comunicação, entre outras áreas.
Cresce a taxa de ociosidade em condomínios logísticos de SP
O mercado de condomínios logísticos de São Paulo fechou o primeiro semestre com uma taxa de vacância de 18,95%, um pequeno aumento em relação a 2012, segundo a empresa de consultoria e administração Herzog.
No final do ano passado, o índice era de 18,26%.
Levantamento da Cushman & Wakefield, por sua vez, apontou a taxa de imóveis vagos em 17,6% no terceiro trimestre deste ano.
O início da operação de novos empreendimentos no Estado é a principal causa para a elevação da ociosidade, de acordo com a Herzog.
"Quando há uma entrada de volume significativo no mercado, como foi em 2012 e no primeiro semestre deste ano, é natural que haja um incremento na vacância", diz Simone Santos, da empresa.
"A perspectiva era de que essa taxa ficasse perto dos 10%, que foi o percentual registrado até 2011. Mas o aumento ainda não é um desastre, o mercado esta estável."
O preço médio da locação de condomínios logísticos também oscilou pouco, de R$ 22,95 o metro quadrado no fim de 2012 para R$ 22,92 no primeiro semestre deste ano.
Na capital, onde a taxa de imóveis vagos é a mais baixa (5,4%), o valor médio da locação chegou a R$ 25,76 o m².
PERTO DO RODOANEL
A Retha Imóveis, que tem 18 condomínios logísticos no Estado de São Paulo, apresenta hoje uma taxa de vacância em torno dos 10%.
A grande maioria dos galpões da empresa estão localizados próximos ao Rodoanel.
"Nessa região, a procura é maior. Os [condomínios] que estão mais distante de São Paulo sofrem mais", afirma Marino Mário da Silva, dono da companhia.
Os empreendimentos ao redor de Campinas estão entre os que mais têm espaços vazios, segundo o empresário.
"Houve uma grande quantidade de lançamentos naquela região e agora existe uma dificuldade para os galpões novos serem ocupados."
A taxa de vacância começou a aumentar em 2012, ainda de acordo com Silva, e se intensificou neste ano. "Isso deve começar a mudar em 2014", afirma.
PLANETA SOBRE RODAS
O Oriente Médio e o Sudeste Asiático têm potencial para superar Brasil e Rússia, respectivamente, na venda de carros novos, de acordo com estudo do BCG (Boston Consulting Group).
As duas regiões são apontadas como promissoras para a indústria automobilística --as demais são o norte da África e os países andinos.
No Oriente Médio, o mercado poderá atingir 5,8 milhões de carros novos vendidos em 2020 --acima dos 5,2 milhões de negócios estimados para o Brasil para o mesmo ano.
A consultoria projeta que, no Sudeste Asiático, o grupo de dez países liderado por Tailândia, Indonésia e Malásia poderá chegar a 4,6 milhões de vendas em 2020.
O montante supera a estimativa feita para a Rússia, que é de 4,4 milhões de automóveis no mesmo ano.
Livros... O direito privado é tema do novo livro do ministro do Superior Tribunal de Justiça Luis Felipe Salomão. A publicação, "O Direito Privado: Teoria e Prática", será lançada no dia 5 de novembro em Brasília.
...no STJ No mesmo dia, o ministro Rogerio Schietti lança a segunda edição de "Garantias Processuais nos Recursos Criminais", que trata de escrita nos modelos processuais, entre outros pontos.
Gelado A sorveteria DriDri, com sede na Inglaterra, terá sua primeira unidade no Brasil, em São Paulo, a partir de novembro. O projeto prevê a instalação de 15 lojas da marca em cinco anos.
Para revender Metade dos compradores de imóveis de um dormitório no centro de São Paulo e na região próxima à avenida Paulista são investidores, de acordo com pesquisa do grupo Hubert.
PARA A COPA
A Desenvolve SP, agência de desenvolvimento paulista, recebeu a solicitação de R$ 170 milhões em financiamentos para candidatos a centros de treinamento de seleções para a Copa de 2014.
Foram 24 pedidos de empresas do setor hoteleiro para aplicar em reformas e construção de unidades e seis de prefeituras para a criação de centros esportivos.
Do total, R$ 125 milhões devem ser destinados somente ao setor privado, e o restante aos municípios candidatos.
Os projetos precisam ser concluídos antes do mundial.
A linha de investimento esportivo, criada pela agência para financiar obras para o megaevento, tem taxa de juros subsidiada pelo governo do Estado de 2% ao ano, atualizada pelo IPC-Fipe.
O prazo para quitar o financiamento é de até dez anos.
Deterioração fiscal e solvência do setor público - CLAUDIA SAFATLE
Valor Econômico - 25/10
O intenso debate sobre a deterioração fiscal e o aumento da dívida do setor público brasileiro ganhou, esta semana, a contribuição de dois organismos internacionais, com a divulgação dos relatórios da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômicos (OCDE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). É crescente a preocupação com a política fiscal e seus reflexos sobre a dinâmica da dívida bruta como proporção do Produto Interno Bruto (PIB).
O ingresso de organismos internacionais na discussão só realça o que vem sendo debatido no governo, na academia e nos mercados já há algum tempo.
Em um trabalho intitulado "Indicadores de Dívida Pública e Política Fiscal Recente", o economista Josué Alfredo Pellegrini, consultor legislativo do Senado, examina os três indicadores de endividamento - dívida líquida, dívida fiscal líquida e dívida bruta - para ter um diagnóstico mais acurado da real situação fiscal.
Ele conclui que apenas a dívida líquida - indicador preferencial do governo - caiu de 39,1% do PIB em dezembro de 2010 para 33,8% do PIB em agosto deste ano, e não por causa do rigor fiscal, mas pela desvalorização da taxa de câmbio ocorrida no período. Nas duas outras metodologias, a dívida cresce na medida que o superávit primário do setor público vai minguando.
A dívida fiscal - que é a medida da dívida líquida sem os efeitos do câmbio sobre as reservas e sem ajustes patrimoniais - no mesmo período subiu de 32,5% do PIB para 33,4% do PIB. A dívida fiscal informa qual seria a dívida líquida se ela fosse determinada apenas por decisões genuinamente fiscais e, em um dado período, ela equivale ao déficit público.
Assim, enquanto a dívida líquida caiu 5,3 pontos percentuais do PIB entre dezembro de 2010 e agosto deste ano, a dívida fiscal cresceu 0,9 ponto percentual do PIB.
A desvalorização cambial representou 5,9 pontos do PIB entre dezembro de 2010 e agosto de 2013 e explica, portanto, quase toda a diferença de 6,2 pontos entre a variação da dívida líquida e da dívida fiscal no período.
A dívida bruta - indicador preferido dos organismos internacionais e das agências de rating - deu um salto. De 61,6% do PIB em 2010 passou para 65,8% do PIB em agosto de 2013, segundo seus cálculos (que inclui Banco Central e exclui a base monetária).
