ZERO HORA - 25/10
Argumentos técnicos são insuficientes para convencer a população de que aumentos exorbitantes devem ser vistos com naturalidade. Foi o que ocorreu agora com o reajuste de 13,45% na energia elétrica da área da CEEE. O índice representa o dobro da inflação acumulada em um ano. A sensação de logro é ampliada pelo fato de que há apenas nove meses o governo federal anunciou redução nas tarifas de energia, como forma de corrigir distorções nos preços. Fica difícil para o consumidor entender como, na sequência de uma medida que o beneficia, as autoridades, através da Agência Nacional de Energia Elétrica, autorizam aumento em nível tão alto, na contramão de todos os esforços para conter o ímpeto inflacionário.
O que está por trás do reajuste para a CEEE é um sistema de correção dos chamados preços administrados, questionado por economistas há muito tempo. Pelo sistema, áreas como as de energia, pedágios, gás, transporte coletivo, planos de saúde, água e medicamentos são submetidas a monitoramento. As correções de preços dependem de autorização dos governos ou de agências reguladoras, nos níveis federal, estadual e municipal. São setores com especificidades, entre as quais a baixa concorrência ou a prestação de serviços absolutamente essenciais. Afinal, um consumidor de energia não tem o direito de escolher fornecedores.
O que ocorre é a corrosão devastadora da capacidade de aquisição desses bens pela população, como revela estudo deste ano do Banco Central. Entre janeiro de 1995 e março de 2013, a inflação do IPCA acumulada ficou em 261,3%, e o reajuste do conjunto dos preços administrados totalizou 474,6%. A tarifa de energia no país subiu em média 368%. É o momento de se reexaminar um sistema de correção por muitos considerado falho, que mantém a indexação como privilégio de alguns, encarece os custos de todos os setores da economia e pune os consumidores. Os preços administrados passam a sensação de que são, na verdade, preços descontrolados.
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