O crescimento da dívida bruta decorre da aquisição de ativos. Em meados da década passada foram as reservas cambiais e, mais recentemente, os elevados aportes de recursos do Tesouro no BNDES. Primeiro, eles foram uma resposta aos efeitos recessivos da crise internacional de 2008-2009. Mais recentemente passaram a ser instrumento de intervenção do governo na alocação dos recursos da economia. O saldo dos créditos ao BNDES, que antes da crise global era de 0,5% do PIB, hoje é de 9,5% do PIB.
Em agosto de 2011, segundo Pellegrini, houve uma guinada na política fiscal simultânea à da política monetária. Em julho de 2011, o déficit público nominal era de 1,9% do PIB (resultado de superávit de 3,7% do PIB e de juros líquidos de 5,6% do PIB). Em outubro de 2008, um mês após o início da crise global, tinha caído para seu patamar mais baixo, 1,35% do PIB, após vários anos de superávit próximo dos 3,5% do PIB e taxa Selic decrescente.
Mesmo com as sucessivas reduções da taxa Selic entre agosto de 2011 e outubro de 2012 - de 12,5% para 7,25% ao ano - a queda dos juros líquidos devidos não compensou a redução do superávit primário. Como consequência, o déficit aumentou e chegou a 3,12% do PIB em agosto de 2013.
Nos últimos meses, na visão do economista, pode estar se iniciando uma nova fase de coexistência entre juros crescentes e superávit decrescente. Se esse cenário se confirmar, o déficit público pode extrapolar o patamar de 3% do PIB, avalia.
O aumento do déficit fará com que a dívida fiscal suba mais rapidamente e impactará negativamente a própria dívida líquida, embora essa também dependa do câmbio.
O FMI, na parte do relatório divulgado quarta feira em que faz uma análise das condições fiscais do país, considera imperativa a recuperação do superávit primário para conter a dívida numa dinâmica sustentável. Os técnicos do fundo apresentam um conjunto de simulações com superávits primários de 3,1%, de 2% e de 1% do PIB e a probabilidade de seus efeitos sobre a dinâmica da dívida bruta até 2025.
Com superávit de 1% do PIB, haveria 50% de chance da dívida chegar a 66% do PIB. Com 2%, a chance da dívida cair para 50% do PIB seria de 75%. E a manutenção de um superávit de 3,1% do PIB, que vinha ocorrendo antes da guinada expansionista, elevaria para 90% a probabilidade de a dívida cair para 31% do PIB - patamar que colocaria o Brasil, lá por 2025, em linha com os países emergentes do G-20.
Já o trabalho da OCDE, além de críticas à gestão fiscal, propõe que o governo brasileiro adote uma meta para as despesas públicas - cujo crescimento tem se acelerado - em substituição ao superávit primário, para evitar os efeitos do ciclo econômico que se concentram na receita.
A discussão sobre a política fiscal e o nível de endividamento do setor público brasileiro tem duas dimensões: a do impacto do gasto público sobre a demanda agregada e seus efeitos sobre os preços; e a de solvência do setor público.
Desde 2002, quando da eleição de Lula para a Presidência da República, não se fala no país em risco de o governo não conseguir honrar seus compromissos. A confluência de tantos alertas vindos de dentro e de fora do país indica que a preocupação começa a se deslocar para o questionamento de solvência.
No governo, é visível a mudança do discurso. Falta, no entanto, identificar a mudança da prática. Colocar a mínima dúvida quanto à solidez das finanças públicas a essa altura seria um pesadelo.
O ingresso de organismos internacionais na discussão só realça o que vem sendo debatido no governo, na academia e nos mercados já há algum tempo.
Em um trabalho intitulado "Indicadores de Dívida Pública e Política Fiscal Recente", o economista Josué Alfredo Pellegrini, consultor legislativo do Senado, examina os três indicadores de endividamento - dívida líquida, dívida fiscal líquida e dívida bruta - para ter um diagnóstico mais acurado da real situação fiscal.
Ele conclui que apenas a dívida líquida - indicador preferencial do governo - caiu de 39,1% do PIB em dezembro de 2010 para 33,8% do PIB em agosto deste ano, e não por causa do rigor fiscal, mas pela desvalorização da taxa de câmbio ocorrida no período. Nas duas outras metodologias, a dívida cresce na medida que o superávit primário do setor público vai minguando.
A dívida fiscal - que é a medida da dívida líquida sem os efeitos do câmbio sobre as reservas e sem ajustes patrimoniais - no mesmo período subiu de 32,5% do PIB para 33,4% do PIB. A dívida fiscal informa qual seria a dívida líquida se ela fosse determinada apenas por decisões genuinamente fiscais e, em um dado período, ela equivale ao déficit público.
Assim, enquanto a dívida líquida caiu 5,3 pontos percentuais do PIB entre dezembro de 2010 e agosto deste ano, a dívida fiscal cresceu 0,9 ponto percentual do PIB.
A desvalorização cambial representou 5,9 pontos do PIB entre dezembro de 2010 e agosto de 2013 e explica, portanto, quase toda a diferença de 6,2 pontos entre a variação da dívida líquida e da dívida fiscal no período.
A dívida bruta - indicador preferido dos organismos internacionais e das agências de rating - deu um salto. De 61,6% do PIB em 2010 passou para 65,8% do PIB em agosto de 2013, segundo seus cálculos (que inclui Banco Central e exclui a base monetária).
O crescimento da dívida bruta decorre da aquisição de ativos. Em meados da década passada foram as reservas cambiais e, mais recentemente, os elevados aportes de recursos do Tesouro no BNDES. Primeiro, eles foram uma resposta aos efeitos recessivos da crise internacional de 2008-2009. Mais recentemente passaram a ser instrumento de intervenção do governo na alocação dos recursos da economia. O saldo dos créditos ao BNDES, que antes da crise global era de 0,5% do PIB, hoje é de 9,5% do PIB.
Em agosto de 2011, segundo Pellegrini, houve uma guinada na política fiscal simultânea à da política monetária. Em julho de 2011, o déficit público nominal era de 1,9% do PIB (resultado de superávit de 3,7% do PIB e de juros líquidos de 5,6% do PIB). Em outubro de 2008, um mês após o início da crise global, tinha caído para seu patamar mais baixo, 1,35% do PIB, após vários anos de superávit próximo dos 3,5% do PIB e taxa Selic decrescente.
Mesmo com as sucessivas reduções da taxa Selic entre agosto de 2011 e outubro de 2012 - de 12,5% para 7,25% ao ano - a queda dos juros líquidos devidos não compensou a redução do superávit primário. Como consequência, o déficit aumentou e chegou a 3,12% do PIB em agosto de 2013.
Nos últimos meses, na visão do economista, pode estar se iniciando uma nova fase de coexistência entre juros crescentes e superávit decrescente. Se esse cenário se confirmar, o déficit público pode extrapolar o patamar de 3% do PIB, avalia.
O aumento do déficit fará com que a dívida fiscal suba mais rapidamente e impactará negativamente a própria dívida líquida, embora essa também dependa do câmbio.
O FMI, na parte do relatório divulgado quarta feira em que faz uma análise das condições fiscais do país, considera imperativa a recuperação do superávit primário para conter a dívida numa dinâmica sustentável. Os técnicos do fundo apresentam um conjunto de simulações com superávits primários de 3,1%, de 2% e de 1% do PIB e a probabilidade de seus efeitos sobre a dinâmica da dívida bruta até 2025.
Com superávit de 1% do PIB, haveria 50% de chance da dívida chegar a 66% do PIB. Com 2%, a chance da dívida cair para 50% do PIB seria de 75%. E a manutenção de um superávit de 3,1% do PIB, que vinha ocorrendo antes da guinada expansionista, elevaria para 90% a probabilidade de a dívida cair para 31% do PIB - patamar que colocaria o Brasil, lá por 2025, em linha com os países emergentes do G-20.
Já o trabalho da OCDE, além de críticas à gestão fiscal, propõe que o governo brasileiro adote uma meta para as despesas públicas - cujo crescimento tem se acelerado - em substituição ao superávit primário, para evitar os efeitos do ciclo econômico que se concentram na receita.
A discussão sobre a política fiscal e o nível de endividamento do setor público brasileiro tem duas dimensões: a do impacto do gasto público sobre a demanda agregada e seus efeitos sobre os preços; e a de solvência do setor público.
Desde 2002, quando da eleição de Lula para a Presidência da República, não se fala no país em risco de o governo não conseguir honrar seus compromissos. A confluência de tantos alertas vindos de dentro e de fora do país indica que a preocupação começa a se deslocar para o questionamento de solvência.
No governo, é visível a mudança do discurso. Falta, no entanto, identificar a mudança da prática. Colocar a mínima dúvida quanto à solidez das finanças públicas a essa altura seria um pesadelo.
Desonerar para onerar - MONICA BAUMGARTEN DE BOLE
Valor Econômico - 25/10
"Desoneração gera emprego, segundo o governo", diz a chamada de uma matéria publicada no jornal "O Estado de São Paulo". A reportagem cita um estudo do Ministério da Fazenda no qual se constata que a renúncia fiscal de quase R$ 3 bilhões registrada até agora pelo governo com a desoneração da folha de pagamentos nos setores de couro e calçados, vestuário e tecnologia da informação pode gerar cerca de 21 mil postos de trabalho com carteira assinada por ano. Na concepção do governo, as desonerações não só criam empregos formais, como ajudam no combate inflacionário. Parece um instrumento fabuloso. Será mesmo?
Segundo o secretário de Política Econômica, Márcio Holland, o estudo revela que uma grande parte da queda na taxa de desemprego dos últimos meses é resultado direto da desoneração da folha de pagamentos. E que a taxa de demissão dos setores contemplados pela medida tem caído sensivelmente.
A desoneração da folha de pagamentos foi instituída em abril de 2012, sob os auspícios do Plano Brasil Maior II. Tratava-se, na ocasião, de substituir a contribuição patronal de 20% que incide sobre a folha de salários das empresas por um novo imposto sobre o faturamento dessas entidades. Cerca de quinze setores foram beneficiados pelas medidas na ocasião, incluindo os três citados no estudo mencionado pela reportagem. Em todos esses casos, trocou-se a contribuição patronal de 20% por uma alíquota sobre o faturamento que variava entre 1% e 2%, dependendo do setor. No livro que organizei com Edmar Bacha em 2012 - Bacha, E. e Bolle, M.B. "O Futuro da Indústria no Brasil, a desindustrialização em debate" - tratei desse tema junto com a economista Fernanda Guardado.
Partindo de um modelo simples para retratar o comportamento das empresas beneficiadas pelas desonerações do governo, constatamos algumas coisas interessantes. Primeiramente que, ao reduzir o custo de contratação das empresas retirando o imposto que incidia sobre a folha de pagamentos, o governo estaria incentivando o emprego de mais trabalhadores. A razão é simples: uma firma que quer maximizar os seus lucros, quando se defronta com um custo menor por trabalhador, tem o incentivo de contratar mais para produzir mais. Verificamos que, para os valores de 20% da desoneração da folha e sua subsequente substituição por um imposto de 1% a 2% sobre o faturamento, tal afirmativa seria sempre válida.
Portanto, a desoneração da folha poderia vir a pressionar o mercado de trabalho, já aquecido, por essa via. As pressões adicionais sobre o mercado de trabalho poderiam, por sua vez, intensificar a espiral salários-preços, alimentando a inflação. Isso desmontava o argumento do governo de que as desonerações ajudariam a atenuar a alta dos preços, isto é, de que serviriam, também, como instrumento de controle inflacionário.
Até aí, o modelo que desenvolvemos é compatível com as evidências do estudo realizado pela Secretaria de Política Econômica. Mas, há um outro efeito da troca do imposto sobre a folha por um imposto sobre o faturamento. Analisando o comportamento da receita das empresas para cada unidade adicional de capital, a chamada receita marginal do capital, constatamos que a substituição de um imposto sobre a folha por outro que incidia sobre o faturamento poderia afetar a escolha da empresa entre capital e trabalho.
Dito de outro modo, a forma que o governo escolheu para desonerar o setor produtivo acabava gerando um incentivo para que se investisse menos na formação bruta de capital e mais na contratação de trabalhadores.
Eis, portanto, a razão para o título desse artigo. O governo optou por desonerar a folha de pagamentos, aumentando a demanda por trabalho e pressionando os salários, isto é, onerando a inflação. Por outro lado, a adoção de um imposto sobre o faturamento para amenizar o efeito da renúncia fiscal sobre as contas públicas onerou o investimento em máquinas e equipamentos, reduzindo o estoque de capital desejado das empresas.
O estudo da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda ainda não foi publicado. Contudo, as autoridades já permitiram que os jornais tivessem acesso ao que parece ser o lado bom da história. Faltou, entretanto, revelar o resto da trama. Para os setores que naturalmente empregam mais trabalhadores para produzir, a desoneração da folha pode ajudá-los a desfrutar de um alívio significativo. O custo agregado, entretanto, é de uma maior pressão de salários. Ao mesmo tempo, o imposto sobre o faturamento que compensa parte da desoneração implica uma escolha por menos capital. Cai o investimento.
Do ponto de vista do governo, o resultado, portanto, não parece ser dos melhores. Incentiva-se o emprego, que já não precisava de incentivos, aumenta-se a inflação, que não precisa de pressões adicionais, e prejudica-se o investimento do setor privado, que o governo quer tanto destravar.
Se há um caso na política econômica recente em que a emenda saiu pior do que o soneto, esse caso parece ser, indubitavelmente, o das desonerações que oneram.
Segundo o secretário de Política Econômica, Márcio Holland, o estudo revela que uma grande parte da queda na taxa de desemprego dos últimos meses é resultado direto da desoneração da folha de pagamentos. E que a taxa de demissão dos setores contemplados pela medida tem caído sensivelmente.
A desoneração da folha de pagamentos foi instituída em abril de 2012, sob os auspícios do Plano Brasil Maior II. Tratava-se, na ocasião, de substituir a contribuição patronal de 20% que incide sobre a folha de salários das empresas por um novo imposto sobre o faturamento dessas entidades. Cerca de quinze setores foram beneficiados pelas medidas na ocasião, incluindo os três citados no estudo mencionado pela reportagem. Em todos esses casos, trocou-se a contribuição patronal de 20% por uma alíquota sobre o faturamento que variava entre 1% e 2%, dependendo do setor. No livro que organizei com Edmar Bacha em 2012 - Bacha, E. e Bolle, M.B. "O Futuro da Indústria no Brasil, a desindustrialização em debate" - tratei desse tema junto com a economista Fernanda Guardado.
Partindo de um modelo simples para retratar o comportamento das empresas beneficiadas pelas desonerações do governo, constatamos algumas coisas interessantes. Primeiramente que, ao reduzir o custo de contratação das empresas retirando o imposto que incidia sobre a folha de pagamentos, o governo estaria incentivando o emprego de mais trabalhadores. A razão é simples: uma firma que quer maximizar os seus lucros, quando se defronta com um custo menor por trabalhador, tem o incentivo de contratar mais para produzir mais. Verificamos que, para os valores de 20% da desoneração da folha e sua subsequente substituição por um imposto de 1% a 2% sobre o faturamento, tal afirmativa seria sempre válida.
Portanto, a desoneração da folha poderia vir a pressionar o mercado de trabalho, já aquecido, por essa via. As pressões adicionais sobre o mercado de trabalho poderiam, por sua vez, intensificar a espiral salários-preços, alimentando a inflação. Isso desmontava o argumento do governo de que as desonerações ajudariam a atenuar a alta dos preços, isto é, de que serviriam, também, como instrumento de controle inflacionário.
Até aí, o modelo que desenvolvemos é compatível com as evidências do estudo realizado pela Secretaria de Política Econômica. Mas, há um outro efeito da troca do imposto sobre a folha por um imposto sobre o faturamento. Analisando o comportamento da receita das empresas para cada unidade adicional de capital, a chamada receita marginal do capital, constatamos que a substituição de um imposto sobre a folha por outro que incidia sobre o faturamento poderia afetar a escolha da empresa entre capital e trabalho.
Dito de outro modo, a forma que o governo escolheu para desonerar o setor produtivo acabava gerando um incentivo para que se investisse menos na formação bruta de capital e mais na contratação de trabalhadores.
Eis, portanto, a razão para o título desse artigo. O governo optou por desonerar a folha de pagamentos, aumentando a demanda por trabalho e pressionando os salários, isto é, onerando a inflação. Por outro lado, a adoção de um imposto sobre o faturamento para amenizar o efeito da renúncia fiscal sobre as contas públicas onerou o investimento em máquinas e equipamentos, reduzindo o estoque de capital desejado das empresas.
O estudo da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda ainda não foi publicado. Contudo, as autoridades já permitiram que os jornais tivessem acesso ao que parece ser o lado bom da história. Faltou, entretanto, revelar o resto da trama. Para os setores que naturalmente empregam mais trabalhadores para produzir, a desoneração da folha pode ajudá-los a desfrutar de um alívio significativo. O custo agregado, entretanto, é de uma maior pressão de salários. Ao mesmo tempo, o imposto sobre o faturamento que compensa parte da desoneração implica uma escolha por menos capital. Cai o investimento.
Do ponto de vista do governo, o resultado, portanto, não parece ser dos melhores. Incentiva-se o emprego, que já não precisava de incentivos, aumenta-se a inflação, que não precisa de pressões adicionais, e prejudica-se o investimento do setor privado, que o governo quer tanto destravar.
Se há um caso na política econômica recente em que a emenda saiu pior do que o soneto, esse caso parece ser, indubitavelmente, o das desonerações que oneram.
Mais ou menos dinheiro grátis - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 25/10
Governo deve reduzir subsídio em empréstimos do BNDES, mas pode criar outras dádivas
O TESOURO DO governo, em suma nós, tem dado ou pretende dar dinheiro a empresas privadas a fim de, em tese, incentivá-las a investir.
Um modo de dar dinheiro é conceder empréstimos por meio de bancos públicos a taxa de juros baratinhas. O governo faz dívida, toma empréstimos caros no mercado, e empresta a taxas menores para empresas (via bancos públicos); a diferença vira uma conta a pagar, mais dívida pública.
Por exemplo, existe um programa do BNDES, o bancão estatal de desenvolvimento, chamado de PSI (Programa de Sustentação do Investimento), criado em 2009.
Nos doze meses até julho, o BNDES emprestou R$ 190,2 bilhões a juros menores que o do mercado. Mas cerca de 40% disso foi emprestado a taxas que vão de 2,5% a 5,5% ao ano (neste ano, mínimas de 3% e 3,5%). A taxa "básica" de juros da economia, a taxa Selic, "do Banco Central", está em 9,5%. Ainda assim, o governo na média não toma dinheiro ao custo da Selic.
O governo pretende dar um tempo no PSI e no estratosférico subsídio, pois os juros crescem e a taxa do PSI continua baixinha. Em tese, o PSI vai até o final de 2013. Deve ser prorrogado para 2014, mas as taxas de juros vão subir, diz gente do governo. Para quanto?
Talvez para mais do que a TJLP, a taxa "básica" do BNDES, ela mesma baratinha, ora em 5,5%, menor que a inflação (portanto, em termos reais, taxa de juro negativa, menor que zero). O subsídio iria, assim, diminuir. A conta ficaria menos salgada para o público.
Há justificativa para subsídios? Pode ser. Se o retorno social (isto é, para a sociedade, retorno "geral") do investimento que será feito apenas porque há crédito subsidiado é maior do que o subsídio, em teoria vale a pena. O problema é fazer tal conta ou saber se o investimento não seria feito de qualquer modo, houvesse ou não subsídio.
Se o investimento viria de qualquer maneira, sua taxa de retorno já seria boa a juros de mercado. A juros subsidiados, é uma festa.
Em parte, o subsídio é uma ajuda à sobrevivência de alguns setores econômicos que não resistiriam à competição externa sem o dinheiro público. Por que não resistiriam é outra questão complicada. Mas o argumento a legitimar o subsídio é: bancamos a conta para mantermos tal e qual setor industrial, o que é bom para o país, setor que apenas estaria mal das pernas porque impostos, custos logísticos, juros e câmbio atrapalham. Pode ser verdade, mas é difícil fazer a conta.
Haverá subsídio para várias obras do programa de infraestrutura lançado pela presidente no ano passado e que só deve começar a deslanchar em 2014. Haverá muito juro subsidiado pelo BNDES. Haverá mais. Por exemplo, anteontem a gente soube que o programa de ferrovias a serem construídas pela iniciativa privada deve ser, na prática e em parte, bancado por dívida pública adicional.
Dadas as esquisitices, perversões, precariedade e pobreza da economia brasileira, não há capital privado de longo prazo bastante para financiar o investimento. O subsídio e a estrutura dos bancos públicos podem ser úteis. Mas sabemos cada vez menos do custo dessa conta, cada vez mais complicada e pouco transparente, e está difícil de dizer quão justa é a sua distribuição.
Governo deve reduzir subsídio em empréstimos do BNDES, mas pode criar outras dádivas
O TESOURO DO governo, em suma nós, tem dado ou pretende dar dinheiro a empresas privadas a fim de, em tese, incentivá-las a investir.
Um modo de dar dinheiro é conceder empréstimos por meio de bancos públicos a taxa de juros baratinhas. O governo faz dívida, toma empréstimos caros no mercado, e empresta a taxas menores para empresas (via bancos públicos); a diferença vira uma conta a pagar, mais dívida pública.
Por exemplo, existe um programa do BNDES, o bancão estatal de desenvolvimento, chamado de PSI (Programa de Sustentação do Investimento), criado em 2009.
Nos doze meses até julho, o BNDES emprestou R$ 190,2 bilhões a juros menores que o do mercado. Mas cerca de 40% disso foi emprestado a taxas que vão de 2,5% a 5,5% ao ano (neste ano, mínimas de 3% e 3,5%). A taxa "básica" de juros da economia, a taxa Selic, "do Banco Central", está em 9,5%. Ainda assim, o governo na média não toma dinheiro ao custo da Selic.
O governo pretende dar um tempo no PSI e no estratosférico subsídio, pois os juros crescem e a taxa do PSI continua baixinha. Em tese, o PSI vai até o final de 2013. Deve ser prorrogado para 2014, mas as taxas de juros vão subir, diz gente do governo. Para quanto?
Talvez para mais do que a TJLP, a taxa "básica" do BNDES, ela mesma baratinha, ora em 5,5%, menor que a inflação (portanto, em termos reais, taxa de juro negativa, menor que zero). O subsídio iria, assim, diminuir. A conta ficaria menos salgada para o público.
Há justificativa para subsídios? Pode ser. Se o retorno social (isto é, para a sociedade, retorno "geral") do investimento que será feito apenas porque há crédito subsidiado é maior do que o subsídio, em teoria vale a pena. O problema é fazer tal conta ou saber se o investimento não seria feito de qualquer modo, houvesse ou não subsídio.
Se o investimento viria de qualquer maneira, sua taxa de retorno já seria boa a juros de mercado. A juros subsidiados, é uma festa.
Em parte, o subsídio é uma ajuda à sobrevivência de alguns setores econômicos que não resistiriam à competição externa sem o dinheiro público. Por que não resistiriam é outra questão complicada. Mas o argumento a legitimar o subsídio é: bancamos a conta para mantermos tal e qual setor industrial, o que é bom para o país, setor que apenas estaria mal das pernas porque impostos, custos logísticos, juros e câmbio atrapalham. Pode ser verdade, mas é difícil fazer a conta.
Haverá subsídio para várias obras do programa de infraestrutura lançado pela presidente no ano passado e que só deve começar a deslanchar em 2014. Haverá muito juro subsidiado pelo BNDES. Haverá mais. Por exemplo, anteontem a gente soube que o programa de ferrovias a serem construídas pela iniciativa privada deve ser, na prática e em parte, bancado por dívida pública adicional.
Dadas as esquisitices, perversões, precariedade e pobreza da economia brasileira, não há capital privado de longo prazo bastante para financiar o investimento. O subsídio e a estrutura dos bancos públicos podem ser úteis. Mas sabemos cada vez menos do custo dessa conta, cada vez mais complicada e pouco transparente, e está difícil de dizer quão justa é a sua distribuição.
Lambanças fiscais - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 25/10
Afirmar que a deterioração das contas públicas brasileiras só está na imaginação dos desinformados é acrescentar mais um furo na credibilidade do governo.
Nos últimos dois dias, por exemplo, a presidente Dilma, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, saíram em ordem unida para refutar documento do Fundo Monetário Internacional (FMI) que aponta fragilização das contas públicas.
A questão central é a divergência metodológica que envolve o calculo do passivo do Brasil. Para o FMI, este ano vai terminar com uma dívida pública bruta de 68,3% do PIB. Para o governo brasileiro, os títulos do Tesouro que estão no balanço do Banco Central para as tais operações compromissadas não deveriam fazer parte da estatística e, por isso, a dívida bruta não passa de 59,1% do PIB (dados de agosto).
O FMI não está inventando nada; está usando o mesmo método quando avalia a dívida de outras economias. O mais importante é que, tanto pelo critério do FMI como pelos critérios das autoridades federais, a dívida bruta está crescendo rápida e inconfundivelmente (veja o gráfico).
Por trás disso estão certas lambanças fiscais do governo federal, especialmente repasses de títulos públicos ao BNDES e à Caixa Econômica Federal, da ordem de R$ 400 bilhões, ou de 9% do PIB, para créditos subsidiados e para dar cobertura à formação de reservas (e para a política cambial) pelo Banco Central.
O governo prefere divulgar os dados da dívida líquida, ou seja, da dívida descontados os créditos. Mas se o Tesouro faz uma dívida, que repassa ao BNDES, que repassa às empresas que podem ou não pagar, como vai ocorrendo com o grupo Eike Batista, essa dívida líquida, descontados os créditos nem sempre de boa qualidade, incorpora suspeitas.
No mais, a administração das contas públicas do governo Dilma não tem a devida transparência, está sujeita a manobras contábeis esquisitas, que lembram o quilo de 800 gramas praticado por tantos açougues Brasil afora.
Não é apenas o FMI que vem denunciando a piora das contas públicas. As agências de classificação de risco, encarregadas de avaliar a qualidade de títulos de dívida, vêm dizendo a mesma coisa. E é também o que têm apontado analistas e economistas de várias escolas. O próprio presidente do BNDES, Luciano Coutinho, tem afirmado que a atual estratégia de obtenção de recursos (funding) não é sustentável e tem de mudar.
As consequências ruins dessa política estão em todos os cenários. A escalada da dívida bruta está corroendo a capacidade de avanço da economia, aumenta a insegurança, freia os investimentos e coloca em risco o grau de investimento do título do Tesouro, como vêm advertindo as agências de classificação de risco.
Se o governo entende que "não precisa de conselhos do FMI", como declarou ontem o ministro Gilberto Carvalho, deve pelo menos satisfação à sociedade. E é melhor começar com admitir que tem água nessa gasolina.
Afirmar que a deterioração das contas públicas brasileiras só está na imaginação dos desinformados é acrescentar mais um furo na credibilidade do governo.
Nos últimos dois dias, por exemplo, a presidente Dilma, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, saíram em ordem unida para refutar documento do Fundo Monetário Internacional (FMI) que aponta fragilização das contas públicas.
A questão central é a divergência metodológica que envolve o calculo do passivo do Brasil. Para o FMI, este ano vai terminar com uma dívida pública bruta de 68,3% do PIB. Para o governo brasileiro, os títulos do Tesouro que estão no balanço do Banco Central para as tais operações compromissadas não deveriam fazer parte da estatística e, por isso, a dívida bruta não passa de 59,1% do PIB (dados de agosto).
O FMI não está inventando nada; está usando o mesmo método quando avalia a dívida de outras economias. O mais importante é que, tanto pelo critério do FMI como pelos critérios das autoridades federais, a dívida bruta está crescendo rápida e inconfundivelmente (veja o gráfico).
Por trás disso estão certas lambanças fiscais do governo federal, especialmente repasses de títulos públicos ao BNDES e à Caixa Econômica Federal, da ordem de R$ 400 bilhões, ou de 9% do PIB, para créditos subsidiados e para dar cobertura à formação de reservas (e para a política cambial) pelo Banco Central.
O governo prefere divulgar os dados da dívida líquida, ou seja, da dívida descontados os créditos. Mas se o Tesouro faz uma dívida, que repassa ao BNDES, que repassa às empresas que podem ou não pagar, como vai ocorrendo com o grupo Eike Batista, essa dívida líquida, descontados os créditos nem sempre de boa qualidade, incorpora suspeitas.
No mais, a administração das contas públicas do governo Dilma não tem a devida transparência, está sujeita a manobras contábeis esquisitas, que lembram o quilo de 800 gramas praticado por tantos açougues Brasil afora.
Não é apenas o FMI que vem denunciando a piora das contas públicas. As agências de classificação de risco, encarregadas de avaliar a qualidade de títulos de dívida, vêm dizendo a mesma coisa. E é também o que têm apontado analistas e economistas de várias escolas. O próprio presidente do BNDES, Luciano Coutinho, tem afirmado que a atual estratégia de obtenção de recursos (funding) não é sustentável e tem de mudar.
As consequências ruins dessa política estão em todos os cenários. A escalada da dívida bruta está corroendo a capacidade de avanço da economia, aumenta a insegurança, freia os investimentos e coloca em risco o grau de investimento do título do Tesouro, como vêm advertindo as agências de classificação de risco.
Se o governo entende que "não precisa de conselhos do FMI", como declarou ontem o ministro Gilberto Carvalho, deve pelo menos satisfação à sociedade. E é melhor começar com admitir que tem água nessa gasolina.
Uma agenda em desenvolvimento - PEDRO LUIZ PASSOS
FOLHA DE SP - 25/10
Nova lei sobre lucros no exterior tem avanços, mas pode evoluir para ampliar a competitividade do país
Pelos padrões internacionais, a nova legislação sobre tributação de lucros no exterior que o governo enviará em breve ao Congresso será uma das mais severas do mundo, mas não deixará de atender, ao menos em parte, o requisito de competitividade das companhias brasileiras com operações internacionais. Como as corporações com as quais concorremos no exterior ainda desfrutarão de vantagens tributárias, esperamos que a modernização legal nessa área esteja apenas começando e que o esforço em prol da competitividade da economia brasileira não seja interrompido.
Persiste, porém, um problema grave na nova regulação: ela não remove a insegurança jurídica quanto à utilização dos acordos celebrados pelo Brasil com outros países para evitar a bitributação.
Eles preveem pagamento de imposto onde o lucro é gerado, em geral, com alíquota inferior à brasileira. A interpretação desses acordos pela Receita Federal gerou um contencioso entre governo e empresas que soma R$ 70 bilhões. Como tal disputa está distante do desfecho, o governo anunciou o abatimento de multas e juros para as empresas que pagarem à vista o valor do principal, estimado em R$ 27 bilhões.
É difícil antecipar o nível de adesão ao programa. De qualquer forma o ideal seria que a nova legislação estabelecesse uma interpretação inequívoca, válida para os acordos em vigor e os futuros compromissos.
A nosso ver, é possível combinar o estímulo à internacionalização com a preservação da base tributária nacional, de modo a assegurar que a maior presença da empresa brasileira no exterior gere em sua plenitude efeitos positivos sobre o desempenho da economia.
Ao longo do último ano, governo e empresas realizaram reuniões com o objetivo de revisar a legislação. O governo demonstrou ininterrupta disposição ao diálogo e, de fato, buscou meios para melhorar a competitividade da empresa brasileira, sem abrir mão de controles fundamentais sobre a base tributária.
Nesse sentido, atendeu a algumas ponderações do setor privado, dentre as quais duas se destacam.
Primeiro, parcelou o pagamento do imposto sobre resultados no exterior em oito anos, embora tenha exigido a incidência de juros baseados na Libor. Com isso, amenizou as desvantagens que as novas regras trariam às corporações nacionais em relação às empresas de outros países que adotam regimes tributários distintos.
Segundo, aceitou compensar o prejuízo em determinado país com o lucro obtido em outro mercado, um mecanismo comum em todo o mundo, mas que, segundo a Receita, pode ser uma fonte de erosão da base fiscal.
Aqui a questão concorrencial também é decisiva: a proibição de abater do imposto devido os prejuízos que normalmente ocorrem nos primeiros anos de operação em novos mercados constituiria uma desvantagem para as empresas brasileiras, ao impedir a redução de seu atraso no processo de internacionalização.
Sugestões levadas ao governo pelo IEDI abriram caminho para uma parcial revisão do tema: a medida somente seria aplicada para as atividades operacionais das empresas fora de paraísos fiscais e que abrissem integralmente suas contas no exterior. Como meio adicional de proteção, o governo optou por aplicar a medida a países e atividades selecionados e definiu um "prazo experimental" de quatro anos para sua vigência.
Entendemos que estabelecer um marco legal para as operações no exterior é tarefa complexa devido à dificuldade em harmonizar dois requisitos: não permitir a erosão da base tributária em razão da expansão das corporações fora do país e incentivar a internacionalização, o que é desejável porque traz vantagens para as próprias empresas, para os trabalhadores e para a economia em geral.
Esse avanço é possível e absolutamente necessário. Ao concorrer no exterior, a empresa assimila e desenvolve padrões superiores de gestão e produtividade. No mundo, está em curso uma revisão dos regimes tributários nacionais visando melhor equilibrar os dois objetivos.
O tema não é isento de polêmicas. A negociação continua sendo o melhor caminho para se construir o consenso.
Nova lei sobre lucros no exterior tem avanços, mas pode evoluir para ampliar a competitividade do país
Pelos padrões internacionais, a nova legislação sobre tributação de lucros no exterior que o governo enviará em breve ao Congresso será uma das mais severas do mundo, mas não deixará de atender, ao menos em parte, o requisito de competitividade das companhias brasileiras com operações internacionais. Como as corporações com as quais concorremos no exterior ainda desfrutarão de vantagens tributárias, esperamos que a modernização legal nessa área esteja apenas começando e que o esforço em prol da competitividade da economia brasileira não seja interrompido.
Persiste, porém, um problema grave na nova regulação: ela não remove a insegurança jurídica quanto à utilização dos acordos celebrados pelo Brasil com outros países para evitar a bitributação.
Eles preveem pagamento de imposto onde o lucro é gerado, em geral, com alíquota inferior à brasileira. A interpretação desses acordos pela Receita Federal gerou um contencioso entre governo e empresas que soma R$ 70 bilhões. Como tal disputa está distante do desfecho, o governo anunciou o abatimento de multas e juros para as empresas que pagarem à vista o valor do principal, estimado em R$ 27 bilhões.
É difícil antecipar o nível de adesão ao programa. De qualquer forma o ideal seria que a nova legislação estabelecesse uma interpretação inequívoca, válida para os acordos em vigor e os futuros compromissos.
A nosso ver, é possível combinar o estímulo à internacionalização com a preservação da base tributária nacional, de modo a assegurar que a maior presença da empresa brasileira no exterior gere em sua plenitude efeitos positivos sobre o desempenho da economia.
Ao longo do último ano, governo e empresas realizaram reuniões com o objetivo de revisar a legislação. O governo demonstrou ininterrupta disposição ao diálogo e, de fato, buscou meios para melhorar a competitividade da empresa brasileira, sem abrir mão de controles fundamentais sobre a base tributária.
Nesse sentido, atendeu a algumas ponderações do setor privado, dentre as quais duas se destacam.
Primeiro, parcelou o pagamento do imposto sobre resultados no exterior em oito anos, embora tenha exigido a incidência de juros baseados na Libor. Com isso, amenizou as desvantagens que as novas regras trariam às corporações nacionais em relação às empresas de outros países que adotam regimes tributários distintos.
Segundo, aceitou compensar o prejuízo em determinado país com o lucro obtido em outro mercado, um mecanismo comum em todo o mundo, mas que, segundo a Receita, pode ser uma fonte de erosão da base fiscal.
Aqui a questão concorrencial também é decisiva: a proibição de abater do imposto devido os prejuízos que normalmente ocorrem nos primeiros anos de operação em novos mercados constituiria uma desvantagem para as empresas brasileiras, ao impedir a redução de seu atraso no processo de internacionalização.
Sugestões levadas ao governo pelo IEDI abriram caminho para uma parcial revisão do tema: a medida somente seria aplicada para as atividades operacionais das empresas fora de paraísos fiscais e que abrissem integralmente suas contas no exterior. Como meio adicional de proteção, o governo optou por aplicar a medida a países e atividades selecionados e definiu um "prazo experimental" de quatro anos para sua vigência.
Entendemos que estabelecer um marco legal para as operações no exterior é tarefa complexa devido à dificuldade em harmonizar dois requisitos: não permitir a erosão da base tributária em razão da expansão das corporações fora do país e incentivar a internacionalização, o que é desejável porque traz vantagens para as próprias empresas, para os trabalhadores e para a economia em geral.
Esse avanço é possível e absolutamente necessário. Ao concorrer no exterior, a empresa assimila e desenvolve padrões superiores de gestão e produtividade. No mundo, está em curso uma revisão dos regimes tributários nacionais visando melhor equilibrar os dois objetivos.
O tema não é isento de polêmicas. A negociação continua sendo o melhor caminho para se construir o consenso.
Águas da Petrobras - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 25/10
A defasagem da gasolina está em 6,5% e a do diesel, 19%, números de ontem, segundo informou a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. Em uma entrevista que me concedeu, ela diz que a produção aumentará muito porque nove plataformas estão entrando em operação. Não falou de reajuste já, mas disse que está trabalhando num modelo para dar previsibilidade aos preços.
Professor da FEA/USP, Adriano Henrique Rebelo Biava defende uma ampla renegociação da dívida i pública no país e não apenas a troca do indexador, que na sua avaliação será uma solução temporária. A atual proposta, segundo ele, acabará por facilitar o aumento do endividamento de estados e municípios. — Da forma como está sendo negociada essa renegociação da dívida agora, vai permitir que os estados e municípios que estão na beira do endividamento possam contrair novos débitos. Isso não é correto—diz ele.
Para Biava, a alternativa que foi aprovada pela Câmara é um acerto parcial e deve ter um prazo de validade pequeno, porque não muda o comportamento de estados e municípios frente aos gastos. Ele ressalta que a discussão atual e a da década de 90 foram marcadas por componentes políticos.
— É preciso um esquema para equacionara dívida como um todo. Sugiro uma câmara de compensação da dívida federal, que liste todos os débitos.
Sem essa negociação mais ampla, afirma o professor da FEA/USP, estados e municípios sem problemas em suas finanças acabarão custeando as dívidas dos demais, já que é a União que assumirá esse custo maior do endividamento. (Lucianne Carneiro)
Petrobras sempre está no centro das atenções, mas nesta semana foi mais ainda. Ela me concedeu uma entrevista na Globo-news em que falou de alguns dos inúmeros assuntos que cercam a operação da empresa.
Graça confirmou que não precisará de endividamento para pagar o bônus.
— O caixa da empresa dá para pagar algumas vezes o bônus de R$ 6 bi. Os investimentos de libra são grandes, mas não a curto prazo. O primeiro óleo sai em 2020 e vamos produzir no pico em 2024 e 2025.0 grande investimento será em 2017 e 2018. Agora, faremos apenas dois poços exploratórios e uma sísmica 3D.
Além disso, segundo ela, começa agora uma escalada de aumento de produção de petróleo:
— Libra veio num momento muito conveniente, quando a curva de produção será ascendente. Pela primeira vez na história da Petrobras, nove plataformas estão entrando em operação quase simultaneamente. Hoje, a P-55 chegou ao nível 3, a P-63 já está em Papa-terra esperando a P-61, que chega em um mês. O ano que vem será totalmente diferente, vamos aumentar mais 150 mil a 200 mil barris, mas todas essas plataformas são mais um milhão de barris/dia.
Eu perguntei sobre os inquietantes dados do endividamento que levou ao rebaixamento da empresa por uma agência de risco. Para se ter uma ideia, em 2010 a empresa devia R$ 132 bilhões e agora R$ 240 bi. A capitalização foi feita porque a relação entre endividamento líquido e patrimônio líquido estava numa proporção de 30, agora está em 34. Perguntei se não era preocupante:
— A gente teve downgrade por uma das agências, mas todas nos classificam como grau de investimento. Ninguém gosta de tirar nota baixa, a gente não quer descer nem um degrau.
O problema é que em 2012 postergamos parte da produção projetada.
Esse atraso impactou a geração de caixa. Nos últimos 16 meses tivemos quatro aumentos de preços (alguns não chegaram ao consumidor pela redução da Cide).
Ficamos em alguns momentos muito próximos da paridade e em maio chegamos a vender diesel mais caro aqui do que lá fora. Mas aí veio o Fed e anunciou que estava pensando em retirar os estímulos e a volatilidade do câmbio nos pegou em cheio.
O dólar já caiu grande parte do que tinha subido, por isso perguntei sobre a atual defasagem:
— Não costumo dizer, mas vou dizer. Hoje de manhã estava em 6,5% a gasolina e 19% o diesel, sem contar os custos de internação. A produção que é postergada pode ser recuperada amanhã, a gasolina vendida abaixo do preço não se recupera mais essa receita.
Mesmo assim, ela não quis dizer se os preços subirão este ano. Preferiu repetir que está trabalhando num modelo de previsibilidade. Negou que fosse como a fórmula paramétrica que funcionou no passado e disse que não quer repassar a volatilidade dos preços e câmbio, mas quer ter previsão desses dois preços que representam, segundo ela disse, 40% do que fatura na venda de combustíveis:
— Para o governo não interessa a inflação e para mim também não, mas eu tenho que fazer um grande investimento e por isso preciso ficar mostrando o tempo todo ao governo que eu preciso honrar meus compromissos. Preciso crescer, gerar renda e dar retorno aos acionistas. O preço da ação não é justo para uma empresa que tem tanto.
Ela disse que enfrentará a queda das ações com mais produção. Disse que os estaleiros do Norte-Nordeste até o Rio Grande do Sul estão trabalhando em plataformas com atrasos menores do que os equipamentos que vêm da China.
Perguntei como ela avalia o fato de ser obrigatoriamente a operadora em todos os campos do pré-sal:
— Isso é lei, e lei é lei. Não discuto. Mas tudo vai depender do ritmo que se quer.
Disse que houve muita competição durante meses, das empresas interessadas em libra. Competição para estar junto com a Petrobras. Acha que foi boa a solução final. Sobre a PPSA, afirmou que sabe pouco sobre a empresa, mas tem confiança nas pessoas escolhidas.
Professor da FEA/USP, Adriano Henrique Rebelo Biava defende uma ampla renegociação da dívida i pública no país e não apenas a troca do indexador, que na sua avaliação será uma solução temporária. A atual proposta, segundo ele, acabará por facilitar o aumento do endividamento de estados e municípios. — Da forma como está sendo negociada essa renegociação da dívida agora, vai permitir que os estados e municípios que estão na beira do endividamento possam contrair novos débitos. Isso não é correto—diz ele.
Para Biava, a alternativa que foi aprovada pela Câmara é um acerto parcial e deve ter um prazo de validade pequeno, porque não muda o comportamento de estados e municípios frente aos gastos. Ele ressalta que a discussão atual e a da década de 90 foram marcadas por componentes políticos.
— É preciso um esquema para equacionara dívida como um todo. Sugiro uma câmara de compensação da dívida federal, que liste todos os débitos.
Sem essa negociação mais ampla, afirma o professor da FEA/USP, estados e municípios sem problemas em suas finanças acabarão custeando as dívidas dos demais, já que é a União que assumirá esse custo maior do endividamento. (Lucianne Carneiro)
Petrobras sempre está no centro das atenções, mas nesta semana foi mais ainda. Ela me concedeu uma entrevista na Globo-news em que falou de alguns dos inúmeros assuntos que cercam a operação da empresa.
Graça confirmou que não precisará de endividamento para pagar o bônus.
— O caixa da empresa dá para pagar algumas vezes o bônus de R$ 6 bi. Os investimentos de libra são grandes, mas não a curto prazo. O primeiro óleo sai em 2020 e vamos produzir no pico em 2024 e 2025.0 grande investimento será em 2017 e 2018. Agora, faremos apenas dois poços exploratórios e uma sísmica 3D.
Além disso, segundo ela, começa agora uma escalada de aumento de produção de petróleo:
— Libra veio num momento muito conveniente, quando a curva de produção será ascendente. Pela primeira vez na história da Petrobras, nove plataformas estão entrando em operação quase simultaneamente. Hoje, a P-55 chegou ao nível 3, a P-63 já está em Papa-terra esperando a P-61, que chega em um mês. O ano que vem será totalmente diferente, vamos aumentar mais 150 mil a 200 mil barris, mas todas essas plataformas são mais um milhão de barris/dia.
Eu perguntei sobre os inquietantes dados do endividamento que levou ao rebaixamento da empresa por uma agência de risco. Para se ter uma ideia, em 2010 a empresa devia R$ 132 bilhões e agora R$ 240 bi. A capitalização foi feita porque a relação entre endividamento líquido e patrimônio líquido estava numa proporção de 30, agora está em 34. Perguntei se não era preocupante:
— A gente teve downgrade por uma das agências, mas todas nos classificam como grau de investimento. Ninguém gosta de tirar nota baixa, a gente não quer descer nem um degrau.
O problema é que em 2012 postergamos parte da produção projetada.
Esse atraso impactou a geração de caixa. Nos últimos 16 meses tivemos quatro aumentos de preços (alguns não chegaram ao consumidor pela redução da Cide).
Ficamos em alguns momentos muito próximos da paridade e em maio chegamos a vender diesel mais caro aqui do que lá fora. Mas aí veio o Fed e anunciou que estava pensando em retirar os estímulos e a volatilidade do câmbio nos pegou em cheio.
O dólar já caiu grande parte do que tinha subido, por isso perguntei sobre a atual defasagem:
— Não costumo dizer, mas vou dizer. Hoje de manhã estava em 6,5% a gasolina e 19% o diesel, sem contar os custos de internação. A produção que é postergada pode ser recuperada amanhã, a gasolina vendida abaixo do preço não se recupera mais essa receita.
Mesmo assim, ela não quis dizer se os preços subirão este ano. Preferiu repetir que está trabalhando num modelo de previsibilidade. Negou que fosse como a fórmula paramétrica que funcionou no passado e disse que não quer repassar a volatilidade dos preços e câmbio, mas quer ter previsão desses dois preços que representam, segundo ela disse, 40% do que fatura na venda de combustíveis:
— Para o governo não interessa a inflação e para mim também não, mas eu tenho que fazer um grande investimento e por isso preciso ficar mostrando o tempo todo ao governo que eu preciso honrar meus compromissos. Preciso crescer, gerar renda e dar retorno aos acionistas. O preço da ação não é justo para uma empresa que tem tanto.
Ela disse que enfrentará a queda das ações com mais produção. Disse que os estaleiros do Norte-Nordeste até o Rio Grande do Sul estão trabalhando em plataformas com atrasos menores do que os equipamentos que vêm da China.
Perguntei como ela avalia o fato de ser obrigatoriamente a operadora em todos os campos do pré-sal:
— Isso é lei, e lei é lei. Não discuto. Mas tudo vai depender do ritmo que se quer.
Disse que houve muita competição durante meses, das empresas interessadas em libra. Competição para estar junto com a Petrobras. Acha que foi boa a solução final. Sobre a PPSA, afirmou que sabe pouco sobre a empresa, mas tem confiança nas pessoas escolhidas.
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